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CÓD: OP-088FV-23

7908403533312

PETROBRAS
PETRÓLEO BRASILEIRO S.A

Ênfase 7: Operação
EDITAL Nº 1 - PETROBRAS/PSP RH 2023.1
• A Opção não está vinculada às organizadoras de Concurso Público. A aquisição do material não garante sua inscrição ou ingresso na
carreira pública,

• Sua apostila aborda os tópicos do Edital de forma prática e esquematizada,

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no prazo de até 05 dias úteis.,

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Apostilas Opção, a Opção certa para a sua realização.


ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados.Reconhecimento de tipos textuais: narração, descrição,
dissertação. .............................................................................................................................................................................. 5
2. Domínio da ortografia oficial.................................................................................................................................................... 15
3. Emprego das classes de palavras: substantivos, adjetivos, verbos, conjunções, preposições, pronomes, advérbios. ............ 16
4. Reconhecimento e emprego das estruturas morfossintáticas do texto. .................................................................................. 22
5. Relações de regência entre termos. ......................................................................................................................................... 25
6. Relações de concordância entre termos. ................................................................................................................................. 26
7. Sinais de pontuação.................................................................................................................................................................. 28
8. Reescritura de frases e parágrafos do texto.............................................................................................................................. 29

Matemática
1. Teoria dos conjuntos. Conjuntos numéricos. Relações entre conjuntos................................................................................. 33
2. Funções exponenciais, logarítmicas e trigonométricas. Equações de 1º grau. Equações polinomiais reduzidas ao 2º grau.
Equações exponenciais, logarítmicas e trigonométricas........................................................................................................ 42
3. Análise combinatória: permutação, arranjo, combinação. Eventos independentes............................................................... 60
4. Progressão aritmética. Progressão geométrica...................................................................................................................... 63
5. Matrizes. Determinantes. Sistemas lineares. ......................................................................................................................... 68
6. Trigonometria......................................................................................................................................................................... 78
7. Geometria plana. Geometria espacial. Geometria analítica: equação da reta, parábola e círculo........................................ 85
8. Matemática financeira: capital, juros simples, juros compostos, montante........................................................................... 97

Conhecimentos Específicos - Bloco I


1. Ácidos, bases, sais e óxidos....................................................................................................................................................... 113
2. Reações de óxido-redução........................................................................................................................................................ 113
3. Cálculos estequiométricos........................................................................................................................................................ 115
4. Transformações químicas e equilíbrio. Condições de Equilíbrio............................................................................................... 125
5. Soluções aquosas...................................................................................................................................................................... 138
6. Dispersões. ............................................................................................................................................................................... 138
7. Natureza elétrica da matéria.Eletrostática. .............................................................................................................................. 140
8. Leis de Newton. ....................................................................................................................................................................... 179
9. Cargas em movimento. Eletromagnetismo. ............................................................................................................................. 188
10. Termodinâmica Básica.............................................................................................................................................................. 202
11. Noções de Instrumentação. ..................................................................................................................................................... 206
12. Química orgânica: hidrocarbonetos e polímeros. .................................................................................................................... 207
13. Noções de Metrologia. ............................................................................................................................................................ 240
14. Noções de eletricidade e eletrônica......................................................................................................................................... 281
ÍNDICE

Conhecimentos Específicos - Bloco II


1. Estática, cinemática e dinâmica. ............................................................................................................................................... 285
2. Conservação de Energia Mecânica. .......................................................................................................................................... 307
3. Propriedades e processos térmicos........................................................................................................................................... 316
4. Máquinas térmicas e processos naturais................................................................................................................................... 316
5. Termoquímica. .......................................................................................................................................................................... 317
6. Radiação eletromagnética......................................................................................................................................................... 321
7. Hidrostática................................................................................................................................................................................ 323
8. Escalas de temperatura. ............................................................................................................................................................ 325
9. Estudo dos Gases....................................................................................................................................................................... 326

Conhecimentos Específicos - Bloco III


1. Noções de controle de processo.............................................................................................................................................. 333
2. Noções de operações unitárias................................................................................................................................................ 339
3. Noções de equipamentos de processo: bombas centrífugas e alternativas; .......................................................................... 340
4. Permutadores de casco/tubo; ................................................................................................................................................. 345
5. Tubulações industriais, válvulas e acessórios.......................................................................................................................... 350
6. Segurança, meio ambiente e saúde......................................................................................................................................... 360
7. Mecânica dos fluidos............................................................................................................................................................... 367
8. Transmissão e transmissores pneumáticos e eletrônicos........................................................................................................ 374
LÍNGUA PORTUGUESA

Tipos textuais
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DE A tipologia textual se classifica a partir da estrutura e da finali-
GÊNEROS VARIADOS. RECONHECIMENTO DE TIPOS dade do texto, ou seja, está relacionada ao modo como o texto se
TEXTUAIS: NARRAÇÃO, DESCRIÇÃO, DISSERTAÇÃO apresenta. A partir de sua função, é possível estabelecer um padrão
específico para se fazer a enunciação.
Veja, no quadro abaixo, os principais tipos e suas característi-
Compreender e interpretar textos é essencial para que o obje- cas:
tivo de comunicação seja alcançado satisfatoriamente. Com isso, é
importante saber diferenciar os dois conceitos. Vale lembrar que o Apresenta um enredo, com ações e
texto pode ser verbal ou não-verbal, desde que tenha um sentido relações entre personagens, que ocorre
completo. em determinados espaço e tempo. É
A compreensão se relaciona ao entendimento de um texto e TEXTO NARRATIVO
contado por um narrador, e se estrutura
de sua proposta comunicativa, decodificando a mensagem explíci- da seguinte maneira: apresentação >
ta. Só depois de compreender o texto que é possível fazer a sua desenvolvimento > clímax > desfecho
interpretação.
A interpretação são as conclusões que chegamos a partir do Tem o objetivo de defender determinado
conteúdo do texto, isto é, ela se encontra para além daquilo que TEXTO ponto de vista, persuadindo o leitor a
está escrito ou mostrado. Assim, podemos dizer que a interpreta- DISSERTATIVO partir do uso de argumentos sólidos.
ção é subjetiva, contando com o conhecimento prévio e do reper- ARGUMENTATIVO Sua estrutura comum é: introdução >
tório do leitor. desenvolvimento > conclusão.
Dessa maneira, para compreender e interpretar bem um texto, Procura expor ideias, sem a necessidade
é necessário fazer a decodificação de códigos linguísticos e/ou vi- de defender algum ponto de vista. Para
suais, isto é, identificar figuras de linguagem, reconhecer o sentido isso, usa-se comparações, informações,
de conjunções e preposições, por exemplo, bem como identificar TEXTO EXPOSITIVO
definições, conceitualizações etc. A
expressões, gestos e cores quando se trata de imagens. estrutura segue a do texto dissertativo-
argumentativo.
Dicas práticas
Expõe acontecimentos, lugares, pessoas,
1. Faça um resumo (pode ser uma palavra, uma frase, um con-
de modo que sua finalidade é descrever,
ceito) sobre o assunto e os argumentos apresentados em cada pa-
TEXTO DESCRITIVO ou seja, caracterizar algo ou alguém. Com
rágrafo, tentando traçar a linha de raciocínio do texto. Se possível,
isso, é um texto rico em adjetivos e em
adicione também pensamentos e inferências próprias às anotações.
verbos de ligação.
2. Tenha sempre um dicionário ou uma ferramenta de busca
por perto, para poder procurar o significado de palavras desconhe- Oferece instruções, com o objetivo de
cidas. TEXTO INJUNTIVO orientar o leitor. Sua maior característica
3. Fique atento aos detalhes oferecidos pelo texto: dados, fon- são os verbos no modo imperativo.
te de referências e datas.
4. Sublinhe as informações importantes, separando fatos de
opiniões. Gêneros textuais
5. Perceba o enunciado das questões. De um modo geral, ques- A classificação dos gêneros textuais se dá a partir do reconhe-
tões que esperam compreensão do texto aparecem com as seguin- cimento de certos padrões estruturais que se constituem a partir
tes expressões: o autor afirma/sugere que...; segundo o texto...; de da função social do texto. No entanto, sua estrutura e seu estilo
acordo com o autor... Já as questões que esperam interpretação do não são tão limitados e definidos como ocorre na tipologia textual,
texto aparecem com as seguintes expressões: conclui-se do texto podendo se apresentar com uma grande diversidade. Além disso, o
que...; o texto permite deduzir que...; qual é a intenção do autor padrão também pode sofrer modificações ao longo do tempo, as-
quando afirma que... sim como a própria língua e a comunicação, no geral.
Alguns exemplos de gêneros textuais:
Tipologia Textual • Artigo
A partir da estrutura linguística, da função social e da finali- • Bilhete
dade de um texto, é possível identificar a qual tipo e gênero ele • Bula
pertence. Antes, é preciso entender a diferença entre essas duas • Carta
classificações. • Conto
• Crônica
• E-mail

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LÍNGUA PORTUGUESA

• Lista Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento:


• Manual A é igual a B.
• Notícia A é igual a C.
• Poema Então: C é igual a B.
• Propaganda
• Receita culinária Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamente,
• Resenha que C é igual a A.
• Seminário Outro exemplo:
Todo ruminante é um mamífero.
Vale lembrar que é comum enquadrar os gêneros textuais em A vaca é um ruminante.
determinados tipos textuais. No entanto, nada impede que um tex- Logo, a vaca é um mamífero.
to literário seja feito com a estruturação de uma receita culinária,
por exemplo. Então, fique atento quanto às características, à finali- Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão
dade e à função social de cada texto analisado. também será verdadeira.
No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele,
ARGUMENTAÇÃO a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve-se
O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma informa- mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais plau-
ção a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem positiva sível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-se mais
de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, ou inteligente, confiável do que os concorrentes porque existe desde a chegada
ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz seja admitido como da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-nos que um
verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de convencer, ou seja, tem banco com quase dois séculos de existência é sólido e, por isso, con-
o desejo de que o ouvinte creia no que o texto diz e faça o que ele fiável. Embora não haja relação necessária entre a solidez de uma
propõe. instituição bancária e sua antiguidade, esta tem peso argumentati-
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo vo na afirmação da confiabilidade de um banco. Portanto é provável
texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o que se creia que um banco mais antigo seja mais confiável do que
conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir outro fundado há dois ou três anos.
a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase
tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer as
vista defendidos. pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante enten-
As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas der bem como eles funcionam.
uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso
veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o auditó-
acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocu- rio, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais fácil quanto
tor a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o mais os argumentos estiverem de acordo com suas crenças, suas
que está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio expectativas, seus valores. Não se pode convencer um auditório
da retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recur- pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas que ele abomi-
sos de linguagem. na. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas que ele considera
Para compreender claramente o que é um argumento, é bom positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem com frequência
voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., numa associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos Estados Unidos,
obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de essa associação certamente não surtiria efeito, porque lá o futebol
escolher entre duas ou mais coisas”. não é valorizado da mesma forma que no Brasil. O poder persuasivo
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma des- de um argumento está vinculado ao que é valorizado ou desvalori-
vantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos argumentar. zado numa dada cultura.
Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher entre duas
coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso, pre- Tipos de Argumento
cisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável. O argu- Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado a fa-
mento pode então ser definido como qualquer recurso que torna zer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um argu-
uma coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua no mento. Exemplo:
domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor crer
que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais pos- Argumento de Autoridade
sível que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra. É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas
O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de pelo auditório como autoridades em certo domínio do saber, para
um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse recur-
enunciador está propondo. Há uma diferença entre o raciocínio ló- so produz dois efeitos distintos: revela o conhecimento do produtor
gico e a argumentação. O primeiro opera no domínio do necessário, do texto a respeito do assunto de que está tratando; dá ao texto a
ou seja, pretende demonstrar que uma conclusão deriva necessa- garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do texto
riamente das premissas propostas, que se deduz obrigatoriamente um amontoado de citações. A citação precisa ser pertinente e ver-
dos postulados admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não dadeira. Exemplo:
dependem de crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas ape- “A imaginação é mais importante do que o conhecimento.”
nas do encadeamento de premissas e conclusões.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmente
ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há conhe- aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que con-
cimento. Nunca o inverso. correm para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: fugir do
Alex José Periscinoto. tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões que não se
In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2 fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afirmações gerais
com fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair generalizações
A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais impor- indevidas.
tante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir a ela,
o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mundo. Se Argumento do Atributo
um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas devem É aquele que considera melhor o que tem propriedades típi-
acreditar que é verdade. cas daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo, o mais
raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o
Argumento de Quantidade que é mais grosseiro, etc.
É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior nú- Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência, ce-
mero de pessoas, o que existe em maior número, o que tem maior lebridades recomendando prédios residenciais, produtos de beleza,
duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o consumidor
desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publicidade faz tende a associar o produto anunciado com atributos da celebrida-
largo uso do argumento de quantidade. de.
Uma variante do argumento de atributo é o argumento da
Argumento do Consenso competência linguística. A utilização da variante culta e formal da
É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta-se língua que o produtor do texto conhece a norma linguística social-
em afirmações que, numa determinada época, são aceitas como mente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir um texto
verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a menos que o em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que o modo de
objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte da ideia de dizer dá confiabilidade ao que se diz.
que o consenso, mesmo que equivocado, corresponde ao indiscu- Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de saúde
tível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que não de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas manei-
desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por exemplo, as ras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais ade-
afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido e de que quada para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria certa
estranheza e não criaria uma imagem de competência do médico:
as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos. Ao
- Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando em
confiar no consenso, porém, corre-se o risco de passar dos argu-
conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica houve
mentos válidos para os lugares comuns, os preconceitos e as frases
por bem determinar o internamento do governador pelo período
carentes de qualquer base científica.
de três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001.
- Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque al-
Argumento de Existência
guns deles são barrapesada, a gente botou o governador no hospi-
É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar
tal por três dias.
aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que é apenas
provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o ar- Como dissemos antes, todo texto tem uma função argumen-
gumento de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na mão tativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério, para ser
do que dois voando”. ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de comunicação
Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que pretenda ser, um
(fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas concre- texto tem sempre uma orientação argumentativa.
tas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. Durante A orientação argumentativa é uma certa direção que o falante
a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o exérci- traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de um
to americano era muito mais poderoso do que o iraquiano. Essa homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá-lo
afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia ser ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza.
vista como propagandística. No entanto, quando documentada pela O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto
comparação do número de canhões, de carros de combate, de na- dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos episó-
vios, etc., ganhava credibilidade. dios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e não
outras, etc. Veja:
Argumento quase lógico “O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras troca-
É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa vam abraços afetuosos.”
e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses raciocínios são
chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios lógi- O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que noras
cos, eles não pretendem estabelecer relações necessárias entre os e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhido esse
elementos, mas sim instituir relações prováveis, possíveis, plausí- fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até,
veis. Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a C”, “en- que serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada.
tão A é igual a C”, estabelece-se uma relação de identidade lógica. Além dos defeitos de argumentação mencionados quando tra-
Entretanto, quando se afirma “Amigo de amigo meu é meu amigo” tamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros:
não se institui uma identidade lógica, mas uma identidade provável.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão am- possibilidade de discordar ou concordar parcialmente. A liberdade
plo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu contrá- de questionar é fundamental, mas não é suficiente para organizar
rio. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente, pode ser um texto dissertativo. É necessária também a exposição dos fun-
usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras podem ter valor damentos, os motivos, os porquês da defesa de um ponto de vista.
positivo (paz, justiça, honestidade, democracia) ou vir carregadas Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude argu-
de valor negativo (autoritarismo, degradação do meio ambiente, mentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo de dis-
injustiça, corrupção). curso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se evidencia.
- Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas por Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posições,
um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos são é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de vista e
ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para destruir seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, muitas ve-
o argumento. zes, a análise de argumentos opostos, antagônicos. Como sempre,
- Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do con- essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom exercício para
texto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando-as e aprender a argumentar e contra-argumentar consiste em desenvol-
atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o caso, por ver as seguintes habilidades:
exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias não permite - argumentação: anotar todos os argumentos a favor de uma
que outras crescam”, em que o termo imperialismo é descabido, ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição total-
uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a reduzir mente contrária;
outros à sua dependência política e econômica”. - contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais os
argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apresenta-
A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situa- ria contra a argumentação proposta;
ção concreta do texto, que leva em conta os componentes envolvi- - refutação: argumentos e razões contra a argumentação opos-
dos na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação, ta.
o assunto, etc).
Convém ainda alertar que não se convence ninguém com mani- A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto, ar-
gumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclusões
festações de sinceridade do autor (como eu, que não costumo men-
válidas, como se procede no método dialético. O método dialético
tir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas feitas
não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas.
(como estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é evidente,
Trata-se de um método de investigação da realidade pelo estudo de
afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de prometer, em seu texto,
sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno em ques-
sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o enunciador deve tão e da mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade.
construir um texto que revele isso. Em outros termos, essas quali- Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou o mé-
dades não se prometem, manifestam-se na ação. todo de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que parte do
A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência são a mes-
verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a pessoa a ma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar a conclusões
que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz. verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado em partes, co-
Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um meçando-se pelas proposições mais simples até alcançar, por meio
ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que inclui de deduções, a conclusão final. Para a linha de raciocínio cartesiana,
a argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir. Ar- é fundamental determinar o problema, dividi-lo em partes, ordenar
gumentar é o processo pelo qual se estabelecem relações para che- os conceitos, simplificando-os, enumerar todos os seus elementos
gar à conclusão, com base em premissas. Persuadir é um processo e determinar o lugar de cada um no conjunto da dedução.
de convencimento, por meio da argumentação, no qual procura-se A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a
convencer os outros, de modo a influenciar seu pensamento e seu argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs quatro
comportamento. regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais, uma
A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão váli- série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca
da, expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia ou pro- da verdade:
posição, e o interlocutor pode questionar cada passo do raciocínio - evidência;
empregado na argumentação. A persuasão não válida apoia-se em - divisão ou análise;
argumentos subjetivos, apelos subliminares, chantagens sentimen- - ordem ou dedução;
tais, com o emprego de “apelações”, como a inflexão de voz, a mí- - enumeração.
mica e até o choro.
Alguns autores classificam a dissertação em duas modalidades, A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão
expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, razões a fa- e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode quebrar o
vor e contra uma ideia, ao passo que a outra é informativa, apresen- encadeamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo.
A forma de argumentação mais empregada na redação acadê-
ta dados sem a intenção de convencer. Na verdade, a escolha dos
mica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas, que
dados levantados, a maneira de expô-los no texto já revelam uma
contém três proposições: duas premissas, maior e menor, e a con-
“tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na disserta-
clusão. As três proposições são encadeadas de tal forma, que a con-
ção, ainda que sem a apresentação explícita de argumentos. Desse
clusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A premissa
ponto de vista, a dissertação pode ser definida como discussão, de- maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois alguns não
bate, questionamento, o que implica a liberdade de pensamento, a caracteriza a universalidade.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução (silo- Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão
gística), que parte do geral para o particular, e a indução, que vai do pode ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são pro-
particular para o geral. A expressão formal do método dedutivo é o fessores; nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Reden-
silogismo. A dedução é o caminho das consequências, baseia-se em tor. Comete-se erro quando se faz generalizações apressadas ou
uma conexão descendente (do geral para o particular) que leva à infundadas. A “simples inspeção” é a ausência de análise ou análise
conclusão. Segundo esse método, partindo-se de teorias gerais, de superficial dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, base-
verdades universais, pode-se chegar à previsão ou determinação de ados nos sentimentos não ditados pela razão.
fenômenos particulares. O percurso do raciocínio vai da causa para Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não fundamen-
o efeito. Exemplo: tais, que contribuem para a descoberta ou comprovação da verda-
de: análise, síntese, classificação e definição. Além desses, existem
Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal) outros métodos particulares de algumas ciências, que adaptam os
Fulano é homem (premissa menor = particular) processos de dedução e indução à natureza de uma realidade par-
Logo, Fulano é mortal (conclusão) ticular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu método próprio
demonstrativo, comparativo, histórico etc. A análise, a síntese, a
A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseia-
classificação a definição são chamadas métodos sistemáticos, por-
se em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Nesse
que pela organização e ordenação das ideias visam sistematizar a
caso, as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja, par-
pesquisa.
te de fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desconheci-
Análise e síntese são dois processos opostos, mas interligados;
dos. O percurso do raciocínio se faz do efeito para a causa. Exemplo:
O calor dilata o ferro (particular) a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes para o
O calor dilata o bronze (particular) todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, uma de-
O calor dilata o cobre (particular) pende da outra. A análise decompõe o todo em partes, enquanto a
O ferro, o bronze, o cobre são metais síntese recompõe o todo pela reunião das partes. Sabe-se, porém,
Logo, o calor dilata metais (geral, universal) que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém
reunisse todas as peças de um relógio, não significa que reconstruiu
Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido o relógio, pois fez apenas um amontoado de partes. Só reconstruiria
e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas todo se as partes estivessem organizadas, devidamente combina-
também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos fatos, das, seguida uma ordem de relações necessárias, funcionais, então,
pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma conclu- o relógio estaria reconstruído.
são falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição inexata, Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo por
uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa analogia são meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num con-
algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe má fé, intenção junto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a análise,
deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o sofisma não tem que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma decompo-
essas intenções propositais, costuma-se chamar esse processo de sição organizada, é preciso saber como dividir o todo em partes. As
argumentação de paralogismo. Encontra-se um exemplo simples de operações que se realizam na análise e na síntese podem ser assim
sofisma no seguinte diálogo: relacionadas:
- Você concorda que possui uma coisa que não perdeu? Análise: penetrar, decompor, separar, dividir.
- Lógico, concordo. Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir.
- Você perdeu um brilhante de 40 quilates?
- Claro que não! A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias
- Então você possui um brilhante de 40 quilates... a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da criação
de abordagens possíveis. A síntese também é importante na esco-
Exemplos de sofismas: lha dos elementos que farão parte do texto.
Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou in-
Dedução
formal. A análise formal pode ser científica ou experimental; é ca-
Todo professor tem um diploma (geral, universal)
racterística das ciências matemáticas, físico-naturais e experimen-
Fulano tem um diploma (particular)
tais. A análise informal é racional ou total, consiste em “discernir”
Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa)
por vários atos distintos da atenção os elementos constitutivos de
Indução um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou fenômeno.
O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor. (parti- A análise decompõe o todo em partes, a classificação estabe-
cular) lece as necessárias relações de dependência e hierarquia entre as
Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular) partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a ponto de se
Rio de Janeiro e Taubaté são cidades. confundir uma com a outra, contudo são procedimentos diversos:
Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (geral análise é decomposição e classificação é hierarquisação.
– conclusão falsa) Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fenôme-
nos por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências naturais,
a classificação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou
menos arbitrário, em que os caracteres comuns e diferenciadores
são empregados de modo mais ou menos convencional.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A classificação, no reino animal, em ramos, classes, ordens, su- É muito comum formular definições de maneira defeituosa,
bordens, gêneros e espécies, é um exemplo de classificação natural, por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo em par-
pelas características comuns e diferenciadoras. A classificação dos tes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando é
variados itens integrantes de uma lista mais ou menos caótica é ar- advérbio de tempo, não representa o gênero, a espécie, a gente é
tificial. forma coloquial não adequada à redação acadêmica. Tão importan-
te é saber formular uma definição, que se recorre a Garcia (1973,
Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, caminhão, p.306), para determinar os “requisitos da definição denotativa”.
canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, relógio, Para ser exata, a definição deve apresentar os seguintes requisitos:
sabiá, torradeira. - o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em
Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá. que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está
Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo. realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta
Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira. ou instalação”;
Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus. - o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos os
exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente restrito
Os elementos desta lista foram classificados por ordem alfabé- para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade;
tica e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer critérios de - deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade,
classificação das ideias e argumentos, pela ordem de importância, é definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”;
uma habilidade indispensável para elaborar o desenvolvimento de - deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui
uma redação. Tanto faz que a ordem seja crescente, do fato mais definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um homem”
importante para o menos importante, ou decrescente, primeiro não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem);
o menos importante e, no final, o impacto do mais importante; é
indispensável que haja uma lógica na classificação. A elaboração - deve ser breve (contida num só período). Quando a definição,
do plano compreende a classificação das partes e subdivisões, ou ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries de períodos
seja, os elementos do plano devem obedecer a uma hierarquização. ou de parágrafos), chama-se explicação, e também definição expan-
(Garcia, 1973, p. 302304.) dida;d
Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na in- - deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) +
trodução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para expres- cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjuntos (as
sar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara e racio- diferenças).
nalmente as posições assumidas e os argumentos que as justificam.
É muito importante deixar claro o campo da discussão e a posição As definições dos dicionários de língua são feitas por meio de
adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também os pontos paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguística que
de vista sobre ele. consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a pala-
A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da lingua- vra e seus significados.
gem e consiste na enumeração das qualidades próprias de uma A força do texto dissertativo está em sua fundamentação. Sem-
ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento conforme a pre é fundamental procurar um porquê, uma razão verdadeira e
espécie a que pertence, demonstra: a característica que o diferen- necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada
cia dos outros elementos dessa mesma espécie. com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional do
Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição mundo não tem valor, se não estiver acompanhado de uma funda-
é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências. A mentação coerente e adequada.
definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às pa- Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica clás-
lavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou sica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o julgamento
metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo a lógica da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é clara e pode reco-
tradicional aristotélica, a definição consta de três elementos: nhecer-se facilmente seus elementos e suas relações; outras vezes,
- o termo a ser definido; as premissas e as conclusões organizam-se de modo livre, mistu-
- o gênero ou espécie; rando-se na estrutura do argumento. Por isso, é preciso aprender a
- a diferença específica. reconhecer os elementos que constituem um argumento: premis-
sas/conclusões. Depois de reconhecer, verificar se tais elementos
O que distingue o termo definido de outros elementos da mes- são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar se o argumento está
ma espécie. Exemplo: expresso corretamente; se há coerência e adequação entre seus
elementos, ou se há contradição. Para isso é que se aprende os pro-
Na frase: O homem é um animal racional classifica-se: cessos de raciocínio por dedução e por indução. Admitindo-se que
raciocinar é relacionar, conclui-se que o argumento é um tipo espe-
cífico de relação entre as premissas e a conclusão.
Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimentos
argumentativos mais empregados para comprovar uma afirmação:
exemplificação, explicitação, enumeração, comparação.
Elemento especie diferença
a ser definidoespecífica

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LÍNGUA PORTUGUESA

Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por meio Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de
de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões comuns nes- um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados con-
se tipo de procedimento: mais importante que, superior a, de maior cretos, estatísticos ou documentais.
relevância que. Empregam-se também dados estatísticos, acompa- Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação se
nhados de expressões: considerando os dados; conforme os dados realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica: cau-
apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela apresentação de sa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência.
causas e consequências, usando-se comumente as expressões: por- Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declarações,
que, porquanto, pois que, uma vez que, visto que, por causa de, em julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam opini-
virtude de, em vista de, por motivo de. ões pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade comprovada,
Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é expli- e só os fatos provam. Em resumo toda afirmação ou juízo que ex-
car ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se alcançar presse uma opinião pessoal só terá validade se fundamentada na
esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela interpreta- evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade
ção. Na explicitação por definição, empregamse expressões como: dos argumentos, porém, pode ser contestada por meio da contra-
quer dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, isto é, haja vista, -argumentação ou refutação. São vários os processos de contra-ar-
ou melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: conforme, gumentação:
segundo, na opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação demonstran-
entender de, no pensamento de. A explicitação se faz também pela do o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a contraargu-
interpretação, em que são comuns as seguintes expressões: parece, mentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o cordeiro”;
assim, desse ponto de vista. Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses
Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga ver-
elementos que comprovam uma opinião, tais como a enumeração dadeira;
de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento à opi-
frequentes as expressões: primeiro, segundo, por último, antes, de- nião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a universali-
pois, ainda, em seguida, então, presentemente, antigamente, de- dade da afirmação;
pois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente, Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade: consis-
respectivamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de te em refutar um argumento empregando os testemunhos de auto-
espaço, empregam-se as seguintes expressões: cá, lá, acolá, ali, aí, ridade que contrariam a afirmação apresentada;
além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em de-
interior, nas grandes cidades, no sul, no leste... sautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador baseou-se
Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras de em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou inconsequentes.
se estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar uma Por exemplo, se na argumentação afirmou-se, por meio de dados
ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da mesma estatísticos, que “o controle demográfico produz o desenvolvimen-
forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente. Para esta- to”, afirma-se que a conclusão é inconsequente, pois baseia-se em
belecer contraste, empregam-se as expressões: mais que, menos uma relação de causa-feito difícil de ser comprovada. Para contra-
que, melhor que, pior que. argumentar, propõese uma relação inversa: “o desenvolvimento é
Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar que gera o controle demográfico”.
o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se: Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para
Argumento de autoridade: O saber notório de uma autoridade desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas ao
reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma afir- desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em segui-
mação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a credi- da, sugerem-se os procedimentos que devem ser adotados para a
bilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações literais no elaboração de um Plano de Redação.
corpo de um texto constituem argumentos de autoridade. Ao fazer
uma citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos na li- Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evolução
nha de raciocínio que ele considera mais adequada para explicar ou tecnológica
justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de argumento tem mais - Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, responder
caráter confirmatório que comprobatório. a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê da respos-
Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam expli- ta, justificar, criando um argumento básico;
cação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como válido por - Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e
consenso, pelo menos em determinado espaço sociocultural. Nesse construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refutação
caso, incluem-se que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualificá-la
- A declaração que expressa uma verdade universal (o homem, (rever tipos de argumentação);
mortal, aspira à imortalidade); - Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias
- A declaração que é evidente por si mesma (caso dos postula- que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as ideias po-
dos e axiomas); dem ser listadas livremente ou organizadas como causa e consequ-
- Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de nature- ência);
za subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a própria razão - Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o
desconhece); implica apreciação de ordem estética (gosto não se argumento básico;
discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas (creio, ainda que
parece absurdo).

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que pode utilizar algo de um texto científico, assim como um poema
poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transformam-se em pode valer-se de uma letra de música ou um artigo de opinião pode
argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do argu- mencionar um provérbio conhecido.
mento básico; Há várias maneiras de um texto manter intertextualidade com
- Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma se- outro, entre elas, ao citá-lo, ao resumi-lo, ao reproduzi-lo com ou-
quência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo às tras palavras, ao traduzi-lo para outro idioma, ao ampliá-lo, ao to-
partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou má-lo como ponto de partida, ao defendê-lo, ao criticá-lo, ao ironi-
menos a seguinte: zá-lo ou ao compará-lo com outros.
Os estudiosos afirmam que em todos os textos ocorre algum
Introdução grau de intertextualidade, pois quando falamos, escrevemos, de-
- função social da ciência e da tecnologia; senhamos, pintamos, moldamos, ou seja, sempre que nos expres-
- definições de ciência e tecnologia; samos, estamos nos valendo de ideias e conceitos que já foram
- indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico. formulados por outros para reafirmá-los, ampliá-los ou mesmo con-
tradizê-los. Em outras palavras, não há textos absolutamente origi-
Desenvolvimento nais, pois eles sempre – de maneira explícita ou implícita – mantêm
- apresentação de aspectos positivos e negativos do desenvol- alguma relação com algo que foi visto, ouvido ou lido.
vimento tecnológico;
- como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou as Tipos de Intertextualidade
condições de vida no mundo atual; A intertextualidade acontece quando há uma referência ex-
- a tecnocracia: oposição entre uma sociedade tecnologica- plícita ou implícita de um texto em outro. Também pode ocorrer
mente desenvolvida e a dependência tecnológica dos países sub- com outras formas além do texto, música, pintura, filme, novela etc.
desenvolvidos; Toda vez que uma obra fizer alusão à outra ocorre a intertextuali-
- enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social; dade.
- comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do pas- Por isso é importante para o leitor o conhecimento de mundo,
sado; apontar semelhanças e diferenças; um saber prévio, para reconhecer e identificar quando há um diá-
- analisar as condições atuais de vida nos grandes centros ur- logo entre os textos. A intertextualidade pode ocorrer afirmando as
banos; mesmas ideias da obra citada ou contestando-as.
- como se poderia usar a ciência e a tecnologia para humanizar
mais a sociedade. Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia do texto
é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre para atualizar, rea-
firmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. É dizer com
Conclusão
outras palavras o que já foi dito.
- a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/consequ-
A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar outros tex-
ências maléficas;
tos, há uma ruptura com as ideologias impostas e por isso é objeto
- síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos
de interesse para os estudiosos da língua e das artes. Ocorre, aqui,
apresentados.
um choque de interpretação, a voz do texto original é retomada
para transformar seu sentido, leva o leitor a uma reflexão crítica
Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de reda-
de suas verdades incontestadas anteriormente, com esse proces-
ção: é um dos possíveis.
so há uma indagação sobre os dogmas estabelecidos e uma busca
Intertextualidade é o nome dado à relação que se estabelece pela verdade real, concebida através do raciocínio e da crítica. Os
entre dois textos, quando um texto já criado exerce influência na programas humorísticos fazem uso contínuo dessa arte, frequente-
criação de um novo texto. Pode-se definir, então, a intertextualida- mente os discursos de políticos são abordados de maneira cômica
de como sendo a criação de um texto a partir de outro texto já exis- e contestadora, provocando risos e também reflexão a respeito da
tente. Dependendo da situação, a intertextualidade tem funções demagogia praticada pela classe dominante.
diferentes que dependem muito dos textos/contextos em que ela A Epígrafe é um recurso bastante utilizado em obras, textos
é inserida. científicos, desde artigos, resenhas, monografias, uma vez que con-
O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento, siste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha alguma re-
não se restringindo única e exclusivamente a textos literários. lação com o que será discutido no texto. Do grego, o termo “epígra-
Em alguns casos pode-se dizer que a intertextualidade assume fhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior) e “graphé”
a função de não só persuadir o leitor como também de difundir a (escrita). Como exemplo podemos citar um artigo sobre Patrimônio
cultura, uma vez que se trata de uma relação com a arte (pintura, Cultural e a epígrafe do filósofo Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.): “A
escultura, literatura etc). Intertextualidade é a relação entre dois cultura é o melhor conforto para a velhice”.
textos caracterizada por um citar o outro.
A intertextualidade é o diálogo entre textos. Ocorre quando um A Citação é o Acréscimo de partes de outras obras numa pro-
texto (oral, escrito, verbal ou não verbal), de alguma maneira, se dução textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem ex-
utiliza de outro na elaboração de sua mensagem. Os dois textos – a pressa entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro
fonte e o que dialoga com ela – podem ser do mesmo gênero ou autor. Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação
de gêneros distintos, terem a mesma finalidade ou propósitos di- sem relacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o
ferentes. Assim, como você constatou, uma história em quadrinhos termo “citação” (citare) significa convocar.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A Alusão faz referência aos elementos presentes em outros Segunda pessoa


textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois O autor costuma falar diretamente com o leitor, como um diá-
termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar). logo. Trata-se de um caso mais raro e faz com que o leitor se sinta
quase como outro personagem que participa da história.
Pastiche é uma recorrência a um gênero.
Terceira pessoa
A Tradução está no campo da intertextualidade porque implica Coloca o leitor numa posição externa, como se apenas obser-
a recriação de um texto. vasse a ação acontecer. Os diálogos não são como na narrativa em
primeira pessoa, já que nesse caso o autor relata as frases como al-
Evidentemente, a intertextualidade está ligada ao “conheci- guém que estivesse apenas contando o que cada personagem disse.
mento de mundo”, que deve ser compartilhado, ou seja, comum ao
produtor e ao receptor de textos. Sendo assim, o autor deve definir se sua narrativa será transmi-
A intertextualidade pressupõe um universo cultural muito am- tida ao leitor por um ou vários personagens. Se a história é contada
plo e complexo, pois implica a identificação / o reconhecimento de por mais de um ser fictício, a transição do ponto de vista de um para
remissões a obras ou a textos / trechos mais, ou menos conhecidos, outro deve ser bem clara, para que quem estiver acompanhando a
além de exigir do interlocutor a capacidade de interpretar a função leitura não fique confuso.
daquela citação ou alusão em questão.
ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁGRA-
Intertextualidade explícita e intertextualidade implícita FOS
A intertextualidade pode ser caracterizada como explícita ou São três os elementos essenciais para a composição de um tex-
implícita, de acordo com a relação estabelecida com o texto fonte, to: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão. Vamos estudar
ou seja, se mais direta ou se mais subentendida. cada uma de forma isolada a seguir:

A intertextualidade explícita: Introdução


– é facilmente identificada pelos leitores;
– estabelece uma relação direta com o texto fonte; É a apresentação direta e objetiva da ideia central do texto. A
– apresenta elementos que identificam o texto fonte; introdução é caracterizada por ser o parágrafo inicial.
– não exige que haja dedução por parte do leitor;
– apenas apela à compreensão do conteúdos. Desenvolvimento

A intertextualidade implícita: Quando tratamos de estrutura, é a maior parte do texto. O


– não é facilmente identificada pelos leitores; desenvolvimento estabelece uma conexão entre a introdução e a
– não estabelece uma relação direta com o texto fonte; conclusão, pois é nesta parte que as ideias, argumentos e posicio-
– não apresenta elementos que identificam o texto fonte; namento do autor vão sendo formados e desenvolvidos com a fina-
– exige que haja dedução, inferência, atenção e análise por par- lidade de dirigir a atenção do leitor para a conclusão.
te dos leitores; Em um bom desenvolvimento as ideias devem ser claras e ap-
– exige que os leitores recorram a conhecimentos prévios para tas a fazer com que o leitor anteceda qual será a conclusão.
a compreensão do conteúdo.
São três principais erros que podem ser cometidos na elabora-
PONTO DE VISTA ção do desenvolvimento:
O modo como o autor narra suas histórias provoca diferentes - Distanciar-se do texto em relação ao tema inicial.
sentidos ao leitor em relação à uma obra. Existem três pontos de - Focar em apenas um tópico do tema e esquecer dos outros.
vista diferentes. É considerado o elemento da narração que com- - Falar sobre muitas informações e não conseguir organizá-las,
preende a perspectiva através da qual se conta a história. Trata-se dificultando a linha de compreensão do leitor.
da posição da qual o narrador articula a narrativa. Apesar de existir
diferentes possibilidades de Ponto de Vista em uma narrativa, con- Conclusão
sidera-se dois pontos de vista como fundamentais: O narrador-ob-
servador e o narrador-personagem. Ponto final de todas as argumentações discorridas no desen-
volvimento, ou seja, o encerramento do texto e dos questionamen-
Primeira pessoa tos levantados pelo autor.
Um personagem narra a história a partir de seu próprio ponto Ao fazermos a conclusão devemos evitar expressões como:
de vista, ou seja, o escritor usa a primeira pessoa. Nesse caso, lemos “Concluindo...”, “Em conclusão, ...”, “Como já dissemos antes...”.
o livro com a sensação de termos a visão do personagem poden-
do também saber quais são seus pensamentos, o que causa uma Parágrafo
leitura mais íntima. Da mesma maneira que acontece nas nossas
vidas, existem algumas coisas das quais não temos conhecimento e Se caracteriza como um pequeno recuo em relação à margem
só descobrimos ao decorrer da história. esquerda da folha. Conceitualmente, o parágrafo completo deve
conter introdução, desenvolvimento e conclusão.
- Introdução – apresentação da ideia principal, feita de maneira
sintética de acordo com os objetivos do autor.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Desenvolvimento – ampliação do tópico frasal (introdução), atribuído pelas ideias secundárias, a fim de reforçar e dar credibilidade
na discussão.
- Conclusão – retomada da ideia central ligada aos pressupostos citados no desenvolvimento, procurando arrematá-los.

Exemplo de um parágrafo bem estruturado (com introdução, desenvolvimento e conclusão):

“Nesse contexto, é um grave erro a liberação da maconha. Provocará de imediato violenta elevação do consumo. O Estado perderá
o precário controle que ainda exerce sobre as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão estrutura
suficiente para atender à demanda. Enfim, viveremos o caos. ”
(Alberto Corazza, Isto É, com adaptações)

Elemento relacionador: Nesse contexto.


Tópico frasal: é um grave erro a liberação da maconha.
Desenvolvimento: Provocará de imediato violenta elevação do consumo. O Estado perderá o precário controle que ainda exerce sobre
as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão estrutura suficiente para atender à demanda.
Conclusão: Enfim, viveremos o caos.

Coerência e a coesão
A coerência e a coesão são essenciais na escrita e na interpretação de textos. Ambos se referem à relação adequada entre os compo-
nentes do texto, de modo que são independentes entre si. Isso quer dizer que um texto pode estar coeso, porém incoerente, e vice-versa.
Enquanto a coesão tem foco nas questões gramaticais, ou seja, ligação entre palavras, frases e parágrafos, a coerência diz respeito ao
conteúdo, isto é, uma sequência lógica entre as ideias.

Coesão
A coesão textual ocorre, normalmente, por meio do uso de conectivos (preposições, conjunções, advérbios). Ela pode ser obtida a
partir da anáfora (retoma um componente) e da catáfora (antecipa um componente).
Confira, então, as principais regras que garantem a coesão textual:

REGRA CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Pessoal (uso de pronomes pessoais ou possessivos)
– anafórica João e Maria são crianças. Eles são irmãos.
Demonstrativa (uso de pronomes demonstrativos e Fiz todas as tarefas, exceto esta: colonização
REFERÊNCIA
advérbios) – catafórica africana.
Comparativa (uso de comparações por Mais um ano igual aos outros...
semelhanças)
Substituição de um termo por outro, para evitar Maria está triste. A menina está cansada de
SUBSTITUIÇÃO
repetição ficar em casa.
No quarto, apenas quatro ou cinco
ELIPSE Omissão de um termo
convidados. (omissão do verbo “haver”)
Conexão entre duas orações, estabelecendo Eu queria ir ao cinema, mas estamos de
CONJUNÇÃO
relação entre elas quarentena.
Utilização de sinônimos, hiperônimos, nomes
A minha casa é clara. Os quartos, a sala e a
COESÃO LEXICAL genéricos ou palavras que possuem sentido aproximado
cozinha têm janelas grandes.
e pertencente a um mesmo grupo lexical.

Coerência
Nesse caso, é importante conferir se a mensagem e a conexão de ideias fazem sentido, e seguem uma linha clara de raciocínio.
Existem alguns conceitos básicos que ajudam a garantir a coerência. Veja quais são os principais princípios para um texto coerente:
• Princípio da não contradição: não deve haver ideias contraditórias em diferentes partes do texto.
• Princípio da não tautologia: a ideia não deve estar redundante, ainda que seja expressa com palavras diferentes.
• Princípio da relevância: as ideias devem se relacionar entre si, não sendo fragmentadas nem sem propósito para a argumentação.
• Princípio da continuidade temática: é preciso que o assunto tenha um seguimento em relação ao assunto tratado.
• Princípio da progressão semântica: inserir informações novas, que sejam ordenadas de maneira adequada em relação à progressão
de ideias.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Para atender a todos os princípios, alguns fatores são recomendáveis para garantir a coerência textual, como amplo conhecimento
de mundo, isto é, a bagagem de informações que adquirimos ao longo da vida; inferências acerca do conhecimento de mundo do leitor;
e informatividade, ou seja, conhecimentos ricos, interessantes e pouco previsíveis.

DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL

A ortografia oficial diz respeito às regras gramaticais referentes à escrita correta das palavras. Para melhor entendê-las, é preciso ana-
lisar caso a caso. Lembre-se de que a melhor maneira de memorizar a ortografia correta de uma língua é por meio da leitura, que também
faz aumentar o vocabulário do leitor.
Neste capítulo serão abordadas regras para dúvidas frequentes entre os falantes do português. No entanto, é importante ressaltar que
existem inúmeras exceções para essas regras, portanto, fique atento!

Alfabeto
O primeiro passo para compreender a ortografia oficial é conhecer o alfabeto (os sinais gráficos e seus sons). No português, o alfabeto
se constitui 26 letras, divididas entre vogais (a, e, i, o, u) e consoantes (restante das letras).
Com o Novo Acordo Ortográfico, as consoantes K, W e Y foram reintroduzidas ao alfabeto oficial da língua portuguesa, de modo que
elas são usadas apenas em duas ocorrências: transcrição de nomes próprios e abreviaturas e símbolos de uso internacional.

Uso do “X”
Algumas dicas são relevantes para saber o momento de usar o X no lugar do CH:
• Depois das sílabas iniciais “me” e “en” (ex: mexerica; enxergar)
• Depois de ditongos (ex: caixa)
• Palavras de origem indígena ou africana (ex: abacaxi; orixá)

Uso do “S” ou “Z”


Algumas regras do uso do “S” com som de “Z” podem ser observadas:
• Depois de ditongos (ex: coisa)
• Em palavras derivadas cuja palavra primitiva já se usa o “S” (ex: casa > casinha)
• Nos sufixos “ês” e “esa”, ao indicarem nacionalidade, título ou origem. (ex: portuguesa)
• Nos sufixos formadores de adjetivos “ense”, “oso” e “osa” (ex: populoso)

Uso do “S”, “SS”, “Ç”


• “S” costuma aparecer entre uma vogal e uma consoante (ex: diversão)
• “SS” costuma aparecer entre duas vogais (ex: processo)
• “Ç” costuma aparecer em palavras estrangeiras que passaram pelo processo de aportuguesamento (ex: muçarela)

Os diferentes porquês

POR QUE Usado para fazer perguntas. Pode ser substituído por “por qual motivo”
PORQUE Usado em respostas e explicações. Pode ser substituído por “pois”
O “que” é acentuado quando aparece como a última palavra da frase, antes da pontuação final (interrogação,
POR QUÊ
exclamação, ponto final)
PORQUÊ É um substantivo, portanto costuma vir acompanhado de um artigo, numeral, adjetivo ou pronome

Parônimos e homônimos
As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pronúncia semelhantes, porém com significados distintos.
Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfego (trânsito) X tráfico (comércio ilegal).
Já as palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo
“rir”) X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta).

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LÍNGUA PORTUGUESA

EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS: SUBSTANTIVOS, ADJETIVOS, VERBOS, CONJUNÇÕES, PREPOSIÇÕES,


PRONOMES, ADVÉRBIOS

Classes de Palavras
Para entender sobre a estrutura das funções sintáticas, é preciso conhecer as classes de palavras, também conhecidas por classes
morfológicas. A gramática tradicional pressupõe 10 classes gramaticais de palavras, sendo elas: adjetivo, advérbio, artigo, conjunção, in-
terjeição, numeral, pronome, preposição, substantivo e verbo.
Veja, a seguir, as características principais de cada uma delas.

CLASSE CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Menina inteligente...
Expressar características, qualidades ou estado dos seres Roupa azul-marinho...
ADJETIVO
Sofre variação em número, gênero e grau Brincadeira de criança...
Povo brasileiro...
A ajuda chegou tarde.
Indica circunstância em que ocorre o fato verbal
ADVÉRBIO A mulher trabalha muito.
Não sofre variação
Ele dirigia mal.
Determina os substantivos (de modo definido ou inde- A galinha botou um ovo.
ARTIGO finido) Uma menina deixou a mochila no ôni-
Varia em gênero e número bus.
Liga ideias e sentenças (conhecida também como conec-
Não gosto de refrigerante nem de pizza.
CONJUNÇÃO tivos)
Eu vou para a praia ou para a cachoeira?
Não sofre variação
Exprime reações emotivas e sentimentos Ah! Que calor...
INTERJEIÇÃO
Não sofre variação Escapei por pouco, ufa!
Atribui quantidade e indica posição em alguma sequên-
Gostei muito do primeiro dia de aula.
NUMERAL cia
Três é a metade de seis.
Varia em gênero e número
Posso ajudar, senhora?
Ela me ajudou muito com o meu traba-
Acompanha, substitui ou faz referência ao substantivo
PRONOME lho.
Varia em gênero e número
Esta é a casa onde eu moro.
Que dia é hoje?
Relaciona dois termos de uma mesma oração Espero por você essa noite.
PREPOSIÇÃO
Não sofre variação Lucas gosta de tocar violão.
Nomeia objetos, pessoas, animais, alimentos, lugares
A menina jogou sua boneca no rio.
SUBSTANTIVO etc.
A matilha tinha muita coragem.
Flexionam em gênero, número e grau.
Indica ação, estado ou fenômenos da natureza Ana se exercita pela manhã.
Sofre variação de acordo com suas flexões de modo, Todos parecem meio bobos.
VERBO tempo, número, pessoa e voz. Chove muito em Manaus.
Verbos não significativos são chamados verbos de liga- A cidade é muito bonita quando vista do
ção alto.

Substantivo
Tipos de substantivos
Os substantivos podem ter diferentes classificações, de acordo com os conceitos apresentados abaixo:
• Comum: usado para nomear seres e objetos generalizados. Ex: mulher; gato; cidade...
• Próprio: geralmente escrito com letra maiúscula, serve para especificar e particularizar. Ex: Maria; Garfield; Belo Horizonte...
• Coletivo: é um nome no singular que expressa ideia de plural, para designar grupos e conjuntos de seres ou objetos de uma mesma
espécie. Ex: matilha; enxame; cardume...
• Concreto: nomeia algo que existe de modo independente de outro ser (objetos, pessoas, animais, lugares etc.). Ex: menina; cachor-
ro; praça...

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LÍNGUA PORTUGUESA

• Abstrato: depende de um ser concreto para existir, designan- Novo Acordo Ortográfico
do sentimentos, estados, qualidades, ações etc. Ex: saudade; sede; De acordo com o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portugue-
imaginação... sa, as letras maiúsculas devem ser usadas em nomes próprios de
• Primitivo: substantivo que dá origem a outras palavras. Ex: pessoas, lugares (cidades, estados, países, rios), animais, acidentes
livro; água; noite... geográficos, instituições, entidades, nomes astronômicos, de festas
• Derivado: formado a partir de outra(s) palavra(s). Ex: pedrei- e festividades, em títulos de periódicos e em siglas, símbolos ou
ro; livraria; noturno... abreviaturas.
• Simples: nomes formados por apenas uma palavra (um radi- Já as letras minúsculas podem ser usadas em dias de semana,
cal). Ex: casa; pessoa; cheiro... meses, estações do ano e em pontos cardeais.
• Composto: nomes formados por mais de uma palavra (mais Existem, ainda, casos em que o uso de maiúscula ou minúscula
de um radical). Ex: passatempo; guarda-roupa; girassol... é facultativo, como em título de livros, nomes de áreas do saber,
disciplinas e matérias, palavras ligadas a alguma religião e em pala-
Flexão de gênero vras de categorização.
Na língua portuguesa, todo substantivo é flexionado em um
dos dois gêneros possíveis: feminino e masculino. Adjetivo
O substantivo biforme é aquele que flexiona entre masculino Os adjetivos podem ser simples (vermelho) ou compostos (mal-
e feminino, mudando a desinência de gênero, isto é, geralmente -educado); primitivos (alegre) ou derivados (tristonho). Eles podem
o final da palavra sendo -o ou -a, respectivamente (Ex: menino / flexionar entre o feminino (estudiosa) e o masculino (engraçado), e
menina). Há, ainda, os que se diferenciam por meio da pronúncia / o singular (bonito) e o plural (bonitos).
acentuação (Ex: avô / avó), e aqueles em que há ausência ou pre- Há, também, os adjetivos pátrios ou gentílicos, sendo aqueles
sença de desinência (Ex: irmão / irmã; cantor / cantora). que indicam o local de origem de uma pessoa, ou seja, sua naciona-
O substantivo uniforme é aquele que possui apenas uma for- lidade (brasileiro; mineiro).
ma, independente do gênero, podendo ser diferenciados quanto É possível, ainda, que existam locuções adjetivas, isto é, conjun-
ao gênero a partir da flexão de gênero no artigo ou adjetivo que o to de duas ou mais palavras usadas para caracterizar o substantivo.
acompanha (Ex: a cadeira / o poste). Pode ser classificado em epi- São formadas, em sua maioria, pela preposição DE + substantivo:
ceno (refere-se aos animais), sobrecomum (refere-se a pessoas) e • de criança = infantil
comum de dois gêneros (identificado por meio do artigo). • de mãe = maternal
É preciso ficar atento à mudança semântica que ocorre com • de cabelo = capilar
alguns substantivos quando usados no masculino ou no feminino,
trazendo alguma especificidade em relação a ele. No exemplo o fru- Variação de grau
to X a fruta temos significados diferentes: o primeiro diz respeito ao Os adjetivos podem se encontrar em grau normal (sem ênfa-
órgão que protege a semente dos alimentos, enquanto o segundo é ses), ou com intensidade, classificando-se entre comparativo e su-
o termo popular para um tipo específico de fruto. perlativo.
• Normal: A Bruna é inteligente.
Flexão de número • Comparativo de superioridade: A Bruna é mais inteligente
No português, é possível que o substantivo esteja no singu- que o Lucas.
lar, usado para designar apenas uma única coisa, pessoa, lugar • Comparativo de inferioridade: O Gustavo é menos inteligente
(Ex: bola; escada; casa) ou no plural, usado para designar maiores que a Bruna.
quantidades (Ex: bolas; escadas; casas) — sendo este último repre- • Comparativo de igualdade: A Bruna é tão inteligente quanto
sentado, geralmente, com o acréscimo da letra S ao final da palavra. a Maria.
Há, também, casos em que o substantivo não se altera, de • Superlativo relativo de superioridade: A Bruna é a mais inte-
modo que o plural ou singular devem estar marcados a partir do ligente da turma.
contexto, pelo uso do artigo adequado (Ex: o lápis / os lápis). • Superlativo relativo de inferioridade: O Gustavo é o menos
inteligente da turma.
Variação de grau • Superlativo absoluto analítico: A Bruna é muito inteligente.
Usada para marcar diferença na grandeza de um determinado • Superlativo absoluto sintético: A Bruna é inteligentíssima.
substantivo, a variação de grau pode ser classificada em aumenta-
tivo e diminutivo. Adjetivos de relação
Quando acompanhados de um substantivo que indica grandeza São chamados adjetivos de relação aqueles que não podem so-
ou pequenez, é considerado analítico (Ex: menino grande / menino frer variação de grau, uma vez que possui valor semântico objetivo,
pequeno). isto é, não depende de uma impressão pessoal (subjetiva). Além
Quando acrescentados sufixos indicadores de aumento ou di- disso, eles aparecem após o substantivo, sendo formados por sufi-
minuição, é considerado sintético (Ex: meninão / menininho). xação de um substantivo (Ex: vinho do Chile = vinho chileno).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Advérbio
Os advérbios são palavras que modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio. Eles se classificam de acordo com a tabela
abaixo:

CLASSIFICAÇÃO ADVÉRBIOS LOCUÇÕES ADVERBIAIS


DE MODO bem; mal; assim; melhor; depressa ao contrário; em detalhes
ontem; sempre; afinal; já; agora; doravante; pri- logo mais; em breve; mais tarde, nunca mais,
DE TEMPO
meiramente de noite
Ao redor de; em frente a; à esquerda; por per-
DE LUGAR aqui; acima; embaixo; longe; fora; embaixo; ali
to
DE INTENSIDADE muito; tão; demasiado; imenso; tanto; nada em excesso; de todos; muito menos
DE AFIRMAÇÃO sim, indubitavelmente; certo; decerto; deveras com certeza; de fato; sem dúvidas
DE NEGAÇÃO não; nunca; jamais; tampouco; nem nunca mais; de modo algum; de jeito nenhum
DE DÚVIDA Possivelmente; acaso; será; talvez; quiçá Quem sabe

Advérbios interrogativos
São os advérbios ou locuções adverbiais utilizadas para introduzir perguntas, podendo expressar circunstâncias de:
• Lugar: onde, aonde, de onde
• Tempo: quando
• Modo: como
• Causa: por que, por quê

Grau do advérbio
Os advérbios podem ser comparativos ou superlativos.
• Comparativo de igualdade: tão/tanto + advérbio + quanto
• Comparativo de superioridade: mais + advérbio + (do) que
• Comparativo de inferioridade: menos + advérbio + (do) que
• Superlativo analítico: muito cedo
• Superlativo sintético: cedíssimo

Curiosidades
Na linguagem coloquial, algumas variações do superlativo são aceitas, como o diminutivo (cedinho), o aumentativo (cedão) e o uso
de alguns prefixos (supercedo).
Existem advérbios que exprimem ideia de exclusão (somente; salvo; exclusivamente; apenas), inclusão (também; ainda; mesmo) e
ordem (ultimamente; depois; primeiramente).
Alguns advérbios, além de algumas preposições, aparecem sendo usados como uma palavra denotativa, acrescentando um sentido
próprio ao enunciado, podendo ser elas de inclusão (até, mesmo, inclusive); de exclusão (apenas, senão, salvo); de designação (eis); de
realce (cá, lá, só, é que); de retificação (aliás, ou melhor, isto é) e de situação (afinal, agora, então, e aí).

Pronomes
Os pronomes são palavras que fazem referência aos nomes, isto é, aos substantivos. Assim, dependendo de sua função no enunciado,
ele pode ser classificado da seguinte maneira:
• Pronomes pessoais: indicam as 3 pessoas do discurso, e podem ser retos (eu, tu, ele...) ou oblíquos (mim, me, te, nos, si...).
• Pronomes possessivos: indicam posse (meu, minha, sua, teu, nossos...)
• Pronomes demonstrativos: indicam localização de seres no tempo ou no espaço. (este, isso, essa, aquela, aquilo...)
• Pronomes interrogativos: auxiliam na formação de questionamentos (qual, quem, onde, quando, que, quantas...)
• Pronomes relativos: retomam o substantivo, substituindo-o na oração seguinte (que, quem, onde, cujo, o qual...)
• Pronomes indefinidos: substituem o substantivo de maneira imprecisa (alguma, nenhum, certa, vários, qualquer...)
• Pronomes de tratamento: empregados, geralmente, em situações formais (senhor, Vossa Majestade, Vossa Excelência, você...)

Colocação pronominal
Diz respeito ao conjunto de regras que indicam a posição do pronome oblíquo átono (me, te, se, nos, vos, lhe, lhes, o, a, os, as, lo, la,
no, na...) em relação ao verbo, podendo haver próclise (antes do verbo), ênclise (depois do verbo) ou mesóclise (no meio do verbo).
Veja, então, quais as principais situações para cada um deles:
• Próclise: expressões negativas; conjunções subordinativas; advérbios sem vírgula; pronomes indefinidos, relativos ou demonstrati-
vos; frases exclamativas ou que exprimem desejo; verbos no gerúndio antecedidos por “em”.
Nada me faria mais feliz.

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• Ênclise: verbo no imperativo afirmativo; verbo no início da frase (não estando no futuro e nem no pretérito); verbo no gerúndio não
acompanhado por “em”; verbo no infinitivo pessoal.
Inscreveu-se no concurso para tentar realizar um sonho.

• Mesóclise: verbo no futuro iniciando uma oração.


Orgulhar-me-ei de meus alunos.

DICA: o pronome não deve aparecer no início de frases ou orações, nem após ponto-e-vírgula.

Verbos
Os verbos podem ser flexionados em três tempos: pretérito (passado), presente e futuro, de maneira que o pretérito e o futuro pos-
suem subdivisões.
Eles também se dividem em três flexões de modo: indicativo (certeza sobre o que é passado), subjuntivo (incerteza sobre o que é
passado) e imperativo (expressar ordem, pedido, comando).
• Tempos simples do modo indicativo: presente, pretérito perfeito, pretérito imperfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do pre-
sente, futuro do pretérito.
• Tempos simples do modo subjuntivo: presente, pretérito imperfeito, futuro.

Os tempos verbais compostos são formados por um verbo auxiliar e um verbo principal, de modo que o verbo auxiliar sofre flexão em
tempo e pessoa, e o verbo principal permanece no particípio. Os verbos auxiliares mais utilizados são “ter” e “haver”.
• Tempos compostos do modo indicativo: pretérito perfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do presente, futuro do pretérito.
• Tempos compostos do modo subjuntivo: pretérito perfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro.
As formas nominais do verbo são o infinitivo (dar, fazerem, aprender), o particípio (dado, feito, aprendido) e o gerúndio (dando, fa-
zendo, aprendendo). Eles podem ter função de verbo ou função de nome, atuando como substantivo (infinitivo), adjetivo (particípio) ou
advérbio (gerúndio).

Tipos de verbos
Os verbos se classificam de acordo com a sua flexão verbal. Desse modo, os verbos se dividem em:
Regulares: possuem regras fixas para a flexão (cantar, amar, vender, abrir...)
• Irregulares: possuem alterações nos radicais e nas terminações quando conjugados (medir, fazer, poder, haver...)
• Anômalos: possuem diferentes radicais quando conjugados (ser, ir...)
• Defectivos: não são conjugados em todas as pessoas verbais (falir, banir, colorir, adequar...)
• Impessoais: não apresentam sujeitos, sendo conjugados sempre na 3ª pessoa do singular (chover, nevar, escurecer, anoitecer...)
• Unipessoais: apesar de apresentarem sujeitos, são sempre conjugados na 3ª pessoa do singular ou do plural (latir, miar, custar,
acontecer...)
• Abundantes: possuem duas formas no particípio, uma regular e outra irregular (aceitar = aceito, aceitado)
• Pronominais: verbos conjugados com pronomes oblíquos átonos, indicando ação reflexiva (suicidar-se, queixar-se, sentar-se, pen-
tear-se...)
• Auxiliares: usados em tempos compostos ou em locuções verbais (ser, estar, ter, haver, ir...)
• Principais: transmitem totalidade da ação verbal por si próprios (comer, dançar, nascer, morrer, sorrir...)
• De ligação: indicam um estado, ligando uma característica ao sujeito (ser, estar, parecer, ficar, continuar...)

Vozes verbais
As vozes verbais indicam se o sujeito pratica ou recebe a ação, podendo ser três tipos diferentes:
• Voz ativa: sujeito é o agente da ação (Vi o pássaro)
• Voz passiva: sujeito sofre a ação (O pássaro foi visto)
• Voz reflexiva: sujeito pratica e sofre a ação (Vi-me no reflexo do lago)

Ao passar um discurso para a voz passiva, é comum utilizar a partícula apassivadora “se”, fazendo com o que o pronome seja equiva-
lente ao verbo “ser”.

Conjugação de verbos
Os tempos verbais são primitivos quando não derivam de outros tempos da língua portuguesa. Já os tempos verbais derivados são
aqueles que se originam a partir de verbos primitivos, de modo que suas conjugações seguem o mesmo padrão do verbo de origem.
• 1ª conjugação: verbos terminados em “-ar” (aproveitar, imaginar, jogar...)
• 2ª conjugação: verbos terminados em “-er” (beber, correr, erguer...)
• 3ª conjugação: verbos terminados em “-ir” (dormir, agir, ouvir...)

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Confira os exemplos de conjugação apresentados abaixo:

Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-lutar

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Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-impor

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LÍNGUA PORTUGUESA

Preposições Elas podem se classificar de dez maneiras diferentes:


As preposições são palavras invariáveis que servem para ligar • Integrantes: usadas para introduzir as orações subordinadas
dois termos da oração numa relação subordinada, e são divididas substantivas, definidas pelas palavras que e se.
entre essenciais (só funcionam como preposição) e acidentais (pa- • Causais: porque, que, como.
lavras de outras classes gramaticais que passam a funcionar como • Concessivas: embora, ainda que, se bem que.
preposição em determinadas sentenças). • Condicionais: e, caso, desde que.
• Conformativas: conforme, segundo, consoante.
Preposições essenciais: a, ante, após, de, com, em, contra, • Comparativas: como, tal como, assim como.
para, per, perante, por, até, desde, sobre, sobre, trás, sob, sem, en- • Consecutivas: de forma que, de modo que, de sorte que.
tre. • Finais: a fim de que, para que.
Preposições acidentais: afora, como, conforme, consoante, du- • Proporcionais: à medida que, ao passo que, à proporção que.
rante, exceto, mediante, menos, salvo, segundo, visto etc. • Temporais: quando, enquanto, agora.
Locuções prepositivas: abaixo de, afim de, além de, à custa de,
defronte a, a par de, perto de, por causa de, em que pese a etc.
RECONHECIMENTO E EMPREGO DAS ESTRUTURAS
Ao conectar os termos das orações, as preposições estabele- MORFOSSINTÁTICAS DO TEXTO
cem uma relação semântica entre eles, podendo passar ideia de:
• Causa: Morreu de câncer. A sintaxe estuda o conjunto das relações que as palavras esta-
• Distância: Retorno a 3 quilômetros. belecem entre si. Dessa maneira, é preciso ficar atento aos enuncia-
• Finalidade: A filha retornou para o enterro. dos e suas unidades: frase, oração e período.
• Instrumento: Ele cortou a foto com uma tesoura. Frase é qualquer palavra ou conjunto de palavras ordenadas
• Modo: Os rebeldes eram colocados em fila. que apresenta sentido completo em um contexto de comunicação
• Lugar: O vírus veio de Portugal. e interação verbal. A frase nominal é aquela que não contém verbo.
• Companhia: Ela saiu com a amiga. Já a frase verbal apresenta um ou mais verbos (locução verbal).
• Posse: O carro de Maria é novo. Oração é um enunciado organizado em torno de um único ver-
• Meio: Viajou de trem. bo ou locução verbal, de modo que estes passam a ser o núcleo
da oração. Assim, o predicativo é obrigatório, enquanto o sujeito é
Combinações e contrações opcional.
Algumas preposições podem aparecer combinadas a outras pa- Período é uma unidade sintática, de modo que seu enuncia-
lavras de duas maneiras: sem haver perda fonética (combinação) e do é organizado por uma oração (período simples) ou mais orações
havendo perda fonética (contração). (período composto). Eles são iniciados com letras maiúsculas e fina-
• Combinação: ao, aos, aonde lizados com a pontuação adequada.
• Contração: de, dum, desta, neste, nisso
Análise sintática
Conjunção A análise sintática serve para estudar a estrutura de um perío-
As conjunções se subdividem de acordo com a relação estabe- do e de suas orações. Os termos da oração se dividem entre:
lecida entre as ideias e as orações. Por ter esse papel importante • Essenciais (ou fundamentais): sujeito e predicado
de conexão, é uma classe de palavras que merece destaque, pois • Integrantes: completam o sentido (complementos verbais e
reconhecer o sentido de cada conjunção ajuda na compreensão e nominais, agentes da passiva)
interpretação de textos, além de ser um grande diferencial no mo- • Acessórios: função secundária (adjuntos adnominais e adver-
mento de redigir um texto. biais, apostos)
Elas se dividem em duas opções: conjunções coordenativas e
conjunções subordinativas. Termos essenciais da oração
Os termos essenciais da oração são o sujeito e o predicado.
Conjunções coordenativas O sujeito é aquele sobre quem diz o resto da oração, enquanto o
As orações coordenadas não apresentam dependência sintáti- predicado é a parte que dá alguma informação sobre o sujeito, logo,
ca entre si, servindo também para ligar termos que têm a mesma onde o verbo está presente.
função gramatical. As conjunções coordenativas se subdividem em
cinco grupos: O sujeito é classificado em determinado (facilmente identificá-
• Aditivas: e, nem, bem como. vel, podendo ser simples, composto ou implícito) e indeterminado,
• Adversativas: mas, porém, contudo. podendo, ainda, haver a oração sem sujeito (a mensagem se con-
• Alternativas: ou, ora…ora, quer…quer. centra no verbo impessoal):
• Conclusivas: logo, portanto, assim. Lúcio dormiu cedo.
• Explicativas: que, porque, porquanto. Aluga-se casa para réveillon.
Choveu bastante em janeiro.
Conjunções subordinativas
As orações subordinadas são aquelas em que há uma relação Quando o sujeito aparece no início da oração, dá-se o nome de
de dependência entre a oração principal e a oração subordinada. sujeito direto. Se aparecer depois do predicado, é o caso de sujeito
Desse modo, a conexão entre elas (bem como o efeito de sentido) inverso. Há, ainda, a possibilidade de o sujeito aparecer no meio
se dá pelo uso da conjunção subordinada adequada. da oração:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Lívia se esqueceu da reunião pela manhã.


Esqueceu-se da reunião pela manhã, Lívia.
Da reunião pela manhã, Lívia se esqueceu.

Os predicados se classificam em: predicado verbal (núcleo do predicado é um verbo que indica ação, podendo ser transitivo, intransi-
tivo ou de ligação); predicado nominal (núcleo da oração é um nome, isto é, substantivo ou adjetivo); predicado verbo-nominal (apresenta
um predicativo do sujeito, além de uma ação mais uma qualidade sua)
As crianças brincaram no salão de festas.
Mariana é inteligente.
Os jogadores venceram a partida. Por isso, estavam felizes.

Termos integrantes da oração


Os complementos verbais são classificados em objetos diretos (não preposicionados) e objetos indiretos (preposicionado).
A menina que possui bolsa vermelha me cumprimentou.
O cão precisa de carinho.

Os complementos nominais podem ser substantivos, adjetivos ou advérbios.


A mãe estava orgulhosa de seus filhos.
Carlos tem inveja de Eduardo.
Bárbara caminhou vagarosamente pelo bosque.

Os agentes da passiva são os termos que tem a função de praticar a ação expressa pelo verbo, quando este se encontra na voz passiva.
Costumam estar acompanhados pelas preposições “por” e “de”.
Os filhos foram motivo de orgulho da mãe.
Eduardo foi alvo de inveja de Carlos.
O bosque foi caminhado vagarosamente por Bárbara.

Termos acessórios da oração


Os termos acessórios não são necessários para dar sentido à oração, funcionando como complementação da informação. Desse modo,
eles têm a função de caracterizar o sujeito, de determinar o substantivo ou de exprimir circunstância, podendo ser adjunto adverbial
(modificam o verbo, adjetivo ou advérbio), adjunto adnominal (especifica o substantivo, com função de adjetivo) e aposto (caracteriza o
sujeito, especificando-o).
Os irmãos brigam muito.
A brilhante aluna apresentou uma bela pesquisa à banca.
Pelé, o rei do futebol, começou sua carreira no Santos.

Tipos de Orações
Levando em consideração o que foi aprendido anteriormente sobre oração, vamos aprender sobre os dois tipos de oração que existem
na língua portuguesa: oração coordenada e oração subordinada.

Orações coordenadas
São aquelas que não dependem sintaticamente uma da outra, ligando-se apenas pelo sentido. Elas aparecem quando há um período
composto, sendo conectadas por meio do uso de conjunções (sindéticas), ou por meio da vírgula (assindéticas).
No caso das orações coordenadas sindéticas, a classificação depende do sentido entre as orações, representado por um grupo de
conjunções adequadas:

CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICAS CONJUNÇÕES


ADITIVAS Adição da ideia apresentada na oração anterior e, nem, também, bem como, não só, tanto...
Oposição à ideia apresentada na oração anterior
ADVERSATIVAS mas, porém, todavia, entretanto, contudo...
(inicia com vírgula)
Opção / alternância em relação à ideia apresentada
ALTERNATIVAS ou, já, ora, quer, seja...
na oração anterior
logo, pois, portanto, assim, por isso, com
CONCLUSIVAS Conclusão da ideia apresentada na oração anterior
isso...
EXPLICATIVAS Explicação da ideia apresentada na oração anterior que, porque, porquanto, pois, ou seja...

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LÍNGUA PORTUGUESA

Orações subordinadas
São aquelas que dependem sintaticamente em relação à oração principal. Elas aparecem quando o período é composto por duas ou
mais orações.
A classificação das orações subordinadas se dá por meio de sua função: orações subordinadas substantivas, quando fazem o papel
de substantivo da oração; orações subordinadas adjetivas, quando modificam o substantivo, exercendo a função do adjetivo; orações
subordinadas adverbiais, quando modificam o advérbio.
Cada uma dessas sofre uma segunda classificação, como pode ser observado nos quadros abaixo.

SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS FUNÇÃO EXEMPLOS


Esse era meu receio: que ela não discursasse outra
APOSITIVA aposto
vez.
COMPLETIVA NOMINAL complemento nominal Tenho medo de que ela não discurse novamente.
OBJETIVA DIRETA objeto direto Ele me perguntou se ela discursaria outra vez.
OBJETIVA INDIRETA objeto indireto Necessito de que você discurse de novo.
PREDICATIVA predicativo Meu medo é que ela não discurse novamente.
SUBJETIVA sujeito É possível que ela discurse outra vez.

SUBORDINADAS
CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS
ADJETIVAS
Esclarece algum detalhe, adicionando uma in-
O candidato, que é do partido socialista, está
EXPLICATIVAS formação.
sendo atacado.
Aparece sempre separado por vírgulas.
Restringe e define o sujeito a que se refere.
As pessoas que são racistas precisam rever
RESTRITIVAS Não deve ser retirado sem alterar o sentido.
seus valores.
Não pode ser separado por vírgula.
Introduzidas por conjunções, pronomes e locu-
ções conjuntivas. Ele foi o primeiro presidente que se preocu-
DESENVOLVIDAS
Apresentam verbo nos modos indicativo ou pou com a fome no país.
subjuntivo.
Não são introduzidas por pronomes, conjun-
ções sou locuções conjuntivas. Assisti ao documentário denunciando a cor-
REDUZIDAS
Apresentam o verbo nos modos particípio, ge- rupção.
rúndio ou infinitivo

SUBORDINADAS ADVERBIAIS FUNÇÃO PRINCIPAIS CONJUNÇÕES


Ideia de causa, motivo, razão de
CAUSAIS porque, visto que, já que, como...
efeito
como, tanto quanto, (mais / menos) que, do
COMPARATIVAS Ideia de comparação
que...
CONCESSIVAS Ideia de contradição embora, ainda que, se bem que, mesmo...
caso, se, desde que, contanto que, a menos
CONDICIONAIS Ideia de condição
que...
CONFORMATIVAS Ideia de conformidade como, conforme, segundo...
CONSECUTIVAS Ideia de consequência De modo que, (tal / tão / tanto) que...
FINAIS Ideia de finalidade que, para que, a fim de que...
quanto mais / menos... mais /menos, à me-
PROPORCIONAIS Ideia de proporção
dida que, na medida em que, à proporção que...
TEMPORAIS Ideia de momento quando, depois que, logo que, antes que...

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LÍNGUA PORTUGUESA

RELAÇÕES DE REGÊNCIA ENTRE TERMOS

A regência estuda as relações de concordâncias entre os termos que completam o sentido tanto dos verbos quanto dos nomes. Dessa
maneira, há uma relação entre o termo regente (principal) e o termo regido (complemento).
A regência está relacionada à transitividade do verbo ou do nome, isto é, sua complementação necessária, de modo que essa relação
é sempre intermediada com o uso adequado de alguma preposição.

Regência nominal
Na regência nominal, o termo regente é o nome, podendo ser um substantivo, um adjetivo ou um advérbio, e o termo regido é o
complemento nominal, que pode ser um substantivo, um pronome ou um numeral.
Vale lembrar que alguns nomes permitem mais de uma preposição. Veja no quadro abaixo as principais preposições e as palavras que
pedem seu complemento:

PREPOSIÇÃO NOMES
acessível; acostumado; adaptado; adequado; agradável; alusão; análogo; anterior; atento; benefício; comum;
A contrário; desfavorável; devoto; equivalente; fiel; grato; horror; idêntico; imune; indiferente; inferior; leal; necessário;
nocivo; obediente; paralelo; posterior; preferência; propenso; próximo; semelhante; sensível; útil; visível...
amante; amigo; capaz; certo; contemporâneo; convicto; cúmplice; descendente; destituído; devoto; diferente;
DE dotado; escasso; fácil; feliz; imbuído; impossível; incapaz; indigno; inimigo; inseparável; isento; junto; longe; medo;
natural; orgulhoso; passível; possível; seguro; suspeito; temeroso...
SOBRE opinião; discurso; discussão; dúvida; insistência; influência; informação; preponderante; proeminência; triunfo...
acostumado; amoroso; analogia; compatível; cuidadoso; descontente; generoso; impaciente; ingrato;
COM
intolerante; mal; misericordioso; ocupado; parecido; relacionado; satisfeito; severo; solícito; triste...
abundante; bacharel; constante; doutor; erudito; firme; hábil; incansável; inconstante; indeciso; morador;
EM
negligente; perito; prático; residente; versado...
atentado; blasfêmia; combate; conspiração; declaração; fúria; impotência; litígio; luta; protesto; reclamação;
CONTRA
representação...
PARA bom; mau; odioso; próprio; útil...

