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modogeral
AGRICULTURA FAMILIAR
MATERIAL AGRONÔMICO
SUMÁRIO
Introdução ..............................................................................................

1 .O que é agricultura familiar? ..................................................................


1.1.Como funciona a agricultura familiar? ............................................
1.2.Tipos de agricultura familiar ...............................................................
2.Reconhecimento da agricultura familiar ............................................
3.A pluratividade na agricultura familiar ................................................
3.1.Tipos de pluratividade na agricultura familiar .............................
4.A contribuição da agricultura familiar para a sustentabilidade .
5.Politicas publicas para a agricultura familiar ...................................
5.1.PRONAF ......................................................................................................
6.A modernização da agricultura familiar ..............................................
7.Reversão da pobreza na estrutura produtiva agrícola familiar ..
8.Considerações Finais ................................................................................

Referências .............................................................................................

INTRODUÇÃO
A agricultura familiar tem uma grande importância para o país,
pois são os agricultores familiares que produzem grande parte
dos alimentos que abastecem o mercado interno.

Porém, infelizmente, devido o olhar sempre estar mais voltado à


produção para a exportação, foi há pouco tempo que o
segmento da agricultura familiar passou a ter políticas públicas
voltadas para si. Foi a partir de 1996, com o Programa Nacional
de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) que os
agricultores familiares conseguiram o reconhecimento da
categoria.

É sabida a destreza que agricultores familiares possuem para


contornar os momentos de crise e sua desvalorização, que
sofrem há décadas.

Não apenas com a diversificação da sua produção agrícola, mas


sim com outras formas de trabalho e prestação de serviço, tais
como, a criação das agroindústrias, a feira livre e o turismo
rural.
Essas estratégias de sobrevivência não são de hoje estudadas, mas
são muito pouco incentivadas por políticas públicas e créditos rurais,
o que ocasionam uma baixa no seu desenvolvimento e crescimento,
pois por muitas vezes, esses empreendimentos trazem inúmeros
benefícios para os agricultores familiares que vão além do retorno
econômico, como o fim do isolamento social e a solidão, a atuação
mais relevante das mulheres e dos jovens e a possibilidade de
conhecimento sobre outras áreas, que não a agricultura.

1. O QUE É AGRICULTURA FAMILIAR?


Agricultura familiar é toda forma de cultivo de terra que é
administrada por uma família e emprega como mão de obra os
membros da mesma. A produção de alimentos acontece em
pequenas propriedades de terra e se destina a subsistência do
produtor rural e ao mercado interno do país.
Esse modelo de produção tradicional, contrasta com as grandes
produções do agronegócio que produzem em massa um único
gênero alimentar, como soja ou milho, destinado à exportação e
a alimentação de animais para pecuária.

1.1 Como funciona a agricultura familiar?


A agricultura familiar se diferencia dos demais tipos de
agricultura pois nela a gestão da propriedade é compartilhada
pela família e os alimentos produzidos nela constituírem a
principal fonte de renda para essas pessoas.

No Brasil, a atividade envolve aproximadamente 4,4 milhões de


famílias e é responsável por gerar renda para 70% dos
brasileiros no campo segundo informações do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). A Organização
das Nações Unidas (ONU) estima que 80% de toda a comida do
planeta venha desse tipo de produção.

Não há no mundo uma definição específica sobre agricultura familiar,


o tema é abordado e entendido de maneira diferente por cada país e
alguns contam com legislações específicas que regulam esse tipo de
produção.

No Brasil, a agricultura familiar conta com uma legislação própria. É


considerado agricultor familiar aquele que promove atividades no
meio rural em terras de área inferior a quatro módulos fiscais,
emprega mão de obra da própria família e tem sua renda vinculada a
produção resultante desse estabelecimento.

