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CAPÍTULO 12

1. COMPARTIMENTOS INTRACELULARES E ENDEREÇAMENTO DE


PROTEÍNAS

A síntese de quase todas elas começa no citosol, o espaço do lado de fora das
organelas delimitadas por membrana. Cada proteína recém-sintetizada é então
entregue especificamente à organela que dela necessite.

Enzimas aderidas à membrana, por exemplo, catalisam o metabolismo de lipídeos,


e tanto a fosforilação oxidativa como a fotossíntese necessitam de uma membrana
para acoplar o transporte de H+ à síntese de ATP. Além de proporcionar um aumento
na área de membranas para abrigar reações bioquímicas, os sistemas de membranas
intracelulares formam compartimentos fechados que são separados do citosol,
criando assim espaços aquosos funcionalmente especializados dentro da célula.

O núcleo contém o genoma (além do DNA mitocondrial e de cloroplastos) e é o sítio


principal de síntese de DNA e RNA. O citoplasma circundante consiste no citosol e
nas organelas citoplasmáticas nele imersas.

O citosol é o principal sítio de síntese e degradação de proteínas e desempenha a


maior parte do metabolismo intermediário da célula
O RE (Retículo endoplasmático) rugoso possui muitos ribossomos ligados à sua
superfície citosólica.
Os ribossomos são organelas que não estão envoltas por membrana; eles
sintetizam proteínas de membrana integrais e solúveis, muitas das quais são
secretadas para o exterior da célula ou para outras organelas.

O RE também produz a maioria dos lipídeos para o restante da célula e funciona como
reserva de íons Ca2+. Regiões do RE que não possuem ribossomos aderidos são
chamadas de RE liso.

Aparelho de Golgi consiste em pilhas organizadas de compartimentos discoides


chamados cisternas de Golgi. Esse aparelho recebe lipídios e proteínas do RE.

As mitocôndrias e os cloroplastos produzem grande parte do ATP que as células


utilizam.

Os lisossomos contêm enzimas digestivas que degradam organelas intracelulares


mortas bem como macromoléculas e partículas englobadas do exterior da célula por
endocitose.

A caminho dos lisossomos, o material endocitado deve passar primeiramente por uma
série de organelas chamadas de endossomos.

Os peroxissomos são pequenos compartimentos vesiculares que contêm enzimas


usadas em várias reações oxidativas.

Os compartimentos envoltos por membranas, juntos, ocupam quase metade do


volume celular.
Em células do fígado e do pâncreas, por exemplo, o RE tem uma área total de
superfície de membrana que é, respectivamente, 25 vezes e 12 vezes a da membrana
plasmática.

As organelas delimitadas por membrana são firmemente empacotadas no citoplasma


e, em termos de massa e área, a membrana plasmática é apenas uma membrana
menor na maioria das células eucarióticas.
A abundância e a forma das organelas envoltas por membrana são reguladas em
função das necessidades da célula.

A ORIGEM EVOLUTIVA PODE AJUDAR A EXPLICAR A RELAÇÃO TOPOLÓGICA


DAS ORGANELAS

Os precursores das primeiras células eucarióticas são considerados células


relativamente simples – parecidas com células bacterianas ou procarióticas – que
possuem uma membrana plasmática, mas não membranas internas.
Como discutiremos em detalhes no capítulo seguinte, seus interiores comunicam-se
extensivamente um com o outro e com o exterior da célula via vesículas de
transporte, que se desprendem de uma organela e se fundem com outra.
As mitocôndrias e os plastídios diferem das outras organelas envoltas por
membranas pelo fato de conterem seus próprios genomas.

O DNA mitocondrial (mtDNA) é caracterizado por um cromossomo circular, em


contraste ao material genético linear presente no núcleo, e encontra-se alocado na
matriz mitocondrial.

O DNA mitocondrial representa uma valiosa ferramenta para rastrear a linhagem


matrilinear na espécie humana, ou seja, a linha de descendência de um indivíduo
através de uma sucessão de ancestrais femininos. Com esse DNA são feitos os testes
de ancestralidade ou identificação de pessoas que foram separadas na maternidade.

Os esquemas evolutivos agrupam compartimentos intracelulares das células


eucarióticas em quatro famílias distintas:
1. O núcleo e o citosol;
2. todas as organelas envolvidas em vias secretoras e endocíticas (RE, Aparelho
de Golgi, endossomo, lisossomo, intermediários de transporte, peroxissomos;
3. Mitocôndrias;
4. Plastídios.

AS PROTEÍNAS PODEM MOVER-SE ENTRE OS COMPARTIMENTOS DE


DIFERENTES MANEIRAS

Como as moléculas como proteínas e lipídios chegam no seu destino?


Através dos sinais de endereçamento. Esse endereçamento vai depender da
sequência de aminoácidos sintetizados. Algumas proteínas não possuem um sinal de
endereçamento e, consequentemente, permanecem no citosol como residentes
permanentes. As que possuem vão para locais fora do citosol ou para superfícies de
organelas.
Para entender os princípios gerais pelos quais os sinais de endereçamento operam,
é importante distinguir três caminhos fundamentalmente diferentes pelos quais as
proteínas se movem de um compartimento a outro.
1. Transporte controlado por comportas, os complexos do poro nuclear
funcionam como canais seletivos que auxiliam o transporte ativo de
macromoléculas específicas e conjuntos macromoleculares;
2. Translocação de proteínas, translocadores de proteínas transmembrana
transportam diretamente proteínas específicas através da membrana do citosol
para um espaço que é topologicamente diferente;
3. Transporte vesicular, intermediários de transporte envoltos por membrana -
vesículas de transporte esféricas que podem ser pequenas ou grandes,
fragmentos de organelas com forma irregular – levam proteínas de um
compartimento topologicamente equivalente a outro. Devido ao fato de as
proteínas transportadas não cruzarem uma membrana, o transporte vesicular
pode mover proteínas somente entre compartimentos topologicamente
equivalentes
Processo final do transporte se dá pelos receptores de endereçamento, são
proteínas/locais onde as proteínas com os sinais de endereçamento se ligam.