Regência verbal
Na regência verbal, o termo regente é o verbo, e o termo regido poderá ser tanto um objeto direto (não preposicionado) quanto um
objeto indireto (preposicionado), podendo ser caracterizado também por adjuntos adverbiais.
Com isso, temos que os verbos podem se classificar entre transitivos e intransitivos. É importante ressaltar que a transitividade do
verbo vai depender do seu contexto.

Verbos intransitivos: não exigem complemento, de modo que fazem sentido por si só. Em alguns casos, pode estar acompanhado
de um adjunto adverbial (modifica o verbo, indicando tempo, lugar, modo, intensidade etc.), que, por ser um termo acessório, pode ser
retirado da frase sem alterar sua estrutura sintática:
• Viajou para São Paulo. / Choveu forte ontem.

Verbos transitivos diretos: exigem complemento (objeto direto), sem preposição, para que o sentido do verbo esteja completo:
• A aluna entregou o trabalho. / A criança quer bolo.

Verbos transitivos indiretos: exigem complemento (objeto indireto), de modo que uma preposição é necessária para estabelecer o
sentido completo:
• Gostamos da viagem de férias. / O cidadão duvidou da campanha eleitoral.

Verbos transitivos diretos e indiretos: em algumas situações, o verbo precisa ser acompanhado de um objeto direto (sem preposição)
e de um objeto indireto (com preposição):
• Apresentou a dissertação à banca. / O menino ofereceu ajuda à senhora.

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LÍNGUA PORTUGUESA

RELAÇÕES DE CONCORDÂNCIA ENTRE TERMOS

Concordância é o efeito gramatical causado por uma relação harmônica entre dois ou mais termos. Desse modo, ela pode ser verbal
— refere-se ao verbo em relação ao sujeito — ou nominal — refere-se ao substantivo e suas formas relacionadas.
• Concordância em gênero: flexão em masculino e feminino
• Concordância em número: flexão em singular e plural
• Concordância em pessoa: 1ª, 2ª e 3ª pessoa

Concordância nominal
Para que a concordância nominal esteja adequada, adjetivos, artigos, pronomes e numerais devem flexionar em número e gênero,
de acordo com o substantivo. Há algumas regras principais que ajudam na hora de empregar a concordância, mas é preciso estar atento,
também, aos casos específicos.
Quando há dois ou mais adjetivos para apenas um substantivo, o substantivo permanece no singular se houver um artigo entre os
adjetivos. Caso contrário, o substantivo deve estar no plural:
• A comida mexicana e a japonesa. / As comidas mexicana e japonesa.

Quando há dois ou mais substantivos para apenas um adjetivo, a concordância depende da posição de cada um deles. Se o adjetivo
vem antes dos substantivos, o adjetivo deve concordar com o substantivo mais próximo:
• Linda casa e bairro.

Se o adjetivo vem depois dos substantivos, ele pode concordar tanto com o substantivo mais próximo, ou com todos os substantivos
(sendo usado no plural):
• Casa e apartamento arrumado. / Apartamento e casa arrumada.
• Casa e apartamento arrumados. / Apartamento e casa arrumados.

Quando há a modificação de dois ou mais nomes próprios ou de parentesco, os adjetivos devem ser flexionados no plural:
• As talentosas Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles estão entre os melhores escritores brasileiros.

Quando o adjetivo assume função de predicativo de um sujeito ou objeto, ele deve ser flexionado no plural caso o sujeito ou objeto
seja ocupado por dois substantivos ou mais:
• O operário e sua família estavam preocupados com as consequências do acidente.

CASOS ESPECÍFICOS REGRA EXEMPLO


É PROIBIDO Deve concordar com o substantivo quando há
É proibida a entrada.
É PERMITIDO presença de um artigo. Se não houver essa determinação,
É proibido entrada.
É NECESSÁRIO deve permanecer no singular e no masculino.
Mulheres dizem “obrigada” Homens
OBRIGADO / OBRIGADA Deve concordar com a pessoa que fala.
dizem “obrigado”.
As bastantes crianças ficaram doentes
Quando tem função de adjetivo para um com a volta às aulas.
substantivo, concorda em número com o substantivo. Bastante criança ficou doente com a
BASTANTE
Quando tem função de advérbio, permanece volta às aulas.
invariável. O prefeito considerou bastante a respeito
da suspensão das aulas.
É sempre invariável, ou seja, a palavra “menas” não Havia menos mulheres que homens na
MENOS
existe na língua portuguesa. fila para a festa.
As crianças mesmas limparam a sala
MESMO Devem concordar em gênero e número com a depois da aula.
PRÓPRIO pessoa a que fazem referência. Eles próprios sugeriram o tema da
formatura.
Quando tem função de numeral adjetivo, deve
Adicione meia xícara de leite.
concordar com o substantivo.
MEIO / MEIA Manuela é meio artista, além de ser
Quando tem função de advérbio, modificando um
engenheira.
adjetivo, o termo é invariável.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Segue anexo o orçamento.


Seguem anexas as informações
Devem concordar com o substantivo a que se adicionais
ANEXO INCLUSO
referem. As professoras estão inclusas na greve.
O material está incluso no valor da
mensalidade.

Concordância verbal
Para que a concordância verbal esteja adequada, é preciso haver flexão do verbo em número e pessoa, a depender do sujeito com o
qual ele se relaciona.

Quando o sujeito composto é colocado anterior ao verbo, o verbo ficará no plural:


• A menina e seu irmão viajaram para a praia nas férias escolares.

Mas, se o sujeito composto aparece depois do verbo, o verbo pode tanto ficar no plural quanto concordar com o sujeito mais próximo:
• Discutiram marido e mulher. / Discutiu marido e mulher.

Se o sujeito composto for formado por pessoas gramaticais diferentes, o verbo deve ficar no plural e concordando com a pessoa que
tem prioridade, a nível gramatical — 1ª pessoa (eu, nós) tem prioridade em relação à 2ª (tu, vós); a 2ª tem prioridade em relação à 3ª (ele,
eles):
• Eu e vós vamos à festa.

Quando o sujeito apresenta uma expressão partitiva (sugere “parte de algo”), seguida de substantivo ou pronome no plural, o verbo
pode ficar tanto no singular quanto no plural:
• A maioria dos alunos não se preparou para o simulado. / A maioria dos alunos não se prepararam para o simulado.

Quando o sujeito apresenta uma porcentagem, deve concordar com o valor da expressão. No entanto, quanto seguida de um substan-
tivo (expressão partitiva), o verbo poderá concordar tanto com o numeral quanto com o substantivo:
• 27% deixaram de ir às urnas ano passado. / 1% dos eleitores votou nulo / 1% dos eleitores votaram nulo.

Quando o sujeito apresenta alguma expressão que indique quantidade aproximada, o verbo concorda com o substantivo que segue
a expressão:
• Cerca de duzentas mil pessoas compareceram à manifestação. / Mais de um aluno ficou abaixo da média na prova.

Quando o sujeito é indeterminado, o verbo deve estar sempre na terceira pessoa do singular:
• Precisa-se de balconistas. / Precisa-se de balconista.

Quando o sujeito é coletivo, o verbo permanece no singular, concordando com o coletivo partitivo:
• A multidão delirou com a entrada triunfal dos artistas. / A matilha cansou depois de tanto puxar o trenó.

Quando não existe sujeito na oração, o verbo fica na terceira pessoa do singular (impessoal):
• Faz chuva hoje

Quando o pronome relativo “que” atua como sujeito, o verbo deverá concordar em número e pessoa com o termo da oração principal
ao qual o pronome faz referência:
• Foi Maria que arrumou a casa.

Quando o sujeito da oração é o pronome relativo “quem”, o verbo pode concordar tanto com o antecedente do pronome quanto com
o próprio nome, na 3ª pessoa do singular:
• Fui eu quem arrumei a casa. / Fui eu quem arrumou a casa.

Quando o pronome indefinido ou interrogativo, atuando como sujeito, estiver no singular, o verbo deve ficar na 3ª pessoa do singular:
• Nenhum de nós merece adoecer.

Quando houver um substantivo que apresenta forma plural, porém com sentido singular, o verbo deve permanecer no singular. Ex-
ceto caso o substantivo vier precedido por determinante:
• Férias é indispensável para qualquer pessoa. / Meus óculos sumiram.

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LÍNGUA PORTUGUESA

SINAIS DE PONTUAÇÃO

Os sinais de pontuação são recursos gráficos que se encontram na linguagem escrita, e suas funções são demarcar unidades e sinalizar
limites de estruturas sintáticas. É também usado como um recurso estilístico, contribuindo para a coerência e a coesão dos textos.
São eles: o ponto (.), a vírgula (,), o ponto e vírgula (;), os dois pontos (:), o ponto de exclamação (!), o ponto de interrogação (?), as
reticências (...), as aspas (“”), os parênteses ( ( ) ), o travessão (—), a meia-risca (–), o apóstrofo (‘), o asterisco (*), o hífen (-), o colchetes
([]) e a barra (/).
Confira, no quadro a seguir, os principais sinais de pontuação e suas regras de uso.

SINAL NOME USO EXEMPLOS


Indicar final da frase declarativa Meu nome é Pedro.
. Ponto Separar períodos Fica mais. Ainda está cedo
Abreviar palavras Sra.
A princesa disse:
Iniciar fala de personagem
- Eu consigo sozinha.
Antes de aposto ou orações apositivas, enumerações
Esse é o problema da pandemia: as
: Dois-pontos ou sequência de palavras para resumir / explicar ideias
pessoas não respeitam a quarentena.
apresentadas anteriormente
Como diz o ditado: “olho por olho,
Antes de citação direta
dente por dente”.
Indicar hesitação
Sabe... não está sendo fácil...
... Reticências Interromper uma frase
Quem sabe depois...
Concluir com a intenção de estender a reflexão
Isolar palavras e datas A Semana de Arte Moderna (1922)
() Parênteses Frases intercaladas na função explicativa (podem Eu estava cansada (trabalhar e
substituir vírgula e travessão) estudar é puxado).
Indicar expressão de emoção Que absurdo!
Ponto de
! Final de frase imperativa Estude para a prova!
Exclamação
Após interjeição Ufa!
Ponto de
? Em perguntas diretas Que horas ela volta?
Interrogação
A professora disse:
Iniciar fala do personagem do discurso direto e indicar — Boas férias!
— Travessão mudança de interloculor no diálogo — Obrigado, professora.
Substituir vírgula em expressões ou frases explicativas O corona vírus — Covid-19 — ainda
está sendo estudado.

Vírgula
A vírgula é um sinal de pontuação com muitas funções, usada para marcar uma pausa no enunciado. Veja, a seguir, as principais regras
de uso obrigatório da vírgula.
• Separar termos coordenados: Fui à feira e comprei abacate, mamão, manga, morango e abacaxi.
• Separar aposto (termo explicativo): Belo Horizonte, capital mineira, só tem uma linha de metrô.
• Isolar vocativo: Boa tarde, Maria.
• Isolar expressões que indicam circunstâncias adverbiais (modo, lugar, tempo etc): Todos os moradores, calmamente, deixaram o
prédio.
• Isolar termos explicativos: A educação, a meu ver, é a solução de vários problemas sociais.
• Separar conjunções intercaladas, e antes dos conectivos “mas”, “porém”, “pois”, “contudo”, “logo”: A menina acordou cedo, mas não
conseguiu chegar a tempo na escola. Não explicou, porém, o motivo para a professora.
• Separar o conteúdo pleonástico: A ela, nada mais abala.

No caso da vírgula, é importante saber que, em alguns casos, ela não deve ser usada. Assim, não há vírgula para separar:

• Sujeito de predicado.
• Objeto de verbo.
• Adjunto adnominal de nome.
• Complemento nominal de nome.
• Predicativo do objeto do objeto.

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LÍNGUA PORTUGUESA

• Oração principal da subordinada substantiva. Expressões que demandam atenção


• Termos coordenados ligados por “e”, “ou”, “nem”. – acaso, caso – com se, use acaso; caso rejeita o se
– aceitado, aceito – com ter e haver, aceitado; com ser e estar,
aceito
REESCRITURA DE FRASES E PARÁGRAFOS DO TEXTO – acendido, aceso (formas similares) – idem
– à custa de – e não às custas de
A reescrita é tão importante quanto a escrita, visto que, difi- – à medida que – à proporção que, ao mesmo tempo que, con-
cilmente, sobretudo para os escritores mais cuidadosos, chegamos forme
ao resultado que julgamos ideal na primeira tentativa. Aquele que – na medida em que – tendo em vista que, uma vez que
observa um resultado ruim na primeira versão que escreveu terá, – a meu ver – e não ao meu ver
na reescrita, a possibilidade de alcançar um resultado satisfatório. – a ponto de – e não ao ponto de
A reescrita é um processo mais trabalhoso do que a revisão, pois, – a posteriori, a priori – não tem valor temporal
nesta, atemo-nos apenas aos pequenos detalhes, cuja ausência não – em termos de – modismo; evitar
implicaria em uma dificuldade do leitor para compreender o texto. – enquanto que – o que é redundância
– entre um e outro – entre exige a conjunção e, e não a
Quando reescrevemos, refazemos nosso texto, é um proces- – implicar em – a regência é direta (sem em)
so bem mais complexo, que parte do pressuposto de que o autor – ir de encontro a – chocar-se com
tenha observado aquilo que está ruim para que, posteriormente, – ir ao encontro de – concordar com
possa melhorar seu texto até chegar a uma versão final, livre dos er- – se não, senão – quando se pode substituir por caso não, se-
ros iniciais. Além de aprimorar a leitura, a reescrita auxilia a desen- parado; quando não se pode, junto
volver e melhorar a escrita, ajudando o aluno-escritor a esclarecer – todo mundo – todos
melhor seus objetivos e razões para a produção de textos. – todo o mundo – o mundo inteiro
– não pagamento = hífen somente quando o segundo termo
Nessa perspectiva, esse autor considera que reescrever seja for substantivo
um processo de descoberta da escrita pelo próprio autor, que passa – este e isto – referência próxima do falante (a lugar, a tempo
a enfocá-la como forma de trabalho, auxiliando o desenvolvimento presente; a futuro próximo; ao anunciar e a que se está tratando)
do processo de escrever do aluno. – esse e isso – referência longe do falante e perto do ouvinte
(tempo futuro, desejo de distância; tempo passado próximo do pre-
Operações linguísticas de reescrita: sente, ou distante ao já mencionado e a ênfase).
A literatura sobre reescrita aponta para uma tipologia de ope-
rações linguísticas encontradas neste momento específico da cons- Expressões não recomendadas
trução do texto escrito.
- Adição, ou acréscimo: pode tratar-se do acréscimo de um ele- – a partir de (a não ser com valor temporal).
mento gráfico, acento, sinal de pontuação, grafema (...) mas tam- Opção: com base em, tomando-se por base, valendo-se de...
bém do acréscimo de uma palavra, de um sintagma, de uma ou de
várias frases. – através de (para exprimir “meio” ou instrumento).
- Supressão: supressão sem substituição do segmento suprimi- Opção: por, mediante, por meio de, por intermédio de, se-
do. Ela pode ser aplicada sobre unidades diversas, acento, grafe- gundo...
mas, sílabas, palavras sintagmáticas, uma ou diversas frases.
- Substituição: supressão, seguida de substituição por um ter- – devido a.
mo novo. Ela se aplica sobre um grafema, uma palavra, um sintag- Opção: em razão de, em virtude de, graças a, por causa de.
ma, ou sobre conjuntos generalizados.
- Deslocamento: permutação de elementos, que acaba por mo- – dito.
dificar sua ordem no processo de encadeamento. Opção: citado, mencionado.

Graus de Formalismo – enquanto.


São muitos os tipos de registros quanto ao formalismo, tais Opção: ao passo que.
como: o registro formal, que é uma linguagem mais cuidada; o colo-
quial, que não tem um planejamento prévio, caracterizando-se por – inclusive (a não ser quando significa incluindo-se).
construções gramaticais mais livres, repetições frequentes, frases Opção: até, ainda, igualmente, mesmo, também.
curtas e conectores simples; o informal, que se caracteriza pelo uso
de ortografia simplificada e construções simples ( geralmente usado – no sentido de, com vistas a.
entre membros de uma mesma família ou entre amigos). Opção: a fim de, para, com a finalidade de, tendo em vista.

As variações de registro ocorrem de acordo com o grau de for- – pois (no início da oração).
malismo existente na situação de comunicação; com o modo de Opção: já que, porque, uma vez que, visto que.
expressão, isto é, se trata de um registro formal ou escrito; com a
sintonia entre interlocutores, que envolve aspectos como graus de – principalmente.
cortesia, deferência, tecnicidade (domínio de um vocabulário espe- Opção: especialmente, sobretudo, em especial, em particular
cífico de algum campo científico, por exemplo).

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LÍNGUA PORTUGUESA

3. (IBADE – 2020 adaptada)


QUESTÕES

1. (ENEM - 2012) “Ele era o inimigo do rei”, nas palavras de seu


biógrafo, Lira Neto. Ou, ainda, “um romancista que colecionava de-
safetos, azucrinava D. Pedro II e acabou inventando o Brasil”. Assim
era José de Alencar (1829-1877), o conhecido autor de  O guara-
ni e Iracema, tido como o pai do romance no Brasil.
Além de criar clássicos da literatura brasileira com temas nati-
vistas, indianistas e históricos, ele foi também folhetinista, diretor
de jornal, autor de peças de teatro, advogado, deputado federal e
até ministro da Justiça. Para ajudar na descoberta das múltiplas fa-
cetas desse personagem do século XIX, parte de seu acervo inédito
será digitalizada.
História Viva, n.º 99, 2011.
https://www.dicio.com.br/partilhar/ acesso em fevereiro de
Com base no texto, que trata do papel do escritor José de Alen- 2020
car e da futura digitalização de sua obra, depreende-se que
(A) a digitalização dos textos é importante para que os leitores O texto apresentado é um verbete. Assinale a alternativa que
possam compreender seus romances. representa sua definição
(B) o conhecido autor de O guarani e Iracema foi importante
porque deixou uma vasta obra literária com temática atempo- (A) é um tipo textual dissertativo-argumentativo, com o intuito
ral. de persuadir o leitor.
(C) a divulgação das obras de José de Alencar, por meio da digi- (B) é um tipo e gênero textual de caráter descritivo para de-
talização, demonstra sua importância para a história do Brasil talhar em adjetivos e advérbios o que é necessário entender.
Imperial. (C) é um gênero textual de viés narrativo para contar em crono-
(D) a digitalização dos textos de José de Alencar terá importan- logia obrigatória o enredo por meio de personagens.
te papel na preservação da memória linguística e da identidade (D) é um gênero textual de caráter informativo, que tem por in-
nacional. tuito explicar um conceito, mais comumente em um dicionário
(E) o grande romancista José de Alencar é importante porque ou enciclopédia.
se destacou por sua temática indianista. (E) é um tipo textual expositivo, típico em redações escolares.

2. (FUVEST - 2013) A essência da teoria democrática é a su- 4. (UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – RJ) Preencha os parênteses
pressão de qualquer imposição de classe, fundada no postulado ou com os números correspondentes; em seguida, assinale a alternati-
na crença de que os conflitos e problemas humanos – econômicos, va que indica a correspondência correta.
políticos, ou sociais – são solucionáveis pela educação, isto é, pela 1. Narrar
cooperação voluntária, mobilizada pela opinião pública esclarecida. 2. Argumentar
Está claro que essa opinião pública terá de ser formada à luz dos 3. Expor
melhores conhecimentos existentes e, assim, a pesquisa científica 4. Descrever
nos campos das ciências naturais e das chamadas ciências sociais 5. Prescrever
deverá se fazer a mais ampla, a mais vigorosa, a mais livre, e a difu-
são desses conhecimentos, a mais completa, a mais imparcial e em ( ) Ato próprio de textos em que há a presença de conselhos
termos que os tornem acessíveis a todos. e indicações de como realizar ações, com emprego abundante de
(Anísio Teixeira, Educação é um direito. Adaptado.) verbos no modo imperativo.
( ) Ato próprio de textos em que há a apresentação de ideias
No trecho “chamadas ciências sociais”, o emprego do termo sobre determinado assunto, assim como explicações, avaliações e
“chamadas” indica que o autor reflexões. Faz-se uso de linguagem clara, objetiva e impessoal.
(A) vê, nas “ciências sociais”, uma panaceia, não uma análise ( ) Ato próprio de textos em que se conta um fato, fictício ou
crítica da sociedade. não, acontecido num determinado espaço e tempo, envolvendo
(B) considera utópicos os objetivos dessas ciências. personagens e ações. A temporalidade é fator importante nesse
(C) prefere a denominação “teoria social” à denominação “ci- tipo de texto.
ências sociais”. ( ) Ato próprio de textos em que retrata, de forma objetiva ou
(D) discorda dos pressupostos teóricos dessas ciências. subjetiva, um lugar, uma pessoa, um objeto etc., com abundância
(E) utiliza com reserva a denominação “ciências sociais”. do uso de adjetivos. Não há relação de temporalidade.
( ) Ato próprio de textos em que há posicionamentos e expo-
sição de ideias, cuja preocupação é a defesa de um ponto de vista.
Sua estrutura básica é: apresentação de ideia principal, argumentos
e conclusão.

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LÍNGUA PORTUGUESA

(A) 3, 5, 1, 2, 4 7. (INSTITUTO AOCP/2017 – EBSERH) Assinale a alternativa em


(B) 5, 3, 1, 4, 2 que todas as palavras estão adequadamente grafadas.
(C) 4, 2, 3, 1, 5 (A) Silhueta, entretenimento, autoestima.
(D) 5, 3, 4, 1, 2 (B) Rítimo, silueta, cérebro, entretenimento.
(E) 2, 3, 1, 4, 5 (C) Altoestima, entreterimento, memorização, silhueta.
(D) Célebro, ansiedade, auto-estima, ritmo.
5. (UNIFOR CE – 2012) (E) Memorização, anciedade, cérebro, ritmo.
Hamlet observa a Horácio que há mais cousas no céu e na terra
do que sonha a nossa filosofia. Era a mesma explicação que dava a 8. (PUC-SP) “É uma espécie... nova... completamente nova!
bela Rita ao moço Camilo, numa sexta-feira de Novembro de 1869, (Mas já) tem nome... Batizei-(a) logo... Vou-(lhe) mostrar...”. Sob o
quando este ria dela, por ter ido na véspera consultar uma carto- ponto de vista morfológico, as palavras destacadas correspondem
mante; a diferença é que o fazia por outras palavras. pela ordem, a:
— Ria, ria. Os homens são assim; não acreditam em nada. (A) conjunção, preposição, artigo, pronome
Pois saiba que fui, e que ela adivinhou o motivo da consulta, antes (B) advérbio, advérbio, pronome, pronome
mesmo que eu lhe dissesse o que era. Apenas começou a botar as (C) conjunção, interjeição, artigo, advérbio
cartas, disse-me: “A senhora gosta de uma pessoa…” Confessei que (D) advérbio, advérbio, substantivo, pronome
sim, e então ela continuou a botar as cartas, combinou-as, e no fim (E) conjunção, advérbio, pronome, pronome
declarou-me que eu tinha medo de que você me esquecesse, mas
que não era verdade… 9. (MACK-SP) “Não se fazem motocicletas como antigamente”.
A Cartomante (Machado de Assis) O termo destacado funciona como:
A intertextualidade é um recurso criativo utilizado na produ- (A) Objeto indireto
ção do texto. No conto, Machado de Assis dialoga com o clássico (B) Objeto direto
“Hamlet” de Shakespeare com o fito de: (C) Adjunto adnominal
(A) Reafirmar a crença no conhecimento científico para explicar (D) Vocativo
as situações da vida humana. (E) Sujeito
(B) Discutir o conhecimento científico e o conhecimento místi-
co na sociedade burguesa do século XX. Reconhecer a impor- 10. (FUNRIO – 2012) “Todos querem que nós
tância da espiritualidade na formação da sociedade burguesa ____________________.”
do século XIX.
(C) Revelar a ambiguidade própria da obra machadiana em Apenas uma das alternativas completa coerente e adequada-
Hamlet de William Shakespeare. mente a frase acima. Assinale-a.
(D) Ironizar o culto ao cientificismo da sociedade burguesa. (A) desfilando pelas passarelas internacionais.
(E) Reconhecer a importância da espiritualidade na formação (B) desista da ação contra aquele salafrário.
da sociedade burguesa do século XIX. (C) estejamos prontos em breve para o trabalho.
(D) recuperássemos a vaga de motorista da firma.
6. (UFPR – 2010) Considere as seguintes sentenças. (E) tentamos aquele emprego novamente.
1 - Ainda que os salários estejam cada vez mais defasados, o
aumento de preços diminui consideravelmente seu poder de com- 11. (FUVEST – 2001) A única frase que NÃO apresenta desvio
pras. em relação à regência (nominal e verbal) recomendada pela norma
2 - O Governo resolveu não se comprometer com nenhuma das culta é:
facções formadas no congresso. Desse modo, todos ficarão à vonta- (A) O governador insistia em afirmar que o assunto principal
de para negociar as possíveis saídas. seria “as grandes questões nacionais”, com o que discordavam
3 - Embora o Brasil possua muito solo fértil com vocação para o líderes pefelistas.
plantio, isso conseguiu atenuar rapidamente o problema da fome. (B) Enquanto Cuba monopolizava as atenções de um clube, do
4 - Choveu muito no inverno deste ano. Entretanto, novos pro- qual nem sequer pediu para integrar, a situação dos outros pa-
jetos de irrigação foram necessários. íses passou despercebida.
5 - As expressões grifadas NÃO estabelecem as relações de sig- (C) Em busca da realização pessoal, profissionais escolhem a
nificado adequadas, criando problemas de coerência, em: dedo aonde trabalhar, priorizando à empresas com atuação
(A) 2 apenas. social.
(B) 1 e 3 apenas. (D) Uma família de sem-teto descobriu um sofá deixado por um
(C) 1 e 4 apenas. morador não muito consciente com a limpeza da cidade.
(D) 2, 3 e 4 apenas. (E) O roteiro do filme oferece uma versão de como consegui-
(E) 2 e 4 apenas. mos um dia preferir a estrada à casa, a paixão e o sonho à regra,
a aventura à repetição.

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LÍNGUA PORTUGUESA

12. (F.E. BAURU) Assinale a alternativa em que há erro de pon- ______________________________________________________


tuação:
(A) Era do conhecimento de todos a hora da prova, mas, alguns ______________________________________________________
se atrasaram.
(B) A hora da prova era do conhecimento de todos; alguns se ______________________________________________________
atrasaram, porém.
______________________________________________________
(C) Todos conhecem a hora da prova; não se atrasem, pois.
(D) Todos conhecem a hora da prova, portanto não se atrasem. ______________________________________________________
(E) N.D.A
______________________________________________________

GABARITO ______________________________________________________

______________________________________________________
1 D ______________________________________________________
2 E
______________________________________________________
3 D
4 B ______________________________________________________

5 D ______________________________________________________
6 B
______________________________________________________
7 A
8 E ______________________________________________________

9 E ______________________________________________________
10 C
______________________________________________________
11 E
______________________________________________________
12 A
______________________________________________________
ANOTAÇÕES ______________________________________________________

______________________________________________________
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32
MATEMÁTICA

TEORIA DOS CONJUNTOS. CONJUNTOS NUMÉRICOS. RELAÇÕES ENTRE CONJUNTOS

Conjunto dos números inteiros - z


O conjunto dos números inteiros é a reunião do conjunto dos números naturais N = {0, 1, 2, 3, 4,..., n,...},(N C Z); o conjunto dos opos-
tos dos números naturais e o zero. Representamos pela letra Z.

N C Z (N está contido em Z)

Subconjuntos:

SÍMBOLO REPRESENTAÇÃO DESCRIÇÃO


* Z* Conjunto dos números inteiros não nulos
+ Z+ Conjunto dos números inteiros não negativos
*e+ Z*+ Conjunto dos números inteiros positivos
- Z_ Conjunto dos números inteiros não positivos
*e- Z*_ Conjunto dos números inteiros negativos

Observamos nos números inteiros algumas características:


• Módulo: distância ou afastamento desse número até o zero, na reta numérica inteira. Representa-se o módulo por | |. O módulo de
qualquer número inteiro, diferente de zero, é sempre positivo.
• Números Opostos: dois números são opostos quando sua soma é zero. Isto significa que eles estão a mesma distância da origem
(zero).

Somando-se temos: (+4) + (-4) = (-4) + (+4) = 0

33
MATEMÁTICA

Operações Na multiplicação e divisão de números inteiros é muito impor-


• Soma ou Adição: Associamos aos números inteiros positivos tante a REGRA DE SINAIS:
a ideia de ganhar e aos números inteiros negativos a ideia de perder.
Sinais iguais (+) (+); (-) (-) = resultado sempre positivo.
ATENÇÃO: O sinal (+) antes do número positivo pode ser dis-
pensado, mas o sinal (–) antes do número negativo nunca pode Sinais diferentes (+) (-); (-) (+) = resultado sempre
ser dispensado. negativo.

• Subtração: empregamos quando precisamos tirar uma quan- Exemplo:


tidade de outra quantidade; temos duas quantidades e queremos (PREF.DE NITERÓI) Um estudante empilhou seus livros, obten-
saber quanto uma delas tem a mais que a outra; temos duas quan- do uma única pilha 52cm de altura. Sabendo que 8 desses livros
tidades e queremos saber quanto falta a uma delas para atingir a possui uma espessura de 2cm, e que os livros restantes possuem
outra. A subtração é a operação inversa da adição. O sinal sempre espessura de 3cm, o número de livros na pilha é:
será do maior número. (A) 10
(B) 15
ATENÇÃO: todos parênteses, colchetes, chaves, números, ..., (C) 18
entre outros, precedidos de sinal negativo, tem o seu sinal inverti- (D) 20
do, ou seja, é dado o seu oposto. (E) 22

Exemplo: Resolução:
(FUNDAÇÃO CASA – AGENTE EDUCACIONAL – VUNESP) Para São 8 livros de 2 cm: 8.2 = 16 cm
zelar pelos jovens internados e orientá-los a respeito do uso ade- Como eu tenho 52 cm ao todo e os demais livros tem 3 cm,
quado dos materiais em geral e dos recursos utilizados em ativida- temos:
des educativas, bem como da preservação predial, realizou-se uma 52 - 16 = 36 cm de altura de livros de 3 cm
dinâmica elencando “atitudes positivas” e “atitudes negativas”, no 36 : 3 = 12 livros de 3 cm
entendimento dos elementos do grupo. Solicitou-se que cada um O total de livros da pilha: 8 + 12 = 20 livros ao todo.
classificasse suas atitudes como positiva ou negativa, atribuindo Resposta: D
(+4) pontos a cada atitude positiva e (-1) a cada atitude negativa.
Se um jovem classificou como positiva apenas 20 das 50 atitudes • Potenciação: A potência an do número inteiro a, é definida
anotadas, o total de pontos atribuídos foi como um produto de n fatores iguais. O número a é denominado a
(A) 50. base e o número n é o expoente.an = a x a x a x a x ... x a , a é multi-
(B) 45. plicado por a n vezes. Tenha em mente que:
(C) 42. – Toda potência de base positiva é um número inteiro positivo.
(D) 36. – Toda potência de base negativa e expoente par é um número
(E) 32. inteiro positivo.
– Toda potência de base negativa e expoente ímpar é um nú-
Resolução: mero inteiro negativo.
50-20=30 atitudes negativas
20.4=80 Propriedades da Potenciação
30.(-1)=-30 1) Produtos de Potências com bases iguais: Conserva-se a base
80-30=50 e somam-se os expoentes. (–a)3 . (–a)6 = (–a)3+6 = (–a)9
Resposta: A 2) Quocientes de Potências com bases iguais: Conserva-se a
base e subtraem-se os expoentes. (-a)8 : (-a)6 = (-a)8 – 6 = (-a)2
• Multiplicação: é uma adição de números/ fatores repetidos. 3) Potência de Potência: Conserva-se a base e multiplicam-se
Na multiplicação o produto dos números a e b, pode ser indicado os expoentes. [(-a)5]2 = (-a)5 . 2 = (-a)10
por a x b, a . b ou ainda ab sem nenhum sinal entre as letras. 4) Potência de expoente 1: É sempre igual à base. (-a)1 = -a e
(+a)1 = +a
• Divisão: a divisão exata de um número inteiro por outro nú- 5) Potência de expoente zero e base diferente de zero: É igual
mero inteiro, diferente de zero, dividimos o módulo do dividendo a 1. (+a)0 = 1 e (–b)0 = 1
pelo módulo do divisor.

ATENÇÃO:
1) No conjunto Z, a divisão não é comutativa, não é associativa
e não tem a propriedade da existência do elemento neutro.
2) Não existe divisão por zero.
3) Zero dividido por qualquer número inteiro, diferente de zero,
é zero, pois o produto de qualquer número inteiro por zero é igual
a zero.

34
MATEMÁTICA

Conjunto dos números racionais – Q m


Um número racional é o que pode ser escrito na forma n , onde m e n são números inteiros, sendo que n deve ser diferente de zero.
Frequentemente usamos m/n para significar a divisão de m por n.

N C Z C Q (N está contido em Z que está contido em Q)

Subconjuntos:

SÍMBOLO REPRESENTAÇÃO DESCRIÇÃO


* Q* Conjunto dos números racionais não nulos
+ Q+ Conjunto dos números racionais não negativos
*e+ Q*+ Conjunto dos números racionais positivos
- Q_ Conjunto dos números racionais não positivos
*e- Q*_ Conjunto dos números racionais negativos

Representação decimal
Podemos representar um número racional, escrito na forma de fração, em número decimal. Para isso temos duas maneiras possíveis:
1º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, um número finito de algarismos. Decimais Exatos:

2
= 0,4
5

2º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, infinitos algarismos (nem todos nulos), repetindo-se periodicamente Decimais
Periódicos ou Dízimas Periódicas:
1
= 0,333...
3

Representação Fracionária
É a operação inversa da anterior. Aqui temos duas maneiras possíveis:

1) Transformando o número decimal em uma fração numerador é o número decimal sem a vírgula e o denominador é composto pelo
numeral 1, seguido de tantos zeros quantas forem as casas decimais do número decimal dado. Ex.:
0,035 = 35/1000

2) Através da fração geratriz. Aí temos o caso das dízimas periódicas que podem ser simples ou compostas.
– Simples: o seu período é composto por um mesmo número ou conjunto de números que se repeti infinitamente. Exemplos:

35
MATEMÁTICA

Procedimento: para transformarmos uma dízima periódica simples em fração basta utilizarmos o dígito 9 no denominador para cada
quantos dígitos tiver o período da dízima.

– Composta: quando a mesma apresenta um ante período que não se repete.

a)

Procedimento: para cada algarismo do período ainda se coloca um algarismo 9 no denominador. Mas, agora, para cada algarismo do
antiperíodo se coloca um algarismo zero, também no denominador.

b)

Procedimento: é o mesmo aplicado ao item “a”, acrescido na frente da parte inteira (fração mista), ao qual transformamos e obtemos
a fração geratriz.

Exemplo:
(PREF. NITERÓI) Simplificando a expressão abaixo

Obtém-se :

(A) ½
(B) 1
(C) 3/2
(D) 2
(E) 3

36
MATEMÁTICA

Resolução: Exemplo:
(PREF. JUNDIAI/SP – AGENTE DE SERVIÇOS OPERACIONAIS
– MAKIYAMA) Na escola onde estudo, ¼ dos alunos tem a língua
portuguesa como disciplina favorita, 9/20 têm a matemática como
favorita e os demais têm ciências como favorita. Sendo assim, qual
fração representa os alunos que têm ciências como disciplina favo-
rita?
(A) 1/4
(B) 3/10
Resposta: B (C) 2/9
(D) 4/5
Caraterísticas dos números racionais (E) 3/2
O módulo e o número oposto são as mesmas dos números in-
teiros. Resolução:
Somando português e matemática:
Inverso: dado um número racional a/b o inverso desse número
(a/b)–n, é a fração onde o numerador vira denominador e o denomi-
nador numerador (b/a)n.

O que resta gosta de ciências:

Representação geométrica

Resposta: B

• Multiplicação: como todo número racional é uma fração ou


pode ser escrito na forma de uma fração, definimos o produto de
dois números racionais a e c , da mesma forma que o produto de
b d
frações, através de:

Observa-se que entre dois inteiros consecutivos existem infini-


tos números racionais.

Operações
• Soma ou adição: como todo número racional é uma fração
ou pode ser escrito na forma de uma fração, definimos a adição
entre os números racionais e c , da mesma forma que a soma • Divisão: a divisão de dois números racionais p e q é a própria
de frações, através de: d operação de multiplicação do número p pelo inverso de q, isto é: p
÷ q = p × q-1

• Subtração: a subtração de dois números racionais p e q é a


própria operação de adição do número p com o oposto de q, isto é: Exemplo:
p – q = p + (–q) (PM/SE – SOLDADO 3ªCLASSE – FUNCAB) Numa operação
policial de rotina, que abordou 800 pessoas, verificou-se que 3/4
dessas pessoas eram homens e 1/5 deles foram detidos. Já entre as
mulheres abordadas, 1/8 foram detidas.
Qual o total de pessoas detidas nessa operação policial?
(A) 145
(B) 185
ATENÇÃO: Na adição/subtração se o denominador for igual, (C) 220
conserva-se os denominadores e efetua-se a operação apresen- (D) 260
tada. (E) 120

37
MATEMÁTICA

Resolução: Procedimentos
1) Operações:
- Resolvermos primeiros as potenciações e/ou radiciações na
ordem que aparecem;
- Depois as multiplicações e/ou divisões;
- Por último as adições e/ou subtrações na ordem que apare-
cem.

2) Símbolos:
- Primeiro, resolvemos os parênteses ( ), até acabarem os cál-
culos dentro dos parênteses,
-Depois os colchetes [ ];
- E por último as chaves { }.

ATENÇÃO:
– Quando o sinal de adição (+) anteceder um parêntese, col-
chetes ou chaves, deveremos eliminar o parêntese, o colchete ou
Resposta: A chaves, na ordem de resolução, reescrevendo os números internos
com os seus sinais originais.
• Potenciação: é válido as propriedades aplicadas aos núme- – Quando o sinal de subtração (-) anteceder um parêntese, col-
ros inteiros. Aqui destacaremos apenas as que se aplicam aos nú- chetes ou chaves, deveremos eliminar o parêntese, o colchete ou
meros racionais. chaves, na ordem de resolução, reescrevendo os números internos
com os seus sinais invertidos.
A) Toda potência com expoente negativo de um número racio-
nal diferente de zero é igual a outra potência que tem a base igual Exemplo:
ao inverso da base anterior e o expoente igual ao oposto do expo- (MANAUSPREV – ANALISTA PREVIDENCIÁRIO – ADMINISTRATI-
ente anterior. VA – FCC) Considere as expressões numéricas, abaixo.
A = 1/2 + 1/4+ 1/8 + 1/16 + 1/32 e
B = 1/3 + 1/9 + 1/27 + 1/81 + 1/243

O valor, aproximado, da soma entre A e B é


(A) 2
(B) 3
(C) 1
B) Toda potência com expoente ímpar tem o mesmo sinal da (D) 2,5
base. (E) 1,5

Resolução:
Vamos resolver cada expressão separadamente:

C) Toda potência com expoente par é um número positivo.

Expressões numéricas
São todas sentenças matemáticas formadas por números, suas
operações (adições, subtrações, multiplicações, divisões, potencia-
ções e radiciações) e também por símbolos chamados de sinais de
associação, que podem aparecer em uma única expressão.
Resposta: E

38
MATEMÁTICA

Múltiplos Vale ressaltar a divisibilidade por 7: Um número é divisível por


Dizemos que um número é múltiplo de outro quando o primei- 7 quando o último algarismo do número, multiplicado por 2, subtra-
ro é resultado da multiplicação entre o segundo e algum número ído do número sem o algarismo, resulta em um número múltiplo de
natural e o segundo, nesse caso, é divisor do primeiro. O que sig- 7. Neste, o processo será repetido a fim de diminuir a quantidade
nifica que existem dois números, x e y, tal que x é múltiplo de y se de algarismos a serem analisados quanto à divisibilidade por 7.
existir algum número natural n tal que:
x = y·n Outros critérios
Divisibilidade por 12: Um número é divisível por 12 quando é
Se esse número existir, podemos dizer que y é um divisor de x e divisível por 3 e por 4 ao mesmo tempo.
podemos escrever: x = n/y Divisibilidade por 15: Um número é divisível por 15 quando é
divisível por 3 e por 5 ao mesmo tempo.
Observações:
1) Todo número natural é múltiplo de si mesmo. Fatoração numérica
2) Todo número natural é múltiplo de 1. Trata-se de decompor o número em fatores primos. Para de-
3) Todo número natural, diferente de zero, tem infinitos múl- compormos este número natural em fatores primos, dividimos o
tiplos. mesmo pelo seu menor divisor primo, após pegamos o quociente
4) O zero é múltiplo de qualquer número natural. e dividimos o pelo seu menor divisor, e assim sucessivamente até
5) Os múltiplos do número 2 são chamados de números pares, obtermos o quociente 1. O produto de todos os fatores primos re-
e a fórmula geral desses números é 2k (k ∈ N). Os demais são cha- presenta o número fatorado. Exemplo:
mados de números ímpares, e a fórmula geral desses números é 2k
+ 1 (k ∈ N).
6) O mesmo se aplica para os números inteiros, tendo k ∈ Z.

Critérios de divisibilidade
São regras práticas que nos possibilitam dizer se um número
é ou não divisível por outro, sem que seja necessário efetuarmos
a divisão.
No quadro abaixo temos um resumo de alguns dos critérios:

Divisores
Os divisores de um número n, é o conjunto formado por todos
os números que o dividem exatamente. Tomemos como exemplo o
número 12.

Um método para descobrimos os divisores é através da fato-


ração numérica. O número de divisores naturais é igual ao produto
dos expoentes dos fatores primos acrescidos de 1.
Logo o número de divisores de 12 são:

Para sabermos quais são esses 6 divisores basta pegarmos cada


fator da decomposição e seu respectivo expoente natural que varia
de zero até o expoente com o qual o fator se apresenta na decom-
posição do número natural.
(Fonte: https://www.guiadamatematica.com.br/criterios-de-divisi- 12 = 22 . 31 =
bilidade/ - reeditado) 22 = 20,21 e 22 ; 31 = 30 e 31, teremos:
20 . 30=1
20 . 31=3

39
MATEMÁTICA

21 . 30=2
21 . 31=2.3=6
22 . 31=4.3=12
22 . 30=4

O conjunto de divisores de 12 são: D (12)={1, 2, 3, 4, 6, 12}


A soma dos divisores é dada por: 1 + 2 + 3 + 4 + 6 + 12 = 28

Máximo divisor comum (MDC)


É o maior número que é divisor comum de todos os números dados. Para o cálculo do MDC usamos a decomposição em fatores pri-
mos. Procedemos da seguinte maneira:
Após decompor em fatores primos, o MDC é o produto dos FATORES COMUNS obtidos, cada um deles elevado ao seu MENOR EXPO-
ENTE.

Exemplo:
MDC (18,24,42) =

Observe que os fatores comuns entre eles são: 2 e 3, então pegamos os de menores expoentes: 2x3 = 6. Logo o Máximo Divisor Co-
mum entre 18,24 e 42 é 6.

Mínimo múltiplo comum (MMC)


É o menor número positivo que é múltiplo comum de todos os números dados. A técnica para acharmos é a mesma do MDC, apenas
com a seguinte ressalva:
O MMC é o produto dos FATORES COMUNS E NÃO-COMUNS, cada um deles elevado ao SEU MAIOR EXPOENTE.
Pegando o exemplo anterior, teríamos:
MMC (18,24,42) =
Fatores comuns e não-comuns= 2,3 e 7
Com maiores expoentes: 2³x3²x7 = 8x9x7 = 504. Logo o Mínimo Múltiplo Comum entre 18,24 e 42 é 504.

Temos ainda que o produto do MDC e MMC é dado por: MDC (A,B). MMC (A,B)= A.B

Os cálculos desse tipo de problemas, envolvem adições e subtrações, posteriormente as multiplicações e divisões. Depois os pro-
blemas são resolvidos com a utilização dos fundamentos algébricos, isto é, criamos equações matemáticas com valores desconhecidos
(letras). Observe algumas situações que podem ser descritas com utilização da álgebra.
É bom ter mente algumas situações que podemos encontrar:

40
MATEMÁTICA

(PREFEITURA MUNICIPAL DE RIBEIRÃO PRETO/SP – AGENTE


DE ADMINISTRAÇÃO – VUNESP) Uma loja de materiais elétricos
testou um lote com 360 lâmpadas e constatou que a razão entre o
número de lâmpadas queimadas e o número de lâmpadas boas era
2 / 7. Sabendo-se que, acidentalmente, 10 lâmpadas boas quebra-
ram e que lâmpadas queimadas ou quebradas não podem ser ven-
didas, então a razão entre o número de lâmpadas que não podem
ser vendidas e o número de lâmpadas boas passou a ser de
(A) 1 / 4.
(B) 1 / 3.
Exemplos: (C) 2 / 5.
(PREF. GUARUJÁ/SP – SEDUC – PROFESSOR DE MATEMÁTICA – (D) 1 / 2.
CAIPIMES) Sobre 4 amigos, sabe-se que Clodoaldo é 5 centímetros (E) 2 / 3.
mais alto que Mônica e 10 centímetros mais baixo que Andreia. Sa-
be-se também que Andreia é 3 centímetros mais alta que Doralice e Resolução:
que Doralice não é mais baixa que Clodoaldo. Se Doralice tem 1,70 Chamemos o número de lâmpadas queimadas de ( Q ) e o nú-
metros, então é verdade que Mônica tem, de altura: mero de lâmpadas boas de ( B ). Assim:
(A) 1,52 metros. B + Q = 360 , ou seja, B = 360 – Q ( I )
(B) 1,58 metros.
(C) 1,54 metros.
(D) 1,56 metros. , ou seja, 7.Q = 2.B ( II )

Resolução: Substituindo a equação ( I ) na equação ( II ), temos:


Escrevendo em forma de equações, temos: 7.Q = 2. (360 – Q)
C = M + 0,05 ( I ) 7.Q = 720 – 2.Q
C = A – 0,10 ( II ) 7.Q + 2.Q = 720
A = D + 0,03 ( III ) 9.Q = 720
D não é mais baixa que C Q = 720 / 9
Se D = 1,70 , então: Q = 80 (queimadas)
( III ) A = 1,70 + 0,03 = 1,73 Como 10 lâmpadas boas quebraram, temos:
( II ) C = 1,73 – 0,10 = 1,63 Q’ = 80 + 10 = 90 e B’ = 360 – 90 = 270
( I ) 1,63 = M + 0,05
M = 1,63 – 0,05 = 1,58 m
Resposta: B
Resposta: B
(CEFET – AUXILIAR EM ADMINISTRAÇÃO – CESGRANRIO) Em
três meses, Fernando depositou, ao todo, R$ 1.176,00 em sua ca- Fração é todo número que pode ser escrito da seguinte forma
derneta de poupança. Se, no segundo mês, ele depositou R$ 126,00 a/b, com b≠0. Sendo a o numerador e b o denominador. Uma fra-
a mais do que no primeiro e, no terceiro mês, R$ 48,00 a menos do ção é uma divisão em partes iguais. Observe a figura:
que no segundo, qual foi o valor depositado no segundo mês?
(A) R$ 498,00
(B) R$ 450,00
(C) R$ 402,00
(D) R$ 334,00
(E) R$ 324,00

Resolução: O numerador indica quantas partes tomamos do total que foi


Primeiro mês = x dividida a unidade.
Segundo mês = x + 126 O denominador indica quantas partes iguais foi dividida a uni-
Terceiro mês = x + 126 – 48 = x + 78 dade.
Total = x + x + 126 + x + 78 = 1176 Lê-se: um quarto.
3.x = 1176 – 204
x = 972 / 3 Atenção:
x = R$ 324,00 (1º mês) • Frações com denominadores de 1 a 10: meios, terços, quar-
* No 2º mês: 324 + 126 = R$ 450,00 tos, quintos, sextos, sétimos, oitavos, nonos e décimos.
Resposta: B • Frações com denominadores potências de 10: décimos, cen-
tésimos, milésimos, décimos de milésimos, centésimos de milési-
mos etc.

41
MATEMÁTICA

• Denominadores diferentes dos citados anteriormente: – Divisão: É igual a primeira fração multiplicada pelo inverso da
Enuncia-se o numerador e, em seguida, o denominador seguido da segunda fração. Ex.:
palavra “avos”.

Tipos de frações
– Frações Próprias: Numerador é menor que o denominador.
Ex.: 7/15
– Frações Impróprias: Numerador é maior ou igual ao denomi-
nador. Ex.: 6/7
– Frações aparentes: Numerador é múltiplo do denominador. Obs.: Sempre que possível podemos simplificar o resultado da
As mesmas pertencem também ao grupo das frações impróprias. fração resultante de forma a torna-la irredutível.
Ex.: 6/3
– Frações mistas: Números compostos de uma parte inteira e Exemplo:
outra fracionária. Podemos transformar uma fração imprópria na (EBSERH/HUPES – UFBA – TÉCNICO EM INFORMÁTICA – IA-
forma mista e vice e versa. Ex.: 1 1/12 (um inteiro e um doze avos) DES) O suco de três garrafas iguais foi dividido igualmente entre 5
– Frações equivalentes: Duas ou mais frações que apresentam pessoas. Cada uma recebeu
a mesma parte da unidade. Ex.: 2/4 = 1/2
– Frações irredutíveis: Frações onde o numerador e o denomi- (A)
nador são primos entre si. Ex.: 5/11 ;

Operações com frações (B)

• Adição e Subtração
Com mesmo denominador: Conserva-se o denominador e so- (C)
ma-se ou subtrai-se os numeradores.

(D)

(E)
Com denominadores diferentes: é necessário reduzir ao mes-
mo denominador através do MMC entre os denominadores. Usa-
mos tanto na adição quanto na subtração. Resolução:
Se cada garrafa contém X litros de suco, e eu tenho 3 garrafas,
então o total será de 3X litros de suco. Precisamos dividir essa quan-
tidade de suco (em litros) para 5 pessoas, logo teremos:

O MMC entre os denominadores (3,2) = 6


Onde x é litros de suco, assim a fração que cada um recebeu de
• Multiplicação e Divisão suco é de 3/5 de suco da garrafa.
Multiplicação: É produto dos numerados pelos denominadores Resposta: B
dados. Ex.:

FUNÇÕES EXPONENCIAIS, LOGARÍTMICAS E


TRIGONOMÉTRICAS. EQUAÇÕES DE 1º GRAU.
EQUAÇÕES POLINOMIAIS REDUZIDAS AO 2º GRAU.
EQUAÇÕES EXPONENCIAIS, LOGARÍTMICAS E
TRIGONOMÉTRICAS

Funções lineares
Chama-se função do 1º grau ou afim a função f: R  R definida
por y = ax + b, com a e b números reais e a 0. a é o coeficiente an-
gular da reta e determina sua inclinação, b é o coeficiente linear da
reta e determina a intersecção da reta com o eixo y.

42
MATEMÁTICA

Com a ϵ R* e b ϵ R.

Atenção
Usualmente chamamos as funções polinomiais de: 1º grau, 2º • Função linear
etc, mas o correto seria Função de grau 1,2 etc. Pois o classifica a É a função do 1º grau quando b = 0, a ≠ 0 e a ≠ 1, a e b ∈ R.
função é o seu grau do seu polinômio.
• Função afim
A função do 1º grau pode ser classificada de acordo com seus É a função do 1º grau quando a ≠ 0, b ≠ 0, a e b ∈ R.
gráficos. Considere sempre a forma genérica y = ax + b.
• Função Injetora
• Função constante É a função cujo domínio apresenta elementos distintos e tam-
Se a = 0, então y = b, b ∈ R. Desta maneira, por exemplo, se y bém imagens distintas.
= 4 é função constante, pois, para qualquer valor de x, o valor de y
ou f(x) será sempre 4.

• Função identidade
Se a = 1 e b = 0, então y = x. Nesta função, x e y têm sempre • Função Sobrejetora
os mesmos valores. Graficamente temos: A reta y = x ou f(x) = x é É quando todos os elementos do domínio forem imagens de
denominada bissetriz dos quadrantes ímpares. PELO MENOS UM elemento do domínio.

Mas, se a = -1 e b = 0, temos então y = -x. A reta determinada


por esta função é a bissetriz dos quadrantes pares, conforme mos-
tra o gráfico ao lado. x e y têm valores iguais em módulo, porém
com sinais contrários.

43
MATEMÁTICA

• Função Bijetora
É uma função que é ao mesmo tempo injetora e sobrejetora.

1º) Igualamos y a zero, então ax + b = 0 ⇒ x = - b/a, no eixo x


encontramos o ponto (-b/a, 0).
• Função Par 2º) Igualamos x a zero, então f(x) = a. 0 + b ⇒ f(x) = b, no eixo y
Quando para todo elemento x pertencente ao domínio temos encontramos o ponto (0, b).
f(x)=f(-x), ∀ x ∈ D(f). Ou seja, os valores simétricos devem possuir • f(x) é crescente se a é um número positivo (a > 0);
a mesma imagem. • f(x) é decrescente se a é um número negativo (a < 0).

• Função ímpar Raiz ou zero da função do 1º grau


Quando para todo elemento x pertencente ao domínio, temos A raiz ou zero da função do 1º grau é o valor de x para o qual y =
f(-x) = -f(x) ∀ x є D(f). Ou seja, os elementos simétricos do domínio f(x) = 0. Graficamente, é o ponto em que a reta “corta” o eixo x. Por-
terão imagens simétricas. tanto, para determinar a raiz da função, basta a igualarmos a zero:

Estudo de sinal da função do 1º grau


Estudar o sinal de uma função do 1º grau é determinar os valo-
res de x para que y seja positivo, negativo ou zero.
1º) Determinamos a raiz da função, igualando-a a zero: (raiz:
x =- b/a)
2º) Verificamos se a função é crescente (a>0) ou decrescente (a
< 0); temos duas possibilidades:

Gráfico da função do 1º grau


A representação geométrica da função do 1º grau é uma reta,
portanto, para determinar o gráfico, é necessário obter dois pontos.
Em particular, procuraremos os pontos em que a reta corta os eixos
x e y.
De modo geral, dada a função f(x) = ax + b, para determinarmos
a intersecção da reta com os eixos, procedemos do seguinte modo:

44
MATEMÁTICA

Exemplos: Equações lineares


(PM/SP – CABO – CETRO) O gráfico abaixo representa o salário As equações do tipo a1x1 + a2x2 + a3x3 + .....+ anxn = b, são equa-
bruto (S) de um policial militar em função das horas (h) trabalhadas ções lineares, onde a1, a2, a3, ... são os coeficientes; x1, x2, x3,... as
em certa cidade. Portanto, o valor que este policial receberá por incógnitas e b o termo independente.
186 horas é Por exemplo, a equação 4x – 3y + 5z = 31 é uma equação line-
ar. Os coeficientes são 4, –3 e 5; x, y e z as incógnitas e 31 o termo
independente.
Para x = 2, y = 4 e z = 7, temos 4.2 – 3.4 + 5.7 = 31, concluímos
que o terno ordenado (2,4,7) é solução da equação linear
4x – 3y + 5z = 31.

Funções quadráticas
Chama-se função do 2º grau ou função quadrática, de domínio
R e contradomínio R, a função:

(A) R$ 3.487,50. Com a, b e c reais e a ≠ 0.


(B) R$ 3.506,25.
(C) R$ 3.534,00. Onde:
(D) R$ 3.553,00. a é o coeficiente de x2
b é o coeficiente de x
Resolução: c é o termo independente

Atenção:
Chama-se função completa aquela em que a, b e c não são nu-
los, e função incompleta aquela em que b ou c são nulos.

Raízes da função do 2ºgrau


Analogamente à função do 1º grau, para encontrar as raízes
da função quadrática, devemos igualar f(x) a zero. Teremos então:
ax2 + bx + c = 0
Resposta: A
A expressão assim obtida denomina-se equação do 2º grau.
(CBTU/RJ - ASSISTENTE OPERACIONAL - CONDUÇÃO DE VEÍ- As raízes da equação são determinadas utilizando-se a fórmula de
CULOS METROFERROVIÁRIOS – CONSULPLAN) Qual dos pares de Bhaskara:
pontos a seguir pertencem a uma função do 1º grau decrescente?
(A) Q(3, 3) e R(5, 5).
(B) N(0, –2) e P(2, 0).
(C) S(–1, 1) e T(1, –1).
(D) L(–2, –3) e M(2, 3).
Δ (letra grega: delta) é chamado de discriminante da equação.
Resolução: Observe que o discriminante terá um valor numérico, do qual te-
Para pertencer a uma função polinomial do 1º grau decrescen- mos de extrair a raiz quadrada. Neste caso, temos três casos a con-
te, o primeiro ponto deve estar em uma posição “mais alta” do que siderar:
o 2º ponto. Δ > 0 ⇒ duas raízes reais e distintas;
Vamos analisar as alternativas: Δ = 0 ⇒ duas raízes reais e iguais;
( A ) os pontos Q e R estão no 1º quadrante, mas Q está em uma Δ < 0 ⇒ não existem raízes reais (∄ x ∈ R).
posição mais baixa que o ponto R, e, assim, a função é crescente.
( B ) o ponto N está no eixo y abaixo do zero, e o ponto P está no Gráfico da função do 2º grau
eixo x à direita do zero, mas N está em uma posição mais baixa que
o ponto P, e, assim, a função é crescente. • Concavidade da parábola
( D ) o ponto L está no 3º quadrante e o ponto M está no 1º Graficamente, a função do 2º grau, de domínio r, é representa-
quadrante, e L está em uma posição mais baixa do que o ponto M, da por uma curva denominada parábola. Dada a função y = ax2 + bx
sendo, assim, crescente. + c, cujo gráfico é uma parábola, se:
( C ) o ponto S está no 2º quadrante e o ponto T está no 4º qua-
drante, e S está em uma posição mais alta do que o ponto T, sendo,
assim, decrescente.
Resposta: C

45
MATEMÁTICA

• O termo independente
Na função y = ax2 + bx + c, se x = 0 temos y = c. Os pontos em que x = 0 estão no eixo y, isto significa que o ponto (0, c) é onde a pará-
bola “corta” o eixo y.

• Raízes da função
Considerando os sinais do discriminante (Δ) e do coeficiente de x2, teremos os gráficos que seguem para a função y = ax2 + bx + c.

Vértice da parábola – Máximos e mínimos da função


Observe os vértices nos gráficos:

O vértice da parábola será:


• o ponto mínimo se a concavidade estiver voltada para cima (a > 0);
• o ponto máximo se a concavidade estiver voltada para baixo (a < 0).
A reta paralela ao eixo y que passa pelo vértice da parábola é chamada de eixo de simetria.

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MATEMÁTICA

Coordenadas do vértice
As coordenadas do vértice da parábola são dadas por:

Estudo do sinal da função do 2º grau


Estudar o sinal da função quadrática é determinar os valores de x para que y seja: positivo, negativo ou zero. Dada a função f(x) = y =
ax2 + bx + c, para saber os sinais de y, determinamos as raízes (se existirem) e analisamos o valor do discriminante.

Exemplos:
(CBM/MG – OFICIAL BOMBEIRO MILITAR – FUMARC) Duas cidades A e B estão separadas por uma distância d. Considere um ciclista
que parte da cidade A em direção à cidade B. A distância d, em quilômetros, que o ciclista ainda precisa percorrer para chegar ao seu des-
tino em função do tempo t, em horas, é dada pela função . Sendo assim, a velocidade média desenvolvida pelo ciclista
em todo o percurso da cidade A até a cidade B é igual a
(A) 10 Km/h
(B) 20 Km/h
(C) 90 Km/h
(D) 100 Km/h

Resolução:
Vamos calcular a distância total, fazendo t = 0:

Agora, vamos substituir na função:

100 – t² = 0
– t² = – 100 . (– 1)
t² = 100
t= √100=10km/h
Resposta: A

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MATEMÁTICA

(IPEM – TÉCNICO EM METROLOGIA E QUALIDADE – VUNESP) A figura ilustra um arco decorativo de parábola AB sobre a porta da
entrada de um salão:

Considere um sistema de coordenadas cartesianas com centro em O, de modo que o eixo vertical (y) passe pelo ponto mais alto do
arco (V), e o horizontal (x) passe pelos dois pontos de apoio desse arco sobre a porta (A e B).
Sabendo-se que a função quadrática que descreve esse arco é f(x) = – x²+ c, e que V = (0; 0,81), pode-se afirmar que a distância , em
metros, é igual a
(A) 2,1.
(B) 1,8.
(C) 1,6.
(D) 1,9.
(E) 1,4.

Resolução:
C=0,81, pois é exatamente a distância de V
F(x)=-x²+0,81
0=-x²+0,81
X²=0,81
X=±0,9
A distância AB é 0,9+0,9=1,8
Resposta: B

(TRANSPETRO – TÉCNICO DE ADMINISTRAÇÃO E CONTROLE JÚNIOR – CESGRANRIO) A raiz da função f(x) = 2x − 8 é também raiz da
função quadrática g(x) = ax²+ bx + c. Se o vértice da parábola, gráfico da função g(x), é o ponto V(−1, −25), a soma a + b + c é igual a:
(A) − 25
(B) − 24
(C) − 23
(D) − 22
(E) – 21

Resolução:
2x-8=0
2x=8
X=4

Lembrando que para encontrar a equação, temos:


(x - 4)(x + 6) = x² + 6x - 4x - 24 = x² + 2x - 24
a=1
b=2
c=-24
a + b + c = 1 + 2 – 24 = -21

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MATEMÁTICA

Resposta: E

Função exponencial
Antes seria bom revisarmos algumas noções de potencialização e radiciação.
Sejam a e b bases reais e diferentes de zero e m e n expoentes inteiros, temos:

Equação exponencial
A equação exponencial caracteriza-se pela presença da incógnita no expoente. Exemplos:

Para resolver estas equações, além das propriedades de potências, utilizamos a seguinte propriedade:
Se duas potências são iguais, tendo as bases iguais, então os expoentes são iguais: am = an ⇔ m = n, sendo a > 0 e a ≠ 1.

Gráficos da função exponencial


A função exponencial f, de domínio R e contradomínio R, é definida por y = ax, onde a > 0 e a ≠1.

Exemplos:
01. Considere a função y = 3x.
Vamos atribuir valores a x, calcular y e a seguir construir o gráfico:

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MATEMÁTICA

02. Considerando a função, encontre a função: y = (1/3)x

Observando as funções anteriores, podemos concluir que para y = ax:


• se a > 1, a função exponencial é crescente;
• se 0 < a < 1, a função é decrescente.

Graficamente temos:

Inequação exponencial
A inequação exponencial caracteriza-se pela presença da incógnita no expoente e de um dos sinais de desigualdade: >, <, ≥ ou ≤.
Analisando seus gráficos, temos:

Observando o gráfico, temos que:


• na função crescente, conservamos o sinal da desigualdade para comparar os expoentes:

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MATEMÁTICA

• na função decrescente, “invertemos” o sinal da desigualdade para comparar os expoentes:

Desde que as bases sejam iguais.

Exemplos:
(CORPO DE BOMBEIROS MILITAR/MT – OFICIAL BOMBEIRO MILITAR – COVEST – UNEMAT) As funções exponenciais são muito usa-
das para modelar o crescimento ou o decaimento populacional de uma determinada região em um determinado período de tempo. A fun-
ção P(t) = 234(1,023)t modela o comportamento de uma determinada cidade quanto ao seu crescimento populacional em um determinado
período de tempo, em que P é a população em milhares de habitantes e t é o número de anos desde 1980.
Qual a taxa média de crescimento populacional anual dessa cidade?
(A) 1,023%
(B) 1,23%
(C) 2,3%
(D) 0,023%
(E) 0,23%

Resolução:

Primeiramente, vamos calcular a população inicial, fazendo t = 0:

Agora, vamos calcular a população após 1 ano, fazendo t = 1:

Por fim, vamos utilizar a Regra de Três Simples:


População----------%
234 --------------- 100
239,382 ------------ x

234.x = 239,382 . 100


x = 23938,2 / 234
x = 102,3%
102,3% = 100% (população já existente) + 2,3% (crescimento)
Resposta: C

(POLÍCIA CIVIL/SP – DESENHISTA TÉCNICO-PERICIAL – VUNESP) Uma população P cresce em função do tempo t (em anos), segundo a
sentença P = 2000.50,1t. Hoje, no instante t = 0, a população é de 2 000 indivíduos. A população será de 50 000 indivíduos daqui a
(A) 20 anos.
(B) 25 anos.
(C) 50 anos.
(D) 15 anos.
(E) 10 anos.

Resolução:

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MATEMÁTICA

Vamos simplificar as bases (5), sobrando somente os expoentes. Assim:


0,1 . t = 2
t = 2 / 0,1
t = 20 anos
Resposta: A

Função logarítmica
• Logaritmo
O logaritmo de um número b, na base a, onde a e b são positivos e a é diferente de um, é um número x, tal que x é o expoente de a
para se obter b, então:

Onde:
b é chamado de logaritmando
a é chamado de base
x é o logaritmo

OBSERVAÇÕES
– loga a = 1, sendo a > 0 e a ≠ 1
– Nos logaritmos decimais, ou seja, aqueles em que a base é 10, está frequentemente é omitida. Por exemplo: logaritmo de 2 na base
10; notação: log 2

Propriedades decorrentes da definição

• Domínio (condição de existência)


Segundo a definição, o logaritmando e a base devem ser positivos, e a base deve ser diferente de 1. Portanto, sempre que encontra-
mos incógnitas no logaritmando ou na base devemos garantir a existência do logaritmo.

– Propriedades

Logaritmo decimal - característica e mantissa


Normalmente eles são calculados fazendo-se o uso da calculadora e da tabela de logaritmos. Mas fique tranquilo em sua prova as
bancas fornecem os valores dos logaritmos.

Exemplo: Determine log 341.

Resolução:
Sabemos que 341 está entre 100 e 1.000:
102 < 341 < 103
Como a característica é o expoente de menor potência de 10, temos que c = 2.
Consultando a tabela para 341, encontramos m = 0,53275. Logo: log 341 = 2 + 0,53275  log 341 = 2,53275.

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MATEMÁTICA

Propriedades operatórias dos logaritmos

Cologaritmo
cologa b = - loga b, sendo b> 0, a > 0 e a ≠ 1

Mudança de base
Para resolver questões que envolvam logaritmo com bases diferentes, utilizamos a seguinte expressão:

Função logarítmica
Função logarítmica é a função f, de domínio R*+ e contradomínio R, que associa cada número real e positivo x ao logaritmo de x na
base a, onde a é um número real, positivo e diferente de 1.

Gráfico da função logarítmica


Vamos construir o gráfico de duas funções logarítmicas como exemplo:
A) y = log3 x
Atribuímos valores convenientes a x, calculamos y, conforme mostra a tabela. Localizamos os pontos no plano cartesiano obtendo a
curva que representa a função.

53
MATEMÁTICA

B) y = log1/3 x
Vamos tabelar valores convenientes de x, calculando y. Localizamos os pontos no plano cartesiano, determinando a curva correspon-
dente à função.

Observando as funções anteriores, podemos concluir que para y = logax:


• se a > 1, a função é crescente;
• se 0 < a < 1, a função é decrescente.

Equações logarítmicas
A equação logarítmica caracteriza-se pela presença do sinal de igualdade e da incógnita no logaritmando.
Para resolver uma equação, antes de mais nada devemos estabelecer a condição de existência do logaritmo, determinando os valores
da incógnita para que o logaritmando e a base sejam positivos, e a base diferente de 1.
Inequações logarítmicas
Identificamos as inequações logarítmicas pela presença da incógnita no logaritmando e de um dos sinais de desigualdade: >, <, ≥ ou ≤.
Assim como nas equações, devemos garantir a existência do logaritmo impondo as seguintes condições: o logaritmando e a base
devem ser positivos e a base deve ser diferente de 1.
Na resolução de inequações logarítmicas, procuramos obter logaritmos de bases iguais nos dois membros da inequação, para poder
comparar os logaritmandos. Porém, para que não ocorram distorções, devemos verificar se as funções envolvidas são crescentes ou de-
crescentes. A justificativa será feita por meio da análise gráfica de duas funções:

Na função crescente, os sinais coincidem na comparação dos logaritmandos e, posteriormente, dos respectivos logaritmos; porém,
o mesmo não ocorre na função decrescente. De modo geral, quando resolvemos uma inequação logarítmica, temos de observar o valor
numérico da base pois, sendo os dois membros da inequação compostos por logaritmos de mesma base, para comparar os respectivos
logaritmandos temos dois casos a considerar:
• se a base é um número maior que 1 (função crescente), utilizamos o mesmo sinal da inequação;
• se a base é um número entre zero e 1 (função decrescente), utilizamos o “sinal inverso” da inequação.

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MATEMÁTICA

Concluindo, dada a função y = loga x e dois números reais x1 e x2:

Exemplos:
(PETROBRAS-GEOFISICO JUNIOR – CESGRANRIO) Se log x representa o logaritmo na base 10 de x, então o valor de n tal que log n =
3 - log 2 é:
(A) 2000
(B) 1000
(C) 500
(D) 100
(E) 10

Resolução:
log n = 3 - log 2
log n + log 2 = 3 * 1
onde 1 = log 10 então:
log (n * 2) = 3 * log 10
log(n*2) = log 10 ^3
2n = 10^3
2n = 1000
n = 1000 / 2
n = 500
Resposta: C

(MF – ASSISTENTE TÉCNICO ADMINISTRATIVO – ESAF) Sabendo-se que log x representa o logaritmo de x na base 10, calcule o valor
da expressão log 20 + log 5.
(A) 5
(B) 4
(C) 1
(D) 2
(E) 3

Resolução:
E = log20 + log5
E = log(2 x 10) + log5
E = log2 + log10 + log5
E = log10 + log (2 x 5)
E = log10 + log10
E = 2 log10
E=2
Resposta: D

Funções trigonométricas
Podemos generalizar e escrever todos os arcos com essa característica na seguinte forma: π/2 + 2kπ, onde k Є Z. E de uma forma geral
abrangendo todos os arcos com mais de uma volta, x + 2kπ.
Estes arcos são representados no plano cartesiano através de funções circulares como: função seno, função cosseno e função tangen-
te.

• Função Seno
É uma função f : R → R que associa a cada número real x o seu seno, então f(x) = sem x. O sinal da função f(x) = sem x é positivo no 1º
e 2º quadrantes, e é negativo quando x pertence ao 3º e 4º quadrantes.

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MATEMÁTICA

• Função Cosseno
É uma função f : R → R que associa a cada número real x o seu cosseno, então f(x) = cos x. O sinal da função f(x) = cos x é positivo no
1º e 4º quadrantes, e é negativo quando x pertence ao 2º e 3º quadrantes.

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MATEMÁTICA

• Função Tangente
É uma função f : R → R que associa a cada número real x a sua tangente, então f(x) = tg x.
Sinais da função tangente:
- Valores positivos nos quadrantes ímpares.
- Valores negativos nos quadrantes pares.
- Crescente em cada valor.

Equação é toda sentença matemática aberta que exprime uma relação de igualdade e uma incógnita ou variável (x, y, z,...).

Equação do 1º grau
As equações do primeiro grau são aquelas que podem ser representadas sob a forma ax + b = 0, em que a e b são constantes reais,
com a diferente de 0, e x é a variável. A resolução desse tipo de equação é fundamentada nas propriedades da igualdade descritas a seguir.
Adicionando um mesmo número a ambos os membros de uma equação, ou subtraindo um mesmo número de ambos os membros,
a igualdade se mantém.
Dividindo ou multiplicando ambos os membros de uma equação por um mesmo número não-nulo, a igualdade se mantém.

57
MATEMÁTICA

• Membros de uma equação Equação do 2º grau


Numa equação a expressão situada à esquerda da igualdade é As equações do segundo grau são aquelas que podem ser re-
chamada de 1º membro da equação, e a expressão situada à direita presentadas sob a forma ax² + bx +c = 0, em que a, b e c são cons-
da igualdade, de 2º membro da equação. tantes reais, com a diferente de 0, e x é a variável.

• Equação completa e incompleta


1) Quando b ≠ 0 e c ≠ 0, a equação do 2º grau se diz completa.
Ex.: x2 - 7x + 11 = 0= 0 é uma equação completa (a = 1, b = – 7,
c = 11).
• Resolução de uma equação
Colocamos no primeiro membro os termos que apresentam 2) Quando b = 0 ou c = 0 ou b = c = 0, a equação do 2º grau se
variável, e no segundo membro os termos que não apresentam va- diz incompleta.
riável. Os termos que mudam de membro têm os sinais trocados. Exs.:
5x – 8 = 12 + x x² - 81 = 0 é uma equação incompleta (b=0).
5x – x = 12 + 8 x² +6x = 0 é uma equação incompleta (c = 0).
4x = 20 2x² = 0 é uma equação incompleta (b = c = 0).
X = 20/4
X=5 • Resolução da equação
1º) A equação é da forma ax2 + bx = 0 (incompleta)
Ao substituirmos o valor encontrado de x na equação obtemos x2 – 16x = 0 colocamos x em evidência
o seguinte: x . (x – 16) = 0,
5x – 8 = 12 + x x=0
5.5 – 8 = 12 + 5 x – 16 = 0
25 – 8 = 17 x = 16
17 = 17 ( V) Logo, S = {0, 16} e os números 0 e 16 são as raízes da equação.