Um módulo fiscal é uma unidade de medida definida em hectares


que tem seu valor estipulado pelo Incra (Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária) para cada município de acordo com
o tipo de exploração da terra, a renda obtida, outros tipos de
exploração existentes e que também gerem renda, e o conceito de
propriedade familiar.
Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a
agricultura familiar é a principal responsável pela produção de
alimentos para os brasileiros. Ela é composta por pequenos
produtores rurais, povos indígenas, comunidades quilombolas,
assentamentos de reforma agrária, silvicultores, aquicultores,
extrativistas e pescadores o setor se destaca pela produção de
diversos gêneros alimentares, como milho, mandioca, feijão, arroz
entre outros.

1.2 Tipos de agricultura familiar?


Consolidados
São produtores considerados empresários do setor, com boa
liderança nas comunidades, buscam assistência técnica e
creditícia, possuindo bom poder de análise e gerenciamento.
São propriedades geralmente menores de 100 ha com
concentração próximo a 50 ha.

Em Transição
São produtores de menor esclarecimento que os consolidados,
buscam em menor intensidade a assistência técnica e creditícia,
possuindo médio poder de análise e gerenciamento. São
propriedades geralmente menores de 100 ha com concentração
próximo a 20 ha.

Periféricos ou de Subsistência

A utilização do crédito rural é nula ou incipiente, pois não


possuem viabilidade econômica para ter acesso a ele.
Geralmente, tem dificuldades quanto ao gerenciamento da
propriedade. Também considerado agricultor que mais se
aproxima do camponês tradicional, onde a luta pela terra e
contra as perversidades do capitalismo se faz presente. São
propriedades geralmente menores de 50 ha com concentração
abaixo de 20 ha.
É importante colocar que muitas vezes os agricultores familiares são
vistos como um segmento em decadência, que não consegue se
desenvolver, porém, é uma ideia completamente errada a respeito
dos mesmos, pois o segmento da agricultura familiar tem um
importante papel no desenvolvimento local e regional, pois os
agricultores familiares produzem grande parte dos alimentos que
abastecem o mercado interno, sem falar ainda na questão ambiental,
onde os mesmos possuem grande potencial para a preservação dos
recursos naturais.

Enfim, a agricultura familiar tem grande potencial para promover o


desenvolvimento local e regional, de forma sustentável, por isso,
devem ser ampliadas as políticas públicas voltadas para esse
segmento.

2. RECONHECIMENTO DA AGRICULTURA
FAMILIAR
Na década de 90, o poder público reconheceu a importância do
papel do pequeno produtor , com o decreto Lei nº1.946, no ano
de 1995, com a criação do Programa Nacional de Agricultura Familiar
(PRONAF). Este programa fornece recursos para o pequeno
produtor investir na propriedade, para o desenvolvimento do
agronegócio, com as menores taxas de juros do mercado. O
agricultor pode utilizar os recursos que são exclusivamente para
essa categoria em compra de sementes, equipamentos, maquinários
ou fazer melhorias na infraestrutura da propriedade.

Agricultura familiar teve o marco legal ao ser definida e reconhecida


legalmente pela Lei 11. 326/2006, como a atividade desenvolvida
pelos agricultores na área rural e que possuem propriedade de até
quatro módulos fiscais, o que representa 72 hectares para o
município de Serranópolis do Iguaçu-Pr, e na qual utilizam mão de
obra do próprio núcleo familiar, bem como a maior parte da renda ser
proveniente da produção rural. Essa agricultura de subsistência é
responsável por mais de 70% da alimentação produzida no Brasil e
de igual importância para a alimentação no âmbito mundial, e a
mesma é realizada em menor extensão e se destaca como a base
econômica de 90% dos pequenos municípios de até vinte mil
habitantes.
O debate sobre a relevância da agricultura familiar, na produção de
alimentos e desenvolvimento da economia sustentável, tem
conseguido apoio de diversos setores da sociedade. Esta forma de
cultivo, utiliza maquinário em menor escala, sendo assim, com menor
impacto ambiental, e desperdício de recursos naturais. Contudo, ao
se desenvolver, implementa também a agricultura sustentável, que
atende às necessidades de produção de alimentos, e preserva a
biodiversidade, utilizando a terra com o menor prejuízo possível.
3. A PLURIATIVIDADE NA AGRICULTURA
FAMILIAR
Cada vez mais está se tornando comum, uma unidade familiar
ter outras atividades para a geração de renda que não seja
agrícola. Felizmente os agricultores familiares estão buscando
novas formas para conseguirem um maior rendimento, e assim,
melhorar a qualidade de vida.