AS SEQUÊNCIAS-SINAL E OS RECEPTORES DE ENDEREÇAMENTO


DIRECIONAM PROTEÍNAS AOS DESTINOS CELULARES CORRETOS

Sequência-sinal, são frequentemente encontradas na porção N-terminal da cadeia


polipeptídica. E a peptidases-sinal especializadas removem a sequência-sinal da
proteína finalizada, uma vez que o processo de endereçamento está completo.
Exemplo, quando você retira o envelope ou embalagem da sua encomenda. Nesse
momento você fez o pape da peptidade-sinal.
Sequências-sinal também podem ser extensões internas de aminoácidos, as quais
permanecem como parte da proteína.
Regiões-sinal, sinais de endereçamento que podem ser compostos por múltiplas
sequências de aminoácidos internas que formam um arranjo específico tridimensional
de átomos na superfície das proteínas.

Muitas dessas proteínas passarão do RE para o aparelho de Golgi, mas aquelas com
uma sequência-sinal específica de quatro aminoácidos na sua região C-terminal são
reconhecidas como residentes no RE e retornam a ele. As proteínas destinadas às
mitocôndrias têm sequências-sinal de outro tipo ainda, nas quais aminoácidos
carregados positivamente se alternam com aminoácidos hidrofóbicos. Por fim, muitas
proteínas destinadas aos peroxissomos têm um peptídeo-sinal de três aminoácidos
característicos na sua região C-terminal.
Embora suas sequências de aminoácidos possam variar muito, as sequências-sinal
das proteínas que têm o mesmo destino são funcionalmente intercambiáveis;

As sequências-sinal são reconhecidas pelos receptores de endereçamento


complementares que guiam proteínas ao seu destino apropriado, onde os receptores
descarregam suas cargas. Os receptores funcionam cataliticamente: depois de
completar uma rodada de entrega, eles retornam ao seu ponto de origem para serem
reutilizados.

A MAIORIA DAS ORGANELAS NÃO PODE SER CONSTRUÍDA DE NOVO: ELAS


NECESSITAM DE INFORMAÇÕES PRESENTES NA PRÓPRIA ORGANELA

Uma célula não pode produzir suas organelas do zero. Ela precisa de uma célula-
mãe que duplique suas organelas, além dos seus cromossomos para poder passar à
célula-filha. Um novo RE não pode ser feito sem um RE já existente ou, pelo menos,
sem uma membrana que contenha especificamente as proteínas translocadoras
requeridas para importar proteínas selecionadas do citosol ao RE (incluindo os
próprios translocadores específicos do RE). O mesmo é verdade para mitocôndrias e
plastídios.

2. TRANSPORTE DE MOLÉCULAS ENTRE O NÚCLEO E O CITOSOL

O envelope nuclear encerra o DNA e define o compartimento nuclear. Esse envelope


consiste em duas membranas concêntricas, penetradas pelos complexos do poro
nuclear.
As membranas internas e externas do envelope nuclear tem composições distintas.
A membrana interna contém proteínas que atuam como sítios de ligação para
cromossomos e para a lâmina nuclear, uma malha proteica que fornece suporte
estrutural para o envelope nuclear. A membrana externa circunda a membrana
interna e se fusiona com o RE. A membrana externa apresenta ribossomos.

OS COMPLEXOS DO PORO NUCLEAR PERFURAM O ENVELOPE NUCLEAR


Os grandes e elaborados complexos do poro nuclear (NPCs, de nuclear pore
complexes) perfuram o envelope nuclear em todas as células eucarióticas. Cada NPC
é composto de um conjunto de cerca de 30 diferentes proteínas, ou nucleoporinas.
SINAIS DE LOCALIZAÇÃO NUCLEAR DIRECIONAM AS PROTEÍNAS
NUCLEARES AO NÚCLEO

Sinais de localização nuclear (NLSs, de nuclear localization signals), são


responsáveis pela seletividade desse processo nuclear de importação. Quando as
proteínas são extraídas experimentalmente do núcleo e reintroduzidas no citosol,
mesmo aquelas muito grandes se reacumulam de maneira eficiente no núcleo.
Utilizando a tecnologia do DNA recombinante, esses sinais foram definidos de modo
preciso tanto para numerosas proteínas nucleares quanto para proteínas que entram
apenas transitoriamente no núcleo.

Como esse mecanismo ocorre?


OS RECEPTORES DE IMPORTAÇÃO NUCLEAR LIGAM-SE TANTO A SINAIS DE
LOCALIZAÇÃO NUCLEAR QUANTO A PROTEÍNAS NPC
Para iniciar a importação nuclear, a maioria dos sinais de localização nuclear deve ser
reconhecida pelos receptores de importação nuclear, algumas vezes chamados de
importinas, muitos dos quais são codificados por uma família de genes relacionados.
Cada membro da família codifica uma proteína receptora que pode se ligar e
transportar subconjuntos de proteínas-carga contendo o sinal de localização nuclear
apropriado (Figura 12-11A). Os receptores de importação nuclear nem sempre se
ligam diretamente a proteínas nucleares. As proteínas adaptadoras adicionais podem
formar pontes entre os receptores de importação e os sinais de localização nuclear
nas proteínas a serem transportadas (Figura 12-11B).

