Gestão de Suprimentos

Dimensionamento e Controle de
Estoques

Desenvolvimento do material
Vilson Vieira de Paula
1ª Edição
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Sumário
Dimensionamento e Controle de Estoques
Para Início de Conversa... ................................................................................ 3
Objetivos ..................................................................................................... 3
1. Métodos de Planejamento para os Estoques ..................................... 4
2. Sistemas de Controles de Estoques ....................................................... 8
3. Controle e Acuracidade de Estoques ..................................................... 12
Referências ..................................................................................................... 15
Para Início de Conversa... Objetivos
O dimensionamento de estoques é uma parte importante das políticas ▪ Compreender os métodos de planejamento de estoques.
de manutenção e investimentos em materiais, ganhando importância ▪ Entender os sistemas de controle de estoques.
estratégica na gestão de ativos. ▪ Identificar controles para a acurácia dos estoques.
Neste capítulo, veremos que os métodos de planejamento de estoque são
uma parte importante para a garantia da satisfação de clientes externos
e internos. Os métodos de previsão de consumo Último Período, Média
Móvel e Média Ponderada são os mais antigos e possuem falhas em sua
condução. Diante disso, sistemas de redundância são empregados, como
os sistemas de duas gavetas e de inserção do estoque de segurança,
como forma de não parar as atividades operacionais da empresa.

Veremos, também, que a definição de níveis de segurança para estoques

requer, periodicamente, ajustes, pois, como o mercado é dinâmico, ainda
mais na sociedade da informação, com tecnologias móveis à disposição
do consumidor final, a demanda passa por oscilações.

Por fim, estudaremos os mecanismos de controle, como o inventário, sendo

este voltado a assegurar confiabilidade por meio do investimento em
materiais, de forma transparente. Empresas reservam em sua agenda anual
momentos para a contagem de inventário, atividade cansativa, mecânica
e repetitiva, porém, necessária para atestar o controle empregado nas
movimentações de mercadorias ao longo das operações diárias.

Gestão de Suprimentos 3
1. Métodos de Planejamento para os Estoques
A previsão para estoques necessariamente passa por prognóstico ou
planejamento das aquisições para atendimento da demanda. Prever,
com exatidão, o consumo de uma empresa em um determinado mês
representa uma tarefa bastante difícil, mas é necessário chegar a um
número que atenda às necessidades de consumo, sem exceder os níveis
e sem permitir a ruptura de estoques.
A estimativa de consumo de produtos consumidos, comercializados ou
adquiridos pelos consumidores e no aguardo de entrega seguem os
seguintes passos básicos:
▪ planejamento da empresa;
▪ diferente das metas do comercial;
▪ coerente com os custos de aquisição de materiais.
O planejamento em relação ao investimento em inventário segue as
políticas de investimentos e pagamentos da organização, em que o
funcionário da área de compras segue essa cartilha em suas decisões.
A análise que determina que aquisições devem ser diferentes das
metas de vendas obedece a premissa de que cada item respeita tempos
diferenciados de pedido e entregas. Sem desrespeitar a coerência,
os custos relacionados à aquisição de materiais devem seguir valores
Gestão de Suprimentos
razoáveis para a política de manutenção de estoques da empresa.
As informações que direcionam as decisões voltadas à dimensão e
demandas de consumo seguem dois tipos de dados: qualitativos e
quantitativos.
Dados Precisos
- Relacionados a pedidos de vendas anteriores, como mês, ano ou
semestre anterior.
- Família de produtos relacionados e promoções associadas,
Quantitativos como venda de carne e itens para churrasco.
- Épocas de maior ou menor sazonalidade por um item.
- Lançamento de produto e sua relação com divulgação e
propaganda.
Dados Comportamentais
• A experiência da gerência.
Qualitativos • A experiência dos funcionários do comercial.
• A experiência dos empregados da área de compras.
• Dados de pesquisas junto a consumidores.
Quadro 1: Informações para Planejamento de Estoques. Fonte: Elaborado pelo autor.
A previsão de consumo, segue a técnicas específicas, dividindo-se em
três grandes áreas a fim de facilitar o entendimento da previsão de
consumo. A saber:
4
 Previsão de consumo Demanda Dependente Demanda Independente
▪ Todos conhecem. ▪ A organização não tem controle.
▪ Segue programação. ▪ É o mercado que determina volumes, preço e procura.
▪ É controlada. ▪ A empresa desconhece sua previsão.
Projeção Explicação Predileção