A presença das atividades agrícolas e não-agrícolas nas


propriedades rurais não deve ser entendida como uma “nova”
estratégia ou modelo utilizado pelas populações rurais.
Devemos nos relembrar que os camponeses não eram somente
produtores agrícolas, mas combinavam atividades nãoagrícolas
de bases artesanais dentro de suas propriedades, e que estas
atividades envolviam a força de trabalho familiar.
Em muitos casos, os agricultores familiares procuram
desenvolver também atividades não agrícolas, muitas vezes por
não ser suficiente manter-se somente das atividades agrícolas.

É importante falar que não é porque os agricultores estão


procurando outras atividades para gerar renda, que está
ocorrendo à decadência da agricultura familiar, porque
realmente não é o caso.

A pluriatividade é mais uma tática para a agricultura familiar, pois


ajudam a diversificação das atividades, que irão ajudar no
fortalecimento da unidade familiar, com uma renda adicional para o
agricultor, ajudando na redução da aquisição de insumos e produtos.
Ou seja, é mais uma opção que os agricultores estão tendo para
gerar renda, e cada vez mais se fortalecendo frente aos grandes
produtores.

Com a pluriatividade são várias as consequências positivas para o


agricultor. A redução do êxodo rural, elevação da renda familiar,
geração de empregos, sustentabilidade ambiental, estímulo ao
desenvolvimento local, propiciando o desenvolvimento rural, todas
essas são algumas das potencialidades de atividades pluriativas.

A diversificação de atividades nas unidades familiares como já foi


falado acarreta consequências positivas para os agricultores, dentre
as quais, a permanência de jovens no campo, pois os mesmos
conseguem perceber que não precisam viver e depender somente de
atividades agrícolas.

Mas também é importante colocar, que para que seja possível existir
tais alternativas, é necessário existir políticas públicas, incentivos
governamentais para essa diversificação de atividades.

3.1. Tipos de pluriatividade na agricultura familiar


Pluriatividade de base agrária
Realizada dentro do próprio setor agropecuário e decorrente da
demanda crescente por serviços e atividades resultantes do
processo de modernização da agricultura, expandindo a
terceirização de etapas ou fases dos processos produtivos na
agricultura, implicando na subcontratação e aluguel de
máquinas e equipamentos e na contratação de serviços
auxiliares para execução de tarefas que antes eram realizadas
no interior de cada exploração agropecuária. A sua execução
pode se dar dentro ou fora do estabelecimento agropecuário,
assim como ser próxima ou longe da moradia.

Pluriatividade para-agrícola
Evolução da transformação e beneficiamento ou artesanal para
o autoconsumo, que passa a ganhar escala (geralmente
pequena ou média) e a ser orientada para a venda no mercado.
À medida que este tipo de produção cresce e começa a ocupar
espaços fora do âmbito doméstico, ela se torna uma atividade
independente, inaugurando uma nova jornada de trabalho e
rotinas diferenciadas, sendo possível afirmar que surge uma
nova atividade ou outra ocupação que, combinada com a
agricultura como atividade principal, gera uma situação de
pluriatividade.
Pluriatividade intersetorial
Decorrente do crescente processo de encadeamento e
articulação da agricultura com os demais setores da economia
(notadamente indústria e serviços), expressão rural das
transformações estruturais mais amplas no mercado de trabalho
no período “pós-fordista”, ligada à descentralização e
relocalização industrial (inclusive em espaços rurais e
periurbanos), à segmentação do mercado de trabalho, à
flexibilização das relações de trabalho (subcontratação,
precarização), à expansão crescente das áreas de habitação no
entorno das grandes regiões metropolitanas e ao fluxo pendular
de pessoas que habitam o meio rural mas trabalham em
atividades não agrícolas.
4. A CONTRIBUIÇÃO DA AGRICULTURA
FAMILIAR PARA A SUSTENTABILIDADE
A agricultura familiar é uma atividade capaz de aumentar a
produção de alimentos, e ser economicamente viável, com
práticas responsáveis com o meio ambiente, tendo mercado
crescente aos produtos saudáveis e frescos, fornecidos
diretamente dos produtores. Esta prática incorpora os fatores
econômicos, sociais e ambientais, por ser desenvolvida pelo
núcleo familiar, e considera a terra como um bem comum dos
membros, utilizada para atender as suas necessidades,
valorizando a diversidade, utilizando a policultura, distribuindo
com equilíbrio os espaços, gerando qualidade de vida.