Quando se passa de um membro para o outro se usa a ope- 2º) A equação é da forma ax2 + c = 0 (incompleta)
ração inversa, ou seja, o que está multiplicando passa dividindo e x2 – 49= 0 Fatoramos o primeiro membro, que é uma diferença
o que está dividindo passa multiplicando. O que está adicionando de dois quadrados.
passa subtraindo e o que está subtraindo passa adicionando. (x + 7) . (x – 7) = 0,

Exemplo: x+7=0 x–7=0


(PRODAM/AM – AUXILIAR DE MOTORISTA – FUNCAB) Um gru-
po formado por 16 motoristas organizou um churrasco para suas x=–7 x=7
famílias. Na semana do evento, seis deles desistiram de participar.
Para manter o churrasco, cada um dos motoristas restantes pagou ou
R$ 57,00 a mais.
O valor total pago por eles, pelo churrasco, foi: x2 – 49 = 0
(A) R$ 570,00 x2 = 49
(B) R$ 980,50 x2 = 49
(C) R$ 1.350,00 x = 7, (aplicando a segunda propriedade).
(D) R$ 1.480,00 Logo, S = {–7, 7}.
(E) R$ 1.520,00
3º) A equação é da forma ax² + bx + c = 0 (completa)
Resolução: Para resolvê-la usaremos a formula de Bháskara.
Vamos chamar de ( x ) o valor para cada motorista. Assim:
16 . x = Total
Total = 10 . (x + 57) (pois 6 desistiram)
Combinando as duas equações, temos:
16.x = 10.x + 570
16.x – 10.x = 570 Conforme o valor do discriminante Δ existem três possibilida-
6.x = 570 des quanto á natureza da equação dada.
x = 570 / 6
x = 95
O valor total é: 16 . 95 = R$ 1520,00.
Resposta: E

58
MATEMÁTICA

Quando ocorre a última possibilidade é costume dizer-se que Resolva a inequação -2x + 7 > 0.
não existem raízes reais, pois, de fato, elas não são reais já que não Solução:
existe, no conjunto dos números reais, √a quando a < 0. -2x > -7
Multiplicando por (-1)
• Relações entre raízes e coeficientes 2x < 7
x < 7/2
Portanto a solução da inequação é x < 7/2.
Atenção:
Toda vez que “x” tiver valor negativo, devemos multiplicar por
(-1), isso faz com que o símbolo da desigualdade tenha o seu sen-
tido invertido.
Pode-se resolver qualquer inequação do 1° grau por meio do
estudo do sinal de uma função do 1° grau, com o seguinte proce-
dimento:
1. Iguala-se a expressão ax + b a zero;
Exemplo: 2. Localiza-se a raiz no eixo x;
(CÂMARA DE CANITAR/SP – RECEPCIONISTA – INDEC) Qual a 3. Estuda-se o sinal conforme o caso.
equação do 2º grau cujas raízes são 1 e 3/2?
(A) x²-3x+4=0 Pegando o exemplo anterior temos:
(B) -3x²-5x+1=0 -2x + 7 > 0
(C) 3x²+5x+2=0 -2x + 7 = 0
(D) 2x²-5x+3=0 x = 7/2

Resolução:
Como as raízes foram dadas, para saber qual a equação:
x² - Sx +P=0, usando o método da soma e produto; S= duas
raízes somadas resultam no valor numérico de b; e P= duas raízes
multiplicadas resultam no valor de c.

Exemplo:
(SEE/AC – PROFESSOR DE CIÊNCIAS DA NATUREZA MATEMÁ-
TICA E SUAS TECNOLOGIAS – FUNCAB) Determine os valores de
que satisfazem a seguinte inequação:

(A) x > 2
(B) x - 5
Resposta: D (C) x > - 5
(D) x < 2
Inequação do 1º grau (E) x 2
Uma inequação do 1° grau na incógnita x é qualquer expressão
do 1° grau que pode ser escrita numa das seguintes formas: Resolução:
ax + b > 0
ax + b < 0
ax + b ≥ 0
ax + b ≤ 0
Onde a, b são números reais com a ≠ 0

• Resolvendo uma inequação de 1° grau


Uma maneira simples de resolver uma equação do 1° grau é
isolarmos a incógnita x em um dos membros da igualdade. O méto-
do é bem parecido com o das equações. Ex.:

59
MATEMÁTICA

Resposta: B Resolução:
Resolvendo por Bháskara:
Inequação do 2º grau
Chamamos de inequação da 2º toda desigualdade pode ser re-
presentada da seguinte forma:
ax2 + bx + c > 0
ax2 + bx + c < 0
ax2 + bx + c ≥ 0
ax2 + bx + c ≤ 0
Onde a, b e c são números reais com a ≠ 0

Resolução da inequação
Para resolvermos uma inequação do 2o grau, utilizamos o estu-
do do sinal. As inequações são representadas pelas desigualdades: Fazendo o gráfico, a > 0 parábola voltada para cima:
> , ≥ , < , ≤.
Ex.: x2 -3x + 2 > 0

Resolução:
x2 -3x + 2 > 0
x ‘ =1, x ‘’ = 2
Como desejamos os valores para os quais a função é maior que
zero devemos fazer um esboço do gráfico e ver para quais valores
de x isso ocorre.

Resposta: C

ANÁLISE COMBINATÓRIA: PERMUTAÇÃO, ARRANJO,


Vemos, que as regiões que tornam positivas a função são: x<1 COMBINAÇÃO. EVENTOS INDEPENDENTES.
e x>2. Resposta: { x|R| x<1 ou x>2}
A Análise Combinatória é a parte da Matemática que desen-
Exemplo: volve meios para trabalharmos com problemas de contagem. Ve-
(VUNESP) O conjunto solução da inequação 9x2 – 6x + 1 ≤ 0, no jamos eles:
universo dos números reais é:
Princípio fundamental de contagem (PFC)
(A) ∅ É o total de possibilidades de o evento ocorrer.
(B) R
• Princípio multiplicativo: P1. P2. P3. ... .Pn.(regra do “e”). É
(C) um princípio utilizado em sucessão de escolha, como ordem.
• Princípio aditivo: P1 + P2 + P3 + ... + Pn. (regra do “ou”). É o
princípio utilizado quando podemos escolher uma coisa ou outra.
(D)
Exemplos:
(BNB) Apesar de todos os caminhos levarem a Roma, eles pas-
(E) sam por diversos lugares antes. Considerando-se que existem três
caminhos a seguir quando se deseja ir da cidade A para a cidade
B, e que existem mais cinco opções da cidade B para Roma, qual a
quantidade de caminhos que se pode tomar para ir de A até Roma,
passando necessariamente por B?
(A) Oito.
(B) Dez.
(C) Quinze.
(D) Dezesseis.
(E) Vinte.

60
MATEMÁTICA

Resolução: • Sem repetição


Observe que temos uma sucessão de escolhas: A fórmula para cálculo de arranjo simples é dada por:
Primeiro, de A para B e depois de B para Roma.
1ª possibilidade: 3 (A para B).
Obs.: o número 3 representa a quantidade de escolhas para a
primeira opção.

2ª possibilidade: 5 (B para Roma).


Temos duas possibilidades: A para B depois B para Roma, logo, Onde:
uma sucessão de escolhas. n = Quantidade total de elementos no conjunto.
Resultado: 3 . 5 = 15 possibilidades. P =Quantidade de elementos por arranjo
Resposta: C. Exemplo: Uma escola possui 18 professores. Entre eles, serão
escolhidos: um diretor, um vice-diretor e um coordenador pedagó-
(PREF. CHAPECÓ/SC – ENGENHEIRO DE TRÂNSITO – IOBV) Em gico. Quantas as possibilidades de escolha?
um restaurante os clientes têm a sua disposição, 6 tipos de carnes, n = 18 (professores)
4 tipos de cereais, 4 tipos de sobremesas e 5 tipos de sucos. Se o p = 3 (cargos de diretor, vice-diretor e coordenador pedagógi-
cliente quiser pedir 1 tipo carne, 1 tipo de cereal, 1 tipo de sobre- co)
mesa e 1 tipo de suco, então o número de opções diferentes com
que ele poderia fazer o seu pedido, é:
(A) 19
(B) 480
(C) 420
(D) 90 • Com repetição
Os elementos que compõem o conjunto podem aparecer re-
Resolução: petidos em um agrupamento, ou seja, ocorre a repetição de um
A questão trata-se de princípio fundamental da contagem, logo mesmo elemento em um agrupamento.
vamos enumerar todas as possibilidades de fazermos o pedido: A fórmula geral para o arranjo com repetição é representada
6 x 4 x 4 x 5 = 480 maneiras. por:
Resposta: B.

Fatorial
Sendo n um número natural, chama-se de n! (lê-se: n fatorial)
a expressão:
n! = n (n - 1) (n - 2) (n - 3). ... .2 . 1, como n ≥ 2. Exemplo: Seja P um conjunto com elementos: P = {A,B,C,D},
tomando os agrupamentos de dois em dois, considerando o arranjo
Exemplos: com repetição quantos agrupamentos podemos obter em relação
5! = 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 120. ao conjunto P.
7! = 7 . 6 . 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 5.040.
Resolução:
ATENÇÃO P = {A, B, C, D}
n=4
0! = 1 p=2
1! = 1 A(n,p)=np
A(4,2)=42=16
Tenha cuidado 2! = 2, pois 2 . 1 = 2. E 3!
Não é igual a 3, pois 3 . 2 . 1 = 6.
Permutação
É a TROCA DE POSIÇÃO de elementos de uma sequência. Utili-
Arranjo simples zamos todos os elementos.
Arranjo simples de n elementos tomados p a p, onde n>=1 e p
é um número natural, é qualquer ordenação de p elementos dentre • Sem repetição
os n elementos, em que cada maneira de tomar os elementos se
diferenciam pela ordem e natureza dos elementos.

Atenção: Observe que no grupo dos elementos: {1,2,3} um dos


arranjos formados, com três elementos, 123 é DIFERENTE de 321, e
assim sucessivamente. Atenção: Todas as questões de permutação simples podem ser
resolvidas pelo princípio fundamental de contagem (PFC).

61
MATEMÁTICA

Exemplo:
(PREF. LAGOA DA CONFUSÃO/TO – ORIENTADOR SOCIAL –
IDECAN) Renato é mais velho que Jorge de forma que a razão entre
o número de anagramas de seus nomes representa a diferença en-
tre suas idades. Se Jorge tem 20 anos, a idade de Renato é Exemplo:
(A) 24. (CESPE) Uma mesa circular tem seus 6 lugares, que serão ocu-
(B) 25. pados pelos 6 participantes de uma reunião. Nessa situação, o nú-
(C) 26. mero de formas diferentes para se ocupar esses lugares com os par-
(D) 27. ticipantes da reunião é superior a 102.
(E) 28. ( ) Certo
( ) Errado
Resolução:
Anagramas de RENATO Resolução:
______ É um caso clássico de permutação circular.
6.5.4.3.2.1=720 Pc = (6 - 1) ! = 5! = 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 120 possibilidades.
Resposta: CERTO.
Anagramas de JORGE
_____ Combinação
5.4.3.2.1=120 Combinação é uma escolha de um grupo, SEM LEVAR EM CON-
SIDERAÇÃO a ordem dos elementos envolvidos.
Razão dos anagramas: 720/120=6
Se Jorge tem 20 anos, Renato tem 20+6=26 anos. • Sem repetição
Resposta: C. Dados n elementos distintos, chama-se de combinação simples
desses n elementos, tomados p a p, a qualquer agrupamento de p
• Com repetição elementos distintos, escolhidos entre os n elementos dados e que
Na permutação com elementos repetidos ocorrem permuta- diferem entre si pela natureza de seus elementos.
ções que não mudam o elemento, pois existe troca de elementos
iguais. Por isso, o uso da fórmula é fundamental. Fórmula:

Exemplo: Exemplo:
(CESPE) Considere que um decorador deva usar 7 faixas colo- (CRQ 2ª REGIÃO/MG – AUXILIAR ADMINISTRATIVO – FUN-
ridas de dimensões iguais, pendurando-as verticalmente na vitri- DEP) Com 12 fiscais, deve-se fazer um grupo de trabalho com 3
ne de uma loja para produzir diversas formas. Nessa situação, se 3 deles. Como esse grupo deverá ter um coordenador, que pode ser
faixas são verdes e indistinguíveis, 3 faixas são amarelas e indistin- qualquer um deles, o número de maneiras distintas possíveis de se
guíveis e 1 faixa é branca, esse decorador conseguirá produzir, no fazer esse grupo é:
máximo, 140 formas diferentes com essas faixas. (A) 4
( ) Certo (B) 660
( ) Errado (C) 1 320
(D) 3 960
Resolução:
Total: 7 faixas, sendo 3 verdes e 3 amarelas. Resolução:
Como trata-se de Combinação, usamos a fórmula:

Resposta: Certo.

• Circular
A permutação circular é formada por pessoas em um formato
circular. A fórmula é necessária, pois existem algumas permutações
realizadas que são iguais. Usamos sempre quando:
a) Pessoas estão em um formato circular.
b) Pessoas estão sentadas em uma mesa quadrada (retangular)
de 4 lugares.

62
MATEMÁTICA

Onde n = 12 e p = 3

Como cada um deles pode ser o coordenado, e no grupo tem 3 pessoas, logo temos 220 x 3 = 660.
Resposta: B.

As questões que envolvem combinação estão relacionadas a duas coisas:


– Escolha de um grupo ou comissões.
– Escolha de grupo de elementos, sem ordem, ou seja, escolha de grupo de pessoas, coisas, objetos ou frutas.

• Com repetição
É uma escolha de grupos, sem ordem, porém, podemos repetir elementos na hora de escolher.

Exemplo:
Em uma combinação com repetição classe 2 do conjunto {a, b, c}, quantas combinações obtemos?
Utilizando a fórmula da combinação com repetição, verificamos o mesmo resultado sem necessidade de enumerar todas as possibi-
lidades:
n=3ep=2

PROGRESSÃO ARITMÉTICA. PROGRESSÃO GEOMÉTRICA

Progressão aritmética (P.A.)


É toda sequência numérica em que cada um de seus termos, a partir do segundo, é igual ao anterior somado a uma constante r, de-
nominada razão da progressão aritmética. Como em qualquer sequência os termos são chamados de a1, a2, a3, a4,.......,an,....

• Cálculo da razão
A razão de uma P.A. é dada pela diferença de um termo qualquer pelo termo imediatamente anterior a ele.
r = a2 – a1 = a3 – a2 = a4 – a3 = a5 – a4 = .......... = an – an – 1

Exemplos:
- (5, 9, 13, 17, 21, 25,......) é uma P.A. onde a1 = 5 e razão r = 4
- (2, 9, 16, 23, 30,.....) é uma P.A. onde a1 = 2 e razão r = 7
- (23, 21, 19, 17, 15,....) é uma P.A. onde a1 = 23 e razão r = - 2.

63
MATEMÁTICA

• Classificação
Uma P.A. é classificada de acordo com a razão.

Se r > 0 ⇒ CRESCENTE. Se r < 0 ⇒ DECRESCENTE. Se r = 0 ⇒ CONSTANTE.

• Fórmula do Termo Geral


Em toda P.A., cada termo é o anterior somado com a razão, então temos:
1° termo: a1
2° termo: a2 = a1 + r
3° termo: a3 = a2 + r = a1 + r + r = a1 + 2r
4° termo: a4 = a3 + r = a1 + 2r + r = a1 + 3r
5° termo: a5 = a4 + r = a1 + 3r + r = a1 + 4r
6° termo: a6 = a5 + r = a1 + 4r + r = a1 + 5r
. . . . . .
. . . . . .
. . . . . .
n° termo é:

Exemplo:
(PREF. AMPARO/SP – AGENTE ESCOLAR – CONRIO) Descubra o 99º termo da P.A. (45, 48, 51,...)
(A) 339
(B) 337
(C) 333
(D) 331

Resolução:

Resposta: A

Propriedades
1) Numa P.A. a soma dos termos equidistantes dos extremos é igual à soma dos extremos.
2) Numa P.A. com número ímpar de termos, o termo médio é igual à média aritmética entre os extremos.

64
MATEMÁTICA

Exemplo:

3) A sequência (a, b, c) é P.A. se, e somente se, o termo médio é igual à média aritmética entre a e c, isto é:

Soma dos n primeiros termos

Progressão geométrica (P.G.)


É uma sequência onde cada termo é obtido multiplicando o anterior por uma constante. Essa constante é chamada de razão da P.G.
e simbolizada pela letra q.

Cálculo da razão
A razão da P.G. é obtida dividindo um termo por seu antecessor. Assim: (a1, a2, a3, ..., an - 1, an, ...) é P.G. ⇔ an = (an - 1) q, n ≥ 2

65
MATEMÁTICA

Exemplos:

Classificação
Uma P.G. é classificada de acordo com o primeiro termo e a razão.

CRESCENTE DECRESCENTE ALTERNANTE CONSTANTE SINGULAR


a1 > 0 e q > 1 a1 > 0 e 0 < q < 1 Cada termo apresenta sinal contrário q = 1. a1 = 0
ou quando ou quando ao do anterior. Isto ocorre quando. (também é chamada de Esta- ou
a1 < 0 e 0 < q < 1. a1 < 0 e q > 1. q<0 cionária) q = 0.

Fórmula do termo geral


Em toda P.G. cada termo é o anterior multiplicado pela razão, então temos:
1° termo: a1
2° termo: a2 = a1.q
3° termo: a3 = a2.q = a1.q.q = a1q2
4° termo: a4 = a3.q = a1.q2.q = a1.q3
5° termo: a5 = a4.q = a1.q3.q = a1.q4
. . . . .
. . . . .
. . . . .

n° termo é:

Exemplo:
(TRF 3ª – ANALISTA JUDICIÁRIO - INFORMÁTICA – FCC) Um tabuleiro de xadrez possui 64 casas. Se fosse possível colocar 1 grão de
arroz na primeira casa, 4 grãos na segunda, 16 grãos na terceira, 64 grãos na quarta, 256 na quinta, e assim sucessivamente, o total de
grãos de arroz que deveria ser colocado na 64ª casa desse tabuleiro seria igual a
(A) 264.
(B) 2126.
(C) 266.
(D) 2128.
(E) 2256.

Resolução:
Pelos valores apresentados, é uma PG de razão 4
a64 = ?
a1 = 1
q=4
n = 64

Resposta: B

66
MATEMÁTICA

Propriedades
1) Em qualquer P.G., cada termo, exceto os extremos, é a média geométrica entre o precedente e o consequente.
2) Em toda P.G. finita, o produto dos termos equidistantes dos extremos é igual ao produto dos extremos.

3) Em uma P.G. de número ímpar de termos, o termo médio é a média geométrica entre os extremos.
Em síntese temos:

4) Em uma PG, tomando-se três termos consecutivos, o termo central é a média geométrica dos seus vizinhos.

Soma dos n primeiros termos


A fórmula para calcular a soma de todos os seus termos é dada por:

Produto dos n termos

Temos as seguintes regras para o produto:


1) O produto de n números positivos é sempre positivo.
2) No produto de n números negativos:
a) se n é par: o produto é positivo.
b) se n é ímpar: o produto é negativo.

Soma dos infinitos termos


A soma dos infinitos termos de uma P.G de razão q, com -1 < q < 1, é dada por:

67
MATEMÁTICA

Exemplo:
A soma dos elementos da sequência numérica infinita (3; 0,9;
0,09; 0,009; …) é
(A) 3,1
(B) 3,9
(C) 3,99
(D) 3, 999
(E) 4

Resolução:
Sejam S as somas dos elementos da sequência e S1 a soma da
PG infinita (0,9; 0,09; 0,009;…) de razão q = 0,09/0,9 = 0,1. Assim:
S = 3 + S1
Como -1 < q < 1 podemos aplicar a fórmula da soma de uma PG Exemplo:
infinita para obter S1: (PM/SE – SOLDADO 3ª CLASSE – FUNCAB) A matriz abaixo re-
S1 = 0,9/(1 - 0,1) = 0,9/0,9 = 1 → S = 3 + 1 = 4 gistra as ocorrências policiais em uma das regiões da cidade duran-
Resposta: E te uma semana.

MATRIZES. DETERMINANTES. SISTEMAS LINEARES.

Matriz
Uma matriz é uma tabela de números reais dispostos segundo
linhas horizontais e colunas verticais. Sendo M=(aij)3x7 com cada elemento aij representando o núme-
O conjunto ordenado dos números que formam a tabela, é de- ro de ocorrência no turno i do dia j da semana.
nominado matriz, e cada número pertencente a ela é chamado de O número total de ocorrências no 2º turno do 2º dia, somando
elemento da matriz. como 3º turno do 6º dia e com o 1º turno do 7º dia será:
(A) 61
• Tipo ou ordem de uma matriz (B) 59
As matrizes são classificadas de acordo com o seu número de (C) 58
linhas e de colunas. Assim, a matriz representada a seguir é deno- (D) 60
minada matriz do tipo, ou ordem, 3 x 4 (lê-se três por quatro), pois (E) 62
tem três linhas e quatro colunas. Exemplo:
Resolução:
Turno i –linha da matriz
Turno j- coluna da matriz
2º turno do 2º dia – a22=18
3º turno do 6º dia-a36=25
1º turno do 7º dia-a17=19
Somando:18+25+19=62
Resposta: E

• Igualdade de matrizes
Duas matrizes A e B são iguais quando apresentam a mesma
ordem e seus elementos correspondentes forem iguais.

• Representação genérica de uma matriz


Costumamos representar uma matriz por uma letra maiúscula
(A, B, C...), indicando sua ordem no lado inferior direito da letra.
Quando desejamos indicar a ordem de modo genérico, fazemos uso
de letras minúsculas. Exemplo: Am x n. • Operações com matrizes
Da mesma maneira, indicamos os elementos de uma matriz – Adição: somamos os elementos correspondentes das matri-
pela mesma letra que a denomina, mas em minúscula. A linha e a zes, por isso, é necessário que as matrizes sejam de mesma ordem.
coluna em que se encontra tal elemento é indicada também no lado A=[aij]m x n; B = [bij]m x n, portanto C = A + B ⇔ cij = aij + bij.
inferior direito do elemento. Exemplo: a11.

68
MATEMÁTICA

Exemplo:
(PM/SP – SARGENTO CFS – CETRO) Considere a seguinte sentença envolvendo matrizes:

Diante do exposto, assinale a alternativa que apresenta o valor de y que torna a sentença verdadeira.
(A) 4.
(B) 6.
(C) 8.
(D) 10.

Resolução:

y=10
Resposta: D

– Multiplicação por um número real: sendo k ∈ R e A uma matriz de ordem m x n, a matriz k . A é obtida multiplicando-se todos os
elementos de A por k.

– Subtração: a diferença entre duas matrizes A e B (de mesma ordem) é obtida por meio da soma da matriz A com a oposta de B.

– Multiplicação entre matrizes: consideremos o produto A . B = C. Para efetuarmos a multiplicação entre A e B, é necessário, antes de
mais nada, determinar se a multiplicação é possível, isto é, se o número de colunas de A é igual ao número de linhas de B, determinando
a ordem de C: Am x n x Bn x p = Cm x p, como o número de colunas de A coincide com o de linhas de B(n) então torna-se possível o produto, e a
matriz C terá o número de linhas de A(m) e o número de colunas de B(p)

69
MATEMÁTICA

De modo geral, temos:

Exemplo:
(CPTM – ALMOXARIFE – MAKIYAMA) Assinale a alternativa que apresente o resultado da multiplicação das matrizes A e B abaixo:

(A)

(B)

(C)

(D)

(E)

Resolução:

Resposta: B
• Casos particulares
– Matriz identidade ou unidade: é a matriz quadrada que possui os elementos de sua diagonal principal iguais a 1 e os demais ele-
mentos iguais a 0. Indicamos a matriz identidade de Ιn, onde n é a ordem da matriz.

– Matriz transposta: é a matriz obtida pela troca ordenada de linhas por colunas de uma matriz. Dada uma matriz A de ordem m x n,
obtém-se uma outra matriz de ordem n x m, chamada de transposta de A. Indica-se por At.

70
MATEMÁTICA

Exemplo:
(CPTM – ANALISTA DE COMUNICAÇÃO JÚNIOR – MAKIYAMA) Para que a soma de uma matriz e sua respectiva matriz transposta At
em uma matriz identidade, são condições a serem cumpridas:
(A) a=0 e d=0
(B) c=1 e b=1
(C) a=1/c e b=1/d
(D) a²-b²=1 e c²-d²=1
(E) b=-c e a=d=1/2

Resolução:

2a=1
a=1/2
b+c=0
b=-c
2d=1
D=1/2
Resposta: E

– Matriz inversa: dizemos que uma matriz quadrada A, de ordem n, admite inversa se existe uma matriz A-1, tal que:

Determinantes
Determinante é um número real associado a uma matriz quadrada. Para indicar o determinante, usamos barras. Seja A uma matriz
quadrada de ordem n, indicamos o determinante de A por:

• Determinante de uma matriz de 1ª- ordem


A matriz de ordem 1 só possui um elemento. Por isso, o determinante de uma matriz de 1ª ordem é o próprio elemento.

• Determinante de uma matriz de 2ª- ordem


Em uma matriz de 2ª ordem, obtém-se o determinante por meio da diferença do produto dos elementos da diagonal principal pelo
produto dos elementos da diagonal secundária.

71
MATEMÁTICA

Exemplo:
(PM/SP – SARGENTO CFS – CETRO) É correto afirmar que o determinante é igual a zero para x igual a
(A) 1.
(B) 2.
(C) -2.
(D) -1.

Resolução:
D = 4 - (-2x)
0 = 4 + 2x
x=-2

Resposta: C

• Regra de Sarrus
Esta técnica é utilizada para obtermos o determinante de matrizes de 3ª ordem. Utilizaremos um exemplo para mostrar como aplicar
a regra de Sarrus. A regra de Sarrus consiste em:
a) Repetir as duas primeiras colunas à direita do determinante.
b) Multiplicar os elementos da diagonal principal e os elementos que estiverem nas duas paralelas a essa diagonal, conservando os
sinais desses produtos.
c) Efetuar o produto dos elementos da diagonal secundária e dos elementos que estiverem nas duas paralelas à diagonal e multipli-
cá-los por -1.
d) Somar os resultados dos itens b e c. E assim encontraremos o resultado do determinante.

Simplificando temos:

Exemplo:
(PREF. ARARAQUARA/SP – AGENTE DA ADMINISTRAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SANEAMENTO – CETRO) Dada a matriz
, assinale a alternativa que apresenta o valor do determinante de A é

(A) -9.
(B) -8.
(C) 0.
(D) 4.

72
MATEMÁTICA

Resolução:

detA = - 1 – 4 + 2 - (2 + 2 + 2) = - 9

Resposta: A

• Teorema de Laplace
Para matrizes quadradas de ordem n ≥ 2, o teorema de Laplace oferece uma solução prática no cálculo dos determinantes. Pelo teo-
rema, o determinante de uma matriz quadrada A de ordem n (n ≥ 2) é igual à soma dos produtos dos elementos de uma linha ou de uma
coluna qualquer, pelos respectivos co-fatores. Exemplo:

Dada a matriz quadrada de ordem 3, , vamos calcular det A usando o teorema de Laplace.
Podemos calcular o determinante da matriz A, escolhendo qualquer linha ou coluna. Por exemplo, escolhendo a 1ª linha, teremos:
det A = a11. A11 + a12. A12 + a13. A13

Portanto, temos que:


det A = 3. (-21) + 2. 6 + 1. (-12) ⇒ det A = -63 + 12 – 12 ⇒ det A = -63

Exemplo:
(TRANSPETRO – ENGENHEIRO JÚNIOR – AUTOMAÇÃO – CESGRANRIO) Um sistema dinâmico, utilizado para controle de uma rede
automatizada, forneceu dados processados ao longo do tempo e que permitiram a construção do quadro abaixo.

1 3 2 0
3 1 0 2
2 3 0 1
0 2 1 3

A partir dos dados assinalados, mantendo-se a mesma disposição, construiu-se uma matriz M. O valor do determinante associado à
matriz M é
(A) 42
(B) 44
(C) 46
(D) 48
(E) 50

73
MATEMÁTICA

Resolução:

Como é uma matriz 4x4 vamos achar o determinante através do teorema de Laplace. Para isso precisamos, calcular os cofatores. Dica:
pela fileira que possua mais zero. O cofator é dado pela fórmula: . Para o determinante é usado os números que
sobraram tirando a linha e a coluna.

Resposta: D

• Determinante de uma matriz de ordem n > 3


Para obtermos o determinante de matrizes de ordem n > 3, utilizamos o teorema de Laplace e a regra de Sarrus.

Exemplo:

Escolhendo a 1ª linha para o desenvolvimento do teorema de Laplace. Temos então:


det A = a11. A11 + a12. A12 + a13. A13 + a14. A14

Como os determinantes são, agora, de 3ª ordem, podemos aplicar a regra de Sarrus em cada um deles. Assim:
det A= 3. (188) - 1. (121) + 2. (61) ⇒ det A = 564 - 121 + 122 ⇒ det A = 565

74
MATEMÁTICA

• Propriedades dos determinantes • Solução de uma equação linear


a) Se todos os elementos de uma linha ou de uma coluna são Dada uma equação linear com n incógnitas:
nulos, o determinante é nulo. a1x1 + a2x2 + ... + anxn = b, temos que sua solução é a sequência
de números reais (k1, k2, ..., kn) que, colocados correspondentemen-
te no lugar de x1, x2, ..., xn, tornam verdadeira a igualdade.
Quando a equação linear for homogênea, então ela admitirá
pelo menos a solução (0, 0, ..., 0), chamada de solução trivial.

• Representação genérica de um sistema linear


Um sistema linear de m equações nas n incógnitas x1, x2, ..., xn
é da forma:

b) Se uma matriz A possui duas linhas ou duas colunas iguais,


então o determinante é nulo.

c) Em uma matriz cuja linha ou coluna foi multiplicada por um onde a11, a12 , ..., an e b1, b2 , ..., bn são números reais.
número k real, o determinante também fica multiplicado pelo mes-
mo número k. Se o conjunto de números reais (k1, k2, ..., kn) torna verdadeiras
todas as equações do sistema, dizemos que esse conjunto é solu-
ção do sistema linear. Como as equações lineares são homogêneas
quando b = 0, então, consequentemente, um sistema linear será
homogêneo quando b1 = b2 = ... = bn = 0. Assim, o sistema admitirá
a solução trivial, (0, 0, ... 0).

Exemplo:
Na equação 4x – y = 2, o par ordenado (3,10) é uma solução,
pois ao substituirmos esses valores na equação obtemos uma igual-
dade.
4. 3 – 10 → 12 – 10 = 2
d) Para duas matrizes quadradas de mesma ordem, vale a se- Já o par (3,0) não é a solução, pois 4.3 – 0 = 2 → 12 ≠ 2
guinte propriedade:
• Representação de um sistema linear por meio de matrizes
det (A. B) = det A + det B. Um sistema linear de m equações com n incógnitas pode ser
escrito sob a forma de matrizes, bastando separar seus componen-
e) Uma matriz quadrada A será inversível se, e somente se, seu tes por matriz.
determinante for diferente de zero. Sejam:
Amn ⇒ a matriz dos coeficientes das incógnitas;
Sistemas lineares Xn1 ⇒ a matriz das incógnitas;
Entendemos por sistema linear um conjunto de equações li- Bn1 ⇒ a matriz dos termos independentes.
neares reunidas com o objetivo de se obterem soluções comuns a
todas essas equações.

• Equação linear
Chamamos de equações lineares as equações do 1º grau que
apresentam a forma:
a1x1 + a2x2 + a3x3+...anxn = b,

onde a1, a2, a3,.., an e b são números reais


x1, x2, x3,.., xn são as incógnitas.
Os números reais a1, a2, a3..., an são chamados de coeficientes e
b é o termo independente.

ATENÇÃO: TODOS os expoentes de todas as variáveis são


SEMPRE iguais a 1.

75
MATEMÁTICA

Portanto, podemos escrever o sistema sob a forma matricial:


Consideramos os sistemas .

Suponhamos que a ≠ 0. Observamos que a matriz incompleta


desse sistema é

, cujo determinante é indicado por D = ad –


bc.

• Sistema normal
É o sistema em que o número de equações é igual ao número Escalonando o sistema, obtemos:
de incógnitas (m = n) e o determinante da matriz dos coeficientes é
diferente de zero.

Exemplo:
Dado o sistema S: , temos
Se substituirmos em M a 2ª coluna (dos coeficientes de y) pela
coluna dos coeficientes independentes, obteremos , cujo de-
terminante é indicado por Dy = af – ce.
Assim, em (*), na 2ª equação, obtemos D. y = Dy. Se D ≠ 0, se-
gue que

Logo, o sistema linear S é normal. Substituindo esse valor de y na 1ª equação de (*) e conside-
rando a matriz , cujo determinante é indicado por Dx = ed – bf,
• Classificação de um sistema linear obtemos , D ≠ 0.
Classificar um sistema linear é considerá-lo em relação ao nú-
mero de soluções que ele apresenta. Assim, os sistemas lineares
podem ser:
a) Sistema impossível ou incompatível: quando não admite so- Em síntese, temos:
lução. O sistema não admite solução quando o det A for nulo, e pelo
menos um dos determinantes relativos às incógnitas for diferente O sistema é possível e determinado quando
de zero, isto é: det A 1 0 ou det A2 0 ou ... ou det An 0. , e a solução desse sistema é dada por:
b) Sistema possível ou compatível: quando admite pelo menos
uma solução. Este sistema pode ser:
– Determinado: quando admitir uma única solução. ‘O sistema
é determinado quando det A 0.
Em resumo temos:

Esta regra é um importante recurso na resolução de sistemas


lineares possíveis e determinados, especialmente quando o escalo-
namento se torna trabalhoso (por causa dos coeficientes das equa-
ções) ou quando o sistema é literal.

Exemplo:
Aplicando a Regra de Cramer para resolver os sistemas

• Regra de Cramer Temos que , dessa forma, SPD.


Para a resolução de sistemas normais, utilizaremos a regra de
Cramer.

76
MATEMÁTICA

Uma alternativa para encontrar o valor de z seria substituir x por -2 e y por 3 em qualquer uma das equações do sistema.
Assim, S = {(-2,3-1)}.

Exemplos:
(UNIOESTE – ANALISTA DE INFORMÁTICA – UNIOESTE) Considere o seguinte sistema de equações lineares

Assinale a alternativa correta.


(A) O determinante da matriz dos coeficientes do sistema é um número estritamente positivo.
(B) O sistema possui uma única solução (1, 1, -1).
(C) O sistema possui infinitas soluções.
(D) O posto da matriz ampliada associada ao sistema é igual a 3.
(E) Os vetores linha (1, 2, 3/2) e (2, 4, 3) não são colineares.

Resolução:

O sistema pode ser SI(sistema impossível) ou SPI(sistema possível indeterminado)


Para ser SI Dx = 0 e SPI Dx ≠ 0

Dx ≠ 0, portanto o sistema tem infinitas soluções.


Resposta: C

(SEDUC/RJ - PROFESSOR – MATEMÁTICA – CEPERJ) Sabendo-se que 2a + 3b + 4c = 17 e que 4a + b - 2c = 9, o valor de a + b + c é:


(A) 3.
(B) 4.
(C) 5.
(D) 6.
(E) 7.

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MATEMÁTICA

Resolução: Exemplo:
(I) 2a + 3b + 4c = 17 x(-2) (FUVEST) A uma distância de 40 m, uma torre é vista sob um
(II) 4a + b – 2c = 9 ângulo , como mostra a figura.
Multiplicamos a primeira equação por – 2 e somamos com a
segunda, cancelando a variável a:
(I) 2a + 3b + 4c = 17
(II) – 5b – 10c = - 25 : (- 5)

Então:
(I) 2a + 3b + 4c = 17
(II) b +2c = 5
Um sistema com três variáveis e duas equações é possível e
indeterminado (tem infinitas soluções), então fazendo a variável c =
α (qualquer letra grega).
Substituímos c em (II): Sabendo que sen20° = 0,342 e cos20° = 0,940, a altura da torre,
b + 2α = 5 em metros, será aproximadamente:
Reposta: D (A) 14,552
(B) 14,391
(C) 12,552
TRIGONOMETRIA. (D) 12,391
(E) 16,552
Trigonometria é a parte da matemática que estuda as relações
existentes entre os lados e os ângulos dos triângulos. resolução:
Observando a figura, nós temos um triângulo retângulo, vamos
No triângulo retângulo chamar os vértices de A, B e C.
Em todo triângulo retângulo os lados recebem nomes espe-
ciais. O maior lado (oposto do ângulo de 90°) é chamado de Hipo-
tenusa e os outros dois lados menores (opostos aos dois ângulos
agudos) são chamados de Catetos. Deles podemos tirar as seguin-
tes relações: seno (sen); cosseno (cos) e tangente.

Como podemos ver h e 40 m são catetos, a relação a ser usada


é a tangente. Porém no enunciado foram dados o sen e o cos. Então,
para calcular a tangente, temos que usar a relação fundamental:

Como podemos notar, .

Em todo triângulo a soma dos ângulos internos é igual a 180°.


No triângulo retângulo um ângulo mede 90°, então:
90° + α + β = 180° Resposta: A
α + β = 180° - 90°
α + β = 90°

Quando a soma de dois ângulos é igual a 90°, eles são chama-


dos de Ângulos Complementares. E, neste caso, sempre o seno de
um será igual ao cosseno do outro.

78
MATEMÁTICA

Valores Notáveis Exemplo:


Considere um triângulo retângulo BAC. Em resumo temos: Determine o valor do lado oposto ao ângulo de 60º. Observe
figura a seguir:

Resolução:
Pela lei dos cossenos
x² = 6² + 8² - 2 * 6 * 8 * cos 60º
x² = 36 + 64 – 96 * 1/2
x² = 100 – 48
x² = 52
√x² = √52
x = 2√13

Círculo trigonométrico
O ciclo trigonométrico é uma circunferência orientada de raio
1. A orientação é:

Se dois ângulos são complementares, então o seno de um de-


les é igual ao cosseno do complementar. As tangentes de ângulos
complementares são inversas.

No triângulo qualquer
As relações trigonométricas se restringem somente a situações
que envolvem triângulos retângulos. Essas relações também ocor-
rem nos triângulos obtusos e agudos. Importante sabermos que:
sen x = sen (180º - x)
cos x = - cos (180º - x)
Lei (ou teorema) dos senos
A lei dos senos estabelece relações entre as medidas dos lados
com os senos dos ângulos opostos aos lados.

Observe que:
Lei (ou teorema) dos cossenos O cosseno está associado ao eixo A (origem).
Nos casos em que não podemos aplicar a lei dos senos, temos O seno está associado ao ângulo de 90º (ângulo reto).
o recurso da lei dos cossenos. Ela nos permite trabalhar com a me-
dida de dois segmentos e a medida de um ângulo. Dessa forma, se Cada um dos semiplanos situados no círculo trigonométrico é
dado um triângulo ABC de lados medindo a, b e c, temos: chamado de quadrante. Os sinais do seno e cosseno variam confor-
a² = b² + c² - 2.b.c.cosA me os quadrantes da seguinte forma:
b² = a² + c² - 2.a.c.cosB
c² = a² + b² - 2.a.b.cosC

O círculo trigonométrico pode ser medido em radianos ou em


graus. Veja os dois círculos em graus e radianos.

79
MATEMÁTICA

2º quadrante: abscissa negativa e ordenada positiva → 90º <


α < 180º.
3º quadrante: abscissa negativa e ordenada negativa → 180º
< α < 270º.
4º quadrante: abscissa positiva e ordenada negativa → 270º <
α < 360º.

Seno
Observando a figura temos:

Ao arco AB está associado o ângulo α; sendo o triângulo OBC


retângulo, podemos determinar o seno de α:

Observe que BC = OM, portanto podemos substituir BC por


OM, obtendo assim:

Como o ciclo trigonométrico tem raio 1, para qualquer arco α,


temos que:
1≤ sen α ≤ 1

Arcos côngruos (ou congruentes) ATENÇÃO:


Dois arcos são côngruos (ou congruentes) quando têm a mes-
ma extremidade e diferem entre si apenas pelo número de voltas
inteiras.

1º quadrante: abscissa positiva e ordenada positiva → 0º < α


< 90º.

80
MATEMÁTICA

Cosseno Como o raio é 1, então OA = 1


Observando a figura temos: tg α = AT

Essa reta é chamada de eixo das tangentes. Observe que a tan-


gente de α é obtida prolongando-se o raio OP até interceptar o eixo
das tangentes.

ATENÇÃO:

O ângulo α está associado ao arco AB. No triângulo retângulo


OMB, calculamos o cosseno de α:
Relações Fundamentais da Trigonometria

Como o ciclo trigonométrico tem raio 1, para qualquer arco α,


temos que:
-1≤ cos α ≤ 1

ATENÇÃO:

Tangente
Na figura, traçamos, no ciclo trigonométrico, uma reta paralela
ao eixo dos senos, tangente ao ciclo no ponto A.

Nestas relações, além do senx e cosx, temos: tg (tangente),


cotg (cotangente), sec (secante) e cossec (cossecante).
No triângulo retângulo OAT, temos:
Relações derivadas
Utilizando as definições de cotangente, secante e cossecante
associadas à relação fundamental da trigonometria, extraímos for-
mulas que auxiliam na simplificação de expressões trigonométricas.
São elas:

81
MATEMÁTICA

tg² α + 1 = sec² α , sendo α ≠ π/2 + kπ, K Z


1+ cotg² α = cossec² α , sendo α ≠ k.π, K Z

Redução para o primeiro quadrante

sen (90º - x) = cos x sen (90º + x) = cos x


cos (90º - x) = sen x cos (90º + x) = - sen x
tg (90º - x) = cotg x tg (90º -x) = - cotg x
sen (180º - x) = cos x sen (180º + x) = -sem x
cos (180º - x) = - cos x cos (180º + x) = - cos x
tg (180º - x) = - tg x tg (180º + x) = tg x
sen (270º - x) = - cos x sen (270º + x) = - cos x
cos (270º - x) = - sen x cos (270º + x) = sen x
tg (270º - x) = cotg x tg (270º + x) = - cotg x
sen (360º - x) = sen x
cos (360º - x) = cos x
tg (360º - x) = - tg x

Transformações trigonométricas
As fórmulas a seguir permitem calcular o cosseno, o a tangente da soma e da diferença de dois ângulos.

Exemplo:
(SANEAR – FISCAL - FUNCAB) Sendo cos x =1/2 com 0° < x < 90°, determine o valor da expressão E = sen² x + tg² x.
(A) 9/4
(B) 11/4
(C) 13/4
(D) 15/4
(E) 17/4

82
MATEMÁTICA

Resolução:

Resposta: D

Arcos Duplos
Utilizado quando as fórmulas do seno, cosseno e tangente do arco (a + b), fazemos b = a.

Arco Metade
Encontramos os valores que mede a/2, conhecendo os valores das funções trigonométricas do arco que mede a.

Funções trigonométricas de arco que mede a, em função da tangente do arco metade

83
MATEMÁTICA

Transformação da soma em produto Exemplos:


As fórmulas a seguir nos permitirão transformar somas em pro- (FGV) Estima-se que, em 2009, a receita mensal de um hotel te-
dutos. nha sido dada (em milhares de reais) por R(t)=3000+1500.cos(πt/6),
em que t = 1 representa o mês de janeiro, t = 2 o mês de fevereiro e
assim por diante. A receita de março foi inferior à de fevereiro em:
(A) R$ 850.000,00
(B) R$ 800.000,00
(C) R$ 700.000,00
(D) R$ 750.000,00
(E) R$ 650.000,00

Resolução:

R(t) = 3000 + 1500.cos(30°.t)


No mês de fevereiro: t = 2
Equações e inequações trigonométricas R(2) = 3000 + 1500.cos(30°.2)
Equação é onde a incógnita é uma função trigonométrica; po- R(2) = 3000 + 1500. cos60°
rém nem todos os arcos satisfazem essas equações. Para determi- R(2) = 3000 + 1500.1/2
nar esses arcos, recorremos ao ciclo trigonométrico sempre que R(2) = 3000 + 750 = 3.750
necessário.
No mês de março: t = 3
As inequações se caracterizam pela presença de algum dos si- R(3) = 3000 + 1500.cos(30°.3)
nais de desigualdade. Como existem infinitos arcos com essas extre- R(3) = 3000 + 1500.cos90°
midades e no enunciado não é dado um intervalo para x, temos de R(3) = 3000 + 1500.0
dar a solução utilizando uma expressão geral. Assim: R(3) = 3.000
S = {x R | x = π/4 + k.2π ou x = 3π/4 + k.2π, K Z} Logo, a receita em março foi menor em: 3.750 – 3.000 = 750.
No enunciado foi dito que a fórmulas está em milhares de reais,
O processo para se obter os arcos por simetria, que estão no portanto, R$ 750.000,0
2º, 3º ou 4º quadrantes a partir de um arco α do 1º quadrante é o Resposta: D
seguinte:
• no 2º quadrante, subtraímos de π, ou seja, o arco será π - α; (PC/ES - PERITO CRIMINAL ESPECIAL – CESPE/UNB) Consideran-
• no 3º quadrante, somamos a π e o arco será π + α; do a função f(x) = senx - √3 cosx, em que o ângulo x é medido em
• no 4º quadrante, subtraímos de 2 π e o arco será 2 π - α. graus, julgue o item seguinte:
f(x) = 0 para algum valor de x tal que 230º < x < 250º.
Grande parte das equações trigonométricas é escrita na forma (certo) (errado)
de equações trigonométricas elementares ou equações trigonomé-
tricas fundamentais, representadas da seguinte forma: Resolução:
sen x = sen α
cos x = cos α Sendo , então para f(x) = 0, temos:
tg x = tg α

Já as inequações, temos 6 tipos de relações fundamentais:


- sen x > n (sen x ≥ n)
- sen x < n (sen x ≤ n)
- cos x > n (cos x ≥ n)
- cos x < n (cos x ≤ n)
- tg x > n (tg x ≥ n)
- tg x < n (tg x ≤ n)

84
MATEMÁTICA

Verificando no ciclo quais ângulos tem este valor de tangente:

x = 60° ou x = 240°
Resposta: Certo

GEOMETRIA PLANA. GEOMETRIA ESPACIAL. GEOMETRIA ANALÍTICA: EQUAÇÃO DA RETA, PARÁBOLA E CÍRCULO.

Geometria plana
Aqui nos deteremos a conceitos mais cobrados como perímetro e área das principais figuras planas. O que caracteriza a geometria
plana é o estudo em duas dimensões.

Perímetro
É a soma dos lados de uma figura plana e pode ser representado por P ou 2p, inclusive existem umas fórmulas de geometria que apa-
rece p que é o semiperímetro (metade do perímetro). Basta observamos a imagem:

Observe que a planta baixa tem a forma de um retângulo.

Exemplo:
(CPTM - Médico do trabalho – MAKIYAMA) Um terreno retangular de perímetro 200m está à venda em uma imobiliária. Sabe-se que
sua largura tem 28m a menos que o seu comprimento. Se o metro quadrado cobrado nesta região é de R$ 50,00, qual será o valor pago
por este terreno?
(A) R$ 10.000,00.
(B) R$ 100.000,00.
(C) R$ 125.000,00.
(D) R$ 115.200,00.
(E) R$ 100.500,00.

85
MATEMÁTICA

Resolução:
O perímetro do retângulo é dado por = 2(b+h);
Pelo enunciado temos que: sua largura tem 28m a menos que o seu comprimento, logo 2 (x + (x-28)) = 2 (2x -28) = 4x – 56. Como ele
já dá o perímetro que é 200, então
200 = 4x -56  4x = 200+56  4x = 256  x = 64
Comprimento = 64, largura = 64 – 28 = 36
Área do retângulo = b.h = 64.36 = 2304 m2
Logo o valor da área é: 2304.50 = 115200
Resposta: D

• Área
É a medida de uma superfície. Usualmente a unidade básica de área é o m2 (metro quadrado). Que equivale à área de um quadrado
de 1 m de lado.

Quando calculamos que a área de uma determinada figura é, por exemplo, 12 m2; isso quer dizer que na superfície desta figura cabem
12 quadrados iguais ao que está acima.

Planta baixa de uma casa com a área total

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MATEMÁTICA

Para efetuar o cálculo de áreas é necessário sabermos qual a figura plana e sua respectiva fórmula. Vejamos:

(Fonte: https://static.todamateria.com.br/upload/57/97/5797a651dfb37-areas-de-figuras-planas.jpg)

Geometria espacial
Aqui trataremos tanto das figuras tridimensionais e dos sólidos geométricos. O importante é termos em mente todas as figuras planas,
pois a construção espacial se dá através da junção dessas figuras. Vejamos:
Diedros
Sendo dois planos secantes (planos que se cruzam) π e π’, o espaço entre eles é chamado de diedro. A medida de um diedro é feita em
graus, dependendo do ângulo formado entre os planos.

Poliedros
São sólidos geométricos ou figuras geométricas espaciais formadas por três elementos básicos: faces, arestas e vértices. Chamamos
de poliedro o sólido limitado por quatro ou mais polígonos planos, pertencentes a planos diferentes e que têm dois a dois somente uma
aresta em comum. Veja alguns exemplos:

Os polígonos são as faces do poliedro; os lados e os vértices dos polígonos são as arestas e os vértices do poliedro.
Um poliedro é convexo se qualquer reta (não paralela a nenhuma de suas faces) o corta em, no máximo, dois pontos. Ele não possuí
“reentrâncias”. E caso contrário é dito não convexo.

Relação de Euler
Em todo poliedro convexo sendo V o número de vértices, A o número de arestas e F o número de faces, valem as seguintes relações
de Euler:

87
MATEMÁTICA

Poliedro Fechado: V – A + F = 2 Não Poliedros


Poliedro Aberto: V – A + F = 1

Para calcular o número de arestas de um poliedro temos que


multiplicar o número de faces F pelo número de lados de cada face
n e dividir por dois. Quando temos mais de um tipo de face, basta
somar os resultados.
A = n.F/2

Poliedros de Platão
Eles satisfazem as seguintes condições:
- todas as faces têm o mesmo número n de arestas;
- todos os ângulos poliédricos têm o mesmo número m de ares-
tas; Os sólidos acima são. São considerados não planos pois pos-
- for válida a relação de Euler (V – A + F = 2). suem suas superfícies curvas.
Cilindro: tem duas bases geometricamente iguais definidas por
curvas fechadas em superfície lateral curva.
Cone: tem uma só base definida por uma linha curva fechada e
uma superfície lateral curva.
Esfera: é formada por uma única superfície curva.

Planificações de alguns Sólidos Geométricos

Poliedros Regulares
Um poliedro e dito regular quando:
- suas faces são polígonos regulares congruentes;
- seus ângulos poliédricos são congruentes;

Por essas condições e observações podemos afirmar que todos


os poliedros de Platão são ditos Poliedros Regulares.

Exemplo:
(PUC/RS) Um poliedro convexo tem cinco faces triangulares e
três pentagonais. O número de arestas e o número de vértices des-
te poliedro são, respectivamente:
(A) 30 e 40
(B) 30 e 24
(C) 30 e 8
(D) 15 e 25
(E) 15 e 9

Resolução:
O poliedro tem 5 faces triangulares e 3 faces pentagonais, logo,
tem um total de 8 faces (F = 8). Como cada triângulo tem 3 lados e
o pentágono 5 lados. Temos:
Fonte: https://1.bp.blogspot.com/-WWDbQ-Gh5zU/Wb7iCjR42BI/
AAAAAAAAIR0/kfRXIcIYLu4Iqf7ueIYKl39DU-9Zw24lgCLcBGAs/
s1600/revis%25C3%25A3o%2Bfiguras%2Bgeom%25C3%25A9tri-
cas-page-001.jpg

Resposta: E

88
MATEMÁTICA

Sólidos geométricos Resolução:


O cálculo do volume de figuras geométricas, podemos pedir Se a base tem n lados, significa que de cada lado sairá uma face.
que visualizem a seguinte figura: Assim, teremos n faces, mais a base inferior, e mais a base su-
perior.
Portanto, n + 2
Resposta: B

PIRÂMIDE: é um sólido geométrico que tem uma base e um


vértice superior.

a) A figura representa a planificação de um prisma reto;


b) O volume de um prisma reto é igual ao produto da área da
base pela altura do sólido, isto é:
V = Ab. a
Onde a é igual a h (altura do sólido)

c) O cubo e o paralelepípedo retângulo são prismas;


d) O volume do cilindro também se pode calcular da mesma
forma que o volume de um prisma reto.

Área e Volume dos sólidos geométricos

PRISMA: é um sólido geométrico que possui duas bases iguais


e paralelas.

Exemplo:
Uma pirâmide triangular regular tem aresta da base igual a 8
cm e altura 15 cm. O volume dessa pirâmide, em cm3, é igual a:
(A) 60
(B) 60
(C) 80
(D) 80
(E) 90

Resolução:
Do enunciado a base é um triângulo equilátero. E a fórmula
da área do triângulo equilátero é . A aresta da base é a = 8 cm e h
= 15 cm.

Exemplo: Cálculo da área da base:


(PREF. JUCÁS/CE – PROFESSOR DE MATEMÁTICA – INSTITUTO
NEO EXITUS) O número de faces de um prisma, em que a base é um
polígono de n lados é:
(A) n + 1.
(B) n + 2.
(C) n.
(D) n – 1.
(E) 2n + 1.

89
MATEMÁTICA

Cálculo do volume:

Exemplo:
Um cone equilátero tem raio igual a 8 cm. A altura desse cone,
em cm, é:

(A)

Resposta: D (B)
CILINDRO: é um sólido geométrico que tem duas bases iguais,
paralelas e circulares. (C)

(D)

(E) 8

Resolução:
Em um cone equilátero temos que g = 2r. Do enunciado o raio
é 8 cm, então a geratriz é g = 2.8 = 16 cm.
g2 = h2 + r2
162 = h2 + 82
256 = h2 + 64
256 – 64 = h2
h2 = 192

CONE: é um sólido geométrico que tem uma base circular e


vértice superior. Resposta: D

ESFERA: superfície curva, possui formato de uma bola.

90
MATEMÁTICA

TRONCOS: são cortes feitos nas superfícies de alguns dos sólidos geométricos. São eles:

Exemplo:
(ESCOLA DE SARGENTO DAS ARMAS – COMBATENTE/LOGÍSTICA – TÉCNICA/AVIAÇÃO – EXÉRCITO BRASILEIRO) O volume de um
tronco de pirâmide de 4 dm de altura e cujas áreas das bases são iguais a 36 dm² e 144 dm² vale:
(A) 330 cm³
(B) 720 dm³
(C) 330 m³
(D) 360 dm³
(E) 336 dm³

Resolução:

AB=144 dm²
Ab=36 dm²

Resposta: E

Geometria analítica
Um dos objetivos da Geometria Analítica é determinar a reta que representa uma certa equação ou obter a equação de uma reta
dada, estabelecendo uma relação entre a geometria e a álgebra.

Sistema cartesiano ortogonal (PONTO)


Para representar graficamente um par ordenado de números reais, fixamos um referencial cartesiano ortogonal no plano. A reta x
é o eixo das abscissas e a reta y é o eixo das ordenadas. Como se pode verificar na imagem é o Sistema cartesiano e suas propriedades.

91
MATEMÁTICA

Ponto médio de um segmento

Para determinarmos as coordenadas de um ponto P, traçamos


linhas perpendiculares aos eixos x e y.
• xp é a abscissa do ponto P;
• yp é a ordenada do ponto P;
• xp e yp constituem as coordenadas do ponto P.

Baricentro
O baricentro (G) de um triângulo é o ponto de intersecção das
medianas do triângulo. O baricentro divide as medianas na razão
de 2:1.

Mediante a esse conhecimento podemos destacar as formulas


que serão uteis ao cálculo.

Distância entre dois pontos de um plano


Por meio das coordenadas de dois pontos A e B, podemos lo-
calizar esses pontos em um sistema cartesiano ortogonal e, com
isso, determinar a distância d(A, B) entre eles. O triângulo formado
é retângulo, então aplicamos o Teorema de Pitágoras. Condição de alinhamento de três pontos
Consideremos três pontos de uma mesma reta (colineares),
A(x1, y1), B(x2, y2) e C(x3, y3).

92
MATEMÁTICA

Estes pontos estarão alinhados se, e somente se: Reta

Equação da reta
A equação da reta é determinada pela relação entre as abscis-
sas e as ordenadas. Todos os pontos desta reta obedecem a uma
mesma lei. Temos duas maneiras de determinar esta equação:

1) Um ponto e o coeficiente angular


Por outro lado, se D ≠ 0, então os pontos A, B e C serão vértices
de um triângulo cuja área é: Exemplo:
Consideremos um ponto P(1, 3) e o coeficiente angular m = 2.
Dados P(x1, y1) e Q(x, y), com P ∈ r, Q ∈ r e m a declividade da
reta r, a equação da reta r será:

onde o valor do determinante é sempre dado em módulo, pois


a área não pode ser um número negativo.

Inclinação de uma reta e Coeficiente angular de uma reta (ou


declividade)
À medida do ângulo α, onde α é o menor ângulo que uma reta
forma com o eixo x, tomado no sentido anti-horário, chamamos de
inclinação da reta r do plano cartesiano.

2) Dois pontos: A(x1, y1) e B(x2, y2)


Consideremos os pontos A(1, 4) e B(2, 1). Com essas informa-
ções, podemos determinar o coeficiente angular da reta:

Já a declividade é dada por: m = tgα

Cálculo do coeficiente angular


Se a inclinação α nos for desconhecida, podemos calcular o co-
eficiente angular m por meio das coordenadas de dois pontos da Com o coeficiente angular, podemos utilizar qualquer um dos
reta, como podemos verificar na imagem. dois pontos para determinamos a equação da reta. Temos A(1, 4),
m = -3 e Q(x, y)
y - y1 = m.(x - x1) ⇒ y - 4 = -3. (x - 1) ⇒ y - 4 = -3x + 3 ⇒ 3x +
y - 4 - 3 = 0 ⇒ 3x + y - 7 = 0

93
MATEMÁTICA

Equação reduzida da reta


A equação reduzida é obtida quando isolamos y na equação da
reta y - b = mx

– Equação segmentária da reta


É a equação da reta determinada pelos pontos da reta que in-
terceptam os eixos x e y nos pontos A (a, 0) e B (0,b).

B) Retas paralelas: Se r1 e r2 são paralelas, seus ângulos com o


eixo x são iguais e, em consequência, seus coeficientes angulares
são iguais (m1 = m2). Entretanto, para que sejam paralelas, é neces-
sário que seus coeficientes lineares n1 e n2 sejam diferentes

Equação geral da reta


Toda equação de uma reta pode ser escrita na forma:
ax + by + c = 0

onde a, b e c são números reais constantes com a e b não si-


multaneamente nulos.

Posições relativas de duas retas


Em relação a sua posição elas podem ser:

A) Retas concorrentes: Se r1 e r2 são concorrentes, então seus


ângulos formados com o eixo x são diferentes e, como consequên-
cia, seus coeficientes angulares são diferentes.

94
MATEMÁTICA

C) Retas coincidentes: Se r1 e r2 são coincidentes, as retas cor- Distância entre um ponto e uma reta
tam o eixo y no mesmo ponto; portanto, além de terem seus coe- A distância de um ponto a uma reta é a medida do segmento
ficientes angulares iguais, seus coeficientes lineares também serão perpendicular que liga o ponto à reta. Utilizamos a fórmula a seguir
iguais. para obtermos esta distância.

onde d(P, r) é a distância entre o ponto P(xP, yP) e a reta r .

Exemplo:
(UEPA) O comandante de um barco resolveu acompanhar a
procissão fluvial do Círio-2002, fazendo o percurso em linha reta.
Para tanto, fez uso do sistema de eixos cartesianos para melhor
orientação. O barco seguiu a direção que forma 45° com o sentido
positivo do eixo x, passando pelo ponto de coordenadas (3, 5). Este
trajeto ficou bem definido através da equação:
Intersecção de retas (A) y = 2x – 1
Duas retas concorrentes, apresentam um ponto de intersecção (B) y = - 3x + 14
P(a, b), em que as coordenadas (a, b) devem satisfazer as equações (C) y = x + 2
de ambas as retas. Para determinarmos as coordenadas de P, basta (D) y = - x + 8
resolvermos o sistema constituído pelas equações dessas retas. (E) y = 3x – 4

Condição de perpendicularismo Resolução:


Se duas retas, r1 e r2, são perpendiculares entre si, a seguinte xo = 3, yo = 5 e = 1. As alternativas estão na forma de equação
relação deverá ser verdadeira. reduzida, então:
y – yo = m(x – xo)
y – 5 = 1.(x – 3)
y–5=x–3
y=x–3+5
y=x+2
Resposta: C

Circunferência
onde m1 e m2 são os coeficientes angulares das retas r1 e r2, É o conjunto dos pontos do plano equidistantes de um ponto
respectivamente. fixo O, denominado centro da circunferência.
A medida da distância de qualquer ponto da circunferência ao
centro O é sempre constante e é denominada raio.

95
MATEMÁTICA

Equação reduzida da circunferência Elipse


Dados um ponto P(x, y) qualquer, pertencente a uma circunfe- É o conjunto dos pontos de um plano cuja soma das distâncias
rência de centro O(a,b) e raio r, sabemos que: d(O,P) = r. a dois pontos fixos do plano é constante. Onde F1 e F2 são focos:

Equação Geral da circunferência Mesmo que mudemos o eixo maior da elipse do eixo x para
A equação geral de uma circunferência é obtida através do de- o eixo y, a relação de Pitágoras (a2 =b2 + c2) continua sendo válida.
senvolvimento da equação reduzida.

Exemplo:
(VUNESP) A equação da circunferência, com centro no ponto
C(2, 1) e que passa pelo ponto P(0, 3), é:
(A) x2 + (y – 3)2 = 0
(B) (x – 2)2 + (y – 1)2 = 4 Equações da elipse
(C) (x – 2)2 + (y – 1)2 = 8 a) Centrada na origem e com o eixo maior na horizontal.
(D) (x – 2)2 + (y – 1)2 = 16
(E) x2 + (y – 3)2 = 8

Resolução:
Temos que C(2, 1), então a = 2 e b = 1. O raio não foi dado no
enunciado.
(x – a)2 + (y – b)2 = r2
(x – 2)2 + (y – 1)2 = r2 (como a circunferência passa pelo ponto P,
basta substituir o x por 0 e o y por 3 para achar a raio.
(0 – 2)2 + (3 – 1)2 = r2
(- 2)2 + 22 = r2
4 + 4 = r2
r2 = 8
(x – 2)2 + (y – 1)2 = 8
Resposta: C

96
MATEMÁTICA

b) Centrada na origem e com o eixo maior na vertical. x 2 = 32 + 42


x2 = 9 + 16
x2 = 25
Resposta: E

MATEMÁTICA FINANCEIRA: CAPITAL, JUROS SIMPLES,


JUROS COMPOSTOS, MONTANTE

Juros simples (ou capitalização simples)


Os juros são determinados tomando como base de cálculo o
capital da operação, e o total do juro é devido ao credor (aquele que
empresta) no final da operação. Devemos ter em mente:
TEOREMA DE PITÁGORAS – Os juros são representados pela letra J*.
Em todo triângulo retângulo, o maior lado é chamado de hipo- – O dinheiro que se deposita ou se empresta chamamos de ca-
tenusa e os outros dois lados são os catetos. Deste triângulo tira- pital e é representado pela letra C (capital) ou P(principal) ou VP ou
mos a seguinte relação: PV (valor presente) *.
– O tempo de depósito ou de empréstimo é representado pela
letra t ou n.*
– A taxa de juros é a razão centesimal que incide sobre um ca-
pital durante certo tempo. É representado pela letra i e utilizada
para calcular juros.
*Varia de acordo com a bibliografia estudada.

ATENÇÃO: Devemos sempre relacionar a taxa e o tempo na


mesma unidade para efetuarmos os cálculos.

Usamos a seguinte fórmula:

“Em todo triângulo retângulo o quadrado da hipotenusa é igual


à soma dos quadrados dos catetos”.
a2 = b2 + c2

Exemplo:
Um barco partiu de um ponto A e navegou 10 milhas para o
oeste chegando a um ponto B, depois 5 milhas para o sul chegando Em juros simples:
a um ponto C, depois 13 milhas para o leste chagando a um ponto D – O capital cresce linearmente com o tempo;
e finalmente 9 milhas para o norte chegando a um ponto E. Onde o – O capital cresce a uma progressão aritmética de razão: J=C.i
barco parou relativamente ao ponto de partida? – A taxa i e o tempo t devem ser expressos na mesma unidade.
(A) 3 milhas a sudoeste. – Devemos expressar a taxa i na forma decimal.
(B) 3 milhas a sudeste. – Montante (M) ou FV (valor futuro) é a soma do capital com
(C) 4 milhas ao sul. os juros, ou seja:
(D) 5 milhas ao norte. M=C+J
(E) 5 milhas a nordeste. M = C.(1+i.t)

Resolução: Exemplo:
(PRODAM/AM – Assistente – FUNCAB) Qual é o capital que,
investido no sistema de juros simples e à taxa mensal de 2,5 %, pro-
duzirá um montante de R$ 3.900,00 em oito meses?
(A) R$ 1.650,00
(B) R$ 2.225,00
(C) R$ 3.250,00
(D) R$ 3.460,00
(E) R$ 3.500,00

97
MATEMÁTICA

Resolução: Observe no gráfico que:


Montante = Capital + juros, ou seja: j = M – C , que fica: j = – O montante após 1º tempo é igual tanto para o regime de
3900 – C ( I ) juros simples como para juros compostos;
Agora, é só substituir ( I ) na fórmula do juros simples: – Antes do 1º tempo o montante seria maior no regime de
juros simples;
– Depois do 1º tempo o montante seria maior no regime de
juros compostos.

Exemplo:
(PREF. GUARUJÁ/SP – SEDUC – PROFESSOR DE MATEMÁTICA
– CAIPIMES) Um capital foi aplicado por um período de 3 anos, com
taxa de juros compostos de 10% ao ano. É correto afirmar que essa
aplicação rendeu juros que corresponderam a, exatamente:
390000 – 100.C = 2,5 . 8 . C (A) 30% do capital aplicado.
– 100.C – 20.C = – 390000 . (– 1) (B) 31,20% do capital aplicado.
120.C = 390000 (C) 32% do capital aplicado.
C = 390000 / 120 (D) 33,10% do capital aplicado.
C = R$ 3250,00
Resposta: C Resolução:

Juros compostos (capitalização composta)


A taxa de juros incide sobre o capital de cada período. Também
conhecido como “juros sobre juros”.

Usamos a seguinte fórmula:

Como, M = C + j , ou seja , j = M – C , temos:


j = 1,331.C – C = 0,331 . C
0,331 = 33,10 / 100 = 33,10%
Resposta: D

Juros Compostos utilizando Logaritmos


Algumas questões que envolvem juros compostos, precisam de
O (1+i)t ou (1+i)n é chamado de fator de acumulação de capital. conceitos de logaritmos, principalmente aquelas as quais precisa-
mos achar o tempo/prazo. Normalmente as questões informam os
ATENÇÃO: as unidades de tempo referentes à taxa de juros (i) e valores do logaritmo, então não é necessário decorar os valores da
do período (t), tem de ser necessariamente iguais. tabela.

Exemplo:
(FGV-SP) Uma aplicação financeira rende juros de 10% ao ano,
compostos anualmente. Utilizando para cálculos a aproximação de
, pode-se estimar que uma aplicação de R$ 1.000,00 seria resgatada
no montante de R$ 1.000.000,00 após:
(A) Mais de um século.
(B) 1 século
(C) 4/5 de século
(D) 2/3 de século
(E) ¾ de século

Resolução:
A fórmula de juros compostos é M = C(1 + i)t e do enunciado
temos que M = 1.000.000, C = 1.000, i = 10% = 0,1:
1.000.000 = 1.000(1 + 0,1)t

O crescimento do principal (capital) em:


– juros simples é LINEAR, CONSTANTE;
– juros compostos é EXPONENCIAL, GEOMÉTRICO e, portanto
tem um crescimento muito mais “rápido”;

98
MATEMÁTICA

(agora para calcular t temos que usar logaritmo nos dois lados da equação para pode utilizar a propriedade
, o expoente m passa multiplicando)

t.0,04 = 3

Resposta: E

Taxas de juros
Índices fundamentais no estudo da matemática financeira, sendo incorporadas sempre ao capital. São elas:

Taxa efetiva: são aquelas onde a taxa da unidade de tempo coincide com a unidade de tempo do período de capitalização(valorização).
Exemplo: Uma taxa de 13% ao trimestre com capitalização trimestral.

ATENÇÃO: Quando no enunciado não estiver citando o período de capitalização, a mesma vai coincidir com unidade da taxa. Em outras
palavras iremos trabalhar com taxa efetiva!!!

Taxa nominal: são aquelas cujas unidade de tempo NÂO coincide com as unidades de tempo do período de capitalização.

Exemplo:
(TJ/PE- ANALISTA JUDICIÁRIO-CONTADOR-FCC) Uma taxa de juros nominal de 21% ao trimestre, com juros capitalizados mensalmen-
te, apresenta uma taxa de juros efetiva, trimestral de, aproximadamente,
(A) 21,7%.
(B) 22,5%.
(C) 24,8%.
(D) 32,4%.
(E) 33,7%.

Resolução:
21% a. t capitalizados mensalmente (taxa nominai), como um trimestre tem 3 meses, 21/3 = 7% a.m(taxa efetiva).
im = taxa ao mês
it= taxa ao trimestre.
(1+im)3 = (1+it)  (1+0,07)3 = 1+it  (1,07)3 = 1+it  1,225043 = 1+it  it= 1,225043-1  it = 0,225043 x 100  it= 22,5043%
Resposta: B

ATENÇÃO: Para resolução de questões com taxas nominais devemos primeiramente descobri a taxa efetiva (multiplicando ou dividin-
do a taxa)

Toda taxa nominal traz implícita uma taxa efetiva que deve ser calculada proporcionalmente.

Taxas proporcionais (regime de juros simples): são taxas em unidade de tempo diferente que aplicadas sobre o mesmo capital ao
mesmo período de tempo irão gerar o mesmo montante.

Exemplo:
(PREF. FLORIANÓPOLIS/SC – AUDITOR FISCAL – FEPESE) A taxa de juros simples mensais de 4,25% equivalente à taxa de:
(A) 12,5% trimestral.
(B) 16% quadrimestral.
(C) 25,5% semestral.
(D) 36,0% anual.
(E) 52% anual.

99
MATEMÁTICA

Resolução:
Sabemos que taxas a juros simples são ditas taxas proporcionais ou lineares. Para resolução das questões vamos avaliar item a item
para sabermos se está certo ou errado:
4,25% a.m
Trimestral = 4,25 .3 = 12,75 (errada)
Quadrimestral = 4,25 . 4 = 17% (errada)
Semestral= 4,25 . 6 = 25,5 % (correta)
Anual = 4,25.12 = 51% (errada)
Resposta: C

Taxas equivalentes (regime de juros compostos): as taxas de juros se expressam também em função do tempo da operação, porém
não de forma proporcional, mas de forma exponencial, ou seja, as taxas são ditas equivalentes.

Exemplo:

Taxa Real, Aparente e Inflação


– Taxa real (ir) = taxa que considera os efeitos da inflação e seus ganhos.
– Taxa aparente (ia) = taxa que não considera os efeitos da inflação (são as taxas efetivas/nominais).
– Taxa de inflação (ii) = a inflação representa a perda do poder de compra.

Escrevendo todas as taxas em função uma das outras, temos:

(1+ia) = (1+ir).(1+ii)

, independe da quantidade de períodos e do regime de


Onde:
juros.

Descontos
É a diferença entre o valor título (valor nominal) e o valor recebido (valor atual).

D=N–A

Onde:
D = desconto
N = valor nominal
A = valor atual

ATENÇÃO: Comparando com o regime de juros, observamos que:


– o Valor Atual, ou valor futuro (valor do resgate) nos dá ideia de Montante;
– o Valor Nominal, nome do título (valor que resgatei) nos dá ideia de Capital;

100
MATEMÁTICA

Os
– e descontos
o Descontopodem
nos dáser:
ideia de Juros.

Desconto racional simples (por dentro): nos passa a ideia de “honesto”, pois todas a taxas são cobradas em cima do valor atual (A) do
título. Associando com os juros simples teremos:

Também podemos escrever a seguinte fórmula:

Exemplo:
(ASSAF NETO) Seja um título de valor nominal de R$ 4.000,00 vencível em um ano, que está sendo liquidado 3 meses antes de seu
vencimento. Sendo de 42% a.a. a taxa nominal de juros corrente, pede-se calcular o desconto e o valor descontado desta operação.
N = 4 000
t = 3 meses
i = 42% a.a = 42 / 12 = 3,5% a.m = 0,035
D=?
Vd = ?

Vd = 4 000 – 380,10 = 3 619,90

Desconto comercial simples ou bancário (por fora): nos passa a ideia de que alguém está “levando” um por fora, pois, todas as taxas
são cobradas em cima do valor nominal (N) do título. O valor nominal é sempre maior e é justamente onde eles querem ganhar.

• Desconto comercial (bancário) acrescido de uma taxa pré-fixada: quando se utiliza taxas pré-fixadas aos títulos, que são as taxas
de despesas bancárias/administrativas (comissões, taxas de serviços, ...) cobradas sobre o valor nominal (N). Fazemos uso da seguinte
formula:

101
MATEMÁTICA

Dc = N. (i.t + h)

Onde:
Dc = desconto comercial ou bancário
N = valor nominal
i = taxa de juros cobrada
t = tempo ou período
h = taxa de despesas administrativas ou bancárias.

Exemplo:
Um banco ao descontar notas promissórias, utiliza o desconto comercial a uma taxa de juros simples de 12% a.m.. O banco cobra,
simultaneamente uma comissão de 4% sobre o valor nominal da promissória. Um cliente do banco recebe R$ 300.000,00 líquidos, ao
descontar uma promissória vencível em três meses. O valor da comissão é de:

Resolução:
h = 0,04
t=3
iB = 0,12 . 3
AB = N . [1 - (iB + h)]
300 000 = N . [1 - (0,12.3 + 0,04)]
300 000 = N . [1 – 0,4]
N = 500 000
Vc = 0,04 . N
Vc = 0,04 . 500 000
Vc = 20 000

Resposta: 200 000

– Relação entre Desconto Comercial (Dc) e Desconto Racional (Dr): para sabermos o valor do desconto caso fosse utilizado o desconto
comercial e precisássemos saber o desconto racional e vice-versa, utilizamos a seguinte relação: Dc = Dr . (1 + i.t)

Desconto Racional Composto (por dentro): as fórmulas estão associando com os juros compostos, assim teremos:

Desconto Comercial Composto (por fora): como a taxa incide sobre o Valor Nominal (maior valor), trocamos na fórmula o N pelo A e
vice-versa, mudando o sinal da taxa (de positivo para negativo).

102
MATEMÁTICA

Exemplo:
(PREFEITURA DE SÃO PAULO/SP - AUDITOR FISCAL MUNICIPAL – CETRO) Com adiantamento de dois meses do vencimento, um título
de valor nominal de R$30.000,00 é descontado a uma taxa composta de 10% a.m.. A diferença entre o desconto racional composto e o
desconto comercial composto será de:
(A) R$246,59.
(B) R$366,89.
(C) R$493,39.
(D) R$576,29.
(E) R$606,49.

Resolução:
N = 30000
t = 2 meses
i = 10% am = 0,10
Vamos utilizar a formula do Drc:
N = A(1 + i)t  30.000= A (1+ 0,1)2  30000 = A (1,1)2  30000 = A.1,21
A = 30000 / 1,21 = 24793,39
Como D = N – A
D = 30000 – 24793,39
Drc = 30.000 - 24.793,39 = 5206,61
Para o desconto comercial composto (lembre-se que a taxa recaí sobre o nominal, então trocamos na formula o A pelo N e vice e versa
e mudamos o sinal), temos:
A = N.(1 - i)t
A = 30000 . (1 - 0,1)2
A = 30000 . 0,81
A = 24300
Como D = N – A
D = 30000 – 24300 = 5700, que é o desconto comercial composto
A diferença será dada pelo módulo, uma vez que sabemos que o Desconto Comercial é maior que o racional: |Drc - Dcc|
|5.206,61 - 5.700 | = 493,39

Resposta: C

Equivalência de capitais
Dois ou mais capitais que se encontram em datas diferentes, são chamados de equivalentes quando, levados para uma mesma data,
nas mesmas condições, apresentam o mesmo VALOR nessa data.

