Você está na página 1de 31
CAPITULO 4 A MATERIA ORGANICA CONCEITO E EVEITO Sabesse que a matéria orginica ¢ indispensdvel para a manutengfo da micro e mesovida do solo. E nao ha diivida que a bioestrutura e toda produtividade do solo se baseia na preseniga de matéria orginica em decomposigao ou humificada. Mas, mesmo assim, o conceito de matéria orginica é, getalmente, bastante vago. Que é matéria organica? Matéria orgdnica ¢ toda substancia morta no solo, quer provenha de plantas, microrganismos, excregGes animais (da fauna terricola) quer da meso e macro fauna morta. Raizes vivas nfo constituem matéria organica como também ndo a caga que yive em cima do solo, Por outro lado, nfo somente o himus é matéria organica e nem toda matéria orgdnica é himus! A noodo errada difundida sobre matéria organica se deve ao modo de analisd- la, determinando o teor em caborno de um solo, supondo-se que este, em sua inte- gridade, representasse himus, écidos htmicos e humatos. Conclui-se, portanto, que sempre deve ser de alto valor para 0 solo. Mas, como nas zonas tropicais justamente ‘os solos com maior acumulagfo de matéria organica e maior teor em carbono quase sempre sfo 0s piores para a agricultura, conclui-se que matéria orgénica nfo tem va- lor para 05 solos tropicais ¢ subtropicais, aos quais nem consegue dar cor escura, (97) resultado da formacdo de melaninas e fendis na decomposicao de matéria orgé- nica por fungos. No maximo, admite-se que a matéria orginica tenha alguma importancia no fornecimento de nitrogénio as plantas, embora, ndo sendo fonte primdria, mas sim, em sua maioria, vegetais mortos, estes deveriam ter recebido o nitrogenio de al- guma fonte. Em campos de arroz irrigado ndo existe relagdo entre o teor de matéria OMANEJO ECOLOGICO DO SOLO 109 orginica e 0 nitrogénio a disposiggo das plantas, ¢ nos solos de culturas de sequeiro arelacao € pequena. A matérie orgénica do solo, possuindo em média 58% de carbono (por isso 0 valor de conversao de 1,72) existe em parte como folhas e raizes mortas,em parte como produtos intermediérios de decomposi¢a como dcidos poliurOnicos e, em parte, as vezes, como substdncias hiimicas. Decompondose 0 hiimus, perde-se a estrutura do solo, decompondo-se os restos ve- getais, forme-se a estrutura durante a primeira fase de decomposigao. O que possui forga agregante neste caso, nfo é hiimus mas o produto intermediério da decompo- sigfo bacteriana, os dcidos poliusénicos, um produto incolor a esbranquigado, inca- paz de “dar cor” ao solo, (97) mas capaz de floculé-lo. (67) E ébvio que a simples avaliacdo do teor de carbono no solo no nos pode dar in- formagao alguma sobre 0 efeito que terd sobre suas propriedades fisicas. (55) CONDICOES SOB AS QUAIS 0 HUMUS SE FORMA Como em clima temperado a maior fragio de matéria orginica se encontra na forma humificada, devido a decomposi¢o muito vagarosa nestas latitudes, tomou- se por certo que o himus teria de acumular-se em qualquer solo no mundo inteiro, © que, infelizmente, no é verdade. Assim, nos solos tropicais uma concentragtio maior de “hamus” indica condigSes deficientes de decomposicao, como clima frio, acidez elevada no solo, falta de umidade etc. Por muito tempo soube-se somente que o hiimus era uma substncia marrom escura, friével, mais ou menos rica em nitrogénio, calcio ¢ fosforo e que se formava de restos organicos sem, porém, apresentar a estrutura destes. Mais tarde descobriu-se que eram especialmente ligninas que davam origem ao hi- nus, por serem de decomposigto dificil e por isso mais lenta, dependendo da ago de fungos e actinomicetos. Acumularam-se no solo. (10) Ligninas sempre sto decompostas, no primeiro estagio por fungos e actinomicetos, que so 0s Gnicos que conseguem romper os cicios estruturais muito complexos. Es. tes fungos, como 0 Epicoccum nigrum também produzem a cor escura, tipica dos fendis e melaninas. (30, 36, 62) Em meio semi-aerdbico a decomposigao continua por fungos. Em condig6es aerdbi. as e clima suficientemente quente, é continuada por bactérias. Estes sf0 decomposi- tores muito eficientes, nfo restando mais nada além de CO3, agua e minerais. Por isso distingue-se entre “himus de consumo” ou matéria organica facilmente de- componivel e “‘himus de reserva”, a matéria orginica de dificil decomposigao © portanto de acumulagao no solo. (97) Hé uma diferenga muito grande entre matéria orgdnica decomponivel ¢ maté- la organica humificada. O humus € um produto de decomposieao parcial com pos- terior sintese. Quando formado em solo com pH acima de 5,6, é uma substancia agregadora de grumos. Quando é decomposto, decompdem-se as ligas orginicas en- te as particulas do solo e, portanto, a estrutura bioldgica decai por se desmancha- rem os agregados maiores. O solo torna-se amorfo. A perda do htimus é, portanto, a perda da bicestrutura do solo e, com isso, a perda de grande parcela de sua produti- vidade. (3, 82, 86, 91) A palha e quelquer matéria orginica morta, mas ainda intacta, nao tem efeito sobre a estrutura do solo. Somente durante 2 sua decomposigao é que se formam 110 PRIMAVESI Substincias agreganies e estabilizantes para os grumos, e especialmente os éeidos po- liurOnicos, produzidos por Cyrophagas, exercem efeito grande. (67, 99) Fig. 4.1 Relagdo entre nimero de Sporocytophagas e de agregados estdveis & dgua de um solo, (Primavesi, 1973) Verifica-se na fig. 4.1 que existe uma correlagdo entre nimero de bactérias Cytophagas € os grumos do solo, embora mais importante que o nimero das bacté- tas seja sua atividade, que, por sua vez, depende de sua nutrigdo anterior. Quanto mais intensa for a decomposig40 do material vegetal morto, tanto maior serd seu efcito agregante sobre o solo. E por isso que estrume de curral curti- do, bem como composto, nfo tém o mesmo efeito agregante que palha adicionada ao solo, (57, 104) Portanto, quanto maior a decomposicao dos restos vegetais e quanto mais ativa a formacfo de substancias intermedidrias de decomposigdo, tanto maior 0 efeito sobre a estrutura do solo e tanto mais benéfico serfo. A diferenga fundamental entre himus e restos organicos é que htimus jd constitui um produto intermediério de decomposicao, enquanto nos restos vegetais estes ainda devem ser produzidos. (fig. 4.2) Quando, gracas a agao de bactérias, diminui a quantidade de matéria orginica ainda indecomposta, 0 efeito sobre o solo € benéfico. Quando diminui a quantidade de matéria jd humificada, 0 efeito é maléfico, como mostra a figura 4,2, A diminuigfo do valor de carbono num solo nao é capaz de informar sobre 0 efeito. E nfo é raro que se conclua: “diminuiu a matéria orgénica ¢ aumentou a co- iheita, entéo a matéria organica nfo é necesséria.” Mas sabe-se que tipo de matéria onginica existia no solo? Nao c1a palha ou raizes durante cuja decomposicso se produziram 4cidos poliurénicos? 0 MANEIO ECOLOGICO DO SOLO it Osmm em «7, AG RECA DOS DEcomPosipAo Fig. 4.2 Efeito da decomposigao de patha e de hiimus sobre a bioestrutura do solo, (Primavesi, 1973) Se faltarem as bactérias na decomposigdo, como ocorre nos solos nativos pas- toris e florestais, especialmente em clima pouco quente e subamido, entdo ocorre a acumulagao de humus em grande escala, como provam os famosos Chernozem do Sul da Russia. (56) As substincias chamadas de dcidos himicos ndo sao soliveis na agua, mas de decomposicao relativamente facil_Porém, se estes secarem num clima intensamente frio, com temperaturas muito abaixo de 0°C, entao formam- se huminas, (99) que so substancias extremamente estaveis, uma vez que o proces- 80 é irreversivel. Destas huminas afirma-se que permanecem no solo durante miléni- os (55, 73, 94) € que apds 3000 anos ainda foram encontradas intatas no solo, co- mo prova Kononova, (1961). Desta forma contribuem eficazmente para a manu- tengdo da estrutura do solo, porque so quase indestrutiveis, apesar de que também se conseguiu destruir as terras pretas da Russia, através de uma agricultura irracio- nal. (54) ‘Nem podemos cogitar desta forma de humus nos paises tropicais ¢ subtropi- cais, porque falta a condigge basica: o frio intenso e seco. (50) Em solos agricolas no clima tropical e subtropical, onde predominam bacté- rias aerdbias com sua atividade intensa, a formagHo de humus, é quase impossivel. (82) Com isso terfamos um dilema muito grande: o hiimus acumulado em solo nati- vo tropical e subtropical, seja ele pastagem ou floresta, oscila, segundo a textura do solo ¢ o clima local, entre 3 e 6%. (20, 103, 105) Em 1 a 3 anos este humus seria gasto (76) pelo cultivo, ou melhor, pelas condigdes que reinam num solo cultivado. Como a perda de htimus significa a perda da produtividade do solo, isso significaria a necessidade de abandono do solo por oito a vinte anos, para haver nova acumula- ogo de humus. £ éste o sistema de agricultura nomade praticado em todas as zonas tropicais. (14, 38, 76, 99) Porém, se desistirmos de produzir humus e nos conten- tarmos em manter a estrutura do solo, que, segundo Primavesi, Russell e Baver, é 0 2 PRIMAVESI mais importante, entdo terfamos a possibilidade de recorrer somente a uma aplica- 0 periSdica de palha ao solo, para fornecer material vegetal decomponivel e con- seguir a produgfo continua de substancias agregantes (66, 67). (Vide capit. IX) RESUMO Hamus nfo se forma nas terras agricolas tropicais e subtropicais por causa da “mobilizacio” de sua microvida. A producdo dirigida e periddica de substancias agregantcs é, portanto, 0 unico meio de manter a produtividade destes solos. (67, 82, 99, 100) Em solos pastoris e, em menor escala, em solos florestais tropicais ¢ subtropi- cais acumula-se himus.