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Artigo Victória Final
Artigo Victória Final
CURSO DE LETRAS-INGLÊS
Formosa-GO
2023
Variação Linguística na obra A Língua de Eulália de Marcos Bagno
Resumo
1. Introdução
1
Graduanda em Letras pelas Faculdades Integradas Iesgo
2
Professora nas Faculdades Integradas Iesgo.
Dessa forma, a obra “A língua de Eulália” do professor linguista Marcos
Bagno trata de uma novela voltada para professores que devem compreender
a necessidade de debater o preconceito linguístico na escola e na sociedade.
O autor, além dessa obra, teve como tese de doutorado, e posteriormente,
como livro “O Preconceito linguístico: o que é, como se faz.” Nesse sentido,
este trabalho justifica-se pela importância e relevância deste tema ainda nos
dias atuais, considerando que esse fenômeno ainda é recorrente nas salas de
aula das escolas brasileiras. A educação tem a grande responsabilidade de
combater qualquer tipo de preconceito, e nós, professores de Língua
Portuguesa, temos a missão de combater, além dos demais, o preconceito
linguístico.
Para amenizar o preconceito linguístico, a língua não-padrão deve ser
encarada como é, uma língua compreensível, útil e que faz parte das
variedades. Devemos aceitar essas diferenças e englobar uma língua diversa
da nossa tendo a compreensão e sendo mais acessível. Dessa forma,
podemos entender essas pessoas e aprender com elas. Na obra “A língua de
Eulália” percebe-se que há mais semelhanças do que diferenças entre as
variedades, mas as pessoas que defendem a norma culta como única, não
aceitam oposições, daí o preconceito linguístico.
Portanto, cada região tem seu jeito de falar – já que a fala é a utilização
individual da língua - modos que vêm de famílias, culturas diferentes, ou até
mesmo problemas na língua. É necessário, portanto, abordar mais sobre esse
assunto nas escolas, em casa e na sociedade, pois o preconceito linguístico
acontece com bastante frequência. Sendo assim, este estudo tem o objetivo de
abordar a questão das variações linguísticas e fazer uma análise do livro “A
língua de Eulália”, de Marcos Bagno.
Além do mais, para Camillo (2015, p.1) apud Silva & Gementi (s.d. p.
03):
a língua padrão é baseada no “modo de falar e escrever” dos
grupos de maior prestígio cultural, político e econômico;
caracteriza-se pelo uso de estruturas frasais mais complexas,
pelo vocabulário mais elaborado e pela observância às regras
da gramática normativa. Já a língua não padrão é mais
espontânea, empregada em situações informais do dia a dia e
caracterizada pelo emprego de frases de estrutura simples,
pela pouca (ou nenhuma) observância às regras da gramática
normativa, pelo vocabulário mais comum e pela presença de
frases feitas, expressões populares e gírias. Empregamos a
variedade não padrão quando nos comunicamos de maneira
mais informal e espontânea com nossos familiares, vizinhos,
colegas e amigos.
3. O Preconceito Linguístico
3
POSSENTI, Sírio. Preconceito Linguístico. Instituto Ciência Hoje. 23 de dezembro de
2011. Disponível em: < http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/palavreado/preconceito-linguistico/
É fato que o Brasil possui uma língua oficial: a Língua Portuguesa.
Porém, ela sofreu influências por muitos aspectos. O primeiro deles é que a
nação brasileira foi formada por vários povos, entre eles os indígenas,
portugueses, africanos e muitos outros. Toda essa miscigenação deixou
marcas no modo de vida das pessoas, pois cada um desses grupos tinha seus
costumes e maneiras de comunicação. Com isso, a fala também sofreu
influência dessa mistura. Desse modo a Língua Portuguesa falada aqui foi
incorporando palavras originárias dessa grande variedade de línguas ao seu
vocabulário.
A partir disso, Couto (1998, p. 20) diz que:
Esse português foi trazido para o Brasil. Aqui ele sofreu não só
a influência do meio físico, mas também a dos povos
indígenas, africanos e de outros que, como imigrantes, vieram
fazer parte de nossa sociedade posteriormente. A língua
portuguesa do Brasil atual é consequentemente, o resultado de
tudo isso.
4
DIANA, Daniela. Variações Linguísticas. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em:
https://www.todamateria.com.br/variacoes-linguisticas/. Acesso em: 15 abr.
superiores em seu modo de falar em relação às pessoas que habitam no
interior ou mesmo nas zonas rurais (DIANA, 2022).
Diante disso, há bastante semelhanças do que diferenças entre as
variedades. Entretanto, as pessoas instruídas não aceitam as diferenças
linguísticas, porém há desigualdades sociais, por isso o preconceito linguístico,
preconceito esses mencionados nesse livro, como por exemplo: religioso,
sexual, racial entre outros. Além disso, são associadas ao uso da fala. No
entanto, conseguimos ver a sociolinguística de maneira crítica e ao mesmo
tempo agradável. Ao encarar-se com pessoas que não possuem convívio com
essas variações, elas são capazes de provocar ou criar uma circunstância, seja
tanto de admiração como de discriminação, através de contato social e
pessoal, em consequência do preconceito linguístico.
O que intitulamos de Português não é um conjunto íntegro, sólido e sim,
um total de elementos designadas de variedades no livro. A maneira de falar o
Português e a forma de falar do brasileiro têm suas diferenças sintáticas,
semânticas, lexicais, fonéticas e no uso da língua. Temos também, além das
variedades geográficas, outros tipos de variedades: de gênero,
socioeconômicas, etárias, de nível de instrução, urbana, rurais, religiosas etc.
Toda língua “além de variar geograficamente, no espaço, também muda com o
tempo. A língua que falamos hoje no Brasil é diferente da que era falada aqui
mesmo no início da colonização [...]” (Bagno, 1997, p.23).
Partindo da ideia de que a sociedade não é homogênea, podemos
perceber que todos são iguais, porém todos são diferentes, ou seja, somos
todos iguais quando respeitamos as diferenças. Pode-se divergir com as ideias,
porém sempre observando o princípio do respeito. Desse modo, conseguimos
assistir ao que os falantes do PNP têm a nos ensinar quanto aos nossos
respectivos antepassados, pois da mesma forma que o Latim se modificou
lentamente nas inúmeras línguas românicas atuais, assim com cada uma delas
segue mudando. O fato é que essa variedade não é vista como riqueza de
diversidade da língua portuguesa, tornando-se alvo de preconceito contra a fala
de estipulados grupos ou classes sociais, fazendo com que sejam focos
frequentes de chacota e indiferença de pessoas que desconhecem a
variabilidade da língua.
Portanto, fica evidente que não existe o modo correto de falar a língua
portuguesa, pois as variações linguísticas existem e devem ser levadas a sério,
respeitando os falantes e levando em consideração sua cultura e a região em
que habitam, além de considerarem-se as particularidades de cada um. Pois, a
variação linguística não existe somente no idioma português como foi dito
anteriormente, mas sim em todas as línguas. E assim, não existe o certo e
errado no modo de falar, e através desse conhecimento o preconceito
linguístico poderá ser diminuído.
5. Conclusão
REFERÊNCIAS
COUTO, Hildo Honorário do. O que é português brasileiro. 4ª ed. São Paulo.
Ed Brasiliense, 1988.