• Equação de Valor
Va1 + Va2 + Va3 + … = Vaa + Vab + Vac + …

• Resolução de Problemas de Equivalência


1. leia o problema todo;
2. construa, a partir do enunciado do problema, um diagrama de fluxo de caixa esquemático, colocando na parte de cima o plano
original de pagamento e na parte de baixo o plano alternativo proposto, indicando todos os valores envolvidos, as datas respectivas e as
incógnitas a serem descobertas – esse diagrama é importante porque permite visualizar os grupos de capitais equivalentes e estabelecer
facilmente a equação de valor para resolução do problema;
3. observe se os prazos de vencimento dos títulos e compromissos estão na mesma unidade de medida de tempo periodicidade da
taxa; se não estiverem, faça as transformações necessárias (ou você expressa a taxa na unidade de tempo do prazo ou expressa o prazo na
unidade de tempo da taxa – escolha a transformação que torne os cálculos mais simples);
4. leve todos os valores para a data escolhida para a negociação (data focal), lembrando sempre que capitais exigíveis antes da data
focal deverão ser capitalizados através da fórmula do montante M = C (1 + in), dependendo da modalidade de desconto utilizada;

103
MATEMÁTICA

5. tendo transportado todos os capitais para a data focal e com base no diagrama de fluxo de caixa que você esquematizou, monte
a EQUAÇÃO DE VALOR, impondo que a soma dos valores dos títulos (transportados para a data focal) da parte de cima do diagrama de
fluxo de caixa seja igual à soma dos valores dos títulos (transportados para a data focal) da parte de baixo do diagrama de fluxo de caixa;
6. resolva a equação de valor;
7. releia a PERGUNTA do problema e verifique se o valor que você encontrou corresponde ao que o problema está pedindo (às vezes,
devido à pressa, o candidato se perde nos cálculos, encontra um resultado intermediário e assinala a alternativa que o contém, colocada
ali para induzi-lo em erro, quando seria necessário ainda uma passo a mais para chegar ao resultado final correto).

Exemplo:
A aplicação de R$ 2.000,00 foi feita pelo prazo de 9 meses, contratando-se a taxa de juros de 28% a.a. Além dessa aplicação, existe ou-
tra de valor nominal R$ 7.000,00 com vencimento a 18 meses. Considerando-se a taxa de juros de 18% a.a., o critério de desconto racional
e a data focal 12 meses, a soma das aplicações é, em R$:

Resolução:
Inicialmente, precisamos calcular o valor nominal da primeira aplicação. Considerando n = 9 meses = 0,75 anos, temos que:
N = C (1 + in)
N = 2.000 (1 + 0,28 . 0,75) = 2.000 (1,21) = 2.420
Observando o diagrama de fluxo de caixa, vemos que, para serem transportados à data doze, o título de 2.420 terá que ser capitaliza-
do de três meses, ao passo que o título de 7.000 terá que ser descapitalizado de 6 meses. Além disso, a taxa de 18% a.a., considerando-se
capitalização simples, é equivalente a 1,5% a.m. = 0,015 a.m. Desta forma, podemos escrever que:
2.420 (1 + 0,015 . 3) + 7.000/1 + 0,015 . 6 = x
2.420 (1,045) + 7.000/1,09 = x
2.528,9 + 6.422,02 = x
x = 8.950,92

Anuidades
Séries Financeiras também conhecidas como Rendas Certas ou Anuidades. São séries de depósitos ou prestações periódicas ou não
periódicas, em datas de previamente estabelecidas, por um determinado período de tempo. Os depósitos ou prestações podem ser uni-
formes quando todos são iguais ou variáveis quando os valores são diferentes.
Quando as séries financeiras que tem como objetivo de acumular capital ou produzir certo montante temos uma Capitalização e
quando as séries financeiras têm como objetivo pagar ou amortizar uma dívida temos uma Amortização.

Elementos das séries financeiras


– Valor presente (VP) = Numa série de pagamentos, definimos VALOR ATUAL como sendo a parcela única que equivale (ou que subs-
titui) a todos os termos (devidamente descapitalizados) até o início do fluxo. É a soma dos valores atuais de todos os termos que compõe
a série.

– Valor futuro (VF) = Numa série de pagamentos, definimos MONTANTE como sendo a parcela única, que equivale (ou substitui) a
todos os termos (devidamente capitalizados) até o final do fluxo. É a soma dos montantes de todos os termos que compõe a série.

– Prestações (P) = Numa série de pagamentos, definimos Prestações como sendo o valor que é pago (ou recebido) a cada período de
capitalização de uma Série Pagamentos.

– Número de prestações (n) = número de Parcelas, Depósitos ou Pagamentos.


– Taxa efetiva de juro (i)= com capitalização na periodicidade das Prestações.

Séries financeiras postecipadas


São aquelas em que as prestações, pagamentos ou depósitos são efetuados no final de cada período.

104
MATEMÁTICA

Valor Futuro Postecipado (VFp)


O Valor Futuro (VF) produzido por uma série de n prestações P postecipadas, iguais e periódicas, aplicadas a uma taxa de juros i, na
forma unitária, no mesmo período das prestações, será igual à soma de todos esses depósitos capitalizados para uma mesma data focal,
coincidindo com o último depósito.

Fazemos uso da seguinte fórmula:

O valor capitalizado de cada um dos termos da Série de Pagamentos forma uma Progressão Geométrica (PG) cuja soma resulta na
seguinte expressão:

Fator de Capitalização Postecipado

Valor Presente postecipado (VPp)


O Valor Presente (VP) produzido por uma série de n prestações P, iguais e periódicas, aplicadas a uma taxa de juros i, na forma unitária,
no mesmo período das prestações, será igual à soma de todos esses depósitos descapitalizados para uma mesma data focal 0.

105
MATEMÁTICA

O valor descapitalizado de cada um dos termos de uma Série de Financeira postecipada forma uma Progressão Geométrica (PG) cuja
soma resulta na seguinte expressão:

Fator de Descapitalização Postecipado

Séries financeiras antecipadas


São aquelas em que o depósito ou pagamento é efetuado no início de cada período e o valor futuro é obtido em um período de tempo
após o último depósito ou pagamento da última prestação.

Valor Futuro antecipado (VFa)

O Valor Futuro de uma série financeira é obtido fazendo-se a capitalização da entrada e de cada um dos pagamentos, realizando-se a
soma destes valores no final, conforme a seguir:

O valor capitalizado de cada uma das prestações de uma Série de Pagamentos forma uma Progressão Geométrica (PG) cuja soma
resulta na seguinte expressão:

106
MATEMÁTICA

Fator de Capitalização Antecipado

O valor da prestação é obtido isolando-se a P na equação anterior.

Valor Presente antecipado (VPa)

O Valor Presente de uma série financeira antecipada é obtido fazendo-se a descapitalização de cada uma das prestações, somando-se
no final a entrada e cada um destes valores, conforme a seguir:

O valor descapitalizado de cada um dos termos de uma Série de Financeira forma uma Progressão Geométrica cuja soma resulta na
seguinte expressão:

O Fator de Descapitalização Antecipado

107
MATEMÁTICA

Séries financeiras diferidas ou com carência


Uma série de pagamentos possui DIFERIMENTO INICIAL quando ANTES do início do primeiro pagamento, é dado um prazo de dois ou
mais períodos, nos quais não ocorrem pagamentos pertencentes à série.
Uma série de pagamentos possui DIFERIMENTO FINAL quando APÓS o último pagamento, é dado um prazo de dois ou mais períodos,
nos quais não ocorrem pagamentos pertencentes à série.

Valor Presente com diferimento inicial


Podemos calcular o Valor Presente de duas maneiras: postecipado ou antecipado.

Cálculo do Valor Presente postecipado com diferimento inicial (VPpdi)


Numa série de pagamentos com diferimento inicial, vamos primeiro calcular o valor presente da série financeira postecipada, em
seguida, vamos efetuar a descapitalização deste valor a juros compostos até o início do prazo da contratação (data focal 0).

CÁLCULO DO VP DA SÉRIE CÁLCULO DA DESCAPITALIZAÇÃO CÁLCULO DIRETO DO VPA COM


ANTECIPADA: DO PERÍODO DE DIFERIMENTO: D DIFERIMENTO INICIAL:

Valor futuro com diferimento final


Podemos calcular o Valor Futuro de duas maneiras: postecipado ou antecipado.

Cálculo do Valor Futuro postecipado com diferimento final (VFpdf)


Numa série de pagamento com diferimento final, vamos primeiro calcular o valor futuro da série financeira postecipada, onde esse
valor futuro é obtido logo após o último pagamento.
Já o cálculo com o diferimento final, temos que efetuar a capitalização desse valor, a juros compostos, até o prazo final do período de
carência. Pode ocorrer que no período de carência a taxa de juros não seja a mesma da série financeira.

108
MATEMÁTICA

O VALOR FUTURO DA SÉRIE DE CAPITALIZAÇÃO DO PERÍODO DE CÁLCULO DIRETO DO VFP COM


PAGAMENTOS POSTECIPADA CARÊNCIA DIFERIMENTO FINAL

Cálculo do Valor Futuro antecipado com diferimento final (VFadf)


Numa série de pagamento com diferimento final, vamos primeiro calcular o valor futuro da série financeira antecipada, onde esse
valor futuro é obtido um período após o último pagamento.
Já o cálculo com o diferimento final, temos que efetuar a capitalização desse valor, a juros compostos, até o prazo final do período de
carência. Pode ocorrer que no período de carência a taxa de juros não seja a mesma da série financeira.

O VALOR FUTURO DA SÉRIE DE CAPITALIZAÇÃO DO PERÍODO DE CÁLCULO DIRETO DO VFA COM


PAGAMENTOS ANTECIPADA CARÊNCIA DIFERIMENTO FINAL

Exemplo:
Uma máquina é vendida a prazo através de oito prestações mensais de $4.000,00 sendo que o primeiro pagamento só irá ocorrer após
três meses da compra. Determine o preço à vista, dada uma taxa de 5% ao mês.

Resolução:
R = $4.000,00
i = 5% a.m.
n = 8 meses
m = 2 meses

Pd = $23.449,30

109
MATEMÁTICA

Sistema de amortização
Visam liquidar uma dívida mediante de pagamentos periódicos e sucessivos.

Principais conceitos
Sempre que efetuamos um pagamento estamos pagando parte do valor relativo aos juros, que são calculados sobre o saldo devedor
e outra parte chamada de amortização, que faz com que o saldo devedor diminua.
– Saldo devedor: é o valor nominal do empréstimo ou financiamento ou simplesmente o Valor Presente (VP) na data focal 0, que é
diminuído da parcela de amortização a cada período.
– Amortização: é a parcela que é deduzida do saldo devedor a cada pagamento.
– Juros: é o valor calculado a partir do saldo devedor e posteriormente somado à parcela de amortização.
– Prestação: é o pagamento efetuado a cada período, composto pela parcela de juros mais a amortização: PRESTAÇÃO = JUROS +
AMORTIZAÇÃO

Existem diversos sistemas de amortização de financiamentos e empréstimos, dos quais os mais usados são:
– Sistema de Amortização Francês (Tabela Price):
– Sistema de Amortização Constante (SAC):
– Sistema de Amortização Crescente (SACRE) ou Sistema de Amortização Misto (SAM).

Sistema de Amortização Francês (PRICE)


Este sistema utiliza a chamada TABELA PRICE que consiste no cálculo do fator de descapitalização postecipado representado por
fdp(i%,n) e é normalmente usada para financiamento em geral de bens de consumo, tipo: carros, eletrodomésticos, empréstimos bancá-
rios de curto prazo, etc.
O SAF caracteriza-se por PRESTAÇÕES CONSTANTES E IGUAIS, normalmente mensais e decrescentes, com isso, as parcelas de amortiza-
ções são crescentes. Isto é, o valor amortizado é crescente ao longo do tempo, ao contrário dos juros, que decrescem proporcionalmente
ao saldo devedor.
Logo, as principais características do SAF são:
a) A prestação é constante durante todo o período de financiamento;
b) A parcela de amortização aumenta a cada período;
c) Os juros diminuem a cada período;
d) O percentual de prestações pagas não é igual ao percentual de quitação da dívida, pois no início das prestações os juros são maiores
que as amortizações, sendo que do meio para o final das prestações esta situação é invertida.
e) Nos juros, temos uma PG (Progressão geométrica) de razão descrente.

Utilizamos as seguintes fórmulas:

Com isso podemos reescrever da seguinte forma, sabendo que :

110
MATEMÁTICA

Sistema de Amortização Constante (SAC)


O SAC foi bastante usado pelo Sistema Financeiro de Habitação no início dos anos 70 e, atualmente, é amplamente utilizado para
financiamentos bancários de longo prazo de imóveis.
O tomador do empréstimo pagará uma prestação decrescente em cada período, a qual é composta por duas parcelas: a amortização
e os juros.
As principais características do SAC são:
a) A parcela de amortização é constante em todo período de financiamento;
b) A prestação é decrescente durante todo o período;
c) Os juros diminuem uniformemente a cada período;
d) O percentual de prestações pagas é igual ao percentual de quitação da dívida.
e) Nos Juros e nas Prestações observa-se de uma PA (Progressão Aritmética) de razão decrescente.

Fórmulas do Cálculo da Prestação (Séries Postecipadas)

UTILIZANDO O CAPITAL UTILIZANDO O MONTANTE

CASO O EXPOENTE SEJA NEGATIVO, UTILIZA-SE:

Para séries antecipadas (com entrada), basta multiplicar o valor da prestação por .

Sistema de Amortização Crescente (SACRE) ou Sistema de Amortização Misto (SAM)


No Sistema de Amortização Crescente ou Sistema de Amortização Misto, cada prestação é a média aritmética das prestações nos
sistemas Francês (Tabela Price) e Sistema de Amortização Constante (SAC), quando a proporção for de 50% para o Sistema de Amortização
Frances (SAF) e 50% para o Sistema de Amortização Constante (SAC), com isto as primeiras prestações são maiores que no SAF e menores
que no SAC, sendo que a partir da metade do período do financiamento a situação é invertida. As parcelas de juros, das amortizações e
dos saldos devedores de cada período também são obtidas pela média aritmética dos dois sistemas.

Exemplos:
(UFGD – ANALISTA ADMINISTRATIVO – ECONOMIA – AOCP) O sistema que consiste no plano de amortização de uma dívida em pres-
tações periódicas, sucessivas e decrescentes, em progressão aritmética, denomina-se:
(A) Sistema de Amortização Misto.
(B) Sistema Price.
(C) Sistema de Amortização Constante.
(D) Sistema Americano com fundo de amortização.
(E) Sistema Alemão.

Resolução:
Como vimos no estudo dos tipos de Amortização, a única que apresenta esta característica é o Sistema de Amortização Constante
(SAC).
Resposta: C

111
MATEMÁTICA

(PREF. FLORIANÓPOLIS/SC – AUDITOR FISCAL DE TRIBUTOS MUNICIPAIS – FEPESE) Uma pessoa financiou 100% de um imóvel no
valor de R$ 216.000,00 em 9 anos. O pagamento será em prestações mensais e o sistema de amortização é o sistema de amortização
constante (SAC).
Sabendo que o valor da terceira prestação é de R$2.848,00, a taxa de juros mensal cobrada é de:
(A) 0,2%.
(B) 0,4%.
(C) 0,5%.
(D) 0,6%.
(E) 0,8%.

Resolução:
Sabemos que no SAC Amortizações são constantes:
Sabemos que E = 216.000
n = 9 anos x 12(mensal) = 108 parcelas
A=?

Com a cota de amortização, podemos calcular o Saldo Devedor para todos os períodos:

PERÍODO SALDO DEVEDOR AMORTIZAÇÃO JUROS PRESTAÇÃO


0 216.000 - - -
1 216.000 – 2.000 = 214.000 2.000
2 214.000 – 2.000 = 212.000 2.000
3 212.000 – 2.000 = 210.000 2.000
...

Sabemos a prestação do período 3 que é R$ 2.848,00. Lembrando que P = A + J, temos que para o período 3:
P = A + J  2 848 = 2 000 + J  J = 2 848 – 2 000 = 848. Os juros incidem sobre o capital do período anterior que neste caso é o 2.O
tempo é 1
J = C.i.t  848 = 212 000.i.1  i = 848 / 212 000  i = 0,004 x 100%  i = 0,4%
Resposta: B

112
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
BLOCO I

a) Equações de dissociação de sais


ÁCIDOS, BASES, SAIS E ÓXIDOS Veja alguns exemplos de equações de dissociação de sais após
serem adicionados à água.
Com o passar do tempo e com a descoberta de milhares de
substâncias inorgânicas, os cientistas começaram a observar que NaCl → Na1+ + Cl1-
alguns desses compostos poderiam ser agrupados em famílias com Ca(NO3)2 → Ca2+ + 2 NO31-
propriedades semelhantes: as funções inorgânicas. (NH4)3PO4 → 3 NH4+1 + PO43-
Na Química Inorgânica, as quatro funções principais são: áci-
dos, bases, sais e óxidos. As primeiras três funções são definidas b) Exemplos de sais
segundo o conceito de Arrhenius. Vejamos quais são os compostos Alguns exemplos de sais importantes para o ser humano de for-
que constituem cada grupo: ma direta ou indireta:
• Cloreto de Sódio (NaCl)
→ Ácidos: • Fluoreto de sódio (NaF)
São compostos covalentes que reagem com água (sofrem io- • Nitrito de sódio (NaNO3)
nização) e formam soluções que apresentam como único cátion o • Nitrato de amônio (NH4NO3)
hidrônio (H3O1+) ou, conforme o conceito original e que permanece • Carbonato de sódio (Na2CO3)
até hoje para fins didáticos, o cátion H1+. • Bicarbonato de sódio (NaHCO3)
• Carbonato de cálcio (CaCO3)
a) Equações de ionização de ácidos • Sulfato de cálcio (CaSO4)
H2SO4 → H3O1+ + HSO41- ou H2SO4 → H1+ + HSO4- • Sulfato de magnésio (MgSO4)
HCl → H3O1+ + Cl1- ou HCl → H1+ + Cl1- • Fosfato de cálcio [Ca3(PO4)2]
• Hipoclorito de sódio (NaClO)
b) Ácidos principais:
• Ácido Sulfúrico (H2SO4) → Óxidos
• Ácido Fluorídrico (HF) São compostos binários (formados por apenas dois elementos
• Ácido Clorídrico (HCl) químicos), e o oxigênio é o elemento mais eletronegativo.
• Ácido Cianídrico (HCN)
• Ácido Carbônico (H2CO3) a) Fórmulas de óxidos
• Ácido fosfórico (H3PO4) Exemplos: CO2, SO2, SO3, P2O5, Cl2O6, NO2, N2O4, Na2O etc.
• Ácido Acético (H3CCOOH)
• Ácido Nítrico (HNO3) b) Principais óxidos:
• Óxidos básicos: apresentam caráter básico (Óxido de cál-
→ Bases cio – CaO);
São compostos capazes de dissociar-se na água, liberando íons, • Óxidos ácidos: apresentam caráter ácido (Dióxido de car-
mesmo em pequena porcentagem, e o único ânion liberado é o hi- bono - CO2);
dróxido (OH1-). • Óxidos anfóteros: apresentam caráter ácido e básico (Óxi-
do de alumínio - Al2O3).
a) Equações de dissociação de bases
NaOH(s) → Na1+ + OH1-
Ca(OH)2 → Ca2+ + 2 OH1- REAÇÕES DE ÓXIDO-REDUÇÃO

b) Exemplos de bases Diversas transformações químicas ocorrem através de reações


• Hidróxido de sódio (NaOH) de oxirredução. E muitas delas possuem aplicações para nós, desde
• Hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) usos industriais, como na produção de ferro, queima de combustí-
• Hidróxido de magnésio(Mg(OH)2) vel para gerar energia, extração de metais de minérios, etc. até usos
• Hidróxido de amônio (NH4OH) domésticos, em pilhas e baterias, alvejantes e produtos de limpeza,
dentre outros. Além disso, muitos processos metabólicos essenciais
→ Sais para manutenção da vida são reações de oxirredução, como a respi-
São compostos capazes de se dissociar na água, liberando íons, ração, a produção de energia pela quebra da glicose, a fotossíntese,
mesmo em pequena porcentagem, dos quais pelo menos um cátion etc. Mas como é possível identificar se uma reação é redox?
é diferente de H3O1+ e pelo menos um ânion é diferente de OH1-.

113
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Uma reação é considerada de oxirredução quando há transferência de elétrons de uma espécie a outra, para isso foi criado o número
de oxidação, ou Nox. Ele foi definido de forma que, quando ocorre uma oxidação, haverá aumento do número de oxidação, e quando
houver redução, haverá diminuição, facilitando o reconhecimento de uma reação redox. O Nox de um elemento é a carga elétrica que
ele adquire quando faz uma ligação iônica ou a carga parcial (δ) que ele adquire quando faz uma ligação covalente, que irá depender da
eletronegatividade do elemento, isto é, se na ligação covalente ele atrairá mais ou menos elétrons para si e dos outros elementos que
formam o composto.
Sendo assim, alguns elementos apresentarão números de oxidação diferentes, dependendo do composto que ele está constituindo.
Outros, porém, por serem bastante eletronegativos ou eletropositivos, apresentarão um mesmo Nox em diversos compostos distintos,
são elementos que seguem um certo padrão. Então, para determinar o número de oxidação dos elementos de um composto, partimos
primeiro daqueles que já são conhecidos, de acordo com a tabela abaixo.

Principais Nox
Metais Alcalinos (família 1A) + Prata (Ag) Em substâncias compostas +1

Metais Alcalino-terrosos (família 2A) + Zinco (Zn) Em substâncias compostas +2

Alumínio (Al) Em substâncias compostas +3


Enxofre (S) Em sulfetos (quando for o elemento mais eletronegativo) -2
Halogênios (família 7A) Em halogenetos (quando for o elemento mais eletronegativo) -1
Ligado a ametais (mais eletronegativos que ele) +1
Hidrogênio (H)
Ligado a metais (menos eletronegativos que ele) -1
Maioria das substâncias compostas -2
Em peróxidos -1
Oxigênio (O)
Em superperóxidos -1/2
Em fluoretos +1

O próximo passo, então, é determinar os Nox dos elementos restantes, sabendo que:
• A soma de todos os Nox dos elementos de um composto sempre dá igual a zero; pois trata-se de uma substância neutra.
• A soma de todos os Nox dos elementos em um íon composto é sempre igual à carga do íon.
• O Nox de substâncias simples é sempre igual a zero. (Exemplos: N2, H2, Na, Fe, etc.)
• O Nox de íons é igual a sua carga. (Exemplos: Na+ possui Nox = +1; S2- possui Nox = -2).

Assim, quando temos uma reação de oxirredução para se determinar os Nox, iniciamos com os das substâncias simples e de íons
simples. Para substâncias e íons compostos, determinamos os Nox de elementos conhecidos para depois encontrar os valores dos outros
elementos, fazendo uma equação simples, na qual a soma de todos os números de oxidação dos elementos do composto é igual a zero
(substância composta) ou à carga do íon (íon composto).

Exemplos
HCl
Hidrogênio ligado a ametal → nox +1
Cloro → halogênio → nox -1
O HCl é uma substância composta e neutra, logo a soma dos nox é igual a zero.

HClO
Hidrogênio ligado a ametal → nox +1
Cl → ?
Oxigênio → nox -2
Da mesma forma, o HClO é uma substância composta e neutra, logo a soma dos nox é igual a zero:
nox H + nox Cl + nox O = 0
1 + x + (-2) = 0
logo o nox do Cloro será +1

OBSERVAÇÃO: um átomo que não se encaixe nas regras (como o Cloro) não precisa ter o mesmo NOX em todas as moléculas. Acima
notamos que no HCl o nox do Cloro é -1 , e no HClO, seu nox é +1.

114
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

CaCO3
Neste caso, precisamos multiplicar o nox das regras, pelo numero de átomos do elemento na molécula.
nox oxigênio = -2 . 3 = -6
nox cálcio = metal alcalino-terroso = +2
Para descobrir o nox do carbono:
(-2 . 3) + 2 + x = 0
-6 + 2 + x = 0
Logo o nox do carbono é +4.

CÁLCULOS ESTEQUIOMÉTRICOS.

A estequiometria ou cálculo estequiométrico é de grande importância em nosso cotidiano. Toda a reação química que ocorre seja
na cozinha de nossas casas, em laboratórios ou nas indústrias segue uma “receita” nas condições preestabelecidas. Assim, esse cálculo,
permite determinar a quantidade de compostos que reagem (em mols, massa, volume, etc.) e as quantidades de novos compostos pro-
duzidos.
Nesse estudo explicaremos como as reações são dependentes dos compostos envolvidos e quanto de cada composto é necessário e
formado. E para facilitar sua compreensão iniciaremos com as fórmulas químicas, em seguida as reações e pôr fim a aplicação de vários
tipos de cálculos estequiométricos.

Determinação de Fórmulas Químicas

Fórmula Percentual (Centesimal)


A fórmula percentual indica a porcentagem, em massa, de cada elemento que constitui a substância. Uma forma de determinar a
fórmula percentual é partir da fórmula molecular da substância, aplicando os conceitos de massa atômica e massa molecular.
Exemplo: sabendo que a fórmula molecular do metano é CH4 e que as massas atômicas do carbono e do hidrogênio são, respectiva-
mente, 12 e 1, temos:

Assim, na massa molecular igual a 16, o carbono participa com 12 e o hidrogênio com 4.

Desse modo, temos: C75% H25%

Fórmula Mínima ou Empírica


A fórmula mínima indica a menor proporção, em números inteiros de mol, dos átomos dos elementos que constituem uma substância.
Para calcular a fórmula mínima, é necessário:
a) Calcular o número de mol de átomos de cada elemento;
b) Dividir os resultados pelo menor valor encontrado.

Exemplo: Uma amostra apresenta 2,4g de carbono e 0,6g de hidrogênio (Dados: massas atômicas: C = 12, H = 1). Para determinar a
fórmula mínima do composto, devemos inicialmente calcular o número de mol (n) de átomos de cada elemento.

115
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Posteriormente devemos determinar as menores proporções possíveis, em números inteiros:

Assim, a fórmula mínima é CH3.

Fórmula Molecular
A fórmula molecular indica o número real de átomos de cada elemento na molécula.
Exemplo: A fórmula molecular da água é H2O, o que significa que em cada molécula de água há dois átomos de hidrogênio ligados a
um átomo de oxigênio. Já no caso do benzeno, a sua fórmula molecular é C6H6, ou seja, para cada seis átomos de carbono há exatamente
seis átomos de hidrogênio ligados.
Citamos esses dois exemplos para mostrar que algumas vezes a fórmula molecular é igual à fórmula mínima ou empírica, como acon-
tece no caso da água. Mas, isso nem sempre é verdade, como indica o exemplo do benzeno, que possui fórmula mínima igual a CH, pois a
proporção entre esses elementos é de 1:1.
Em certos casos, a fórmula molecular é igual à fórmula mínima, em outros a fórmula molecular é um múltiplo inteiro da fórmula mí-
nima, sendo que no caso do benzeno esse múltiplo é igual a 6:

Fórmula molecular = (fórmula mínima) n

Onde n é sempre um número inteiro.

Para determinarmos a fórmula molecular de qualquer composto é necessário sabermos primeiro a sua massa molecular. Com esse
dado podemos calcular a fórmula molecular de várias maneiras. Vejamos algumas delas:
1. Por meio da fórmula mínima;
2. Por meio da fórmula percentual;
3. Relacionando a porcentagem em massa com a massa molecular.

116
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

1º Exemplo: A partir da porcentagem em massa, calculando a fórmula mínima.


Vitamina C (massa molecular = 176)

Para que os valores encontrados sejam inteiros, deve-se multiplicá-los por um mesmo número que permita obter a menor proporção
de números inteiros. Nesse exemplo, o número adequado é 3. Assim:

Fórmula mínima: C3H4O3

A relação entre a fórmula mínima e a molecular pode ser feita da seguinte maneira:

Logo, temos que:

n = 2 ⇒ (C3H4O3)2 ⇒ fórmula molecular : C6H8O6

2º Exemplo: Relacionando as porcentagens em massa com a massa molecular do composto.


C = 40,9%
H = 4,55%
O = 54,6%

MM = 176 Considerando que sua fórmula molecular seja: CxHyOz,

117
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Agora iremos relacionar as porcentagens em massa com as massas atômicas e a massa molecular:

Fórmula molecular: C6H8O6

A relação entre a fórmula mínima e a molecular pode ser feita da seguinte maneira:

n = 2 ⇒ (C3H4O3)2 ⇒ fórmula molecular : C6H8O6

Unidade de Massa Atômica


Para a prática das atividades laboratoriais e industriais é necessário que seja realizado um cálculo prévio das quantidades de reagentes
que devemos usar para obter a quantidade desejada de produtos.
Entretanto, a previsão das quantidades só é possível através de cálculos das massas e dos volumes das substâncias envolvidas nas
reações químicas. Assim, muitas vezes é necessário determinar também o número de átomos ou de moléculas das substâncias que reagem
ou são produzidas. Para tal é preciso conhecer a massa dos átomos.
Uma vez que os átomos ou moléculas são muito pequenos para serem “pesados” isoladamente, foi estabelecido um padrão para
comparar suas massas.
A massa atômica é a massa de um átomo medida em unidade de massa atômica, sendo simbolizada por “u”. 1 u equivale a um doze
avos (1/12) da massa de um átomo de carbono-12 (isótopo natural do carbono mais abundante que possui seis prótons e seis nêutrons,
ou seja, um total de número de massa igual a 12). Sabe-se que 1 u é igual a 1,66054x10-24 g.

Massa Atômica (MA)


A massa atômica de um átomo é sua massa determinada em u, ou seja, é a massa comparada com 1/12 da massa do 12C.
As massas atômicas dos diferentes átomos podem ser determinadas experimentalmente com grande precisão, usando um aparelho
denominado espectrômetro de massa.
Para facilitar os cálculos não é necessário utilizar os valores exatos, assim faremos um “arredondamento” para o número inteiro mais
próximo:

118
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Exemplos: Abaixo o resumo das informações importantes adquiridas até


o momento:
Massa atômica do 4,0030u  4u 1) Massa atômica (MA) = massa de um átomo em unidades u.
2) Unidade de massa atômica (u): 1/12 massa do 12C, que pos-
Massa atômica do 18,9984u  19u sui 12,0 u.
Massa atômica do 26,9815u  27u 3) mpróton mnêutron1u
4) Número de massa (A) e Massa atômica, para um dado isóto-
po, são valores praticamente iguais.
Massa Atômica de um Elemento 5) A massa atômica de um elemento químico é a média ponde-
É a média ponderada das massas atômicas dos átomos de seus rada das massas atômicas dos seus isótopos.
isótopos constituintes.
Assim, o cloro é formado pelos isótopos 35Cl e 37Cl, na propor- Massa Molecular (MM)
ção: A massa molecular de uma substância é a massa da molécula
35
Cl = 75,4% MA = 34,997u dessa substância expressa em unidades de massa atômica (u).
37
Cl = 24,6% MA = 36,975u
Numericamente, a massa molecular é igual à soma das massas
atômicas de todos os átomos constituintes da molécula.
Exemplos:
- H2 ⇒ H = 1u, como são dois hidrogênios = 2u
- O = 16u
MA do elemento Cl = 35,453 - H2O = 2u (H2) + 16u (O) = 18u

Como a massa atômica de um isótopo é aproximadamente Mol e Constante de Avogadro


igual ao seu número de massa, a massa atômica de um elemento é Com base na resolução recente da IUPAC, definimos que:
aproximadamente igual à média ponderada dos números de massa - Mol é a unidade de quantidade de matéria.
de seus isótopos constituintes. Assim, a massa atômica aproximada - Mol é a quantidade de matéria que contém tantas entidades
do cloro será: elementares quantos são os átomos de 12C com tidos em 0,012Kg
de 12C.
MA do elemento Cl: - Constante de Avogadro é o número de átomo de 12C contidos
em 0,012Kg de 12C. Seu valor é 6,02x1023 mol-1.

Exemplos:
- Um mol de átomos são 6,02x1023 átomos.
- Um mol de moléculas são 6,02x1023 moléculas.
- Um mol de elétrons são 6,02x1023 elétrons.
- Um mol de prótons são 6,02x1023 prótons.
Sabendo que a massa atômica do elemento cloro é igual a - Um mol de íons são 6,02x1023 íons.
35,5u podemos afirmar que: - Um mol de fórmulas são 6,02x1023 fórmulas.
- Massa média do átomo de Cl = 35,5u - Um mol de oxigênio (O) significa um mol de átomos de O, isto
- Massa média do átomo de Cl = 35,5 x massa de 1/12 do áto- é, 6,02x1023 átomos de C.
mo de 12C. - Um mol de cloro (Cl2) significa um mol de moléculas de Cl2,
- Massa média do átomo de Cl = (35,5/ 12) x massa do átomo isto é, 6,02x1023 moléculas de Cl2.
de 12C,
Número de Loschimdt1
Observe que não existe átomo de Cl com massa igual a 35,5 u; Quando os átomos e as moléculas eram ainda completamente
esse é o valor médio da massa do átomo de 12C. hipotéticos, Loschmidt usou a teoria cinética para realizar a primei-
A maioria dos elementos é formada por mistura de diferentes ra estimativa razoável do tamanho molecular.
isótopos, em proporção constante. Essa proporção varia de um ele- Josef Loschmidt foi um pioneiro da física e da química do século
mento para outro, mas para um mesmo elemento é constante. Des- 19. Nasceu em 15 de março de 1821 em Pocerny (Putschirn), uma
sa maneira, a massa atômica dos elementos é também constante. vila pequena onde hoje é a atual Áustria, filho de um fazendeiro
Nos elementos formados por um único isótopo, a massa atômi- pobre. Em sua vida, Loschmidt foi afortunado em encontrar pesso-
ca do seu único isótopo será também a massa atômica do elemento. as que reconheciam sua inteligência. O primeiro foi Adalbert, um
Exemplo: Elemento químico flúor pároco theco que persuadiu seus pais a enviarem o jovem Josef à
19
F⇒ MA=19u universidade no monastério de Piarist em Schlackenwerth, em 1837
às classes avançadas da Universidade de Praga, e seguido por dois
anos de filosofia e matemática na Charles University, também em
Praga.

1 http://bit.ly/2XUVSs4

119
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Na universidade, Loschmidt encontrou-se com seu segundo Exemplos:


mentor importante, o professor de filosofia Franz Exner, que por es- 1) Massa atômica do Cl=35,453u.
tar com problemas de visão pediu a Loschmidt para ser o seu leitor Massa molar do Cl= 35,453 g.mol-1.
particular. Exner foi conhecido por suas reformas inovadoras nesta Interpretação: Um mol de átomos do elemento Cl (mistura dos
escola, que incluíram a promoção do ensino de matemática e de isótopos 35Cl e 37Cl), ou seja, 6,02x1023 átomos do elemento Cl pe-
ciências a assuntos importantes. Exner chegou a sugerir a Losch- sam 35,453 gramas.
midt, que passou a ser um bom amigo pessoal, para tentar aplicar
a matemática aos fenômenos psicológicos. Como seria esperado, 2) Massa atômica da água, H2O = 18u.
Loschmidt falha na tarefa. Mas neste processo transformou-se em Massa molar: um mol de moléculas, ou seja, 6,02x1023 molécu-
um matemático muito capaz. Mudando-se para Viena aos 20 anos, las de H2O pesam 18,0 gramas.
Loschmidt foi atraído pelas leituras de química e de física no insti-
tuto politécnico e na universidade, conseguindo sobreviver dando Importante:
aulas particulares. MM = massa molecular (unidades u)
Já depois de formado em química, em sua primeira publicação, M = Massa molar (g/mol)
em 1861, Loschmidt propôs as primeiras fórmulas químicas estru-
turais para muitas moléculas importantes, introduzindo símbolos Volume Molar
para ligações duplas e triplas do carbono. Quatro anos mais tarde, Conforme o próprio nome indica, o volume molar corresponde
quando estava ensinando ainda em uma escola secundária, aos 44 ao volume ocupado por um mol da espécie química.
anos, Loschmidt resolveu um dos problemas os mais duradouros Exemplo:
e difíceis de seu tempo: Foi a primeira pessoa que utilizou a teoria Água no estado líquido (d=g/ml) a 25°C.
cinética dos gases (introduzida por Daniel Bernoulli no século XVIII Massa molar=18g/mol.
e desenvolvida em meados do século XIX por Clausius e Maxwell)
para obter um valor bastante razoável para o diâmetro de uma mo- O cálculo do volume molar poderá ser realizado através da pro-
lécula. Isto ocorreu em um momento em que a teoria cinética e a porção:
própria existência das moléculas ainda eram coisas completamente d=1,0g/mL
hipotéticas.
Na verdade, Loschmidt estudou e avaliou o “Número de Avo- 1,0 mL---------1g
gadro”, e dele deduziu o número de moléculas por unidade de V----------------18g
volume, que ficou conhecido como “Número de Loschmidt”. A de-
terminação do tamanho molecular trouxe rapidamente o reconhe- V=18mL
cimento de seu trabalho. Com isso, foi-lhe oferecida uma posição
na Universidade de Viena, em 1866. Em 1870, Loschmidt publicou Para Gases Ideais nas CNTP, o volume molar vale 22,4L/mol.
medidas mais exatas em relação aos gases. 1mol Gás Ideal (CNTP)  V=22,4L
Loschmidt e seu colega mais novo, Ludwig Boltzmann, foram
bons amigos. Sua crítica da tentativa de Boltzmann de derivar a se- Cálculos Estequiométricos
gunda lei da termodinâmica da teoria cinética, tornou-se famosa O cálculo das quantidades das substâncias envolvidas numa re-
como “o paradoxo da reversibilidade”. Loschmidt conduziu Boltz- ação química é chamado de cálculo estequiométrico - palavra deri-
mann a seu conceito estatístico da entropia, como um registro loga- vada do grego stoicheia = partes mais simples e metreim = medida.
rítmico do número dos estados microscópicos que correspondem a São cálculos que envolvem proporções de átomos em uma sustân-
um determinado estado termodinâmico. cia ou que relacionam-se com proporções de coeficientes de uma
Ironicamente, foi somente alguns anos mais tarde que Kekulé equação química.
propôs a estrutura do anel da molécula do benzeno, uma configu- As bases para o estudo da estequiometria das reações quími-
ração que já havia sido prevista pelos diagramas de Loschmidt para cas foram lançadas por cientistas que conseguiram expressar mate-
mais de cem hidrocarbonetos aromáticos. Isto acabou deixando al- maticamente as regularidades que ocorrem nas reações químicas,
guma dúvida na famosa história de Kekulé, muitos anos mais tarde, através das Leis das Combinações Químicas.
que dizia que a estrutura do anel de benzeno lhe tinha vindo em Essas leis foram divididas em dois grupos:
um sonho. - Leis ponderais: relacionam as massas dos participantes de
uma reação.
- Lei volumétrica: relaciona os volumes dos participantes de
uma reação.

Lei Volumétrica
Massa Molar (M) O físico e químico Gay-Lussac, teve suas contribuições na quí-
A massa molar de um elemento é a massa de um mol de áto- mica, e uma delas é a lei da combinação de volumes, que é também
mos, ou seja, 6,02x1023 átomos desse elemento. A unidade mais conhecida como lei volumétrica, que define o princípio de que nas
usada para a massa molar é g.mol-1. mesmas condições de temperatura e pressão, os volumes dos gases
Numericamente, a massa molar de um elemento é igual à sua participantes de uma reação têm entre si uma relação de números
massa atômica. inteiros e pequenos.

120
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Lei de Gay-Lussac:
Nas mesmas condições de pressão e temperatura, os volumes dos gases participantes de uma reação química têm entre si uma re-
lação de números inteiros e pequenos.

Conduta de Resolução
Conforme observado nos itens acima, na estequiometria, os cálculos serão estabelecidos em função da lei de Proust e Gay-Lussac,
neste caso para reações envolvendo gases e desde que estejam todos nas mesmas condições de pressão e temperatura.
Assim, devemos tomar os coeficientes da reação devidamente balanceados, e, a partir deles, estabelecer a proporção em mols dos
elementos ou substâncias da reação.
Exemplo: reação de combustão do álcool etílico:

C2H6O + O2 → CO2 + H2O

Após balancear a equação, ficamos com:

Após o balanceamento da equação, pode-se realizar os cálculos, envolvendo os reagentes e/ou produtos dessa reação, combinando
as relações de várias maneiras:

Tipo de relação 1 C2H6O (l) + 3O2 (g) → 2CO2(g) + 3H2O (l)


Proporção em
1 mol 3 mols 2 mols 3 mols
mols
Em massa 1.46 g 3.32g 2.44 g 3.18g
3. 2.
Em moléculas 6,0.1023 3. 6,0.1023
6,0.1023 6,0.1023
Em volume 3.22,4 2.22,4
é liquido é liquido
(CNTP) L L

Importante:
- Uma equação química só estará corretamente escrita após o acerto dos coeficientes, sendo que, após o acerto, ela apresenta signi-
ficado quantitativo;
- Relacionar os coeficientes com mols. Teremos assim uma proporção inicial em mols;
- Estabelecer entre o dado e a pergunta do problema uma regra de três. Esta regra de três deve obedecer aos coeficientes da equação
química e poderá ser estabelecida, a partir da proporção em mols, em função da massa, em volume, número de moléculas, entre outros,
conforme dados do problema.

Tipos de Cálculos Estequiométricos

Relação quantidade em Relação entre quantidade Relação entre Massa e Relação entre Massa e
Mols em Mols e Massa Massa Volume
Os dados do problema
Os dados do problema
são expressos em termos de Os dados do problema e as Os dados do problema são
e as quantidades incógnitas
quantidade em mols (ou massa) e quantidades incógnitas pedidas expressos em termos de massa
pedidas são expressos em
a quantidade incógnita é pedida são expressos em termos de e a quantidade incógnita é
termos de quantidade em
em massa (ou quantidade em massa. pedida em volume
mols.
mols).

Em Relação entre a Massa e o Volume: caso o sistema não se encontre nas CNTP, deve-se calcular a quantidade em mols do gás e, a
seguir, através da equação de estado, determinar o volume correspondente.
A resolução de problemas que envolvem a estequiometria será facilitada se obedecer, inicialmente à seguinte sequência:
1º) Escreva a equação envolvida;
2º) Acerte os coeficientes da equação (ou equações). Lembre-se: equação balanceada: coeficiente = número de mols;
3º) Destaque, na equação química, a(s) substância(s) envolvida(s) nos dados e a(s) pergunta(s) do problema;
4º) Abaixo das fórmulas, escreva a relação molar e transforme-a segundo os dados do exercício (mol, gramas, número de átomos ou
moléculas, volume molar).

121
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Relação em Massa Exemplo: Consideremos o caso da combustão do álcool.


Os dados do problema e as quantidades de incógnitas pedidas Uma massa de 138g álcool etílico (C2H6O) foi posta para quei-
são expressos em termos de massa. Exemplo: mar com 320g de oxigênio (O2), em condições normais de tempera-
Na reação N2(g) + 3H2(g) → 2NH3(g) qual a massa de NH3 obtida tura e pressão. Qual é a massa de gás carbônico liberado e o exces-
quando se reagem totalmente 3g de H2? so de reagente, se houver?

Resolução: Resolução:
a) Proporção de quantidade de matérias A reação balanceada é dada por:
3mols de H2 –––––––– 2mols de NH3

b) Regra de três
3 . 2g de H2 –––––––– 2 . 17g de NH3
3g de H2 –––––––– x
x = 102/6 = 17g de NH3

Relação Massa Volume


Basta lembrar que 1 mol de qualquer gás, a 0ºC e 1 atm., ocupa
o volume de 22,4 litros. Só de analisarmos os dados, vemos que a massa de oxigênio
Exemplo: é proporcionalmente maior que a do álcool, assim o oxigênio é o
Na reação N2(g) + 3H2(g) → 2NH3(g) qual o volume de N2, a 0ºC reagente em excesso e o álcool etílico é o reagente limitante.
e 1 atm., obtido quando se reagem totalmente 3g de H2? Calculando a massa de gás carbônico formado a partir da quan-
tidade do reagente limitante:
Resolução:
a) Proporção em mol
1mol de N2 –––––––– 3mols de H2

b) Regra de três
22,4L de N2 –––––––– 3 . 2g de H2
x –––––––– 3 de H2 Obs.: A massa de oxigênio em excesso é determinada de forma
x = 22,4/2 = 11,2L análoga:
46g de C2H6O ------------ 96 O2
Relação Massa - Nº Moléculas 138g de C2H6O ------------x
Na reação gasosa N2 + H2 --------- NH3, qual o número de molé- x = 288 g de O2
culas de NH3 obtido, quando se reagem totalmente 18g de H2?
Acerte os coeficientes da equação: 1N2 +3H2 --------2NH3. A massa em excesso é a diferença da massa que foi colocada
para reagir e a que efetivamente reagiu:
Veja os dados informados (18g de H2) e o que está sendo solici-
tado (número de moléculas de NH3) e estabeleça uma regra de três. 320g - 288g = 32 g

Cálculos Envolvendo Reagente Limitante


O reagente que é totalmente consumido é chamado reagente
limitante. Assim que ele é consumido, não se forma mais produto,
ou seja, a reação termina. Os demais reagentes são chamados re-
agentes em excesso. Após o término da reação, sobra uma certa
quantidade dos reagentes em excesso: é a quantidade inicial menos
Cálculos Envolvendo Excesso de Reagente a quantidade que reagiu.
Quando o enunciado do exercício fornecer quantidades de dois Para descobrir qual é o reagente limitante, imagine a reação
reagentes, precisamos verificar qual deles estará em excesso, após hipotética a seguir: A + B → produtos, onde A e B são os reagentes.
terminada a reação. As quantidades de substâncias que participam Se a questão fornece quantidades de A e B usadas na reação,
da reação química são sempre proporcionais aos coeficientes da como descobrir qual deles é totalmente consumido?
equação. Se a quantidade de reagente estiver fora da proporção in- - escolher um dos reagentes (A, por exemplo) e supor que ele
dicada pelos coeficientes da equação, reagirá somente a parte que é o limitante;
se encontra de acordo com a proporção. A parte que estiver a mais - calcular, usando regra de três, a quantidade de B necessária
não reage e é considerada excesso. para consumir completamente o reagente A;
Por outro lado, o reagente que for totalmente consumido (o - se essa quantidade encontrada de B for suficiente (menor do
que não estiver em excesso) pode ser denominado de reagente li- que a quantidade de B dada no enunciado), então o reagente A é o
mitante porque ele determina o final da reação química no momen- limitante. Caso contrário, a suposição inicial estava errada e o outro
to em que for totalmente consumido. reagente (B) é o limitante.

122
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Veja a resolução do exercício de revisão para ficar mais claro. Assim que for encontrado qual é o reagente limitante, os cálculos este-
quiométricos devem ser feitos usando apenas a quantidade do limitante, pois é ele que é totalmente consumido.
Além disso, problemas de reagente limitante são mais fáceis de se resolver com as quantidades em mol, em vez de massa ou volume
gasoso. Na dúvida, passe as quantidades para mol e trabalhe com elas.

Exemplos:
1) Zinco e enxofre reagem para formar sulfeto de zinco de acordo com a seguinte reação:

Reagiu 30g de zinco e 36g de enxofre. Qual é o regente em excesso?

Balancear a reação química: 


Dados:
Zn = 30g
S = 36g

Transformar a massa de gramas para mol:

Pela proporção da reação 1mol de Zn reage com 1mol de S.


Então 0,46mol de Zn reage com quantos mols de S?
Pode ser feita uma regra de três para verificar qual regente está em excesso:

Então 1mol de Zn precisa de 1mol de S para reagir. Se temos 0,46mol de Zn, precisamos de 0,46mol de S, mas temos 1,12mol de S.
Concluímos que o S está em excesso e, portanto o Zn é o regente limitante.

2) Quantos gramas de ZnS será formado a partir dos dados da equação acima?
Para resolver esta pergunta, utiliza-se somente o valor do reagente limitante.

123
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

x = 268,8g de Fe
 
x = 44,68g de ZnS Cálculos Envolvendo Pureza
Com frequência as substâncias envolvidas no processo quími-
Cálculo de Rendimento co não são puras. Assim, podemos esquematicamente dividir uma
É comum, nas reações químicas, a quantidade de produto ser amostra em duas partes: a parte útil e as impurezas.
inferior ao valor esperado. Neste caso, o rendimento não foi total. - Parte útil ou parte pura: reage no problema  p%
Isto pode acontecer por várias razões, como por exemplo, má quali- - Impurezas: não reagem no processo do problema  i%
dade dos aparelhos ou dos reagentes, falta de preparo do operador,
etc. Diante disso, é importante calcularmos a massa referente à
O cálculo de rendimento de uma reação química é feito a partir parte pura, supondo que as impurezas não participam da reação.
da quantidade obtida de produto e a quantidade teórica (que de- Grau de pureza (p) é o quociente entre a massa da substância pura
veria ser obtida). e a massa total da amostra (substância impura).
Quando não houver referência ao rendimento de reação envol-
vida, supõe-se que ele tenha sido de 100%.

Exemplo:
Num processo de obtenção de ferro a partir do minério hemati-
ta (Fe2O3), considere a equação química não balanceada: Exemplo:
Considerando a reação balanceada

Utilizando–se 480g do minério e admitindo-se um rendimento


de 80% na reação, a quantidade de ferro produzida será de:
Equação Balanceada: Fe2O3 + 3C → 2Fe + 3CO Qual a massa de cloreto ferroso obtida quando 1100g de sulfe-
Dados:  1Fe2O3 = 480g  to ferroso, com 80% de pureza, reagem com excesso de ácido clorí-
2Fe = x (m) com 80% de rendimento drico? (Fe = 56u; S = 32u; H = 1u; Cl = 35,5u).
MM Fe2O3 = 160g/mol
MM Fe = 56g/mol A informação sobre o ácido clorídrico é desnecessária, pois não
vamos utilizá-lo em nossos cálculos, já que temos apenas a massa
de sulfeto ferroso posta para reagir. Por outro lado, sabemos que
o sulfeto ferroso está com impurezas. Vamos então calcular qual a
massa deste reagente puro.

1100g de FeS ________ 100%


x _____________ 80%

x = 880g de FeS puro.

Agora sim podemos utilizar as proporções molares para encon-


trar a massa de cloreto ferroso formada na reação.
1 mol de FeS _______ 1 mol de FeCl2
x = 336g de Fe 88g de FeS ________ 127g de FeCl2
880g de FeS _______________y
Cálculo de Rendimento:
y = 111760/88
y = 1270g de FeCl2

Sistema em que o Rendimento não é Total


Quando uma reação química não produz as quantidades de
produto esperadas, de acordo com a proporção da reação química,
dizemos que o rendimento não foi total. Rendimento de uma rea-
ção é o quociente entre a quantidade de produto realmente obtida
e a quantidade esperada, de acordo com a proporção da equação
química.

124
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Mediante aos exemplos acima, foi possível observar que os procedimentos para resolver exercícios de Cálculo Estequiométrico, de-
vem seguir os seguintes passos:
A) Escrever a equação da reação química;
B) Acertar os coeficientes (fazer o balanceamento = igualar o número de átomos);
C) Obter a Proporção em Mols através dos coeficientes estequiométricos.

TRANSFORMAÇÕES QUÍMICAS E EQUILÍBRIO. CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO

Algumas reações ocorrem somente enquanto existe reagente reagentes. Por exemplo, digamos que você acenda um palito de fósforo,
ele começa a reagir com o ar proporcionando a queima total do mesmo. Sabemos também que essa reação irá cessar depois que todo o
regente for consumido. Outro ponto é que não conseguimos regenerar o fósforo queimando. Portanto, esse tipo de reação é chamada de
irreversível.
Consideremos uma reação representada pela equação geral:

Sejam v1 e v2 as velocidades das reações direta e inversa, respectivamente. Suponde que essas reações sejam elementares, temos:

v1= K1[A] [B] e v2=K2[C] [D]

No momento em que misturamos a mols de A e b mols de B, v1 assume o seu valor máximo, porque [A] e [B] têm seus valores má-
ximos. Com o decorrer do tempo, [A] e [B] vão diminuindo, pois A e B vão sendo consumidos na reação direta e, consequentemente,
v1(direta) vai diminuindo.
Conforme C e D vão-se formando na reação, suas concentrações vão aumentando e, consequentemente, v2 (inversa) aumenta com o
passar do tempo.
Uma vez que v1 diminui e v2 aumenta, após algum tempo v1=v2. A partir desse instante, [A], [B], [C] e [D] permanecem constantes,
porque, em um mesmo intervalo de tempo, o número de mols de cada substância consumidos numa reação é igual ao número de mols
formados na reação de sentido contrário.
Quando v1=v2, dizemos que o sistema alcançou o equilíbrio. A partir desse instante, o sistema constitui um equilíbrio químico.

O Equilíbrio Químico é uma reação reversível que atingiu o ponto em que as reações direta e inversa ocorrem com a mesma veloci-
dade.

v1=v2  [A], [B], [C] ,[D]  Equilíbrio químico

125
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Um exemplo de processo reversível é o que ocorre com a água líquida contida num frasco fechado. Nesse sistema, temos moléculas
de água passando continuamente do estado líquido para o de vapor e do de vapor para o líquido.

O fato de as duas velocidades serem iguais na situação de equilíbrio gera uma consequência que é a constância nas quantidades dos
participantes, embora não seja obrigatoriamente iguais.
Nas reações reversíveis, a velocidade inicial (t = 0) da reação direta é máxima, pois a concentração em mol/L do reagente também é
máxima. Com o decorrer do tempo, a velocidade da reação direta diminui ao passo que a velocidade da inversa aumenta.
Ao atingir o equilíbrio, essas velocidades se igualam.

Condições para que ocorra o equilíbrio químico:


-Sistema fechado.
-Reação reversível.
-Velocidade da reação direta igual a velocidade da reação inversa.
-Concentrações ou pressões parciais (no caso gases) constantes com o tempo.

Tipos de Equilíbrio

Os equilíbrios químicos são atingidos, no caso de reações reversíveis, quando a taxa de desenvolvimento da reação direta é igual à taxa
de desenvolvimento da reação inversa, em temperatura constante. Mas existem equilíbrios químicos homogêneos e equilíbrios químicos
heterogêneos.

Equilíbrio Homogêneos
São aqueles em que todos os participantes da reação (reagentes e produtos) encontram-se em um mesmo estado físico e, dessa for-
ma, o sistema fica com uma única fase.
Exemplo:

Ou

Equilíbrio Heterogéneo
Ocorre quando os constituem do sistema (reagentes e produtos) se encontram em fases diferentes,
Exemplo:

Ou

Constante de Equilíbrio - Concentrações Molares (Kc)

Considerando o equilíbrio dado por uma equação geral qualquer:

126
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Aplicando-se a lei da ação das massas de Guldberg-Waage, temos:

-Para a reação direta: v1 = K1 · [A]a · [B]b


-Para a reação inversa: v2 = K2 · [C]c · [D]d

No equilíbrio: v1 = v2
K1 · [A]a · [B]b = K2 · [C]c · [D]d

A relação K1/K2 é constante e denomina-se constante de equilíbrio em termos de concentração molar (Kc):

A constante de equilíbrio Kc é, portanto, a razão das concentrações dos produtos da reação e das concentrações dos reagentes da
reação, todas elevadas a expoentes que correspondem aos coeficientes da reação.

Importante:
a) A constante de equilíbrio Kc varia com a temperatura
b) Quanto maior o valor de Kc , maior o rendimento da reação, uma vez que no numerador temos os produtos e no denominador os
reagentes. Portanto, comparando valores de Kc em duas temperaturas diferentes, podemos saber em qual destas a reação direta apresenta
maior rendimento;
c) O valor numérico de Kc depende de como é escrita a equação química. Diante disso, devemos escrever sempre a equação química
junto com o valor de Kc.

Quociente de Equilíbrio (Qc)

O quociente de equilíbrio (Qc) é a relação entre as concentrações em mol/L dos participantes em qualquer situação, mesmo que o
equilíbrio ainda não esteja estabelecido. É expresso da mesma maneira que a constante de equilíbrio (Kc) Se estabelecermos uma relação
entre Qc e Kc, podemos ter:
: Sistema em equilíbrio
: O sistema não está em equilíbrio

Deslocamento do Equilíbrio

Em um sistema está em equilíbrio, a velocidade da reação direta é igual à velocidade da inversa, e as concentrações em mol/L de
todos os participantes permanecem constantes. Se, sobre esse equilíbrio, não ocorrer a ação de nenhum agente externo, ele tende a per-
manecer nessa situação indefinidamente. Porém, se for exercida uma ação externa sobre esse equilíbrio, ele tende a reagir de maneira a
minimizar os efeitos dessa ação.

Resumindo:
Princípio de Le Chatelier: “Quando se aplica uma força em um sistema em equilíbrio, ele tende a se reajustar no
sentido de diminuir os efeitos dessa força”.

Os fatores que podem modificar a condição de equilíbrio de um sistema são: concentração, pressão, temperatura.
O Princípio de Le Chatelier é fácil de ser entendido quando se considera que a constante de equilíbrio depende somente da tempe-
ratura.
Agora vamos analisar cada um dos fatores que podem afetar o equilíbrio.

127
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

-Concentração
Considere o seguinte equilíbrio:

1) Ao adicionar CO2(g) ao equilíbrio, imediatamente ocorre um aumento na concentração do composto, que irá acarretar aumento do
número de choques entre o C(s) e o CO2(g). Isso favorece a formação de CO(g), ou seja, o equilíbrio se desloca para o lado direito.
2) Ao adicionar CO(g) ao equilíbrio, ocorre um aumento na concentração do composto, transformando-o parcialmente em CO2(g) e em
C(s). Nesse caso, o equilíbrio se desloca para a esquerda. Princípio de Le Chatelier: “Quando se aplica uma força em um sistema em equilí-
brio, ele tende a se reajustar no sentido de diminuir os efeitos dessa força”.
3) Ao retirar parte do CO(g) presente no equilíbrio, imediatamente ocorre uma diminuição na concentração do composto e, como
consequência, a velocidade da reação inversa diminui. Logo, a velocidade da reação direta será maior, favorecendo a formação de CO(g), ou
seja, o equilíbrio se desloca para a direita.

-Pressão
Ao aumentar a pressão sobre um equilíbrio gasoso, à temperatura constante, ele se desloca no sentido da reação capaz de diminuir
esse aumento da pressão e vice-versa. Para averiguar os efeitos da variação de pressão em um equilíbrio, vamos avaliar o equilíbrio se-
guinte, a uma temperatura constante:

Quando aumentamos a pressão, o equilíbrio se desloca para a direita, favorecendo a formação do SO3(g), já que nesse sentido há uma
diminuição do número de mol de gás e, consequentemente, uma redução da pressão.
Pode-se analisar o efeito produzido pela variação de pressão em pela associação do número de mol ao volume. Assim, nas mesmas
condições, temos:

Exemplo:
Aumento de Pressão: desloca o equilíbrio para a direita (menor volume).
Diminuição de Pressão: desloca o equilíbrio para a esquerda (maior volume).

-Temperatura
A temperatura, além de provocar deslocamento do equilíbrio, é o único fator responsável por alterações na constante de equilíbrio
(Kc). Num sistema em equilíbrio, sempre temos duas reações: a endotérmica, que absorve calor, e a exotérmica, que libera calor. Quando
aumentamos a temperatura, favorecemos a reação que absorve calor. Por outro lado, quando há diminuição da temperatura, favorecemos
a reação que libera calor.

128
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Exemplo:

- Aumento da temperatura: desloca o equilíbrio no sentido da reação endotérmica (para a esquerda);


- Diminuição da temperatura: desloca o equilíbrio no sentido da reação exotérmica (para a direita).
Se também desejamos relacionar a variação da temperatura com a constante de equilíbrio (Kc), devemos considerar que uma elevação
da temperatura favorece a reação endotérmica. Então, [N2] e [H2] aumentam e [NH3] diminui:

Kc diminui

Lei de Van’t Hoof: “A cada aumento de 10°C na temperatura de uma reação química, a velocidade da reação duplica ou até mesmo
triplica.”

Observação: Van’t Hoof não considerou que cada reação tem um ótimo de temperatura para ocorrer (temperatura ideal) e após
atingido esse ótimo, o aumento da temperatura pode não mais influenciar a velocidade da reação ou até mesmo prejudicá-la. Exemplo:
Reações Enzimáticas.

Concentração do Equilíbrio

Um aumento na concentração de qualquer substância (reagentes ou produtos) desloca o equilíbrio no sentido de consumir a substân-
cia adicionada. O aumento na concentração provoca aumento na velocidade, fazendo com que a reação ocorra em maior escala no sentido
direto ou inverso.
Diminuindo a concentração de qualquer substância (reagentes ou produtos) desloca-se o equilíbrio no sentido de refazer a substância
retirada. A diminuição na concentração provoca uma queda na velocidade da reação direta ou inversa, fazendo com que a reação ocorra
em menor escala nesse sentido.
Exemplos:

O aumento na concentração de CO ou O2 provoca aumento em v1, fazendo com que v1 > v2; portanto, o equilíbrio desloca-se para a
direita. A diminuição na concentração de CO ou O2 provoca queda em v1, fazendo com que v1 < v2; portanto, o equilíbrio desloca-se para
a esquerda.

Para equilíbrio em sistema heterogêneo, a adição de sólido (C(s)) não altera o estado de equilíbrio, pois a concentração do sólido é
constante e não depende da quantidade.

Observações:
- Aumento na pressão parcial de H2 ou I2, o equilíbrio desloca-se para a direita.
- Diminuindo a pressão parcial de H2 ou I2, o equilíbrio desloca-se para a esquerda.

129
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Importante:
1. Substância sólida não desloca um equilíbrio químico, pois a concentração de um sólido em termos de velocidade é considerada
constante, porque a reação se dá na superfície do sólido.
2. Alterando-se a concentração de uma substância presente no equilíbrio, o equilíbrio se desloca, porém, sua constante de equilíbrio
permanece inalterada (a constante permanece sem ter seu valor modificado porque a temperatura não variou).

Grau de Equilíbrio

Grau de equilíbrio (α) representa a relação entre o número de mols consumidos de um reagente e o número de mols inicial desse
reagente.

No caso de um equilíbrio de dissociação, temos o grau de dissociação:

O grau de dissociação é um número puro, sem unidade, e sempre menor que 1 (α<1). É comumente expresso em %.
É importante que não haja confusão entre grau de equilíbrio e constante de equilíbrio. O grau de equilíbrio varia com a temperatura e
com as concentrações das substâncias participantes. No caso de um equilíbrio do qual participam gases, o grau de equilíbrio varia também
com a pressão.

Constante de equilíbrio Grau de equilíbrio (α)


Varia com a temperatura Varia com a temperatura
Não varia com as concentrações das substâncias Varia com as concentrações das substâncias
Não varia com a pressão, mesmo que no equilíbrio Varia com a pressão, quando pelo menos uma das
haja substancias gasosas substâncias for gasosa.

Produto Iônico da água e pH

Equilíbrio iônico da água


Medidas experimentais de condutibilidade elétrica e outras evidências mostram que a água, quando pura ou quando usada como
solvente, se ioniza numa extensão muito pequena, originando a condição de equilíbrio:

H2O(l) + H2O(l) H3O+ (aq) + OH–(aq)

As concentrações de íons H+ e OH– presentes no equilíbrio variam com a temperatura, mas serão sempre iguais entre si:
Água pura ⇒ [H+] = [OH–]

A 25 ºC, as concentrações em mol/L de H+ e OH– na água pura são iguais entre si e apresentam o valor 10–7 mol L–1.

Água pura a 25 ºC ⇒ [H+] = [OH–] = 10–7 mol L–1

Produto iônico da água (Kw)


Considerando o equilíbrio da água:

H2O(l) H+(aq) + OH–(aq)

A constante de ionização corresponde ao Kw e é expressa por:


Kw = [H+]. [OH–] a 25 ºC; Kw = (10–7). (10–7) ⇒ Kw = 10–14
Na água, as concentrações de H+ e OH– são sempre iguais, independentemente da temperatura; por esse motivo, a água é neutra.
Quaisquer soluções aquosas em que [H+] = [OH–] também serão neutras.
Em soluções ácidas ou básicas notamos que:
-Quanto maior a [H+] ⇒ mais ácida é a solução.
-Quanto maior a [OH–] ⇒ mais básica (alcalina) é a solução.

Escala de pH

O termo pH (potencial hidrogeniônico) foi introduzido, em 1909, pelo bioquímico dinamarquês Soren Peter Lauritz Sorensen (1868-
1939), com o objetivo de facilitar seus trabalhos no controle de qualidade de cervejas. O cálculo do pH pode ser feito por meio das expres-
sões:
pH = colog [H+] ou pH = – log [H+] ou pH =

130
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

De maneira semelhante, podemos determinar o pOH (potencial hidroxiliônico) de uma solução:


pOH = colog [OH–] ou pOH = – log [OH–] ou pOH = log

Exemplos:

Na água e nas soluções neutras, a 25 ºC, temos:

[H+] = [OH–] = 10–7 mol L–1


pH = pOH = 7 e pH + pOH = 14

A escala de pH normalmente apresenta valores que variam de zero a 14. O esquema a seguir mostra uma relação ente os valores de
pH e as concentrações de H+ e OH–em água, a 25 ºC.

pH e o grau de ionização
Considere um ácido fraco genérico HkA. Ao dissolver M mols desse ácido em água, de maneira que forme 1 litro de solução, a concen-
tração em mol/L e a normalidade serão:

O grau de ionização do ácido é:

Logo, a quantidade em mols que ioniza = α . M.


Considere o equilíbrio da ionização:

131
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

A concentração hidrogeniônica no equilíbrio final é:

Assim: [H+] = α . N ou [H+] = α . k . M


Sendo que k é o número de hidrogênios ionizáveis.

pH e constante de ionização (ki)


Tendo conhecimento da concentração da solução e a constante de ionização, podemos calcular o pH. Com os valores da concentração
e do pH, calcula-se o valor de Ki.

Exemplo: Vamos calcular a constante de ionização do ácido cianídrico, tendo conhecimento de que o pH de uma solução 0,04M de
HCN é 5. Nesse caso, temos: pH = 5 ⇒ [H+] = 1 . 10-5 mol/L
Analisemos atentamente o equilíbrio:

Efeito do íon comum


-Quando adicionado a um ácido (HA), um sal com o mesmo ânion (A-) produz:
Diminuição do grau de ionização de HA ou enfraquecimento de HA;
Diminuição da [H+], portanto aumento do pH da solução. O íon comum não altera a constante de ionização do ácido.

-Quando adicionado a uma base (BOH), um sal com o mesmo cátion (B+) produz:
Diminuição do grau de ionização de BOH ou enfraquecimento de BOH;
Diminuição da [OH-], portanto diminuição do pH da solução. O íon comum não altera a constante de ionização da base.

Acidez e basicidade das soluções aquosas dos sais


Chamamos hidrólise salina a reação entre um sal e a água, produzindo o ácido e a base correspondentes. A hidrólise do sal é, portanto,
a reação inversa da neutralização.

Para simplificar a análise dos fenômenos da hidrólise salina, os sais são divididos em 4 tipos, a saber:
1) Sal de ácido forte e base fraca;
2) Sal de ácido fraco e base forte;
3) Sal de ácido fraco e base fraca;
4) Sal de ácido forte e base forte.

132
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

1) Sal de Ácido Forte e Base Fraca Como tanto o ácido quanto a base são fracos, ocorre realmente
a hidrólise do sal e não apenas de um dos íons (como nos dois ca-
sos anteriores). Podemos concluir que quem sofre hidrólise são os
íons correspondentes ao ácido e/ou base fracos. Neste caso, o meio
pode ficar ácido, básico ou neutro.
- O meio será ligeiramente ácido se a ionização do ácido for
maior que a da base (Ka > Kb);
- O meio será ligeiramente básico se a ionização do ácido for
Assim ficamos com: menor que a da base (Ka < Kb).
- O meio será neutro se a ionização do ácido apresentar mesma
intensidade que a da base (Ka Kb).

4) Sal de Ácido Forte e Base Forte

Podemos então observar que quem sofre a hidrólise não é o então ficamos com:
sal, mas sim o íon NH4+ (da base fraca), liberando íons H+, que con-
ferem à solução caráter ácido com pH menor que 7.

2) Sal de Ácido Fraco e Base Forte Sendo o NaOH uma base forte, os íons Na+ não captam os íons
OH– da água. Do mesmo modo, sendo o HBr um ácido forte, os íons
Br– não captam os íons H+ da água. Portanto, neste caso, não há hi-
drólise. A solução terá caráter neutro, com pH igual a 7. Concluímos
que, na solução salina, predomina sempre o caráter do mais forte.
Quando o sal é formado por ácido/base de mesma força (2 fortes),
então ficamos com: a solução final é neutra.

Observamos, então, que quem sofre a hidrólise, neste caso, é o


íon CN– (do ácido fraco), liberando íons OH– que conferem à solução
caráter básico com pH maior que 7.

3) Sal de Ácido Fraco e Base Fraca

Grau de Hidrólise (αh) - Define-se o grau de hidrólise ( ) de


um sal como:
então ficamos com:
A variação de αh é:
0 < αh < 1 ou 0% < αh < 100%

Constante de Hidrólise (Kh) - Para os equilíbrios químicos das


reações de hidrólise, define-se uma constante de equilíbrio chama-
da constante de hidrólise (Kh). Dado o equilíbrio de hidrólise:

133
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

A constante de hidrólise será: De modo análogo, obteremos:

a) para sal de ácido fraco e base forte:

Observação: A água não entra na expressão porque é o solven-


te e sua concentração molar é praticamente constante.
b) para sal de ácido forte e base fraca:
Assim:

onde p e r são os coeficientes da equação. Equilíbrios Heterogêneos

Lembre-se: a água não entra na expressão e a Kh é obtida sem- Produto de Solubilidade (PS ou KPS)
pre a partir da equação iônica de hidrólise. O equilíbrio químico pode ocorrer em sistemas contendo mais
de uma fase, ou seja, em sistemas heterogêneos. Esta situação
Relação entre Kh e Ka e/ou Kb pode ser encontrada em sistemas onde ocorre a dissolução ou pre-
cipitação de sólidos. Um exemplo é a solução contendo água e sal
Considerando a expressão da constante de hidrólise dada ante- Cloreto de prata AgCl(s) mencionado anteriormente, onde a fase só-
riormente como exemplo: lida é formada por AgCl e a fase aquosa pelos íons Ag+ e Cl-.
Quando adicionamos sal à uma solução contendo água como
solvente, as moléculas de água inevitavelmente interagem com as
moléculas do sal. Estas interações envolvem determinada quantia
de energia. Quando temos bastante água e pouco sal, a energia en-
volvida nas interações entre a água e o sal é maior que as interações
Se multiplicarmos simultaneamente o numerador e o denomi- que mantém os íons Ag+ e Cl- juntos. Por causa disso, o sal é quebra-
nador da fração por [H3O+] · [OH–], teremos: do em íons e dilui-se na solução.
Se adicionarmos o sal AgCl em um copo de água, veremos que
o sal é solubilizado (o sal dilui-se). No entanto, se adicionarmos
lentamente mais sal, veremos que a partir de uma certa quantia
adicionada não ocorre mais a solubilização e o sal fica no fundo do
copo. O fato do sal ficar no fundo do copo mostra que a solução está
supersaturada e portanto houve a precipitação do sal AgCl.
A precipitação ocorreu porque a concentração de íons Ag+ e
Cl tornou-se alta com a adição de mais sal. Todo sal que era adi-
-

cionado ionizava-se formando Ag+ e Cl-. Como consequência a con-


centração desses íons aumentou. Quando a concentração desses
íons aumenta até certo ponto, as colisões entre eles tornam-se mais
Como: frequentes na solução e isso gera a formação do precipitado AgCl.
Atualmente há maneiras de saber quanto sal irá diluir e quanto
permanecerá no estado sólido em soluções aquosas. O produto so-
lubilidade de um sal é um valor constante específico para cada sal e
permite o cálculo desses dados. Existem substâncias pouco solúveis
em água como, por exemplo, BaSO4. Adicionando certa quantidade
de sulfato de bário à água, notamos que grande parte vai ao fundo,
formando um precipitado constituído de BaSO4 que não se dissolve.
Entretanto, sabemos que a dissolução do sal não terminou.
Na verdade, o sal continua a se dissolver, bem como a precipitar,
estabelecendo um equilíbrio dinâmico. Este equilíbrio é chamado
Com isso ficamos com: heterogêneo ou polifásico porque é o equilíbrio que se estabelece
em um sistema heterogêneo.

134
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Resumindo: Equilíbrios heterogêneos são aqueles nos quais Quanto mais solúvel o eletrólito, maior a concentração de íons
os reagente e os produtos formam um sistema heterogêneo. em solução, maior o valor de Kps; quanto menos solúvel o eletrólito,
menor a concentração de íons em solução, menor o valor de Kps,
Constante do Produto de Solubilidade (PS ou KPS ou KS) desde que as substâncias comparadas apresentem a mesma pro-
Suponha uma solução do eletrólito A2B3, pouco solúvel, em porção entre os íons.
presença de seu corpo de chão (parte insolúvel). A parte que se dis-
solveu está sob a forma de íons A+++ e B=, enquanto a parte não-so- Exemplo:
lúvel está na forma não-ionizada A2B3. Existe, assim, um equilíbrio
dinâmico entre A2B3 e seus íons na solução, que pode ser represen-
tada pela equação:

Como apresentam a mesma proporção em íons (1 : 1), o CaCO3


é mais solúvel que o BaCO3, porque possui maior valor de Kps.
Como todo equilíbrio, este também deve obedecer à lei: Quando as substâncias comparadas possuem proporção em íons di-
ferentes, a mais solúvel é aquela que apresenta maior solubilidade.
Exemplo:

Como a concentração de um sólido tem valor constante, o pro- Kps = [Ag+]2 · [CrO42-]
duto Ki . [A2B3] da fórmula acima também é constante e é chamado 4·10 –12 = (2x)2 · x
de produto de solubilidade. 4·10 –12 = 4x3
X = 1,0.10-4 mol/L
KPS = [A3+]2 . [B2-]3
Avaliando a solubilidade do Ag2CrO4, portanto, em 1 L de solu-
Portanto, o produto de solubilidade (Kps ou PS) é o produto ção é possível dissolver até 10–4 mol de Ag2CrO4.
das concentrações molares dos íons existentes em uma solução sa-
turada, onde cada concentração é elevada a um expoente igual ao BaSO4(s) Ba2+(aq) + SO42-(aq) KPS=1,0 . 10-10
respectivo coeficiente do íon na correspondente equação de disso- Y mol/L Y mol/L Y mol/L
ciação.
KPS=[Ba2+].[SO42-]
Exemplos: 10-10=(Y).(Y)
Y=1,0.10-5 mol/L

A solubilidade do BaSO4 portanto, em 1 L de solução: é possível


dissolver até 10–5 mol de BaSO4. Com isso concluímos que Ag2CrO4 é
mais solúvel que o BaSO4.

Observação:
- Os valores do Kps permanecem constantes somente em solu-
ções saturadas de eletrólitos pouco solúveis.
- Se a dissociação iônica for endotérmica, e se aumentarmos a
temperatura, este aumento acarretará em um aumento de solubili-
dade, portanto, o valor do Kps aumentará. Se a dissolução for exo-
térmica acontecerá o contrário do citado anteriormente. Podemos
então concluir que a temperatura altera o valor do Kps.

A expressão do Kps é utilizada somente para soluções saturadas


de eletrólitos considerados insolúveis, porque a concentração de
íons em solução é pequena, resultando soluções diluídas. O Kps é
uma grandeza que só depende da temperatura.

135
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Solução Tampão

Considere as seguintes situações:

Perceba que a adição de uma pequena quantidade de um áci-


do forte ou de uma base forte à água pura provoca uma alteração
brusca no pH do meio Verifique, também, que a adição da mesma
quantidade do ácido ou da base à solução formada pelo ácido acé-
tico e acetato de sódio provoca uma alteração muito pequena no
pH desta solução (variação de 0,1 unidade). A solução formada por
ácido acético e acetato de sódio recebe o nome de solução tampão.
Portanto temos:

Solução tampão ou solução tamponada é aquela que, ao adi-


cionarmos uma pequena quantidade de ácido ou base, mesmo
que fortes, mantém o seu pH praticamente invariável.

