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19/09/2022 22:38 Descomplica

Impacto socioeconômico do acidente


de trabalho

I mpacto socioeconômico do acidente de trabalho

O desenvolvimento da saúde do trabalhador no Brasil se intensificou


com a 1ª Conferência Nacional de Saúde dos Trabalhadores, que ocorreu
em Brasília em 1986. O conceito em si já vinha sendo amadurecido nos
anos anteriores e no meio acadêmico e sindical. Mesmo num contexto
histórico de transição de um regime político de ditadura militar para a
construção da sociedade civil, ganhou força a reivindicação social por
meio das novas leis trabalhistas e mudanças nos sistemas institucionais,
que contribuiu uma nova visão da relação saúde-mundo do trabalho
(MATTOS; MÁSCULO, 2019).

A compreensão dessa interface entre saúde e trabalho é a base da


Higiene do Trabalho e está envolvida por um conflito de interesse entre a
empresa (empregador), o trabalhador (empregado) e a sociedade. O
acidente de trabalho corresponde à materialização desse conflito. É por
esse motivo que nos próximos tópicos serão explanadas as teorias
jurídicas, as responsabilidades civil e social, bem como aspectos
relevantes acerca da previdência social, habilitação e reabilitação do
trabalhador acidentado (MATTOS; MÁSCULO, 2019).

Teorias jurídicas

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As teorias jurídicas foram determinantes para explicar as causas dos


acidentes, bem como para atribuir as parcelas de responsabilidade a cada
um dos envolvidos nos mesmos. Conforme comentado anteriormente, a
relação saúde-trabalho é pautada por diferentes conceitos e correntes de
cunho ideológicos. Com base nestas emergiram três formas de ação e
interpretação regidas por uma combinação de conhecimentos advindos
dos seguintes campos de estudo: medicina do trabalho, saúde
ocupacional e saúde do trabalhador, Ciências Jurídicas e Sociais. As três
referidas correntes resultantes são denominadas teoria da culpa, teoria do
risco profissional e teoria do risco social (MATTOS; MÁSCULO, 2019).

O Quadro 1 descreve aspectos conceituais relativos à cada uma das


correntes supracitadas.

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Quadro 1 - Entendimento dos riscos associados a


acidentes de trabalho à luz das teorias jurídicas.
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Observa-se que, ao conhecer a linha do tempo do desenvolvimento de


cada uma das teorias, evidencia-se a relação entre a evolução da
ordenação social, política e econômica da sociedade e a elevação da
necessidade de proteção e preservação da segurança e saúde dos
trabalhadores durante a execução dos afazeres laborais, que provêm a
produção de bens e serviços de consumo.

Responsabilidades civil e social

De acordo com o art. 7º da Constituição Federal (CF) de 1988, o


pagamento do seguro contra acidentes de trabalho é uma
responsabilidade do empregador e também um direito dos trabalhadores
urbanos e rurais. O prêmio é recolhido pelo INSS e corresponde entre 1 a
3% da folha de pagamento das empresas. A definição do percentual de
recolhimento é feita em conformidade com o grau de risco da atividade
preponderante da empresa, pregada pela Lei 8.212/91, que determinou o
seguinte: 1%, quando o risco é leve; de 2%, quando o risco é médio; e 3%
para risco grave (POLONI, 1998).

 Apesar disso, a Lei 8.212/91 não definiu o que seria risco leve, médio ou
grave, tampouco atividade preponderante, lacunas estas que foram
preenchidas pelo Decreto 612/92. Este delimitou o grau de periculosidade
de cada atividade e esclareceu que a atividade principal constitui aquela
que ocupa o maior número de funcionários da empresa. Entretanto, ainda
assim ocorrem o que podemos chamar de “inadequação” práticas em
virtude da interpretação desse decreto, visto que, por exemplo: uma
empresa cuja atividade econômica principal se apesar de sua atividade
enquadre no grau de risco mais grave (3%), contribuirá ao SAT pela taxa
de risco leve (1%), única e exclusivamente devido ao fato de possuir um
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maior número de empregados alocados nos setores administrativos, de


vendas e finanças (POLONI, 1998).

Conforme discutido anteriormente, o SAT segue a teoria do risco social, e


caracteriza-se como uma responsabilidade objetiva ou sem culpa. A
responsabilidade objetiva se dá quando não é necessário comprovar a
culpa do empregador, nem do trabalhador, de forma que não se questiona
se há ou não culpa, mas sim nexo de causalidade. Existindo nexo de
causalidade, é obrigatório indenizar (MATTOS; MÁSCULO, 2019).

De acordo com Sérgio Pontes (2018, p.1):

Na seara da Responsabilidade Civil, o nexo causal é a


ligação entre a conduta do agente e o resultado
danoso. Ou seja, é preciso que o ato ensejador da
responsabilidade seja a causa do dano e que o prejuízo
sofrido pela vítima seja decorrência desse ato. Impõe-
se que se prove a ligação causal entre a conduta do
agente e o resultado danoso. O nexo causal cumpre
uma dupla função: determinar o autor do dano, e
verificar a sua extensão, pois serve como medida de
indenização (PONTES, 2018, p.1).