Figura 1: Técnicas de previsão de consumo. Fonte: Elaborado pelo autor Uma outra forma de estudo segue a lógica da evolução da demanda ou
do consumo de produtos:
As técnicas relacionadas à Projeção representam a expectativa de que
as vendas do passado possam se repetir no presente ou que terão ▪ Evolução de Consumo em Constância.
algum acréscimo ao longo do tempo. Esses são aspectos puramente ▪ Evolução de Consumo por Propensão ou Tendência.
quantitativos. ▪ Evolução de Consumo por Sazonalidade.

Já as técnicas voltadas para a Explicação seguem o volume de vendas A evolução de Consumo por Constância, também chamada de Horizontal,
do passado, com base em variáveis seguras, sendo utilizados métodos de é identificada pelo seu consumo médio. Verifique, no Gráfico 1, a linha
correlação e de regressão. horizontal que corta o comportamento de consumo.

Por fim, a técnica de Predileção faz uso do conhecimento de funcionários Consumo

(Unidades) Consumo
já experientes na área e que conhecem as variações de mercado e efetivo
podem contribuir com informações relevantes acerca das quantitativas
50
ideias para atender ao período determinado de consumo. Consumo
médio
Os estudos de demanda podem seguir modelos que lidam com
incertezas, como Demanda Dependente e Demanda Independente. Veja, 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Tempo
a seguir, suas características: (Período)
Gráfico 1: Evolução Horizontal. Fonte: Adaptado de Dias (2008).

Gestão de Suprimentos 5
A evolução de Consumo por Propensão ou Tendência estabelece uma As diversas possibilidades que explicam a evolução do consumo devem
relação de aumento de consumo ao longo do período. Observe, no considerar aspectos que recebem diversas influências, dentre as quais
Gráfico 2, a linha inclinada do comportamento da demanda. podemos destacar:
Consumo Consumo ▪ política;
(Unidades) efetivo
Consumo ▪ econômica;
50 médio
▪ fatores de sazonalidade;
▪ mudanças no mercado;
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 ▪ momento conjuntural.
Tempo
(Período)
Assim, podemos concluir que, conhecendo o perfil da demanda, torna-
Gráfico 2: Evolução por Tendência. Fonte: Adaptado de Dias (2008). se possível o emprego de técnicas para prever o consumo de itens,
facilitando a realização de pedidos de mercadorias ou de itens. Observe
A evolução de Consumo por Sazonalidade traz como característica o
comportamento oscilante da demanda, sendo, em alguns momentos, a Figura 2.
crescente e, em outros, horizontal. Observe o Gráfico 3.
Método do Último Prevê, no período seguinte, o comportamento
Consumo
Período anterior.
(Unidades)
25%
Semelhante ao método anterior, porém,
Consumo
50 efetivo Média Móvel considera a média.
Consumo
médio
Média Móvel Semelhante à média móvel, mas faz uso da
Ponderada distribuição de pesos.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Tempo
(Período)
Figura 2: Métodos de Previsão de Consumo. Fonte: Elaborado pelo autor.
Gráfico 3: Evolução por Sazonalidade. Fonte: Adaptado de Dias (2008).