A EXPORTAÇÃO NUCLEAR FUNCIONA COMO A IMPORTAÇÃO NUCLEAR, MAS


DE MODO INVERSO

A exportação de grandes moléculas do núcleo, como novas subunidades


ribossômicas e moléculas de RNA, ocorre por meio de NPCs e também depende de
um sistema seletivo de transporte. O sistema de transporte se baseia nos sinais de
exportação nuclear nas macromoléculas a serem exportadas, assim como nos
receptores de exportação nuclear complementares, ou exportinas.
Muitos receptores de exportação nuclear são estruturalmente relacionados aos
receptores de importação nuclear e são codificados pela mesma família de genes dos
receptores de transporte nuclear, ou carioferinas.
Os receptores de importação ligam suas moléculas-carga no citosol, liberam-nas no
núcleo e são então exportados ao citosol para serem reutilizados, enquanto os
receptores de exportação funcionam de modo inverso.

Carioferinas, são receptores de transporte nuclear que podem ser de dois dipos: as
importinas e exportinas.

Quais são as carioferinas (no caso, o nome das importinas e exportinas)?

A GTPASE RAN IMPÕE A DIRECIONALIDADE NO TRANSPORTE ATRAVÉS DOS


NPCs

A célula mantém um processo de ordem pelo aproveitamento da energia armazenada


em gradientes de concentração na forma ligada ao GTP da GTPase Ran monomérica,
a qual é necessária tanto para a importação quanto para a exportação nuclear. Assim
como outras GTPases, a Ran é um interruptor molecular que pode existir em dois
estados conformacionais.
A conversão entre os dois estados é desencadeada por duas proteínas reguladoras
Ran-específicas: uma proteína ativadora de GTPase (GAP, GTPase-activating
protein) citosólica, que aciona a hidrólise de GTP e, assim, converte Ran-GTP em
Ran-GDP, e um fator de troca de guanina (GEF, guanine exchange factor) nuclear,
que promove a troca de GDP para GTP e, assim, converte Ran-GDP em Ran-GTP.
Visto que o Ran-GAP está localizado no citosol e o Ran-GEF está localizado no
núcleo, ancorado à cromatina, o citosol contém principalmente Ran-GDP, e o núcleo
contém sobretudo Ran-GTP.
Receptores de importação, facilitados pela ligação à repetição FG, entram então no
canal. Se atingirem o lado nuclear do complexo do poro, Ran-GTP liga-se a eles, e se
chegarem carregados com moléculas-carga, a ligação de Ran-GTP faz os receptores
de importação liberarem sua carga (dissociação da carga resultando na separação da
proteína do receptor de importação).
A exportação nuclear ocorre por um mecanismo similar, exceto pelo fato de que Ran-
GTP no núcleo promove a ligação da carga ao receptor de exportação, ao invés de
promover a dissociação da carga. Uma vez que o receptor de exportação se
movimenta através do poro para o citosol, ele encontra Ran-GAP que induz o receptor
a hidrolisar seu GTP a GDP. Como resultado, o receptor de exportação libera sua
carga e Ran-GDP no citosol. Os receptores de exportação livres retornam ao núcleo
para completar o ciclo.

O TRANSPORTE ATRAVÉS DE NPCS PODE SER REGULADO PELO CONTROLE


DO ACESSO À MAQUINARIA DE TRANSPORTE

Controle da taxa de importação e exportação.


se a taxa de importação excede a taxa de exportação, uma proteína poderia estar
localizada principalmente no núcleo; pelo contrário, se a taxa de exportação excede a
taxa de importação, essa proteína estaria localizada sobretudo no citosol. Assim,
alterando a velocidade de importação e a de exportação, ou ambas, a localização de
uma proteína pode mudar.
Algumas proteínas vaivém movem-se continuamente para dentro e para fora do
núcleo. Em outros casos, no entanto, o transporte é fortemente controlado. As células
controlam a atividade de alguns reguladores de transcrição por meio da sua retenção
fora do compartimento nuclear, até que sejam necessários no núcleo.

Em muitos casos, as células controlam o transporte regulando a localização nuclear e


os sinais de exportação – ligando e desligando-os, frequentemente por fosforilação de
aminoácidos perto das sequências-sinal.
Outros reguladores de transcrição estão ligados a proteínas citosólicas inibitórias
que os ancoram no citosol (por meio de interações com o citoesqueleto ou com
organelas específicas) ou mascaram seus sinais de localização nuclear de tal
modo que são incapazes de interagir com receptores de importação nuclear.
Quando a célula recebe um estímulo apropriado, a proteína reguladora de genes é
liberada de sua âncora citosólica e transportada para dentro do núcleo.

DURANTE A MITOSE, O ENVELOPE NUCLEAR É DESMONTADO

A lâmina nuclear, localizada no lado nuclear da membrana interna do núcleo, é uma


malha de subunidades proteicas interconectadas chamadas de lâminas nucleares.
As lâminas são uma classe especial de proteínas filamentosas intermediárias que
polimerizam em uma rede bidimensional.
A lâmina nuclear dá forma e estabilidade ao envelope nuclear, ao qual é ancorada
pela ligação, tanto de NPCs quanto de proteínas transmembrana, ao interior da
membrana nuclear. A lâmina também interage diretamente com a cromatina, que
interage com proteínas transmembrana da membrana nuclear interna. Junto com a
lâmina, essas proteínas de membrana interna fornecem ligações estruturais entre o
DNA e o envelope nuclear.
Na mitose a lâmina nuclear e os NPCs se desmontam e o envelope nuclear se
fragmenta. O processo de desmontagem é, ao menos parcialmente, uma
consequência da fosforilação direta de nucleoporinas e lâminas pela proteína-cinase
dependente de ciclina (Cdk) que é ativada no início da mitose.
TRANSPORTE DE PROTEÍNAS PARA MITOCÔNDRIAS E CLOROPLASTOS

Mitocôndrias e cloroplastos (uma forma especializada de plastídios em algas verdes


e células de plantas) são organelas delimitadas por dupla membrana.