Vale ressaltar que ao se desenvolver e fortalecer a agricultura


familiar, estar-se-á fortalecendo a sustentabilidade do meio
ambiente, os agricultores, e a sociedade local, regional e do
país.
Dada à importância desta atividade de produção, para a
segurança alimentar e sustentabilidade dos recursos naturais,
torna-se urgente um envolvimento dos diversos setores da
sociedade e como principal foco, o poder público, viabilizando
ações voltadas às pequenas propriedades rurais, para se evitar
o abandono do campo, causando o êxodo rural e maiores
problemas sociais na área urbana.

Verifica-se que a falta de estímulo à continuidade familiar/sucessão,


pode causar esvaziamento do campo, devido aos jovens, filhos de
agricultores, almejarem novas perspectivas nos grandes centros.

Neste cenário em que a mulher vem participando de todos os


aspectos da sociedade, e buscando seu empoderamento e seu
espaço como protagonista, há necessidade de reconhecer e valorizar
seu trabalho e sua vida, a fim de lhe proporcionar autonomia,
autoestima no direcionamento de mudanças, onde prevaleça a
qualidade de vida e a sustentabilidade na produção. Estas mudanças
na vida de quem sempre foi submissa, ocorrerão a partir do
conhecimento, e reconhecimento de sua importância na efetivação
de novos paradigmas de produção.

Nota-se que as mulheres despontam com algo novo, rompendo os


padrões vigentes, e se destacando como empreendedoras rurais,
valorizando os saberes compartilhados através de gerações,
promovendo mudanças, confrontando com a produção convencional,
melhorando sua independência e contribuindo para uma nova forma
de produzir, utilizando sensibilidade e criatividade feminina.
Sem dúvida que a Organização das Nações Unidas – ONU
oportuniza a sociedade, analisar, pesquisar e apoiar a agricultura
familiar reconhecendo sua importância, declarando a Década da
Agricultura Familiar de 2019 a 2028. Espera-se que os líderes
mundiais adotem políticas de apoio a estes trabalhadores do campo,
que norteiem um novo sistema de alimentação e desenvolvimento
rural sustentável. Neste sentido, urge que o objetivo não seja
somente a produção, mas que sejam contemplados os aspectos
socioeconômicos, bem como a sustentabilidade dos recursos
naturais.
5. POLITICAS PÚBLICAS PARA A AGRICULTURA
FAMILIAR
O Brasil destaca-se na formulação de políticas públicas, para o
incentivo e fortalecimento da agricultura familiar, para o
desenvolvimento rural, aumentando a produtividade de maneira
sustentável, e que reflita na melhoria da qualidade de vida dos
produtores, do meio ambiente e o fornecimento de produtos
saudáveis aos consumidores. Para tanto são necessários
investimentos, a abertura de financiamentos, acesso às novas
tecnologias, bem como a implementação do conhecimento, e
por conseguinte a aprendizagem por meio de suporte técnico,
para melhorar a gestão e ampliar os mercados para a
comercialização dos produtos.

O Governo Federal criou o Programa Nacional de


Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), como
incentivo às linhas de crédito para proporcionar financiamentos
aos pequenos agricultores. Concebe-se que este Programa está
contribuindo para o aumento da produtividade, e melhorar a
renda das famílias.