Gestão de Suprimentos 6
Método do Último Período (MUP)
Neste método, repete-se a realidade do período anterior (mês). Vale
ressaltar que há empresas que trabalham com a realidade do ano
anterior.
Período: Agosto Setembro Outubro
Demanda: 29 32 30
Tabela 1: Método do Último Período. Fonte: Elaborado pelo autor.
Esse método traz fragilidades grosseiras, pois desconsidera
sazonalidades, variáveis externas e a análise de conjuntura, portanto,
pode ser que haja ou não assertividade.
Nesse método, seguindo o exemplo apresentado na Tabela 1, o pedido
que será feito no mês de novembro será de 30 unidades, pois levará em
consideração a realidade do mês de outubro.
Método da Média Móvel (MMM)
Neste método, considera-se a média dos períodos anteriores para
projetar a demanda futura. As inconsistências ocorrem quando se trata
de períodos em que existe demanda crescente ou decrescente, não
sendo atingida a média estabelecida, o que pode acarretar em excesso
de mercadoria ou na ruptura do estoque.
Gestão de Suprimentos
Veja como funciona:
Sendo:
Novembro CMM = Consumo da Média Móvel
30 C1 = Consumo anterior do primeiro período
n = Representa o número de períodos anteriores
Agora, aplicando esse modelo na Tabela 1, teremos:
CMM = 29 + 32 + 30 = 30, 33 ou, para efeito de pedidos, 31 unidades.
3
Média Móvel Ponderada (MMP)
Este método considera a ponderação entre as variáveis anteriores, com
interesse em estabelecer um valor médio futuro.
Para a correta e eficiente aplicação desse método, é importante a adoção
das seguintes regras:
▪ Nos períodos mais próximos, são atribuídos maiores percentuais.
▪ Na última ocorrência de período, atribui-se menor ponderação.
▪ O somatório dos percentuais deve ser de 100%.
7
Veja a fórmula:
2. Sistemas de Controles de Estoques
Representa grande desafio para a Gestão de Suprimentos encontrar
o dimensionamento ideal do seu volume de estoque, assim como o
controle do fluxo durante todo o processo. Métodos são utilizados com o
Sendo:
intuito de tornar possível esse desafio em um contexto de demanda real
CMM = Média Móvel Ponderada oscilante. A seguir, serão apresentados diversos sistemas e elementos
auxiliares na manutenção de estoques.
C1 = Consumo anterior do primeiro período
Sistema de Duas Gavetas
P1 = Percentual aplicado
Este método traz grande facilidade em seu manuseio, sendo ideal
n = Representa o número de períodos anteriores
para produtos que não possuem grande valor agregado nem grandes
Considere a aplicação do método MMP na Tabela 2: problemas com ressuprimento.

O sistema de duas gavetas parte da ideia de trabalhar com duas “caixas”

Período Consumo Percentual % Quantidade
ou gavetas, A e B, em que se supõe que, na caixa B, tenha a quantidade
1 200 10 20 necessária para trabalhar por um período e, na caixa A, tenha armazenada
2 80 20 16 a quantidade suficiente de itens necessários para atender à demanda
3 200 30 60 do ponto de solicitação de itens até o ressuprimento, que também é
chamado de tempo de reposição de mercadorias (a caixa A é acionada
4 150 40 60
após acabar o estoque da caixa B).
x - 100 = 156
Veja, na Figura 3, o funcionamento do sistema. No início da operação, o
Tabela 2: Consumo da Média Móvel Ponderada. Fonte: Elaborada pelo autor estoque está em alta e com o seu nível máximo de estocagem.

Gestão de Suprimentos 8
 Durante a operação, ocorre o consumo em estoque de mercadorias para
atender a determinado período X – o que ocorre, semelhantemente, com a
caixa B. Sendo feito o pedido de ressuprimento, o estoque de segurança de
A garante o atendimento da demanda caso ocorra aumento de consumo.

A descrição do Gráfico 4 permite uma melhor compreensão desse fluxo.

Observe:
Caixa A Caixa B
Quantidade
em estoque
Figura 3: Sistema de Duas Gavetas. Fonte: Adaptado de Dias (2008).
Consumo Consumo
Durante as operações de produção, venda e consumo, o estoque da caixa do estoque do estoque
B chega a sua condição final de atendimento e, imediatamente, a caixa

Reposição do estoque
A entra em atividade para atender à demanda. Nessa fase, o pedido de
reposição é processado para B e também para completar o nível de A.

Tempo

Gráfico 4: Manutenção de Estoques. Fonte: Adaptado de Dias (2008).

Um elemento importante para que exista o atendimento do

Caixa A Caixa B ressuprimento de cargas é encontrar o ponto de pedido ideal, o qual
deve levar em consideração o tempo que a carga demora a chegar em
Figura 4: Sistema de Duas Gavetas em atividade. Fonte: Adaptado de Dias (2008).
estoque: é o chamado Ponto de Pedido, conforme demonstra o Gráfico 5

Gestão de Suprimentos 9
 Est. Máx Estabelecer máximo e mínimo de estocagem traz segurança para gerir
as oscilações da manutenção de estoques. Observe que Dias (2008) tenta
representar graficamente o momento em que o pedido de reposição de
PP PP estoques é feito, destacando o tempo entre os pedidos.