A TRANSLOCAÇÃO PARA DENTRO DA MITOCÔNDRIA DEPENDE DE


SEQUÊNCIAS-SINAL E DE TRANSLOCADORES DE PROTEÍNA

Proteínas mitocondriais são primeiro totalmente sintetizadas como proteínas


precursoras mitocondriais no citosol e então translocadas para a mitocôndria por
um mecanismo pós-traducional.

As sequências-sinal de que direcionam proteínas precursoras para dentro do espaço


da matriz mitocondrial são mais bem entendidas. Elas formam uma α-hélice anfifílica,
na qual resíduos carregados positivamente se agrupam em um lado da hélice,
enquanto resíduos hidrofóbicos não carregados se agrupam no lado oposto.
Partes vermelhas= aminoácidos carregados positivamente;
Partes verdes= aminoácidos apolares;
Partes laranja= aminoácidos polares não carregados

Complexos proteicos com várias subunidades atuam como translocadores de


proteínas fazendo a mediação do movimento de proteínas através das membranas
mitocondriais. O complexo TOM transfere proteínas através da membrana externa, e
dois complexos TIM (TIM23 e TIM22) transferem proteínas através da membrana
interna.

Esses complexos contêm alguns componentes que atuam como receptores para
proteínas precursoras mitocondriais, e outros componentes que formam os canais de
translocação.
O complexo TOM é necessário à importação de todas as proteínas mitocondriais
codificadas no núcleo.

Complexo SAM (colocar imagem do tio Sam) proteínas translocadoras que transfere
proteínas barril β. O complexo SAM auxilia no dobramento apropriado na membrana
externa.

Complexo TIM 23, transporta proteínas para o espaço da matriz e auxilia na inserção
de proteínas transmembrana na membrana interna.
Complexo TIM22, medeia a inserção de uma subclasse de proteínas da membrana
interna, incluindo a proteína transportadora que transporta ADP, ATP e fosfato para
dentro e fora da mitocôndria.
Complexo OXA, medeia a inserção de proteínas da membrana interna que são
sintetizadas no interior das mitocôndrias.

AS PROTEÍNAS PRECURSORAS MITOCONDRIAIS SÃO IMPORTADAS COMO


CADEIAS POLIPEPTÍDICAS DESENOVELADAS

As proteínas precursoras mitocondriais não se enovelam em sua estrutura nativa logo


depois de serem sintetizadas; em vez disso, elas permanecem desenoveladas por
meio de interações com outras proteínas no citosol.
Como um passo inicial no processo de importação, os receptores de importação do
complexo TOM ligam-se a sequências-sinal de proteínas precursoras mitocondriais.
As proteínas de interação são, então, removidas e a cadeia polipeptídica
desenovelada é encaminhada – primeiro a sequência-sinal – para o canal de
translocação.
Em princípio, uma proteína pode atingir o espaço da matriz mitocondrial cruzando as
duas membranas, uma de cada vez, ou ambas de uma só vez.
A HIDRÓLISE DE ATP E UM POTENCIAL DE MEMBRANA DIRIGEM A
IMPORTAÇÃO DE PROTEÍNAS PARA O ESPAÇO DA MATRIZ

O transporte direcional requer energia, que, na maioria dos sistemas biológicos, é


suprida pela hidrólise de ATP. A importação de proteínas para a mitocôndria é
sustentada pela hidrólise de ATP em dois sítios diferentes, um fora da mitocôndria
e um no espaço da matriz. Além disso, outra fonte de energia para importação de
proteínas é necessária, que é o potencial de membrana através da membrana
mitocondrial interna.
Observação: POTENCIAL DE MEMBRANA, O potencial de repouso da membrana é
determinado pela distribuição desigual de íons (partículas carregadas) entre o interior
e o exterior da célula.
BACTÉRIAS E MITOCÔNDRIAS USAM MECANISMOS SIMILARES PARA
INSERIR PORINAS EM SUAS MEMBRANAS EXTERNAS

A membrana mitocondrial externa, assim como a membrana externa de bactérias


Gram- -negativas (ver Figura 11-17), contém proteínas barril β em abundância
denominadas porinas, sendo, portanto, livremente permeável a íons inorgânicos e
metabólitos (mas não à maioria das proteínas).

Como é feita a inserção de porinas na membrana externa?


As porinas são primeiramente transportadas em sua forma desenovelada para o
espaço intermembrana, onde se ligam transitoriamente a proteínas chaperonas
especializadas, que as mantêm não agregadas. Ambas se ligam então ao complexo
SAM na membrana externa, inserindo a proteína na membrana externa, auxiliando o
seu enovelamento apropriado.
Uma das subunidades centrais do complexo SAM é homóloga à proteína de
membrana externa bacteriana que auxilia a inserir proteínas barril β na membrana
externa do espaço periplasmático bacteriano (o equivalente do espaço intermembrana
na mitocôndria). Essa via conservada para inserção de proteínas barril b também
ressalta a origem endossimbiótica da mitocôndria.
O TRANSPORTE PARA A MEMBRANA MITOCONDRIAL INTERNA E PARA O
ESPAÇO INTERMEMBRANA OCORRE POR MEIO DE DIVERSAS VIAS
Pôr um gato miando (proteína Mia40)
Figura D, a proteína assume a conformação de passagem múltipla devido a não
presença de sequências-sinal cliváveis nas suas regiões N-terminais
DUAS SEQUÊNCIAS-SINAL DIRECIONAM PROTEÍNAS PARA A MEMBRANA
TILACOIDE EM CLOROPLASTOS

O transporte de proteínas para cloroplastos assemelha-se ao transporte para


mitocôndrias. Ambos os processos ocorrem de modo pós-traducional, utilizam
complexos de translocação separados em cada membrana, necessitam de energia e
usam sequências-sinal N-terminais anfifílicas que são removidas após a utilização.
Se as células vegetais têm mitocôndrias e cloroplastos, como a
proteína/enzima/molécula vai saber pra onde ir?
Isso vai depender da sequência-sinal N-terminal a qual essa
proteína/enzima/molécula está associada. Se for uma sequência-sinal de proteína de
mitocôndria, ela vai para a mitocôndria, por outro lado, se for uma sequência de
proteína de cloroplastos ela vai para o cloroplasto. Portanto, tudo depende dessas
sequências que posteriormente se ligarão às importinas (receptores de importação
nuclear).