É provável que a observação destes fatos levem ao seguinte


questionamento:

Como as soluções tampão conseguem manter o seu pH prati-


camente constante?
Vamos imaginar uma solução tampão constituída por uma base
fraca (BOH) e um sal (BA) derivado desta base. Nesta solução, ocor-
rem os seguintes fenômenos:

- Pequena dissociação da base:

(Na solução predominam fórmulas da base BOH)

- Dissociação total do sal: BA → B+ + A-


(Na solução predominam íons B+ e A-)

Observação: Note que o íon B+ é comum à base e ao sal. Ao


juntarmos a esta solução uma base forte, esta irá liberar íons OH-,
que serão consumidos pelo equilíbrio:

136
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Como consequência, este equilíbrio desloca-se para a esquer- Aplicando logaritmo aos dois membros da equação, teremos:
da, e com isso a basicidade da solução não aumenta e o pH não
sofre variação significativa. Perceba que não irá faltar o íon B+ para
que o equilíbrio acima se desloque para a esquerda, uma vez que a
dissociação do sal BA → B+ + A- fornece uma boa reserva deste íon.
Se juntarmos à solução tampão um ácido qualquer, este irá se
ionizar colocando íons H+ em solução. Estes íons H+ serão consu-
midos pelos íons OH- resultantes da dissociação da base e, desta
forma, a acidez não aumenta e o pH praticamente não varia.

H+ + OH- → H2O

Perceba que não irão faltar íons OH- para reagir com o H+ do
ácido, pois a base BOH é fraca, e o estoque de fórmulas BOH que
continuará se dissociando e fornecendo OH- é muito grande. Desta
forma, conseguimos compreender que a solução tampão só resisti-
rá às variações de pH até que toda base BOH ou todo sal BA sejam
consumidos. A resistência que uma solução tampão oferece às va-
riações de pH recebe o nome de efeito tampão.
Caso a solução tampão fosse constituída por um ácido fraco e Como pH + pOH = 14 (temperatura de 25ºC), neste caso fica-
um sal derivado deste ácido, a explicação para o comportamento mos com: pH = 14 - pOH
desta solução seria semelhante à anterior. Concluímos, então, que Com isso teremos:
uma solução tampão é usada sempre que se necessita de um meio
com pH praticamente constante e, preparada, dissolvendo-se em
água:
- um ácido fraco e um sal derivado deste ácido OU
- uma base fraca e um sal derivado desta base.

Cálculo do pH de uma solução tampão


Vamos supor uma solução tampão constituída por um ácido Hidrólise salina
fraco (HA) e um sal (BA) derivado deste ácido. Neste caso, teremos:
Soluções ácidas ou básicas podem ser obtidas pela dissolução
de sais em água. Nesses sistemas, os sais estão dissociados em cá-
tions e ânions, que podem interagir com a água por meio de um
processo denominado hidrólise salina, produzindo soluções com
diferentes valores de pH.

Hidrólise salina é o processo em que o(s) íon(s) pro-


veniente(s) de um sal reage(m) com a água.
Deduzindo a expressão da constante do equilíbrio para o ácido
fraco, temos:
A reação de hidrólise de um cátion genérico (C+) com a água
pode ser representada pela equação a seguir:

Como o ácido é fraco, a sua concentração praticamente não va-


ria durante a ionização, e a quantidade de íon A- produzida é muito
Note que ocorreu a formação de íons H+, o que caracteriza as
pequena. Por outro lado, o sal se dissocia totalmente, produzindo
soluções ácidas.
quase todo íon A-, presente na solução. Portanto, a expressão da
constante de equilíbrio ficará:
Hidrólise de cátions: produz íons H+.

A reação de hidrólise de um ânion genérico (A–) com a água


pode ser representada pela equação a seguir:

137
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Note que ocorreu a formação de OH–, o que caracteriza as so- podem ser filtradas; as soluções, não.
luções básicas. É evidente que essa diferença de comportamento entre as so-
luções e as suspensões se deve ao tamanho da partícula dispersa.
Hidrólise de ânions: produz íons OH–. Enquanto que os enormes grãos de areia, a maioria visíveis a olho
nu, ficam presos no papel de filtro, os invisíveis íons Na+ e Cl- pos-
suem dimensões tão reduzidas que atravessam facilmente os poros
SOLUÇÕES AQUOSAS do filtro.
Há uma ampla variedade de valores entre o diâmetro médio
Soluções aquosas são soluções nas quais o solvente é a água. dos íons e das moléculas comuns e o diâmetro médio de corpos
As soluções aquosas são amplamente utilizadas em diversas áreas, maiores como os da areia, constituídos de sílica (SiO2). Em outras
desde a indústria até a medicina e a pesquisa científica. A água é um palavras, as partículas dispersas num meio sólido, líquido ou gasoso
solvente polar, o que significa que é capaz de dissolver substâncias possuem tamanhos muito diferentes.
iônicas e polares, como sais e açúcares. Para muitos pesquisadores, os dispersos com diâmetros médios
Quando uma substância é adicionada à água, ela pode se dis- entre 1,0 nm e 1000 nm constituem fronteiras gerais para uma clas-
solver completamente ou parcialmente, dependendo da sua solubi- sificação das misturas. Assim, partículas com diâmetro inferior a 1,0
lidade. A solubilidade é a capacidade de uma substância se dissol- nm encontram-se em solução e devem ser chamadas de soluto. Por
ver em um solvente. Alguns exemplos de soluções aquosas comuns outro lado, partículas com diâmetro superior a 1000 nm estariam
incluem a água do mar, as soluções salinas utilizadas na medicina, dispersas em misturas denominadas suspensões.
os refrigerantes e muitos produtos químicos industriais. Mas, você pode estar pensando, e as partículas de tamanho in-
Uma solução aquosa é composta por dois componentes: o sol- termediário?
vente, que é a água, e o soluto, que é a substância que foi dissolvida Os cientistas observaram que partículas com diâmetro entre 1,0
na água. A quantidade de soluto que pode ser dissolvida em uma nm e 1000 nm participam de um campo muito importante, chama-
quantidade de solvente depende da temperatura, da pressão e da do de misturas coloidais ou simplesmente coloides.
natureza das substâncias envolvidas. A concentração da solução
aquosa é a quantidade de soluto presente em relação à quantidade Dimensão
de solvente. A concentração pode ser expressa em diversas unida- Apesar de alguns pesquisadores terem proposto que partícu-
des, como molaridade, normalidade, fração molar e porcentagem las coloidais teriam diâmetro situado entre 1,0 nm (10-9 m) e 100
em massa. nm, evidências experimentais tendem atualmente a ampliar esse
As soluções aquosas podem ser classificadas como ácidas, bá- intervalo para 1 000 nm. No entanto, essa discussão não terá maior
sicas ou neutras, dependendo do seu pH. O pH é uma medida da importância para nosso estudo, pois o que definirá realmente se
acidez ou basicidade de uma solução e varia de 0 a 14. Uma solução uma mistura é coloidal ou uma suspensão será seu comportamento
com pH abaixo de 7 é ácida, uma solução com pH acima de 7 é macroscópico.
básica e uma solução com pH igual a 7 é neutra. As soluções ácidas Adotaremos, então, os limites situados entre 1,0 nm e 1000 nm
contêm uma concentração maior de íons hidrogênio (H+) do que para caracterizar o diâmetro de uma partícula coloidal.
íons hidroxila (OH-), enquanto as soluções básicas contêm uma con- Analisando o quadro a seguir, podemos comparar característi-
centração maior de íons hidroxila do que íons hidrogênio. cas gerais das soluções, das misturas coloidais e das suspensões.
Em resumo, as soluções aquosas são soluções nas quais o sol- Note que, nas misturas em geral, a substância em menor quantida-
vente é a água. Elas são amplamente utilizadas em diversas áreas, de pode ser chamada de disperso, ou seja, é uma substância que
desde a indústria até a medicina e a pesquisa científica. As solu- se encontra espalhada, de maneira homogênea ou não, em outra
ções aquosas são compostas por dois componentes, o solvente e substância denominada dispersante. Nessas condições, a mistura
o soluto, e podem ser classificadas como ácidas, básicas ou neu- receberá o nome geral de dispersão.
tras, dependendo do seu pH. A compreensão das propriedades das
soluções aquosas é fundamental para muitas aplicações práticas, Dispersões Coloidais
incluindo o desenvolvimento de novos produtos químicos, o trata- Como você perceberá, as dispersões coloidais possuem parti-
mento de doenças e a manutenção da qualidade da água potável. cipações importantes em nosso cotidiano, sendo classificadas de
acordo com o estado físico dos participantes. Vários alimentos,
medicamentos e produtos cosméticos são sistemas coloidais. Veja
DISPERSÕES alguns exemplos no quadro abaixo:

Se você adicionar um pouco de sal a um copo de água e agitar,


notará que o sal irá se dissolver e, a partir dessa mistura, formar
uma solução aquosa. No entanto, se a mesma experiência for fei-
ta com um pouco de areia fina, o resultado será muito diferente.
Como a areia não se dissolve em água, irá depositar-se no fundo do
recipiente, logo após o término da agitação.
A mistura de água e areia, no momento da agitação, constitui
um bom exemplo de suspensão.
Mesmo através da filtração, seria possível observar uma dife-
rença importante entre esses dois tipos de mistura: as suspensões

138
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Gelatina
A proteína mais abundante dos vertebrados é o colágeno, que constitui aproximadamente 25% em massa das proteínas do corpo hu-
mano. Parte dos ossos, tendões, dentes e pele é constituída de colágeno.
Apesar de o colágeno não ser comestível, seu aquecimento em água fervente produz uma mistura de outras proteínas comestíveis,
denominadas genericamente de gelatinas. Tais proteínas são usadas na fabricação de vários produtos, tais como filmes fotográficos, colas,
cápsulas de medicamentos e produtos alimentícios.
As proteínas pertencem à classe dos coloides liófilos, ou seja, aqueles que possuem afinidade com água. Como esses coloides têm
maior facilidade em transformar-se do estado gel para sol, ou vice-versa, são chamados de reversíveis.

Citoplasma
Você provavelmente se lembra de que os orgânulos do citoplasma estão mergulhados num material amorfo, viscoso, chamado hialo-
plasma. Como componente majoritário, o hialoplasma contém, antes de mais nada, muita água. Em segundo lugar, em termos de quanti-
dade, encontramos moléculas de proteínas.
Neste sentido, podemos classificar o hialoplasma como sendo um coloide, devido ao tamanho das macromoléculas proteicas. Por
outro lado, dissolvidas na água do hialoplasma, há uma grande variedade de substâncias, com partículas de diâmetro inferior a 1 nm: sais
minerais, gases da respiração, açúcares, aminoácidos, ácidos graxos, nucleotídeos, etc. Se o critério de classificação forem essas moléculas,
você poderia dizer, sem dúvida, que o hialoplasma é uma solução. Se você estiver considerando o plasma, parte líquida do sangue, a situ-
ação é parecida: muita água como dispersante, moléculas de proteínas, principalmente albumina, sais minerais, açúcares, ácidos graxos,
vitaminas, gases respiratórios. Dessa forma, o plasma sanguíneo é um coloide e, ao mesmo tempo, uma solução.

Movimento Ameboide
A região de hialoplasma mais externa da célula, logo abaixo da membrana plasmática, também dita ectoplasma, é um coloide no esta-
do de gel. Já a maior parte do hialoplasma, interna, chamada endoplasma, é um coloide no estado de sol. É bastante antiga a observação
de que células vivas, como amebas e leucócitos, têm a capacidade de transformar, em certas circunstâncias, partes do hialoplasma gelei-
ficadas em sol, e vice-versa. Essas transformações estão na base do famoso movimento ameboide, através do qual amebas e leucócitos
“derramam” seu citoplasma para a frente, formando pseudópodes. Os pseudópodes, vamos lembrar, não apenas permitem a locomoção
da célula, como também sua nutrição, pelo conhecido processo da fagocitose.

139
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Não se sabe ainda, ao certo, os mecanismos que levam o hialo- O efeito Tyndall recebeu esse nome, em homenagem ao bri-
plasma da ameba a se transformar e fluir para formar os pseudópo- lhante físico inglês, John Tyndall (1820 – 1893), que demonstrou por
des. Há fortes indícios, no entanto, de que finíssimos filamentos de que o céu é azul, e estudou de forma muito completa os fenômenos
uma proteína chamada actina, presentes no hialoplasma estejam de espalhamento da luz por partículas e poeira. Esse efeito também
relacionados com esse fluxo citoplasmático, fundamental para a foi observado por Tyndall quando um pincel de luz atravessava al-
formação de pseudópodes. Uma observação: a actina de que esta- guns sistemas coloidais. Esse espalhamento da luz é seletivo, isto é,
mos falando é a mesma substância que, em conjunto com a miosi- depende das dimensões das partículas dispersas e do comprimento
na, forma o complexo contrátil das células musculares. de onda da radiação. Dessa forma, é possível que uma determinada
cor de luz se manifeste de maneira mais acentuada do que outras.
As Emulsões: Como Se Faz Maionese?
Todos sabemos que água e óleo não se misturam e isso ha- Aerossóis
bitualmente é justificado pelo fato da água ser um líquido polar, O ambiente em que vivemos precisa ser limpo com regularida-
enquanto o óleo é formado por moléculas praticamente apolares. de, para que que seja retirada a poeira que constantemente é de-
Se você agitar uma mistura de água e óleo em um liquidificador, positada sobre os objetos.
gotas de óleo, de dimensões coloidais, ficarão espalhadas na água Esses grãos de poeira, de diâmetros superiores a 1 000 nm, es-
por algum tempo. A esse sistema chamamos de emulsão. tão em suspensão e tendem a sedimentar. No entanto, há no ar
Note que, após alguns minutos, as gotas de óleo aglutinam-se e alguns grãos de poeira de dimensões coloidais que nunca sedimen-
a fase oleosa é reconstituída, voltando a flutuar sobre a água. Isto tam. Esses tipos de coloide chama-se aerossol. Neblinas, fumaças
significa que a emulsão formada era instável. e sprays são outros exemplos de aerossóis do cotidiano. Quando
observamos o rastro luminoso deixado pela luz de um projetor de
Maionese slides em uma sala escura, ou quando notamos os feixes lumino-
Para fazer maionese, basta colocar uma gema do ovo em um li- sos dos faróis dos carros em dias com forte neblina, devemos nos
quidificador, bater vigorosamente e acrescentar um pouco de óleo. lembrar do efeito Tyndall que a luz pode provocar quando atinge
Forma-se, assim, uma emulsão estável. partículas coloidais sólidas existentes no ar.
Mas como isso acontece? Como o óleo e a água podem ser mis-
turados? Espumas
A razão fundamental está na presença das proteínas da gema. Quando um gás é borbulhado em um líquido, além das bolhas
As moléculas de proteína envolvem as gotas de óleo, formando enormes e visíveis, são formadas também bolhas de dimensões co-
uma película hidrófila, ou seja, que possui afinidade com a água. A loidais. Por isso, as espumas também podem ser classificadas como
essas proteínas chamamos de coloides protetores ou agentes emul- coloides. Um bom exemplo é o chantilly, formado pela mistura de
sificantes ou tensoativos. ar em creme de leite. Um sólido que possui poros de dimensões co-
(Leg.: Muitas vezes, o mesmo sistema se enquadra em várias loidais é classificado como espuma sólida. É o caso, por exemplo, da
classificações. O leite, por exemplo, é uma solução aquosa de sais pedra-pome, que possui ar em microscópicos poros de dimensões
e açúcares; um coloide sol em relação às proteínas e uma emulsão coloidais.
em relação às gorduras. No leite, o agente emulsificante é uma pro- Como você percebeu através destas rápidas informações, o vas-
teína chamada caseína. Além disso, algumas partículas de gordura, to campo dos sistemas coloidais é atraente e gerador de muitas ati-
grandes o suficiente para serem vistas ao microscópio comum, es- vidades profissionais. No mundo, as industrias ligadas aos coloides
tão em suspensão.) empregam milhões de pessoas e movimentam muitos bilhões de
dólares.
Composição Média Do Leite Humano (% Em Massa)
H2O 85%
Gordura 3,8% NATUREZA ELÉTRICA DA MATÉRIA. ELETROSTÁTICA
Proteínas 1,6%
Açúcar 7,5% (lactose) CARGA ELÉTRICA
O restante: sais de cálcio, fósforo, potássio, ferro, magnésio, co-
bre e vitaminas. Carga e Corrente

O Efeito Tyndall
Se colocarmos lado a lado um copo com solução aquosa de açú-
car e outro copo com leite diluído em água, o feixe de uma caneta-
laser deixará um rastro somente no copo que contém uma disper-
são coloidal de gelatina em água.
Este fenômeno, conhecido como efeito Tyndall, ocorre devido
à dispersão da luz pelas partículas coloidais. No béquer contendo
uma solução de açúcar em água, as moléculas do soluto não são
suficientemente grandes para dispersarem a luz.

140
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

A matéria é formada por átomos, os quais por sua vez são for- ... vidro, mica, lã, pele de gato, seda, algodão, ebonite, cobre...
mados por três tipos de partículas: prótons, elétrons e nêutrons.
Os prótons e nêutrons agrupam-se no centro do átomo formando Quando atritamos dois materiais diferentes, aquele que apare-
o núcleo. Os elétrons movem-se em torno do núcleo. Num átomo ce em primeiro lugar na série fica positivo e o outro fica negativo.
o número de elétrons é sempre igual ao número de prótons. Às Assim, por exemplo, consideremos um bastão de vidro atritado
vezes um átomo perde ou ganha elétrons; nesse caso ele passa a em um pedaço de lã (Figura 6). O vidro aparece antes da lã na série.
se chamar íon. Portanto o vidro fica positivo e a lã negativa, isto é, durante o atrito,
A experiência mostra que: (Fig. 2) o vidro transfere elétrons para a lã.
I – Entre dois prótons existe um par de forças de repulsão;
II – Entre dois elétrons existe um par de forças de repulsão;
III – Entre um próton e um elétron existe um par de forças de
atração;
IV – Com os nêutrons não observamos essas forças.

Porém, se atritarmos a lã com um bastão de ebonite, como a lã


aparece na série antes que a ebonite, a lã ficará positiva e a ebonite
ficará negativa (Figura 7).

Dizemos que essas forças aparecem pelo fato de elétrons e pró-


tons possuírem carga elétrica. Para diferenciar o comportamento
de prótons e elétrons dizemos que a carga do próton é positiva e
a carga do elétron é negativa. Porém, como em módulo, as forças ELETRIZAÇÃO POR CONTATO
exercidas por prótons e elétrons são iguais, dizemos que, em módu- Consideremos um condutor A, eletrizado negativamente e um
lo, as cargas do próton e do elétron são iguais. Assim, chamando de condutor B, inicialmente neutro (Figura 8). Se colocarmos os con-
qp a carga do próton e qE a carga do elétron temos: dutores em contato (Figura 9), uma parte dos elétrons em excesso
| qE | = | qp| do corpo A irão para o corpo B, de modo que os dois corpos ficam
qE = - q p eletrizados com carga de mesmo sinal. (Figura 10)

O mais natural seria dizer que a carga do próton seria uma uni-
dade. No entanto, por razões históricas, pelo fato de a carga elétrica
ter sido definida antes do reconhecimento do átomo, a carga do
próton e a carga do elétron valem:
qp = + 1,6 . 10-19 coulomb = 1,6 . 10-19 C
qE = - 1,6 . 10-19 coulomb = -1,6 . 10-19 C

Suponhamos agora um condutor C carregado positivamente e


um condutor D inicialmente neutro (Figura 11). O fato de o corpo A
Onde o coulomb (C) é a unidade de carga elétrica no Sistema estar carregado positivamente significa que perdeu elétrons, isto é,
Internacional. A carga do próton é também chamada de carga elé- está com excesso de prótons. Ao colocarmos em contato os corpos
trica elementar (e). Assim: C e D, haverá passagem de elétrons do corpo D para o corpo C (Fi-
qp = + e = + 1,6 . 10-19 C gura 12), de modo que no final, os dois corpos estarão carregados
qE = - e = - 1,6 . 10-19 C positivamente (Figura 13). Para facilitar a linguagem é comum dizer-
-se que houve passagem de cargas positivas de C para D, mas o que
Como o nêutron não manifesta esse tipo de força, dizemos que realmente ocorre é a passagem de elétrons de D para C.
sua carga é nula.

PROCESSOS DE ELETRIZAÇÃO
Quando atritamos dois corpos feitos de materiais diferentes,
um deles transfere elétrons para o outro de modo que o corpo que
perdeu elétrons fica eletrizado positivamente enquanto o corpo
que ganhou elétrons fica eletrizado negativamente.
Experimentalmente obtém-se uma série, denominada série
tribo-elétrica que nos informa qual corpo fica positivo e qual fica
negativo. A seguir apresentamos alguns elementos da série:

141
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

De modo geral, após o contato, a tendência é que em módulo,


a carga do condutor maior seja maior do que a carga do condutor
menor. Quando o contato é feito com a Terra, como ela é muito
maior que os condutores com que usualmente trabalhamos, a carga
elétrica do condutor, após o contato, é praticamente nula (Figura 14
e Figura 15).

Se ligarmos o condutor B à Terra (Figura 18), as cargas negati-


vas, repelidas pelo corpo A escoam-se para a Terra e o corpo B fica
carregado positivamente. Se desfizermos a ligação com a Terra e em
seguida afastarmos novamente os corpos, as cargas positivas de B
espalham-se por sua superfície (Figura 19).

Se os dois condutores tiverem a mesma forma e o mesmo ta-


manho, após o contato terão cargas iguais.

EXEMPLO
Dois condutores esféricos de mesmo tamanho têm inicialmen-
te cargas QA = + 5nC e QB = - 9nC. Se os dois condutores forem colo-
cados em contato, qual a carga de cada um após o contato?
Na Figura 20 repetimos a situação da Figura 17, em que o corpo
RESOLUÇÃO B está neutro, mas apresentando uma separação de cargas. As car-
A carga total Q deve ser a mesma antes e depois do contato: gas positivas de B são atraídas pelo corpo A (força enquanto as
Q = Q’A + Q’B = (+5nC) + (-9nC) = -4nC cargas negativas de B são repelidas por A (força .
Porém, a distância entre o corpo A e as cargas positivas de B é
Após o contato, como os condutores têm a mesma forma e o menor do que a distância entre o corpo A e as cargas negativas de B.
mesmo tamanho, deverão ter cargas iguais: Assim, pela Lei de Coulomb, o que faz com que a força
resultante seja de atração.

De modo geral, durante a indução, sempre haverá atração en-


tre o corpo eletrizado (indutor) e o corpo neutro (induzido).

CONDUTORES E ISOLANTES
Há materiais no interior dos quais os elétrons podem se mover
com facilidade. Tais materiais são chamados condutores. Um caso
de interesse especial é o dos metais. Nos metais, os elétrons mais
afastados dos núcleos estão fracamente ligados a esses núcleos e
podem se movimentar facilmente. Tais elétrons são chamados elé-
trons livres.
Nos condutores, a tendência é que as cargas em excesso se es-
palhem por sua superfície. No entanto, quando um corpo é feito de Há materiais no interior dos quais os elétrons têm grande difi-
material isolante, as cargas adquiridas por contato ficam confinadas culdade de se movimentar. Tais materiais são chamados isolantes.
na região onde se deu o contato. Como exemplo podemos citar a borracha, o vidro e a ebonite.

POLARIZAÇÃO INDUÇÃO EM ISOLANTES


Na Figura 16 representamos um corpo A carregado negativa- Quando um corpo eletrizado A aproxima-se de um corpo B, fei-
mente e um condutor B, inicialmente neutro e muito distante de to de material isolante (Figura 21) os elétrons não se movimentam
A. Aproximemos os corpos, mas sem colocá-los em contato (Figura como nos condutores mas há, em cada molécula, uma pequena
17). A presença do corpo eletrizado A provocará uma separação de separação entre as cargas positivas e negativas (Figura 22) denomi-
cargas no condutor B (que continua neutro). Essa separação é cha- nada polarização. Verifica-se que também neste caso o efeito resul-
mada de indução. tante é de uma atração entre os corpos

142
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Um exemplo dessa situação é a experiência em que passamos


no cabelo um pente de plástico o qual em seguida é capaz de atrair Quando temos um corpo eletrizado cujas dimensões são des-
pequenos pedaços de papel. Pelo atrito com o cabelo, o pente fi- prezíveis em comparação com as distâncias que o separam de ou-
cou eletrizado e assim é capaz de atrair o papel embora este esteja tros corpos eletrizados, chamamos esse corpo de carga elétrica
neutro. puntiforme.
Foi esse tipo de experiência que originou o estudo da eletri- Dados dois corpos eletrizados, sendo Q1 e Q2 suas cargas elétri-
cidade. Na Grécia antiga, aproximadamente em 600 AC, o filósofo cas, observamos que:
grego Tales observou que o âmbar, após ser atritado com outros I. Se Q1 e Q2 tem o mesmo sinal (Figura 1 e Figura 2), existe
materiais era capaz de atrair pequenos pedaços de palha ou fios de entre os corpos um par de forças de repulsão.
linha. A palavra grega para âmbar é eléktron. Assim, no século XVI, II. Se Q1 e Q2 têm sinais opostos (Figura 3), existe entre os cor-
o inglês William Gilbert (1544-1603) introduziu o nome eletricidade pos um par de forças de atração.
para designar o estudo desses fenômenos.

ELETRIZAÇÃO E LEI DE COULOMB

CORPOS ELETRIZADOS
A carga elétrica de um próton é chamada de carga elétrica ele-
mentar, sendo representada por e; no Sistema Internacional, seu
valor é:
e = 1,6 . 10-19 Coulomb = 1,6 . 10-19 C

A carga de um elétron é negativa, mas, em módulo, é igual à


carga do próton:
Carga do elétron = - e = - 1,6 . 10-19 C
A LEI DE COULOMB
Os nêutrons têm carga elétrica nula. Como num átomo o nú- Consideremos duas cargas puntiformes Q1 e Q2, separadas
mero de prótons é igual ao número de elétrons, a carga elétrica por uma distância d (Figura 4). Entre elas haverá um par de forças,
total do átomo é nula. que poderá ser de atração ou repulsão, dependendo dos sinais das
De modo geral os corpos são formados por um grande número cargas. Porém, em qualquer caso, a intensidade dessas forças será
de átomos. Como a carga de cada átomo é nula, a carga elétrica to- dada por:
tal do corpo também será nula e diremos que o corpo está neutro.
No entanto é possível retirar ou acrescentar elétrons de um corpo,
por meio de processos que veremos mais adiante. Desse modo o
corpo estará com um excesso de prótons ou de elétrons; dizemos
que o corpo está eletrizado.

EXEMPLO
A um corpo inicialmente neutro são acrescentados 5,0 . 107 elé-
trons. Qual a carga elétrica do corpo?

RESOLUÇÃO Onde k é uma constante que depende do meio. No vácuo seu


A carga elétrica do elétron é qE = - e = - 1,6 . 10-19 C. Sendo N o valor é
número de elétrons acrescentados temos: N = 5,0 . 107.
Assim, a carga elétrica (Q) total acrescentada ao corpo inicial-
mente neutro é:
Q = N . qE = (5,0 . 107) (-1,6 . 10-19 C) = - 8,0 . 10-12 C
Q = - 8,0 . 10-12 C Essa lei foi obtida experimentalmente pelo físico francês Char-
les Augustin de Coulomb (1736-1806) e por isso é denominada lei
Frequentemente as cargas elétricas dos corpos é muito menor de Coulomb.
do que 1 Coulomb. Assim usamos submúltiplos. Os mais usados Se mantivemos fixos os valores das cargas e variarmos apenas
são: a distância entre elas, o gráfico da intensidade de em função da
distância tem o aspecto da Figura 5.

143
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

(II)

EXEMPLO
Duas cargas puntiformes estão no vácuo, separadas por uma
distância d = 4,0 cm. Sabendo que seus valores são Q1 = - 6,0 . 10-6
C e Q2 = + 8,0 . 10-6 C, determine as características das forças entre
elas. Onde é a densidade superficial das cargas nas proximidades de
P e E é uma constante denominada permissividade do meio. Essa
RESOLUÇÃO constante está relacionada com a constante lei de Coulomb pela
Como as cargas têm sinais opostos, as forças entre elas são de relação:
atração. Pela lei da Ação e
Reação, essas forças têm a mesma intensidade a qual é
dada pela Lei de Coulomb:

Assim, no vácuo, temos:

Em um ponto S da superfície do condutor, a intensidade do


campo é a metade da intensidade no ponto P:

(III)
Das equações II e III percebemos que o campo é mais intenso
onde a densidade de cargas for maior. Por outro lado, sabemos que
Temos: a densidade é maior nas “pontas”.
Portanto, o campo elétrico é mais intenso nas “pontas” de um
condutor e esse fato é conhecido como poder das pontas.

Exemplo
Um condutor esférico de raio R = 2,0.10-2m está eletrizado com
carga Q = 7,5.10-6C no vácuo. Determine:
CAMPO ELÉTRICO a) a densidade superficial de carga
b) a intensidade do campo elétrico num ponto externo muito
CONCEITO DE CAMPO ELÉTRICO próximo do condutor
c) a intensidade do campo sobre o condutor
Campo e Densidade
Consideremos um condutor em equilíbrio eletrostático. O cam- Resolução
po elétrico num ponto exterior P, “muito próximo” do condutor, a) supondo que o condutor esteja isolado as cargas distribuem-
tem intensidade dada por: -se uniformemente pela superfície. Lembrando que a área da su-
perfície é

144
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Antigamente, a capacitância era chamada de capacidade ele-


trostática. Embora esse nome tenha caído em desuso, às vezes ain-
da o encontramos em alguns textos.
Temos:
Capacitância de um Condutor Esférico

Consideremos um condutor esférico de raio R, eletrizado com


b) num ponto P externo é “muito próximo” do condutor, o cam- carga Q. supondo-o isolado, seu potencial é dado por
po tem intensidade dada por:

Portanto sua capacitância é dada por:


c) num ponto S da superfície, o campo tem intensidade igual à (IX)
metade da intensidade no ponto próximo:
Exemplo
Calcule a capacitância de um condutor esférico de raio R = 36
cm, situado no vácuo.

Resolução
No vácuo, nós sabemos que a constante da lei de Coulomb é
CAPACITÂNCIA dada por
Suponhamos que um condutor de formato qualquer esteja iso- k = 9,0. 109 (S.I)
lado. Se eletrizarmos esse condutor com uma carga Q ele terá um
potencial V. É possível demonstrar que Q e V são proporcionais, isto Como R = 36 cm = 36.10-2m, a capacitância do condutor é dada
é, por:
• dobrando a carga, dobra o potencial
• triplicando a carga, triplica o potencial
• etc.

Assim, podemos escrever


Q = C . V ou C = Q (VIII)
V

Onde C é uma constante de proporcionalidade chamada capa-


citância do condutor e que pende do meio e da geometria do con- CÁLCULO DO CAMPO ELÉTRICO CRIADO POR CARGAS PUNTI-
dutor, isto é, do seu formato e tamanho. Como Q e V têm o mesmo FORMES
sinal, a capacitância é sempre positiva.
Campo de uma carga puntiforme
Consideremos uma carga fixa Q e vamos determinar o campo
elétrico produzido por ela em um ponto P qualquer.
No Sistema Internacional a unidade de capacitância é o farad Suponhamos inicialmente que a carga seja positiva (Q > 0). Para
( F ): calcular o campo em um ponto P, colocamos nesse ponto uma carga
q, chamada carga de prova. Se q > 0, a carga Q irá repelir q, por meio
de uma força

fig.4). Se q < 0, a carga Q irá atrair q por meio de uma força


Porém, em geral, as capacitâncias dos condutores com que tra-
balhamos são muito menores do que 1F; assim, usaremos submúl- fig. 5). No caso da Figura 4, como q > 0, a força e o campo
tiplos:
Fórmulas Devem ter o mesmo sentido. No caso da Fig. 5, como q < 0, a
1m F = 1 mulifarad = 10-3F força e o campo devem ter sentidos opostos.
1 F = 1 microfarad = 10-6F
1nF = 1 nanofarad = 10-9F
1pF = 1 picofarad = 10-12F

145
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Analisando a equação II percebemos que o gráfico da intensi-


dade de em função de distância d tem o aspecto da Fig. 8

EXEMPLO

Vemos então que o sentido do campo produzido por Q, não


depende do sinal da carga de prova q. De modo geral, uma carga
puntiforme positiva produz em torno de si um campo elétrico de
afastamento (Fig. 6)
Duas cargas puntiformes A e B estão fixas nas posições indica-
das na figura. Determine o campo elétrico produzido por elas no
ponto P sabendo que:

RESOLUÇÃO
Como a carga A é negativa, o campo por ela produzindo no
ponto P é de aproximação. A carga B, sendo positiva, produz no
Para obtermos a intensidade de ponto P um campo de afastamento.
Calculamos primeiramente a intensidade pela lei de Coulomb.
Tanto para o caso da Fig. 4 como para o caso da Fig. 5 temos:

O campo total produzido no ponto P é a resultante

Assim:

Procedendo de modo semelhante, podemos mostrar que uma


carga puntiforme negativa produz em torno de si (Fig. 7) um cam-
po elétrico de aproximação e cuja intensidade também é dada pela
equação II.

146
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Aplicando o teorema de Pitágoras (V)

CONDUTOR ESFÉRICO
Consideremos um condutor esférico, eletrizado, em equilíbrio
e isolado. Como já sabemos, o excesso de cargas distribui-se unifor-
memente pela sua superfície (Fig. 10 e Fig. 11)

É fácil verificar que esta equação dá o mesmo valor fornecido


pela equação II:
Na superfície o campo tem intensidade igual à metade da in-
tensidade no ponto “muito próximo”:

Na superfície o campo tem intensidade igual à metade da in-


tensidade no ponto “muito próximo”:

No interior do condutor o campo elétrico é nulo. Porém no


exterior o campo é não nulo e sua intensidade pode ser calculada Desse modo o gráfico da intensidade do campo em função da
como se toda a carga do condutor ( Q ) estivesse concentrada no distância d ao centro da esfera, tem o aspecto representado na fi-
centro da esfera, usando a equação válida para uma carga puntifor- gura 12.
me:(para d > r) ( IV )

Para calcular a intensidade num ponto “muito próximo”, faze-


mos d = R:

O potencial em pontos externos também pode ser calculado


supondo toda a carga concentrada no centro e usando a equação
da carga puntiforme:

(VI)
Na superfície do condutor, o potencial é obtido fazendo d = R:

147
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

(VII)

Campo produzido por uma carga puntiforme negativa.

LINHAS DE FORÇA
Para melhor visualizar as características do campo elétrico, de- Campo produzido por duas cargas puntiformes de sinais opos-
senhamos linhas, denominadas linhas de força. Cada linha de força tos, mas de mesmo módulo
é desenhada de modo que em cada ponto da linha (figura 9), o cam-
po elétrico é tangente à linha.

Campo produzido por duas cargas puntiformes positivas e de


mesmo módulo.

Quando temos um conjunto de linhas de força (Figura 10) é Campo Uniforme


possível demonstrar que na região onde as linhas estão mais pró- Consideremos uma certa região onde há campo elétrico com a
ximas o campo é mais intenso do que nas regiões onde elas estão seguinte características: em todos os pontos da região o campo tem
mais afastadas. Assim, por exemplo, no caso da Fig. 10, podemos o mesmo módulo, a mesma direção e o mesmo sentido (Fig. 15).
garantir que Dizemos então que o campo é uniforme.
De modo geral, as linhas de força “começam” em cargas positi-
vas e “terminam” em cargas negativas.

A seguir mostramos como são as linhas de força em alguns ca-


sos particulares.

Campo produzido por uma carga puntiforme positiva.

148
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Num campo uniforme as linhas de força são retas paralelas. - Ao longo da linha o potencial elétrico (V) diminui. Logo V1 >
Para indicar que o módulo é constante, desenhamos essas linhas V2
regularmente espaçadas. • Obs.: Ao colocar carga positiva no interior do campo elé-
Na prática, para obtermos um campo elétrico uniforme eletri- trico ela se desloca espontaneamente para um ponto de menor po-
zamos duas placas metálicas paralelas (Fig. 16) com cargas de sinais tencial. Quando for negativa vai para o de maior potencial.
opostos nas de mesmo módulo. Pode-se verificar que nesse caso, • V = K . Q / d
na região entre as placas o campo é aproximadamente uniforme.
Na realidade, próximo das bordas (Fig. 17) as linhas se curvam, mas DIFERENÇA DE POTENCIAL
nos exercícios nós desprezamos esse efeito.
Energia Potencial
Consideremos uma região do espaço onde há um campo elé-
trico estático, isto é, que não varia no decorrer do tempo. Supo-
nhamos que uma carga puntiforme q seja levada de um ponto A
para um ponto B dessa região (Fig. 1). É possível demonstrar que o
trabalho da força elétrica nesse percurso não depende da trajetória
seguida, isto é, qualquer que seja a trajetória seguida, o trabalho da
força elétrica entre A e B é o mesmo.
BLINDAGEM ELETROSTÁTICA
Na figura 7 representamos um condutor neutro Y situado no
interior de um condutor oco X. Independentemente do fato de X
estar ou não eletrizado o campo elétrico no seu interior é nulo.
Desse modo, o condutor X protege o condutor Y de ações elétricas
externas. Se aproximarmos, por exemplo, um condutor eletrizado
A, (Fig. 8) este induzirá cargas em X mas não em Y. dizemos então
que o condutor X é uma blindagem eletrostática para o condutor Y.

Portanto a força elétrica é conservativa e podemos assim defi-


nir uma energia potencial.
Como já vimos na mecânica, o valor exato da energia poten-
cial não é importante. O que importa na realidade é a diferença
da energia potencial no percurso. Portanto podemos escolher um
Essa blindagem é usada na proteção de aparelhos elétricos ponto R qualquer como referencial, isto é, o ponto onde a energia
para que estes não sintam perturbações elétricas externas. A carca- potencial é considerada nula .
ça metálica de um automóvel ou avião e a estrutura metálica de um
edifício também são exemplos de blindagens eletrostáticas.
Escolhido o ponto R (Fig. 2), a energia potencial de uma carga
PODER DAS PONTAS q num ponto A é, por definição, igual ao trabalho da força elétrica
Um fenômeno também interessante, relacionado com o con- quando a carga é levada de A até R:
ceito de rigidez dielétrica denomina-se poder das pontas.
Este fenômeno ocorre porque, em um condutor eletrizado a
carga tende a se acumular nas regiões pontiagudas. Em virtude dis-
so, o campo elétrico próximo às pontas do condutor é muito mais
intenso que nas nas proximidades das regiões mais planas. É devido
à esse fenômeno que nos dias de chuvas intensas não se recomen-
da se abrigar sob árvores ou em lugares mais altos.

POTENCIAL ELÉTRICO
Se a carga adquirir Energia, tem Potencial Elétrico.
• E+ : A própria carga realiza trabalho;
• E- : Não é a carga que realiza trabalho;

Podemos definir também o potencial do ponto A (VA) como


sendo a energia potencial por unidade de carga:

149
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

No Sistema Internacional a unidade de potencial é o volt (V):

Assim:

Suponhamos que uma carga puntiforme q seja levada de um


ponto A para um ponto B (Fig. 3). Como a força elétrica é conserva-
tiva o trabalho não depende da trajetória. Portanto, podemos esco- Percebemos então que o potencial do ponto A é maior que o
lher uma trajetória que vá de A para R e de R para B: potencial do ponto B. Portanto: o potencial
diminui ao longo de uma linha de força.
Mas:
Movimento espontâneo:
Se abandonamos uma carga q numa região onde há campo elé-
Substituindo em III: trico, supondo que não haja nenhuma outra força, a carga deverá se
deslocar “a favor” da força elétrica, isto é, a força elétrica realizará
um trabalho positivo. Consideremos duas possibilidades: q > 0 e q
< 0.

Porem:

Percebemos então que:

Isto é, o trabalho da força elétrica para ir de A até B é igual à


diferença de energia potencial entre A e B. Uma carga positiva, abandonada numa região onde há campo
elétrico, desloca-se espontaneamente para pontos de potenciais
Lembrando que: decrescentes.
Portanto: uma carga negativa abandonada numa região onde
há campo elétrico, desloca-se espontaneamente para pontos de
potenciais crescentes.
e substituindo em V obtemos:
Superfícies Equipotenciais

diferença de potencial VA – VB costuma ser representada por


UAB:

UAB = VA - VB

Propriedades do Potencial
Consideremos uma carga puntiforme q positiva sendo levada
de um ponto A para um ponto B sobre uma linha de força (Fig. 4).
Como a carga é positiva, a força tem o mesmo sentido do campo
e, desse modo, o trabalho da força elétrica será positivo

150
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Na Fig. 5, as linhas S1 e S2 representam no espaço, superfícies No trecho XB a força elétrica é perpendicular ao deslocamento
que, em cada ponto, são perpendiculares à linhas de força. Supo- e, portanto,
nhamos que uma carga q seja transportada de um ponto A para um
ponto B, de modo que a trajetória esteja sobre uma dessas super-
fícies. Nesse caso, em cada pequeno trecho da trajetória, a força
elétrica será perpendicular ao deslocamento e, portanto, o trabalho
da força elétrica será nulo:

Concluímos então que todos os pontos dessa superfície têm


o mesmo potencial e por isso ela é chamada de superfície equipo-
tencial. Assim, na Fig. 5, S1 e S2 são exemplos de superfícies equipo-
tenciais.

VOLTAGEM EM UM CAMPO ELÉTRICO UNIFORME

O Elétron – Volt
Na área de Física Nuclear é usada uma unidade de energia (ou No trecho AX temos:
trabalho) que não pertence ao Sistema Internacional: o elétron –
volt (eV). Essa unidade é definida como sendo o módulo do tra-
balho realizado pela força elétrica quando um elétron é deslocado
entre dois pontos cuja diferença de potencial é 1 volt. Lembrando
que, em módulo, a carga de um elétron é 1,6 . 10-19 C temos: Substituindo em VII:

Mas sabemos que:

1eV = 1 elétron – volt = 1,6 . 10-19J


Assim:
Potencial e Campo Uniforme
Na Fig. 6 representamos algumas linhas de força de um campo
elétrico uniforme
UAB = E . d (VIII)
Como as superfícies equipotenciais devem ser perpendiculares
às linhas de força, neste caso as superfícies equipotenciais são pla- Como o potencial decresce ao longo de uma linha de força te-
nos perpendiculares às linhas. Na Fig. 6, SA e SB representam duas mos VA > VB. Portanto, se quisiésemos VB – VA teriamos:
superfícies equipotencial. Todos os pontos de SA têm um mesmo VB - VA = UBA = - E . d
potencial VA e todos os pontos de SB têm um mesmo potencial VB.
Suponhamos que uma carga positiva q seja transportada do Unidade de E no SI
ponto A para o ponto B. O trabalho da força elétrica não depende No capítulo anterior vimos que, no SI, a unidade do campo elé-
da trajetória. Portanto podemos fazer o percurso A X B indicado na trico pode ser o Newton por coulomb (N/C). No entanto a unidade
figura: oficial do campo elétrico no SI é outra, a qual pode ser obtida da
equação VIII:

Assim:

151
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

POTENCIAL E CAMPO DE CARGA PUNTIFORME A partir da equação vemos que neste caso é conveniente ado-
Quando o campo elétrico é produzido por uma única carga tar o referencial no infinito, pois para
puntiforme Q, sabemos que as linhas de força são radiais como in- O termo
dicam as figuras 7 e 8.

Assim teremos:

ou de modo geral,

Ainda supondo o referencial no infinito, da equação IX tiramos,


de modo, geral:

GERADOR DE VAN DE GRAAFF


O gerador de Van de Graaff destina-se a produzir voltagens
muito elevadas para serem usadas em experiências de física.
Nele, um motor movimenta uma correia isolante que passa
por duas polias, uma delas acionada por um motor elétrico que faz
a correia se movimentar. A segunda polia encontra-se dentro da
esfera metálica oca. Através de pontas metálicas a correia recebe
carga elétrica de um gerador de alta tensão. A correia eletrizada
SUPERFÍCIES EQUIPOTENCIAIS transporta as cargas até o interior da esfera metálica, onde elas são
Como as superfícies equipotenciais devem ser perpendiculares coletadas por pontas metálicas e conduzidas para a superfície ex-
às linhas de força, neste caso, as superfícies equipotenciais são su- terna da esfera.
perfícies esféricas cujo centro estão sobre a carga Q. Como as cargas são transportadas continuamente pela correia,
Suponhamos que a carga Q esteja fixa, e uma carga puntiforme elas vão se acumulando na esfera.
q seja transportada de um ponto A para um ponto B. É possível
mostrar que o trabalho da força elétrica neste caso é dada por:

Portanto, a diferença de potencial entre os pontos A e B é dada


por:

152
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Por esse processo, a esfera pode atingir um potencial de até 10 4. Finalizamos esse faça e não-faça alertando-o sobre o carbo-
milhões de volts, no caso dos grandes geradores utilizados para ex- no (grafite, carvão). O carvão das escovas, muito utilizado em pe-
periências de Física atômica, ou milhares de volts nos pequenos ge- quenos motores elétricos, pode servir como meio para transferir
radores utilizados para demonstrações nos laboratórios de ensino. eletricidade estática do domo para a base do aparelho.
O gerador eletrostático de Van de Graaff não sofreu alterações Enquanto o motor funciona, a escova se desgasta e seu pó é
radicais desde que foi construído e apresentado por Robert Jami- lançado para fora através das aberturas do motor, empurrado pela
son Van de Graaff, no início de 1931. ventoinha de refrigeração. Pó de carbono é quase invisível e, quan-
Seu layout básico consiste em: do depositado sobre superfícies, até mesmo em pequenas quan-
1. um domo ou cúpula de descarga; tias, pode criar um filme bom condutor de eletricidade.
2. uma coluna de apoio; Esse filme pode fazer um GVDG parar de funcionar. Carbono
3. dois roletes (superior e inferior); também é usado em plásticos e borrachas. Negro de fumo é fre-
4. dois pentes metálicos (superior e inferior); quentemente acrescentado para tornar a borracha mais resistente
5. uma correia transportadora; e ao ozônio e à deterioração ele confere à borracha sua cor preta e
6. uma base para alojar o motor elétrico, fixar a coluna e o pen- impede seu GVDG de funcionar. Carbono também é usado em mui-
te inferior. tos plásticos, pelas mesmas razões.
Quando alguém menciona um Van de Graaff, a primeira coisa
Faças e Não-Faças! em que as pessoas pensam, frequentemente, é o efeito de eriçar os
Antes de entrarmos nos detalhes e nas descrições, apresenta- cabelos. Embora isso não deixe de ser um experimento notável e
remos alguns faças e não-faças que foram dores de cabeça durante atrativo, há outros experimentos diferentes, muitos deles até mais
as construções de vários geradores de Van de Graaff. atrativos e esclarecedores, que podem ser feitos com a eletricidade
Alguns poderão parecer óbvios, outros não. Em todo caso, vale estática.
a pena citá-los. Antes dessa fase de experimentos, apresentaremos, neste pro-
jeto, as estruturas dos dois modelos básicos dos geradores de Van
1. Quando trabalhamos com eletricidade estática, devemos ter de Graaff (GVDG).
sempre em mente que as pontas e os cantos afiados, devido ao po- Daremos maior ênfase ao primeiro, que é o tipo auto excitado,
der das pontas, agirão como pontos de descarga e sangrarão a carga por ser ele o mais comum e, com certeza, aquele em que as pessoas
elétrica do domo de descarga, dando assim a impressão de que o pensam quando um GVDG é mencionado.
GVDG não está funcionando. O gerador auto excitado trabalha segundo princípios do efeito
Uma vez que um GVDG trabalha no princípio de tensões muito triboelétrico. Esse termo refere-se ao fenômeno que ocorre quan-
altas e correntes muito baixas, pode ser comparado a um revólver do dois materiais diferentes estão bem juntos e então são puxados
de esguichar água. Um esguicho de seringa fornece uma quantia para que se separem.
muito pequena de água, porém, sob alta pressão, suficiente para Todos nós já experimentamos esse efeito alguma vez. O melhor
fazer a água percorrer uma grande distância. Se um vazamento pe- exemplo, um pelo qual a maioria certamente já passou (especial-
queno (um furinho) ocorrer na seringa que esguicha (equivalente a mente em um dia seco e quente), é o que ocorre quando estamos
um canto vivo, afiado, em um GVDG), a água não irá mais tão longe. caminhando sobre um piso atapetado e a seguir tocamos na ma-
Assim, sempre que possível, todas as extremidades afiadas devem çaneta da porta ou em outro objeto metálico; ouvimos e sentimos
ser arredondadas, curvadas para dentro ou cobertas. É devido a uma pequena faísca saltar de nossos dedos. É comum ouvirmos
esse poder das pontas que daremos preferência às cúpulas arre- essas crepitações ao tirarmos um vestuário de lã. Assim como os
dondadas e com a gola (contorno do furo feito na cúpula) voltada sapatos são afastados do piso atapetado, as roupas puxadas para
para dentro. Voltaremos a falar dessa gola. longe de outras roupas, todos os demais materiais diferentes, quan-
Essas são as causas observadas em geradores cujas faíscas vão do separados, experimentam uma migração de elétrons de um para
até a base --- há cabeças de parafusos expostas. outro, tornando-se ambos eletrizados. Esse é o resultado do efeito
2. Todos os tipos de substâncias estranhas podem causar con- triboelétrico a eletrização que ocorre ao separarmos materiais di-
taminações (sujeira, graxa, sabões, limpadores, poeira etc.) e são ferentes que estão bem juntos. Isso é exatamente o que acontece
causas suficientes para que um gerador possa deixar de funcionar. entre a correia de nosso GVDG e o rolete inferior, como veremos.
Certa vez, presenciamos a coluna de apoio de um gerador (supos- O segundo tipo de gerador é o sistema bombeado, borrifado
tamente limpa) brilhar como fogo vivo de eletricidade estática, en- ou ainda externamente excitado. Uma fonte de alimentação de alta
quanto o domo de descarga permanecia inativo. Se algumas partes tensão deposita elétrons na correia móvel. Esses elétrons são trans-
precisam de limpeza, use componentes que realmente retirem toda portados até o domo de descarga. A forma física básica desses dois
a sujeira. A solução de amônia e água constitui um bom produto tipos são quase idênticas. Porém, não incluiremos muitas explica-
para limpeza (e sai barato também...). ções ou desenhos para se construir esse tipo, porque a fonte de ten-
3. Se seu GVDG não está funcionando a contento, a causa pode são requerida é cara ou de difícil montagem para os alunos. Além
ser a seguinte: certos materiais que parecem ser bons isolantes elé- disso, são fontes perigosas para um manuseio por pessoas inex-
tricos, frequentemente não o são. Com os níveis de tensões produ- perientes. No entanto, para quem “mexe” com eletrônica, como o
zidas, até mesmo em pequenos geradores, muitos desses materiais amigo Newton C. Braga, por exemplo, diretor técnico da revista Sa-
(habitualmente tratados como isolantes) conduzirão eletricidade. ber Eletrônica, essas fontes são brinquedinhos de expelir elétrons!
Um isolante para os corriqueiros 110 V torna-se um condutor sob
tensão de 20000 V ou mais!

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É possível construir um pequeno gerador com mínimas despe- mais ar Materiais que estão mais próximos
sas, uma vez que suas partes podem ser obtidas no comércio ou positivo vidro do extremo mais negativo, têm
podem ser fabricadas. O modelo descrito é para um gerador com fibra sintética uma disposição por assumir uma
uma correia de 2 cm a 3,5 cm de largura, uma cúpula de descarga lã carga elétrica negativa. Os materiais
com cerca de 20 cm a 35 cm de diâmetro e algo entre 40 cm e 65 cm chumbo mais próximos ao extremo mais
de altura. O modelo baseia-se em GVDGs já construídos pelo autor, alumínio positivo tendem a assumir carga
os quais funcionam em seus rendimentos máximos. papel elétrica positiva. Idealmente, os
Na descrição desse projeto não incluímos detalhes profundos materiais da correia e do cilindro
sobre certas partes. Por exemplo, não citaremos “use um motor neutro algodão
aço inferior devem estar entre o mais
da marca tal, modelo tal, número de série tal”. Do mesmo modo, afastados possível dessa lista,
certas partes precisam ser fabricadas. Assim, optamos por expor madeira
borracha enquanto o material do cilindro
as exigências gerais e dar ao construtor liberdade para obter, achar, superior deve estar na região dos
mandar fazer, comprar, trocar etc. ou ele próprio fazer essas partes. cobre
acetato neutros.
Praticamente todos os pequenos motores elétricos disponíveis Uma Nota em Relação à
servirão para esse projeto. O autor já utilizou motor de toca-discos, poliéster
poliuretano Polaridade de um Van de Graaff
de ventilador doméstico, de ventilador de computador, de máquina Para uma dada combinação rolete
de costura etc. Como veremos oportunamente, aos poucos, fomos polipropileno
vinil (PVC) inferior-correia-rolete superior,
eliminando aqueles que utilizam escovas de carvão. Os motores de a polaridade do domo do GVDG
indução são os eleitos, mas, talvez, seja difícil achar um com as es- silicone
fica determinada. Por exemplo, se
pecificações certas. mais teflon a correia é de borracha, o rolete
Tipicamente, o motor deve apresentar o seguinte: negativo inferior é de plástico e o rolete
Velocidade: 2 000 rpm a 5 000 rpm : 1/10 HP a 1/4 HP. superior é de alumínio, o domo
Tamanho do eixo: 1/4” a 3/8” de diâmetro x 1,25” a 1,5” de ficará negativo. Usando o mesmo
comprimento livre. desenho, porém colocando-se o
Montagem: base de fixação plana. Um motor com base de fixa- rolete de plástico como superior
ção plana é preferível; caso contrário, deve-se recorrer a alças me- e o de alumínio como inferior, o
tálicas, as quais podem dar algum trabalho extra. domo ficará positivo.
(Se um motor com escovas de carvão for utilizado, o construtor
deverá ter em mente que tal GVDG requererá limpezas mais fre-
Para ver detalhes teóricos do conjunto roletes-correia, vento
quentes. Um pequeno ventilador de exaustão pode ser estrategica-
elétrico, fogo de Sant’Elmo, plasma etc., basta clicar no texto em
mente montado para remover e afastar o pó de carvão da correia e
destaque: Roletes e Correia.
do tubo suporte.)
Para um modelo didático, pequeno, os roletes podem ser cilín-
O autor já utilizou, com excelentes resultados, um motor de
dricos, com diâmetro ao redor dos 2,5 cm e algo como 3 cm a 4 cm
máquina de costura, que é praticamente todo blindado. Além disso,
de comprimento. Uma vez aberto o furo central nesses cilindros (no
é dotado de um reostato (com discos de carvão), o qual permite
diâmetro correto para passar os eixos), eles devem ser “coroados”.
controlar a velocidade de trabalho do motor. Esse tipo de reostato
Coroar um cilindro é fazer rebaixos nos extremos de maneira que
para controlar a velocidade do motor é um tanto “primitivo” (se
a região central fique ligeiramente mais alta que as extremidades.
bem que perfeitamente adaptado ao fim a que se destina - máqui-
Esse procedimento manterá a correia centrada sobre o rolete en-
na de costura). Ele foi substituído, mais tarde, por um dimmer com
quanto ele funciona (a correia tende para a parte mais elevada).
TRIAC
Ilustremos isso:
Os cilindros (roletes), junto com a correia, constituem o co-
ração de um GVDG auto excitado. Como mencionamos anterior-
mente, geradores eletrostáticos trabalham assentados no efeito
triboelétrico. A série triboelétrica (uma lista abreviada é fornecida a
seguir) nada mais é que uma lista de materiais ordenados segundo
a carga relativa que adquirem quando atritados (ou separados) dois
a dois. Os materiais mais comumente escolhidos para os cilindros
estão nessa tabela.
Um rebaixo de cerca de 4 graus em cada extremo (1/3) do ci-
lindro é o bastante. Para esse serviço é recomendado o uso de um
torno. O cilindro preso por um longo parafuso a uma furadeira de
bancada e um esmerado trabalho de lixa podem produzir excelen-
tes “barriletes”.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Há outros recursos para fazer Neoprene é muito bom para resistir ao ozônio e pode ser com-
cilindros simples. Um deles é utilizar prado da maioria dos fornecedores de borracha. Além disso, pode
pedaços de canos plásticos usados ser achado na cor branca ou laranja claro, indicação de ausência de
nas redes domésticas de distribuição “negro de fumo”.
de água e colar discos em suas
extremidades. Espessura da Correia
Nessa ilustração, o rolete inferior foi Que espessura uma correia deve ter? Uma boa regra é: quan-
recoberto com uma tira de pano verde to mais fina, melhor. A própria correia não precisa ser espessa; de
para mesas de snooker (feltro) e fixado fato, quanto mais espessa for a correia, mais ela tenderá a sair dos
com cola tipo Super Bonder. O rolete cilindros. Conforme a velocidade do gerador aumenta, maior é a
superior foi recoberto com uma tira de força centrípeta sobre a região da correia que passa acima do ro-
alumínio autocolante (tipo Contact). lete superior e abaixo do rolete inferior. Essa força tende a afastar
Repare que os discos laterais têm a correia do rolete, e a correia ficará instável em altas velocidades.
diâmetro pouco superior ao dos Vamos entender assim: quanto menor a massa da correia, menor
canos, de modo a não permitir o será sua tendência de se afastar dos roletes. Para ver esse efeito
escape da correia. Entretanto, os com mais clareza, proceda assim: amarre uma arruela a um fio de
roletes tipo “barriletes” são os mais linha e gire-a em círculos. O puxão que você sente no fio, sua tra-
recomendados. ção, tem praticamente a mesma intensidade que a força centrípeta
desenvolvida na arruela pela sua rotação; quanto mais rápido girar,
maior será a força que tende a arrancar o fio de sua mão.
O rolete inferior girará solidário ao seu eixo (o eixo é colocado
sob pressão), que é comandado pelo motor. O rolete superior pode
girar livremente sobre o seu eixo (rolete louco) ou, se o eixo for A espessura, o comprimento útil da correia entre
solidário ao rolete, é o eixo que girará livremente em seus mancais. os dois cilindros e a tração a que está submetida
A maioria dos modelos escolares de GVDG (fornecidos em for- são os fatores que irão comandar as vibrações
ma de kits) tem os dois roletes feitos de PVC (maciços, em forma estacionárias na correia. Se houver ressonância
de tarugos), sendo o inferior recoberto com feltro e o superior re- entre a frequência fundamental (ou de algum
coberto com folha de alumínio autocolante; a correia é de borracha harmônico) da correia e a rotação dos cilindros, a
de cor laranja. amplitude da onda estacionária que se estabelece
Ao selecionar o material para a coluna de apoio, recomenda- pode ser tal que a correia começará a bater
mos o uso de um tubo de plástico rígido. PVC e acrílico parecem na parede interna da coluna de apoio. Se isso
ser os materiais preferidos pela maioria dos construtores. De modo acontecer, as providências possíveis são: alterar a
geral, o tubo deve ter um diâmetro um pouco menor que o dobro velocidade do motor, alterar a tração na correia ou
do comprimento dos cilindros. Por exemplo, se o cilindro tem 5 cm trocar a correia por outra de massa diferente.
de comprimento, então o tubo deve ter um diâmetro de cerca de 10 Como Montar a Correia
cm (tubo de 4 polegadas, nas medidas comerciais). Fazer uma correia não é realmente tão difícil
Para esse cilindro é melhor usar uma correia de 4 cm de largu- como se poderia pensar. Com um pouco de
ra. 0,5 cm é uma boa espessura para a parede do tubo. Não esque- paciência, algumas lâminas de aparelho para
ça que o eixo do cilindro superior deve repousar em um entalhe barbear --- tradicionalmente chamadas de
na boca desse tubo ou passar por orifícios praticados nele. Para giletes (há um termo em português para isso) ---
sustentar esses cilindros, a força exercida pela borracha esticada, ou facas com lâminas descartáveis e uma régua
o peso do domo e a espessura da parede do tubo são fatores im- de aço podem ser feitas correias muito boas.
portantes. A fixação do domo nessa coluna é um assunto delicado,
como veremos mais adiante. A primeira coisa para lembrar é que a tira de borracha deve ser
Um bom trabalho para exibição ao público exige boa aparência. retangular (lados perfeitamente paralelos).
Recomendamos que tal tubo seja lixado externamente (lixa d’água) Uma vez cortada a tira retangular, resta saber que comprimen-
e, posteriormente, envernizado. to precisa ter.
Obtido o comprimento final da correia, seus extremos devem
Escolha da Correia ser colados.
Como mencionamos anteriormente, no item Faças e Não-Fa- Não há uma fórmula exata para determinar o máximo compri-
ças, evite, para a correia, as borrachas de cor preta. As borrachas mento que a correia deverá ter.
de cor preta têm maior possibilidade de conter “negro de fumo”, A elasticidade da borracha, o comprimento global da monta-
carvão, carbono. gem roletes-coluna, de modo geral, é que determinará o compri-
Quando selecionar um material, procure um que tenha uma mento da correia acabada.
boa resistência ao ozônio. Durante a operação de um Van de Graa- Uma regra básica é: a correia acabada (extremos já colados)
ff, ambas as descargas elétricas, as provenientes do globo e as das deve ter um comprimento entre 2/3 e 3/4 da distância entre os cen-
escovas, produzirão ozônio. Ozônio (O3) é muito corrosivo, mesmo tros dos roletes postos em seus devidos lugares.
em pequenas quantidades; pode causar ferrugem, e borrachas e Por exemplo: se a distância de centro a centro dos roletes é de
plásticos podem ser oxidados ou sofrerem apodrecimento. 60 cm, então 3/4 desse comprimento equivalem a 45 cm (60 x 0,75
= 45).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Se o material da correia é muito fácil de esticar (pequena cons- Nota: a superposição das extremidades “retas” da correia, na
tante de elasticidade), então 2/3 serão o recomendável (60 x 0,66 colagem, produzirá o inevitável “ploc-ploc-ploc”, cada vez que a
= 40). emenda descontínua passar pelos cilindros. Se a superposição for
Apesar dessas referências, ainda resta a experimentação. De- inevitável (quando a cola não está segurando devidamente), o re-
pois da correia acabada, instalada nos roletes, motor funcionando, comendado é cortar as extremidades da correia em ângulo de 45o
se a correia tende a flutuar nos cilindros, então ela precisa ser en- ou 60o.
curtada.
De experiência própria, é mais fácil encurtar uma correia do Isso permitirá uma passagem mais suave pelos roletes.
que perder material para fazer outra ¾ assim, é melhor manter o Nessas situações, a cola recomendada é a utilizada nos conser-
erro para o excesso a tentar prever o tamanho final. tos de câmaras de pneus de bicicleta.
A segunda coisa é que, quando os extremos da correia são cor- O gerador de Van de Graaff tem duas escovas virtuais para
tados, eles devem resultar perpendiculares aos bordos. transferência de cargas. A palavra “escovas” seria melhor substitu-
Há um método simples para cortar e colar uma correia: antes ída por “pontas”, uma vez que, quando se fala em escova, há exata
de decidir pelo comprimento final, é melhor praticar com restos de ideia de algo que entra em contato com outro corpo.
borracha (mesmo que sejam emendados com Super Bonder). Nossas escovas não tocarão na correia, fisicamente, daí o ad-
Pratique, também, o uso da cola de secagem rápida (Super jetivo virtuais.
Bonder ou equivalente) para unir os extremos da fita. Vejamos a As escovas dos motores universais são realmente escovas, pois
técnica de colagem. estão em permanente contato com o anel de terminais do rotor.
Manteremos as palavras “escovas virtuais” por comodidade de
expressão e viva a língua portuguesa!
Primeiro coloque a tira de borracha
(cortada com régua de aço e faca de
lâmina descartável ou gilete), com A primeira fica localizada
comprimento em excesso, sobre na base, sob o rolete
uma superfície plana (fig.1). A seguir inferior e próxima à
dobre um extremo da correia para face externa da correia.
sua região central e então dobre o A segunda escova fica
outro extremo para o mesmo lugar localizada sobre o cilindro
(fig.2). Isso lhe dará duas camadas superior e próxima à face
de correia com os extremos que se externa da correia.
encontram no meio. Superponha O melhor material para
os dois extremos (cerca de 2 cm) fazer as escovas é a tela de
de forma a ter três camadas de metal, aquela usada em
borracha superpostas na região telas de janelas.
central (fig.3). Deslize um pedaço Basicamente, as escovas
de material resistente debaixo dos têm a mesma largura
dois extremos superpostos; assim, da correia. Depois que
quando os extremos forem cortados, o material é cortado
a lâmina não atingirá a terceira na largura indicada,
camada de borracha (fig.4). Usando repique com uma tesoura
a lâmina nova e a régua de aço posta várias camadas dos fios
perpendicularmente aos bordos, horizontais; isso deixará
efetue o corte. As extremidades pontas (farpas) de maior
resultarão em perfeita coincidência, comprimento voltadas
prontas para a colagem final (fig.5). para a correia. Monte
as escovas bem próximo
Retire o pedaço de material resistente e coloque em seu lugar à correia, mas sem
um pedaço de fita adesiva dupla face. Uma face gruda na borracha tocarem nela. A escova
debaixo e na superfície plana (e serve de apoio) e a outra face re- inferior deve ser ligada
ceberá os extremos a serem colados. Deixe apenas uma das extre- eletricamente à terra
midades presa na fita adesiva, passe uma fina camada de cola de (condutor aterrado). Se
cianoacrilato (Super Bonder, marca registrada da Loctite Corp.) na usar um cordão de força
extremidade livre e a ajuste com todo capricho junto à outra extre- de três fios para o motor
midade presa à fita adesiva. Agora a fita adesiva manterá tudo no (plugue de 3 pinos - um
lugar até a secagem final da cola. dos pinos é a terra da
Após tudo isso teremos uma fita contínua, de espessura unifor- residência), essa escova
me, em forma de loop. deve ser ligada ao fio-terra
Teste: enfie um lápis dentro do loop para manter a fita na ver- do cordão.
tical. Verifique se não ocorrem dobras e se há paralelismo entre as
duas partes.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

A escova superior deve ser ligada, elétrica e internamente, ao Consiga duas taças esportivas com
domo de descarga. O espaçamento das escovas deve ser ajustado diâmetro superior a 20 cm. Elas são, em
com o motor girando --- deverá existir um espaço de ar entre as geral, confeccionadas em latão, anodiza-
pontas das escovas e a superfície externa da correia. O “segredo” das ou niqueladas. Retire-as do suporte.
do porquê um GVDG consegue acumular boa quantidade de cargas Você terá duas calotas esféricas, cada
elétricas e atingir altíssimos potenciais está no modo como a carga uma com um orifício de cerca de 4 mm
é colocada na cúpula. Na parte construtiva, a cúpula ou domo de no vértice. Feche um desses orifícios
descarga ideal para o GVDG requer trabalho de torno e repuxo. É com um arrebite de cabeça larga, liman-
serviço de profissional. do e lixando cuidadosamente (para não
riscar a calota), de modo a deixá-lo qua-
É constituída por duas superfícies se como parte integrante da calota. Essa
hemisféricas (calotas esféricas) será a calota superior. Na outra calota,
que se ajustam perfeitamente que será a inferior, deve ser praticado
devido a encaixes trabalhados um grande orifício (com ferramenta
nas bordas. Esses hemisférios adequada), por onde passará justo o
podem ser feitos com chapas tubo de suporte do GVDG. Procure não
de alumínio com 1 mm ou 1,5 deixar qualquer rebarba de material
mm de espessura, repuxadas nesse corte. Arredonde as bordas com
num torno para adquirirem a lixa. Use cantoneiras em L para fixar o
forma de hemisférios; trabalho tubo suporte nessa calota inferior. Os
muito parecido com os repuxos arrebites tipo pop são os indicados.
para fazer cúpulas de lustres, de Para minimizar o poder das pontas nas bordas desse orifício, o
lâmpadas de quintal etc. autor adaptou uma argola de alumínio maciço (não recordamos se
A parte inferior, que é fixada no foi proveniente de uma pulseira ou de um puxador de cortinas) de
alto da coluna de apoio, tem diâmetro interno igual ao diâmetro externo do tubo.
uma gola voltada para dentro. De início, nas primeiras experimentações, a calota superior foi
Isso facilita todo o trabalho de simplesmente apoiada na inferior e fixada com fita isolante. Mais
fixação com parafusos metálicos tarde, com o auxílio de um amigo torneiro, foi feito um perfeito
e arruelas de borracha (que trabalho de encaixe nos dois hemisférios. Ele retirou o material em
minimizam as vibrações). Aqui os excesso nas duas bordas (havia uma espécie de bainha saliente),
parafusos podem ser usados por rebaixou ligeiramente uma das bordas e repuxou a outra. Ficou ex-
ficarem dentro do globo. celente.
Eis a ilustração da cúpula ideal. Reunindo as Partes
Agora que todos os componentes foram descritos, é hora de
Se uma cúpula de descarga especificamente projetada não está reuni-los.
disponível, então outras cúpulas alternativas poderão ser constru-
ídas. O recurso usado pelo autor em uma de suas montagens é o Comecemos pelo
apresentado a seguir. motor e rolete
inferior. O rolete
pode ser fixado
diretamente, sob
pressão, ao eixo do
motor (se ele for
suficientemente
comprido) ou ter
um eixo próprio,
sendo então adap-
tado ao eixo do
motor por meio de
um pequeno peda-
ço de tubo plástico
flexível, conforme
ilustramos.
Dependendo do motor (rotação, por exemplo), alguns mon-
tadores preferem adaptar polias aos dois eixos e acoplá-las com
correia de máquinas de costura. O tubo de sustentação deve ter
próximo à sua base um furo que permita a introdução desse rolete.
Essa montagem admite alterações.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

O importante é que fique tudo muito bem alinhado e isento de O próximo passo é a colocação da correia. Passe-a por baixo do
vibrações durante o funcionamento. rolete inferior, segurando a montagem toda; estique-a para cima
O conjunto rolete + eixo + tubo plástico deve ser removido por (pode-se usar uma alça de barbante para isso); deslize o rolete su-
permitir a colocação da correia. Dentre os materiais da série tribo- perior para o seu devido lugar e deixe assentar. Confira bem esse
elétrica, optamos pelo PVC para a confecção dos dois roletes e reco- assentamento e o alinhamento da correia. Gire a correia com a mão
brimos o inferior com uma tira de feltro, sem superposição, fixada e observe se trabalha corretamente. Se, até aqui, tudo estiver em
com Super Bonder. ordem, pode-se ligar o motor em baixa rotação.
O material mais simples para a base e demais apoios (motor, Repare em tudo. Já deve ser percebida a presença de um cam-
escova e controle de velocidade), onde tudo foi fixado, é a madeira po eletrostático ao redor da coluna de sustentação (notadamente
envernizada. Os critérios para eles são: (a) onde a coluna de sus- pelos pelinhos do braço que ficam eriçados). Se a correia não tracio-
tentação será fixada; (b) onde o suporte da escova será montado; na corretamente, ajuste os apoios do rolete superior até que tudo
(c) onde ficará o motor e seu controle de velocidade. Tudo deve ser fique em ordem.
pensado visando a um modo fácil de substituir componentes ava- Se a correia se comporta bem da velocidade mínima até a máxi-
riados e à limpeza de tubo e correia de tempo em tempo. ma (pois está em perfeito alinhamento), é hora de colocar a escova
O desenho geral do GVDG é que ditará quão robusto o tubo e a superior (lembre-se de que ela deve estar eletricamente ligada à
base devem ser. A coluna de sustentação para um pequeno gerador cúpula) e fechar o globo. Para impedir a queda da metade superior
pode ser fixada na base com chapinhas metálicas em ângulo reto do domo, no caso de simples ajuste de um sobre o outro, passe uma
ou braçadeiras convenientes, mas um maior precisará de um layout fita isolante para fixá-lo. O GVDG está pronto para ser testado.
mais elaborado. Uma vez fixada a coluna, verifique se o rolete ficou
bem posicionado no centro do tubo. Antes de ligar o aparelho completo pela
A seguir, instale o rolete superior. O desenho do rolete superior primeira vez é conveniente preparar um
é que ditará como ele será montado na coluna. A montagem mais centelhador para receber as faíscas. Ele
simples é cortar duas aberturas pequenas no topo do tubo para o servirá para testar distâncias de faisca-
eixo do cilindro descansar nelas. Duas arruelas elásticas ou dois pi- mento, assim como descarregar o globo
nos enfiados em orifícios nas extremidades desse eixo impedirão entre experimentações e testes. Pode ser
que o cilindro deslize para fora das aberturas na coluna. Fique aten- feito com uma vareta plástica, com uma
to à montagem dos roletes quando tudo estiver pronto, verifique esfera metálica na ponta e um longo fio
se estão alinhados na vertical e paralelos entre si. Se não houver ligado na base do aparelho (no fio-terra).
perfeito alinhamento, a correia tenderá a deslizar para um de seus
extremos. As coroas dos roletes tentarão minimizar esse efeito, mas CAPACITORES
tudo tem seus limites...
CAPACITÂNCIA E ENERGIA
Capacitores são dispositivos cuja a função é armazenar cargas
elétricas. São formados por dois condutores situados próximos um
do outro, mas separados por um meio isolante, que pode ser o vá-
cuo. Ligando - se os condutores aos terminais de um gerador (Fig.
1), eles ficam eletrizados com cargas + Q e -Q .

Os dois condutores são chamados de armaduras do capacitor e


o módulo da carga que há em cada armadura é chamado de carga
do capacitor.
Os tipos de capacitores são:
1. capacitor plano (Fig.2a) formado por duas placas condutoras
paralelas.
2. capacitor esférico ( Fig.2b) formado por duas cascas esféricas
concêntricas.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

A) Pela definição de capacitância temos:

Q = C. U = ( 2,0 p F ) ( 12V ) =
= ( 2,0 . 10-12 F ) ( 12V ) =
= 24. 10-12 coulomb.
Q = 24 . 10-12 C = 24 pC

3. capacitor cilíndrico (Fig.2c) formado por duas cascas concên- B) Ep =


tricas. = 144 . 10-12 = 1,44 . 10-10
Qualquer que seja o tipo de capacitor, nos esquemas de circui- Ep = 1,44.10-10 J
to ele é representado por um símbolo da Fig.3.
Exemplo
No circuito esquematizado ao lado há um capacitor

Verifica - se que há uma proporcionalidade entre a carga (Q)


do capacitor e a diferença de potencial (U) entre suas armaduras:
Q = C . U ou C =Q ( I )
U

A constante de proporcionalidade C é denominada capacitân-


cia do capacitor e sua unidade no Sistema Internacional é o farad,
cujo símbolo é F. Calcule sua carga.
Verifica - se que a capacitância de um capacitor depende ape-
nas da geometria das armaduras ( forma, tamanho e posição relati- Resolução
va ) e do isolante que há entre elas. Pelo capacitor não passa corrente elétrica. No entanto ele está
Um capacitor carregado armazena energia potencial elétrica ( submetido a uma diferença de potencial que é a mesma que existe
Ep ) a qual é dada por: entre os potos X e Y.
Os resistores do circuito estão em série e sua resistência equi-
valente é:
Ep=

(II)

Exemplo
Um capacitor de capacitância C = 2,0 p F, foi ligado aos termi-
nais de uma bateria que mantém entre seus terminais uma diferen-
ça de potencial U = 12V. Calcule:
A) a carga do capacitor R = 3,0 + 2,0 + 4,0 = 9,0
B) a energia armazenada no capacitor: Assim: 54 = ( 9,0 ) . i i = 6,0A

Resolução A diferença de potencial entre X e Y é dada por:


Uxy = ( 2,0 ) (6,0 A) = 12 V

Portanto a carga Q do capacitor é dada por:


Q = C . Uxy = (5,0 F) (12 V) = (5,0 . 10-6 F) (12V) =
= 60 . 10-6 coulomb = 60 C
Q = 60 C

Observação: Os capacitores são também chamados de conden-


sadores.