Outros programas que tem se tornado referência são o


Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), e o Programa
Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), onde obrigatoriamente
30% dos recursos repassados pelo Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação (FNDE), devem ser aplicados na
aquisição de gêneros alimentícios provenientes da agricultura
familiar.

Com estes programas, o governo garante mercado estável para os


produtores, em seu próprio município e região, contribuindo para a
economia local. Estes programas têm se destacado e apontados
como exemplos a outros países.

A Lei n º11.947/2009, que obriga a compra dos produtos da


agricultura familiar, representa um ato de pioneirismo e de avanço,
para ofertar aos estudantes no mínimo uma alimentação diária de
qualidade, e a contrapartida governamental vem a subsidiar a
aquisição dos gêneros para aplicação na área de ensino. O
programa contribui para o aumento da renda dos produtores locais,
melhorando a qualidade de vida de suas famílias, evitando-se o
êxodo rural, promovendo o desenvolvimento socioeconômico do
município.

5.1. Pronaf
Também conhecido como Programa Nacional de Fortalecimento
da Agricultura Familiar, é uma iniciativa criada pelo Governo
Federal no meio da década de 1990, pela resolução CMN –
Bacen nr. 2.191, de 24/08/95. Nesse período, primeiro foi criado o
Provape (Programa de Valorização da Pequena Produção Rural),
em 1994. Um ano depois, com regras mais definidas, surgia o
Pronaf.
A ideia é que esse projeto ajude os pequenos produtores a
conseguirem recursos para investir em suas propriedades. É
importante saber que um dos principais requisitos para ter direito a
esse investimento é trabalhar com agricultura familiar.

Assim, os beneficiários são pessoas que produzem sozinhas ou com


a família mercadorias agrícolas. Além disso, o programa se divide
em categorias de A a F, para classificar os beneficiários que têm
direito a esse recurso.

Para eles, é destinado um financiamento, tanto para as atividades


quantos para os serviços, que não precisam ser de origem
agropecuária. Contudo, é importante que sejam realizados na
propriedade rural ou em proximidades comunitárias. Em 2003 e
2004, ocorreram algumas mudanças em relação ao programa com o
intuito de tornar o acesso mais prático. Entre as que podemos
destacar, estão a renovação de até 5 anos e a criação de outros
Pronafs, como Pronaf Floresta, Semiárido e Cartão Pronaf.

Iniciativas como o Pronaf são uma maneira de o Governo Federal


incentivar esse produtor a desenvolver o seu trabalho, para que ele
possa gerar resultados cada vez mais sustentáveis. Como
consequência, ele ajuda a incentivar o mercado agropecuário do
país, trazendo mais crescimento para o setor.

Quais são os benefícios para o agricultor familiar?

Crescimento da produtividade
É importante perceber que essa é uma linha focada totalmente
em produtores rurais, feita pensando em atender as
necessidades desses agricultores. Obviamente que, ao ter
acesso a esse crédito, há muitas possibilidades de crescimento
para o negócio. Eles poderão investir em diferentes tecnologias,
maquinários, sementes com mais qualidades, insumos e, até
mesmo, na qualificação de sua família.

Apoio financeiro
Poder ter acesso ao crédito em condições que se encaixam na
situação financeira do pequeno produtor é outra vantagem do
Pronaf. As taxas de juros são mais baixas que outros tipos de
financiamentos, de forma que fica possível lidar com as
parcelas. Logo, o produtor não tem nenhum impedimento para ir
atrás dessa linha, obtendo o apoio financeiro necessário para
crescer o seu negócio. Tranquilidade para prazos de pagamento
Outro benefício é que, quando participa do Pronaf, o agricultor
tem direito ao Seaf (Seguro da agricultura familiar) e ao PGPAF
(Programa de Garantia de Preços da Agricultura Familiar). Dois
programas que garantem a proteção em relação a eventuais
contratempos, além de terem garantia contra o escoamento.