As quatro vias para translocar proteínas no espaço tilacoide


1. Via Sec: assim chamada porque utiliza componentes que são homólogos de
proteínas Sec, que medeiam a translocação de proteínas através da membrana
plasmática bacteriana;
2. Via tipo SRP: assim denominada porque usa uma partícula de reconhecimento
de sinal homóloga de cloroplasto, ou SRP;
3. Via TAT: (translocação de duas argininas, de twin arginine translocation), assim
chamada porque duas argininas são cruciais nas sequências-sinal que dirigem
proteínas nessa via, a qual depende de um gradiente de H+ através da
membrana tilacoide;
4. Via de Inserção Espontânea: que parece não necessitar de translocador de
proteínas.

PEROXISSOMOS

Os peroxissomos diferem das mitocôndrias e dos cloroplastos em muitos aspectos.


Mais notavelmente, eles são envolvidos por uma única membrana e não possuem
DNA ou ribossomos. Assim, por não serem dotados de genoma, todas as suas
proteínas são codificadas no núcleo. Os peroxissomos obtêm muitas das suas
proteínas por importação seletiva do citosol, embora algumas delas entrem na
membrana dos peroxissomos por meio do RE. Eles contêm enzimas oxidativas,
como catalase e urato oxidase.
Assim como as mitocôndrias, os peroxissomos são os principais sítios de utilização
de oxigênio.

OS PEROXISSOMOS UTILIZAM OXIGÊNIO MOLECULAR E PERÓXIDO DE


HIDROGÊNIO PARA REALIZAR REAÇÕES OXIDATIVAS

Os peroxissomos são assim denominados porque costumam conter uma ou mais


enzimas que empregam oxigênio molecular para remover átomos de hidrogênio
de substratos orgânicos específicos (designados aqui como R) em uma reação
oxidativa que produz peróxido de hidrogênio (H2O2):

RH2 + 02 R + H2O2

A catalase utiliza o H2O2 gerado por outras enzimas na organela para oxidar uma
variedade de outros substratos – incluindo ácido fórmico, formaldeído e álcool – pela
reação “peroxidativa”: H2O2 + R´H2 → R´ + 2H2O. Além disso, quando um excesso de
H2O2 acumula-se na célula, a catalase o converte em H2O por meio da reação:

2H2O2 → 2H2O + O2

A principal função das reações oxidativas realizadas nos peroxissomos é a quebra de


moléculas de ácido graxo. O processo denominado b-oxidação encurta as cadeias
alquil dos ácidos graxos sequencialmente em blocos de dois átomos de carbono por
vez, convertendo assim os ácidos graxos em acetil-CoA (acetil-coenzima A). Os
peroxissomos exportam então acetil-CoA ao citosol para utilizá-la em reações
biossintéticas.

Uma função biossintética essencial dos peroxissomos animais é catalisar as primeiras


reações na formação de plasmalogênios, que são a classe mais abundante de
fosfolipídeos na mielina. A deficiência de plasmalogênios causa anomalias profundas
na mielinização dos axônios das células nervosas, sendo essa uma das razões por
que muitos distúrbios peroxissômicos levam a doenças neurológicas.

Os peroxissomos são importantes também em plantas. Dois tipos de peroxissomos


de plantas têm sido bastante estudados. Um é o pexoxissomo da fotorrespiração, e
o outro é o glioxissomo, presente em sementes em germinação, nas quais converte
ácidos graxos em açúcares necessários ao crescimento da planta por uma série de
reações conhecidas como o ciclo glioxilato.
UMA SEQUÊNCIA-SINAL CURTA DIRECIONA A IMPORTAÇÃO DE PROTEÍNAS
AOS PEROXISSOMOS

Uma sequência específica de três aminoácidos (Ser-Lys-Leu) localizados na região


C-terminal de muitas proteínas dos peroxissomos atua como um sinal de importação.
Outras proteínas peroxissômicas contêm uma sequência-sinal próxima à região N-
terminal. Se uma dessas sequências está ligada a uma proteína citosólica, a
proteína é importada para peroxissomos.

Peroxinas, participam no processo de importação.

Ubiquitinação, é um processo enzimático que envolve a ligação da proteína


ubiquitina com uma proteína substrato.

Ex.: Pex5, texto detalhado no livro.


Modelos de surgimento de peroxissomos

RETÍCULO ENDOPLASMÁTICO

O RE tem um papel central na biossíntese de lipídeos e proteínas, servindo também


como um local de armazenamento intracelular de Ca2+, que é usado em muitas
respostas de sinalização celular.