(40) Nas pastagens, porém, somente h4 acumulagffo de hii- mus quando racionalmente manejadas sem as queimadas periddicas costumeiras. Em terras de cultura manejada em “nfo lavragfo” e com retorno de matéria orgi- nica, acumula-se hiimus. FORMAS E VALOR DO HUMUS Ficou evidente que nem toda matéria organica é humus, ¢ que nem todo hu- mus é igual, considerando-se, por enquanto, somente a influéncia do clima. Porém, a influéncia do lugar em que se forma é muito maior. /59) Os fatores mais decisivos na formagio de hiimus s4o: . a vegetagao de cujos restos se forma; (45, 60) . o clima reinante; /16) . a riqueza ou pobreza mineral do solo; (95) . o pH do solo; (52, 56) . of microrganismos ativos na decomposicto; (43, 84) . 0 manejo do solo pelo homem (68). Ousene INFLUENCIA DA VEGETACAO Sabemos que cada planta absorve elementos distintos. Fla pode ser mais rica em amidos e protefnas, como as leguminosas, ou mais rica em celulose ¢ ligninas como capins ¢ especialmente as raizes destes. Pode set mais ou menos silicosa, ‘mais ou menos pobre em cdlcio, sendo, por exemplo, a barba-de-bode (Aristida pal- lens) ot rabo-de-burro (Andropogon sp.) plantas extremamente pobres em célcio. Por outro lado, a maioria das leguminosas é considerada rica em célcio como tam- bém muitas ervas nativas de pastagem, como tanchagem (Plantago maior) e outras, (68, 79) Ha plantas que mobilizam e acumulam certos minerais e outras que se conten- tam com um ambiente pobre, crescendo com um minimo de substéncias nutritivas, num ciclo vegetativo muito curto. (1) Como a decomposigao ¢ feita por microrganismos, ¢ estes possuem cada qual exigneias muito espeeificas & sua nutrigdo, é Iégico que cada tipo de vegetagao também tenha o seu tipo de microrganismos que a decompOem, Mas, como cada microrganismo produz substdncias intermedidrias distintas na decomposiefo, as substancias que formam o himus também sfo as mais variades. (8, 46, 52) (Vide ca- pitulo VI) © MANEJO ECOLOGICO DO SOLO 413 a LfeuMinosa LEGUMINOSA CRAMINER wl foewa pare air ep 2 #0 Z e Z |Z * Z ll] Z i % : Z Z | WA ‘2 ZA alli a Z Z| IG s | S ot g le | |x Hy ef (2) is SA Saka “+ igi RBS Bees) | RZ es! ot (BIR) REIS ica Bes sy (2 STS | 1 S Is Liss EARS | Fig. 4.3 Composisado de fothas e ratzes e teu potencial para a formagdo de himus. (Tyucin, 1965) Sabe-se que somente material de decomposigdo dificil pode fornecer humus, Enquanto a folha de leguminosa € material rico em proteinas e, portanto, de fécil decomposigto, a raiz. de gramineas (capins) é muito rica em lignina e, portanto, de decomposi¢xo mais dificil, podendo fomecer htimus, quando a decomposigio ocor- ror om meio semi-acrObio. (ig. 4.3) ‘Também 2 folha e a raiz fornecem produtos diferentes, nfo somente por causa do arejamento diferente do lugar de decomposicéo, mas especialmente por causa do maior teor em lignina da raiz. Enquanto a folha contém 5,5 a 9,0% de lignina, na raiz esta ascende até 20%, como, por exemplo, no caso dos capins. (5.5) As substincias de facil decomposigfo sfo atacadas primeiso e, geralmente, 1a- pidamente decompostas até gis carbonico, égua e minerais. Uma adubago verde de leguminosas possui pouca possibilidade de permanecer no solo além de 6 semanas Portanto, nfo pode ser considerada como um enriquecimento do solo em matéria orgénica mas simplesmente uma adubago nitrogenada, uma vez que seu teor em ni. trogénio alto. Por outro lado, gramineas forrageiras, especialmente quando podem desenvol- ver livremente suas raizes, so a maneira mais segura de enriquecer 0 solo com subs- tancias humices. /40) A velocidade de decomposigfo no somente depende do arcjamento e do nt- mero c atividade das bactérlas, mas também da composicZ0 do material a ser de- compasto e sua relagtio C/N. (83, 94) 14 PRIMAYVES] ligni és ignina ‘s a 9 « 5 S celulose w al wi hemicelulose g a r amidos — = —r > 0 15 15 igo «DIAS Fig. 4.4 Velocidade de decomposigdo das diversas fragoes de uma ralz de leguminosa, (Kononova, 1961) Amidos e proteinas sfo os primeiros a serem decompostos, seguidos de celulo- se. A lignina sempre é de decomposig#o mais lente por ser de estrutura quimica mais complexa. (fig. 4.4) Opt O pH € muito importante, ndo porque tenha efeito direto sobre a formagao de hamus, mas por causa de seu efeito indireto sobre a concentrag&o de elementos nutritivos 4 disposicdo do vegetal e a atividade da microvida. O pil é responsével pelas diversas fragSes de humus, que possuem efeito com- pletamente diferente sobre o solo. (78) Formam-se: empH<5,6........... especialmente dcidos fillvicos; pH5,6a68 predominantemente dcidos himicos; pH >7,3.. Acidos falvicos oriundos da degradac%o dos 4cidos himicos (Scheffer, 1956). Isso se explica pelo fato de que em solos Acidos e pobres nffo hé condigdes de uma vida microrginica conveniente, faltando, pois, a continuaggo da oxidaggo que, da- qui em diante, depende da presenga de céleio e fsforo como mostra 0 quadro 4.1. Mas, em solo alealino, onde as condigses de microvida se tornam novamente precd- rias, ocorre a oxidagao puramente quimica dos 4cidos himicos, formando novamen- te dcidos fllvicos que, finalmente, sfo mineralizados por bactérias. /56, 96) O MANEJO ECOLOGICO DO SOLO 11s Quadro 4.1 Proceso de humi icapdo até a decomposigt#to completa (Tyurin, 1946) rmatéra orginica | osigaceo écido cxddagho Scido orginica fiivico | —2Ndaefo | hamico biolégica biolézica + (a, PEN aap oxidag dcido C02, H20 Falyteo NH, minerals Isto significa que em solos pobres o humus sera pobre, e em solos ricos seré bom, mas em solos salinos serd pobre novamente. Sem cilcio e fésforo no pode formar-se um hiimus de boa qualidade, mas, com excesso de célcio, como pode ocorrer apés uma calagem forte, onde o pH, ini. Cialmente, sobe até 8,3, os dcidos htimicos do solo so degradados para dcidos fulvi- Cos que sdo tidos como um dos mais poderosos agentes na lixiviago do solo. Uma calagem pode, portanto salvar a produtividade do solo ou destrui-ia con- forme a quantidade que for aplicada. (Vide capitulo VII) ACIDOS FULVICOS Os acidos filvicos nao se formam somente em solos écidos, mas em todos os solos onde as condigoes para a vida microrginica so precdrias. Assim, também em altitudes acima de 1000 m sobre o nivel do mar, onde o clima é frio, se formam quase que exclusivamente dcidos fillvicos, como também em todos os solos alagados ou anaerdbios. (16, 56, 61} Os dcidos filvicos, com sua estrutura simples e tamanho pequeno (2A) entram facilmente nos interst cios da rede cristalina das argilas, mobilizando ferro ¢ alumi- nio, que se tornam “trocéveis”. (58) Mobilizam igualmente 0 célcio e o magnésio com que se ligam. Mas, como os fulvatos, isto é, 05 sais de dcidos fillvicos, sao mui- to méveis ¢ completamente hidrossoliiveis, percolam com facilidade o solo. Portan- to, © lixiviam e empobrecem onde aparecem. (45, 69) Por outro lado acumula-se humus dcido ou “moor” em todos os solos que carecem de uma microvida adequa- da, ¢ onde, portanto, falta a continuacao da formacao de humus. Acidos filvicos Teconhecem-se facilmente porque tingem 2 Agua escura quando a terra for agitada com agua. Também o “Rio Negro” na AmazOnia tem suas aguas tingidas por dci- dos filvicos (até 263 mmhos). Em clima tropical e subtropical esta acumulagdo de dcidos fillvicos, devida & falta de decomposigg£o, ocorre somente em solos muito dcidos ou nas serras, como em Cam- pos de Jordao, ou na Serra Geral no Rio Grande do Sul. Quando ocorrem teores maiores que 6% de matéria orgénica num solo, deve se desconfiar tratar-se de himus écido que ndo representa um fator de melhoramento do solo mas de empobrecimento. Esta é a razo por que muitos acreditam que hé- mus, em nosso clima, nao seria necessdrio e seria até prejudicial. 116 PRIMAVESI ACIDOS HUMICOS 0 Acido htimico 6 0 produto de um processo oxidative continuado em presen- ga de cileio, potdssio, fUsforo ¢ micronutrientes. O material que resulta é enrique- cido por estes elementos mais 0 nitrogénio fixado do ar, ocorrendo no himus mull em quantidade muito maior do que no material vegetal original (vide capitu- lo VD. Nao so solveis em agua e tm uma estrutura grande e complexa (8 A). Nao en- tram nas estruturas das argilas, mas ligam-nas por suas eletrovaléncias negativas, quando as argilas estdo cobertas por camadas de cétions positivos de duas ou trés eletrovaléncias, como, por exemplo, o aluminio, ferro, célcio e magnésio. Eles servem, pois, de “ponte de ligacao” entre as particulas de argila. /49, 89) (fig. 4.5) _ COLOIDE DE ARGILA COLGIDE _ a it DE ARGILA Fig, 4.5 Esquema de agregagao de argila por matéria orgénica Porém, esta ligago somente ocorre quando a argila é saturada com edtions po- sitivos, como acima mencionados. Se nao é saturada, suas eletrovaléncias negativas repulsam as negativas dos dcidos himicos ¢ o efeito no é uma agregagdo, mas, sim, uma dispersfo do solo (79), O 4cido hamico por si no tem um efeito agregan- te. Este efeito depende da pelicula que encobre a argila. Portanto, 0s oxissolos tro- picais, isto é, os solos de argilas vermelhas, ricos em ferro ¢ aluminio, possuem uma agregaca0 natural extremamente boa, sendo a estrutura do solo “tropical” facilmen- ‘te estabelecida. (88) A famosa Terra Roxa legitima tem uma estrutura tao estavel que resiste a dezenas