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DIREITO DO CONSUMIDOR

PROFESSOR: ENDRIGO DURGANTE


2023/1- Aula 05/06/2023
ACESSO DO CONSUMIDOR ÀS INFORMAÇÕES A ELE RELATIVAS.

Art. 43. O consumidor, sem prejuízo do disposto no art. 86, terá acesso às informações
existentes em cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de consumo arquivados sobre
ele, bem como sobre as suas respectivas fontes.

Para tanto, o consumidor poderá valer-se do habeas data, garantido constitucionalmente.


Convém frisar, que considera-se, em doutrina, os bancos de dados nos serviços de proteção ao
crédito como fornecedores equiparados.

Dever de notificar – previamente e por escrito - o consumidor antes da sua inclusão nos
cadastros negativos. Súmula 359 do STJ: Cabe ao órgão mantenedor do cadastro de proteção ao
crédito a notificação do devedor antes de proceder à inscrição .

É pacífico na jurisprudência o prazo de 5 anos como tempo de permanência máximo das


informações sobre os consumidores nos cadastros negativos. O termo inicial da contagem dos cinco anos,
segundo o STJ, é o dia seguinte ao vencimento da dívida.
DANO MORAL DECORRENTE DE INDEVIDA INSCRIÇÃO
EM CADASTRO NEGATIVO.

A jurisprudência entende pela desnecessidade de prova de um


prejuízo concreto. O dano moral, nesta situação, é presumido.

Vale dizer, não há dano moral, se já havia para o consumidor uma


inscrição regular anterior, a teor da Súmula 385 do STJ:
“Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe
indenização por dano moral, quando preexistente legítima inscrição, ressalvado
o direito ao cancelamento”.
O prazo prescricional para propor a ação indenizatória por danos
morais é de 3 anos (art. 206, §3º, V, do CC).
PROTEÇÃO CONTRATUAL (Arts. 46 a 50).

Art. 46. Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os


consumidores, se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu
conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a
compreensão de seu sentido e alcance.

Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao


consumidor.
DIREITO DE ARREPENDIMENTO (Art. 49).

O consumidor tem o direito de desistir do contrato – sem qualquer motivação-


nos sete dias seguintes, contados da assinatura ou de recebimento do produto ou serviço,
somente nos casos de contratação fora do estabelecimento comercial (internet, telefone,
a domicílio).
GARANTIA CONTRATUAL.

Art. 50. A garantia contratual é complementar à legal e será conferida


mediante termo escrito.

As garantias contratuais decorrem da autonomia da vontade, isto é, dos


pactos contratuais firmados entre os fornecedores e consumidores.

Com a crescente concorrência no mercado de consumo, os fornecedores, para


se destacarem, buscam oferecer mais garantias contratuais de seus produtos e
serviços.

A jurisprudência vem se consolidando no sentido de que após o encerramento


da garantia contratual, se dá o início da contagem do prazo decadencial a
respeito do vício do produto (art. 26).
CLÁUSULAS ABUSIVAS (Arts. 51 a 53).

Tratando-se de normas de ordem pública, são NULAS as cláusulas que


contrariem regras ou princípios do CDC.

Por exemplo: Cláusulas de irresponsabilidade (não indenizar), comuns em


estacionamentos; cláusulas que neguem ao consumidor o direito de ser restituído
do que houver pago, em caso de rescisão de contrato; cláusulas que coloquem o
consumidor em desvantagem exagerada, incompatíveis com a boa-fé e
equidade; cláusulas que permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente,
variação do preço de maneira unilateral; Cláusulas que autorizem o fornecedor
a modificar unilateralmente o conteúdo ou qualidade do contrato, após sua
celebração; dentre outras de acordo com o caso concreto.
CONTRATOS DE ADESÃO (Art. 54).
Traduzem grande parte dos contratos de consumo, principalmente nos casos
de relações massificadas e impessoais.
Em suma, são contratos cujas cláusulas são estipuladas unilateralmente pelo
fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou
modificar substancialmente seu conteúdo. Exs.: contratos bancários, passagens
aéreas.

§ 3º. Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com


caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior ao corpo doze,
de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor. (Redação dada pela nº 11.785,
de 2008)

§ 4°. As cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor deverão


ser redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão.
DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS E INFRAÇÕES PENAIS.