O RE É ESTRUTURAL E FUNCIONALMENTE DIVERSO


Nas células de mamíferos, o início da importação de proteínas para o RE se dá antes
da síntese completa da cadeia polipeptídica num processo cotraducional. Ao
contrário, a importação de proteínas nas mitocôndrias, nos cloroplastos, no núcleo e
nos peroxissomos é um processo pós-traducional.
Exemplo de síntese de lipídios pelo RE: células do fígado (hepatócitos);
Exemplo de armazenamento intracelular de Ca2+ pelo RE: células musculares, seu
RE é chamado de retículo sarcoplasmático

Microssomos: fragmentos de RE que se recompõe na forma de muitas pequenas


vesículas. Tem as mesmas funções do RE completo.

AS SEQUÊNCIAS-SINAL FORAM DESCOBERTAS PRIMEIRO EM PROTEÍNAS


IMPORTADAS PARA O RE RUGOSO

Foi feito um experimento chave que comprovou a presença dessas sequências-sinal


no RE. Esse experimento foi realizado com mRNA na presença e ausência de
microssomos. Constatou-se que na ausência de microssomos a proteína sintetizada
foi levemente maior que a secretada, enquanto na presença de microssomos o
tamanho da proteína foi correto.
Nesse estudo foi visto a hipótese do sinal onde a diferença no tamanho da proteína
reflete na presença inicial de uma sequência-sinal que direciona a proteína secretada
à membrana do RE e é, então, clivada por uma peptidase-sinal na membrana do RE
antes que a cadeia polipeptídica tenha sido completada.

UMA PARTÍCULA DE RECONHECIMENTO DE SINAL (SRP) DIRECIONA A


SEQUÊNCIA-SINAL DO RE PARA UM RECEPTOR ESPECÍFICO NA MEMBRANA
DO RE RUGOSO

A sequência-sinal do RE é guiada à membrana do RE por, pelo menos, dois


componentes: uma partícula de reconhecimento de sinal (SRP, signal-recognition
particle), que circula entre a membrana do RE e o citosol e liga-se à sequência-sinal,
e um receptor SRP na membrana do RE.
A SRP pode ligar-se a várias sequências-sinal. Mas aí surge a pergunta: Como a SRP
pode ligar-se especificamente a tantas sequências diferentes?
Isso ocorre devido a estrutura da SRP que seu sítio de ligação de sequência-sinal é
uma grande cavidade hidrofóbica constituída de metioninas. Essas metioninas
possuem cadeias laterais flexíveis não ramificadas, essa flexibilidade que possibilita
que várias sequências-sinal de diferentes sequências, tamanhos e formas se liguem.
A SRP é uma estrutura do tipo haste, que envolve a subunidade ribossômica maior
com uma ponta ligando a sequência-sinal do RE.

Quando uma sequência-sinal se liga, a SRP expõe um sítio de ligação para o receptor
SRP.
Esse processo de transferência cotraducional cria duas populações espacialmente
separadas de ribossomos no citosol. Os ribossomos ligados à membrana, ligados
ao lado citosólico da membrana do RE, estão empenhados na síntese de proteínas
que estão sendo simultaneamente translocadas para o RE. Os ribossomos livres,
não ligados a membranas, sintetizam todas as outras proteínas codificadas pelo
genoma nuclear.

Uma vez que muitos ribossomos podem se ligar a uma única molécula de mRNA,
um polirribossomo costuma ser formado.
A CADEIA POLIPEPTÍDICA ATRAVESSA UM CANAL AQUOSO NO
TRANSLOCADOR

As cadeias polipeptídicas são transferidas através da membrana do RE em contato


direto com a bicamada lipídica, ou através de um canal em uma proteína
translocadora? Essa dúvida foi sanada com a identificação da proteína transportadora
(complexo Sec61), que se mostrou capaz de formar um canal preenchido por água na
membrana, pelo qual a cadeia polipeptídica cruza a membrana. O centro do
translocador, denominado complexo Sec61, consiste em três subunidades que são
altamente conservadas desde bactérias até células eucarióticas. A estrutura do
complexo Sec61 sugere que a-hélices da subunidade maior cercam um canal central
através do qual uma cadeia polipeptídica atravessa a membrana.
Em células eucarióticas, quatro complexos Sec61 formam um grande conjunto de
translocadores que podem ser visualizados nos ribossomos ligados ao RE após a
solubilização da membrana do RE com detergente. O conjunto de um translocador
com esses componentes acessórios é chamado de translócon.
A translocação através da membrana do RE nem sempre necessita do
alongamento da cadeia polipeptídica em andamento

Para atuar na translocação pós-traducional, o translocador do RE necessita de


proteínas acessórias que coloquem a cadeia polipeptídica no poro e sustentem
o transporte.
Em bactérias, é a ATPase SecA, liga-se ao lado citosólico do translocador, onde
desencadeia mudanças conformacionais cíclicas sustentadas por hidrólise de ATP.
Em células eucarióticas, é o conjunto de proteínas denominados de complexo Sec61.
Essas proteínas atravessam a membrana do RE e usam um pequeno domínio
localizado no lado do lúmen da membrana do RE para depositar uma proteína
chaperona do tipo hsp70 (denominada BiP, de binding protein) na cadeia
polipeptídica, à medida que esta emerge do poro para o lúmen do RE.
Em proteínas transmembrana de passagem única, somente uma sequência-
sinal interna do RE permanece na bicamada lipídica como uma a-hélice que
atravessa a membrana

Sinal de início de transferência: é a sequência-sinal que é reconhecida duas vezes.


O primeiro reconhecimento é pela SRP no citosol, e o segundo no poro da proteína
translocadora na membrana do RE.

As três maneiras pelas quais as proteínas transmembrana de passagem única


são inseridas na membrana do RE:
1. Sinal de parada de transferência, um segmento hidrofóbico adicional na cadeia
polipeptídica interrompe o processo de transferência antes que a cadeia inteira seja
transportada.