CAPACITOR PLANO
Consideremos um capacitor plano cujas placas têm área A e
estão separadas por uma distância d ( Fig.4)

159
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Resolução
A)

= 1,77.10-¡²
C = 1,77 . 10-12F
Pode - se demostrar que a capacitância desse capacitor é dada B) Q = C .V = (1,77 . 10-12F) (40 V) = 7,08 . 10-11C
por: Q = 7,08 . 10-11C
C = EA ( III ) de onde a constante E depende do meio isolante
(dielétrico) que existe entre as placas e é chamada permissividade C) No capítulo de campo elétrico vimos que entre duas placas
do meio. Da equação III tiramos: paralelas, uniformemente carregadas com cargas de sinais opostos,
E = Cd há um campo elétrico aproximadamente uniforme. Ao estudarmos
A o potencial vimos que para um campo uniforme temos:
U = E.d
Portanto:

Assim, no Sistema Internacional temos:


A permissividade do vácuo é: E
E0 = 8,85.10-12 F/m 2,2 . 103 V / m

ASSOCIAÇÃO DE CAPACITORES
Na Fig.5 representamos três capacitores associados de modo
que a armadura negativa de um deles está ligada à armadura positi-
Qualquer outro isolante tem uma permissividade ( E ) maior va do seguinte. Dizemos que eles estão associados em série.
que a do vácuo ( E0 ). Define-se então a permissividade relativa ( ou
constante dielétrica ) do meio por:
A permissividade está relacionada com a constante k da Lei de
Coulomb por meio da equação:

Exemplo
Um capacitor plano é formado por placas de área A = 36.10-4m2
separadas por uma distância d = 18.10-3m, sendo o vácuo o meio
entre as placas as quais estão ligadas a um gerador que mantém
entre seus terminais uma tensão U = 40V. Sabendo que a permissi-
vidade do vácuo é E0 = 8,85.10-12 F/m, calcule:

Numa associação em série, os capacitores têm a mesma carga.


Na Fig.6 representamos um único capacitor, de capacitância CE,
que é equivalente à associação dada, isto é, sob a mesma tensão
total U, tem a mesma carga Q.
U = U1 + U2 + U3 ( VI )
A) a capacitância desse capacitor Mas:
B) a carga do capacitor
C) a intensidade do campo elétrico entre as placas

160
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Substituindo em VI: CIRCUITOS ELÉTRICOS

CORRENTE ELÉTRICA CONTÍNUA E ALTERNADA

ou

(VII)

A equação anterior pode ser generalizada para um número


qualquer de capacitores em série.
Quando há apenas dois capacitores em série temos: Uma corrente elétrica produz magnetismo. O efeito contrário é
possível? O físico inglês Michael Faraday demonstrou que sim. Em
determinadas condições, um campo magnético gera corrente elé-
trica: ele ligou uma bobina a um amperímetro e, ao introduzir ra-
pidamente um ímã na bobina, o amperímetro assinalava passagem
Ou de corrente. É a indução eletromagnética. Um ímã em movimento
gera uma corrente elétrica em um fio condutor: é a corrente indu-
zida. Se em vez de introduzir o ímã o retirarmos, a corrente assume
o sentido inverso. Se aproximarmos ou afastarmos a bobina em vez
(VIII) do ímã, o resultado será idêntico. A aplicação mais importante da
indução é a produção de corrente elétrica. Se fizermos girar a espira
Se forem n capacitores iguais, associados em série teremos no interior do campo magnético do ímã, produz-se uma corrente
induzida.
Conforme a figura, a cada meia-volta da espira, a corrente
n parcelas muda de sentido: é uma corrente alternada. Os alternadores, com-
ponentes do sistema elétrico dos carros, são geradores de corrente
ou alternada. Funcionam com base na descoberta de Faraday. Modi-
ficações na montagem dos coletores e escovas (contatos entre a
espira móvel e o circuito no qual vai circular a corrente induzida)
(IX) podem originar os geradores de corrente contínua, como são os dí-
namos das bicicletas
ENERGIA ARMAZENADA EM CAPACITORES
Na Fig.7 representamos três capacitores associados em parale-
lo, isto é, os três estão submetidos à mesma tensão U.

Corrente elétrica
Para verificar se um objeto está ou não carregado eletricamen-
Na Fig.8 representamos um único capacitor, de capacitância CE te, utiliza-se o eletroscópio. Ocorre um deslocamento de cargas
que é equivalente à associação, isto é, submetido à mesma tensão para as lâminas do eletroscópio. Esse movimento de cargas, o des-
U, apresenta a mesma carga total Q: locamento, é transitório, pois cessa assim que as lâminas se carre-
Q = Q1 + Q2 + Q3 (X) gam negativamente. Chamamos de corrente elétrica o movimento
Mas: Q = CE.U, Q1 = C1.U, Q2 = C2.U, Q3= C3.U de cargas elétricas através de um condutor. O deslocamento acon-
tece porque, entre a barra e as lâminas, existe uma diferença de
Substituindo em X: estado eletrônico que põe as cargas em movimento. Para que ele
CE.U = C1.U + C2.U + C3.U seja contínuo é preciso manter esse desnível eletrônico, chamado
ou: diferença de potencial ou tensão. O elemento encarregado de man-
CE = C 1 + C 2 + C 3 ter essa diferença chama-se gerador elétrico.

Polo positivo = maior potencial


Polo negativo = menor potencial

161
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Uma pilha ou uma bateria de carro são geradores de corrente


elétrica. A diferença de potencial é medida em volts (V) e o instru-
mento que pode medi-la chama-se voltímetro. Podemos imaginar a
diferença de potencial como se fosse a diferença dos níveis de água
em potes interligados. Se houver diferença de nível, haverá transfe-
rência de água graças à força da gravidade. Se não houver diferença
de nível, para haver transferência será preciso uma bomba hidráu-
lica. Um gerador realiza a mesma função que a bomba hidráulica.
Além disso, as cargas precisam de um meio por onde circular. Os
materiais que permitem o deslocamento por seu interior são os
condutores, como os metais em geral. Se um material dificulta esse
deslocamento, chama-se isolante ou dielétrico, como o ar, o papel,
o vidro, a seda ou o plástico. A corrente elétrica pode ser contínua,
caso em que as cargas se deslocam sempre num sentido, ou alter-
nada, quando as cargas mudam constantemente de sentido.

Intensidade de corrente elétrica CIRCUITOS DE CORRENTE CONTINUA


Todo circuito elétrico deve ter quatro elementos básicos: gera-
dor, condutor, receptor e interruptor.

GERADORES DE CORRENTE CONTÍNUA


O gerador é o elemento que cria a corrente elétrica. Ele tem
dois polos ou bornes, um positivo e outro negativo. É representado
esquematicamente por duas linhas paralelas, uma mais comprida
do que a outra. A mais comprida representa o polo positivo, e a
mais curta, o negativo.
Os geradores transformam algum tipo de energia em energia
Quando as cargas circulam por um condutor, elas podem se elétrica.
deslocar em maior ou menor velocidade. O ritmo com que as cargas Por exemplo, as pilhas e as baterias transformam energia quí-
circulam por uma seção do condutor é expresso por uma grandeza mica em elétrica e geram corrente contínua. Algumas, porém, for-
chamada intensidade de corrente. Assim, a intensidade de corrente necem pouca energia, razão pela qual são empregadas em apare-
é o valor da carga que atravessa a seção de um condutor a cada lhos de baixo consumo, como calculadoras, relógios, lanternas, que
segundo. É representada por I e matematicamente sua equação é: funcionam com pilhas de 1,5 V ou 4,5 V. Os dínamos transformam
I = Q / t. O instrumento para medir intensidades denomina-se am- a energia mecânica em elétrica. Os mais conhecidos são os dos
perímetro. A unidade de intensidade de corrente elétrica, no SI, é o carros, que fornecem corrente contínua. Os alternadores são ge-
ampère (A) e se define como o quociente entre a unidade de carga, radores de corrente alternada. Nas centrais hidrelétricas, térmicas
o coulomb (C), e a de tempo, o segundo (s). Então: ou nucleares, os alternadores transformam a energia potencial da
água, a calorífica ou a nuclear, em energia elétrica.
1A=1C/1s
Sentido da corrente elétrica
A corrente elétrica é produzida pelo movimento de elétrons em
um condutor. O sentido real da corrente é o do movimento de elé-
trons que circulam do polo negativo ao polo positivo. Porém, uma
convenção internacional estabeleceu que o sentido da corrente elé-
trica é o contrário do movimento dos elétrons. Então:

O sentido convencional da corrente elétrica é o que vai do polo


positivo ao negativo através do condutor, isto é, o contrário ao mo-
vimento dos elétrons.

162
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Condutor Resistência de um condutor


O condutor é o meio pelo qual as cargas se deslocam. O mais A resistência elétrica mede a dificuldade que os elétrons en-
usado, por seu preço e baixa resistividade, é o cobre. contram ao se deslocarem por um condutor. Os materiais condu-
tores apresentam pequena resistência elétrica. Os dielétricos, ou
Receptor isolantes, apresentam grande resistência elétrica. Está provado
O receptor transforma a energia elétrica em outras formas de que, ao colocar vários condutores entre dois pontos de potenciais
energia. O desenho pode ser simples ou complexo: uma lâmpada diferentes, a resistência (R) vai depender do comprimento do con-
ou um motor elétrico. Os que transformam energia elétrica em ca- dutor (L), da superfície de sua seção transversal (s) e do material de
lor são representados esquematicamente como resistores. que é feito. Então, quanto maior o fio, maior a resistência elétrica.
Se dois condutores de mesmo material e comprimento tiverem se-
Interruptor ção transversal diferente, o de menor seção vai apresentar maior
O interruptor é a chave situada no condutor que permite ou resistência. Se a única diferença for o material do condutor, cada
impede a passagem de cargas. Se permite, diz-se que o circuito está substância apresentará uma resistência distinta, devido à sua resis-
fechado, caso contrário, está aberto. tividade. Deduz-se que a resistência de um condutor é diretamente
proporcional à sua resistividade e comprimento, e inversamente
Montagem dos elementos de um circuito proporcional à sua seção transversal. Então: R = L / S. A resistivida-
Os elementos de um circuito podem ser montados basicamen- de é definida como a resistência de um condutor de um metro de
te de duas formas diferentes: com ligação em paralelo ou em série. comprimento e um metro quadrado de seção transversal.
No caso dos elementos de circuito que apresentam polaridade (ge- = unidade de medida de resistência elétrica (lê-se ohm)
radores, por exemplo), quando se ligam os polos negativos entre si ” m = unidade de resistividade
e, da mesma forma, todos os polos positivos, temos uma ligação
em paralelo. A ligação em série ocorre quando o polo negativo de ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES
um elemento é ligado ao polo positivo de outro, e assim sucessi- O circuito mais simples contém apenas um resistor. Na prática,
vamente. No caso das lâmpadas, que não apresentam polaridade, porém, há situações mais complicadas em que aparecem vários re-
oriente-se pelas figuras e preste atenção: quando elas estão ligadas sistores associados. Nesses casos, é preciso calcular o valor de uma
em série, como os enfeites numa árvore de Natal, e uma delas se única resistência equivalente (Req) da associação que tenha a mes-
queima ou desenrosca, deixa de passar corrente pelo circuito e to- ma função de todas as outras sem alterar as condições do circuito.
das apagam. Se a ligação é em paralelo, como nas lâmpadas de uma
casa, e uma delas falha, as demais continuam funcionando. RESISTORES E RESISTÊNCIA ELÉTRICA

Resistores em série

Na ilustração à direita, pelos resistores Rs, R2 e R3 circula a


mesma intensidade de corrente I. A diferença de potencial entre
as extremidades do gerador é a soma das diferenças de potenciais
Exemplo de ligação em série existentes em cada resistor:
Vad = Vab + Vbc + Vcd
Pela lei de Ohm:
Vab = R1 “ I, Vbc = R2 “ I e Vcd = R3 “ I.
Portanto, podemos escrever que
Vad = R1 “ I + R2 “ I + R3 “ I = (R1 + R2 + R3) “ I = Req “ I.

Logo, a resistência equivalente a um conjunto de resistores em


série é a soma das resistências de todos eles.

Req = R1 + R2 + R3
Exemplo de ligação em paralelo

163
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Resistores em paralelo Se expressarmos a potência em kW e o tempo em horas, a


Na ilustração à esquerda existe a mesma diferença de potencial unidade de energia que obteremos será o quiloWatt-hora (kWh),
entre as extremidades de cada um dos resistores e as extremidades definido como a energia gerada ou consumida quando se usa uma
do gerador, Vab. A intensidade total I se repartirá em I1, I2 e I3, de potência de um quiloWatt durante uma hora. Nas contas de luz,
modo que I = I1 + I2 + I3. Ao aplicar a lei de Ohm para calcular os pagamos pelos quilowatt-hora consumidos.
valores das intensidades, teremos:
I1 = Vab / R1, I2 = Vab / R2 e I3 = Vab / R3 e I = Vab / Req. Por- Efeito Joule
tanto, Quando a corrente elétrica atravessa um circuito, seus elemen-
Vab / Req = Vab / R1 + Vab / R2 + Vab / R3. tos se aquecem. É o chamado efeito calorífico da corrente elétrica.
Assim, numa associação de resistores em paralelo, o inverso da Isto se deve ao fato de os elétrons que circulam pelo condutor cho-
resistência equivalente é igual à soma dos inversos das resistências, carem-se com as estruturas fixas do material. Com isso, parte de
que matematicamente é: sua energia cinética se transforma em energia térmica, liberada na
forma de calor. O fenômeno pelo qual a energia cinética se trans-
1 / Req = 1 / R1 + 1 / R2 + 1 / R3 forma em calor num condutor chama-se Efeito Joule. A partir da
expressão de energia obtida anteriormente, = R “ I2 “ t, podemos
calcular a energia calorífica transformada. Tradicionalmente, o ca-
lor é medido numa unidade chamada caloria. Levando-se em conta
que 1 joule = 0,24 calorias, pode-se calcular (em calorias) o calor
desprendido pelo Efeito Joule:

Q = 0,24 “ R “ I2 “ t
LEI DE OHM
O fluxo ordenado de cargas elétricas através de um material,
ativado pela aplicação de uma diferença de potencial, é limitado
pela estrutura interna do mesmo.
Antes de derivar a expressão que relaciona resistência elétri-
ca e parâmetros físicos, talvez seja conveniente explorar um pouco
Energia elétrica mais a analogia existente entre os sistemas mecânicos e os circuitos
Para calcular o valor da energia elétrica, ou do trabalho sobre elétricos.
as cargas do condutor é preciso levar em conta que a diferença de Considere-se então uma massa em queda sob a ação de um
potencial é o trabalho realizado por unidade de carga: campo gravitacional constante, num primeiro caso num espaço sem
Vab = / Q. Portanto, o valor do trabalho será: = Q “ Vab. Esta ex- atmosfera e num segundo num espaço com atmosfera. Admita-se
pressão significa que a energia ou trabalho cedido por um gerador ainda que inicialmente o corpo se encontra a uma altitude h, isto é,
é o produto da diferença de potencial entre seus polos multiplicada que possui uma energia potencial EP-ini=mgh e uma energia cinética
pela carga que circula. Se recordarmos que uma corrente elétrica se EC-ini=0. Nestas condições, a força atuante sobre a massa é F=mg, a
caracteriza por sua intensidade I = Q / t, de onde Q = I “ t, obteremos intensidade do campo gravítico é E=g e, já agora, a diferença de po-
= Vab “ I “ t. tencial gravítico é V=gh. A força e o campo são constantes ao longo
A energia elétrica pode ser expressa também em função da de toda a trajetória do corpo, sendo o potencial gravítico tanto mais
resistência. Levando em conta que pela lei de Ohm Vab = R “ I, po- elevado quanto maior for a altitude inicial do corpo. Ao longo da
demos transformar a expressão e teremos = R “ I2 “ t. Também po- queda, o corpo troca energia potencial por energia cinética. A troca
demos escrever a Lei de Ohm como I = Vab²/R “ t. entre energias verifica a relação em que xe v definem a posição e a
velocidade entretanto adquiridas pelo corpo. A velocidade do cor-
Potência elétrica po é expressa por m/s, metro por segundo admitindo
Define-se como o quociente entre o trabalho elétrico realizado naturalmente que se verifica sempre v<<c, em que c define a veloci-
e o tempo empregado para realizá-lo: dade da luz. No espaço sem atmosfera o corpo atinge a velocidade
P = / t. Se dividirmos pelo tempo todos os valores obtidos para máxima para x=h, ou seja, quando EP=0.
o cálculo do trabalho, obteremos expressões que permitem calcular
a potência:

P = Vab “ I = R “ I2 = Vab²/R
No caso em que o corpo se move num espaço com atmosfe-
ra, portanto com atrito, a troca de energia potencial por energia
A potência elétrica é medida no SI em Watts (W), unidade de- cinética faz-se com perdas. Outra consequência da força de atrito
finida como o quociente entre 1 joule e 1 segundo: 1 W = 1 J /1 s. é o fato de, a partir de um determinado instante, o corpo se des-
Outra unidade muito utilizada é o quiloWatt (kW), que equivale a locar com uma velocidade constante, designada velocidade limite.
1.000 W. Da definição de potência deduz-se que = P “ t, e pode-se A partir desse instante efetua-se uma troca integral entre energia
calcular o trabalho ou energia como o produto da potência pelo potencial e calor, e o ritmo de troca de energia na unidade de tem-
tempo. po é constante. Considere-se agora o circuito elétrico representado
na Figura 3.1.

164
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

De acordo com a expressão (3.16), a resistência elétrica de um


condutor é diretamente proporcional ao seu comprimento, e inver-
samente proporcional à sua secção, à densidade e à mobilidade das
cargas elétricas livres existentes no seu seio. Na Figura 3.3 ilustram-
-se alguns casos da relação existente entre a resistência elétrica e o
comprimento, a secção e a resistividade, enquanto na Tabela 3.1 se
apresentam os valores da resistividade elétrica de alguns materiais
Figura 3.1 Resistência elétrica condutores, semicondutores e isoladores, medidos à temperatura
de referência de 20 ºC.

Admita-se que a diferença de potencial aos terminais da ba-


teria é V e que a intensidade do campo elétrico ao longo do fio
condutor é constante

Tal como o corpo em queda livre, as cargas negativas perdem


energia potencial ao dirigirem-se do terminal negativo para o ter-
minal positivo da bateria (energia convertida em energia cinética e
calor). As cargas elétricas atravessam o fio condutor com uma velo-
cidade constante, basicamente fixada no valor médio das velocida-
des atingidas nos intervalos entre colisões com os átomos.
Admita-se que o material é caracterizado por uma densidade Figura 3.3 Resistência elétrica de fios condutores com compri-
de eletrões livres por unidade de volume, mentos, secções e resistividades variadas
n = número de eletrões por metro cúbico ou que a densidade
de carga livre por metro cúbico é q=ne (valor absoluto). Por exem- MATERIAL RESISTIVIDADE 20ºC)
plo, os materiais condutores são caracterizados por possuírem uma
elevada densidade de eletrões livres, que lhes permite suportar o prata 1.645*10-8 W.m
mecanismo da condução elétrica, ao passo que os materiais iso- cobre 1.723*10-8 W.m
ladores são caracterizados por valores bastante reduzidos deste
mesmo parâmetro. Por outro lado, cada par material-tipo de carga ouro 2.443*10-8 W.m
caracteriza-se por uma relação velocidade-campo alumínio 2.825*10-8 W.m
tungsténio 5.485*10-8 W.m
níquel 7.811*10-8 W.m
em que m se designa por mobilidade das cargas ferro 1.229*10-7 W.m
em questão. Este parâmetro é em geral uma função do tipo de car-
ga, da temperatura e do tipo de material. A quantidade de carga constantan 4.899*10-7 W.m
que na unidade de tempo atravessa a superfície perpendicular ao nicrómio 9.972*10-7 W.m
fluxo é (Figura 3.2)
carbono 3.5*10-5 W.m
silício 2.3*103 W.m
polystirene ~ 1016 W.m

Tabela 3.1 Resistividade elétrica de diversos materiais conduto-


res, semicondutores e isoladores (a 20 ºC)

A Lei de Ohm permite três interpretações distintas:


(i) para uma determinada tensão aplicada, a corrente é inversa-
mente proporcional à resistência elétrica do elemento;
(ii) para uma determinada corrente aplicada, a tensão desen-
volvida aos terminais do elemento é proporcional à resistência;
(iii) a resistência de um elemento é dada pelo cociente entre a
a qual, tendo em conta a relação (3.7), permite escrever em
tensão e a corrente aos seus terminais.
que S/m, siemens por metro se designa condutivida-
de elétrica do material, ou ainda em que S, siemens
Por exemplo, no caso dos circuitos representados na Figura 3.4
se diz condutância elétrica do condutor. Expressando a tensão em
verifica-se que em (b) a corrente na resistência é dada por I=V/R=5
função da corrente, obtém-se e W.m, ohm-metro se
A, que em (c) a tensão aos terminais da resistência é V=RI=5 V e que
designa por resistividade elétrica do material e W, ohm por
em (d) o valor da resistência é R=V/I=10 W.
resistência elétrica do condutor. As expressões acima são indistinta-
mente designadas por Lei de Ohm.

165
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Para isso também fora usado hélio líquido, material caro e pou-
co eficiente, o que impede seu uso em tecnologias que procurem
explorar o fenômeno. A partir de 1986, várias descobertas mostra-
ram que cerâmicas feitas com óxidos de certos elementos, como
bário ou lantânio, tornaram-se supercondutoras a temperaturas
bem mais altas, que permitiriam usar como refrigerante o nitrogê-
Figura 3.4 Símbolo da resistência e Lei de Ohm nio líquido, a uma temperatura de -196º C.

A representação gráfica da Lei de Ohm consiste numa reta com Aplicações dos supercondutores:
ordenada nula na origem e declive coincidente com o parâmetro R As aplicações são várias, embora ainda não tenham revolu-
(ou G) (Figura 3.5). Apesar de elementar e evidente, é importante cionado a eletrônica ou a eletricidade, como previsto pelos entu-
associar esta relação linear tensão-corrente à presença de um ele- siastas. Têm sido usados em pesquisas para criar eletromagnetos
mento do tipo resistência, mesmo em dispositivos eletrônicos rela- capazes de gerar grandes campos magnéticos sem perda de energia
tivamente complexos como o transistor. Num dos seus modos de ou em equipamentos que medem a corrente elétrica com precisão.
funcionamento, por exemplo, o transistor apresenta uma relação Podem ter aplicações em computadores mais rápidos, reatores de
tensão-corrente semelhante àquela indicada na Figura 3.5, o que fusão nuclear com energia praticamente ilimitada, trens que levi-
indica, portanto, que nessa mesma zona o transistor é, para todos tam e a diminuição na perda de energia elétrica nas transmissões.
os efeitos, uma resistência.
FORÇA ELETROMOTRIZ.
Por razões históricas a fonte de energia que faz os elétrons se
moverem em um circuito elétrico é denominada fonte de força ele-
tromotriz (fem). Exemplos de fontes fem:
• Energia química (bateria).
• Energia luminosa (bateria solar).
• Diferença de temperatura (termo-par).
• Energia mecânica (queda d’agua).
• Energia Térmica:
Figura 3.5 Lei de Ohm • Queima de carvão.
• Queima de óleo combustível.
SEMI CONDUTORES E SUPERCONDUTORES • Reações nucleares.

Semicondutores Utilizaremos o termo ``bateria’’ de maneira genérica, para de-


Semicondutores são corpos sólidos cuja condutividade elétrica signar qualquer fonte de fem. Inicialmente vamos considerar so-
se situa entre a dos metais e a dos isolantes. Sua resistividade de- mente situações para as quais a fem não varia como uma função do
pende da presença de impurezas e da temperatura (quanto maior tempo. Neste caso, veremos que a corrente produzida no circuito
a temperatura melhor ele irá conduzir. O processo de condução ca- pode ou não variar com o tempo. Se a corrente for também cons-
racteriza-se pela existência de lacunas ou buracos, deixados pelos tante, temos uma situação de estado estacionário com uma corren-
elétrons que se desligaram dos átomos. te contínua fluindo no circuito.
Os semicondutores são utilizados em dispositivos eletrônicos, Graças à força do seu campo eletrostático, uma carga pode rea-
como os retificadores e transistores, pilhas solares, lasers, células lizar trabalho ao deslogar outra carga por atração ou repulsão. Essa
fotoelétricas e outros. capacidade de realizar trabalho é chamada potencial. Quando uma
Os semicondutores mais utilizados para a produção de disposi- carga for diferente da outra, haverá entre elas uma diferença de
tivos (entre eles o diodo) são o germânio e o silício potencial(E).
A soma das diferenças de potencial de todas as cargas de um
Super Condutores campo eletrostático é conhecida como força eletromotriz.
Fenômeno físico apresentado por certas substâncias, como A diferença de potencial (ou tensão) tem como unidade funda-
metais ou cerâmicas especiais, caracterizado pela diminuição da re- mental o volt(V).
sistência elétrica em temperaturas muito baixas. Com isso a corren-
te elétrica pode fluir pelo material sem perda de energia. Convencional
Histórico: Teoricamente, a supercondutividade permitiria o uso Solte sua imaginação! Você já pensou num liquidificador (só o
mais eficiente da energia elétrica. O fenômeno surge após determi- copo, sem o motor convencional) onde as hélices ficam paradas e
nada temperatura de transição, que varia de acordo com o material o líquido do copo é quem gira? Ou numa máquina de lavar roupas
utilizado. O holandês Heike Kamerlingh-Onnes fez a demonstração onde a roupa espontaneamente se põe a girar para cá e para lá? E
da supercondutividade na Universidade de Leiden, em 1911. Para que tal a água do tanque de lavar roupas começar a fazer o mesmo?
produzir a temperatura necessária, usou hélio líquido. O material Pois bem, leia esse artigo: o primeiro passo do motor de rotor liqui-
foi mercúrio, abaixo de -268,8º C. Até 1986, a temperatura mais do está lançado!
elevada em que um material se comportara como supercondutor
foi apresentada por um composto de germânio-nióbio; temperatu-
ra de transição: -249,8º C.

166
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Como funcionam os motores convencionais? EQUAÇÃO DO CIRCUITO


O princípio básico que regula o funcionamento dos motores
convencionais repousa na força magnética de Lorentz. Tipos de circuitos
“Toda carga elétrica (q) imersa num campo de indução mag- A eletrônica emprega grande número de circuitos, de diversos
nética (B) e dotada de velocidade (V), de direção não coincidente tipos. Os retificadores, por exemplo, convertem corrente alterna-
com a direção do campo, fica sujeita a uma força (Fm) de origem da em contínua, e são constituídos de transformadores, diodos e
eletromagnética, cuja intensidade é dada por: condensadores. Já os filtros são utilizados para selecionar tensões
|Fm| = |q| .|V|.|B|. senq dentro de uma margem estreita de frequências, e em geral são for-
mados por resistências, bobinas e condensadores, agrupados em
onde q é o ângulo entre as direções do vetor velocidade e do função da finalidade visada.
vetor campo magnético.” Os amplificadores destinam-se a incrementar a amplitude ou
potência de um sinal, e classificam-se em lineares e não-lineares,
Natural segundo a natureza da resposta dos componentes às polarizações
Durante a formação de uma tempestade, verifica-se que ocorre a que são submetidos. Os amplificadores não-lineares, além de au-
uma separação de cargas elétricas, ficando as nuvens mais baixas mentar o sinal de entrada, podem mudar a forma de sua onda.
eletrizadas negativamente, enquanto as mais altas adquirem car- Nos circuitos de comutação empregam-se componentes cujos
gas positivas. As nuvens mais baixas induzem uma carga positiva sinais de saída só assumem valores discretos. Entre eles podem-se
na superfície da Terra e, portanto, entre a nuvem baixa e a Terra citar os flip-flop, de grande utilidade nos circuitos de computador
estabelece-se um campo elétrico. O processo de descarga elétrica para o tratamento do código binário; os circuitos lógicos, que em-
ocorre numa sucessão muito rápida, inicia-se com uma descarga pregam diodos; e os geradores de dentes de serra. Na área das tele-
elétrica que parte da nuvem até o solo. Essa descarga provoca a comunicações destacam-se por seu grande uso os circuitos modu-
ionização do ar ao longo de seu percurso. A região entre a nuvem ladores (que fazem variar a amplitude ou a frequência das ondas),
e o solo passa a funcionar como um condutor. Através desta região os detectores e os conversores.
condutora produz-se, numa segunda etapa, uma descarga elétrica
do solo para a nuvem, denominada descarga principal. A descarga Circuito elétrico
principal apresenta grande luminosidade e origina corrente elétrica O circuito elétrico é o caminho fechado por onde circula a cor-
de grande intensidade. Esta descarga elétrica aquece o ar, provo- rente elétrica.
cando uma expansão que se propaga em forma de uma onda sono- Dependendo do efeito desejado, o circuito elétrico pode fazer
ra, originando o trovão. a eletricidade assumir as mais diversas formas: luz, som, calor, mo-
Ocorrem por dia, no nosso planeta, cerca de 40 mil tempesta- vimento.
des que originam, aproximadamente, 100 raios por segundo. O circuito elétrico mais simples que se pode montar constitui-
-se de três componentes:
· fonte geradora;
· carga;
· condutores.

Todo o circuito elétrico necessita de uma fonte geradora. A fon-


te geradora fornece a tensão necessária à existência de corrente
elétrica. A bateria, a pilha e o alternador são exemplos de fontes
geradoras.
A carga é também chamada de consumidor ou receptor de
energia elétrica. É o componente do circuito elétrico que transfor-
ma a energia elétrica fornecida pela fonte geradora em outro tipo
de energia. Essa energia pode ser mecânica, luminosa, térmica, so-
nora.
Para-raios Exemplos de cargas são as lâmpadas que transformam energia
Para se evitar que as descargas elétricas atinjam locais indevi- elétrica em energia luminosa; o motor que transforma energia elé-
dos, como postes, edifícios, depósitos de combustíveis, linhas de trica em energia mecânica; o rádio que transforma energia elétrica
transmissão elétrica, etc, utiliza-se o para-raios. Que é um constitu- em sonora.
ído essencialmente de uma haste metálica disposta verticalmente
no alto da estrutura a ser protegida. Esta haste é ligada à terra atra- Observação
vés de um fio condutor. Um circuito elétrico pode ter uma ou mais cargas associadas.
Quando a terra adquire cargas elétricas induzidas, estas se con- Os condutores são o elo de ligação entre a fonte geradora e a
centram na ponta do para-raios, de forma que a descarga elétrica carga. Servem de meio de transporte da corrente elétrica.
entre a nuvem e a terra se dá através do fio. Uma lâmpada, ligada por condutores a uma pilha, é um exem-
plo típico de circuito elétrico simples, formado por três componen-
tes.

167
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

A lâmpada traz no seu interior uma resistência, chamada fila- Desse modo, existe um único caminho para a corrente elétrica
mento. Ao ser percorrida pela corrente elétrica, essa resistência fica que sai do polo positivo da fonte, passa através do primeiro compo-
incandescente e gera luz. O filamento recebe a tensão através dos nente (R1), passa pelo seguinte (R2) e assim por diante até chegar
terminais de ligação. E quando se liga a lâmpada à pilha, por meio ao polo negativo da fonte.
de condutores, forma-se um circuito elétrico. Os elétrons, em ex- Num circuito série, o valor da corrente é sempre o mesmo em
cesso no polo negativo da pilha, movimentam-se pelo condutor e qualquer ponto do circuito. Isso acontece porque a corrente elétri-
pelo filamento da lâmpada, em direção ao polo positivo da pilha. ca tem apenas um único caminho para percorrer.
Enquanto a pilha for capaz de manter o excesso de elétrons no Esse circuito também é chamado de dependente porque, se
polo negativo e a falta de elétrons no polo positivo, haverá corrente houver falha ou se qualquer um dos componentes for retirado do
elétrica no circuito; e a lâmpada continuará acesa. circuito, cessa a circulação da corrente elétrica.
Além da fonte geradora, do consumidor e condutor, o circuito
elétrico possui um componente adicional chamado de interruptor Circuito paralelo
ou chave. A função desse componente é comandar o funcionamen- O circuito paralelo é aquele cujos componentes estão ligados
to dos circuitos elétricos. em paralelo entre si.
Quando aberto ou desligado, o interruptor provoca uma aber- No circuito paralelo, a corrente é diferente em cada ponto do
tura em um dos condutores. circuito porque ela depende da resistência de cada componente à
Nesta condição, o circuito elétrico não corresponde a um cami- passagem da corrente elétrica e da tensão aplicada sobre ele. Todos
nho fechado, porque um dos polos da pilha (positivo) está desconec- os componentes ligados em paralelo recebem a mesma tensão.
tado do circuito, e não há circulação da corrente elétrica. Quando o
interruptor está ligado, seus contatos estão fechados, tornando-se Circuito misto
um condutor de corrente contínua. Nessa condição, o circuito é no- No circuito misto, os componentes são ligados em série e em
vamente um caminho fechado por onde circula a corrente elétrica. paralelo.
Sentido da corrente elétrica antes que se compreendesse de forma
mais científica a natureza do fluxo de elétrons, já se utilizava a ele- Circuito LC
tricidade para iluminação, motores e outras aplicações. Para termos um entendimento suficientemente bom de algum
Nessa época, foi estabelecido por convenção, que a corrente assunto, não adianta estudarmos todas as ocorrências de todas as
elétrica se constituía de um movimento de cargas elétricas que fluía naturezas simultaneamente. O que os físicos fazem nestas situa-
do polo positivo para o polo negativo da fonte geradora. Este senti- ções é tentar achar um modelo simples e ir acrescentando os com-
do de circulação (do + para o -) foi denominado de sentido conven- ponentes aos poucos. No estudo de circuitos por exemplo, antes
cional da corrente. de entendermos como funciona um circuito integrado de televisão,
precisamos entender a função de cada componente e seguir acres-
Com o progresso dos recursos científicos usados explicar os centando um outro componente de cada vez, ou seja, primeiramen-
fenômenos elétricos, foi possível verificar mais tarde, que nos con- te entendemos como se comporta um resistor, um capacitor e um
dutores sólidos a corrente elétrica se constitui de elétrons em movi- indutor para posteriormente unirmos dois a dois e finalmente os
mento do polo negativo para o polo positivo. Este sentido de circu- três em apenas um circuito, denominamos estes circuitos de RL, RC,
lação foi denominado de sentido eletrônico da corrente. LC, e RLC. Neste texto entenderemos como funciona um circuito LC
O sentido de corrente que se adota como referência para o que contém de acordo com o que foi mencionado anteriormente
estudo dos fenômenos elétricos (eletrônico ou convencional) não um indutor e um capacitor. Vamos supor inicialmente que exista
interfere nos resultados obtidos. Por isso, ainda hoje, encontram-se uma chave no circuito que permita ou não a passagem de corrente
defensores de cada um dos sentidos. e que o capacitor está carregado inicialmente com uma carga q0.
Em um instante inicial t=0, a chave é fechada, permitindo então a
Observação passagem de corrente através do circuito e a carga do capacitor co-
Uma vez que toda a simbologia de componentes eletroeletrô- meça então a fluir pelo circuito. Temos no circuito então uma cor-
nicos foi desenvolvida a partir do sentido convencional da corrente rente i=dQ/dt. Temos então que a queda de potencial no indutor
elétrica, ou seja do + para o -, as informações deste material didá- é igual a Ldi/dt, e no capacitor é igual a Q/C. Através da Lei de Kir-
tico seguirão o modelo convencional: do positivo para o negativo. chhoff, podemos afirmar que Ldi/dt+Q/C=0. Utilizando noções de
cálculo diferencial, sabemos que di/dt=d2Q/dt2. Substituindo esta
Tipos de circuitos elétricos última relação na equação do circuito, temos: d2Q/dt2=-Q/LC. Se
Os tipos de circuitos elétricos são determinados pela maneira chamarmos (de , temos a equação . Denominamos (a
como seus componentes são ligados. Assim, existem três tipos de frequência do circuito LC. Novamente utilizando cálculo diferencial,
circuitos: chegamos a um valor de Q=Acos(t+), onde A é a amplitude da carga,
· série; que é o valor máximo que a carga pode atingir e (é uma constante
· paralelo; de fase que depende unicamente das condições iniciais do proble-
· misto. ma. Se considerarmos que a constante de fase é igual a zero temos
que a carga neste circuito é dada por q0cost, uma vez que a ampli-
Circuito série tude da carga depende da carga inicial do capacitor, e derivando
Circuito série é aquele cujos componentes (cargas) são ligados esta equação em relação ao tempo obtemos a corrente do circuito
um após o outro. que é igual a i=-q0sent. Podemos perceber então que este circuito
difere dos circuitos RC e RL já que ele não decai ou cresce exponen-
cialmente, mas sim oscila. Isto acontece pois à medida que a carga

168
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

no capacitor diminui, a energia armazenada no campo elétrico do pela Lei de Kirchhoff que o potencial da bateria mais o potencial no
capacitor se reduz. Esta energia não se perde, mas se transforma capacitor são iguais a zero. Neste caso temos então que I=dQ/dt,
em energia magnética dentro do indutor, já que em torno deste sem o sinal negativo, pois estamos agora lidando com o processo
circula uma corrente i que induz nele um campo magnético. Em um de carga do capacitor. Resolvendo novamente a equação diferencial
dado instante, toda energia elétrica do capacitor se esgota junta- obtemos que para o carregamento do capacitor Q(t)=CV(1- e-t/RC)
mente com sua carga. Temos então que a corrente no indutor agora e I(t)=(V/R) e-t/RC. Portanto para o instante t=0 a carga no capacitor
é máxima e todo a energia do circuito está armazenada dentro do é igual a zero e a corrente que passa por ele é igual a V/R. À medida
indutor sob forma de energia magnética. Esta corrente flui pelo cir- que o tempo passa, a carga no capacitor começa a aumentar e o
cuito e começa a realimentar o capacitor, aumentando assim o seu fluxo de corrente começa a diminuir. Isto pode ser compreendido se
campo elétrico e diminuindo o campo magnético dentro do indu- pensarmos que o capacitor começa a funcionar como uma antiba-
tor. Agora o capacitor adquire carga máxima, porém a polarização teria, já que ele começa a acumular cargas entre suas placas, e estas
de seu campo elétrico está invertida, e a carga começa a fluir no cargas estão dispostas no sentido contrário do sentido da bateria. O
sentido contrário. Analisando as energias contidas em um circuito que acontece então é que quando o capacitor está completamente
LC, vemos que a energia eletrostática do capacitor é dada por U=½ carregado, ele tem a mesma carga da bateria, só que a corrente por
QV=Q2/2C. Substituindo nesta equação a função Q(t) obtida por ele gerada está no sentido contrário, de forma que as correntes se
nós anteriormente, temos U(t)=q02cos2t/2C. A energia magnética cancelam, como era de se esperar.
deste sistema é dada por U=½ Li2. Substituindo nesta equação a
função i(t), temos U(t)=½ L2q02sen2t. Vemos que ora toda a ener- Circuito RL
gia se concentra no indutor, ora no capacitor, no entanto a energia Sempre que aparece uma nova ideia ou uma nova teoria, os
total do sistema é dada sempre pela soma das duas, que é constan- físicos tentam de toda a forma torná-la mais prática e mais simples
te e igual a q02/2C. de ser compreendida. É isto o que acontece quando estudamos um
circuito RL, que é um caso particular de circuito, onde apenas exis-
Circuito RC tem dois componentes: O resistor e o indutor. Quando estudamos
Quando estudamos qualquer assunto, tentamos dividi-lo em a Lei de Ohm, podemos perceber que a função de um resistor é
suas partes mais importantes e estudá-las separadamente dando dissipar a corrente elétrica, transformando parte dela em energia
a elas a devida atenção. Este é o caso do circuito RC que é um caso térmica. A função de um indutor é analisada quando se estuda a Lei
particular de um circuito elétrico contendo apenas uma resistência de Faraday. Vemos então que o indutor funciona como uma inércia
e um capacitor. Podemos pensar então nesses dois componentes de um circuito, o que impede quedas ou aumentos bruscos de cor-
ligados através de seus terminais e uma chave que pode permitir rente. Dentro de um circuito, a resistência consiste geralmente de
ou não a passagem de corrente no circuito. Admitindo inicialmente um determinado material que dificulta a passagem de corrente e o
que a chave está aberta e não há passagem de corrente e o capa- indutor é um solenoide ou uma bobina, que consistem em um fio
citor está carregado com uma determinada carga Q, vamos anali- condutor enrolado muitas vezes. Vamos considerar agora uma cir-
sar o que vai acontecer quando a chave for fechada e possibilitar a cuito RL, que possui uma bateria, uma chave que permite a passa-
passagem de corrente: Sabemos que a diferença de potencial entre gem de corrente ou não, uma resistência e um indutor. Ao estudar
os terminais do capacitor é dada por V0=Q0/C, onde Q0 é a carga os efeitos da autoindutância de um sistema, vemos que a função
inicial do capacitor e C sua capacitância. No instante t=0 fechamos de um indutor é de brecar a corrente que passa por ele gerando
a chave e a corrente começa a fluir através do resistor. A corrente uma corrente de sentido oposto, então consideramos que a chave
inicial que passa pela resistência é igual a I0=V0/R. A medida que a do circuito está aberta e é fechada no instante t=0 quando se inicia
corrente flui pelo circuito, a carga no capacitor decresce numa taxa a passagem de corrente pelo sistema. Quando a corrente chega ao
igual a I=-Q/t, onde I é a corrente do circuito, e o sinal negativo apa- indutor, um potencial aparece dificultando a passagem de corrente,
rece por se tratar de um caso de descarga do capacitor. Através da e este potencial é igual a =Ldi/dt, onde L é a indutância do indutor,
utilização da Primeira Lei de Kirchhoff, sabemos que o potencial no e di/dt é a forma diferencial de se expressar a variação da corrente
resistor é igual ao potencial no capacitor, obtemos então RI=Q/C. no tempo. Temos que lembrar ainda que este potencial sempre vai
Podemos aplicar agora um pouco de cálculo diferencial e obter -R estar contrário à corrente que o atravessa de acordo com a Lei de
dQ/dt =Q/C. Resolvendo esta equação diferencial obtemos que a Lenz. Sabemos também que a queda de potencial no resistor R é,
função Q dependente do tempo é igual a Q(t)=Q0e-t/RC. A letra e pela Lei de Ohm, igual a Ri. Utilizando as regras de Kirchhoff para
corresponde ao valor de 2,71828..., e é um número irracional com este circuito, podemos afirmar que o potencial V da bateria é igual a
propriedades notáveis que são estudadas em um curso de cálculo. V=Ri+Ldi/dt. Para um instante muito próximo do instante inicial t=0,
Ao analisarmos nossa equação vemos que Q0 é uma constante e sabemos que a corrente é zero em todo o circuito, então a taxa de
depende da carga inicial do capacitor, t é o tempo e o produto RC variação de corrente pelo tempo é dada por di/dt=V/L. Após a pas-
é a chamada constante de tempo, e é este produto que determi- sagem de um pequeno intervalo de tempo, a corrente já flui pelo
na qual é o tempo total de descarga do capacitor. Analisando esta circuito e a variação temporal da corrente torna-se di/dt=V/L-iR/L.
constante percebemos que quanto maior for o produto RC maior Quando a taxa de variação de corrente é igual a zero, sabemos en-
será o tempo necessário para a descarga do capacitor e quanto tão que a corrente no circuito atingiu seu valor máximo: imax=V/R.
menor o produto, menor será o tempo de descarga. Utilizando no- Vamos analisar a equação anteriormente citada do circuito e des-
vamente o cálculo diferencial obtemos a função que governa a cor- cobrir qual é o tempo necessário para que a corrente atinja seu va-
rente: I(t)=I0e-t/RC. Vemos que analogamente à carga, a corrente lor final: A resolução da equação diferencial V=Ri+Ldi/dt através de
cai exponencialmente com o tempo. Podemos analisar agora o que processos de cálculo diferencial nos dá que .
vai acontecer para um circuito RC conectado a uma bateria e com o Nesta equação, chamamos a constante tc de constante de tempo,
capacitor descarregado. Ao fecharmos a chave, temos novamente de forma que ela seja igual a R/L, e é esta a divisão que determina

169
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

o intervalo de tempo necessário para que o circuito atinja sua cor- VOLTAGEM NOS TERMINAIS DE UM GERADOR e APLICAÇÕES
rente máxima. Se considerarmos que temos agora um circuito no
qual podemos remover a bateria após um certo instante, a nossa PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
equação do circuito se reduz a: iR+ldi/dt=0 (di/dt=-Ri/L. Resolvendo Um gerador não gera energia. Ele converte energia mecânica
esta equação, obtemos que , e neste caso vemos que a cor- em energia elétrica. Todo gerador necessita de uma outra fonte ge-
rente, com o passar do tempo, tende a diminuir sempre e vai para radora de energia para fazê-lo girar, seja ela uma turbina, um motor
zero para tempos decorridos muito grandes. de pistão ou qualquer tipo de máquina capaz de produzir energia
mecânica.
Circuito RLC
Vamos ver agora o estudo de um circuito RLC, que é basicamen- GERADOR ELEMENTAR
te um circuito que contém um resistor, um indutor e um capacitor. Um gerador elementar consistiria em um ímã na forma de U e
Vamos supor então que haja uma chave neste circuito que permita de uma única espira de um fio condutor. Denomina-se campo mag-
nético, a força que circunda o imã. A fim de tornar mais clara a ideia
a passagem ou não de corrente e vamos supor também que o ca-
de um campo magnético, imaginemos linhas de força que, saindo
pacitor esteja carregado com uma carga inicial q0. Inicialmente a
do polo norte de um ímã, retornam ao seu polo sul. Quanto mais
chave está aberta e não há passagem de corrente pelo circuito, no
forte for o ímã maior será o número de linhas de força. Se fizermos
instante t=0 a chave é fechada e o capacitor começa o seu processo
a espira de fio condutor girar entre os polos do ímã, os dois lados
de descarga devido à diferença de potencial entre suas placas. Pela da espira “ cortarão” as linhas de força, o que induzirá (gerará) ele-
Lei de Kirchhoff, sabemos que a soma de todas as quedas de poten- tricidade na espira.
cial em todos os elementos do circuito deve ser igual a zero, logo: Na primeira metade da rotação da espira, um dos seus lados
. Sabemos que i=dQ/dt, e substituindo este valor na equa- corta as linhas de força de baixo para cima, enquanto o outro lado
ção obtemos . Esta equação é idêntica a uma equa- da espira corta as linhas de cima para baixo. Desta forma surgirá
ção de um oscilador amortecido estudado em ondas. Um oscila- na espira o fluxo elétrico numa dada direção. A meio caminho da
dor amortecido pode ser imaginado como um sistema massa mola rotação, a espira estará numa posição paralela às linhas de força.
mergulhado em uma substância viscosa como um óleo. Quando Nenhuma linha de força será cortada pela espira, e, consequente-
consideramos um sistema massa-mola, ele oscila indefinidamente mente, não será gerada nenhuma eletricidade.
se considerarmos desprezíveis todos os atritos, no entanto se colo- Na segunda metade da rotação, o lado da espira que cortava
carmos este sistema dentro do óleo, o atrito viscoso entre o sistema as linhas de força debaixo para cima passa cortá-las de cima para
e o óleo, produzirá calor e diminuirá a energia cinética do sistema, baixo. O outro lado estará cortando as linhas de força debaixo para
que oscilará cada vez com amplitudes menores. Antes de se estu- cima, o que induzirá na espira um fluxo elétrico no sentido contrário
dar o circuito RLC, estudamos em separado os circuitos RL, RC e LC ao fluxo gerado na primeira metade da rotação. No ponto mais bai-
e percebemos que nos circuitos RL e RC, ocorre ou uma queda ou xo da rotação, a espira estará de novo em posição paralela as linhas
uma subida exponencial na corrente enquanto em um circuito LC, a de força e nenhuma eletricidade será gerada.
corrente oscila de um lado para o outro. Vemos então que a mistu- Em cada rotação completa da espira a voltagem e a intensidade
ra RLC resulta em um circuito oscilante que cai exponencialmente. da corrente terão uma dada direção numa metade do tempo, e a di-
Vamos agora analisar este circuito energeticamente: Multiplicando reção oposta na outra metade. Por duas vezes, durante a rotação da
todos os termos desta equação por i, temos: . O pri- espira, não haverá fluxo de corrente. Dá- se à voltagem e a corren-
meiro termo desta equação nos indica qual é a quantidade de ener- te as denominações de voltagem alternada e corrente alternada. A
gia magnética que é injetada ou retirada do indutor, de forma que voltagem que um gerador produz pode ser acrescida aumentando:
podemos obter um valor positivo ou um negativo, dependendo do ( 1 ) a intensidade do campo magnético;
sentido do fluxo de energia. No segundo termos da equação, temos ( 2 ) a velocidade de rotação da espira;
( 3 ) um numero de linhas de um fio condutor que cortam o
o valor da energia elétrica do capacitor, cujo sinal também depende
campo magnético.
do sentido do fluxo de energia. Já para o terceiro termo, temos a
energia dissipada no resistor por efeito Joule, e este valor é sempre
A uma revolução completa feita pela espira, através das linhas
positivo. Como já vimos em um circuito LC, a soma das energias
de força, dá-se o nome de ciclo. Ao número de ciclos por segundo
elétrica e magnética é sempre constante, porém no caso RLC, há dá-se o nome de frequência da voltagem ou da intensidade da cor-
uma dissipação da energia no resistor, então a quantidade oscilante rente, a qual é medida em unidades chamadas Hertz.
de energia entre o indutor e o capacitor tem sua amplitude sempre
reduzida com o passar do tempo. O modo que a corrente cai com GERADORES DE ENERGIA ELÉTRICA
o tempo depende das relações entre os termos R2 e 4L/C, pois são A maior parte da energia elétrica que se utiliza nos dias de hoje
estes termos que definem a curva na equação diferencial. O caso é a energia de geradores elétricos, na forma de corrente alternadas
em que R2<4LC, ocorre um fenômeno denominado amortecimento (CA). Um gerador simples de corrente alternada é uma bobina que
sub-crítico, e a corrente vai oscilando e diminui lentamente. Para o gira num campo magnético uniforme. Os terminais da bobina estão
caso em que R2=4LC, temos o amortecimento crítico, e para este ligados a anéis coletores que giram com a bobina. O contato elétrico
caso não há oscilação e a carga no capacitor decai continuamente entre a bobina e um circuito externo se faz por meio de escovas de
e tende a zero em tempos grandes. Para o caso em que R2>4LC, grafita que ficam encostadas nos anéis.
temos o amortecimento super-crítico, e como a dissipação no re- Quando uma reta perpendicular ao plano da bobina faz um
sistor é muito grande, a carga no capacitor cai exponencialmente e ângulo q com o campo magnético uniforme B, o fluxo magnético
rapidamente. através da bobina é:

170
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

f m = NBA cos q Onde:

Onde N é o número de espiras da bobina e A, a área da bobina. Lâmpada que será acessa ao ser gerada a
Quando a bobina girar, sob a ação de um agente mecânico, o fluxo energia
através dela será variável e haverá uma fem induzida conforme a lei
de Faraday. Se ângulo inicial for d, o ângulo num instante posterior Roldana
t será dado por:
q=wt+d Espira
onde w é a frequência angular de rotação. Levando esta ex-
pressão de q na equação anterior, obtemos:
f m = NBA cos (w t + d ) = NBA cos ( 2p ft + d )
A fem induzida na bobina será então: Ímã
e = - df m = - NBA d cos (w t + d ) = + NBA w sem (w t + d )
dt dt FIGURAS:
O que pode ser escrito como:
e = e max sem (w t + d )
onde
e max = NBAw
é o valor máximo da fem. Podemos , então, provocar uma fem
senoidal na bobina mediante a sua rotação com frequência cons-
tante, num campo magnético. Nesta fonte de fem, a energia me-
cânica da bobina girante se converte em energia elétrica. A energia
mecânica provém usualmente de uma queda de água ou de uma
turbina a vapor. Embora os geradores práticos sejam bastante mais
complicados, operam com o mesmo princípio da geração de uma
fem alternada por uma bobina que gira num campo magnético; os
geradores são projetados de modo a gerarem uma fem senoidal.

EXPERIMENTO REALIZADO GERADOR DA USINA HIDROELÉTRICA DE ITAIPÚ (ACIMA) –


No experimento realizado no laboratório temos um ímã ci- ESQUEMA DE FUNCIONAMENTO DA HIDROELÉTRICA DE ITAIPÚ
líndrico em constante movimento de rotação alternando os polos (ABAIXO)
note e sul, acionado por meio de roldanas. Com o movimento do
ímã surge uma corrente, que é chamada de corrente induzida, e o
trabalho realizado por unidade de carga durante o movimento dos
portadores de carga que constitui essa corrente denominamos de
fem induzida que é produzida pelo gerador. Logo, a luz acenderá
por consequência da fem induzida produzida pelo gerador.

FIGURA DO EXPERIMENTO REALIZADO

(ERNANDI FEY)
Fontes geradoras de energia elétrica
A existência da tensão é condição fundamental para o funcio-
namento de todos os aparelhos elétricos. As fontes geradoras são
os meios pelos quais se pode fornecer a tensão necessária ao fun-
cionamento desses consumidores.
Essas fontes geram energia elétrica de vários modos:
· por ação térmica;
· por ação da luz;
· por ação mecânica;

171
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

· por ação química; A pilha de lanterna funciona segundo o princípio da célula pri-
· por ação magnética. mária que acabamos de descrever. Ela é constituída basicamente
por dois tipos de materiais em contato com um preparado químico.
Geração de energia elétrica por ação térmica
Pode-se obter energia elétrica por meio do aquecimento direto Geração de energia elétrica por ação magnética
da junção de dois metais diferentes. O método mais comum de produção de energia elétrica em lar-
Por exemplo, se um fio de cobre e outro de constantan (liga ga escala é por ação magnética.
de cobre e níquel) forem unidos por uma de suas extremidades e A eletricidade gerada por ação magnética é produzida quando
se esses fios forem aquecidos nessa junção, aparecerá uma tensão um condutor é movimentado dentro do raio de ação de um campo
elétrica nas outras extremidades. Isso acontece porque o aumento magnético. Isso cria uma ddp que aumenta ou diminui com o au-
da temperatura acelera a movimentação dos elétrons livres e faz mento ou a diminuição da velocidade do condutor ou da intensida-
com que eles passem de um material para outro, causando uma de do campo magnético.
diferença de potencial. A tensão gerada por este método é chamada de tensão alter-
À medida que aumentamos a temperatura na junção, aumenta nada, pois suas polaridades são variáveis, ou seja, se alternam.
também o valor da tensão elétrica na outra extremidade. Os alternadores e dínamos são exemplos de fontes geradoras
Esse tipo de geração de energia elétrica por ação térmica é que produzem energia elétrica segundo o princípio que acaba de
utilizado num dispositivo chamado par termoelétrico, usado como
ser descrito.
elemento sensor nos pirômetros que são aparelhos usados para
medir temperatura de fornos industriais.
ASSOCIAÇÃO DE GERADORES, RESISTORES E CAPACITORES
Geração de energia elétrica por ação de luz:
Para gerar energia elétrica por ação da luz, utiliza-se o efeito
fotoelétrico. Esse efeito ocorre quando irradiações luminosas atin- Associação de resistências em série
gem um fotoelemento. Isso faz com que os elétrons livres da cama- Suponha que duas lâmpadas estejam ligadas a uma pilha, de tal
da semicondutora se desloquem até seu anel metálico. modo que haja apenas um caminho para a corrente elétrica fluir de
Dessa forma, o anel se torna negativo e a placa-base, positiva. um polo da pilha para o outro, dizemos que as duas lâmpadas es-
Enquanto dura a incidência da luz, uma tensão aparece entre as tão associadas em série. Evidentemente, podemos associar mais de
placas. duas lâmpadas dessa maneira, como em uma arvore de Natal, onde
O uso mais comum desse tipo de célula fotoelétrica é no arma- geralmente se usa um conjunto de várias lâmpadas associadas em
zenamento de energia elétrica em acumuladores e baterias solares. série. Em uma associação em série de resistências observam-se as
seguintes características:
Geração de energia elétrica por ação mecânica
Alguns cristais, como o quartzo, a turmalina e os sais de Ro- - como há apenas um caminho possível para a corrente, ela tem
chelle, quando submetidos a ações mecânicas como compressão e o mesmo valor em todas as resistências da associação (mesmo que
torção, desenvolvem uma diferença de potencial. essas resistências sejam diferentes).
- É fácil perceber que, se o circuito for interrompido em qual-
quer ponto, a corrente deixará de circular em todo o circuito.
- Quanto maior for o número de resistências ligadas em série,
maior será a resistência total do circuito. Portanto, se mantivermos
a mesma voltagem aplicada ao circuito, menor será a corrente nele
Se um cristal de um desses materiais for colocado entre duas estabelecida.
placas metálicas e sobre elas for aplicada uma variação de pressão, - A resistência única R, capaz de substituir a associação de vá-
obteremos uma ddp produzida por essa variação. O valor da dife- rias resistências R1, R2, R3, etc., em série, é denominada resistência
rença de potencial dependerá da pressão exercida sobre o conjun- equivalente do conjunto.
to.
Os cristais como fonte de energia elétrica são largamente usa- Associação de resistências em paralelo
dos em equipamentos de pequena potência como toca-discos, por
Se duas lâmpadas forem associadas de tal maneira que existam
exemplo. Outros exemplos são os isqueiros chamados de “eletrôni-
dois caminhos para a passagem da corrente de um polo da pilha
cos” e os acendedores do tipo Magiclick.
para o outro dizemos que as lâmpadas estão associadas em para-
lelo. Evidentemente, podemos associar mais de duas lâmpadas (ou
Geração de energia elétrica por ação química
Outro modo de se obter eletricidade é por meio da ação quí- outros aparelhos) em paralelo, abrindo vários caminhos para a pas-
mica. Isso acontece da seguinte forma: dois metais diferentes como sagem da corrente (isso acontece, por exemplo, com os aparelhos
cobre e zinco são colocados dentro de uma solução química (ou eletrodomésticos).
eletrólito) composta de sal (H2O + NaCL) ou ácido sulfúrico (H2O + Em uma associação de resistências em paralelo, observamos as
H2SO4), constituindo-se de uma célula primária. Seguintes características:
A reação química entre o eletrólito e os metais vai retirando os - A corrente total i, fornecida pela bateria, se divide pelas re-
elétrons do zinco. sistências da associação. A maior parte da corrente i passará na re-
Estes passam pelo eletrólito e vão se depositando no cobre. sistência de menor valor (caminho que oferece menor oposição). É
Dessa forma, obtém-se uma diferença de potencial, ou tensão, en- possível interromper a corrente em uma das resistências da asso-
tre os bornes ligados no zinco (negativo) e no cobre (positivo). ciação, sem alterar a passagem de corrente nas demais resistências.

172
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

- Quanto maior for o número de resistências ligadas em parale- • - Pode até aumentar a quantidade de carga que não alte-
lo, menor será a resistência total do circuito (tudo se passa como se ra o capacitor, não “vencendo”, portanto, o isolante. Se não tem a
estivéssemos aumentando a área total da seção reta da resistência borracha como isolante, aumentando-se a carga altera o capacitor,
do circuito). Portanto, se mantivermos inalterada a voltagem aplica- alterando a interação (ocorre passagem de corrente elétrica);
da ao circuito, maior será a corrente fornecida pela pilha ou bateria. • - E resultante diminui;
C = Eo . A / d
Fusível
Basicamente, um fusível é constituído por um fio de metal, cuja Aumentando-se a Área, aumenta a Capacidade elétrica (cons-
temperatura de fusão relativamente baixa. O chumbo e os estanho tante);
são dois metais utilizados para esse fim. O chumbo se funde a 327º Reduzindo a distância aumenta a Carga;
C e o estanho, a 232º C. - A partir de um certo momento a carga aumenta tanto que
Os fusíveis se encontram normalmente em dois lugares nas ins- vence o isolante ou dielétrico;
talações elétricas de uma residência: no quadro de distribuição e Q=C.U
junto do relógio medidor. Além disso eles estão presentes no circui- • Série:
to elétrico dos aparelhos eletrônicos, no circuito elétrico do carro, • - Q é constante;
etc. • - C é inversamente proporcional a U - U/C = Constante ; 1/
Quando há um excesso de aparelhos ligados num mesmo cir- Ceq = 1/C1 + 1/C2 Ceq (C equivalente); Ceq = C1 . C2 / C1 + C2
cuito elétrico, a corrente elétrica é elevada e provoca aquecimento
nos fios da instalação elétrica. Como o fusível faz parte do circuito Paralelo:
essa corrente elevada também o aquece. Se a corrente for maior do - U é constante;
que aquela que vem especificada no fusível: 10A, 20A, 30A, etc, o - Q e C são diretamente proporcionais - Q = C ;
seu filamento se funde (derrete).
Com o fio do fusível fundido, ou seja, o fusível queimado, o
circuito elétrico fica aberto impedindo seu funcionamento. Assim,
a função do fusível é proteger a instalação elétrica da casa, funcio-
nando como um interruptor de segurança. Sem eles, é possível que
um circuito sobrecarregado danifique um aparelho elétrico ou até
inicie um incêndio.
Quanto maior for a corrente especificada pelo fabricante,
maior a espessura do filamento.
Assim, se a espessura do filamento do fusível suporta no má-
ximo uma corrente de 10A e por um motivo qualquer a corrente Ceq = C1 + C2
exceder esse valor, a temperatura atingida pelo filamento será su- • Ligado:
ficiente para derrete-lo, e desta forma a corrente é interrompida. • - Coloca um dielétrico - Aumenta C ;
Disjuntores • - Retira o dielétrico - Reduz C ;
Modernamente, nos circuitos elétricos de residências, edifícios • - Ligado Q aumenta;
e indústrias, em vez de fusíveis, utilizam-se dispositivos baseados • - Desligado Q é constante;
no efeito magnético da corrente denominados disjuntores. • C = E . Co
Em essência, o disjuntor é uma chave magnética que se desliga
automaticamente quando a intensidade da corrente supera certo AS LEIS DA ELETRODINÂMICA E O PRINCÍPIO DA RELATIVIDA-
valor. Tem sobre o fusível a vantagem de não precisar ser trocado. DE
Uma vez resolvido o problema que provocou o desligamento, basta
religá-lo para que a circulação da corrente se restabeleça Essência da teoria da relatividade
O desenvolvimento da eletrodinâmica levou à revisão das no-
Capacitor ções de espaço e tempo.
- Armazenamento de energia;
- Q e V são diretamente proporcionais; A teoria da relatividade especial de Einstein é um novo estudo
- A energia potencial serve para a passagem de elétrons de uma do espaço e do tempo, vindo substituir as noções antigas (clássicas).
placa para outra; O princípio da relatividade na mecânica e na eletrodinâmica.
- As força de repulsão e atração determinam o deslocamento Depois de Maxwell, na segunda metade do séc. XIX, ter for-
dos elétrons em um sistema; mulado as leis fundamentais da eletrodinâmica, surgiu a seguinte
- U cria uma ddp que permite a saída do elétron; questão: será que o princípio da relatividade, verdadeiro para os
- Equilíbrio estável: Cessa a passagem de corrente elétrica. Ca- fenômenos mecânicos, se estende aos fenômenos eletromagnéti-
pacitor carregado a partir de uma corrente variável; cos? Por outras palavras, decorrerão os processos eletromagnéticos
- Capacidade elétrica: Constante de proporcionalidade entre Q (interação das cargas e correntes, propagação das ondas eletromag-
eV:C=Q/V; néticas, etc.) igualmente em todos os sistemas inerciais? Ou ainda,
- No condutor em equilíbrio eletrostático: Epot = Q2 / 2C ; o movimento uniforme e retilíneo, não influenciando os fenômenos
- Condutores em equilíbrio, igual a potencial elétrico; mecânicos, exercerá alguma influência nos processos eletromagné-
• Borracha - Isolante ou Dielétrico: ticos?
• - Atrapalha a interação entre as placas;

173
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Para responder a esta questão era necessário verificar se mo- De acordo com este ponto de vista, não são as equações do
dificariam as leis principais da eletrodinâmica na passagem de um campo magnético que estão incorretas, mas sim as leis da mecânica
sistema inercial para outro ou se, à semelhança das leis de Newton, de Newton, as quais estão de acordo com a antiga noção de espaço
elas se conservariam. Só no último caso seria possível deixar de du- e tempo. É necessário alterar as leis da mecânica, e não as leis de
vidar sobre a veracidade do princípio da relatividade nos processos eletrodinâmica de Maxwell.
eletromagnéticos e considerar este princípio como uma lei geral da Só a terceira possibilidade é que é correta. Einstein desenvol-
Natureza. veu-a gradualmente e criou uma nova concepção do espaço e do
tempo. As duas primeiras possibilidades vieram a ser rejeitadas
pela experiência.
Quando Hertz tentou mudar as leis da eletrodinâmica de Ma-
As leis da eletrodinâmica são complexas e a resolução deste xwell verificou-se que as novas equações não podiam explicar mui-
problema não era nada fácil. No entanto, raciocínios simples pa- tos fatos observados. Assim, de acordo com a teoria de Hertz, a
reciam ajudar a encontrar a resposta certa. De acordo com as leis água em movimento deverá arrastar completamente consigo a luz
da eletrodinâmica, a velocidade de propagação das ondas eletro- que se propaga nela, visto que ela arrasta o éter, onde a luz se pro-
magnéticas no vácuo é igual em todas as direções e o seu valor é paga. A experiência mostrou que na realidade isso não se passava.
c = 3.1010 cm/s. Mas, por outro lado, de acordo com o princípio da A experiência de Michelson. O ponto de vista de Lorentz, de
composição de velocidades da mecânica de Newton, a velocidade acordo com o qual deve existir um certo sistema de referência, vin-
só pode ser igual a c num dado sistema. Em qualquer outro sistema, culado ao éter mundial, que se mantém em repouso absoluto, tam-
que se mova em relação ao sistema dado com velocidade v , a velo- bém foi rejeitado por experiências diretas.
cidade da luz deveria ser igual a Se a velocidade da luz só fosse igual a 300 000 km/s num sis-
tema vinculado ao éter, então, medindo a velocidade da luz em
qualquer outro sistema inercial, poder-se-ia observar o movimento
deste sistema em relação ao éter e determinar a velocidade deste
movimento. Tal como num sistema que se mova em relação ao ar
Isto significa que se é verdadeiro o princípio da composição de surge vento, quando se dá o movimento em relação ao éter (isto,
velocidades, então, na passagem de um sistema inercial para outro, claro, admitindo que o éter existe) deveria surgir “vento de éter”.
as leis da eletrodinâmica deverão alterar-se de tal modo que neste A experiência para verificação do “vento de éter” foi realizada em
sistema a velocidade da luz, em vez de ser igual a c, será igual a 1881 pelos cientistas americanos A. MICHELSON e E. MORLEY, se-
De forma verificou-se que existiam algumas contradições en- gundo uma ideia avançada 12 anos antes por Maxwell.
tre a eletrodinâmica e a mecânica de Newton, cujas leis estão de Nesta experiência compara-se a velocidade da luz na direção
acordo com o princípio da relatividade. As tentativas de resolver as do movimento da Terra e numa direção perpendicular. A medição
dificuldades que surgiram foram feitas em três direções diferentes. foi feita com grande exatidão com o auxílio de um instrumento es-
A primeira possibilidade consistia em declarar que o princípio pecial - interferômetro de Michelson. As experiências foram realiza-
da relatividade não se podia aplicar aos fenômenos eletromagnéti- das a diferentes horas do dia e em diferentes épocas do ano. Mas
cos. Este ponto de vista foi defendido pelo grande físico holandês G. obteve-se sempre um resultado negativo: não foi possível observar
LORENTZ, fundador da teoria eletrônica. Os fenômenos eletromag- o movimento da Terra em relação ao éter.
néticos eram vistos, desde o tempo de Faraday, como processos Esta situação é semelhante à que se verificaria se, deitando a
que decorriam num meio especial, que penetra em todos os corpos cabeça de fora pela janela de um automóvel à velocidade de 100
e ocupa todo o espaço - “ o éter mundial “. Um sistema inercial km/h, não sentíssemos o vento soprando contra nós.
parado em relação ao éter é, segundo Lorentz, um sistema privile- Deste modo, a hipótese da existência de um sistema de refe-
giado. Nele, as leis da eletrodinâmica de Maxwell são verdadeiras e rência privilegiado também foi rejeitada experimentalmente. Por
têm uma forma mais simples. Só neste sistema a velocidade da luz sua vez, isto significava que não existe nenhum meio especial,
no vácuo é igual em todas as direções. “éter”, ao qual se possa vincular esse tal sistema privilegiado.
A segunda possibilidade consiste em considerar as equações de
Maxwell falsas e tentar modificá-las de tal modo que com a passa- MAGNETISMO E ELETROMAGNETISMO
gem de um sistema inercial para outro (de acordo com os habituais
conceitos clássicos de espaço e de tempo) não se alterem. Tal ten- A que se deve o magnetismo?
tativa foi feita, em particular, por G.HERTZ. Segundo Hertz, o éter Os antigos gregos já sabiam que algumas rochas, procedentes
é arrastado totalmente pelos corpos em movimento e por isso os de uma cidade da Ásia Menor chamada Magnésia, atraíam peda-
fenômenos eletromagnéticos decorrem igualmente, independente- ços de ferro. Essas rochas eram formadas por um mineral de ferro
mente do fato do corpo estar parado ou em movimento. O princípio chamado magnetita. Por extensão, diz-se dos corpos que apresen-
da relatividade é verdadeiro. tam essa propriedade que eles estão magnetizados, ou possuem
Finalmente, a terceira possibilidade da resolução das dificul- propriedades magnéticas. Assim, magnetismo é a propriedade que
dades consiste na rejeição das noções clássicas sobre o espaço e algumas substâncias têm de atrair pedaços de ferro.
tempo para que se mantenha o princípio da relatividade e as leis de
Maxwell. Este é o caminho mais revolucionário, visto que significa a
revisão das mais profundas e importantes noções da física.

174
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Gerador – Eletromagnetismo Magnetismo Terrestre:


O gerador é o elemento que cria a corrente elétrica. Ele tem
dois polos ou bornes, um positivo e outro negativo. É representado
esquematicamente por duas linhas paralelas, uma mais comprida
do que a outra. A mais comprida representa o polo positivo, e a
mais curta, o negativo.
Os geradores transformam algum tipo de energia em energia
elétrica.
Por exemplo, as pilhas e as baterias transformam energia quí-
mica em elétrica e geram corrente contínua. Algumas, porém, for-
necem pouca energia, razão pela qual são empregadas em apare-
lhos de baixo consumo, como calculadoras, relógios, lanternas, que
funcionam com pilhas de 1,5 V ou 4,5 V. Os dínamos transformam
a energia mecânica em elétrica. Os mais conhecidos são os das bi- A Terra funciona como um enorme imã cuja polaridade é inver-
cicletas, que fornecem corrente contínua. Os alternadores são ge- tida em relação a sua polaridade magnética;
radores de corrente alternada. Nas centrais hidrelétricas, térmicas
ou nucleares, os alternadores transformam a energia potencial da Campo Magnético Uniforme:
água, a calorífica ou a nuclear, em energia elétrica. É aquele que possui a mesma intensidade, a mesma direção e
o mesmo sentido em todos os seus pontos;
Sentido da corrente elétrica - As linhas de indução são paralelas e igualmente espaçadas;
A corrente elétrica é produzida pelo movimento de elétrons em - Imã: Cria campo magnético ao seu redor sem corrente elé-
um condutor. O sentido real da corrente é o do movimento de elé- trica;
trons que circulam do polo negativo ao polo positivo. Porém, uma
convenção internacional estabeleceu que o sentido da corrente elé- Experiência de Oersted (1820):
trica é o contrário do que foi descrito. Então: Foi uma experiência que mostrou a criação de campo magnéti-
O sentido convencional da corrente elétrica é o que vai do polo co ao redor de um condutor, devido a presença da corrente elétrica;
positivo ao negativo, isto é, o contrário ao movimento dos elétrons.
O CAMPO MAGNÉTICO
CAMPO MAGNÉTICO – CONCEITO INICIAL
Chama-se campo magnético de um ímã a região do espaço Os Imãs
onde se manifestam forças de origem magnética. Na Grécia antiga (século VI a.C.), em uma região denominada
Um ímã cria ao redor de si um campo magnético que é mais Magnésia, parecem ter sido feitas as primeiras observações de que
intenso em pontos perto do ímã e se enfraquece à medida que dele um certo tipo de pedra tinha a propriedade de atrair objetos de fer-
se afasta ­como o campo gravitacional. ro. Tais pedras foram mais tarde chamadas de imãs e o seu estudo
Para representar graficamente um campo magnético, utilizam- foi chamado de magnetismo.
-se as linhas de força. Se colocarmos sobre um ímã, como o da fi-
gura ao lado, uma folha de papel com limalhas de ferro, estas se
orientarão de acordo com o campo magnético. Na representação
acima, por exemplo, as linhas de força são linhas imaginárias que
reproduzem a forma como se alinharam as limalhas. O sentido das
linhas, mostrado por uma ponta de seta, é escolhido de maneira
arbitrária: saem do polo norte e entram pelo polo sul.

Imã Natural:
- Magnetita - Oxido de Ferro (Fe3O4)
Polos magnéticos com o mesmo nome se repelem e de nomes Um outro fato observado é que os imãs têm, em geral, dois
contrários se atraem - Lei das Ações Magnéticas; pontos a partir dos quais parecem se originar as forças. Quando pe-
As linhas de indução saem do polo NORTE e chegam no polo gamos, por exemplo, um irmã em forma de barra (Fig. 1) e o aproxi-
SUL (Externamente ao imã); mamos de pequenos fragmentos são atraídos por dois pontos que
estão próximos das extremidades. Tais pontos foram denominados
polos.
Quando um imã em forma de barra é suspenso de modo a po-
der girar livremente (Fig. 2), observa-se que ele tende a se orientar,
aproximadamente, na direção norte-sul. Por esse motivo, a extre-
midade que se volta para o norte geográfico foi chamada de polo
Inseparabilidade dos polos: norte (N) e a extremidade que se volta para o sul geográfico foi cha-
Secções sucessivas - Imãs moleculares; mada de polo sul

175
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Inseparabilidade dos polos


Os primeiros estudiosos tiveram a ideia de quebrar o imã, para
separar o polo norte do polo sul. Porém, ao fazerem isso tiveram
uma surpresa: no ponto onde houve a quebra, apareceram dois no-
vos polos (Fig. 5 b) de modo que os dois pedaços são dois imãs. Por
mais que se quebre o imã, cada pedaço é um novo imã (Fig 5 c).
Portanto, não é possível separar o polo norte do polo sul.

Foi a partir dessa observação que os chineses construíram as


primeiras bússolas.
Quando colocamos dois imãs próximo um do outro, observa-
mos a existência de forças com as seguintes características (Fig. 3):
• dois polos norte se repelem (Fig. 3 a);
• dois polos sul se repelem (Fig. 3 b); Um imã pode ter várias formas. No entanto, os mais usados são
• entre um polo norte e um polo sul há um par de forças de o em forma de barra e o em forma de ferradura (Fig. 6).
atração (Fig. 3 c).