Quais são os requisitos básicos para entrar no programa?

morar na propriedade rural ou em áreas próximas; explorar a área


rural como posseiro, proprietário, parceiro, concessionário do PNRA
(Programa Nacional de Reforma Agrária) ou arrendatário;
ser a agricultura familiar a base para o sustento do que é produzido
na propriedade;
ter até 50% da renda familiar bruta originada de atividade rural,
agropecuária ou não;
ter renda familiar bruta de até R$360 mil no último ano de produção,
com exceção de valores oriundos de benefícios sociais ou proventos
previdenciários de origem de atividades rurais;
ter até 4 módulos fiscais para a produção agrícola e no máximo 6
para a pecuária;
ter empregados apenas eventuais. Em caso de contratados, eles não
podem ser em maior quantidade do que o número de membros da
família;
no caso do Pronaf Microcrédito, não é permitido que o produtor tenha
qualquer tipo de empregado assalariado.
6. A MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA
FAMILIAR
Como modelo de cultura dominante, a agricultura tecnicizada
traduz o modelo de desenvolvimento agrícola que o Brasil
construiu com o advento da Modernização Conservadora na
década de 70. Cabe agora observar, que a partir dos anos 1970,
o processo se traduz nas propostas de modernização da
agricultura familiar tradicional e como integrá-la ao circuito
nacional da economia agrícola.

É preciso nortear a relação da agricultura familiar de pequeno


porte com a questão da agricultura de subsistência e, até
mesmo, com o atraso do sistema produtivo da unidade familiar
tradicional. Neste caso, a sua modernização é outro problema
que levanta circunstanciais análises. Como é possível analisar o
processo de modernização da agricultura familiar de pequeno
porte? Quando se inicia? Qual sua eficácia? São questões
propícias ao entendimento da necessidade de subordinação da
estrutura agrícola familiar de pequeno porte ao processo de
modernização capitalista.

Souza et al. (2006, p. 6) mencionam que, devido ao baixo nível de


avanço tecnológico, a agricultura familiar de pequeno porte ainda se
apresenta com baixos níveis inovativos e “problemas tanto de caráter
produtivo (baixa capacidade de produção, mecanização inadequada,
terras insuficientes) [...]” como de caráter organizativo e técnico.

Por causa disso, busca-se, no momento, a transferência de novas


tecnologias, mais adaptadas às condições da agricultura familiar
local de forma a tornar seus empreendimentos mais rentáveis, com
redução da necessidade de recorrer a uma segunda ocupação
(pluriatividade) ou mesmo ao êxodo para as periferias das grandes
cidades. A inovação tecnológica é de suma importância para garantir
a sobrevivência da agricultura familiar, uma vez que o incremento na
produção ou a implementação do seu sistema produtivo contribui
para a sustentabilidade da exploração familiar evitando o risco de
sua saída do mercado, pois os demais componentes deste estão em
contínua transformação.

A busca pela tecnologia apropriada à produção familiar,


principalmente, a tradicional, torna-se relevante devido à
lucratividade prevista para o setor extraagrícola, na qual deverão
existir todos os instrumentais técnicos incompatíveis com a estrutura
agrícola familiar de pequeno porte.
O que advém da introdução de uma tecnologia inapropriada ao setor
agrícola familiar expressa a incapacidade aparente e equivocada do
agricultor familiar criar suas próprias tecnologias. Para isso, deve
adequar-se, em termos aquisitivos, às exigências do mercado de
produtos tecnologicamente avançados. Nisto, enfraquece-se a
estrutura familiar tradicional através da dependência tecnológica, ou
seja, da sua inadaptabilidade à inserção tecnológica sem preciso
aderir-se a dependência técnicofinanceira.

Propicia-se assim um novo incremento de formas técnicas produtivas


estranhas ao rural, ao ambiental e ao social. Não há necessidade de
inovações constituídas pelos agricultores devido ao entendimento da
existência apenas de um potencial tecnológico: o capitalista. Deste
potencial prescinde uma nova base de constituição de novos objetos
e novas ações artificiais e excludentes que irão produzir dependência
e subordinação do agricultor aos mandos das empresas produtoras
de insumos químicos agrícolas.