de anos de cultivo. Por outro lado, em zonas tropicais, a calagem somente beneficia a agregacdo de so- los quando nfo contiverem éxidos de ferro em maior quantidade. (07) E cada la- vrador sabe que terras vermelhas “sfio mais secas” por sua maior porosidade e per- meabilidade. (35) Mas, 0s dcidos Inimicos no somente ligam as argilas, eles sto parcialmente adsor- vidos por estas, de modo que formam um complexo humo-argiloso de boa estabi- lidade que dificilmente serd destruida. (39) Portanto, cada solo, conforme seu teor em argila, possui um nivel minimo de matéria organica e que praticamente nao per- O MANEJO FCOLOGICO DO SOLO 47 de. (79) Este minimo de matéria orginica € aproximadamente 0,3% para cada 10% de argila. (79) Assim, um solo de 70% de argila possui um minimo entre 2,1 ¢ 2,5% de matéria organica, incluindo-se as substancias organicas excretadas por raizes, mi- crorganismos e mesofauna, Isso deu origem a crenga que técnica alguma pudesse animar a decomposiga0 de htimus e portanto nunca poderia ser prejudicial, uma vez que o himus no baixava mais. Esqueceu-se, porém, que o minimo de hiimus ¢ in- Suficiente para manter a estrutura grumosa ¢ um nivel satisfatério de produggo que garante 0 efeito adequado de uma adubagdo. (64) Miyasaka (1967) mostra isso na cultura do feijoeiro. Quadro 4.2 Diversas formas de adubagdo orginica e seu efeito sobre a adubagdo co- ‘mercial, (Miyasaka, 1967) tratamento colheita Kg/ha com P ‘NP PK Folhus de eafeeiro no sulco 125 m*/ha, (dose 1) 2063 2375 1750 folhas de cafeeiro no sulco 250 m? /na, (dose 2) 1938 2750 2062 folhas de cafeeiro em cobertura, (dose 1) 1667 2104 2021 casca de café no suleo, (dose 1) 2354 7354 1875 ‘bagago de cana no sulco, (dose 1) 1604 2250 1646 Tamas novas de soja perene no sulco, (dose 1) 2042 2417 1896 casca de amendoim mofda no suleo, ~ _ (dose 1) | 2479 2979 2562 capim gordura nova no sulco, ] (dose 1) _ 1750 2792 2195 testemunha, sem matéria orgdnica 1167 2542 1806 média dos rendimentos com mat, | organica 1987 2802 | 2000 Ha quem poderia cogitar do efeito dos nutrientes liberados pela matéria orga- nica, porém um ensaio de Gomes (1963) mostra que nfo se trata disso mas sim de um fator diferente provocado pela substancia orginica, como mostra 0 quadro 9.25. Verifica-se que, além do aumento do rendimento, houve igualmente um aumento substancial de qualidade que, com o aumento da dose de adubo quimico, decresceu. O nivel minimo de matéria organica existente nos solos cultivados, sem consi- deraggo da reposicdo da matéria organica, ocorre em todas as terras agricolas, ¢ nto pode ser avaliado somente pela andlise do carbono (C) que nunca pode informar se este nivel € 0 minimo ou o adequado para o cultivo. Necessitam-se igualmente da- dos sobre a quantidade de argila no solo, como mostra Primavesi (1963) na figura 46. O solo “A” era um oxissolo com 72% de argila, enquanto que o solo “B” era um solo arenoso com apenas 11% de argila. Em 1 a3 anos de cultivo o solo perde, praticamente, toda a sua matéria orginica acima do limite minimo. Daqui em diante maniém um nivel estavel, com muito 18 PRIMAVESI “teMO n23 is os ANOS DE cuLTIVO Fig. 4.6 Miveis m{nimos de matéria orgénica em dois solos diferentes. (Primavesi, 1973) poucas oscilagSes, Cada solo, conforme sua textura, possui seu nivel proprio de ma- ‘téria orgdnica, além do nivel minimo, de que necessita para poder produzir. CALCIO X HUMUS Geralmente se Ié na literatura que o céleio, em forma de calagem, seria o agen- te cldssico para a decomposigao e perda de matéria organica. Quanto mais calcio um solo tivesse, tanto menor seria seu nivel em himus. /86, 89) Esta interpretagio é correta quando se tratar de calagem e o aumento de um pH dcido para um menos dcido ou neutro. Mas €incorreta quando se tratar de quantidades existentes na- turalmente num solo. /56, 79) Sem calcio nao se forma humus, (5/, 55) mas somente uma espécie de turfa, isto €, htimus dcido. Os alemées classificam-no, portanto, em:(21, 72) 1. humus mull, que é formado em ambiente rico em calcio e silicio; humico), 2. humus-moder, que se forma especialmente em solos ferraliticos, tropicais, onde o ambiente € menos rico em calcio e silica, mas mesmo assim alta- mente favordvel a atividade microrganica, dando um himus razodvel; (mis- tura de dcido himico e dcido filvico); 3. hiimus-moor, que é um htimus muito écido, praticamente turfa, que se for- ma em solos acidos em condigdes pouco favoriveis 4 microvida, por exem- (acido © MANESO ECOLOGICO DO SOLO 9 plo por causa de temperaturas baixas ou em solos alagados. Este himus possui ago degradante sobre o solo. (dcidos filvicos) (90) De um solo pobre em cilcio nfo se pode esperar um hiimus valioso. /55, 56) Pela calagem de um solo dcido ativa-se a microvida e conseqiientemente a decom- posigdo dos restos organicos. Como seré explicado mais adiante, sabe-se que de 1% de matéria orginica no solo se pode formar 0,1% de himus. Portanto, o teor de matéria orgénica baixa para dar origem ao himus. Isso, em parte, contribui a con- clusto que cdlcio diminui a matéria orginica, Quando as condigdes permanecem semi-aerdbios, em solos ricos em calcio e. matéria orgénica lignosa, forma-se um hiimus valioso, como por exemplo, no sul da Riissia, nos famosos ‘‘chermozem” (51, 55, 96, 106) Em condigdes bem arejados, como em terras lavradas, a formacdo de himus difi- cilmente ocorre, especialmente em clima quente e amido, ‘Na “fronteira” do Rio Grande do Sul, levantamentos de solos mostraram que em solos de pH entre 4,2 ¢ 6,6 a quantidade de hGmus subiu com a de calcio, como mostra a figura 4.7. E isso tanto mais, quanto mais seco o solo for, de modo que nos solos com perfis pouco profundos (5 a 15 cm) as quantidades eram maiores. Com a profundidade do perfil e conseqiientemente o aumento de umidade no so- lo, diminui a quantidade de htimus, por ter condigBes melhores para a decompo- sigdo total. Calcio mais umidade fornece condig6es favordveis a uma decompo- sigdo methor dos restos orginicos. Fig. 4.7 Correlapdo entre céleio e matéria orgénica humificada em solos nativos do Rio Gran- de do Sul. (Primavesi, 1973) obs.; trata-se de humus € ndo de matéria organica somente. 120 PRIMAVESI M0.% C% 44232 [] Mondo decomposta ZY. titvico Se. hadnt E23 cc. himico stir {1 bymatos 116 profundidade >40 16-40 5-15 perfil cm cm cm Fig. 4.8 Fragdes de matéria orgdnica e suas formas nos solos da “fronteira” do Rio Grande do Sul. (Primavesi, 1973) ‘0 MANEJO ECOLOGICO DO SOLO 121 Verifica-se que grande parte do*humus se encontra em forma de humatos de cdlcio, magnésio mas, também, de aluminio ¢ 0. Com a profundidade do perfil au- menta a quantidade de dcidos fiilvicos. Parte do “C” do solo é material orginico ain- da nao decomposto, como radicelas. Pode-se resumir que a formagdo e acumulagdo de hiimus ocorre em solos ricos em cdlcio, em condig6es de pouca umidade, for- mando-se huimus-mull, (55, 99, 106) Em solos dcidos com clima fresco e frio for- ma-se hiimus deido, como, por exemplo, nos pinheirais europeus. Os Acidos hiimicos geralmente se ligam a cétions formando humatos. (21, 72) Em nosso meio, sua formacao é mais rara do que em clima mais seco ou em solos mais tasos. Por isso a mata amazénica, embora milenar, praticamente ndo acumulou ha- mus por oferecer condigSes extremamente favoriveis a atividade microrginica. Na figura 4.8 mostra-se que a matéria organica no solo se compée de material indecom. posto, de material em transformagfo como os acidos filvicos, de dcidos hamicos ¢ de humatos, que sto 2 parte mais estavel. Como em nosso clima, em solos agricolas, o ambiente ¢ favoravel para a de. composicao, a formagzo de hamus e humatos é minima. Nao € suficiente para garan- tir a grumosidade do solo, Por isso houve muitas pesquisas até se descobrir que tam- bém os dcidos poliurdnicos, produto inicial da decomposicao de matéria orgénica celulésica, possuem a propriedade de agregar 0 sclo a grumos. /56, 67) Existem de- terminadas bactérias celuloliticas, os Cytophagas que produzem esta “geléia bacte- riana” agregante, (99) ACIDOS POLIURONICOS E OS RESTOS ORGANICOS DACOLHEITA Existem muitas bactérias celuloliticas, ou seja, decompositoras de substéncias celulésicas, porém somente algumas poucas produzem dcidos poliurdnicos, e es- tas necessitam de calcio, fésforo, potissio, micronutrientes e, er alguns casos, tam- bém de nitrogénio, Geralmente os produtos da decomposicao beneficiam fixado- tes de nitrogénio, de modo que este, embora indispensivel para a atividade dos Cytophaga, n&0 necessita ser adubado. Na figura 4.9 mostra-se 0 processo da transformagao de uma molécula de celulose em uma de dcido urénico. Adiciona-se, por via biolégica, uma molécula de oxigénio & celulose. : * i : eo! ™ No, sor ae \ i A N WA FF iit tis od debe Fig. 4.9 A oxidapgo da celulose e a formagdo de dcido uronico, (Flaig, 1965) O material celulosico agregado ao solo é palha, folhas secas ou qualquer resi- duo da colheita de cereals, algodao ou outros. Néo se necesita inoculagdo alguma 122 PRIMAVESI com Cytophagas, necessitam-se to somente as condigées favordveis para sua vida. Assim, por exemplo, a decomposigao de linter de algodao dificilmente se beneficia com a inoculag40. Porém quando criedas as condig6es para a vida dos Cytophaga ¢ se forem agregadas as substéncias que as bactérias necessitam para sua vida, isto é, algum nitrogénio, cilcio, fosfato, potéssio e alguns micronutri- entes, a decomposigfo do