2. Sequência de aminoácidos carregados positivamente ANTES da sequência-


sinal (núcleo hidrofóbico);
3. Sequência de aminoácidos carregados positivamente DEPOIS da sequência-
sinal (núcleo hidrofóbico)
AS COMBINAÇÕES DE SINAIS DE INÍCIO E DE PARADA DA TRANSFERÊNCIA
DETERMINAM A TOPOLOGIA DAS PROTEÍNAS TRANSMEMBRANA DE
PASSAGEM MÚLTIPLA

Nas proteínas transmembrana de passagem múltipla, a cadeia polipeptídica passa


para frente e para trás repetidamente ao longo da bicamada lipídica como uma a-
hélice hidrofóbica.

Acredita-se que uma sequência-sinal interna sirva como um sinal de início de


transferência nessas proteínas para iniciar a translocação, que continua até o
translocador encontrar uma sequência de parada da transferência; em proteínas
transmembrana de duas passagens, por exemplo, o polipeptídeo pode, em eguida,
ser liberado na bicamada.
Em proteínas de passagem múltipla mais complexas, nas quais muitas α-hélices
hidrofóbicas atravessam a bicamada, uma segunda sequência de início da
transferência reinicia a translocação mais adiante na cadeia polipeptídica, até a
próxima sequência de parada do transporte induzir a liberação do polipeptídeo, e
assim por diante, para posteriores sequências de início e de parada da transferência.
PROTEÍNAS ANCORADAS PELA CAUDA SÃO INTEGRADAS NA MEMBRANA DO
RE POR UM MECANISMO ESPECIAL

Proteínas ancoradas pela cauda no RE: proteínas de membrana importantes


ancoradas na membrana por uma a-hélice hidrofóbica transmembrana C-terminal.
Elas incluem muitas subunidades proteicas SNARE que dirigem o tráfego vesicular.

AS CADEIAS POLIPEPTÍDICAS TRANSPORTADAS ENOVELAM-SE E SÃO


MONTADAS NO LÚMEN DO RE RUGOSO

Proteínas residente no RE: algumas proteínas residem no RE normalmente e estão


presentes em altas concentrações. Elas contêm um sinal de retenção no RE de
quatro aminoácidos na sua região C-terminal que são responsáveis pela retenção da
proteína no RE.
Algumas dessas proteínas atuam cataliticamente para auxiliar as muitas proteínas que
são transportadas para o lúmen do RE a enovelar-se e montar-se corretamente.

Exemplo: proteína dissulfeto isomerase (PDI) – que catalisa a oxidação de grupos


sulfidrila (SH) livres nas cisteínas para formar ligações dissulfeto (S-S).

A MAIORIA DAS PROTEÍNAS SINTETIZADAS NO RE RUGOSO É GLICOSILADA


PELA ADIÇÃO DE UM OLIGOSSACARÍDEO COMUM LIGADO AO N
Durante a forma mais comum de glicosilação da proteína no RE, um oligossacarídeo
precursor pré-formado (composto de N-acetilglicosamina, manose e glicose e
contendo um total de 14 açúcares) é transferido em bloco para proteínas. Esse
oligossacarídeo é transferido ao grupo NH2 da cadeia lateral de um aminoácido
asparagina na proteína, sendo, por isso, considerado ligado ao N ou ligado à
asparagina.

A transferência é catalisada por uma enzima ligada à membrana, uma oligossacaril


transferase, que tem seu sítio ativo exposto no lado do lúmen da membrana do RE.
Uma molécula lipídica especial denominada dolicol abriga o oligossacarídeo
precursor na membrana do RE.
O oligossacarídeo precursor é transferido para a asparagina-alvo em um único passo
enzimático imediatamente depois de o aminoácido ter alcançado o lúmen durante a
translocação da proteína. O oligossacarídeo precursor é ligado ao lipídeo dolicol por
uma ligação pirofosfato de alta energia, que providencia a energia de ativação para
conduzir a reação de glicosilação.
O oligossacarídeo precursor é construído açúcar por açúcar no lipídeo dolicol ligado
à membrana e então transferido para uma proteína. Os açúcares são primeiro
ativados no citosol pela formação de um intermediário açúcar-nucleotídeo (UDP
ou GDP), que, então, doa seu açúcar (direta ou indiretamente) ao lipídeo em uma
sequência ordenada. Ao longo desse processo, o oligossacarídeo ligado ao lipídeo é
movido do lado citosólico para o lado do lúmen da membrana do RE.
OS OLIGOSSACARÍDEOS SÃO UTILIZADOS COMO “RÓTULOS” PARA MARCAR
O ESTADO DE ENOVELAMENTO DA PROTEÍNA

Algumas proteínas necessitam de glicosilação ligada ao N para o enovelamento


adequado no RE.
Um indício para o papel da glicosilação no enovelamento da proteína deriva de
estudos de duas proteínas chaperonas do RE denominadas calnexina e
calreticulina, pois necessitam de Ca2+ para suas atividades. Essas chaperonas são
proteínas de ligação de carboidratos, ou lectinas, que se ligam a oligossacarídeos nas
proteínas que não estão completamente enoveladas e as retêm no RE. Elas impedem
que as proteínas enoveladas incompletamente sofram agregação irreversível e
promovem a associação de proteínas incompletamente enoveladas com outra
chaperona do RE.

Como, então, a calnexina e a calreticulina distinguem proteínas enoveladas das


incompletamente enoveladas? A resposta está, ainda, em outra enzima do RE, a
glicosil transferase, que continua adicionando uma glicose àqueles oligossacarídeos
que perderam sua última glicose. Ela adiciona a glicose, entretanto, somente a
oligossacarídeos que estão associados a proteínas desenoveladas. Assim, uma
proteína desenovelada sofre ciclos contínuos de retirada de glicose (por glicosidase)
e de adição (pela glicosil transferase) e mantém uma afinidade por calnexina e
calreticulina, até alcançar seu estado de completo enovelamento.
AS PROTEÍNAS ENOVELADAS INADEQUADAMENTE SÃO EXPORTADAS DO
RE E DEGRADADAS NO CITOSOL

Muitas moléculas proteicas transportadas para o RE falham na tentativa de alcançar


seu enovelamento adequado ou seu estado oligomérico. Tais proteínas são
exportadas de volta do RE para o citosol, onde são degradadas em proteassomos.