Mas o que se utiliza como tecnologia (técnicas)9 surge como uma


mudança necessária para um novo ciclo de expropriação do valor no
rural. Daí constrói-se projetos de desenvolvimento agrícola
compatível com a totalidade da forma técnica capitalista de produção
na agricultura. Não pode ser ignorado que as técnicas devem ser
dirigidas pela lógica produtivista pertinente ao perturbador poder
exploratório da modernização capitalista.

As técnicas alternativas inovadoras são veiculadas como formas


propícias à sustentabilidade socioeconômica da agricultura familiar.
Tais técnicas estão voltadas não somente à formação de produto-
renda na estrutura produtiva agrícola familiar de pequeno porte, mas
também vislumbram a preservação ambiental. Insere-se, também,
neste contexto, o fato relacionado à introdução de práticas
nãoagrícolas complementares conhecidas como pluriatividade, que é
uma das formas alternativas para o desenvolvimento agrícola em
áreas de agricultura familiar de pequeno porte. Isto significa que há
uma revolução sócioprodutiva eficaz, com o uso de técnicas
alternativas não químicas e não capitalistas, que garantirá a
reviravolta socioeconômica, produtiva e ambiental, inserindo um
modelo mais justo de produção e de reprodução social no meio
agrícola.
As reais causas pobreza na agricultura familiar de pequeno porte
podem permanecer invisíveis aos paradigmas produtivistas, mas a
verdadeira inovação racional no campo parte da busca pela
integração do saber do agricultor com seu entorno e pela sua busca
diária em empreender formas adicionais de complemento da renda
através do uso do artesanato e outros meios produtivos não
agrícolas como formas produtivas auxiliares. Alia-se a estas formas
produtivas auxiliares, as formas sustentáveis de produção
agroecológicas como formas eficientes de integração agricultura-
natureza e como pressuposto, juntamente com a pluriatividade, de
instrumental de combate à pobreza rural.
7. REVERSÃO DA POBREZA NA ESTRUTURA
PRODUTIVA AGRÍCOLA FAMILIAR
A agricultura familiar de pequeno porte, para se desenvolver,
precisa também de uma série de alternativas que sejam
realmente propícias à proposta de melhorias nos níveis de
emprego e renda, reprodução social, capitalização, educação e
preservação ambiental. As técnicas alternativas não devem ser
inconcebíveis com a estrutura das unidades produtivas de
pequeno porte. Devem sim está compatível com a capacidade e
com as necessidades dos agricultores familiares de pequeno
porte.

Ressalta-se a necessidade de estratégias de desenvolvimento


agrícolas que una a capacidade de reprodução social à
necessidade de preservação sócioambiental. Ademais, o que se
nota é o uso indiscriminado de propostas de desenvolvimento
agrícolas importados e que são inúteis para a estrutura real das
unidades agrícolas familiares de pequeno porte Tais alternativas
importadas são as “caixas pretas” que não trazem resoluções
aos desequilíbrios socioeconômicos que, por ventura, agravam
a crise na agricultura familiar de pequeno porte.

Este agravamento surge da inadaptabilidade da Modernização


Conservadora em resolver os problemas sócio-ambientais no campo.
A reposta para isto vem à tona com o uso das possibilidades da
agroecologia e da pluriatividade como meios de superação das
crises que circundam o rural brasileiro.

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A agricultura familiar tem grande importância para o mercado
interno, devido à significativa quantidade de alimentos
produzidos que abastecem a população. Porém, ainda existem
poucas políticas públicas voltadas para esse segmento, que tem
grande potencial para o desenvolvimento rural. Com a
diversificação das atividades dentro da unidade familiar, com
atividades como turismo rural, agroindústria, as feiras, os
agricultores conseguem se manter no campo, aumentar sua
renda, motivar os seus filhos a continuarem nas atividades
rurais, conseguindo a sua valorização e fortalecimento frente
aos médios e grandes produtores.

Assim, para que seja possível ocorrer o desenvolvimento local e


regional, é importante existir mais políticas públicas voltadas
para o segmento da agricultura familiar, pois esta categoria
possui um grande potencial para o desenvolvimento rural.

REFERÊNCIAS
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