linter ocome em 4 a 6 semanas, sem que tivesse sido inoculado. As bactérias apropriadas aparecem espontaneamente. As bactérias celuloliticas fazem parte de uma comunidade a qual também pertencem os fi- xadores de nitrogénio e as amebas, (vide capitulo VI) de modo que um ambien- te favordvel aos fixadores de nitrogénio também o sera para a formac4o de subs- tdncias agregantes, Responde-se com isso também a pergunta: Enterrar os restos organicos de uma cul- tura, queima-los ou incorporé-los superficialmente? Se a palha e 03 restolhos (soca) forem qucimados, priva-sc o solo da matéria organi- cae com isso da possibilidade de renovar sua bioestrutura favordvel i produgfo (3). Se a patha for enterrada, para permitir um campo limpo e “hortado”, haverd uma decomposicao anaerébia, que igualmente néo beneficia de maneira ‘alguma a bioestrutura, porque bactérias anaerébias ndo formam a “geléia” agregante de que necessitamos. Se a palha for incorporada superficialmente, até 8 2 10 cm de profundidade, teremos a possibilidade de agregar o solo, tornando-o grumoso e, a0 mesmo tempo, fixar nitrogénio, por decompor a palha em meio parcialmente aerObio, parcialmente anaerdbio. (13, 24, 82) (vide capitulo VI) Quadro 4.3 A degradagio da celulose. (Reese, 1968) em meio aerbbio em meio anaerdbio ido urdnico e poliurd- ‘Alcool etilico ¢ butilico, nico, derivados fostorila- Acido acético, fSrmico, léeti- dos (geléia Cytophaga) coe succinico, acctona e me- | taro | Oz, 120. minerais e CHa, H20, minerais calorias ‘alorias A produgio de “geléia cytophaga” depende das condiges que as bactérias encon- tram, Em alguns solos no necessitam nada mais do que a palha, em outros precisam ainda de um fosfato célcico, em outros ainda, de potdssio ¢ micronutrientes ¢, em solos salinos, de nitrogénio. Numa decomposicao dirigida de material rico em celu- lose, sempre se pode conseguir o melhoramento da estrutura do solo. A geléia citofaga é somente um agicar 4cido, sendo, portanto, facilmente decom. posta por outros microrganismos, £ de pouca durabilidade, como se verifica na figu- ra 4.10. OMANI JO ECOLOGICO DO SOLO 123 MELNORAMENTO OF ESTRUTURA SEMANAS 3 6 9 12 15 18 Fig. 4.10 A decomposiedo da palha e a estabilidade da bioestrutura da camada ardvel, (Pauli, 1961) Em campo arado teremos um miximo de bioestrutura entre 3 ¢ 8 semanas apés a aplicagao da palha. Com 3 meses cessa o efeito em clima tropical Em clima subtropical este pode durar até 4 meses. /55, 96) Isso significa que & passageiro, ¢ 0 retorno da palha ao solo deve ser pritica corriqueira. Numa cultura bem feita, com espagamento correto e “fechamento” do solo, sombreando-o logo em seguida, e um enraizamento denso, a bioestrucura nao desaparece com 0 desa- parecimento da palha, mas continua através da agdo fisica e quimica das excregbes radiculares, especialmente se estas viverem em simbiose com micorrizas endétro- fas. Assim, ela pode ser mantida até a colheita e o novo retorno de palha ao solo. Podemos calcular que o retorno de matéria organica ao solo por ano é 0 se~ guinte: Quadro 4.4 mata virgem 20.0 40 t/ha pastagem queimada 3/ha fortagem fenada 4aStihe trigo, restolhos (palha levada) 2t/ha trigo, restalhos e palha 8 t/ha milho (restolho e palha) 10a 12 t/ha fifo e erviha (reizes) 0,5 tiha batatinha e mandioca 04 00,5 t/ha cana-de-apdcar queimada 2a3thhe cana de agticar, palha enleirada WalStha (Compilado por Primavesi) v8 PRIMAVESL Verificamos que somente 0 que retorna pelas raizes e restolhos (soca) € muito pou- co, especialmente tendo-se em vista a taxa de decomposi¢ao, que em nosso clima é 1% em pastagem nativa, 3% em floresta ou mata e 3 a. 4% em campo cultivado. (31, 47, 105) Dez toneladas de palha significam 1% de restos organicos nos 10 cm de solo superficial. Esta matéria orgénica produz somente 0,09 a 0,20% de hiimus, uma vez que somente a parte lignosa se transforma em héimus. Portanto, somente 1/10 a 1/5 da matéria orgdnica adicionada poderia aparecer como hiimus. (40, 96) Confrontando a possibilidade de formar htimus ¢ a taxa de decomposigfo, verifica-se a impossibilidade de acumular hiimus em solo agricola tropical. E, mes- mo em solo florestal, a acumulacdo, em geral, varia desde 3,5% na hiléia amazéni- ca até 6,0% em mata virgem na serra do Rio Grande do Sul. ‘As espessas camadas de htimus ¢ matéria organica, que se acumulam nas flo- restas temperadas, so inexistentes em solo de floresta tropical, relativamente pou- co humoso. ‘A decomposiggo de matéria orgénica depende no somente do clima e micror- ganismos, mas igualmente do uso do solo. Em pastagens perenes, mal manejadas, com queima anual ¢ a maior parte das rafzes até 3 a 4 cm de profundidade, a acu- mulagdo de matéria organica nao é somente quase nula, mas o hiimus formado é Acido, composto de dcidos fiilvicos, (95) a ndo ser em solos rasos de basalto basico onde se forma principalmente écido hamico. Pastagens bem manejadas perder me- nos ¢, portanto, séo mais propicias a acumular hiimus. Ademais, as raizes de gra- mineas ¢ leguminosas excretam dcidos poliurénicos, (27) sendo a terra gramada 0 melhor recuperador de solo. (50) Porém, pastagens mal manejadas destroem o solo. Somente em rodizio bem feito, com, no minimo, uma ceifa por ano, consegue-se melhorar 0 solo. Rod {zio de pastejo (98) sem ceifa normalmente ndo coasegue me- Thorar o solo, mas somente melhora o aproveitamento do capim. E dbvio que o abandono do solo ¢ feito para recuperar 0 hiimus ¢ a bioestru tura do solo. (32) Por isso, onde nZo existem técnicas melhores, 0 abandono do solo é benéfico e até a tinica maneira de fazer o solo produzir novamente. (76) Porém, a recuperaefo da bioestrutura pode ser conseguida sem hiimus, como explicado aci- ma. E a recuperagdo da matéria orginica, cuja perda sempre resulta em perda de produtividade (3) se pode conseguir num rodizio de layouras e pastagens, racional mente planejado (52) como serd explicado no capitulo IX. Uma mistura de gramf- reas ¢ leguminosas implantada é mais “recuperadora” do que 0 repouso. (92) 0S BENEFICIOS DA MATERIA ORGANICA EM DECOMPOSIGAO — DO HUMUS Se o papel da matéria orginica fosse unicamente adicionar nutrientes a0 solo especialmente nitrogenio, teria pouca importancia, uma vez que a adubacdo mineral age com muito maior precisio ¢ eficiéncia, embora, por exemplo, o feijociro reaja melhor a uma adubagdo verde, que é principalmente nitrogénio, do que a uma adu- bagdo mineral. (63, 64) E como matéria organica em solo pobre s6 pode ser pobre, © ciclo da miséria seria completo, uma vez que ndo pode adicionar ao solo outros minerais 2lém dos que ja existiam. © MANEJO ECOLOGICO DO SOLO 125 Porém, ficou evidente que ninguém consegue substituir o efeito da matéria orgéni- ca. A adubagdo mineral, por mais completa que seja, nunca consegue manter 2 produtividade do solo, quer 0 clima seja temperado ou tropical. (3, 69, 77, 86, 93) sem que ealsta 0 retorno sistemético e dirigido da matéria organica A matéria organica fomece: 1. substéncias agregantes do solo, tomando-o grumoso, com bioestrutura estavel 4 acdo das chuv 2. dcidos orginicos ¢ alcosis, durante sua decomposic#o, e que servem de fonte de carbono aos microrganismos de vida livre, fixadores de nitro- génio, possibilitando, portanto, sua fixagao (12) (Vide, no capitulo VI, os pardgrafos sobre fixadores de nitrogénio de vida livre); 3. possibilidade de vida 2os microrganismos, especialmente os fixadores de nitrogénio, que produzem substancias de crescimento, como triptofano e dcido-indol-acético que possuem efeito muito positivo sobre o desenvol- vimento vegetal; 4. alimento aos ozganismos ativos na decomposigéo, produzindo antibisti- cos que protegem as plantas de pestes, contribuindo assim a sanidade vegetal; (5) 5. substéncias intermedirias produzidas em sua decomposigdo, que podem ser absorvidas pelas plantas, aumentando o crescimento; (22, 51, 55, 85) Mas, quando a matéria organica ainda for humificada, traz mais beneficios, além destes: 6. Aumenta a capacidade de troca de cétions do solo (CTC); (vide cap. TID) 7. aumenta 0 poder tampao, isto é, a resisténcia contra modificaet!o brusca do pH, que ¢ especialmente importante para terras quimicamente aduba- das; (como mostra fig. 4.11) 8. fomece substéncias como fendis, uma vez que é um heterocondensado de substéncias fendlicas, (29) que contribuem nao somente para a respiragdo © a maior absorea0 de fsforo, mas também A sanidade vegetal. /5, 72, 73) Verifica-se que também na decomposic&o de matéria orginica se formam substncias de crescimento ¢ o melhoramento fisico do solo é comum ao huimus ¢ a matéria orgénica em decomposica0. Dos diversos tipos de substancias orgénicas so- mente o humus consegue influir nas propriedades quimicas do solo, embora a pa- Iha, durante sua decomposiga0, tenha influéncia maior sobre a fisica do solo. Quadro 4.5 Influéncia da argila e da matéria orgénica sobre a CTC Axgila % CTC me (pit 7,0) Solo 1 0,3 3 1,9 Solo 2 66 3,2 5 10,4 Solo 3 4,5 3 25 17,7 Mas ndo somente a CTC sobe com o teor em hiimus, como também 0 poder tampfo, que evita um choque violento da calagem ou adubacao sobre a microvida ¢ evita igualmente desequilibrios minerais, acarretados facilmente por uma aduba- 0 quimica, ¢ que prejudicam seriamente a producdo vegetal. (fig. 4.11), 126 PRIMAVESI $010) soLo 2 ow 19 10 s 2 ‘ @ 7 7 5 5 ‘ ‘ 3 5 2 2 to me 5 te 13 do me mi nisroxido de edicio 0,03" Ml nisrdride ae cdicio 0.03N Fig. 4.11 0 poder tampdo