Est. Mín Est. Máx

Q
PP PP
Est. Mín
IR

T
IR
Gráfico 5: Intervalo de Ressuprimento. Fonte: Adaptado de Dias (2008).
Gráfico 6: Ponto de Pedido. Fonte: Adaptado de Dias (2008).
Nesse método, deve-se estar atento aos fatores fundamentais na
Sistemas de Revisões Periódicas
manutenção de estoques, como:
Este sistema elabora ressuprimento constante, em períodos constantes,
▪ consumo e o período; sendo necessária a definição de quantidades, período de pedido,
▪ tempo para estabelecer o pedido; intervalos de ressuprimento, sem contar considerações como estoque
▪ fazer cálculos para chegar ao quantitativo; máximo e estoque de segurança.
▪ estabelecer os estoques máximos e mínimos (estoque de segurança); Q
▪ encontrar o Lote de Compras necessário.
Revisão Revisão Revisão
Sistemas de Máximo-Mínimo Q Q

A reposição de estoque parte de uma realidade congelada, em que, no mundo E. Mn

real, diversos fatores ocorrem em simultaneidade e alteram os quantitativos T
para mais ou para menos, conforme o comportamento do mercado.
Gráfico 7: Revisão Periódica. Fonte: Adaptado de Dias (2008).