A CF também considera outras três hipóteses: culpa exclusiva da vítima,


caso fortuito ou força maior. A culpa pode constituir uma conduta positiva
ou negativa, que conduz a falta de previsão do que é previsível, mesmo
que a pessoa não tenha a intenção de desencadear o evento indesejado
(MATTOS; MÁSCULO, 2019).

  Tem-se ainda a responsabilidade civil subjetiva, na qual é dever do


empregador indenizar a vítima do acidente quando incorrer em dolo ou
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culpa. No que tange aos casos de responsabilidade objetiva e subjetiva,


em ambos é imprescindível comprovar o nexo de causalidade. A
diferença primordial é que na responsabilidade subjetiva é exigida a
demonstração do elemento subjetivo – a culpa. Já na responsabilidade
objetiva é necessária apenas a presença da conduta, do dano e a
comprovação do nexo causal entre o dano e a conduta (MATTOS;
MÁSCULO, 2019).

Desenvolver uma cultura de responsabilidade social se tornou essencial


para a gestão das organizações que desejam se manter competitivas no
mercado. A responsabilidade social visa a obtenção de ganhos de cadeia
de produção e também para a comunidade, o ambiente, o governo e os
consumidores. Sob essa ótica, o objetivo é ser plural, distributiva,
sustentável e transparente. Também envolve uma melhor performance
nos negócios e, consequentemente, maior lucratividade (MATTOS;
MÁSCULO, 2019).

Planos de benefícios da previdência social

De acordo com a Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991:

Art. 18.  O Regime Geral de Previdência Social


compreende as seguintes prestações, devidas inclusive
em razão de eventos decorrentes de acidente do
trabalho, expressas em benefícios e serviços:

I - quanto ao segurado:

a) aposentadoria por invalidez;

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b) aposentadoria por idade;

c) aposentadoria por tempo de contribuição;

d) aposentadoria especial;

e) auxílio-doença;

f) salário-família;

g) salário-maternidade;

h) auxílio-acidente;

I - quanto ao dependente:

a) pensão por morte;

b) auxílio-reclusão;

III - quanto ao segurado e dependente:

b) serviço social;

c) reabilitação profissional.

§ 1o Somente poderão beneficiar-se do auxílio-acidente


os segurados incluídos nos incisos I, II, VI e VII do art.
11 desta Lei (BRASIL, 1991, art. 18).

Nos artigos 24 e 26, a Lei no 8.213 define os prazos de carência, ou seja,


o número mínimo de contribuições mensais consideradas para que o

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beneficiário faça jus à percepção do benefício (BARSANO; BARBOSA,


2014).

Habilitação e reabilitação do trabalhador acidentado

A Lei no 8.213/1991, nos seus artigos 89 a 93 estabelece os principais


direitos dos trabalhadores, as obrigações dos empregadores e do Poder
Público em garantir condições de trabalho seguras, formas de locomoção
adequadas e qualidade de vida, conforme Planos de Benefícios da
Previdência Social disposto nesse instrumento normativo. Abaixo seguem
alguns trechos relevantes:

Art. 89. A habilitação e a reabilitação profissional e


social deverão proporcionar ao beneficiário
incapacitado parcial ou totalmente para o trabalho, e às
pessoas portadoras de deficiência, os meios para a
(re)educação e de (re)adaptação profissional e social
indicados para participar do mercado de trabalho e do
contexto em que vive.

[...] Art. 91. Será concedido, no caso de habilitação e


reabilitação profissional, auxílio para tratamento ou
exame fora do domicílio do beneficiário, conforme
dispuser o Regulamento.

Assim, o intuito da habilitação e a reabilitação profissional e social é


proporcionar condições de recuperação da integridade orgânica dos
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profissionais beneficiários que estejam incapacitados parcial ou totalmente


para o trabalho (BARSANO; BARBOSA, 2014).

Atividade Extra

Assista ao vídeo “Vitalidade Abril Verde – cuidados com a saúde e


segurança do trabalhador”, disponibilizado pela TV Câmara Novo
Hamburgo, o qual traz a entrevista com o médico traumatologista Dr. Erik
Carvalho, o qual discute as principais consequências dos acidentes de
trabalho, a importância da prevenção e aspectos socioeconômicos dos
acidentes de trabalho (Link de acesso: https://www.youtube.com/watch?
v=uPpdreUaSw4).

Referências Bibliográficas

BARSANO, P. R.; BARBOSA, R. P. Legislação aplicada à segurança


do trabalho. 1 ed. São Paulo: Érica, 2014.

BRASIL. Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991: Dispõe sobre os Planos


de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm >.

POLONI, Antonio S. Seguro Acidente de Trabalho - SAT. Revista Jus


Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 3, n. 27, 23 dez. 1998.
Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/1439>.

https://aulas.descomplica.com.br/pos/pos-graduacao-em-engenharia-de-seguranca-do-trabalho/turma/introducao-a-engenharia-de-seguranca-d… 9/10
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PONTES, S. O Nexo de Causalidade. Jusbrasil. Disponível em: <


https://sergiopontes.jusbrasil.com.br/artigos/608749366/o-nexo-de-
causalidade>.

MATTOS, U. A.; MÁSCULO, F. S. Higiene e segurança do trabalho. 2.


ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2019.

STUMM, S. B. Segurança do trabalho e ergonomia [recurso eletrônico].


Curitiba: Contentus, 2020.

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