O campo magnético
Para interpretar a ação dos imãs, dizemos que eles criam em
torno de e um campo, denominado indução magnética ou, sim-
Resumindo essas observações podemos dizer que: plesmente, campo magnético. Esse campo, que é representado por
polos de nomes diferentes de atraem e polos de mesmo nome tem sua direção determinada usando um pequeno imã em for-
se repelem ma de agulha (bússola). Colocamos essa bússola próxima do imã.
Quando a agulha ficar em equilíbrio, sua direção é a do campo mag-
Magnetismo da Terra nético (Fig. 7). O sentido de é aquele para o qual aponta o norte
A partir dessas observações concluímos que a Terra se compor- da agulha.
ta como se no seu interior houvesse um gigantesco imã em forma Para visualizar a ação do campo, usamos aqui o mesmo recur-
de barra (Fig. 4). Porém, medidas precisas mostram que os polos so adotado no caso do campo elétrico: as linhas de campo. Essas
desse grande imã não coincidem com os polos geográficos, embora linhas são desenhadas de tal modo que, em cada ponto (Fig. 8), o
estejam próximos. Assim: campo magnético é tangente à linha. O sentido da linha é o mesmo
• o polo norte da bússola é atraído pelo sul magnético, que sentido do campo.
está próximo do norte geográfico.
• o polo sul da bússola é atraído pelo norte magnético, que
está próximo do sul geográfico.

176
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Verifica-se aqui uma propriedade semelhante à do caso do MOVIMENTO DE CARGAS EM UM CAMPO MAGNÉTICO
campo elétrico: o campo é mais intenso onde as linhas estão mais
próximas. Assim, no caso do Fig. 8, o campo magnético no ponto A Movimento de carga elétrica no campo magnético Uniforme:
é mais intenso do que o campo no ponto B. • 1º Caso: v lançada Paralelamente a B (v // B);
As linhas de campo do campo magnético são também de linhas • - Carga não desvia - Movimento Retilíneo Uniforme;
de indução. • Fm = 0 (mínima);
• a = 0 ;
Campo magnético uniforme • M.R.U. ;
Para o caso de um imã em forma de ferradura (Fig. 9), há uma • 2º Caso: v lançada Perpendicularmente a B ;
pequena região onde o campo é uniforme. Nessa região o campo • - A força magnética exerce a função de resultante centrí-
tem o mesmo módulo, a mesma direção e o mesmo sentido em peta. M.C.U. ;
todos os seus pontos. Como consequência, as linhas de campo são • Fm = |q| . v. B ;
paralelas. • Fm = Fcp ;
• r = m . v / |q| . B - Raio da Trajetória Circular;
• a = 90º ;
• - Período (T): Tempo gasto numa volta completa:
• T = 2ñ . m / |q| . B
• ñ - Equivalente a “Pi” (3,14) ;
• 3º Caso: v lançada Obliquamente a B;
• - Movimento Helicoidal (hélice Cilíndrica) Uniforme
(M.H.U.);
• Fm = |q| . v . B . Sen(a) ;

Carga em repouso, sob a ação exclusiva do campo magnético


uniforme permanece em repouso;

Fig. 9- Na região sombreada, o campo magnético é uniforme. Força Magnética sobre condutor Retilíneo no Campo Magnéti-
co Uniforme:
Quando um imã em forma de barra é colocado numa região - Módulo: Fm = B . i . L . sen(a) ;
onde há um campo magnético uniforme (Fig. 10) fica sujeito a um - Direção: É perpendicular ao plano de B e de i ;
par de forças de mesma intensidade, mas sentidos opostos, forman- - Sentido: É dado pela regra da Mão Esquerda:
do um binário cujo momento (ou torque) M tem módulo dado por: Polegar - Fm;
• | M | = F. d Indicador - B;
Médio - i ;

Obs.: O sentido pode ser pela Regra do Tapa (mão direita) tam-
bém, onde a palma da mão indica a Fm, o polegar o i e os demais
dedos o campo B;

Força Magnética entre condutores Paralelos:

Condutores paralelos percorridos por correntes elétricas de


mesmo sentido se atraem e de sentidos opostos se repelem;
Fm = µo . i1 . i2 . L / 2ñr
ñ - Equivalente a “Pi” (3,14) ;

177
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

FORÇA MAGNÉTICA O Campo Magnético De Uma Corrente


Força sobre partícula carregada Para um elemento dl, de um fio percorrido por uma corrente
I, sendo A a área da seção reta do fio e, n o número de cargas por
Consideremos uma partícula com carga Q≠ 0. Quando essa unidade de volume, a carga dQ, atravessando a seção reta do fio na
partícula é lançada com velocidade numa região em que exis- posição do elemento dl será dada por:
te apenas um campo magnético às vezes essa partícula sofre a dQ = n A q dl
ação de uma força que depende de
Sendo v, a velocidade de transporte das cargas na corrente elé-
Observa-se que a força é nula quando tem a mesma dire- trica I, temos pela relação anterior, que o elemento de carga dQ,
ção de gera um campo magnético elementar dado por :
dB = k dQ v senq/r2
onde q é o ângulo entre as direções orientadas de v e r

Então, temos que :


dB = k n A q v dl senq/r2

Como
I=nqAv

reescrevemos a expressão para o campo magnético elemen-


tar, dB, gerado pelo elemento do fio condutor que está na origem,
LEI DE BIOT – SAVART como :
dB = k I (dl x r/r3)
As Fontes do Campo Magnético onde r3 é o cubo do módulo do vetor posição r.
Inicialmente não procuramos definir as causas do campo mag-
nético B. Agora, após formada a ideia de campo, vamos estabelecer Para podermos calcular o campo magnético B gerado por uma
as suas fontes, isto é, o que cria ou gera um campo magnético. corrente I, circulando num fio condutor, em uma posição r, preci-
O campo de uma partícula em movimento. samos, inicialmente, considerar o fato de que todo o condutor
não pode estar na origem do sistema de coordenadas, mas o que
r representa é o vetor posição do ponto onde queremos calcular o
campo B em relação ao elemento de arco do condutor que gera o
campo.

Mencionamos que a correlação entre Magnetismo e Eletricida- Assim chamando de r’ o vetor posição do elemento de arco do
de, está associada a um efeito relativístico. Tal demonstração pode circuito, com relação ao sistema de referência usado no problema,
ser desenvolvida a partir de certos conhecimentos, até o momento r-r’ será o vetor correspondente ao vetor r da expressão anterior.
ainda não disponíveis, a nosso nível. Portanto:
Admitamos que uma carga elétrica, q , esteja em movimento B = ò k I dlx(r-r’) /(r-r’)3
com velocidade v. Ela gera em torno de si um campo magnético B, com a mesma notação anterior para o termo elevado ao cubo.
que obedece à seguinte relação vetorial:
B = k qvxur/r2 Esta expressão também é conhecida como lei de Biot-Savart,
onde k é uma constante de proporcionalidade a ser definida. para o campo magnético B. A direção do campo magnético é conhe-
cida quando se coloca a mão direita em torno do fio, com o polegar
Observe-se que, diferentemente do campo elétrico E, o cam- ao longo da direção da corrente elétrica I : a direção dos outros
po magnético B da partícula não está alinhado com ela, e sim per- dedos da mão indicam a direção de B.
pendicular ao plano formado pelo vetor posição r do ponto P onde
queremos calcular o campo, e o vetor velocidade v da partícula que
está gerando o campo B.

178
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

CAMPO MAGNÉTICO DE CONDUTORES RETILÍNEOS Caso 2 – Forças perpendiculares.


Quando temos um fio percorrido por corrente elétrica e sob a
ação de um campo magnético, cada partícula que forma a corrente
poderá estar submetida a uma força magnética e assim haverá uma
força magnética atuando no fio. Vamos considerar o caso mais sim-
ples em que um fio retilíneo, de comprimento L é percorrido por
corrente elétrica de intensidade i e está numa região onde há um
campo magnético uniforme

Sendo α o plano determinado pelo fio e pelo campo (Fig. 14)


a força sobre o fio é perpendicular a αe tem sentido dado pela Caso 3 – Forças com mesma direção e sentidos opostos
regra da mão esquerda como ilustra a figura. O módulo é dado por:
F = B. i. L. sem θ (VI

LEIS DE NEWTON.

As leis de Newton
A cinemática é o ramo da ciência que propõe um estudo so-
bre movimento, sem, necessariamente se preocupar com as suas
causas.
Quando partimos para o estudo das causas de um movimento, Caso 4 – Caso Geral – Com base na lei dos Cossenos
aí sim, falamos sobre a dinâmica. Da dinâmica, temos três leis em
que todo o estudo do movimento pode ser resumido. São as cha-
madas leis de Newton:
Primeira lei de Newton – a lei da inércia, que descreve o que
ocorre com corpos que estão em equilíbrio.
Segunda lei de Newton – o princípio fundamental da dinâmica,
que descreve o que ocorrer com corpos que não estão em equilí-
brio.
Terceira lei de Newton – a lei da ação e reação, que explica o
comportamento de dois corpos interagindo entre si.

Força Resultante A Segunda lei de Newton


A determinação de uma força resultante é definida pela inten- Quando há uma força resultante, caímos na segunda lei de
sidade, direção e sentido que atuam sobre o objeto. Veja diferentes Newton que diz que, nestas situações, o corpo irá sofrer uma ace-
cálculos da força resultante: leração. Força resultante e aceleração são duas grandezas físicas
intimamente ligadas e diretamente proporcionais, ou seja, se au-
Caso 1 – Forças com mesma direção e sentido. mentarmos a força, aumentamos a aceleração na mesma propor-
ção. Essa constante é a massa do corpo em que é aplicada a força
resultante. Por isso, a segunda lei de Newton é representada mate-
maticamente pela fórmula:

A segunda lei de Newton também nos ensina que força resul-


tante e aceleração serão vetores sempre com a mesma direção e
sentido.
Unidades de força e massa no Sistema Internacional:
Força – newton (N).
Massa – quilograma (kg).

179
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

A terceira Lei de Newton em uma superfície mais lisa, e chegou a conclusão que o corpo per-
A terceira lei, também conhecida como lei da ação e reação corria uma distância maior após cessar a ação da força, concluindo
diz que, se um corpo faz uma força em outro, imediatamente ele que o corpo parava, após cessado o empurrão, em virtude da ação
receberá desse outro corpo uma força de igual intensidade, igual do atrito entre a superfície e o corpo, cujo efeito sempre seria re-
direção e sentido oposto à força aplicada, como é mostrado na fi- tardar o seu movimento. Segundo a conclusão do próprio Galileu
gura a seguir. podemos considerar que: se um corpo estiver em repouso, é ne-
cessária a ação de uma força sobre ele para colocá-lo em movimen-
to. Uma vez iniciado o movimento, cessando a ação das forças que
atuam sobre o corpo, ele continuará a se mover indefinidamente,
em linha reta, com velocidade constante.

Todo corpo que permanece em sue estado de repouso ou de


movimento, é considerado segundo Galileu como um corpo em es-
Leis de Newton tado de Inércia. Isto significa que se um corpo está em inércia, ele
Em primeiro lugar, para que se possa entender as famosas leis ficará parado até que sob ele seja exercida uma ação para que ele
de Newton, é necessário ter o conhecimento do conceito de for- possa sair de tal estado, onde se a força não for exercida o corpo
ça. Assim existem alguns exemplos que podem definir tal conceito, permanecerá parado. Já um corpo em movimento em linha reta,
como a força exercida por uma locomotiva para arrastar os vagões, em inércia, também deverá ser exercido sob ele uma força para
a força exercida pelos jatos d’água para que se acione as turbinas movimentá-lo para os lados, diminuindo ou aumentando a sua ve-
ou a força de atração da terra sobre os corpos situados próximo à locidade. Vários são os estados onde tal conceito de Galileu pode
sua superfície. Porém é necessário também definir o seu módulo, ser apontado, como um carro considerado corpo pode se movi-
sua direção e o seu sentido, para que a força possa ser bem enten- mentar em linha reta ou como uma pessoa dormindo estando em
dida, sendo que o conceito que melhor a defini é uma grandeza repouso (por inércia), tende a continuar em repouso.
vetorial e poderá, portanto ser representada por um vetor. Então
podemos concluir que: peso de um corpo é a força com que a terra Primeira Lei de Newton
atrai este corpo. A primeira lei de Newton pode ser considerada como sendo
uma síntese das ideias de Galileu, pois Newton se baseou em es-
Podemos definir as forças de atração, como aquela em que se tudos de grandes físicos da Mecânica, relativas principalmente a
tem a necessidade de contato entre os corpos (ação à distância). Inércia; por este fato pode-se considerar também a primeira lei de
Para que se possa medir a quantidade de força usada em nossos Newton como sendo a lei da Inércia. Conforme Newton, a primeira
dias, os pesquisadores estabeleceram a medida de 1 quilograma Lei diz que: Na ausência de forças, um corpo em repouso continua
força = 1 kgf, sendo este o peso de um quilograma-padrão, ao nível em repouso e um corpo em movimento move-se em linha reta,
do mar e a 45º de latitude. Um dinamômetro, aparelho com o qual com velocidade constante. Para que ocorra um equilíbrio de uma
se consegue saber a força usada em determinados casos, se monta partícula é necessário que duas forças ajam em um corpo, sendo
colocando pesos de 1 kgf, 2 kgf, na extremidade de uma mola, onde que as mesmas podem ser substituídas por uma resultante r das
as balanças usadas em muitas farmácias contém tal método, onde duas forças exercidas, determinada em módulo, direção e sentido,
podemos afirmar que uma pessoa com aproximadamente 100 Kg, pela regra principal do paralelogramo.
pesa na realidade 100 kgf. Podemos concluir que: quando a resultante das forças que atu-
am em um corpo for nula, se ele estiver em repouso continuará em
Outra unidade para se saber a força usada, também muito uti- repouso e, se ele estiver em movimento, estará se deslocando com
lizada, é o newton, onde 1 newton = 1 N e eqüivale a 1kgf = 9,8 N. movimento retilíneo uniforme. Para que uma partícula consiga o
Portanto, conforme a tabela, a força de 1 N eqüivale, aproximada- seu real equilíbrio é necessário que:
mente, ao peso de um pacote de 100 gramas (0,1 kgf). Segundo - a partícula esteja em repouso
Aristóteles, ele afirmava que “um corpo só poderia permanecer em - a partícula esteja em movimento retilíneo uniforme.
movimento se existisse uma força atuando sobre ele. Então, se um
corpo estivesse em repouso e nenhuma força atuasse sobre ele, Segunda Lei de Newton
este corpo permaneceria em repouso. Quando uma força agisse Para que um corpo esteja em repouso ou em movimento re-
sobre o corpo, ele se poria em movimento mas, cessando a ação tilíneo uniforme, é necessário que o mesmo encontre-se com a re-
da força, o corpo voltaria ao repouso” conforme figura abaixo. A sultante das forças que atuam sobre o corpo, nula, conforme vimos
primeira vista tais idéias podem estas certas, porém com o passar anteriormente. Um corpo, sob a ação de uma força única, adquire
do tempo descobriu-se que não eram bem assim. uma aceleração, isto é, se F diferente de 0 temos a (vetor) diferente
de 0. Podemos perceber que:
Segundo Galileu, devido às afirmações de Aristóteles, decidiu - duplicando F, o valor de a também duplica.
analisar certas experiências e descobriu que uma esfera quando - triplicando F, o valor de a também triplica.
empurrada, se movimentava, e mesmo cessando a força principal,
a mesma continuava a se movimentar por um certo tempo, geran- Podemos concluir que:
do assim uma nova conclusão sobre as afirmações de Aristóteles. - a força F que atua em um corpo é diretamente proporcional à
Assim Galileu, verificou que um corpo podia estar em movimento aceleração a que ela produz no corpo, isto é, F α a.
sem a ação de uma força que o empurrasse, conforme figura de- - a massa de um corpo é o quociente entre a força que atua no
monstrando tal experiência. Galileu repetiu a mesma experiência corpo e a aceleração que ela produz nele, sendo:

180
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

M=F que nunca acontece. Podemos considerar o atrito, como sendo a


A tendência de um corpo não se movimentar em contato com a su-
perfície. O corpo em repouso indica que vai continuar em repouso,
Quanto maior for a massa de um corpo, maior será a sua inér- pois as forças resultantes sobre o corpo é nula. Porém deve existir
cia, isto é, a massa de um corpo é uma medida de inércia deste uma força que atuando no corpo faz com que ele permaneça em
corpo. A resultante do vetor a terá sempre a mesma direção e o repouso, sendo que este equilíbrio (corpo em repouso e superfí-
mesmo sentido do vetor F , quando se aplica uma força sobre um cie) é consequência direta do atrito, denominada de força de atrito.
corpo, alterando a sua aceleração. De acordo com Newton, a sua Podemos então perceber que existe uma diferença muito grande
Segunda Lei diz o seguinte: A aceleração que um corpo adquire é entre atrito e força de atrito.
diretamente proporcional à resultante das forças que atuam nele e Podemos definir o atrito como: a força de atrito estático f, que
tem a mesma direção e o mesmo sentido desta resultante, sendo atua sobre um corpo é variável, estando sempre a equilibrar as
uma das leis básicas da Mecânica, utilizada muito na análise dos forças que tendem a colocar o corpo em movimento. A força de
movimentos que observamos próximos à superfície da Terra e tam- atrito estático cresce até um valor máximo. Este valor é dado em
bém no estudo dos movimentos dos corpos celestes. micras, onde a micras é o coeficiente de atrito estático entre as
Para a Segunda Lei de Newton, não se costuma usar a medida superfícies. Toda força que atua sobre um corpo em movimento é
de força de 1 kgf (quilograma-força); sendo utilizado o Sistema In- denominada de força de atrito cinético. Pequena biografia de Isaac
ternacional de Unidades (S.I.), o qual é utilizado pelo mundo todo, Newton: Após a morte de Galileu, em 1642, nascia uma na pequena
sendo aceito e aprovado conforme decreto lei já visto anteriormen- cidade da Inglaterra, Issac Newton, grande físico e matemático que
te. As unidades podem ser sugeridas, desde que tenham-se como formulou as leis básicas da Mecânica. Foi criado por sua avó sendo
padrões as seguintes medidas escolhidas pelo S.I.: abandonado quando ainda criança, pela mãe, marcando a vida de
A unidade de comprimento: 1 metro (1 m) Newton pelo seu temperamento tímido, introspectivo, intolerante
A unidade de massa: 1 quilograma (1 Kg) que o caracterizou quando adulto. Com a morte de seu padrasto,
A unidade de tempo: 1 segundo (s) é solicitado a assumir a fazenda da família, demonstrando pouco
interesse, tornando-se num verdadeiro fracasso.
O Sistema MKS, é assim conhecido por ser o Sistema Interna- Aos 18 anos, em 1661, Newton é enviado ao Trinity College da
cional da Mecânica, de uso exclusivo dessa área de atuação, pelos Universidade de Cambridge (próximo a Londres), para prosseguir
profissionais. Para as unidades derivadas, são obtidas a partir de seus estudos. Dedicou-se primeiramente ao estudo da Matemáti-
unidades fundamentais, conforme descreve o autor: ca e em 1664, escrevia seu primeiro trabalho (não publicado) com
De área (produto de dois comprimentos) = 1 m X 1 m X 1 m² apenas 21 anos de idade, sob a forma de anotações, denominado
De volume (produto de três comprimentos) = 1 m X 1 m X 1 m “Algumas Questões Filosóficas”. Em 1665, com o avanço da peste
= 1 m³ negra (peste bubônica), newtom retornou a sua cidade natal, refu-
De velocidade (relação entre comprimento e tempo) = 1m/1s= giando-se na tranqüila fazenda de sua família, onde permaneceu
1 m/s por 18 meses, até que os males da peste fossem afastados, permi-
De aceleração (entre velocidade e tempo) = 1 m/s/1s = 1 m/s² tindo o seu retorno a Cambridge. Alguns trabalhos executados por
Newton durante seu refúgio:
Podemos definir que: 1 N = 1 g m/s², ou seja, 1 N é a força que, - Desenvolvimento em série da potência de um binômio en-
atuando na massa de 1 Kg, imprime a esta massa a aceleração de sinado atualmente nas escolas com o nome de “binômio de New-
1 m/s². Para a Segunda Lei de Newton, deve-se usar as seguintes ton”.
unidades: - Criação e desenvolvimento das bases do Cálculo Diferencial
R (em N) e do Cálculo Integral, uma poderosa ferramenta para o estudo dos
m (em kg) fenômenos físicos, que ele próprio utilizou pela primeira vez.
a(em m/s²) - Estudo de alguns fenômenos óticos, que culminaram com a
elaboração de uma teoria sobre as cores dos corpos.
Terceira Lei de Newton - Concepção da 1º e da 2º leis do movimento (1º e 2º leis de
Segundo Newton, para que um corpo sofra ação é necessário Newton), lançando, assim, as bases da Mecânica.
que a ação provocada para tal movimentação, também seja provo- - Desenvolvimento das primeiras idéias relativas à Gravidade
cada por algum outro tipo de força. Tal definição ocorreu segun- Universal.
do estudos no campo da Dinâmica. Além disso, Newton, percebeu
também que na interação de dois corpos, as forças sempre se apre- Em 1667, retornando a Cambridge, dedicou-se a desenvolver
sentam aos pares: para cada ação de um corpo sobre outro existirá as ideias que havia concebido durante o tempo que permaneceu
sempre uma ação contraria e igual deste outro sobre o primeiro. afastado da Universidade. Aos 50 anos de idade Newton, aban-
Podemos concluir que: Quando um corpo A exerce uma força sobre donava a carreira universitária em busca de uma profissão mais
um corpo B, o corpo B reage sobre A com uma força de mesmo rendosa. Em 1699 foi nomeado diretor da Casa da Moeda de Lon-
módulo, mesma direção e de sentido contrário. dres, recebendo vencimentos bastante elevados, quetornaram um
As forças de ação e reação são enunciadas conforme a tercei- homem rico. Neste cargo, desempenhou brilhante missão, conse-
ra lei de Newton, sendo que a ação está aplicada em um corpo, e guindo reestruturar as finanças inglesas, então bastante abaladas.
a reação está aplicada no corpo que provocou a ação, isto é, elas Foi membro do Parlamento inglês, em 1705, aos 62 anos de idade,
estão aplicadas em corpos diferentes. As forças de ação e reação sagrando-se cavaleiro pela rainha da Inglaterra, o que lhe dava con-
não podem se equilibrar segundo Newton, porque para isso, seria dição de nobreza e lhe conferia o título de “Sir”, passando a ser
necessário que elas estivessem aplicadas em um mesmo corpo, o tratado como Sir Issac Newton. Até 1703 até a sua morte em 1727,

181
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Newton permaneceu na presidência da Real Academia de Ciências Podemos resumir o comportamento do módulo da força de
de Londres. Com a modéstia própria de muitos sábios, Newton afir- atrito em função de uma força externa aplicada a um corpo, a par-
mava que ele conseguiu enxergar mais longe do que os outros cole- tir do gráfico ao lado.
gas porque se apoiou em “ombros de gigantes”.
Note-se nesse gráfico que, para uma pequena força aplicada
Aplicações Envolvendo Forças de Atrito ao corpo, a força de atrito é igual à mesma. A força de atrito surge
Podemos perceber a existência da força de atrito e entender as tão somente para impedir o movimento. Ou seja, ela surge para
suas características através de uma experiência muito simples. To- anular a força aplicada. No entanto, isso vale até um certo ponto.
memos uma caixa bem grande, colocada no solo, contendo madei- Quando o módulo da força aplicada for maior do que
ra. Podemos até imaginar que, à menor força aplicada, ela se deslo-
cará. Isso, no entanto, não ocorre. Quando a caixa ficar mais leve, à
medida que formos retirando a madeira, atingiremos um ponto no
qual conseguiremos movimentá-la. A dificuldade de mover a caixa O corpo se desloca. Esse é o valor máximo atingido pela força
é devida ao surgimento da força de atrito Fat entre o solo e a caixa. de atrito. Quando o corpo se desloca, a força de atrito diminui, se
mantém constante e o seu valor é

Várias experiências como essa levam-nos às seguintes proprie-


dades da força de atrito (direção, sentido e módulo):
Direção: As forças de atrito resultantes do contato entre os
dois corpos sólidos são forças tangenciais à superfície de contato.
No exemplo acima, a direção da força de atrito é dada pela direção
horizontal. Por exemplo, ela não aparecerá se você levantar a caixa.
Sentido: A força de atrito tende sempre a se opor ao movimen- Origem da Força de Atrito
to relativo das superfícies em contato. Assim, o sentido da força A força de atrito se origina, em última análise, de forças intera-
de atrito é sempre o sentido contrário ao movimento relativo das tômicas, ou seja, da força de interação entre os átomos.
superfícies Quando as superfícies estão em contato, criam-se pontos de
aderência ou colagem (ou ainda solda) entre as superfícies. É o re-
sultado da força atrativa entre os átomos próximos uns dos outros.
Se as superfícies forem muito rugosas, a força de atrito é gran-
de porque a rugosidade pode favorecer o aparecimento de vários
pontos de aderência.
Isso dificulta o deslizamento de uma superfície sobre a outra.
Módulo: Sobre o módulo da força de atrito cabem aqui alguns Assim, a eliminação das imperfeições (polindo as superfícies) dimi-
esclarecimentos: enquanto a força que empurra a caixa for peque- nui o atrito. Mas isto funciona até um certo ponto. À medida que
na, o valor do módulo da força de atrito é igual à força que empur- a superfície for ficando mais e mais lisa o atrito aumenta. Aumen-
ra a caixa. Ela anula o efeito da força aplicada.Uma vez iniciado o ta-se, no polimento, o número de pontos de “solda”. Aumenta-
movimento, o módulo da força de atrito é proporcional à força (de mos o número de átomos que interagem entre si. Pneus “carecas”
reação) do plano-N. reduzem o atrito e, por isso, devem ser substituídos. No entanto,
pneus muito lisos (mas bem constituídos) são utilizados nos carros
Escrevemos: de corrida.

O coeficiente é conhecido como coeficiente de atrito. Como Força de Atrito no Cotidiano


a força de atrito será tanto maior quanto maior for , vê-se que A força de atrito é muito comum no nosso mundo físico. É ela
ele expressa propriedades das superfícies em contato (da sua ru- que torna possível o movimento da grande maioria dos objetos que
gosidade, por exemplo). Em geral, devemos considerar dois coefi- se movem apoiados sobre o solo. Vamos dar três exemplos:
cientes de atrito: um chamado cinemático e outro, estático, .
Em geral, , refletindo o fato de que a força de atrito é ligeira- Movimento dos Animais
mente maior quando o corpo está a ponto de se deslocar (atrito es- Os animais usam as patas ou os pés (o caso do homem) para
tático) do que quando ela está em movimento (atrito cinemático). se movimentar. O que esses membros fazem é comprimir o solo e
O fato de a força de atrito ser proporcional à força de reação forçá-lo ligeiramente para trás. Ao fazê-lo surge a força de atrito.
normal representa a observação de que é mais fácil empurrar uma Como ela é do contra (na direção contrária ao movimento), a força
caixa à medida que a vamos esvaziando. Representa também por de atrito surge nas patas ou pés impulsionando os animais ou o
que fica mais difícil empurrá-la depois que alguém se senta sobre homem para frente.
ela (ao aumentar o peso N também aumenta).

182
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Movimento dos Veículos a motor A unidade da quantidade de movimento linear no SI é o quilo-


As rodas dos veículos, cujo movimento é devido à queima de grama.metro por segundo(kg.m/s).
combustível do motor, são revestidas por pneus. A função dos
pneus é tirar o máximo proveito possível da força de atrito (com Sistema mecânico
o intuito de tirar esse proveito máximo, as equipes de carros de Diz-se que um sistema está mecanicamente isolado quando o
corrida trocam frequentemente os pneus). somatório das forças externas é nulo.
Os pneus, acoplados às rodas, impulsionam a Terra para trás.
O surgimento da força de atrito impulsiona o veículo para frente. Consideremos um casal patinando sobre uma pista de gelo,
desprezando os efeitos do ar e as forças de atrito entre a pista e
Quando aplicamos o freio vale o mesmo raciocínio anterior e as botas que eles estão usando. Veja que na vertical, a força peso é
a força de atrito atua agora no sentido contrário ao do movimento equilibrada com a normal, ou seja P = N, tanto no homem quanto
do veículo como um todo. na mulher, e neste eixo as forças se cancelam.
Mesmo que o casal resolva empurrar um ao outro (a terceira
Impedindo a Derrapagem lei de newton garante que o empurrão é sempre mútuo), não ha-
A força de atrito impede a derrapagem nas curvas, isto é, o verá força externa resultante uma vez que a força externa expressa
deslizamento de uma superfície - dos pneus - sobre a outra (o as- a interação de um ente pertencente ao sistema com outro exter-
falto). no ao sistema: apesar de haver força resultante tanto no homem
como sobre a mulher, ambos estão dentro do sistema em ques-
Momento linear, conservação do momento linear, impulso e tão, e estas forças são forças internas ao mesmo. Na ausência de
variação do momento linear forças externas há conservação do momento linear do sistema. A
O Momento linear (também chamado de quantidade de mo- conservação do momento linear permite calcular a razão entre a
vimento linear ou momentum linear, a que a linguagem popular velocidade do homem e a velocidade da mulher após o empurrão,
chama, por vezes, balanço ou “embalo”) é uma das duas grandezas conhecidas as suas massas e velocidades iniciais: Como o momento
físicas fundamentais necessárias à correta descrição do inter-rela- total deve ser conservado, a variação da velocidade do homem é
cionamento (sempre mútuo) entre dois entes ou sistemas físicos. A VH = − MM / MHVM, onde VM é a variação da velocidade da mulher.
segunda grandeza é a energia. Os entes ou sistemas em interação A variação da quantidade de movimento é chamada Impulso.
trocam energia e momento, mas o fazem de forma que ambas as
grandezas sempre obedeçam à respectiva lei de conservação.
Em mecânica clássica o momento linear é definido pelo pro- Fórmula: I = ΔP = Pf − Po
duto entre massa e velocidade de um corpo. É uma grandeza ve- I = Impulso, a unidade usada é N.s (Newton vezes segundo)
torial, com direção e sentido, cujo módulo é o produto da massa
pelo módulo da velocidade, e cuja direção e sentido são os mesmos Lei da Variação do Momento Linear (ou da Variação da Quan-
da velocidade. A quantidade de movimento total de um conjunto tidade de Movimento)
de objetos permanece inalterada, a não ser que uma força externa O impulso de uma força constante que actua num corpo du-
seja exercida sobre o sistema. Esta propriedade foi percebida por rante um intervalo de tempo é igual à variação do momento linear
Newton e publicada na obra Philosophiæ Naturalis Principia Ma- desse corpo, nesse intervalo de tempo,
thematica, na qual Newton define a quantidade de movimento e
demonstra a sua conservação.
Particularmente importante não só em mecânica clássica como
em todas as teorias que estuam a dinâmica de matéria e energia ou seja,
(relatividade, mecânica quântica, etc.), é a relação existente entre
o momento e a energia para cada um dos entes físicos. A relação
entre energia e momento é expressa em todas as teorias dinâmi-
cas, normalmente via uma relação de dispersão para cada ente, e Princípio da Conservação do Momento Linear
grandezas importantes como força e massa têm seus conceitos di- Quando dois ou mais corpos interagem, o momento linear des-
retamente relacionados com estas grandezas. se sistema (conjunto dos corpos) permanece constante:

Fórmulas
Na física clássica, a quantidade de movimento linear ( )é
definida pelo produto de massa ( ) e velocidade ( ). Colisões entre partículas, elásticas e inelásticas, uni e bidi-
mensionais
Empregamos o termo de colisão para representar a situação na
qual duas ou mais partículas interagem durante um tempo muito
O valor é constante em sistemas nos quais não há forças exter- curto. Supomos que as forças impulsivas devidas a colisão são mui-
nas atuando. to maiores que qualquer outra força externa presente.
O momento linear total é conservado nas colisões. No entanto,
Mesmo em uma colisão inelástica - onde a conservação da a energia cinética não se conserva devido a que parte da energia
energia mecânica não é observada - a conservação do momento cinética se transforma em energia térmica e em energia potencial
linear permanece válida se sobre o sistema não atuar força externa elástica interna quando os corpos se deformam durante a colisão.
resultante.

183
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Definimos colisão inelástica como a colisão na qual não se con- Colocando-se as massas mA e mB em evidência, temos
serva a energia cinética. Quando dois objetos que chocam e ficam
juntos depois do choque dizemos que a colisão é perfeitamente
inelástica. Por exemplo, um meteorito que se choca com a Terra.
podendo ser escrito como
Em uma colisão elástica a energia cinética se conserva. Por
exemplo, as colisões entre bolas de bilhar são aproximadamente
elásticas. A nível atômico as colisões podem ser perfeitamente elás- Reescrevendo a primeira equação após colocarmos as massas
ticas. em evidência tem-se

Dividindo-se a segunda equação pela terceira equação encon-


tramos
A grandeza Q é a diferença entre as energias cinéticas depois
e antes da colisão. Q toma o valor zero nas colisões perfeitamente
elásticas, porém pode ser menor que zero se no choque se perde
energia cinética como resultado da deformação, ou pode ser maior em termos das velocidades relativas antes e depois do choque,
que zero, se a energia cinética das partículas depois da colisão é a quarta equação terá a forma
maior que a inicial, por exemplo, na explosão de uma granada ou
na desintegração radiativa, parte da energia química ou energia nu-
clear se converte em energia cinética dos produtos.
Para o cálculo da colisão elástica, empregamos a primeira e a
Coeficiente de Restituição quinta equação em conjunto. A relação entre a velocidade relativa
Foi encontrado experimentalmente que em uma colisão fron- dos dois corpos depois do choque e a velocidade relativa dos cor-
tal de duas esferas sólidas como as que experimentam as bolas de pos antes do choque é denominada coeficiente de restituição e,
bilhar, as velocidades depois do choque estão relacionadas com as mostrado na sexta equação.
velocidades antes do choque, pela expressão

O coeficiente de restituição “e” assume sempre o valor e = 1


para a colisão perfeitamente elástica.

Colisão Inelástica
onde e é o coeficiente de restituição e tem um valor entre 0 Para dois corpos A e B em colisão inelástica, há perda de ener-
e 1, relação foi proposta por Newton . O valor de um é para um gia cinética, mas conservando-se a energia mecânica. Após o cho-
choque perfeitamente elástico e o valor de zero para um choque que, os corpos deslocam-se em conjunto com velocidades finais
perfeitamente inelástico. iguais e um coeficiente de restituição e = 0.
O coeficiente de restituição é a razão entre a velocidade rela-
tiva de afastamento depois do choque, e a velocidade relativa de Como é válida a conservação da quantidade de movimento
aproximação antes do choque das partículas.

Colisão Elástica
Para dois corpos A e B em colisão elástica, não há perda de O que é importante relembrar? As colisões são divididas em
energia cinética (conservação da energia) entre os instantes antes e dois grupos: as Elásticas e as Inelásticas (essa subdivida em coli-
depois do choque. As energias cinéticas são escritas como sões inelásticas e perfeitamente inelásticas). A colisão inelástica
tem como característica o fato do momento linear do sistema se
conservar, mas a energia cinética do sistema não. A colisão elástica
tem como propriedade o fato de tanto o momento linear como a
energia cinética do sistema se conservarem.

A quantidade de movimento é conservada por ser nulo o so- Estudo das Colisões
matório das forças externas e para os dois corpos A e B os seus Quando dois corpos colidem como, por exemplo, no choque
momentos lineares antes e depois da colisão são dados por: entre duas bolas de bilhar, pode acontecer que a direção do mo-
vimento dos corpos não seja alterada pelo choque, isto é, eles se
movimentam sobre uma mesma reta antes e depois da colisão.
Quando isso acontece, dizemos que ocorreu uma colisão unidimen-
sional.

184
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Entretanto, pode ocorrer que os corpos se movimentem em di-


reções diferentes, antes ou depois da colisão. Nesse caso, a colisão
é denominada de colisão bidimensional.
Para uma colisão unidimensional entre duas partículas, temos
que:
A área do triângulo da figura é (0.05·50)/2=1.25 J

Quando a força é constante, o trabalho é obtido multiplicando


Conceito de Trabalho a componente da força ao longo do deslocamento pelo desloca-
Se denomina trabalho infinitesimal, ao produto escalar do ve- mento.
tor força pelo vetor deslocamento.
W=Ft·s

Exemplo:
Calcular o trabalho de uma força constante de 12 N, cujo ponto
de aplicação se translada 7 m, se o ângulo entre as direções da for-
ça e do deslocamento são 0º, 60º, 90º, 135º, 180º.

Onde Ft é a componente da força ao longo do deslocamento,


ds é o módulo do vetor deslocamento dr, e qo ângulo que forma o
vetor força com o vetor deslocamento.

O trabalho total ao longo da trajetória entre os pontos A e B é


a soma de todos os trabalhos infinitesimais

Seu significado geométrico é a área sob a representação gráfi-


ca da função que relaciona a componente tangencial da força Ft, e
o deslocamento s. - Se a força e o deslocamento tem o mesmo sentido, o trabalho
é positivo
- Se a força e o deslocamento tem sentidos contrários, o tra-
balho é negativo
- Se a força é perpendicular ao deslocamento, o trabalho é
nulo.

Conceito de Energia Cinética


Suponhamos que F é a resultante das forças que atuam sobre
Exemplo: Calcular o trabalho necessário para alongar uma uma partícula de massa m. O trabalho desta força é igual a diferen-
mola 5 cm, se a constante da mola é 1000 N/m. ça entre o valor final e o valor inicial da energia cinética da partícula.

A força necessária para deformar uma mola é F=1000·x N,


onde x é a deformação. O trabalho desta força é calculado median-
te a integral

Na primeira linha aplicamos a segunda lei de Newton; a com-


ponente tangencial da força é igual ao produto da massa pela ace-
leração tangencial.

Na segunda linha, a aceleração tangencial at é igual a derivada


do módulo da velocidade, e o quociente entre o deslocamento ds
e o tempo dt gasto em deslocar-se é igual a velocidade v do móvel.
Define-se energia cinética pela expressão

185
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

As variáveis x e y são relacionadas através da equação da tra-


jetória y=f(x), e os deslocamentos infinitesimais dx e dy são relacio-
nadas através da interpretação geométrica da derivada dy=f’(x)·dx.
onde f’(x) quer dizer, derivada da função f(x) relativo a x.

O teorema do trabalho-energia indica que o trabalho da re-


sultante das forças que atuam sobre uma partícula modifica sua
energia cinética.
Exemplo: Achar a velocidade com a qual sai uma bala depois
de atravessar uma tabela de 7 cm de espessura e que opõe uma
resistência constante de F=1800 N. A velocidade inicial da bala é de
450 m/s e sua massa é de 15 g.
O trabalho realizado pela força F é -1800·0.07=-126 J Vamos calcular o trabalho em cada um dos ramos e o trabalho
total no caminho fechado.

- Ramo AB
Trajetória y=x2/3, dy=(2/3)x·dx.

A velocidade final v é

Força Conservativa - Energia Potencial - Ramo BC


Uma força é conservativa quando o trabalho de desta força é A trajetória é a reta que passa pelos pontos (0,1) e (3,3). Se
igual a diferença entre os valores inicial e final de uma função que trata de uma reta de inclinação 2/3 e cuja ordenada na origem é 1.
só depende das coordenadas. A dita função é denominada energia
potencial. y=(2/3)x+1, dy=(2/3)·dx

O trabalho de uma força conservativa não depende do cami-


nho seguido para ir do ponto A ao ponto B.
O trabalho de uma força conservativa ao longo de um caminho
fechado é zero.
- Ramo CA
A trajetória é a reta x=0, dx=0, A força F=0 e por tanto, o tra-
balho WCA=0
O trabalho total
Exemplo: Sobre uma partícula atua a força F=2xyi+x2j N WABCA=WAB+WBC+WCA=27+(-27)+0=0

Calcular o trabalho efetuado pela força ao longo do caminho O Peso é uma Força Conservativa
fechado ABCA. Calculemos o trabalho da força peso F=-mg j quando o corpo
- A curva AB é um ramo de parábola y=x2/3. se desloca da posição A cuja ordenada é yA até a posição B cuja
- BC é o segmento de reta que passa pelos pontos (0,1) e (3,3) e ordenada é yB.
- CA é a porção do eixo Y que vai desde a origem ao ponto (0,1)

O trabalho infinitesimal dW é o produto escalar do vetor força


pelo vetor deslocamento
dW=F·dr=(Fxi+Fyj)·(dxi+dyj)=Fxdx+Fydy

186
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

A energia potencial Ep correspondente a força conservativa Igualando ambos trabalhos, obtemos a expressão do princípio
peso tem a forma funcional de conservação da energia
EkA+EpA=EkB+EpB

A energia mecânica da partícula (soma da energia potencial


mais cinética) é constante em todos os pontos de sua trajetória.
Onde c é uma constante aditiva que nos permite estabelecer o
nível zero da energia potencial. Comprovação do Princípio de Conservação da Energia
Um corpo de 2 kg é deixado cair desde uma altura de 3 m. Cal-
A Força que exerce uma Mola é Conservativa cular
Como vemos na figura quando um mola se deforma x, exerce - A velocidade do corpo quando está a 1 m de altura e quando
uma força sobre a partícula proporcional a deformação x e de sinal atinge o solo, aplicando as fórmulas do movimento retilíneo unifor-
contrária a esta. memente acelerado
- A energia cinética, potencial e total nestas posições
Tomar g=10 m/s2

Para x>0, F=-kx


Para x<0, F=kx

O trabalho desta força é, quando a partícula se desloca da po-


sição xA a posição xB é

A função energia potencial Ep correspondente a força conser- - Posição inicial x=3 m, v=0.
vativa F vale Ep=2·10·3=60 J, Ek=0, EA=Ek+Ep=60 J

- Quando x=1 m

O nível zero de energia potencial é estabelecido do seguinte


modo: quando a deformação é zero x=0, o valor da energia poten-
cial é tomado zero, Ep=0, de modo que a constante aditiva vale c=0.
Ep=2·10·1=20 J, Ek=40, EB=Ek+Ep=60 J
- Quando x=0 m

Princípio de Conservação da Energia


Se somente uma força conservativa F atua sobre uma partícula,
o trabalho desta força é igual a diferença entre o valor inicial e final
da energia potencial
Ep=2·10·0=0 J, Ek=60, EC=Ek+Ep=60 J
A energia total do corpo é constante. A energia potencial dimi-
nui e a energia cinética aumenta.

Forças não Conservativas


Como vimos no relato anterior, o trabalho da resultante das Para darmos conta do significado de uma força não conservati-
forças que atua sobre a partícula é igual a diferença entre o valor va, vamos compará-la com a força conservativa peso.
final e inicial da energia cinética.
O Peso é uma Força Conservativa
Calculemos o trabalho da força peso quando a partícula se
translada de A para B, e continuando quando se translada de B para
A.

187
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Se faltar energia elétrica à noite, ficamos sem luz elétrica e tudo


pára: a televisão, o chuveiro elétrico, o ventilador, alguns aparelhos
de telefone, o aparelho de som, o computador, o microondas, os
elevadores etc.

WAB=mg x
WBA=-mg x

O trabalho total ao longo do caminho fechado A-B-A, WABA é


zero.

A Força de Atrito é uma Força não Conservativa


Quando a partícula se move de A para B, ou de B para A a força Alguns aparelhos funcionam com a energia recebida das es-
de atrito é oposta ao movimento, o trabalho é negativo por que a tações distribuidoras de energia elétrica; basta ligá-los na tomada.
força é de sinal contrário ao deslocamento Mas há muitos outros aparelhos que funcionam utilizando energia
elétrica sem termos de ligá-los diretamente na tomada, como o ce-
WAB=-Fr x lular, o rádio, os walkmans ou iPODs e as calculadoras; eles recebem
WBA=-Fr x energia de pilhas e baterias.
Outro tipo de energia muito usada em nosso cotidiano é a
O trabalho total ao longo do caminho fechado A-B-A, WABA é energia magnética. Graças ao magnetismo, podemos ter registros
diferente de zero armazenados em fitas cassetes e fitas de vídeo, podemos usar as
bússolas para nos localizarmos etc.
WABA=-2Fr x A revolução que a humanidade experimentou advinda das apli-
De um modo geral, a energia pode ser definida como capaci- cações da eletricidade e do magnetismo se intensificou quando os
dade de realizar trabalho ou como o resultado da realização de um cientistas perceberam a relação entre ambos.
trabalho. Na prática, a energia pode ser melhor entendida do que
definida. Quando se olha para o Sol, tem-se a sensação de que ele é Cargas elétricas
dotado de muita energia, devido à luz e ao calor que emite constan-
temente. A humanidade tem procurado usar a energia que a cerca Cargas elétricas são de dois tipos: positivas e negativas
e a energia do próprio corpo, para obter maior conforto, melhores Uma matéria é constituída de átomos. Os átomos, por sua vez,
condições de vida, maior facilidade de trabalho, etc. são constituídos de partículas ainda menores: prótons, nêutrons e
Para a fabricação de um carro, de um caminhão, de uma ge- elétrons.
ladeira ou de uma bicicleta, é preciso Ter disponível muita energia Os prótons e os nêutrons situam-se no núcleo do átomo. Os
elétrica, térmica e mecânica. elétrons giram e torno do núcleo, numa região chamada eletrosfe-
A energia elétrica é muito importante para as indústrias, por- ra. Os prótons e os elétrons possuem uma propriedade denomina-
que torna possível a iluminação dos locais de trabalho, o aciona- da carga elétrica, que aparece na natureza em dois tipos. Por isso
mento de motores, equipamentos e instrumentos de medição. a do próton foi convencionada como positiva e a do elétron como
Para todas as pessoas, entre outras aplicações, serve para ilu- negativa.
minar as ruas e as casas, para fazer funcionar os aparelhos de tele-
visão, os eletrodomésticos e os elevadores. Por todos esses moti-
vos, é interessante converter outras formas de energia em energia
elétrica.

CARGAS EM MOVIMENTO. ELETROMAGNETISMO.

Você faz bastante uso da eletricidade em seu dia-a-dia, não é


mesmo? Mas já parou para pensar na falta que ela faria na sua vida,
se não existisse?

188
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Corpos carregados
Quando um corpo perde elétrons dizemos que ele está positivamente carregado.

Quando ganha elétrons dizemos que ele está negativamente carregado. Quando o número de elétrons em um corpo é igual ao número
de prótons, dizemos que o corpo está neutro.
Um experimento relacionado aos primórdios do estudo da eletricidade pode ser realizado com um bastão de vidro pendurado por um
barbante. Se atritarmos esse bastão em um pedaço de lã, notaremos que ambos se atrairão mutuamente.
Agora se atritarmos o bastão de vidro no tecido de lã e o deixarmos pendurado, aproximando dele outro bastão de vidro que tenha
sido friccionado em outro pedaço de lã, notaremos que os bastões se repelem.

Essas observações demonstraram a ocorrência de fenômenos elétricos. Os cientistas consideram que, ao atritarmos os materiais vidro
e lã, o bastão de vidro passa a ser portador de carga elétrica positiva e o pedaço de lã passa a ser portador de carga elétrica negativa. Os
sinais de positivo e negativo atribuídos a essas cargas são uma convenção científica.

Cargas elétricas interagem


Muito materiais adquirem carga elétrica quando atritados em outros. Nesse processo um dos materiais adquire carga elétrica positiva,
e o outro, carga elétrica negativa.
Por meio de experimentos semelhantes aos descritos anteriormente com o vidro e a lã, os cientistas concluíram que cargas elétricas
de sinais diferentes se atraem e que cargas elétricas de sinais iguais se repelem. Quando vidro e lã são friccionados, passam a ter cargas
elétricas de sinais diferentes e, portanto, passam a se atrair. Já os dois bastões de vidro, quando adquirem cargas elétricas de mesmo sinal,
passam a se repelir.

A interação elétrica obedece o princípio da ação e reação


A interação entre dois corpos portadores de cargas elétricas obedece à Terceira Lei de Newton (Princípio da ação e reação). Sobre cada
um dos dois corpos atua uma força que se deve a presença do outro. As duas forças tem a mesma intensidade (mesmo módulo) e a mesma
direção (mesma linha de atuação), mas diferentes sentidos.

Se os dois corpos apresentam cargas de sinais opostos, as forças tendem a fazê-los de aproximar. Por outro lado, se os dois corpos
possuem carga de mesmo sinal, as forças tendem a fazê-los se afastar.
Eletrização por atrito
Diferentes materiais têm diferentes tendências à eletrização. Quando vidro de lã são atritados, dizemos que ambos materiais adqui-
rem carga elétrica pelo processo de eletrização por atrito.
Com base em muitos experimentos similares, foi possível aos cientistas determinarem a tendência dos materiais a adquirir carga elé-
trica positiva ou negativa, quando atritados uns com os outros.
Essa tendência pode ser expressa por meio de uma sequência como a mostrada abaixo.

189
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Condutores elétricos
Imagine duas esferas de metal, um pouco afastadas entre si, uma delas eletrizada com carga positiva e a outra não-eletrizada. Se um
bastão de metal tocar as duas esferas simultaneamente, verifica-se que parte da carga elétrica é transferida para a outra esfera. Porém, se
utilizarmos um bastão de madeira, a carga permaneceria na esfera eletrizada, e a outra não receberia nem um pouco dessa carga.

Esse experimento evidencia que o metal é o material condutor elétrico e a madeira é um material isolante elétrico.
De fato, os condutores elétricos mais conhecidos são os metais como o cobre, o ferro o alumínio, o ouro e a prata. Entre eles, o
cobre, metal de aspecto marrom-avermelhado, é usado na fiação elétrica das casas. Entre os isolantes elétricos podemos citar, além da
madeira, os plásticos em geral, o ar (a temperatura e pressão ambientes), as borrachas e o isopor (que na verdade, é um tipo de plástico).
A grande maioria dos metais conhecidos se encaixa em um desses dois grupos: condutor elétrico e isolantes elétrico. Há, contudo,
certos materiais que não se enquadram bem em nenhuma dessas duas categorias, mas sim em um grupo intermediário, conhecidos como
semi-condutores. Dois exemplos são o silício e o germânio, empregados na indústria para elaborar alguns componentes usados em apa-
relhos eletrônicos.

Eletrização por contato


Quando um corpo eletrizado toca um corpo eletricamente neutro (isto é, sem carga elétrica), parte de sua carga é transferida para ele,
que também passa a ficar eletrizado. Esse processo é a eletrização por contato.

190
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Corrente elétrica Se você conseguisse contar a quantidade de elétrons (n) que


Vimos que os elétrons se deslocam com facilidade em corpos atravessa uma região plana de um fio em 1 segundo poderia afirmar
condutores. O deslocamento dessas cargas elétricas é chamado de que a intensidade da corrente elétrica é:
corrente elétrica.

A corrente elétrica é responsável pelo funcionamento dos apa-


relhos elétricos; estes somente funcionam quando a corrente passa Se contasse por um período qualquer, e representando a
por eles. carga do elétron (1,6.10- 19 C) pela letra e, poderia afirmar:
Somente é possível a passagem de corrente por um aparelho
se este pertencer a um circuito fechado.

Esta é a expressão matemática associada à intensidade da cor-


rente elétrica.
A unidade de intensidade de corrente elétrica é o Coulomb
por segundo, denominada ampère (A). A corrente elétrica pode ser
contínua ou alterada.

Na corrente contínua, observada nas pilhas e baterias, o fluxo


dos elétrons ocorre sempre em um único sentido.
Na corrente alternada, os elétrons alternam o sentido do seu
movimento, oscilando para um lado e para o outro. É esse tipo de
corrente que se estabelece ao ligarmos os aparelhos na nossa rede
Um circuito constituído de lâmpada, pilha e fios, quando liga- doméstica. A razão de a corrente ser alternada está relacionada a
dos corretamente, formam um circuito fechado. Quando ligamos forma como a energia elétrica é produzida e distribuída para nossas
os aparelhos elétricos em nossa casa e eles funcionam, podemos casas.
garantir que fazem parte de um circuito fechado quando passa cor-
rente elétrica através de seus fios. Leis de Kirchhoff
As Leis de Kirchhoff são utilizadas para encontrar as intensida-
Entendendo a corrente elétrica des das correntes em circuitos elétricos que não podem ser reduzi-
Antes de definirmos corrente elétrica, vamos imaginar a se- dos a circuitos simples.
guinte situação: você está em uma estação de trem urbano ou de Constituídas por um conjunto de regras, elas foram concebidas
metrô, no qual o passageiro passa por roletas para ter acesso aos em 1845 pelo físico alemão Gustav Robert Kirchhoff (1824-1887),
trens. Sua finalidade ali é avaliar a quantidade de pessoas que pas- quando ele era estudante na Universidade de Königsberg.
sam por minuto. A 1ª Lei de Kirchhoff é chamada de Lei dos Nós, que se aplica
Obter essa informação é simples: basta contar quantas pessoas aos pontos do circuito onde a corrente elétrica se divide. Ou seja,
passam em um minuto. Por exemplo, se contou 100 pessoas, você nos pontos de conexão entre três ou mais condutores (nós).
responderá que passam 100 pessoas por minuto. Para atingir uma Já a 2ª Lei é chamada de Lei das Malhas, sendo aplicada aos ca-
média melhor, você pode contar por mais tempo. Digamos que te- minhos fechados de um circuito, os quais são chamados de malhas
nha contado 900 pessoas em 10 minutos.
Portanto, sua média agora será 900/10 = 90 pessoas por mi-
nuto.
Então alguém lhe pede que avalie a massa média das pessoas
que passam por minuto pelas roletas. Você aceita o desafio.
Se a massa médias das pessoas no Brasil é 70 Kg (podemos ver
isso ao ler placas de elevadores de prédios, que sempre consideram
a massa de uma pessoa igual a 70 kg. Essas placas de advertência
fixadas nas cabines afirmam: “Capacidade máxima: 10 pessoas ou
700 kg”).

Massa média

Lei dos Nós


Essa ideia é similar à usada para definir a intensidade de A Lei dos Nós, também chamada de primeira lei de Kirchhoff,
corrente elétrica (i). Sabe-se que a carga de um elétron é igual a indica que a soma das correntes que chegam em um nó é igual a
1,6.10- 19 C . soma das correntes que saem.

191
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Esta lei é consequência da conservação da carga elétrica, cuja


soma algébrica das cargas existentes em um sistema fechado per-
manece constante.

Exemplo
Na figura abaixo, representamos um trecho de um circuito per-
corrido pelas correntes i1, i2, i3 e i4.
Indicamos ainda o ponto onde os condutores se encontram
(nó):

Aplicando a lei das malhas para esse trecho do circuito, tere-


mos:
UAB + UBE + UEF + UFA = 0

Para substituir os valores de cada trecho, devemos analisar os


sinais das tensões:
Neste exemplo, considerando que as correntes i1 e i2 estão che- • ε1: positivo, pois ao percorrer o circuito no sentido horário
gando ao nó, e as correntes i3 e i4 estão saindo, temos: (sentido que escolhemos) chegamos pelo polo positivo;
i1 + i 2 = i 3 + i 4 • R1.i1: positivo, pois estamos percorrendo o circuito no
mesmo sentido que definimos o sentido de i1;
Em um circuito, o número de vezes que devemos aplicar a Lei • R2.i2: negativo, pois estamos percorrendo o circuito no
dos Nós é igual ao número de nós do circuito menos 1. Por exemplo, sentido contrário que definimos para o sentido de i2;
se no circuito existir 4 nós, vamos usar a lei 3 vezes (4 - 1). • ε2: negativo, pois ao percorrer o circuito no sentido horá-
rio (sentido que escolhemos), chegamos pelo polo negativo;
Lei das Malhas • R3.i1: positivo, pois estamos percorrendo o circuito no
A Lei das Malhas é uma consequência da conservação da ener- mesmo sentido que definimos o sentido de i1;
gia. Ela indica que quando percorremos uma malha em um dado • R4.i1: positivo, pois estamos percorrendo o circuito no
sentido, a soma algébrica das diferenças de potencial (ddp ou ten- mesmo sentido que definimos o sentido de i1;
são) é igual a zero.
Para aplicar a Lei das Malhas, devemos convencionar o sentido Considerando o sinal da tensão em cada componente, pode-
que iremos percorrer o circuito. mos escrever a equação desta malha como:
A tensão poderá ser positiva ou negativa, de acordo com o sen- ε1 + R1.i1 - R2.i2 - ε2 + R3.i1 + R4.i1 = 0
tido que arbitramos para a corrente e para percorrer o circuito.
Para isso, vamos considerar que o valor da ddp em um resistor Passo a Passo
é dado por R . i, sendo positivo se o sentido da corrente for o mes- Para aplicar as Leis de Kirchhoff devemos seguir os seguintes
mo do sentido do percurso, e negativo se for no sentido contrário. passos:
Para o gerador (fem) e receptor (fcem) utiliza-se o sinal de en- 1º Passo: Definir o sentido da corrente em cada ramo e esco-
trada no sentido que adotamos para a malha. lher o sentido em que iremos percorrer as malhas do circuito. Es-
Como exemplo, considere a malha indicada na figura abaixo: sas definições são arbitrárias, contudo, devemos analisar o circuito
para escolher de forma coerente esses sentidos.
• 2º Passo: Escrever as equações relativas a Lei dos Nós e
Lei das Malhas.
• 3º Passo: Juntar as equações obtidas pela Lei dos Nós e
das Malhas em um sistema de equações e calcular os valores des-
conhecidos. O número de equações do sistema deve ser igual ao
número de incógnitas.

Ao resolver o sistema, encontraremos todas as correntes que


percorrem os diferentes ramos do circuito.
Se algum dos valores encontrados for negativo, significa que a
sentido da corrente escolhido para o ramo tem, na verdade, sentido
contrário.

192
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Exemplo
No circuito abaixo, determine as intensidades das correntes em
todos os ramos.

Solução
Primeiro, vamos definir um sentido arbitrário para as correntes Por isso, nessa situação há energia potencial armazenada na
e também o sentido que iremos seguir na malha. pilha, de modo muito parecido com o que possui um objeto situado
Neste exemplo, escolhemos o sentido conforme esquema abai- a uma altura h do chão: é só soltá-lo, que ele entra em movimento.
xo: Da mesma forma, ao ligar um fio à pilha, uma corrente surge no fio.

A unidade de tensão no Sistema Internacional é indicada pelo


volt (V).
A pilha mais usada é a de 1,5 V. Uma bateria de carro fornece
12 V.
O computador trabalha com uma fonte de 5 V. As tomadas de
nossa casa fornecem tensão de 110V ou 220 V, dependendo da re-
gião do País. É muito prudente observar a tensão local antes de ligar
os aparelhos às tomadas. Se ligarmos aparelhos programados para
funcionar a 110 V em uma tomada de 220V, eles podem queimar e
até provocar acidentes graves.
Em geral, basta ajustar nos aparelhos uma chave para que
O próximo passo é escrever um sistema com as equações esta- essa situação se resolva; mas nem sempre essa chave existe, por
belecidas usando a Lei dos Nós e das Malhas. Sendo assim, temos: isso tome cuidado!
Por fim, vamos resolver o sistema. Começando substituindo i3
por i1 - i2 nas demais equações:
Resolvendo o sistema por soma, temos:
Agora vamos encontrar o valor de i1, substituindo na segunda
equação o valor encontrado para i2:
Finalmente, vamos substituir esses valores encontrados na pri-
meira equação, para encontrar o valor de i3:

Assim, os valores das correntes que percorrem o circuito são:


3A, 8A e 5A.

Diferença de potencial
Ao abandonarmos um corpo a certa altura, ele sempre cai. Isso
ocorre porque existe uma diferença de energia potencial entre o
local em que o corpo estava e o solo.
Em uma pilha comum ocorre algo semelhante. A pilha assim
como a tomada de nossa casa, a bateria do carro ou do celular, en- Devido a diferença de potencial, podemos levar choques.
fim, qualquer gerador de energia elétrica, é um dispositivo no qual Como o nosso corpo é bom condutor de eletricidade, se tocarmos
se conseguiu estabelecer dois de seus pontos: um que precisa de em dois pontos que existe diferença de potencial, uma corrente
elétrons e o outro que os tem sobrando. atravessará o nosso corpo. Dependendo da intensidade dessa cor-
Em uma pilha, no ponto denominado pólo negativo há elé- rente e do caminho que ela percorrer no corpo um choque pode até
trons sobrando, e no pólo positivo há falta de elétrons. Se ligásse- mesmo levar à morte.
mos esses pontos por meio de um fio condutor, os elétrons entra-
riam em movimento e uma corrente surgiria no fio.

193
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Devemos tomar muito cuidado com fios de alta tensão. A ten-


são nesses cabos chega a milhares de volts! Por isso, não brinque A própria lâmpada incandescente converte mais energia elé-
próximo a postes de energia elétrica. trica em energia térmica do que em energia luminosa, sendo essa
E por que, você deve se perguntar, os pássaros que pousam última a sua grande finalidade: 85 % da energia que consome é
nesses cabos não são eletrocutados? transformada em calor. Ao contrário, as lâmpadas fluorescentes,
consideradas “lâmpadas frias”, têm uma parte bem menor da ener-
gia elétrica convertida em calor e por isso são econômicas.

Primeira lei de Ohm


Observou-se experimentalmente em alguns resistores, que a
corrente estabelecida em um circuito é diretamente proporcional
à tensão aplicada e inversamente proporcional à resistência dos
dispositivos do circuito e dos fios que os conectavam. Ou seja:
quanto maior a tensão do gerador, maior a corrente e quanto maior
a resistência, menor a corrente. Essa relação é expressa matemati-
Isso não ocorre porque suas patinhas são muito próximas uma camente por:
das outras, sendo muito pequena a diferença de potencial entre
elas.
Com as pessoas, a situação é diferente. Nunca toque em fios
de alta tensão, pois se tocar em um cabo e, ao mesmo tempo, tocar
em outro ponto do cabo ou em outro objeto, você poderá levar um em que: U é a tensão
choque elétrico intenso, possivelmente fatal, se houver diferença R é a resistência
de potencial significativa entre os pontos tocados. i é a corrente
Vejamos um exemplo:
Resistência elétrica Uma pequena lâmpada está submetida a uma tensão de 12 V.
Sabemos que os materiais apresentam graus de dificuldade Sabendo que a sua resistência, é de determine a corrente que
para a passagem da corrente elétrica. Esse grau de dificuldade é de- percorre a lâmpada.
nominado resistência elétrica. Mesmo os metais, que em geral são
bons condutores, apresentam resistência. A unidade de medida da Sabemos que .
resistência é o ohm ( ).
Os dispositivos que são usados em um circuito elétrico são Como ,
denominados resistores. Os resistores são usados em um circuito
para aumentar ou diminuir a intensidade da corrente elétrica que Temos que:
o percorre.

Podemos comparara a resistência elétrica àquelas barreiras


que encontramos nas pistas de atletismo para a corrida com obs- Potência elétrica
táculos. Quanto mais obstáculos mais lenta é a velocidade média Talvez você tenha reparado, nas etiquetas dos aparelhos ou dis-
dos corredores. Em um circuito acontece da mesma forma: quanto positivos elétricos que compramos que existe uma etiqueta especi-
mais resistência elétrica, menor é a corrente que atravessa o fio ficando: 100 (Watt), 500 W, 1000 W etc. Mas, afinal, o que significa
condutor. essa informação?
A aplicação mais comum dos resistores é converter energia elé- Vimos em mecânica o conceito de potência: energia/tempo. A
trica em energia térmica. Isso ocorre porque os elétrons que se mo- energia elétrica que é convertida nesses aparelhos para várias fina-
vem no resistor colidem com a rede cristalina que o forma, gerando lidades e usos distintos, como gerar movimento (motores), gerar
calor. Esse fenômeno é denominado efeito joule em nosso dia-a- calor (resistores), gerar energia luminosa (lâmpadas), dividida pelo
-dia: em chuveiros elétricos, ferros de passar roupa, em fogões elé- tempo que está em uso, é a potência elétrica, que, assim como na
tricos, etc. Observem que todos esses aparelhos “fornecem calor”. mecânica, medimos em Watts (joules/segundo

194
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

A potência é diretamente proporcional à tensão e à corrente.

Matematicamente, temos:

Por exemplo, num chuveiro elétrico de 2200 W, ligado à rede de 110V, podemos calcular a corrente que o percorre:

195
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Os ímãs O imã apresenta sempre dois polos.


O magnetismo é conhecido há cerca de 2500 anos. Em uma
região chamada Magnésia, na antiga Grécia (esta região hoje faz Se o quebrarmos em duas partes, cada uma delas apresentará
parte da Turquia), foi encontrada uma rocha com o poder de atrair novamente dois polos. Portanto, não conseguiremos nunca isolar
pedaços de ferro. um dos polos do imã.
Os antigos gregos lhe deram o nome de magnetita (um tipo de
minério de ferro).

Podendo se movimentar livremente, um imã se alinha com a


direção geográfica Norte-Sul.
A magnetita atualmente é mais conhecida como pedra-ímã ou Convencionou-se que a parte do imã que aponta para o Norte
simplesmente ímã. geográfico da Terra seria denominada polo Norte do ímã. Normal-
mente, essa parte é pintada de vermelho. A outra parte é o polo
Forças magnéticas Sul do imã.
Por meio dos experimentos, constatou-se que o imã tem a pro-
priedade de atrair certos materiais. Essa propriedade é denomina-
da de magnetismo.
A força magnética do imã atua sobre certos metais como o
ferro, o níquel e o cobalto, isto é, sobre os materiais denominados
ferromagnéticos. Nem todos os metais são ferromagnéticos. Os
metais das medalhas olímpicas, por exemplo, o ouro, a prata e o
cobre não são atraídos pelos imãs.
Ao colocar a folha de papel com limalha de ferro sobre o imã,
nela fica representada a área de influência desse imã.

Com esse conhecimento básico, os chineses criaram a bússola,


que, desde o século XI, tem sido usada para orientar navegadores
e pilotos.
Nos séculos XV e XVI, época das grandes navegações, a bússo-
As extremidades do imã – regiões onde as forças magnéticas la, desempenhou papel fundamental na orientação pelos mares até
agem mais intensamente – são denominadas polos. A existência então desconhecidos.
desses polos é uma das importantes características dos imãs.

196
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Eletroímãs EXEMPLO
Há um tipo muito interessante de imã chamado eletroímã. É Uma espira retangular, de área A = 0,50 m² e resistência R = 2,0
um dispositivo no qual a eletricidade percorre um fio enrolado em está numa região onde há um campo magnético uniforme
um pedaço de ferro e que se comporta como um imã. como indica a Fig. 10, sendo θ = 60º.

Você pode construir um eletroímã em casa: Um eletroímã co-


meça com uma pilha ou bateria (ou alguma outra fonte de energia)
e um fio. O que a pilha produz são os elétrons.

Num intervalo de tempo = 3,0 s, a intensidade de varia


de B1 = 12 T para B2 = 18 T. Calcule o valor médio da intensidade da
corrente induzida na espira.
Resolução

Se você olhar qualquer pilha D (uma pilha de lanterna, por


exemplo), dá para ver que há duas extremidades, uma marcada
com um sinal de mais (+) e outra marcada com o sinal de menos
(-). Os elétrons estão agrupados na extremidade negativa da pilha Lembrando que cosº 60 = 1/2, os fluxos iniciais (1) e final (2) são:
e, podem fluir para a extremidade positiva, com o auxílio de um fio.
Se você conectar um fio diretamente entre os terminais positi-
vo e negativo de uma pilha, três coisas irão acontecer:
1. os elétrons irão fluir do lado negativo da pilha até o lado
positivo o mais rápido que puderem; Assim:
2. a pilha irá descarregar bem rápido (em questão de minutos).
Por esse motivo, não costuma ser uma boa ideia conectar os 2 ter-
minais de uma pilha diretamente um ao outro, normalmente, você De acordo com a lei de Faraday, o valor médio da força eletro-
conecta algum tipo de carga no meio do fio. Essa carga pode ser um motriz induzida é dado por:
motor, uma lâmpada, um rádio;
3. um pequeno campo magnético é gerado no fio. É esse pe-
queno campo magnético que é a base de um eletroímã.

LEI DE FARADAY Sendo im o valor médio da intensidade da corrente induzida,


Consideremos um circuito no qual foi induzida uma corrente de temos:
intensidade i. Tudo se passa como se, dentro do circuito houvesse
um gerador ideal, de força eletromotriz E dada por:
E=R.i
onde R é a resistência do circuito. Essa força eletromotriz é cha- m
= 0,25 A
mada de força eletromotriz induzida.
Podemos definir a força eletromotriz instantânea por:
Sendo a variação do fluxo num intervalo de temo

Faraday descobriu que o valor médio de E é dado por:

Quando a força eletromotriz é constante, seu valor médio coin-


cide com seu valor instantâneo.
Algumas vezes essa fórmula aparece do seguinte modo:
Neste caso, o serial “menos” serve apenas para lembrar da lei O TRANSFORMADOR
de Lenz, isto é, que a força eletromotriz induzida se opõe à variação É uma máquina elétrica usada em corrente alternada. Trans-
de fluxo. forma o valor da tensão, por exemplo, de 220 Volt para 24 Volt, ou
vice-versa.

197
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Esta capacidade do transformador permitiu a grande expansão Utilizam-se também noutros casos, como, por exemplo, para
no transporte, distribuição e utilização da energia elétrica e, junta- alimentar o altifalante com o sinal proveniente do circuito de saída
mente com o motor de corrente alternada, mostrou o grande in- dum amplificador.
teresse da utilização da corrente alternada, numa época em que
se confrontavam ideias sobre a melhor maneira de usar a energia Funcionamento sem carga (em vazio)
elétrica, se sob a forma de corrente contínua ou sob a forma de Se o segundo enrolamento permanecer aberto, sua presença
corrente alternada. não altera o comportamento do dispositivo; portanto, ele não mo-
difica a essência do que foi anteriormente discutido para o reator.
Os transformadores mais generalizados são o monofásico e o Podemos representar a situação pela Figura 8, na qual o primeiro
trifásico. enrolamento está excitado como antes. Este primeiro enrolamento
No transformador monofásico existe um núcleo de ferro em pode ser chamado enrolamento primário, porque recebe a corrente
torno do qual estão montadas duas bobines, uma para receber a de excitação que produz o fluxo. O enrolamento que se concate-
tensão (o primário) e outra para fornecer a tensão (o secundário). na com este fluxo é chamado enrolamento secundário. Entretan-
to, qual dos dois deva ser excitado é uma questão puramente de
conveniência e qualquer dos dois pode ser primário ou secundário.

Se ligarmos o enrolamento primário a uma fonte de tensão


alternada o fluxo produzido no núcleo induzirá tensão tanto no
enrolamento primário como no secundário. Considerando-se a re-
O transformador trifásico funciona de forma similar ao mono- sistência desprezível, como na análise do reator, a tensão induzi-
fásico, mas tem três bobines no primário e três no secundário. Nal- da no enrolamento primário será igual, em cada instante, à tensão
guns casos, cada bobine do secundário está dividida em duas. aplicada. A tensão induzida no enrolamento secundário será dada
pela equação:

A diferença entre a tensão induzida no primário e no secundá-


rio deve-se ao diferente número de espiras. Se é maior que ,
o dispositivo é um transformador elevador, onde a tensão induzida
no secundário é maior do que a do primário, na proporção do nú-
mero de espiras. Dizendo isto, estamos supondo que a dispersão de
fluxo no enrolamento primário é muito pequena comparada com o
O transformador tem inúmeras aplicações e existem transfor- fluxo principal e isto é verdade para fmm muito baixa, presente nes-
madores para muitas potências e tensões, conforme as aplicações. ta condição de circuito aberto. A proporcionalidade entre tensões e
As aplicações mais importantes são no transporte e distribui- espiras pode ser escrita por:
ção de energia elétrica, subindo os valores no início do transporte e
diminuindo estes valores próximo dos utilizadores.
Outras utilizações generalizadas são na maioria das aparelha-
gens domésticas e industriais, em que é preciso alterar o valor da onde a é chamado de relação de espiras ou relação de trans-
tensão da rede de alimentação para os adaptar aos valores a que o formação.
aparelho funciona.

198
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Funcionamento com carga Quando circula corrente no enrolamento secundário (impos-


Suponhamos que uma impedância seja ligada entre os ter- ta pela carga), a fmm atuará não somente no circuito magnético
minais do enrolamento secundário, de modo que a tensão induzida principal, mas também na região de dispersão, originando fluxos
imponha uma corrente de carga , que irá circular pelo enrola- de dispersão, com representados na Figura 9. A exemplo do que
mento secundário de espiras. Esta configuração é mostrada na ocorre no enrolamento primário, o enrolamento secundário possui
Figura 9. uma indutância de dispersão. Analogamente ao que foi feito para o
enrolamento primário, é conveniente representá-la no modelo por
uma indutância concentrada, junto à resistência secundária e fora
do transformador. O fluxo principal concatenar-se-á agora com os
dois enrolamentos do transformador.

Podemos considerar as correntes magnetizante e de perdas


Quando a corrente de carga circula no enrolamento secundá- no ferro do enrolamento primário separadas da corrente de carga.
rio, a fmm que ela gera é cancelada por uma fmm igual e oposta no A corrente magnetizante é que produz o equilíbrio de fmm com o
enrolamento primário, produzida por um aumento apropriado da secundário. Neste modelo, é conveniente manter o reatância
corrente primária. (devido a indutância ) e o resistor da Figura 7. Estes são pre-
vistos para absorver correntes iguais às de magnetização e de per-
Assim, igualando as fmm devido às correntes de carga: das no ferro. A Figura 10 é, portanto, um modelo apropriado para
o transformador com carga. Todas as ``imperfeições’’ foram remo-
vidas do transformador propriamente dito, restando um transfor-
ou mador ideal (mostrado dentro do retângulo tracejado), sem fluxo
de dispersão e sem perdas, efetuando tão-somente transformações
nos valores das tensões e correntes
finalmente,
Transformador ideal
A Terminologia Brasileira da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) define o transformador como: Um dispositivo que
por meio da indução eletromagnética, transfere energia elétrica
Das equações (6.17) e (6.20) temos: de um ou mais circuitos (primário) para outro ou outros circuitos
(secundário), usando a mesma frequência, mas, geralmente, com
tensões e intensidades de correntes diferentes.
Os transformadores são equipamentos eletromagnéticos que
apresentam rendimento elevado, principalmente aqueles de gran-
Pela equação (6.21) podemos concluir que a elevação da tensão de porte utilizados em sistema de potência. Assim, para muitas
é acompanhada pela diminuição da corrente e vice-versa. Assim, po- análises podemos admiti-los como sendo ideais, o que implica em
demos obter a relação: algumas simplificações no modelo, ou seja:
O significado da equação (6.22) é que a potência aparente for- • não há fluxo de dispersão: o fluxo está todo contido no
necida ao primário é igual à potência aparente fornecida à carga núcleo e se concatena totalmente com as espiras do primário e do
(transformador ideal). secundário;
• as resistências ôhmicas dos enrolamentos não são consi-
Modelo de circuito equivalente do transformador deradas;
No que diz respeito ao comportamento entre terminais, vimos • as perdas no ferro (núcleo) são ignoradas;
que o enrolamento primário atuando isoladamente, pode ser repre- • a permeabilidade do núcleo é considerada elevada.
sentado pela Figura 7. Podemos identificar o fluxo produzido pelo
indutor com o fluxo principal, estabelecido no circuito magné-
tico principal e concatenando-se com qualquer enrolamento que o
envolva - por exemplo, com o enrolamento secundário da figura 8.

199
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

A Figura 11 mostra uma representação de um transformador Ela cria um campo magnético também oscilante. Energia ele-
ideal, que é mesmo mostrado no retângulo tracejado da Figura 10. tromagnética se propaga a partir da antena, levando a informação
dessas oscilações, as que são percebidas como uma onda eletro-
magnética. A cada oscilação completa com um período T = 1 / f, o
fluxo de energia tem viajado uma distância L= c.T, denominado de
comprimento de onda.