dos solos 1 e 2, acima citados, (Primavesi, (67) 1973) Obs. cada ml. da suspensio de Ca(OH) equivale a 130 kg/ha de CaCOs, 0 “solo 1” € um solo arenoso com poder tamp%o muito reduzido, sendo o efeito do hidréxido de célcio muito forte. O “solo 2” é um solo arenoso com teor adequado de matéria orginica (vide quadro 4.3) cujo poder tampao ¢ grande, pro- tegendo as plantas, que ali crescem, de choques bruscos da modificacao do pH pe- la calagem ou adubagdo. As colhcitas stio mais garantidas ¢ o perigo de um desiqui- Iibrio mineral pela adubacdo 6 mais remoto. O aumento da CTC significa que a planta seré melhor nutrida, porque o solo consegue manter mais nutrientes em for- mas trociveis e disponiveis para a planta. Ngo conseguimos rendimentos bons em solos com CTC muito baixa. Nos solos brasileiros, a matéria orgénica tem uma CTC entre 122 me% ¢ 360 me%, com uma média de 200 me%. (19) Isso daria para cada porcento de matéria orgénica no solo, em média, um aumento de 2 me% de capacidade de troca, 0 que significaria que mais 40 mg de célcio ou 78 mg de potéssio podem ser mantidos a disposigao das plantas por cada 100 g de solo, equivalendo a 40 kg de célcio ou 78 kg de potéssio por hectare, nos dez centimetros superficiais, quando o pH do solo for maior que 5,6. ASANIDADE VEGETAL E A MATERIA ORGANICA Todos sabem que culturas em roga nova dificilmente so atacadas por pestes. A medida que a bioestrutura do solo decai, aumenta a susceptibilidade das plantas @ pragas © pestes e aumentam os parasitas microrganicos e animais do solo. (vide capitulo V e VI) Primavesi (1967 ¢ 1968) mostrou que numa zona onde o trigo desapareceu por causa de ferrugem, esta nfo atacou mais a cultura quando a estru- tura do solo permitia um desenvolvimento répido e sadio das plantas. Depois de O MANEIO FCOLOGICO DO SOLO 127 3 anos dum cultivo intenso, como, por exemplo, feito pelos hortigranjeiros, nfo existem mais defensivos que protejam as culturas nos solos biologicamente decai dos. A sanidade vegetal, de um ou outro modo, estd ligada a “sanidade” do solo. Em solo decadente € diffcil criar culturas sadias. E cada plantador de soja no Parand sabe que, em roga nova, a cultura é sadia ¢ em terra, velha de cultura, a soja cons- titui um verdadeiro ambulatorio de pragas e doencas. Estes fatos, mais que conhecidos dos agricultores, permitem conciuir que to- das as medidas que contribuem para a recuperagfo das condig6es favordveis do solo, contribuem igualmente 4 sanidade vegetal. Portanto, a adigfo de matéria orginica no solo, quando melhora a sua bioestrutura (vide capitulo IX) é uma medida de melhorar a satide vegetal, nao somente porque melhora a estrutura grumosa mas por contribuir, também, a diversificagao da mi- crovida ¢ fauna terricola. (vide capitulo V) Porém, a adigfo de material organico de solos dcidos a solos dcidos nao é medida de saneamento. Beneficia microrganismos pat6genos, gragas a formago de Acidos filvicos, contribuindo para o aumento de doencas vegetais. (65) N% GRAMAS sues. NJ roens Ratz 40: a 20: 2.3% 50% mo M, 0. a Fig. 4.12 Produgdo de folhas e ratzes de milhos e absoredo de nitrogénio com niveis diferentes de matéria orgdnica no solo. (Pignataro, 1973) 128 PRIMAVESI Os dcidos humicos, por exemplo, de estrume de curral curtido, aumentam de tal maneira a microflora benéfica as raizes, que as ervilhas ali plantadas permane- cem completamente isentas de nematéides. /17) Tembém Primayesi mostra que soja, quando reeebe uma adubagfo adequada e encontra um teor adequado de maté- ria orginica no solo, é atacada por nematéides, mas tolera uma carga muito grande (3000 a 5000 por S g de raézes) sem ser prejudicada /78) uma vez que o prejufzo maior dos nematoides sfo os microrganismos patogenos que penetram na raiz. Em presenea de dcidos hiimicos os patdgenos no solo so poucos. Assim os restos orgénicos podem contribuir para a maior ou menor incidéncia de pestes, conforme os dcidos que se formam na sua decomposigdo e transformagao. Uma agricultura, onde somente se empregam técnicas cujo efeito sobre o solo, sua vida e seus processos bioldgicos, é desconhecido, pode, portanto, trazer muito lucro ou prejuizos catastréficos, conforme as condi¢des do solo existentes. A agricultura, como atividade biolégica, no depende somente das técnicas, mas especialmente de sua adaptaggo ao ambiente, isto é, a0 solo e clima em que so usadas. E 0 efeito do “pacote tecnologico” depende de sua atuagao sobre as condi- gdes ecoldgicas, Por isso nao se deve perguntar “qual técnica” deveria ser usada mas “por que” seré usada. (“Why, not what!) Geralmente também se menciona que o himus torna as plantas mais resisten- tes A soca, /6, 74, 86) apesar-de que em presenga de hiimus ¢ adubos formem raizes mais curtas, (90) embora mais volumosas. Verificase que na figura 4.12 que com 5% de M.O. no solo o milho cresceu um pouco mais, porém apresentando um nivel 57% maior em nitrogénio. A raiz, porém, nao crescev mais, apesar da parte vegetal ser maior e ter havido maior absor- ¢40. O hamus ativa os processos cataliticos na planta e com isso a sintese de com- postos orginicos. /85) A QUANTIDADE DE ACIDO HUMICO QUE BENEFICIA A PLANTA Ha uma tendéncia de se acreditar piamente que tudo que é bom deve ser me- Ihor ainda quando usado em grande quantidade. Porém, jé se sabe na terapéutica que muitas substancias benéficas se tornam téxicas quando usadas em maior quanti- dade. Isso vale no somente na medicina humana, mas também no solo para a plan- ta. Especialmente o fato de que o huimus é um heterocondensado de subst4ncias fe- Nélicas faz com que ative 0s processos de respirago e, com isso, 0 metabolismo € a absorgfo vegetal, especialmente do fésforo, tornando a planta mais vigorosa. (51) Mas, se a respitacao € ativa demais, gasta tudo que foi fotossintetizado e o cresci- mento estagna. Portanto, cada planta possui seu dtimo em dcidos himicos, que a beneficiam. ‘Segundo Hemando (1969), as quantidades de acido himico que uma planta suporta dependem da espScie. Assim, em clima temperado, especialmente sob con- digdes subtimidas, como existem em varias regides da Espanha, ndo ¢ raro que uma adubagiio com estrume curtido ou composto prejudique a colheita, quando jé hou- ver suficiente himus no solo. E, mesmo tratando-se de hiimus-mull, a maioria das plantas suporta mal quantidades excessivas. O MANEJO ECOLOGICO DO SOLO 129 Quadro 4.6 Produgo maxima de plantas com diferentes niveis de dcido hiimico: planta humato sédico 4mell 6 mg/L 12 mg/l 24 mg/h Nabos = mdxima - alface - = tuigo . - : milhe E : = minima seg. Hernando, 1961. Verifica-se que a produc4o mdxima de massa verde exige quantidades diferen- tes de humato de sddio, segundo a planta usada. Quando, porém, a concentracfo de nutrientes se tora duas a trés vezes maior que a normalmente exigida pela plan- ta, 0 que ocorre apés uma adubacfo, a quantidade de dcido hiimico, necessério para a produgdo maxima, aumenta, podendo duplicar e até triplicar. No caso, o hamus age como desintoxicante e seu nivel 6timo depende da quantidade de minerais em solugdo. (4) Solos humosos suportam adubages minerais muito mais pesadas. E, quando houver 0 excesso t6xico de um mineral, o hémus elimina sua ago maléfica, Portanto em solos ricos a quantidade de htimus deve ser maior A propriedade do milho suportar concentragoes elevadas de dcido htimico torna-o planta pioneira em rogas novas. A MATERIA ORGANICA INDECOMPOSTA, O HUMUS EOCULTIVO Sabe-se que, com o cultivo e pelo argjamento conseqiiente do solo, diminui a quantidade de humus existente no solo, Nosso caboclo exprime isso, quando diz: “falta a gordura da terra!”’ (vide capitulo II) E, finalmente, a arac%o foi introduzida para mobilizar a terra, isto é, a sua microvida, uma vez que coisa inerte ndo pode ser mobilizada. Com isso ativa-se a decomposi¢go da matéria orginica. Também, a adubacdo mineral ativa os microrganismos, uma vez que fomece substancias essen ciais 4 sua vida, Solos adubados durante muito tempo com fertilizantes comerciais apresentam menos htimus e menos matéria orgénica-que solos sem adubo mineral, apesar do crescimento vegetal ter sido aumentado pela fertilizaego. (69) Mas, nao € somente © crescimento das culturas que aumenta, aumenta igualmente o cresci- mento da microvegetacdo, isto é, das bactérias, fungos, amebas e outros, que de- comp6em a matéria orgénica formada. A decomposiggo da matéria organica e ho- mus no depende somente de melhores condig6es para os organismos decomposi- tores. Depende igualmente das plantas cultivadas e das técnicas agricolas usadas. Em cultivos rotativos 2 perda, geralmente, é menor, uma vez que 0 rodizio tem por fim altemar plantas destruidoras de humus como batatinhas, mandioca, algodio, fei- jfo-preto etc. com plantas recuperadoras, como forrageiras, gramineas de porte bai- x0, leguminosas forrageiras e todas as culturas que deixam grandes quantidades de restos organics no campo. Por isso, a monocultura de algodao deixa o solo com muito menos matéria organica que uma de lespedeza ou mesmo de milho. (9) ‘Uma cultura capinada a limpo deixa menos restos orginicos do que uma cul- tura consorciada. O responsivel por este fendmeno é o sistema de enraizamento, 130 PRIMAVESL uma vez que, atualmente, 0 retomo da palha é raro, por causa da dificuldade de me- canizagio, que, porém, est sendo superada pelo uso de maquinas mais modemas. Queima-se, por exemplo, a palha de algoddo para evitar a difusto da