Gestão de Suprimentos 10
Sistemas MRP I e II
A Gestão de Suprimentos tem a missão de encontrar o melhor
dimensionamento do estoque para servir à organização por um período, bem
como conhecer fluxos, demandas, necessidades de materiais e ferramentas
de controle e acompanhamento aplicados à Gestão de Materiais.
Dentre diversos Sistemas de Controle e Planejamento de Materiais, o
MRP (Materials Requirements Planning) trabalha com a requisição de
suprimentos. Seus desafios são:
▪ efetivamente manter a disponibilidade do item em estoque para uso;
▪ garantir baixos custos de inventário;
▪ efetuar o planejamento de produção, matéria-prima e entregas.
O Sistema MRP atua extraindo de banco de dados informações
relacionadas à produção, demanda e recursos. Seu relatório final traz
toda a programação de produção para atender a um período.
O MRP II traz a incorporação de elementos das áreas relacionadas à
produção, como: Recursos Humanos, Finanças, Compras e Marketing, o
que agrega praticidade e aplicabilidade à ferramenta.
Sistemas ERP
São sistemas com bancos de dados interligados, voltados à atividade de
produção e atendimento à demanda de uma empresa. Esses sistemas
interagem com o financeiro, gestão de estoques, recursos humanos, área
Gestão de Suprimentos
comercial e logística, ou seja, com todas as áreas que são vitais dentro
de uma empresa.
A sigla ERP significa Enterprise Resource Planning ou, em português,
Planejamento de Recursos Empresariais. Um sistema de ERP está
distribuído em três camadas:
▪ cadastro;
▪ extração de dados relacionados à produção;
▪ customizações para gerar relatórios.
Os sistemas ERP relacionam dados diversos, como dados de clientes,
fornecedores, produtos e Fisco, dentre outros.
Seus benefícios estão principalmente voltados à melhoria de
performance dos seguintes aspectos:
▪ custos com estocagem;
▪ melhor uso de mão de obra;
▪ ganhos de produção;
▪ otimização de processos, logística, ciclo de pedido;
▪ redução do prazo de entrega.
Contribuições: WMS, Just in Time, Kanban
A Gestão de Suprimentos conta com mais ferramentas, como o Software
WMS, que tem por finalidade o melhor gerenciamento de mercadorias
11
dentro de um CD (Centro de Distribuição) ou Armazém. A sigla WMS
significa Warehouse Management System ou Sistema de Gerenciamento
de Armazém.
Após o cadastro da mercadoria, o software encarrega-se de prover
o melhor endereçamento dentro do Armazém, desde que todos os
parâmetros tenham sido registrados. O sistema também faz a retirada
da mercadoria, baixa em estoque, controle de validade, controle do
fornecedor e outras funcionalidades muito importantes à Gestão de
Suprimentos. Veja, a seguir, mais aplicabilidades do WMS:
Aplicabilidades do WMS:
Programa recebimento e faz o recebimento de cargas.
Direcionamento ou endereçamento da carga nas instalações do CD.
Armazenagem da carga e separação da carga em ordem de pedido.
A expedição da carga e abastecimento.
Vantagens do WMS:
Reduz consideravelmente reclamações de clientes com entregas.
Faz melhor uso dos recursos da organização.
Traz diferencial para o negócio.
Melhor controle de produtividade, fluxos, armazenagem e desempenho.
Quadro 2: Aplicações e vantagens do WMS. Fonte: Elaborado pelo autor.
Gestão de Suprimentos
Os sistemas JIT, ou Just in Time, surgem como contribuição da indústria
automotiva japonesa e têm por premissa a otimização da produção em
função da demanda real.
A sigla JIT aplica-se à administração de produção e indica a hora certa
para produzir e entregar, de forma que não ocorra excesso e nem a falta
do produto. É o perfeito sincronismo da produção com vendas, em que,
antes de faltar o produto, a reposição já está acontecendo.
Já o sistema Kanban faz uso de cartões identificados no processo de
produção e, à medida que a produção acontece, os cartões são deslocados
pelos setores; a partir daí, é informada a necessidade de reposição, à
medida que a produção do item avança na linha de montagem. Nesse
modelo, o estoque está sempre em movimento.
3. Controle e Acuracidade de Estoques
A Gestão de Suprimentos conta com um mecanismo de controle chamado
de inventário de estoque, que consiste no conjunto de atividades e
procedimentos de registro de itens e localização que devem ter acurácia
máxima, ou seja, o que está registrado nos sistemas quando de sua
entrada deve ser fiel à contagem física de produtos – a isso chamamos
de acurácia nos estoques.
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Conceito e Aplicação de Inventário Físico: Tipologia e Aplicação
De tempo em tempo, a contagem de estoque precisa ocorrer para
confrontar os mecanismos de controle e apuração mediante sua
contagem física. Essa rotina visa verificar:
▪ possíveis diferenças de precificação;
▪ alguma diferença de registros de forma física x sistema;
▪ levantamento do investimento em estocagem.
Empresas que necessitam manter estoques para sua operação lidam
com o grande desafio de apresentar a informação real do que se tem
armazenado. Tal desafio fica ainda mais emocionante quando a empresa
persegue a ideia de trabalhar com nível de estoque mais reduzido ou
enxuto, como alguns autores gostam de dizer, sem perder o nível de
oferta de um bom serviço prestado ao cliente.
O Inventário é uma listagem completa de todos os produtos armazenados
no estoque de uma empresa. Ele identifica, classifica e determina o valor
de cada produto.
Um inventário pode ser Geral ou Rotativo. O inventário geral é feito no
fim do exercício, sendo um processo longo, cansativo, porém, necessário
para apurar possíveis descontinuidades. Já o inventário rotativo são
contagens menores, distribuídas ao longo de todo o ano, podendo
envolver grupos diversos de produtos, como:
Gestão de Suprimentos
▪ Grupo A: Para produtos de maior valor agregado e que trazem maior
necessidade de controle. Esses produtos devem ser controlados, em
média, a cada 3 ou 4 meses.
▪ Grupo B: Esses produtos não representam o carro-chefe da empresa
nem possuem alto valor, mas devem ser controlados, pelo menos, a
cada 6 meses.
▪ Grupo C: São materiais que não possuem grande saída e podem ser
contabilizados, anualmente, no Inventário Geral.
Segundo Nogueira (2016), há, ainda, outros tipos de inventário, sendo
necessário a empresa escolher o modelo que melhor se adequa a seu
negócio. São eles:
Inventário Permanente - Neste modelo, existe um processo de inventário
periódico, em que todas as SKUs são contabilizadas pelo menos uma vez
por ano. É comum, dependendo da Classe do Produto, contagem do item
A = quatro vezes ao ano, B = duas vezes ao ano e C = uma vez por ano.
Inventário Gratuito - Este modelo é aplicável em empresas que fazem
uso do Inventário Rotativo nos processos de separação de mercadorias.
Nesse caso, há necessidade de inventário se for encontrada informação
de algum lote zerado ou a findar-se. Em momentos de ociosidade da mão
de obra, funcionários são direcionados à contagem de itens conforme a
classe. Os sistemas WMS e RFID já exploram essa prática.
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Inventário por Grupo ou Itens - Neste caso, um grupo específico de Após as etapas de planejamento, resta, então, sua execução. Observe a
produtos é focado por questões específicas, seja por custo alto do Figura 5.
produto ou por ser uma carga muito visada no mercado.