A seleção de proteínas do RE para degradação é um processo desafiador: proteínas


mal enoveladas ou subunidades proteicas não montadas devem ser degradadas, mas
intermediários de dobramento de proteínas recém-formadas não.

Múltiplos complexos translocadores movimentam diferentes proteínas da membrana


ou lúmen do RE para o citosol. Uma característica comum é que eles contêm uma
enzima E3 ubiquitina-ligase, que anexa etiquetas de poliubiquitina nas proteínas
desenoveladas assim que elas emergem para o citosol, marcando-as para
destruição.
Alimentada pela energia derivada da hidrólise de ATP, uma ATPase hexamérica da
família de AAA-ATPases puxa a proteína mal enovelada através do translocador para
o citosol.

Uma N-glicanase remove as cadeias de oligossacarídeos em bloco. Guiado pela sua


etiqueta de ubiquitina, o polipeptídeo deglicosilado é rapidamente direcionado aos
proteassomos, onde é degradado.

AS PROTEÍNAS MAL ENOVELADAS NO RE ATIVAM UMA RESPOSTA À


PROTEÍNA DESENOVELADA

Um acúmulo de proteínas al enoveladas no RE dispara uma resposta à proteína


desenovelada, o que inclui um aumento na transcrição de genes que codificam
proteínas envolvidas na retrotranslocação e degradação de proteínas no citosol,
chaperonas do RE e muitas outras proteínas que ajudam a aumentar a capacidade
de dobramento de proteínas no RE.

Como as proteínas mal enoveladas no RE sinalizam ao núcleo?


Existem três vias paralelas que executam a resposta à proteína desenovelada:
1. Via da proteína-cinase IRE1
É ativada por proteínas mal enoveladas, que induzem a sua oligomerização e
autofosforilação. A oligomerização e autofosforilação de IRE1 ativa um domínio
da endorribonuclease na porção citosólica da mesma molécula, que cliva uma
molécula de mRNA citosólica específica em duas posições, excisando um
íntron. Os éxons separados são então unidos por uma RNA-ligase, gerando um
mRNA processado, que é traduzido nos ribossomos para produzir uma
proteína reguladora de transcrição. A proteína migra ao núcleo e ativa a
transcrição de genes codificadores de proteínas que ajudam a mediar a
resposta à proteína desenovelada.
2. Via da proteína-cinase PERK
Proteínas mal enoveladas ativam a PERK, como consequência inibe um fator de
início da tradução pela sua fosforilação e redução da síntese de novas proteínas
na célula. Isso reduz o fluxo de proteínas no RE. Porém algumas são
preferencialmente traduzidas quando os fatores de início da tradução são
escassos, e uma dessas é um regulador de transcrição que auxilia a ativação da
transcrição de genes que codificam proteínas ativas na resposta à proteína
desenovelada.

3. Via da proteína-cinase ATF6


É inicialmente sintetizado como uma proteína transmembrana do RE. Uma vez
que está incorporada na membrana do RE, ela não pode ativar a transcrição de
genes no núcleo. Quando proteínas mal enoveladas acumulam-se no RE,
contudo, a proteína ATF6 é transportada para o aparelho de Golgi, onde encontra
proteases que clivam seus domínios citosólicos, que podem agora migrar para o
núcleo e ajudar a ativar a transcrição de genes que codificam proteínas
envolvidas na resposta à proteína desenovelada.

ALGUMAS PROTEÍNAS DE MEMBRANA ADQUIREM UMA ÂNCORA DE


GLICOSILFOSFATIDILINOSITOL (GPI) LIGADA COVALENTEMENTE

Um processo relacionado é catalisado por enzimas do RE, que ligam covalentemente


uma âncora de glicosilfosfatidilinositol (GPI, glycosylphosphatidylinositol) à
região C-terminal de algumas proteínas de membrana com destino à membrana
plasmática. Essa ligação é formada no lúmen do RE, onde, ao mesmo tempo, o
segmento transmembrana da proteína é clivado.

A MAIORIA DAS BICAMADAS LIPÍDICAS É MONTADA NO RE

A membrana do RE é o local de síntese de quase todas as principais classes de


lipídeos da célula, incluindo fosfolipídeos e colesterol necessários à produção de
novas membranas celulares. O principal fosfolipídeo sintetizado é a fosfatidilcolina
(também chamada de lecitina), que pode ser formada em três etapas a partir de colina,
de dois ácidos graxos e de glicerol fosfato.

Como a síntese de fosfolipídeo ocorre no folheto citosólico da bicamada lipídica do


RE, é necessário que exista um mecanismo que transfira algumas das moléculas de
fosfolipídeos recém-formados para o folheto do lado do lúmen da bicamada. Em
bicamadas lipídicas sintéticas, lipídeos não se movem da forma flip-flop (ver Figura
10-10). No RE, todavia, os fosfolipídeos equilibram-se através da membrana em
minutos, o que é quase cem mil vezes mais rápido do que o flip-flop (retorno)
espontâneo. Esse movimento transbicamada rápido é mediado por um translocador
de fosfolipídeos pobremente caracterizado, denominado embaralhador (scramblase)
que, de maneira não seletiva, equilibra fosfolipídeos entre os dois folhetos da
bicamada lipídica.

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