largata rosada, mas Bachelier (1966) prova que a largata rosada aparece menos em campos onde palha foi superficialmente incorporada, do que onde foi queimada, (Vide capitulo Vv) Como o retorno da palha parece ser imperioso para uma agricultura lucrativa, desenvolvem-se maquinas para “‘yencer”” a palha comprida e possibilitar o preparo do solo para a proxima semeadura. Assim, existe o picador de palha, que se adapta & colhedeira automotriz e que, na cultura de soja, trigo ou arroz, pica ¢ distribui a palha numa camada uniforme sobre o solo. Um solo coberto por esta camada morta ou “mulch” apresentou-se mais timido e “macio”, mesmo apos dois meses de seca, enquanto que, nos campos vizinhos onde a palha foi queimads, o solo estava seco ¢ rachado. No INTA (Instituto Nacional de Tecnologia Agricola), Argentina, desenvol- yeu-se uma enxada rotativa que trabalha em frente da semeadeira, picando a palha da colheita anterior, bem como as ervas invasoras nascidas, mas que ndo revolve o solo, Permite ser acoplada a implantadeira ou a semeadeira, para a semeadura sem lavragio. © unico problema que ainda poderd surgir com a palha € que existem semen- tes que ndo suportam 0 lixiviato desta. Assim, o trigo é sensivel contra substancias lixiviadas de sua prépria palha. E, quando a palha for incorporada superficialmente, ocorte facilmente uma fitotoxicidade temporéria (70) pelos produtos excretados pelos fungos que principiam a decomposigo, como, por exemplo, Penicillium urti- cae. Isso Ocorte em solos arenosos, mas raramente em solos argilosos de melhor fer- tilidade. Estes produtos podem impedir ou atrasar a germinago da semente. (70) Geralmente se atribui o efeito desfavordvel da palha exclusivamente @ falta de nitrogénio no solo, que ocorre durante sua decomposigd0. Porém, esta falta ocorre, quando a palha for enterrada. Palha na superficie, como cobertura morta ou palha muito superficialmente incorporada (stuble-mulch) nao provoca a falta de N no solo para o crescimento vegetal. /8) Neste caso o efeito desfavordvel da palha ocorre so- mente pelas fitotoxinas, Portanto, nunca se deve plantar quando a palha for recém- aplicada. Deve-se esperar uma chuva abundante para permitir antes a lixiviagdo dos produtos téxicos da palha, que se formaram no inicio da decomposiga0. No mo- mento em que os fungos romperam os ciclos lignosos, podem ser substituidos por bactérias. A decomposi¢do entra na sua segunda fase, /99) em que passou 2 fase das substancias germistatos, prejudiciais ao nascimento das sementes. Nesta, sd benefi- ciadas por substancias de crescimento, excretadas pelas bactérias, apressando a ger- minagdo. (99, 100) Para apressar o aparccimento de bactérias, deve-se tomar rotina a aplicagdo de um fosfato cilcico, especialmente de termofosfatos, (80) 4 palha, quando se tratar de solos dcidos. Nos solos alcalinos basta sulfato de aménio. (25, 82) Palha superficialmente incorporada possibilita a fixagfo de nitrogénio atmos: férico por bactérias de vida livre, consorciadas com as bactérias celuloliticas, decom- positoras da palha. Mas quando a palha for enterrada profundamente, retira-se 0 ni- trogénio do solo para sua decomposigao, ¢ ocorre a to conhecida depressffo da co- Iheita. (0 “acolchoamento” do solo com capim nao somente beneficia a microvida ¢ a estrutura do solo mas, igualmente, provou ser um dos métodos mais poderosos de O MANEJO FCOLOGICO DO SOLO 13 combate a erosfo. Assim Marques e 0, (1961) podem mostrar seu efeito, que tam- bém Molina (1955) e muitos outros verificaram, e que apresentamas no quadra 4.6 Quadro 4.7 Perdas anuais de terra e dgua. (Estado Experimental de Ribeirdo Preto, ano agric. 1958/59) Tratamento Perdas de terra em toneladas dgua em mm plantio em sebe-menor sem aragio| com passagem de grate de disco | herbicidas alternancia de capinas plantic em contorno adubagdo yerde anual acolchoamento alternado com capim | 47 36 42 38 30 21 19 5 Neste caso 0 efeito nfo é do “hiimus” mas sim da protegfo do solo contra o impacto da chuva. (vide capitulo VI) A ADUBAGAO VERDE E O ESTRUME DE CURRAL A ADUBACAO VERDE Tanto o estrume como a adubap’o verde ndo enriquecem o solo com matéria or- ginica (34, 37) mas aumentam a soma de bases ¢ beneficiam a colheita. O efeito da adubacdo verde consiste especialmente no fornecimento de nitro- génio orgénico e de substancia de crescimento. Especialmente na canavicultura 0 efeito de uma adubagdo verde, com Crotalaria juncea, é impressionante. Mas tam- bém nas batatinhas, no feijao e em outras, a adubacdo verde surte um efeito alta- mente benéfico. Quadro 4.8 Rendimento ent laranjas em quilos de frutos, na média de quatro anos. (Gallo, 1960) da colheita tratamento Ke/ha limpo com herbicida 2.606 cobertura mort com capim 9 adubagdo verde com guandu 3897 adubacio verde com mucuna 3176 duas Lavras superfi 3051 Observ.: 0 adubo verde é 1do com grade e deixada na superficie. Opina o autor deste quadro que a adubagao verde é mais econdmico uma vez que para plantagBes maiores, 2 obtencfo de capim gordura em quantidade suficiente se torna diffcil. 6 légico que a matéria orgdnica sempre ¢ acompanhada de calagem e adubago quando for necessério. 132 PRIMAVESI Na cultura de cana-de-acucar a aduba¢do com Crotalaria é to eficiente como o simples cultivo de crotalaria antes do plantio de cana. Neste caso os caules da cro- talaria so vendidos para a fabrica de cigarros, uma vez que fomecem o papel mais fino. Quadro 4.9 O efeito da adubapdo verde na produgdo de cana-se-acucar. (Wutke, 1968) tratamento 19 corte corte PK © adubsgio verde 87.6 47.4 NPK ¢ adubagdo verde 66,0 36,8 PK, Calagem e adubaczo verde 15,7 640 NPK, calagem e adubacfo verde 123.9 673 Observa-se que o nitrogénio faz pouco ou um efeito negativo, o que mostra 0 efeito da adubagio verde, pesando sobre o abastecimento com nitrogé: O decréscimo do rendimento na cana soca, embora comum no Brasil, é 0 re- sultado do adensamento do solo, de modo que a passagem de um cultivador surte um efeito surpreendente. Deve-se ressaltar que: 1, a adubagdo verde nfo é fonte de himus, mas simplesmente de nitrogénio. E decomposta dentro de 3 a4 semanas, podendo gastar as fontes de carbo- no existentes no solo, empobrecendo-o em matéria orginica, (37) Enrique- ce 0 solo, temporariamente, em nitroggnio e permite a produgdo de subs- tancias de crescimento, podendo beneficiar a cultura seguinte de maneira expressiva, como, por exemplo, a cultura de cana-de-agiicar ou a do feijoci- 10. Nao melhora 2 bioestrutura do solo ou somente por muito pouco tem- Po, mas contribui ao empobrecimento do solo em himus. Quando o nitro- génio sintético surte pouco efeito numa cultura, como na do feijoeiro, a adubacgo verde pode ser a salvagd0 (37, 40, 57, 63. 64, 94): 2. eria muitos fungos, entre os quais também patégenos, que podem atacar a cultura (43); 3. nem sempre € uma prdtica rentével, pois perde-se, as vezes, um ano de cul- tivo e ndo tem efeito prolongado. Hallam (1953) diz: “a adubaggo verde é itil para muita coisa, menos para enriquecer o solo em matéria organica.” Geralmente se usa uma leguminosa para a adubagfo verde porque fixa nitro- génio e possui folhas mais ricas em nitrogénio. Sua incorporacao no inicio da flora- (40, evita que se torne fibrosa. Mas, justamente a planta fibrosa é a que contém material celulésico e lignoso. Em nossas latitudes a precariedade da bioestrutura, muitas vezes, possui um. efeito mais depressivo sobre a cultura comercial do que a falta de nitrogé Gramineas de porte baixo, que “fecham” o solo, provaram ser muito eficien- tes na recuperagdo dos solos. Através de suas excregOes radiculares melhoram as condig6es fisicas do solo. O ESTRUME DE CURRAL ‘Nas hortas 0 uso de estrume de curral é comum. Mesmo misturado com qua- tro partes de palha por uma de exerementos animais ¢, pasando por um processo 0 MANEJO ECOLOGICO DO SOLO 133 de curtimento, no enriquece o solo em carbono, apesar de seu efeito benéfico so- bre a bioestrutura do solo e 0 crescimento vegetal. (33) Em aplicagio freqiente, como facilmente ocorre em hortas, enriquece-se solo de tal maneira com nitrogé- nio ¢ sc empobrece de cobre que sua deficiéncia aguda ocorre. Também mobiliza f6sfor0, até 800 7 /g de solo em que uma produgho vegetal se tomna dificil provavel- mente por causa de falta aguda de micronutrientes. Em propriedades com gado leiteiro, onde os excrementos animais s40 capta- dos em “acudes”, junto com a agua de lavagem das leiterias estes poderiam ser bombeados aos pastos para adubagao. O costume europeu de aplicar anualmente estrume de curral na horta € nos campos no € vidvel em nosso clima, especialmente porque nosso estrume, geral- mente, é constituido exclusivamente de excrementos animais, sem palha, sendo a ativagio da microvida incontrolavel. Nos paises frios, onde o estrume se acumula durante os meses em que 0 gado vive estabulado, recebendo palha como cama, seu uso se torna imperioso, uma vez que deve ser eliminado de perto das estrebarias. Aqui, onde somente nas propriedades de gado leiteiro existe acumulago de palha e excrementos nos currais e a agricultu- Ta 6 extensiva, 0 uso de estrume de curral no parece facil e nem sempre econémico. Quadro 4.10 Resposta de culturas grantferas e de raizes ao estrume de curral, no Quénia, (Grimms c Clark, 1962) Colheita em toneladas / hectare olive aoe a catrume wtrume plantados | 'stemunha | NPK 6t/ha/ano | 38 t/ha/3 anos milho: 6 0,930 1,546 1,394 1,504 sorgo 6 