Inventário por Amostra - Muito aplicado em procedimento de auditoria.

Nesse modelo, parte-se da ideia de que uma amostra representa o todo,
1 2 3 4 5 6
de forma estatística. Explicações,
reconciliação,
ajustes… Cada
Inventário por Proposição Física - Com ajuda da tecnologia da informação, Cut-Off: Arrumação
empresa nomeia
da forma que
a organização da carga é viabilizada por meio de endereçagem e Convocação dos
Registros Cruzamento dos itens achar mais
adequada e que
participante de itens com inventariados: Contagem ou
localização. O objetivo desse modelo é otimizar o tempo de contagem. do Inventário.
de Inventário.
relatórios e notas áreas, setores, apuração do mais representar
essa fase, em
produtos, espaço estoque.
fiscais. que se procuram
circulante.
Inventário por Lote - Apoia-se ao modelo por proposição física, porém, o justificativas para
inconsistências
Inventário por Lote permite rastrear a informação e obter dados como: encontradas em
estoque.
acompanhar o consumo de itens, lotes de fabricação e giro em estoque
da carga, tornando o inventário mais abastecido de informações.
Figura 5: Etapas do Inventário Físico. Fonte: Elaborado pelo autor.
Para melhor êxito no seu desenvolvimento, o planejamento e preparo
O Resultado Final do Inventário
do procedimento de inventário deve seguir alguns ritos:
Um termo muito aplicado quando o assunto é Inventário é a Acuracidade
▪ convocação dos envolvidos;
ou Acurácia no Inventário, que representa a confiança que o relatório
▪ distribuição dos mecanismos de registro;
traz, por meio de qualidade na informação, fidedignidade dos dados e
▪ análise física;
precisão nos resultados, de forma que o físico reflita o relatório ou que
▪ definição da forma de execução do inventário;
as informações contidas no sistema sejam a realidade encontrada no
▪ análises de registros e apurados; estoque no momento.
▪ controles de Cut-Of

Gestão de Suprimentos 14
Sustentar a fidelidade das informações durante as operações diárias Para atender às diversas demandas de
representa um grande desafio e exige planejamento e ação com consumo, o mercado lança mão dos
mecanismos auxiliares aos processos de trabalho, sem que se tornem métodos Último Período, Média Móvel
barreiras operacionais. e Ponderada Móvel. Já no interior das
empresas, predominam os métodos
A Acurácia tem sua importância, pois irá descortinar falhas nos processos,
de controle de estoque, como: duas
inconsistências, possíveis fraudes ou, ainda, procedimentos de trabalho,
gavetas, máximos e mínimos, além
o que pode ser nocivo aos resultados esperados de produtividade e
dos controles, softwares e sistemas que
qualidade.
também são empregados nessa tarefa.
De acordo com Nogueira (2016), ao final dos processos, quando
analisados dados da ficha de inventário com os quantitativos físicos
encontrados em estoque, gera-se um resultado que representa o Referências
índice de acurácia do relatório emitido, sendo esse um saldo indicador
DIAS, M. A. P. Administração de materiais. São Paulo: Atlas, 2008.
gerencial. Veja a equação:
NOGUEIRA, A. S. Logística empresarial: um guia prático de operações
Equação da Acuracidade
logísticas. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2016.
Acuracidade = Quantidade de informações com Saldo Correto x 100
Quantidade de itens verificados

Ao longo deste capítulo, foi possível conhecer os diversos métodos

de planejamento considerados pelas empresas e seus critérios de
formulação.

Gestão de Suprimentos 15