Faça uma leitura atenta das sanções administrativas


e dos crimes contra as relações de consumo, artigos 55
a 80 do CDC.
DA DEFESA DO CONSUMIDOR EM JUÍZO (Art. 81 a 104).
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em
juízo individualmente, ou a título coletivo.

Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:

I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os


transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas
por circunstâncias de fato; (Ex.: todas as pessoas que foram expostas à publicidade abusiva).

II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os


transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas
ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base; (os titulares são
identificáveis, liame jurídico entre as pessoas. Ex.: alunos de uma universidade).

III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem


comum. (Ex.: assinantes de determinada TV por assinatura cujas mensalidades são abusivamente
aumentadas).
LEGITIMAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO.

A jurisprudência tem entendido que haverá legitimação


para a atuação do MP, por intermédio das ações coletivas,
desde que os direitos individuais homogêneos ostentem
relevante interesse social. Ex.: legitimação para promover
ação civil pública em defesa de interesses individuais
homogêneos presentes nos contratos de compra e venda de
imóveis de conjuntos habitacionais, eis que evidenciado o
interesse social.
LEGITIMAÇÃO DA UNIÃO, ESTADOS, MUNICÍPIOS E DF.

Esses entes políticos têm legitimação ativa concorrente para


propor ações coletivas em favor do consumidor. Embora não
sejam frequentes tais proposituras, são possíveis e desejáveis,
sendo certo que a defesa do consumidor é princípio
fundamental da ordem econômica e financeira (art. 170, V, CF),
e que ao poder público cabe zelar, em diversos níveis, pelo
respeito aos consumidores.
LEGITIMAÇÃO DOS PROCONS.
Prevê o art. 82, que são legitimados concorrentemente, inciso III: “as
entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que
sem personalidade jurídica, especificamente destinados à defesa dos
interesses e direitos protegidos por este código”.

Nesta seara atuam os Procons, que exercem papel relevante,


inclusive de esclarecimento da população, no exercício concreto dos direitos
do consumidor. Possuem legitimidade ad causam e, embora possuam
capacidade postulatória, a jurisprudência entende que não poderão figurar
no polo passivo das lides, eis que desprovidos de personalidade jurídica
própria.
Prevê o art. 82, que são legitimados
concorrentemente, inciso IV: “as associações legalmente
constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre
seus fins institucionais a defesa dos interesses e direitos
protegidos por este código, dispensada a autorização
assemblear”.
Por exemplo, podemos citar o IDEC – Instituto
Brasileiro de Defesa do Consumidor – que poderá propor
ação civil pública em defesa dos consumidores.
COMPETÊNCIA PARA A PROPOSITURA DAS AÇÕES.

O CDC traz regras próprias (Art. 101), aduzindo que nas ações
de responsabilidade civil do fornecedor de produtos e serviços, a ação
poderá ser proposta no domicílio do autor. Contemplando a ideia
básica de que se buscará sempre a facilitação da defesa dos direitos
do consumidor (art. 6º, VIII).

A propositura das ações no domicílio do réu (regra no processo


civil) é excepcionada no CDC, com vistas à proteção do consumidor. Este
possui a faculdade em optar pelo seu domicílio ou do fornecedor.
DA COISA JULGADA.
Nas ações coletivas a coisa julgada será, em regra, erga
omnes, isto é, terá eficácia ampla.
Interesses e direitos difusos: apenas não terá eficácia
erga omnes se a ação for julgada improcedente por
insuficiência de provas. Qualquer legitimado poderá propor
nova ação com mesmo fundamento, desde que se valha de
nova prova.
Direitos coletivos: a coisa julgada é ultra partes, não se
limitando a quem tomou parte no processo, porém se limita ao
grupo, à categoria ou à classe.
DA COISA JULGADA
Interesses e direitos individuais homogêneos: a
decisão que acolhe o pedido terá eficácia erga omnes,
mesmo para quem não se habilitou como litisconsorte (desde
que não tenha proposto ação individual autônoma).
Neste caso, pouco importa o fundamento que tenha
dado causa à improcedência da ação. Qualquer que tenha
sido, não obstará o ajuizamento de demandas individuais a
propósito. Tal solução se coaduna com a teleologia do CDC,
que é favorecer demandas coletivas, sem, no entanto,
prejudicar os interesses individuais dos consumidores.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

BRAGA NETTO, Felipe Peixoto. Manual de Direito do


Consumidor: à luz da jurisprudência do STJ- 14. ed.
Ver., ampl. e atual.- Salvador: Ed. JusPodivm, 2019.

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