1,686 2,074 2,628 25528 mandioca 6 10,050 16,300 15,300 14,774 batata doce 4 4,120 8,156 8,656, 7,470 Observa-se pouca diferenga entre 0 efeito do adubo quimico e do orginico. Porém, ndo se trata de substituir o fertilizante quimico mas de aumentar seu efeito pela melhor absorgo do solo tratado com estrume. (S2) O aumento da CTC, da agregagao e de substancias de crescimento so mais importantes que os minerais adicionados pelo estrume. Materia organica, inclusive estrume curtido, tem efeito regulador sobre 0 pH do so- lo. O solo dcido acidifica-se mais através de restos organicos decompostos em dcidos fillvicos. Porém, com condig6es favordveis, isto é, em presenga de cdlcio ¢ fSsforo, a microvida aumenta 0 pH durante a decomposigfo de matéria orgénica, tanto pela amonificagdo do solo como pelas exereg6es alcalinas de bactérias. (77) Em solos alcalinos, a matéria organica promove sua acidificagdo por: 1. aumentar a infiltragao de gua e lixiviagao dos sais; 2. produzir écido carbdnico, que é um dos agentes mais poderosos de dessali- nizagtio. (66, 67) Portanto, palha superficialmente incorporada 2o solo ou estrume de curral, fermentado com palha, possuem efeito “corretivo” sobre solo, especialmente ‘porque: 134 PRIMAVESL a) aumentam o pH de solos dcidos e baixam-no de solos alcalinos, b) eliminam a toxidade do manganés, (7, 15) ¢) climinam a toxidade do aluminio trocavel, transformando-o em humatos de aluminio, que ndo s4o tOxicos para os vogetais. (16, 44, 58) Este efeito sobre o pH nfo é privativo a palha e ao estrume, mas igualmente & vinhaca, bagacilho-de-cana, torta-de-filtro ou qualquer outra substincia orgénica que possa servir de alimento para a microflora. ‘RESUMO O retorno de matéria orginica ao solo ¢ essencial, e sua aplicacdo periddica se toma indispensdvel. Seu efeito principal € sobre a bioestrutura do solo. Para isso, a incorporagdo superficial de palha ou de qualquer material celulésico é adequado. 'O efeito corretivo sobre o pH ocorte por qualquer material organico desde que seja aplicado em condig6es que favoregam uma microvida, em parte, aerdbia. Em condigSes que nfo favorecem a microvida este efeito nfo ocorre. ‘A adubagdo verde nio enriquece 0 soloem matéria organica, aocontnario, gas- taca. F uma adubagéo nitrogenada. Material orgdnico de solos pobres dé origem a dcidos, que lixiviam e empobre- cem o solo. O mesmo pode ocorrer apés uma calagem macica. O solo deve ser enri- quecido com quantidades médicas de P e Ca para poder produzir um efeito benéfi- co da matéria orginica. (vide capitulo VII) © humus difere segundo o lugar em que se forma ¢ a vegetagfo da qual se forma. Em clima tropical forma-se em quantidade reduzida. Uma calagem no inicio da es- tagio seca toma mais estavel, no inicio das aguas [4-lo desaparecer rapidamente. 0 abandono do solo para recuperé-lo, como sistema da agricultura itinerante ow ndmade, visava restabelecer a bioestrutura grumosa e acumular humus. As plan- tas mais recuperadoras sio gramineas mistas com leguminosas. A acumulagio de Imus n4o ocorre em solo agricola tropical anualmente arado, mas podem conse- guir-se substncias de crescimento e de agregagdo do solo através da decomposicgo Superficial da palha, em presenga de Cae Pc, as vezes, de K e micronutrientes. ‘A matéria orginica contribui para a sanidade vegetal, por diversificar a vida do solo, produzir substéncias fungistéticas como fendis e permitir a produgio de antibi- Oticos por bactérias. Porém, o efeito da matéria orginica depende do seu manejo adequado. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ‘Aichinger, E. - 1951 - Agewandre Pflanzensoziologie. 1:1~56. 2, Bachelier, G. - 1973 - Action de la faune du sol sur I’humification de materiaux vege- taux. Rev. Ecol. Biol. Sol. 10 (4):453-74. 3. Bayer, L. D, - 1968 - The effect of organic matter on soil structure. Scient. Varia, 32: 68-96. 4, Bogdanovic, M.Rs K. V. Djuricic ¢ N. Mesorinski, - 1964 - Wirkangen verschiedener Humate auf Hafer in Wasserkulturen. Abstr, VIII Int. Soil Sci. Congr. pp 114-115. 5. Borys, M.W. - 1968 - Influéncia da nutrigdo vegetal na resisténcia das plantas aos parasi- tas, Progr. Biodin, Produt. Solo, Sta, Maria/RGS. pp 385-404. 6. Chaminade, R. - 1968 - Role specifique de la matidre organique sur la nutrition ot le rendement des vegetaux. Scient. Varia, 32:277-304. O MANEJO ECOLOGICO DO SOLO 135 7. Chenery, E. H. - 1954 - Acid sulphate soils in Central Aftica. V Jn, Soil Sct. Congr. Leopoldsville, 15:195-98. 8. Danneberg, 0. - 1971 - Investigationen mit 'SN als Beitrag zum Wissen der Humifika- tionsprozesse. I: Synthese von organischen Substanzen und Stickstofformationen der Rotte von Maisstoppeln. Bodenkult. 22(3):264-78. 9. Davidson, J.M3 F, Gray ¢ D, I. Pinso, - 1967 - Changes in organic matter and bulk density with depth, under two cropping systems, Agron. J. 59(4):375-78, 10. DeKock, P. C. © E. L. Strmecki, ~ An investigation on the growth promoting effect of a lignite. Physiol. Plant. 7:503=12. 11. Denarie, J. - 1968 - Effect of small applications of dung near the seeds on plant resistan- ce to nematode infection. Hebd. Sceance Acad. Agric. France, 54:651~58. 12. Dhar, N. R. - 1967 ~ Carbon and nitrogen transformation in world Soils. An. Edafol. y Agrobiol. XVI(1-4):88-130, 1 - +, ~ 1968 - The value of organic matter, phosphate and sunlight in nitrogen fixation and fertility improvement in worid soils. Seient, Varia, 32:230-347. 14. Dobby, E. G. H. - 1950 — The study of shifting cultivation, Panamerican Union Stud. Monogr. 6, Washington, p 165. 15, Dobereiner, J. e R. Alvahydo, - 1966 - Eliminagao da toxidez de Mo pela matéria or- ginicg em solo “gray hidromérfico”. Pesq. agropec. bras. 234-48, 16. Duchaufour, Ph, © F. Jacquin, ~ 1966 ~ Nouvelles recherches sur extraction et le frac- tionnement des composés humiques. Bull. école Nat, Sup. Agron. Nancy, VIII(1):1-24. 17, ------++, = 1965 - Précis de pédologie, 2 ed. Masson, Paris, 18, Durasov, A.M. ¢ V. F. Marschenko, - 1966 - Humus composition in dark chestnut soils and the carbon total/nitrogen ratio. Pochvov. 10:56~63. 19. Duriez,M. M. de, ¢ L. Vettori, - 1973 - Determinagao da CTC da matéria organica de alguns solos brasileiros. X/V Congr. Bras. ciénc, Solo, Sta. Maria /RGS. 20. Ewell, J. J. - 1968 - Dynamics of litter acumulation under forest succession in eastern Guatemala lowland, Thesis, Univ. Florida, Gainesville. 21. Flaig, W. - 1965 - Anwendung der Isotopen zur Untersuchung der Organischen Subs- tanz, Landbauforseh. 15(1):21-24. 2 ~ 1967 - Einwirkung von Ligninabbauprodukten auf das Pflanzenwachstum, Qualit, Plant, et Mat, Veget. XIV (1-2):121-40. 2% , ~ 1970 ~ Contribution 4 la connaissance et la syathese des acides humiques du sol. Science du Sol, 2:39-72, 24, France, E. ~ 1968 - O azotobacter como fonte de nitrogénio. FIR, PV. XI(13):6-7. 25. Fuentes Godo, P. - 1968 - Estudio de la descomposicibn de Ia cellulosa en placas de tier- ra granulada. Progr. Biodin. Produt, Solo, pp 17-21. 26. Gallo, J. R. ¢ O. Rodriguez, - 1960 ~ Efeitos de algumas priticas de cultivo de solo na nutrigio mineral dos citrus. Bragantia, 19(23):345-60. 27. Gaponenkow, T. K. ¢ S. T. Umakova, - 1966 ~ Chemische Zusammensetzung ein und mehgjdhriger Leguminosen und Gramineen, Agrokhimiya, 10:64-66, 28. Gomes, A. G.i H. Gargantini e W. R. Venturini, - 1963 - Competigdo entre fertilizante nitrogenado orginico e mineral na cultura da batatinha. Bragantia, 22(46):575-81. 29. Grabbe, K. eK. Haider, - 1971 - Die Huminstoffbildung und die Stickstoffverteilung bei der Strohrotte in Bezichung zur mikrobicllen Phenolbildung. Z. Pflanzenern, Bo- denkd. 129(3):202-16, 30. Greenland, D. J. - 1958 - Nitrate infiltration in tropical soils. J. Agric. Sci. 50:82-92. BI. owe © P.H. Nye, - 1960 - The effect of decp mass burial of organic matter, Proc, 7 Int, Congr. Soil Sci. (Madison) 2:4 78-85. 32 -+ @ P.H. Nye, 1959 ~ Increase in the carbon and nitrogen content of tropical soils under natural fallow. J. Soil Sei, 9:284-99. 33, Grohmann, FJ. B, Oliveira, de e J. P. Queiroz Neto, de; ~ 1966 - Influéncia da aduba- 20, nas caractersticas dos agrezatos do solo da série “Chapadao”. Braganti,25(34): 163-70, 34. Grohmann, F.; J. P. Queiroz Neto, de - 1966 ~ Efeito da compactagéo artificial de dois solos limo-argilosos sobre a penetragio das raizes de arroz. Bragantia, 25(38):421-32. 35. Grohmann, F. ¢ O, E. Camargo, - 1971 - Influéncia dos 6xidos de ferro livres e da ma- ‘éria orginica na absorgao da agua pelo solo. XIII Congr. bras. clénc. solo. Vitoria 136 36. 38, 39. 40, 46. 47, 4g. 49. 50, SL 60. 61. 62. PRIMAVESI Haider, K. e J. P. Martin, - 1967 ~ Synthesis and transformation of phenolic com- pounds by Epicoccum nignam, Soil Sci. Amer. Proc. 31 (6)°766 ~72. Hallam, M. J. ¢ W. V. Bartholomew, - 1953 - Influence of rate of plant residue addi: tion in accelerating the decomposition of soil organic matter. Soil Set. Soc. Amer. Proc. 17(4):365-68. Haney, E. B. ~ 1968 - The nature of shifting caltivation in Latin America, Land Tenure Center, Wisconsin, Univ. LTC 45-59. Hardy, F. - 1970 ~ Suelos tropicales. Herrera, Mexico. Hausmann, G. - 1968 ~ Culture technique from the standpoint of consecvation and incr mentation of organic matter in the soil, in the light of modern research, Scient. Varta, 32:415-449, Hernando, F.VC.P. Sanchez e B.C. Ortega, - 1969 (1) ~ Accién del dcido hnamico so- bre la planta de maiz cultivada en solucién nutritiva equilibrada de concentracién supe- rior a la normal, An. Edaf: y Agrobiol, XXVIII (11-12):835- : oC. P. Sanchez e B.C. Ortega, ~ 1969 (2) ~ Accién del humato sédico sobre Cldesarollo de divorsas plantas. An. Edaf. y Agrobiol. XX VILI (11-12):791-809. Hirte, W. F. - 1968 ~ The influence of organic matter to the microflora of different soils. Progr. Biodin, Produt. Solo, Sta. Maria, pp 207-17. Jacquin, F. ¢ C.D. P. Juste, - 1965 - Contribution 4 étude de la matiére organique des sols sableux de Gascogne. Acad. Agric, France, 1190-1197. =, ~ 1965 ~ Determination de la valeur agronomique de quelques compostes ds sciuse. Bull, Ecole Nat. Sup. Agron. Nancy, VI(1):24-8. Jenny, H. - 1930 - Consistency of oxganic matter in soil as dictated by the zonality principle. Missouri Aer. Exp. Sta. Bull, 152. ~ 1950 ~ Causes of high nitrogen and high organic matter content in certain Soil. Sci. 69:63- 69. lem e J. R. Wallis, - 1968 ~ Interplay of soil organic matter and soil fertility with state factors and soil properties. Scient. Varia, 32:5-37. Kellerman, V, V. ¢ 1. G. Tsyurupa, ~ 1966 - Role of iron and organic matter in the aggregation of the soil clay components. Pochvov. 8:940-47. Khan, $.U, - 1969 - Einfluss des Bewirtschaftungssystems und der Diingung auf die Hu- mussiureftaktionen eines gray-wooded soil. Geoderma, 3:247-54. Kristewa, L. A. - 1968 - About the nature of physiologically active substances of the soil humus and of organic fertilizers and their agricultural importance. Scient. Varia, 32:700-21. Kohalein, J. - 1957 - Futterbau und Bodenfruchtbarkeit. Landw. Forsch, Sonderth, 9: 201-12. Kolenbrander, G. J. - 1955 - Die Verluste organischer Substanz im Stalldtinger. 2. Pflan- zenern, Diing. Bodenkd. 69(2):125-34, Koltakova, P. S. ¢ G. A. Schwetschenko, - 1966 ~ Einfluss langjihriger Kultur und sys- tematischer Diingeranwendung auf Gehalt und Zusammensetzung yon Hamus in ausge- lnugter Schwarzerde. Agrokhimiya, 5:27-33. Kononova, M. M. - 1961 - Soil organic matter. Pergamon Press, Oxford. 7"1968 ~ Humus of the main soll types and soil fertility. Scient. Varia, 32 361-82. Lenz, K. - 1968 ~ Uber den Abbau von organischen Substanzen verschiedenen Alters mit unterschiedlichem N-Gehalten im Boden. A. Thaer Arch. 12(5):413-23. Levashkevich, G. A. - 1966 - Interaction of humic acids with iron and aluminium hy- droxides. Pochvov. 4:422-27. Mangenot,F F. Jacquin ¢ M. Metche, - 1965 ~ A propos des interaction plant-sol I: Les exadates foliaires peuventils 6tre une source des substances humiques? Oecol Pianta, 1:79-102. Manil, G. - 1951 ~ Quelques aspects actuels du probléme de le matiére organique des sols. Medel. Landbouw. Gent. Deel XXVI (1):50-83. Marques, A.Q.; J. Bertoni ¢ G. B. Barretto, - 1961 - Perdas por erosio no Estado de Sio Paulo. Bragantia, 20(47):1 143-82. Martin, J.P K. Haider e D. Wolf, - 1972 - Synthesis of phenols and phenolic polymers by Hendersonula tonuloides in zelation to humic acid formation. Soil Sci, Soc. Amer. Proc. 36(2):311-15. MANEJO ECOLOGICO DO SOLO 137 63, Miyasaka, 8 A.P. Camargo, de ¢ R. Inforzato, ~ 1966 ~ Bfeitos da cobertura ¢ da in- corporagao ao solo, imediatamente antes do plantio, de diferentes formas de matéria or- ginica nfo decomposta, va cultura do feijoeiro. Bragantia, 25(32):349-69. 64, -- -- e L. A.C. Lovadini, - 1967 - Efeitos sobre a produgao do feijoeiro da aplica- 40 de diversos tipos de matéria orginica, nao decomposta, na presenga de adubagao mi- neral com P, NP ou PK. Bragantia, 26(14}:187-96. 65. Mochizuki, T. - 1965 ~ Orchard soils in relation to root rot disease in apple trees. Nip- iryog. Zass. 36 10): 311-16. 66. 1966 - La chala de maiz como mejoradora de los suelos, Rev. argent, Agron, 22 (3):154-37. 67, ------+-, =1968-Ls composicién aerdbia de la cellulosa y la estructura activa de los suclos. Progr: Biodin, Prod, Solo, Sta. Mario/RGS, pp 217-24. 68, Naglitsch, F. e J. Matschke, - 1970 - Untersuchungen uber den Abbau organischer Substanz im Boden. Pedobiol. 10:12]~34. 69, Nehring, R. © W. Wiesemiller, - 1968 - Untersuchungen liber den Einfluss der Mincral- aungung auf den Humusgenalt der Ackerbéden, Z. Pflanzenern, Bodenkd. 119(1): L-24. 70, Norstadt, Ae T,M. McCalla, - 1968 ~ Microbial induced phytotoxicity in stubble mul- ched soil. Soil. Sei, Soc, Amer. Proc. 32(2):238~40. 71. Oliveira, J. B. de; F. Grohmann » J.P. Queiraz Neto, de; - 1966 - Caracteristicas dos agregados de solo podzdlico vermelho-amarelo da Estagio Experimental de Monte Ale- are do Sul, Bragantia, 25(40):445-50, 72. Ortega, C. - 1973 - Matéria orednica, formas e anilises. Curso extraord, na Pos-Grad. da UFSM. 73. Pauli, FW. 74. 1961 ~Humus and plant, Sci. Progr. XLIX: 427-39, + ~ 1968 - Anthropogenic ecosystem and soil biodynamics. Progr. Biodin. Produt, Solo, Sta.Maria, pp 225-32 78. Pignataro, Li J.D. Jobim eS. Carvalho, - 1973 - Efeito do hiimus sobre o eresci- mento vegetal, com espagamento diferente de irtigago. Curso P6s-Grad, Biodin. Produt. Solo, Sta Marta. nao public. 76. Popenoe, H. L. - 1957 ~ The influence of the shifting cultivation cycle on soil proper- tes in Central America, Proc 9 pavfie Sok Congr. (Bangkoh, 7:72-77 77, Primavesi, A. M, - 1973 ~ Polfgrafo das aulas de “Nutrigdo Vegetal” Curso Pds-Grad, Biodin, Produt, Solo. Sta, Maria, 78, ----- ++) ~ 1973 - Bezichungen zeischen Dingung und Nemetodenbefall und dessen Einfluss auf den Ertrag von Mais und Sojabohnen. Agrochim. XVII:511-19. = 1973 - Influgncia do teor de ciclo sobse o nfyel de matéria orgdaica em solos nativos do Rio Grande do Sul. XJV Congr. bras, ciénc. solo. Sta. Maria/RS. 80. -- +, 1973 - Melhoramento da produtividade do solo por bactérias celuloliticas. Relatério co Cons. Nac. Pesquisa 81. Primavesi A. - 1966 ~ Recuperagdo de solos improdutivos por métodos biolégicos. Mo- nogr. Progr. Biol. Suelo. Montevideo, pp 83-70. 82. -- = 1968 - Organic matter and soil productivity. Scient. Varia, 32:554-99. 83, Reese, E. T. - 1958 ~ Microbial transformation of soil polysaccharides. Scient. Varia, 32:325-82. 84. Riviere, J; Y. Fouard e G.Catroux, - 1970 - Influence de application répeté de queue Ge mais sur la flore bacterielle du sol. Ann, agron. 21:403-20. 85. Rotini, 0, T. - 1964 ~ Role of soil substances in root mutrition and plant metabolism, VIE Int. Congr, Soit Sct. (Bucharest), pp 14-15. 86. Russell, E. J. eR. W. Russell, - 1961 - Soil conditions and plant growth. 9 ed, Long- manns & Green, London. 87. Russell, E. W. ~ 1968 ~ A importéncla da estrutura ativa do solo na historia da humani- dade. Progr. Biodin, Produt. Solo, Sta. Maria, pp 269-84, 88, Santoro, T. e G. Stotzki, - 1967 - Influence of cations on Mloculation of clay minerals by microbial metabolites, determined by the electrical sensing zone particle analysis.Soff Sci Soc, Amer, Proc. 31(5):761-65. 89, Scharpensel, H. W. ¢ E, Kruse,— 1971 - Aufbau und Bindungsformen der Ton-Humus- siurekomplexe. Z. Pflanzenern. Bodenkd, 129(3):226-36. 138 PRIMAVESI 90. Scheffer, F. e F. Praemeck, - 1964 - Enzym-histochemische Untersuchungen tiber physiologische Wirkung von Huminstoffen auf das Wurzelmeristem von Lepidium sati- ruin, Abstr, VII Int, Soit Sci, Congr. (Bucharest) pp 112-13, 91, Sekera, F.~1943 - Der gesunde und der kranke Boden. Parey, Berlin. 92. Spratt, E.D. - 1966 - Fertility of a chernozom clay soil after $0 years of use, with and without forage plants in crop rotation. Canad. J. Soil Sci. 46:207-12. 93, Sowdon, F. J. ¢ H, J, Atkinson, - 1958 - Die Wirkung langjahriger Gaben organischer Danger auf die organische Substanz eines Tones und Sandes. Canad, J. Soi Sci. 48: 323-30. 94, Swaby, R. J. ~ 1968 ~ Stability of soil organic matter and its significance in practical agriculture. Scient. Varia, 32:582-613, 95. Tan, K. H.; E. R. Beaty; R. A. McGreery ¢ J. D. Powell, - 1972 - Humic-falvie acid content in soils related to the ley clipping management and fertilization. Soil Set. Soc. Amer, Proc. 36(4):565-67. Y. ~ 1965 ~ Soil organic matter and its role in soil fertility. /2d. Nauka, Mos- 97. Vageler, P. - 1930 - Grundriss der tropischen und subtropischen Bodenkunde, Parey, Berlin, 98, Voisin, A. - 1960 - Dynamique des herbages. Maison Rustique, Paris. 99. Waksman, S. A. - 1938 - Humas, origin, chemical composition and importance in netu- re, Wilkins, Baltimore Md, - ~ 1968 ~ Microbes, organic matter and soil fertility. Progr, Biodin. Produt. Solo, Sta. Maria, pp 321-332. 101. Watters, R. F. © L, Bascones, - 1971 - The influence of shifting cultivation on soil pro- perties at Altamira—Calderas, FAO forestry developm. paper, 17:291-99, 102, Weakly, B.; T. M. McCalla e F. A. Haskins, ~ 1967 - Aggregate size distribution under influence of microorganisms. Soil Sci. 103: 75-77. 103. Webb, L. J. - 1966 - Note on the studies on rain forest vegetation in Australia. Proc. Kand. Symp, UNESCO, 1 966, pp 171-73. 104. Wiebe, H. J. - 1966 - Einfluss von Stroh und Torf auf ertragsbestimmende Faktoren des Bodens. Gartenbauwiss, 3]:125-62. 108. Willians, W. A. - 1967 - The sole of fegumes in pasture and soil improvement in the neotropica. Trop. Agric. 44(2):103-15, 106, Zaystev, B. D. - 1966 ~ Influence of exchangeable calcium on the content of organic matter and the total nitrogen in coarse humus horizons. Pochvos. 12:1 380-82. 107. EtSwayfi, S.A; S$. Ahmed e L. D. Swindale, - 1970 ~ The influence of exchanges ble cations on the physical properties of tropical red and black soils. J. Soil Sci. 21: 188-98. 100,

Você também pode gostar