ONDAS ELETROMAGNÉTICAS
O rádio e a televisão funcionam graças a ondas eletromagnéti-
cas. Numa estação de rádio, ou televisão, existem os transmissores
e uma antena. A antena é um condutor de corrente elétrica, cujos
elétrons executam um movimento vibratório, com determinada
frequência. Esse movimento é produzido pelos circuitos dos trans- Esquema de onda eletromagnética: campos elétricos e magné-
missores. O movimento vibratório dos elétrons cria as ondas eletro- ticos propagando-se com a velocidade da luz
magnéticas características daquela estação e que se propagam em
todas as direções do espaço.
No aparelho de rádio, ou televisão, também existem circuitos A USINA ELÉTRICA/ APLICAÇÕES
e uma antena. Na antena receptora os elétrons também têm movi-
mento vibratório, de mesma frequência que os elétrons da antena HISTÓRIA;
transmissora. Esse movimento é produzido pelas ondas eletromag- A primeira usina elétrica brasileira foi instalada em 1883, na ci-
néticas captadas pela antena. dade de Campos (RJ). Era uma usina termoelétrica. A primeira usina
Os elétrons da antena transmissora produzem a onda e esta faz hidrelétrica brasileira foi construída pouco depois no município de
os elétrons da antena receptora vibrarem com a mesma frequência. Diamantina (MG), aproveitando as águas do Ribeirão do Inferno,
As ondas eletromagnéticas são dois campos perpendiculares afluente do rio Jequitinhonha.
variáveis, um elétrico e outro magnético, que se propagam. Essa Mas a primeira hidrelétrica do Brasil para serviços de utilidade
propagação pode ocorrer no vácuo e em determinados materiais. pública foi a do rio Paraibuna, produzia energia para a cidade de Juiz
Como exemplo de ondas eletromagnéticas, podemos citar as de Fora (MG). Era muito difícil naquela época construir uma usina
ondas de rádio, as ondas de televisão, as ondas luminosas, as micro- elétrica. O Brasil não tinha nenhuma fábrica de máquinas térmicas,
-ondas, os raios X e outras. Essas denominações são dadas de acor- nem possuía grandes reservas exploradoras de carvão ou petróleo,
do com a fonte geradora dessas ondas e, em geral, correspondem a que são os combustíveis dessas máquinas. O panorama só come-
diferentes faixas de frequências. çou a mudar realmente a partir da 1.a Guerra Mundial. Pois ficou
No vácuo, todas as ondas eletromagnéticas propagam-se com muito difícil importar, e por isso, muitos bens passaram a ser feitos
a velocidade de 300.000 km/s. aqui. Isso fez com que numerosas indústrias viessem para o Bra-
sil, principalmente para São Paulo, todas elas precisando consumir
Geração de ondas eletromagnéticas grandes quantidades de energia elétrica. O governo resolveu então
As ondas eletromagnéticas são geradas por cargas elétricas dar incentivos para as empresas de energia elétrica que quisessem
aceleradas. Cargas elétricas em repouso ou em movimento com vir para o Brasil. A mais importante foi a band and Share, norte-a-
velocidade constante não produzem ondas eletromagnéticas. Um mericana que organiza dez empresas de energia elétrica, localizada
estudo detalhado dos vários processos de geração de ondas ele- em nove capitais brasileiras e na cidade de Pelotas (RS). Em 1930, o
tromagnéticas está fora dos objetivos deste curso. Neste capítulo Brasil já possuía 891 usinas, sendo 541 hidrelétricas, 337 térmicas e
trataremos apenas dos aspectos fundamentais do campo eletro- 13 mistas. Com a 2.a Guerra Mundial voltou o problema de impor-
magnético produzido por uma carga acelerada e sua aplicação no tação e de racionamento de carvão e petróleo. A essa altura a usina
estudo de uma antena transmissora de radiofrequência. Serão elétrica já era utilizada para outras finalidades, além da indústria da
dadas também algumas noções sobre a chamada “radiação sincro- iluminação pública e doméstica.
tron”. Processos quânticos de emissão de radiação serão estudados Uma delas era o transporte elétrico no Brasil. Por isso, eles fi-
na parte de Física Moderna do curso. caram conhecidos com o nome de “bondes”. Mas o crescimento
da capacidade instalada continuava pequeno. Em 1940 tínhamos
Ondas eletromagnéticas 1.243MW e, em 1945 havíamos aumentado para apenas 1.341MW.
A tecnologia moderna tem criado emissores de radiação que O governo decidiu intervir para aumentar a taxa de crescimento
são usados em comunicações. São as antenas de rádio e TV. Para e disciplinar melhor a produção e distribuição de energia elétrica
simplificar, elas podem ser imaginadas como uma barra metálica que até então estava nas mãos das empresas estrangeiras. Um dos
onde correntes elétricas circulam hora numa direção, hora em ou- primeiros passos foi a criação da Companhia Hidrelétrica de São
tra ao longo barra, equivalendo a uma corrente oscilante com fre- Francisco (CHESF) que imediatamente começou a construir a usina
quência f. de Paulo Afonso. Em 1952 foram organizadas as centrais de Minas
Gerais (CEMIG) com cinco empresas regionais e suas subsidiárias.
Em 1957, crio-se as centrais elétricas de Furnas, que comandou a

200
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

construção das usinas de Porto Colômbia, Marimbondo, Estreito, Um outro modo de pensar é observar que o fluxo de atra-
Volta Grande e Água Vermelha. Em 1966, foram reunidas as centrais vés da espira está aumentando. Assim, a espira tentará diminuir
elétricas do Rio Pardo CHERP as usinas elétricas de Paranapanema esse fluxo, produzindo um campo (Fig. 5) que tem sentido
(USEIPA) e as centrais elétricas de Urubupunbá (CELUSA), para for- oposto ao campo do imã. Para que isso aconteça a corrente induzi-
mar as centrais elétricas de São Paulo (CESPE). da deve ter o sentido indicado na figura.
Já em 1954 o presidente Getúlio Vargas sentira necessidade
de criar uma grande empresa estatal para planejar e coordenar a
construção das usinas produtoras de energia e sistematizar sua dis-
tribuição.
No entanto sua ideia só vingou em 1963 no governo de Jânio
Quadros. À partir daí, o panorama da energia elétrica brasileira mu-
dou radicalmente. Enquanto entre 1940 1 1945 a capacidade insta-
lada aumentara apenas 1,5%. Entre 1962 1976 ela triplicou passan-
do de 5.729MW para 17.700MW. E de 1976 para 1985 esperava-se
que novamente triplique. Para isso era necessário contar com a usi- EXEMPLO
na de Itaipú, a maior hidrelétrica do mundo com 14.000MW. Na Fig. 6 temos um condutor dobrado em forma de U sobre o
Paralelamente a esse aumento da capacidade instalada, a qual se apoia um condutor retilíneo YZ. O conjunto está em uma
Eletrobrás estuda outras fontes de energia como a solara e a das região em que há um campo magnético e o condutor YZ está sendo
marés, e formas de transportar grandes quantidades de energia a puxado para a direita.
longas distâncias.
Quando os rios das regiões Sudeste, Sul e Nordeste estiverem
totalmente aproveitados será possível transferir energia entre vá-
rias regiões por intermédio de um sistema elétrico integrado de
âmbito nacional.

A LEI DE LENZ
Heinrich Lenz (1804 - 1865), nascido na Estônia, descobriu que:
A corrente induzida tem um sentido tal que se opõe à variação
de fluxo Desse modo a área do circuito W Y Z K está aumentando o que
acarreta o aumento do fluxo de através do circuito. Em conse-
EXEMPLO quência teremos uma corrente induzida no circuito que irá contrair
o aumento de fluxo
Para que isso ocorra, a corrente deverá produzir um campo de
de sentido oposto ao de e, para isso, a corrente deverá ter sen-
tido anti-horário (Fig. 7).

EXEMPLO
Na Fig. 8 representamos uma espira entre os polos de um imã.
Se girarmos a espira, iremos provocar a variação do ângulo θ (Fig. 9)
Na Fig. 3 representamos um imã sendo aproximado de uma entre o campo e o vetor perpendicular ao plano da espira.
espira.

À medida que o imã se aproxima, o campo magnético do imã


sobre a espira fica cada vez mais intenso e, portanto, o fluxo de au-
menta. A variação do fluxo ocasionará o aparecimento de uma
corrente induzida na espira. De acordo com a lei de Lenz, essa cor-
rente irá contrariar a aproximação do imã. Isso significa que a face
da espira que está voltada para o imã deve ter a mesma polaridade
do polo que está se aproximando, isto é, polo norte, para que isso
aconteça, a corrente deve ter o sentido indicado na Fig. 4. O opera-
dor deverá aplicar uma força no imã pois este estará sendo repelido
pela espira.

201
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Conhecendo a equação de Clepeyron, é possível compará-la a


A variação de θ irá ocasionar a variação do fluxo de assim, equação descrita na Lei de Joule, e assim obteremos:
teremos uma corrente induzida na espira. Esse é o princípio de
funcionamento dos geradores elétricos usados nas grandes usinas
produtoras de energia elétrica e, também nos geradores usados em
automóveis (dínamos ou alternadores).

TERMODINÂMICA BÁSICA

Termodinâmica
A Termodinâmica é a parte da Física que estuda principalmen-
te a transformação de energia térmica em trabalho.

A utilização direta desses princípios em motores de combustão


interna ou externa, faz dela uma importante teoria para os moto-
res de carros, caminhões e tratores, nas turbinas com aplicação em
aviões, etc.

Energia Interna Trabalho


As partículas de um sistema têm vários tipos de energia, e a
soma de todas elas é o que chamamos Energia interna de um sis- Trabalho de um gás
tema. Considere um gás de massa m contido em um cilindro com
Para que este somatório seja calculado, são consideradas as área de base A, provido de um êmbolo.
energias cinéticas de agitação , potencial de agregação, de ligação
e nuclear entre as partículas. Ao ser fornecida uma quantidade de calor Q ao sistema, este
Nem todas estas energias consideradas são térmicas. Ao ser sofrerá uma expansão, sob pressão constante, como é garantido
fornecida a um corpo energia térmica, provoca-se uma variação na pela Lei de Gay-Lussac, e o êmbolo será deslocado.
energia interna deste corpo. Esta variação é no que se baseiam os
princípios da termodinâmica.
Se o sistema em que a energia interna está sofrendo variação
for um gás perfeito, a energia interna será resumida na energia de
translação de suas partículas, sendo calculada através da Lei de Jou-
le:

Onde:
U: energia interna do gás;
n: número de mol do gás;
R: constante universal dos gases perfeitos;
T: temperatura absoluta (kelvin). Assim como para os sistemas mecânicos, o trabalho do sistema
Como, para determinada massa de gás, n e R são constantes, a será dado pelo produto da força aplicada no êmbolo com o deslo-
variação da energia interna dependerá da variação da temperatura camento do êmbolo no cilindro:
absoluta do gás, ou seja,
• Quando houver aumento da temperatura absoluta ocor-
rerá uma variação positiva da energia interna .

• Quando houver diminuição da temperatura absoluta, há
uma variação negativa de energia interna .

• E quando não houver variação na temperatura do gás, a
variação da energia interna será igual a zero .

202
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Diagrama p x V
É possível representar a transformação isobárica de um gás
através de um diagrama pressão por volume:

Comparando o diagrama à expressão do cálculo do trabalho


realizado por um gás , é possível verificar que o trabalho
realizado é numericamente igual à área sob a curva do gráfico (em
azul na figura).
Com esta verificação é possível encontrar o trabalho realizado
Assim, o trabalho realizado por um sistema, em uma transfor- por um gás com pressão variável durante sua tranformação, que é
mação com pressão constante, é dado pelo produto entre a pres- calculado usando esta conclusão, através de um método de nível
são e a variação do volume do gás. acadêmico de cálculo integral, que consiste em uma aproximação
dividindo toda a área sob o gráfico em pequenos retângulos e tra-
Quando: pézios.
• o volume aumenta no sistema, o trabalho é positivo, ou
seja, é realizado sobre o meio em que se encontra (como por exem-
plo empurrando o êmbolo contra seu próprio peso);
• o volume diminui no sistema, o trabalho é negativo, ou
seja, é necessário que o sistema receba um trabalho do meio ex-
terno;
• o volume não é alterado, não há realização de trabalho
pelo sistema.

Exemplo:
(1) Um gás ideal de volume 12m³ sofre uma transformação,
permenecendo sob pressão constante igual a 250Pa. Qual é o volu-
me do gás quando o trabalho realizado por ele for 2kJ?

1ª Lei da Termodinâmica
Chamamos de 1ª Lei da Termodinâmica o princípio da conser-
vação de energia aplicada à termodinâmica, o que torna possível
prever o comportamento de um sistema gasoso ao sofrer uma
transformação termodinâmica.
Analisando o princípio da conservação de energia ao contexto
da termodinâmica:
Um sistema não pode criar ou consumir energia, mas apenas
armazená-la ou transferi-la ao meio onde se encontra, como tra-
balho, ou ambas as situações simultaneamente, então, ao receber
uma quantidade Q de calor, esta poderá realizar um trabalho e
aumentar a energia interna do sistema ΔU, ou seja, expressando
matematicamente:

203
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Sendo todas as unidades medidas em Joule (J).


Conhecendo esta lei, podemos observar seu comportamento para cada uma das grandezas apresentadas:

Exemplo:
(1) Ao receber uma quantidade de calor Q=50J, um gás realiza um trabalho igual a 12J, sabendo que a Energia interna do sistema
antes de receber calor era U=100J, qual será esta energia após o recebimento?

2ª Lei da Termodinâmica
Dentre as duas leis da termodinâmica, a segunda é a que tem maior aplicação na construção de máquinas e utilização na indústria,
pois trata diretamente do rendimento das máquinas térmicas.
Dois enunciados, aparentemente diferentes ilustram a 2ª Lei da Termodinâmica, os enunciados de Clausius e Kelvin-Planck:

• Enunciado de Clausius:
O calor não pode fluir, de forma espontânea, de um corpo de temperatura menor, para um outro corpo de temperatura mais alta.
Tendo como consequência que o sentido natural do fluxo de calor é da temperatura mais alta para a mais baixa, e que para que o
fluxo seja inverso é necessário que um agente externo realize um trabalho sobre este sistema.

• Enunciado de Kelvin-Planck:
É impossível a construção de uma máquina que, operando em um ciclo termodinâmico, converta toda a quantidade de calor recebido
em trabalho.

Este enunciado implica que, não é possível que um dispositivo térmico tenha um rendimento de 100%, ou seja, por menor que seja,
sempre há uma quantidade de calor que não se transforma em trabalho efetivo.

Maquinas térmicas
As máquinas térmicas foram os primeiros dispositivos mecânicos a serem utilizados em larga escala na indústria, por volta do século
XVIII. Na forma mais primitiva, era usado o aquecimento para transformar água em vapor, capaz de movimentar um pistão, que por sua
vez, movimentava um eixo que tornava a energia mecânica utilizável para as indústrias da época.
Chamamos máquina térmica o dispositivo que, utilizando duas fontes térmicas, faz com que a energia térmica se converta em energia
mecânica (trabalho).

204
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

=quantidade de calor não transformada em trabalho.

Mas como constatado:

logo, podemos expressar o rendimento como:

A fonte térmica fornece uma quantidade de calor que no


dispositivo transforma-se em trabalho mais uma quantidade de
calor que não é capaz de ser utilizado como trabalho .
O valor mínimo para o rendimento é 0 se a máquina não rea-
lizar nenhum trabalho, e o máximo 1, se fosse possível que a má-
Assim é válido que:
quina transformasse todo o calor recebido em trabalho, mas como
visto, isto não é possível. Para sabermos este rendimento em per-
centual, multiplica-se o resultado obtido por 100%.
Exemplo:
Um motor à vapor realiza um trabalho de 12kJ quando lhe é
Utiliza-se o valor absolutos das quantidade de calor pois, em
fornecido uma quantidade de calor igual a 23kJ. Qual a capacidade
uma máquina que tem como objetivo o resfriamento, por exemplo,
percentual que o motor tem de transformar energia térmica em
estes valores serão negativos.
trabalho?
Neste caso, o fluxo de calor acontece da temperatura menor
para o a maior. Mas conforme a 2ª Lei da Termodinâmica, este flu-
xo não acontece espontaneamente, logo é necessário que haja um
trabalho externo, assim:

Ciclo de Carnot
Até meados do século XIX, acreditava-se ser possível a constru-
ção de uma máquina térmica ideal, que seria capaz de transformar
toda a energia fornecida em trabalho, obtendo um rendimento to-
tal (100%).
Para demonstrar que não seria possível, o engenheiro francês
Nicolas Carnot (1796-1832) propôs uma máquina térmica teórica
que se comportava como uma máquina de rendimento total, esta-
Rendimento das máquinas térmicas
belecendo um ciclo de rendimento máximo, que mais tarde passou
Podemos chamar de rendimento de uma máquina a relação
a ser chamado Ciclo de Carnot.
entre a energia utilizada como forma de trabalho e a energia for-
Este ciclo seria composto de quatro processos, independente
necida:
da substância:
Considerando:

=rendimento;

= trabalho convertido através da energia térmica fornecida;

=quantidade de calor fornecida pela fonte de aquecimento;

205
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Exemplo:
Qual o rendimento máximo teórico de uma máquina à vapor,
cujo fluido entra a 560ºC e abandona o ciclo a 200ºC?

Termologia (termo = calor, logia = estudo) é a parte da Física


encarregada de estudar o calor e seus efeitos sobre a matéria. A
termologia está intimamente ligada à energia térmica, estudando a
transmissão dessa energia e os efeitos produzidos por ela quando é
fornecida ou retirada de um corpo.
• Uma expansão isotérmica reversível. O sistema recebe Temperatura é a grandeza que mede o estado de agitação das
uma quantidade de calor da fonte de aquecimento (L-M) moléculas. Quanto mais quente estiver uma matéria, mais agitadas
• Uma expansão adiabática reversível. O sistema não troca estarão suas moléculas. Assim, a temperatura é o fator que mede
calor com as fontes térmicas (M-N) a agitação dessas moléculas, determinando se uma matéria está
• Uma compressão isotérmica reversível. O sistema cede quente, fria, etc.
calor para a fonte de resfriamento (N-O)
• Uma compressão adiabática reversível. O sistema não tro- Calor é a energia que flui de um corpo com maior temperatura
ca calor com as fontes térmicas (O-L) para outro de menor temperatura. Como sabemos, a unidade de
representação de qualquer forma de energia é o joule (J), porém,
Numa máquina de Carnot, a quantidade de calor que é forne- para designar o calor, é adotada uma unidade prática denominada
cida pela fonte de aquecimento e a quantidade cedida à fonte de caloria, em que 1 cal = 4,186 J.
resfriamento são proporcionais às suas temperaturas absolutas,
assim: Equilíbrio térmico é o estado em que a temperatura de dois ou
mais corpos são iguais. Assim, quando um corpo está em equilíbrio
térmico em relação a outro, cessam os fluxos de troca de calor en-
tre eles. Ex.: Quando uma xícara de café é deixada por certo tempo
sobre uma mesa, ela esfriará até entrar em equilíbrio térmico com
Assim, o rendimento de uma máquina de Carnot é: o ambiente em que está.

NOÇÕES DE INSTRUMENTAÇÃO
e
Logo: — Introdução à instrumentação e sua importância
A instrumentação é uma área da engenharia que envolve a me-
dição e controle de processos industriais. Ela é fundamental para
garantir que os processos operem de forma eficiente e segura, mi-
nimizando riscos e aumentando a produtividade. A instrumentação
Sendo: pode ser encontrada em diversos setores da indústria, desde a pro-
dução de produtos químicos e petróleo até a fabricação de alimen-
= temperatura absoluta da fonte de resfriamento tos e eletrônicos.
A importância da instrumentação está em sua capacidade de
= temperatura absoluta da fonte de aquecimento fornecer dados precisos e confiáveis sobre o processo. Através
desses dados, os engenheiros podem monitorar as condições do
Com isto se conclui que para que haja 100% de rendimento, processo e fazer ajustes necessários para garantir que ele esteja
todo o calor vindo da fonte de aquecimento deverá ser transforma- operando dentro dos parâmetros desejados. Isso permite que as
do em trabalho, pois a temperatura absoluta da fonte de resfria- empresas operem com mais eficiência, produzam menos resíduos e
mento deverá ser 0K. reduzam os custos de produção.
Partindo daí conclui-se que o zero absoluto não é possível para
um sistema físico.

206
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

— Instrumentos de medição: tipos e aplicações A manutenção dos instrumentos envolve a realização de ta-
Os instrumentos de medição são utilizados para coletar da- refas como limpeza, troca de peças desgastadas e reparo de danos.
dos sobre o processo, como temperatura, pressão, vazão e nível. Es- Ela é essencial para garantir que os instrumentos continuem ope-
ses dados são essenciais para monitorar as condições do processo rando de forma adequada e forneçam dados precisos e confiáveis
e fazer ajustes necessários para garantir que ele esteja operando de sobre o processo.
forma adequada. Existem diversos tipos de instrumentos de medi-
ção, cada um adequado para uma aplicação específica. — Redução de custos e aumento de eficiência
Entre os instrumentos de medição mais comuns estão os ter- A instrumentação é uma ferramenta importante para a re-
mômetros, que medem a temperatura, os manômetros, que me- dução de custos e aumento da eficiência nos processos industriais.
dem a pressão, os medidores de vazão, que medem a quantidade Através da automação e controle dos processos, é possível reduzir
de fluido que passa por um ponto, e os transmissores de nível, que o tempo de produção e minimizar desperdícios de matéria-prima e
medem o nível de um líquido em um tanque. Cada um desses ins- energia. Além disso, a instrumentação permite monitorar o proces-
trumentos possui suas próprias características e aplicabilidades, e é so em tempo real, identificando falhas e desvios que possam afetar
importante escolher o instrumento certo para a tarefa em questão. a qualidade do produto final.

—Instrumentos de controle: tipos e aplicações — Segurança do trabalho


Os instrumentos de controle são utilizados para garantir que A instrumentação também é fundamental para garantir a se-
o processo esteja operando dentro dos limites desejados. Eles fa- gurança do trabalho em ambientes industriais. Através de sensores
zem isso ajustando automaticamente as condições do processo, e sistemas de controle, é possível monitorar fatores como tempera-
como a vazão de um fluido ou a temperatura de um reator químico. tura, pressão e níveis de gases tóxicos, evitando situações de risco
Os instrumentos de controle são essenciais para manter o processo para os trabalhadores. Além disso, a automação dos processos re-
estável e operando de forma consistente. duz a necessidade de intervenção humana em tarefas perigosas e
Entre os instrumentos de controle mais comuns estão os con- repetitivas, minimizando o risco de acidentes de trabalho.
troladores de temperatura, que ajustam a temperatura do processo
para que ela permaneça dentro dos limites desejados, os controla- — Conclusão
dores de nível, que ajustam o nível de um líquido em um tanque, e Em resumo, a instrumentação é uma área essencial para a
os controladores de pressão, que ajustam a pressão em um sistema. indústria, permitindo o monitoramento e controle eficiente dos
Cada um desses instrumentos possui suas próprias características e processos de produção, além de reduzir custos, aumentar a efici-
aplicabilidades, e é importante escolher o instrumento certo para a ência e garantir a segurança dos trabalhadores. É importante que
tarefa em questão. os profissionais envolvidos na área tenham conhecimento técnico
especializado e estejam sempre atualizados em relação às novas
— Sistemas de automação: sensores, atuadores e contro- tecnologias e técnicas de medição e controle para garantir um pro-
ladores cesso de produção seguro e eficiente.
Os sistemas de automação são compostos por sensores,
atuadores e controladores, que trabalham juntos para manter o
processo funcionando de forma eficiente e segura. Os sensores
coletam dados sobre o processo, os atuadores realizam as ações QUÍMICA ORGÂNICA: HIDROCARBONETOS E
necessárias e os controladores ajustam as condições do processo. POLÍMEROS.
Os sistemas de automação são utilizados em diversos se-
tores da indústria, desde a produção de alimentos e bebidas até QUÍMICA ORGÂNICA
a fabricação de produtos químicos e petróleo. Eles são essenciais
para garantir que o processo esteja operando de forma consistente É a parte da Química que estuda os compostos que contém car-
e segura, minimizando riscos e aumentando a produtividade. bono. Porém nem toda substância que contém carbono é parte da
Os sensores são utilizados para coletar dados sobre o proces- Química Orgânica. Há algumas exceções, porque apesar de conter
so, como temperatura, pressão e vazão. Eles enviam esses dados carbono, tem comportamento de uma substância inorgânica. São
para os controladores, que os utilizam para fazer ajustes necessá- eles: C(grafite), C(diamante), CO, CO2, HCN, H2CO3, Na2CO3.
rios no processo. Os atuadores são utilizados para realizar ações no Os compostos orgânicos são, na sua maioria, formados por C,
processo, como abrir ou fechar uma válvula. Eles recebem coman- H, O e N. Entretanto em 1828, Wohler obteve o primeiro composto
dos dos controladores e realizam as ações necessárias para manter orgânico em laboratório. Este composto recebeu o nome de ureia,
o processo operando dentro dos parâmetros desejados. e a partir deste, surgiram outras sínteses de compostos orgânicos
realizados em laboratório.
— Calibração e manutenção de instrumentos Em 1858, KeKulé e Couper enunciaram a teoria estrutural da
A calibração e manutenção de instrumentos é fundamental Química orgânica através de três postulados:
para garantir que os dados coletados pelos instrumentos sejam pre-
cisos e confiáveis. A calibração envolve a comparação dos dados 1) O Carbono é tetravalente
coletados pelo instrumento com um padrão de referência, para ve- 2) As quatro valências são equivalentes
rificar se o instrumento está operando dentro das especificações 3) O carbono forma cadeias carbônicas
desejadas. Os átomos de carbono agrupam-se entre si, formando estrutu-
ras de carbono, ou cadeias carbônicas.

207
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Átomo de Carbono

O átomo de carbono possui massa atômica (A) igual a 12,01u e número atômico (Z) igual a 6.
Veja a sua configuração eletrônica:

A propriedade mais importante do elemento carbono é a capacidade de unir seus átomos, formando cadeias carbônicas. Veja a se-
guir um exemplo de cadeia carbônica:

Tipos de Carbono
Os átomo de carbono que fazem parte de uma cadeia carbônica podem ser classificados devido ao número de átomos de carbono
ligados diretamente ao átomo de carbono que se deseja classificar. Diante disso, podemos ter em uma cadeia os seguintes tipos de áto-
mos de carbono:
-Carbono primário: Liga-se diretamente, no máximo, a outro átomo de carbono.
-Carbono secundário: Liga-se diretamente, diretamente a dois átomos de carbono.
-Carbono secundário: Liga-se diretamente, diretamente a três átomos de carbono.
-Carbono quaternário: Liga-se diretamente, diretamente a quatro átomos de carbono.

Exemplo:

Classificação das Cadeias carbônicas

As cadeias carbônicas podem ser classificadas de três tipos de acordo com a disposição dos átomos de carbono:

1) Cadeia aberta, Acíclica ou Alifática


A cadeia aberta é aquela que possui pelo menos duas extremidades ou pontas, não há nenhum encadeamento, fechamento, ciclo ou
anel nela.
Exemplos:

208
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

2) Cadeia fechada ou cíclica:


Esse tipo de cadeia não possui nenhuma extremidade ou ponta, seus átomos são unidos, fechando a cadeia e formando um encade-
amento, ciclo, núcleo ou anel.

Exemplos:

3) Cadeia Mista
Possui pelo menos um ciclo (anel) e uma extremidade.

Exemplos:

Cadeias Abertas, Acíclicas ou Alifáticas

Quanto à disposição dos átomos de carbono, as cabeias abertas podem ser classificadas como retas ou normais e ramificadas.

A) Retas ou Normais
Esse tipo de cadeia ocorre quando só existem carbonos primários e secundários na cadeia. Estando em uma única sequência, geram
apenas duas extremidades ou pontas.
Exemplos:

B) Ramificadas
São aquelas cadeias que possuem três ou mais extremidades, com carbonos terciários ou quaternários.
Exemplo:

209
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Tipo de Ligação Entre os Átomos de Carbono

Quanto ao tipo de ligação entre os átomos de carbono, as cadeias são classificadas em saturadas e insaturadas.

A) Cadeia Saturada
Essa classificação é utilizada para as cadeias que possuem somente ligações simples entre os carbonos.
Exemplos:

B) Cadeia Insaturada
Nesse tipo de cadeia existe pelo menos uma instauração (dupla ou tripla ligação) entre os átomos de carbono.
Exemplos:

Natureza dos Átomos das Cadeias Carbônicas

Quanto à natureza dos átomos que as constituem, as cadeias carbônicas dividem-se em homogêneas e heterogêneas.

A) Cadeia Homogênea
Esse tipo de cadeia não possui nenhum heteroátomo entre os carbonos, ou seja, essas cadeias são constituídas somente por carbo-
nos.
Exemplos:

B) Cadeia Heterogênea
Nesse tipo de cadeia existe pelo menos um heteroátomo entre os átomos de carbono, sendo que os heteroátomos mais comuns são
O, N, S e P.
Exemplos:

210
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Cadeias Fechadas ou Cíclicas

As cadeias cíclicas subdividem-se em aromáticas e alicíclicas ou não aromáticas.

A) Aromáticas
São consideradas cadeias aromáticas aquelas que possuem em sua estrutura pelo menos um núcleo benzênico, também denomina-
do anel aromático (C6H6).

Exemplos:

B) Alicíclica, Não-Aromáticas ou Ciclo-Alifáticas


Esse tipo de cadeia são fechadas porem não apresentam o núcleo aromático (anel benzênico).
Exemplo:

Quantidade de Ciclos

Um outro critério que pode ser utilizado para classificar as cadeias cíclicas está relacionado com a quantidade de ciclos (anéis ou
núcleo). Assim temos:

Cadeia Monocíclica ou Mononuclear


Apresenta um único ciclo em toda sua estrutura
Exemplos:

211
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Cadeia Policíclica ou Polinuclear


Apresenta no mínimo dois ciclos em sua estrutura

Resumo

Hibridização

Hibridação de orbitais é uma interpenetração (mistura) que dá origem a novos orbitais, em igual número, denominados orbitais híbri-
dos.
Veja o tipo de hibridização para diferentes tipos de ligações entre carbonos:

- sp3

212
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Nesta molécula, o metano, todas as ligações são sp3.

Toda molécula que possuir ligações simples, a sua hibridização será sp3.

- sp2

Nesta molécula, eteno, temos uma ligação dupla, então a hibridização nesta ligação será sp2 (ligação sigma) e p (ligação pi). As de-
mais ligações são todas sp2.

- sp

H–C ≡ C–H

Neste caso, o etino possui uma ligação tripla, sendo uma hibridização sp (ligação sigma) e duas p (ligação pi). A ligação entre carbo-
nos e hidrogênios é sp.
Todas as ligações π são p puro.
Veja esta molécula:
=C=
Nesta molécula, há um ângulo de 180° entre as ligações duplas. A hibridização será sp e p para cada ligação dupla.
Uma ligação entre H – C será s – sp.
Exemplo:
Seja a seguinte molécula de etano, analise as suas ligações σ e π e o tipo de hibridização de cada ligação:

Carbono 1:
H – C [σ: s – sp3]
C – C [σ: sp3 – sp3]

Carbono 2:
C – C [σ: sp3 – sp3]
H – C [σ: s – sp3]

Química Orgânica no Cotidiano

A química orgânica exerce grande participação no nosso cotidiano. Grande parte dos compostos produzidos em nosso corpo são orgâ-
nicos por exemplo a ureia e a glicose. Não apenas em nós, como também em todos os seres vivos, sejam eles vegetais ou animais.
Também a encontramos como combustível, na produção de tinta e sabões, até mesmo na criação de um novo composto que pode ser
usado para salvar vidas.
Produtos essenciais para a vida são orgânicos, por isso existem tantos diferentes compostos além do ar que respiramos (O2) e da água
que constitui 80% do nosso corpo, há um átomo que é fundamental: o Carbono.

FUNÇÕES ORGÂNICAS

As funções orgânicas são grupos em que os compostos orgânicos são divididos de acordo com o seu comportamento químico e pre-
sença de certos agrupamentos de átomos em suas estruturas.

Nomenclatura dos Compostos Orgânicos

Os compostos orgânicos recebem nomes oficiais que levam em consideração o número de carbonos, os tipos de ligações entre eles e
a função que as substâncias pertencem.

213
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

O esquema apresentado no quadro abaixo mostra, as partes básicas da nomenclatura de um composto orgânico.

A seguir serão estudadas as principais funções orgânicas:

Hidrocarbonetos

São compostos formados apenas por carbono (C) e hidrogênio (H). Os hidrocarbonetos podem ser subdivididos em várias classes em
função do tipo de ligação que apresenta entre os carbonos. Sua fórmula geral é dada por CXHY.
Os hidrocarbonetos se dividem de acordo com a sua estrutura e tipo de ligações entre carbonos. São tipos de hidrocarbonetos:
-alcanos
-alcenos
-alcinos
-alcadienos
-cicloalcanos
-cicloalcenos
-aromáticos

Alcanos
Definição: são hidrocarbonetos de cadeia aberta saturados, ou seja, possuem somente ligações simples entre os carbonos.
Fórmula Geral: CnH2n + 2(em que n = qualquer número inteiro).
Exemplos:
CH4:metano
H3C — CH3: etano

Alcenos
Definição: são hidrocarbonetos de cadeia aberta que possuem somente uma ligação dupla entre carbonos.
Fórmula Geral: CnH2n
Exemplos:

Alcinos
Definição: são hidrocarbonetos de cadeia aberta que possuem tripla ligação entre carbonos.
O infixo “in” identifica a ligação tripla dos alcinos.
Fórmula Geral: CnH2n-2 (em que n = qualquer número inteiro).
Exemplos:

214
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

a) Nomenclatura de alcanos ramificados


Passo 1: Determinar a cadeia principal e seu nome
(A cadeia principal de um alcano é sempre aquela que apresen-
tar o maior número de carbonos e o maior número de ramificações)
Passo 2: Reconhecer os radicais e dar nome aos mesmos.
Passo 3: Numerar a cadeia principal de moto a obter os meno-
res números possíveis para indicar as posições dos radicais.
Alcadienos ou dienos:
Passo 4: Quando houver mais de um radical do mesmo tipo,
Definição: são hidrocarbonetos de cadeia aberta que possuem
seus nomes devem ser precedidos de prefixos que indiquem a
duas duplas ligações entre carbonos.
quantidade: di, tri, treta, penta e etc.
O infixo “dien” identifica as duas duplas ligações dos alcadienos.
Passa 5: Quando houver dois ou mais radicais de tipos diferen-
Fórmula Geral: CnH2n-2 (em que n = qualquer número inteiro).
tes, seus nomes podem ser escritos de duas maneiras:
Exemplos:
a) Pela ordem de complexidade crescente dos radicais
b) Pela ordem alfabética (Notação recomentada pela IUPAC).

Hidrocarbonetos cíclicos:
Exemplo:
Definição: são hidrocarbonetos de cadeia fechada. Podem ser
cicloalcanos (só possuem ligações simples), cicloalcenos (possuem
dupla ligação entre carbonos) e cicloalcinos (com tripla ligação en-
Álcoois
tre carbonos).
Álcool é toda substância orgânica que contém um ou mais gru-
Fórmula Geral:
pos oxidrila ou hidroxila (OH) ligado diretamente à átomos de car-
- Cicloalcanos: CnH2n
bono saturados.

Grupo funcional:

Classificação
Os álcoois podem ser classificados de duas maneiras:
- Cicloalcenos: CnH2n-2
- de acordo com a posição da hidroxila
- de acordo com o número de hidroxila
Hidrocarbonetos aromáticos:
Posição da Hidroxila
Definição: são hidrocarbonetos que possuem um ou mais anéis
Álcool Primário – tem a hidroxila ligada a carbono primário.
benzênicos (núcleos aromáticos), que são representados conforme
a figura abaixo:

Álcool Secundário – tem a hidroxila ligada a carbono secundá-


rio.

Nomenclatura Para Hidrocarbonetos Ramificados

Para realizar a nomenclatura de um hidrocarboneto ramificado,


Álcool Terciário – tem a hidroxila ligada a carbono terciário.
é necessário identificar a cadeia principal, que, geralmente, apre-
senta o maior número de carbonos. Para isso, temos que levar em
consideração a classe dos hidrocarbonetos com a qual estamos tra-
balhando, como relatado em cada caso:

215
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

-H3C — OH: met + an + ol = metanol


-H3C — CH2 — OH: et + an + ol = etanol

Quando um álcool alifático apresentar mais de dois átomos de


carbono, devemos indicar a posição do OH numerando a cadeia a
partir da extremidade mais próxima do carbono que contém a hi-
droxila.
Exemplos:

Número de Hidroxila
- Monoálcool – álcool que contém uma hidroxila.
1-butanol

- Diálcool ou Diol – álcool que contém duas hidroxilas.

2-butanol

Aldeídos
Os aldeídos contêm o grupo carbonila em carbono primário (ex-
tremidade da cadeia).

Grupo funcional:
- Triálcool ou Trióis – álcool que contém três hidroxilas.

Exemplos:

Fenol

Fenol é todo composto orgânico que contém uma ou mais hi-


droxilas (OH) ligadas diretamente a um anel aromático.
Exemplos:

Nomenclatura IUPAC
- A terminação do nome oficial é AL.
- A cadeia principal deve ser a mais longa possível que apresen-
tar o grupo funcional.
- Para cadeias ramificadas ou insaturadas, devemos numerar
pela extremidade que contenha o grupo funcional. Este será sem-
pre posição 1. E não precisa ser mencionado no nome.

Exemplos:

Nomenclatura oficial dos álcoois


A nomenclatura oficial dos álcoois segue as mesmas regras es-
tabelecidas pela IUPAC para os hidrocarbonetos, com apenas uma
diferença: como o grupo funcional é diferente, o sufixo é “OH” no
lugar de “o”, que é o usado para os hidrocarbonetos.

Prefixo Intermediário Sufixo


N° de Carbono Tipo de Ligação OL
Exemplos:

216
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Nomenclatura usual
Os quatro primeiros aldeídos têm nomes usuais, tais como:

Cetonas

As cetonas também apresentam o grupo carbonila, sendo que o carbono do grupo deve ser secundário.
Grupo funcional:

Exemplos:

Nomenclatura IUPAC
De acordo com a nomenclatura da IUPAC a terminação das cetonas é ONA.
A cadeia principal é a mais longa que possui a carbonila e a numeração é feita a partir da extremidade mais próxima da carbonila.
Exemplos:

Quando a numeração for necessária, ela deve ser iniciada da extremidade mais próxima da carbonila.

Ácido Carboxílico

Os ácidos carboxílicos apresentam pelo menos uma função carboxila.


-Grupo funcional:

217
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Exemplos:

Nomenclatura IUPAC
Inicia-se com a palavra ácido e a terminação utilizada é óico. A cadeia principal é a mais longa e que possua a carboxila. Para cadeias
ramificadas, devemos numerar a partir do carbono da carboxila (e não precisa mencionar a posição 1).
Exemplos:

O nome usual para os ácidos é associado à sua origem ou a suas propriedades. Os nomes comuns de muitos ácidos carboxílicos são
baseados em suas origens históricas ou ao seu odor exalado por quem os produz.

Veja o motivo dos nomes usuais não seguirem regras:

Nome oficial Nome comercial Origem do nome


Ácido metanóico Ácido fórmico Existe nas formigas
Ácido etanóico Ácido acético Formado no azedamento do vinho
Ácido propa-
Ácido própiônico gordura
nóico
Ácido butanóico Ácido butírico Encontrado na manteiga
Ácido penta-
Ácido valérico Encontrado na planta valeriana
nóico
Ácido hexanóico Ácido capróico Produzidos por cabras e bodes
Ácido octanóico Ácido caprílico Produzidos por cabras e bodes
Ácido decanóico Ácido cáprico Produzidos por cabras e bodes
Ésteres
Ésteres são compostos orgânicos produzidos através da reação química denominada de esterificação: ácido carboxílico e álcool rea-
gem entre si e os produtos da reação são éster e água. Os ésteres são encontrados em muitos alimentos, perfumes, objetos e fármacos
que temos em casa.

Grupo funcional:

Os ésteres possuem aroma bastante agradável. São usados como essência de frutas e aromatizantes nas indústrias alimentícia, farma-
cêutica e cosmética. Constituem também óleos vegetais e animais, ceras e gordura.

Nomenclatura IUPAC
Colocando-se o grupo funcional como referencial, podemos dividir o nome em duas partes:

Prefixo + Saturação + oato de + Nome do radical

218
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Exemplos:

Éteres

Éter é todo composto orgânico onde a cadeia carbônica apresenta – O – entre dois carbonos. O oxigênio deve estar ligado diretamente
a dois radicais orgânicos (alquila ou arila). A fórmula genérica do éter é R – O – R, onde “R” é o radical e “O” é o oxigênio.

Grupo funcional:

Nomenclatura oficial
A nomenclatura oficial pode ser obtida da seguinte maneira:

Prefixo R (menor n° de carbonos) + Infixo (tipo de ligações) + oato de + nome do radical R’ + a

Ou

Radical R + Radical R’ + éter

Exemplos:

Aminas

As aminas são consideradas as bases orgânicas e são obtidas a partir da substituição de um ou mais hidrogênios da amônia (NH3) por
radicais.

219
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Nomenclatura da IUPAC
Na sua nomenclatura, basta indicar (o)s radical (is) ligados ao nitrogênio acrescido da palavra amina.

As aminas aromáticas nas quais o nitrogênio se liga diretamente ao anel benzênico Ar–NH2 são, geralmente, nomeadas como se fossem
derivadas da amina aromática mais simples: a fenilamina (Anilina)

Para aminas mais complexas, consideramos o grupo NH2 como sendo uma ramificação, chamada de amino.

Amidas

As amidas são caracterizadas pelo grupo funcional:

Nomenclatura da IUPAC
O nome das amidas, de acordo com a IUPAC é dado da seguinte maneira:

220
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Prefixo + Saturação + Amida

Exemplo:

Haletos Orgânicos

Os haletos orgânicos são compostos resultantes da substituição de um ou mais hidrogênios em moléculas de hidrocarbonetos, por
átomos de halogênios, que podem ser o flúor, o cloro, o bromo ou o iodo.
Os Haletos orgânicos são representados por R – X onde X = Cl, Br, F, I.

Repare que o Cl está ligado a uma cadeia de hidrocarbonetos.

REAÇÕES ORGÂNICAS

O conhecimento das reações orgânicas e das características das diferentes funções orgânicas é de fundamental importância para en-
tendermos não só os processos orgânicos, mas também a bioquímica, ou seja, os processos metabólicos que ocorrem nos seres vivos. Em
todo o mundo, muitos químicos estão envolvidos na obtenção de compostos orgânicos em laboratórios de escolas, institutos de pesquisa
e indústrias.
As reações orgânicas podem ser classificadas de várias maneiras. Alguns dos tipos mais comuns são: substituição, adição e eliminação.

Substituição

Nesse tipo de reação, ocorre a substituição de pelo menos um átomo de hidrogênio da molécula de um hidrocarboneto por outro
átomo ou grupo de átomos. Essas reações podem ser representadas genericamente da seguinte maneira:

221
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

A notação R-H representa um hidrocarboneto que pode pertencer a uma das seguintes classes: alcanos, aromáticos e ciclanos com 5
ou mais carbonos. As principais reações de substituição são: halogenação, nitração, sulfonação, alquilação e acilação.

Halogenação: Nessas reações ocorre a substituição de átomo(s) de hidrogênio por átomo(s) de halogênio. Essa reação ocorre com as
substâncias simples dos halogênios: F2, Cl2, Br2 e I2; as mais comuns são a cloração (Cl2) e a bromação (Br2), pois as reações com F2, devido
à sua grande reatividade, são explosivas, enquanto as reações com I2 são extremamente lentas.

a) Monocloração do metano

A substituição de um átomo de hidrogênio pode ocorrer em diferentes carbonos; assim, nessas reações obtém-se uma mistura de
diferentes produtos orgânicos. Veja um exemplo dessa situação na monobromação do metilbutano:

b) Monobromação do metilbutano

Vários fatores influam na porcentagem dos produtos obtidos nesse tipo de reação, mas pode-se fazer uma previsão de qual produto
será formado em maior quantidade, por meio de uma regra de uso comum, que indica a ordem de facilidade com que um hidrogênio “sai”
do hidrocarboneto:

222
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

No equacionamento de reações semelhantes a essa, é costume representar somente o produto obtido em maior quantidade. Assim, a
reação de monobromação do metilbutano é normalmente representada da seguinte maneira:

Nitração: Essa reação ocorre com o ácido nítrico .

Sulfonação: Essa reação ocorre com o ácido sulfúrico (H2SO4 ou HO–SO3H) .

Reações Características de Aromáticos

Alquilação: É a substituição de um ou mais hidrogênios do anel aromático por um ou mais radicais derivados de alcanos.

Acilação: É a substituição de um ou mais hidrogênios de um anel aromático por um ou mais radicais derivados de ácidos carboxílicos
.

223
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Essas duas reações são denominadas reações de Friedel-Crafts.

Dirigência em Aromáticos

O primeiro substituinte (átomo ou grupo de átomos) de um hidrogênio do anel benzênico orientará a posição na qual irá ocorrer a
segunda substituição. Esse primeiro substituinte será denominado grupo dirigente e poderá ser de dois tipos:

Os principais orto-para-dirigentes são:

Os orto-para-dirigentes geralmente apresentam um átomo ou grupo de átomos unidos somente por ligações simples.

Monobromação do fenol

224
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Os principais meta-dirigentes são:

Os meta-dirigentes são grupos de átomos em cuja estrutura existe pelo menos uma ligação dupla, tripla ou dativa.

Monocloração do ácido benzóico

Os grupos orto-para dirigentes permitem no máximo três substituições no núcleo benzênico: duas em orto e uma em para.
O trinitritolueno (TNT) é uma substância que pode ser obtida pela nitração total do tolueno.
O TNT é um dos mais importantes explosivos de uso militar, sendo ativado pela explosão de uma espoleta.

Reações de Adição

Essas reações são características de hidrocarbonetos insaturados: alquenos, alquinos e dienos, e ocorrem com a quebra da ligação pi
(π).

Observação: Os ciclanos de três ou quatro carbonos, como apresentam anéis instáveis, também sofrem esse tipo de reação devido à
quebra de uma ligação sigma (σ) entre carbonos do anel, originando compostos de cadeia aberta.

225
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Hidrogenação catalítica
Essas reações ocorrem com o gás hidrogênio (H2) e são catalisadas por metais, como: Ni, Pt, Pd.

Observação: As reações de hidrogenação são denominadas reações de redução, pois o Nox do carbono envolvido na reação diminui:

Halogenação
Essa reação envolve os halogênios, sendo o cloro (Cl2) e o bromo (Br2) os mais utilizados.

Observação: O teste mais comum para verificar se uma cadeia alifática é insaturada, à temperatura ambiente, consiste na reação com
água de bromo [Br2(aq)] ou uma solução de bromo em tetracloreto de carbono (Br2/CCl4). Esses sistemas apresentam uma coloração cas-
tanha. Se a cadeia for insaturada, a coloração castanha desaparecerá.

Essa reação, nessas condições, não irá ocorrer com cadeias saturadas.

226
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Adição de HX
Nesse tipo de reação, os reagentes mais comuns são o cloreto e o brometo de hidrogênio (HCl e HBr). A adição do hidrogênio (H) e
do halogênio (X) aos carbonos da insaturação obedece a uma regra experimental descoberta em 1868 pelo químico russo Markovnikov.

Regra de Markovnikov: o hidrogênio do HX adiciona-se ao carbono de dupla ou tripla ligação


mais hidrogenado

Reações de Hidratação de Alquenos e Alquinos

Essas reações consistem na adição de água (H2O ou HOH), na presença de catalisadores e em meio ácido, aos hidrocarbonetos alque-
nos e alquinos, e também obedecem à regra de Markovnikov, ou seja, o H se liga ao carbono mais hidrogenado da insaturação.

Se o grupo OH presente no enol estiver situado em carbono secundário, haverá a formação de uma cetona; entretanto, se o grupo OH
estiver situado em carbono primário, irá formar-se um aldeído.

Adição em aromáticos
Os aromáticos, devido à ressonância, normalmente sofrem reações de substituição; porém, em condições enérgicas ou em condições
especiais, podem sofrer reações de adição. Veja os exemplos:

a) Hidrogenação total do benzeno

227
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

b) Cloração total do benzeno

Reações de Oxidação de Alquenos Oxidação Branda

A oxidação branda ocorre com hidrocarbonetos insaturados; o elemento oxigênio geralmente é obtido a partir do permanganato de
potássio (KMnO4) em meio neutro ou ligeiramente básico, diluído e a frio. Nessas condições, o KMnO4 é o agente oxidante, denominado
reativo de Baeyer, o qual apresenta coloração violeta.
A principal aplicação dessa reação consiste na diferenciação de alquenos e cicloalcanos, que são isômeros de cadeia, pois apenas os
alquenos sofrerão esse tipo de reação, por apresentarem ligação π em sua estrutura.

A reação entre o alqueno e o reativo de Baeyer pode ser representada por:

Ou, simplesmente:

Ozonólise
A ozonólise utiliza ozônio (O3) na presença de água (H2O) e zinco (Zn). Os átomos de oxigênio do ozônio ligam-se aos carbonos da dupla
ligação do alqueno, originando um composto intermediário instável, denominado ozoneto ou ozonida, o qual, por sua vez, se hidrolisa,
originando aldeídos e/ou cetonas. Como exemplo, tome-se um alqueno genérico:

228
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Essa equação poderia ser escrita de maneira simplificada, omitindo-se o ozoneto.

Observação: A finalidade da utilização do zinco é evitar que o oxigênio, que pode ser produzido pela decomposição da água oxigenada,
oxide o aldeído a ácido carboxílico.

Oxidação enérgica
Os dois agentes oxidantes mais utilizados na reação de oxidação enérgica de alquenos são o permanganato de potássio (KMnO4) e o
dicromato de potássio (K2Cr2O7) concentrados, em meio ácido, a quente. Neste tipo de oxidação, ocorre a quebra da dupla ligação e a for-
mação de ácidos carboxílicos e/ou cetonas. Os átomos de hidrogênio (H) ligados ao carbono da dupla ligação se transformam em hidroxila
(OH). Genericamente, essa reação pode ser representada por:

Se, no carbono da dupla ligação, existirem dois átomos de hidrogênio (=CH2), ambos serão transformados em hidroxilas (=C(OH)2),
originando o ácido carbônico (H2CO3), que se decompõe, produzindo CO2(g) e H2O(l). Veja um exemplo:

Observação: As reações de combustão também são reações de óxido-redução.

Reações com Álcoois

Combustão
A mais completa das oxidações é a combustão. A equação que representa a combustão completa de um álcool alifático saturado pode
ser dada por:

Os dois álcoois comumente utilizados como combustíveis são o metanol e o etanol. O metanol é considerado um bom substituto da
gasolina, particularmente em áreas urbanas em que os níveis de poluição produzidos por veículos automotivos são muito altos. Isso se
deve ao fato de sua queima ser mais completa do que a da gasolina, o que diminui a poluição atmosférica, além de não produzir óxidos de
enxofre. É utilizado diretamente ou misturado à gasolina nos Estados Unidos desde 1980.
No Brasil, o álcool utilizado como combustível é o etanol hidratado, nos carros movidos a álcool, ou o anidro, misturado à gasolina, nos
carros movidos a gasolina. Sua combustão completa pode ser assim representada:

229
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Outras oxidações
Em laboratório, os agentes oxidantes mais utilizados são o KMnO4 ou o K2Cr2O7 (concentrados, em meio ácido, a quente), que produ-
zem oxigênio nascente [O]. Esses oxigênios atacam os hidrogênios (H) pertencentes ao carbono do grupo OH.

Oxidação de álcool primário

Oxidação do etanol: um bafômetro muito simples


O teste do bafômetro, usado para identificar motoristas que dirigem depois de ingerir bebidas alcoólicas, é baseado na mudança de
cor que ocorre na reação de oxidação do etanol com o dicromato de potássio em meio ácido. Se o ar expirado pela pessoa mudar a cor
alaranjada inicial do dicromato de potássio para verde, isso indica que a quantidade de álcool no seu sangue está acima do limite legal.
A reação eu ocorre pode ser representada por:

Oxidação de álcool secundário:

230
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Oxidação de álcool terciário:

Desidratação

a) Desidratação intramolecular — nessa reação ocorre a eliminação de uma molécula de água do interior de cada molécula de álcool:

b) Desidratação intermolecular — nessa reação ocorre a eliminação de uma molécula de água a partir de duas moléculas de álcool,
pela interação dos grupos OH, através das pontes de hidrogênio:

Observação: Como, nessas reações, o produto orgânico obtido é proveniente de uma simples retirada de átomos do reagente, elas
podem ser classificadas como reações de eliminação.
Esterificação

Essa reação ocorre quando um ácido reage com um álcool, produzindo éster e água; a reação inversa é denominada reação de hidró-
lise.

Experimentalmente, verifica-se que, quando essas reações ocorrem entre um ácido carboxílico e um álcool primário, a água é formada
pelo grupo OH do ácido e pelo hidrogênio do grupo OH do álcool.

Observação: Caso se utilizem ácidos inorgânicos ou álcoois secundários ou terciários, a água será formada pelo OH do álcool e pelo
hidrogênio do grupo OH do ácido. Um exemplo desse fato pode ser verificado na reação a seguir:

231
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

A nitroglicerina é um poderoso explosivo e muito sensível a choques. Em 1866, Alfred Nobel descobriu que ela poderia se tornar mais
estável e de mais fácil manuseio quando absorvida por um material inerte e poroso, como a serragem ou a terra infusória (esqueletos
calcários de diatomáceas). Esse produto é comercializado com o nome de dinamite.

Alguns Métodos de Obtenção de Álcoois

Hidratação de alquenos

Esse método é utilizado nos Estados Unidos para produzir etanol.

Redução
A redução é a reação inversa à oxidação e é realizada com o gás hidrogênio (H2). Dessa maneira, os produtos obtidos na oxidação dos
álcoois podem ser usados, numa reação de redução, para regenerar o álcool.

-Redução de ácidos carboxílicos e aldeídos

-Redução de uma cetona

Genericamente, a partir de todas essas informações, temos:

Haletos orgânicos
Outra maneira de obter álcoois em laboratório consiste em fazer a reação entre um haleto orgânico (R — X) e o hidróxido de potássio
em solução aquosa [KOH(aq)].

232
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Aldeídos e Cetonas

Os aldeídos e as cetonas são os principais compostos carbonílicos (grupo carbonila C O), e as principais reações que ocorrem nesse
grupo envolvem a quebra da ligação π.

Reações de aldeídos e cetonas


Reações com compostos de Grignard

Os aldeídos e as cetonas reagem com os compostos de Grignard (R—MgX), originando um composto intermediário que se hidrolisa e
dá origem a diferentes álcoois, segundo o esquema:

Genericamente, temos:

Reação de redução
Nesse tipo de reação, utiliza-se gás hidrogênio (H2) ou hidrogênio nascente [H], que pode ser obtido a partir da reação entre zinco e
ácido clorídrico.
Genericamente, temos:

Reação de oxidação
As reações de oxidação podem ser feitas utilizando-se agentes oxidantes, tais como KMnO4, K2Cr2O7 etc.
Genericamente, temos:

Em laboratório, para diferenciar aldeídos de cetonas através de reações de oxidação, são usadas algumas misturas oxidantes:
-reativo de Tollens — solução aquosa amoniacal de nitrato de prata.
-reativo de Fehling — solução aquosa de sulfato de cobre em meio básico e tartarato duplo de sódio e potássio.

233
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

-reativo de Benedict — solução aquosa de sulfato de cobre em meio básico e citrato de sódio.

Métodos de obtenção de aldeídos e cetonas


Os principais métodos de obtenção de aldeídos e cetonas, já vistos anteriormente, são os seguintes:
-hidratação de alquinos
-ozonólise de alquenos
-oxidação de álcoois
Além desses, podemos citar o método específico de obtenção de cetonas Piria- Limpricht, o qual consiste no aquecimento de um sal
de cálcio de ácido carboxílico, que se decompõe, originando uma cetona e carbonato de cálcio.

Ácidos carboxílicos

Apesar de os ácidos carboxílicos mais conhecidos serem o ácido fórmico e o ácido acético, outros ácidos carboxílicos também fazem
parte do nosso cotidiano.

Ácido butanoico

Também conhecido por ácido butírico (do latim butyrum = manteiga), é o responsável pelo odor característico de manteiga rançosa.

Ácido hexanóico

Seu nome usual é ácido capróico (do latim caper = cabra), e é um dos responsáveis pelo cheiro desagradável exalado pelas cabras.

Ácido etanodióico

Seu nome usual é ácido oxálico, sendo encontrado no tomate, nas folhas de ruibarbo e de espinafre. É um dos ácidos presentes em
maior quantidade na natureza. Um sal desse ácido, o oxalato de cálcio, é um dos principais componentes dos cálculos renais.
Existe, também, uma categoria especial de ácidos, denominados ácidos graxos, que são constituintes de óleos e gorduras.

Ácidos graxos: são ácidos carboxílicos com 12 ou mais átomos de carbono, geralmente em número par, e de cadeia alifática normal;
podem ser saturados ou insaturados

234
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Vejamos alguns exemplos de ácidos graxos:

Propriedades Químicas dos Ácidos Carboxílicos

Caráter ácido
Os ácidos carboxílicos, quando em solução aquosa, se ionizam, originando íons H+ ou H3O+; portanto, são considerados ácidos de acor-
do com a definição de Arrhenius. Genericamente e de maneira simplificada, temos:

Embora todos os ácidos carboxílicos sofram ionização, ela não ocorre na mesma intensidade em todos os compostos. Essa ionização
está relacionada aos grupos ligados à carboxila.

Esses grupos podem ser de dois tipos:


a) aqueles que aumentam a acidez. Exemplos: halogênios (F, Cl, Br, I); NO2; OH etc.
b) aqueles que diminuem a acidez. Exemplos: H3C-; C2H5- etc.
Isso pode ser verificado a partir da análise de quatro ácidos e suas respectivas constantes de ionização, os quais são dados a seguir:

Como já sabemos, quanto maior a constante de ionização (Ki), mais ionizado estará o ácido. Assim, entre os ácidos apresentados,
temos:

235
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Acidez na Química Orgânica

Além dos ácidos carboxílicos, na Química Orgânica existem outros compostos que se ionizam, liberando H+:

A análise das constantes de ionização permite estabelecer uma comparação entre o caráter ácido das funções e a água:

Com base nos valores das constantes de ionização, consegue-se entender melhor por que somente os fenóis e os ácidos carboxílicos
reagem com uma base inorgânica:

Reações dos Ácidos Carboxílicos

Esterificação
Os ácidos carboxílicos reagem com os álcoois, produzindo éster e água. Veja:

Desidratação intermolecular
Nesse tipo de reação ocorre a eliminação de uma molécula de água a partir de duas moléculas de ácido carboxílico, originando um
anidrido:

236
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Métodos de obtenção de ácidos carboxílicos


Durante o nosso estudo, já foram abordados alguns métodos de obtenção dos ácidos carboxílicos:
-oxidação enérgica de alquenos • oxidação de aldeído
-oxidação de álcool primário • hidrólise de éster

Os ácidos carboxílicos também podem ser obtidos pela hidrólise de haleto ácido.
Observe:

Acidez e Basicidade de Compostos Orgânicos

Ácidos Carboxílicos são os ácidos orgânicos mais conhecidos; e esta classe de compostos possui o grupo funcional –COOH.

As estruturas de ressonância acima explicam a maior acidez de um carboxilato comparado com uma hidroxila: Apesar de que é pos-
sível escrever duas estruturas de ressonância para o ácido não dissociado, a segunda estrutura tem menos importância (“contribui muito
menos” para a estrutura “verdadeira”) do que a primeira, devido à separação de cargas nesta estrutura. Com isso, a estabilização por res-
sonância no caso do ácido é muito baixa. Já no carboxilato (base conjugada), as duas estruturas de ressonância são idênticas; com isso, a
estabilização por ressonância é máxima. O exposto acima significa que, por causa da estabilização por ressonância do carboxilato, a energia
da base conjugada (carboxilato) é mais baixa do que a do ácido. Isto resulta no aumento da constante de equilíbrio.

Álcoois (pKa ~ 16) são muito menos ácidos do que ácidos carboxílicos (pKa ~ 4), um fato que pode ser explicado facilmente pela au-
sência de uma estabilização por ressonância da base conjugada de álcoois (íon alcoxi). Tente escrever estruturas de ressonância de um íon
alcoxi.

Fenóis (pKa ~ 10) são mais ácidos de que álcoois devido às estruturas de ressonância mostradas a seguir:

237
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Bases Orgânicas
As bases são compostos que possuem o radical OH- em suas composições e são classificadas levando em consideração suas estruturas.

O pKb e pKa das Bases é análogo ao pKa de ácidos pode-se definir a constante de associação de uma base com um próton, o pKb.
Porém a maioria dos livros apresenta os valores de dissociação dos ácidos correspondentes das bases, pKa (pKa de uma base significa pKa
do ácido correspondente da base, ou seja, pKBH+), ao invés dos valores de pKb.

A basicidade das aminas, heterocíclicas, aromáticas com anéis de 6 e 5 membros, piridina e o pirrol, é indicada abaixo em comparação
com a trietilamina, a pirrolidina e a dietilamina:

Ambos os compostos heterocíclicos são menos básicos do que as aminas alifáticas; sendo que o pirrol pode ser considerado não básico.
Explicação:

(i) pirrol: A baixa basicidade não pode ser causada pelo anel de 5, porque o composto análogo não aromático, a pirrolidina, possui
um pKa parecido com o da dietilamina. Porém, o par de elétrons do nitrogênio no pirrol é deslocalizado no anel aromático fazendo parte
do sistema aromático (aromático: 6 elétrons; 4 elétrons das duas C=C + 2 elétrons do par de elétrons do nitrogênio). Com isso, o par de
elétrons não é disponível.
(ii) piridina: O par de elétrons não participa do sistema aromático (6 elétrons das três C=C). A basicidade reduzida da piridina é devido
à hibridização sp2 do nitrogênio:
Hibridização do nitrogênio:

Exemplos: alquilamina (pKa = 10); piridina (pKa = 5.21); acetonitrila; (pKa = - 4.3) A basicidade diminui com o aumento do caráter, já
que o par de elétrons em sp está mais atraído pelo núcleo e, portanto, está menos disponível.

Ácidos e bases de Brönsted-Lowry


Ácido⇒ substância que pode doar um próton (H+ ).

238
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Base ⇒ substância que pode receber um próton (H+)


Quanto mais forte o ácido, mais fraca é a base conjugada.
Quanto mais forte a base, mais fraco é o ácido conjugado.
Um fator que aumenta a força ácida de um composto é a deslocalização da carga negativa da base conjugada.

Ka 10-18 10-16 10-10 10-5


composto álcool água fenol Ácido carboxílico

Quanto maior o Ka mais forte é o ácido e menor é o pKa.

Deslocalização da carga negativa no ânion carboxilato:

No ânion alcóxido de um álcool não existe deslocalização da carga negativa da base conjugada:

Obs: Ácidos carboxílicos podem ser neutralizados por bases fortes, moderadas, fracas e sais de caráter básico como o NaHCO3.
Fenóis são neutralizados somente por bases fortes.

Relação entre efeitos eletrônicos e acidez e basicidade


1) Fenóis
A presença de grupos no anel aromático do fenol pode aumentar ou diminuir a acidez do fenol.

239
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

X⇒ Efeito eletrônico positivo ⇒diminui a acidez⇒principal-


mente em orto e para.
X⇒ Efeito eletrônico negativo ⇒aumenta a acidez⇒principal-
mente em orto e para

NOÇÕES DE METROLOGIA

A metrologia é a ciência das medições, abrangendo todos os


aspectos teóricos e práticos que asseguram a precisão exigida no
processo produtivo, procurando garantir a qualidade de produtos
e serviços através da calibração de instrumento de medição e da
realização de ensaios, sendo a base fundamental para a competiti-
vidade das empresas.
A metrologia diz respeito ao conhecimento dos pesos e medidas
e dos sistemas de unidades de todos os povos.
A metrologia garante a qualidade do produto final favorecendo
2) Ácidos carboxílicos as negociações pela confiança do cliente, sendo um diferenciador
tecnológico e comercial para as empresas. Reduz o consumo e o
desperdício de matéria-prima pela calibração de componentes e
equipamentos, aumentando a produtividade.
A metrologia aplica-se a todas as grandezas determinadas e,
em particular, às dimensões lineares e angulares das peças mecâ-
nicas. Nenhum processo de usinagem permite que se obtenha ri-
gorosamente uma dimensão prefixada. Por essa razão, é necessário
Quanto maior a cadeia de carbonos (R), menor é a acidez. conhecer a grandeza do erro tolerável, antes de se escolherem os
meios de fabricação e controle convenientes.

Áreas da metrologia2
Basicamente, a Metrologia está dividida em três grandes áreas:
• A Metrologia Científica (ou primária), que utiliza instrumen-
tos laboratoriais, pesquisa e metodologias científicas.
• A Metrologia Industrial, cujos sistemas de medição controlam
processos produtivos industriais e são responsáveis pela garantia da
3) Aminas Ordem decrescente de basicidade: qualidade dos produtos acabados.
Aminas secundárias >Aminas primárias >Aminas terciárias
>NH3>Aminas aromáticas. Nesse sentido a Metrologia Científica e Industrial é uma ferra-
Quanto maior o Kb mais forte é a base e menor é o pKb. Dime- menta fundamental no crescimento e inovação tecnológica, pro-
tilamina Kb = 5,2.10- 4 Metilamina Kb = 4,4.10- 4 Trimetilamina Kb = movendo a competitividade e criando um ambiente favorável ao
0,62.10- 4 Amônia Kb = 1,8.10- 5 Fenilamina Kb = 3,8.10- 10 desenvolvimento científico e industrial em todo e qualquer país.
As aminas secundárias possuem dois grupos alquilas doadores
de elétrons (efeito indutivo positivo), sendo, portanto, mais básicas • A Metrologia Legal, A Metrologia Legal é parte da metrolo-
que as aminas primárias. Considerando-se apenas o efeito indutivo gia relacionada às atividades resultantes de exigências obrigatórias,
dos grupos alquilas, era de se esperar que as aminas terciárias fos- referentes às medições, unidades de medida, instrumentos e mé-
sem mais básicas. todos de medição, que são desenvolvidas por organismos compe-
Entretanto a presença de três grupos alquilas em torno do nitro- tentes.
gênio dificulta a aproximação do cátion H + (impedimento espacial Tem como objetivo principal proteger o consumidor tratando
ou estérico). das unidades de medida, métodos e instrumentos de medição, de
Já as aminas aromáticas são menos básicas que amônia por que acordo com as exigências técnicas e legais obrigatórias.Com a su-
o par de elétrons não ligante do nitrogênio pode deslocalizar-se so- pervisão do Governo, o controle metrológico estabelece adequada
bre o anel aromático, tornando-se dessa forma menos disponível transparência e confiança com base em ensaios imparciais.
para se ligar ao H +.

2 http://www.inmetro.gov.br

240
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

A exatidão dos instrumentos de medição garante a credibilidade nos campos econômico, saúde, segurança e meio ambiente. No Brasil
as atividades da Metrologia Legal são uma atribuição do Inmetro, que também colabora para a uniformidade da sua aplicação no mundo,
pela sua ativa participação no Mercosul e na OIML - Organização Internacional de Metrologia Legal.

Calibração
Calibração é a comparação entre os valores indicados por um instrumento de medição e os indicados por um padrão.
A calibração dos equipamentos de medição é função importante para a qualidade no processo produtivo e deve ser uma atividade
normal de produção que proporciona uma série de vantagens tais como:
a) garante a rastreabilidade das medições.
b) permite a confiança nos resultados medidos.
c) reduz a variação das especificações técnicas dos produtos.
d) previne defeitos.
e) compatibiliza as medições.

Calibradores
Quando as dimensões e as tolerâncias admissíveis são indicadas no projeto, torna-se necessário apenas que as peças fabricadas se
mantenham dentro das tolerâncias, isto é, as dimensões das peças devem estar entre as dimensões máximas e mínimas determinadas
pela tolerância indicada.
Em lugar de um calibrador simples, com a dimensão nominal, são empregados dois calibradores com as dimensões limite. Estes dois
calibradores, chamados de calibradores limite, frequentemente constituem uma única peça, com as dimensões máximas e mínimas, e são
fixos na maioria das aplicações industriais.
Não sendo impossível estreitar um furo depois de aberto, as peças que apresentem furos de dimensões acima dos limites superiores
não podem ser aproveitadas, por este motivo, o calibrador tampão com a dimensão superior é utilizado, também chamado de calibrador
de refugo.
Este calibrador de refugo ou o “lado de refugo” do calibrador, não deve penetrar no orifício, recebendo por isso a denominação mais
correta de calibrador-não-passa ou lado-não-passa.
O lado da dimensão inferior é chamado lado-passa ou calibrador-passa. Este lado deve penetrar no furo, quando a peça satisfaz as
exigências.
Para o controle das dimensões dos eixos ocorre o mesmo, mas em sentido inverso. O eixo deve penetrar no calibrador passa, mas não
no calibrador-não-passa.
As peças fabricadas sob o controle de calibradores limite permitem o perfeito ajuste na ocasião da montagem, sem intervenção do
fator pessoal do operário.

Tolerâncias
Nas construções mecânicas é impossível obter exatidão absoluta das dimensões indicadas no desenho, seja pelos erros das máquinas
operatrizes, defeitos e desgastes das ferramentas, seja pela imperfeição dos instrumentos de medida, erros de leitura do operador ou
ainda pelo fato que todos os instrumentos dão apenas e sempre medidas aproximadas.
As peças são, portanto confeccionadas com dimensões que se afastam a mais ou a menos da cota nominal, isto é apresentam erro.
Com a finalidade de aumentar a produção, as empresas fabricam em série seus produtos. Neste sentido as peças não são todas abso-
lutamente iguais, mas, dentro de certos limites pré-estabelecidos e determinados, são plenamente aceitáveis.
As peças fabricadas podem ser utilizadas isoladamente ou em conjunto, como na maioria dos casos (formar componentes ou máqui-
nas). Neste segundo caso, para a facilidade de substituição rápida e simples das peças, é necessário que elas sejam intercambiáveis. Para
isso é necessário pré-estabelecer o intervalo dos limites entre os quais pode variar a dimensão de uma peça, isto é, é necessário estabe-
lecer a tolerância.

Tolerância ou Campo de Tolerância é a variação permissível da dimensão da peça, dada pela diferença entre as dimensões máxima e
mínima.

241
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

O sistema de Tolerância é um conjunto de princípios, regras, fórmulas e tabelas que permite a escolha racional de tolerâncias para a
produção econômica das peças intercambiáveis.
Como finalidades do uso de tolerâncias têm:
• Evitar uma exatidão excessiva nas dimensões das peças durante a sua fabricação – geralmente ocorre quando não se indicam tole-
râncias nos desenhos – causando um processo de fabricação muito lento e aumento da mão de obra.
• Estabelecer limites para os desvios em relação à dimensão nominal, assegurando o funcionamento adequado das peças.

Terminologia de tolerâncias
Dimensão Nominal – dimensão indicada no desenho.
Dimensão efetiva – dimensão medida, geralmente não coincide com a dimensão nominal.

Dimensões Limites – valores máximos e mínimos admissíveis para a dimensão efetiva.


Dimensão Máxima (Dmax) – valor máximo admissível para a dimensão efetiva.
Dimensão Mínima (Dmin) – valor mínimo admissível para a dimensão efetiva.
Tolerância (t) – variação permissível da dimensão da peça. t = Dmax - Dmin
Afastamento – diferença entre as dimensões limites e a nominal.
Afastamento Inferior- diferença entre a dimensão mínima e a nominal. Símbolo para furo Ai e para eixo ai.
Afastamento Superior – diferença entre a dimensão máxima e nominal. Símbolo para furo As e para eixo as.
Linha Zero – linha que nos desenhos fixa a dimensão nominal e serve de origem aos afastamentos.

Eixo – Termo convenientemente aplicado para fins de tolerâncias e ajustes, como sendo qualquer parte de uma peça cuja superfície
externa é destinada a alojar-se na superfície interna da outra.
Furo - Termo convenientemente aplicado para fins de tolerâncias e ajustes, como sendo todo o espaço delimitado por superfície inter-
na de uma peça e destinado a alojar o eixo.

242
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Folga ou Jogo (F) – diferença entre as dimensões do furo e do eixo, quando o eixo é menor que o furo.

Folga Máxima (Fmax) – diferença entre as dimensões máxima do furo e a mínima do eixo, quando o eixo é menor que o furo.
Folga Mínima (Fmin) - diferença entre as dimensões mínima furo e a máxima do eixo, quando o eixo é menor que o furo.

Interferência (I) – diferença entre as dimensões do eixo e do furo, quando o eixo é maior que o furo.
Interferência Máxima (Imax) – diferença entre a dimensão máxima do eixo e a mínima do furo, quando o eixo é maior que o furo.
Interferência Mínima (Imin) – diferença entre a dimensão mínima do eixo e a máxima do furo, quando o eixo é maior que o furo.

243
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Ajuste ou Acoplamento – comportamento de um eixo num furo, ambos da mesma dimensão nominal caracterizado pela folga ou in-
terferência apresentada.
Ajuste com Folga – o afastamento superior do eixo é menor ou igual ao afastamento inferior do furo.

Ajuste com Interferência – o afastamento superior do furo é menor ou igual ao afastamento inferior do eixo.

Ajuste Incerto – o afastamento superior do eixo é maior que o afastamento inferior do furo e o afastamento superior do furo é maior
que o afastamento inferior do eixo.

244
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Eixo Base – é o eixo em que o afastamento superior é pré-estabelecido como sendo igual a zero.
Furo Base - é o furo em que o afastamento inferior é pré-estabelecido como sendo igual a zero.

Campo Tolerância – é o conjunto de valores compreendidos entre o afastamento superior e inferior. Por convenção, as tolerâncias que
estão sobre a linha zero são positivas (+) e as que estão sob tal linha são negativas (-).

Finalidade do Controle
O controle não tem por fim somente reter ou rejeitar os produtos fabricados fora das normas; destina-se, antes, a orientar a fabrica-
ção, evitando erros. Representa, por conseguinte, um fator importante na redução das despesas gerais e no acréscimo da produtividade.
Um controle eficaz deve ser total, isto é, deve ser exercido em todos os estágios de transformação da matéria, integrando-se nas ope-
rações depois de cada fase de usinagem.
Todas as operações de controle dimensional são realizadas por meio de aparelhos e instrumentos; devem-se, portanto, controlar não
somente as peças fabricadas, mas também os aparelhos e instrumentos verificadores:
- de desgastes, nos verificadores com dimensões fixas;
- de regulagem, nos verificadores com dimensões variáveis; Isto se aplica também às ferramentas, aos acessórios e às máquinas-ferra-
mentas utilizadas na fabricação.

245
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Medição Unidade
O conceito de medir traz, em si, uma ideia de comparação. Entende-se por unidade um determinado valor em função do
Como só se podem comparar “coisas” da mesma espécie, cabe qual outros valores são enunciados. Usando-se a unidade METRO,
apresentar para a medição a seguinte definição, que, como as de- pode-se dizer, por exemplo, qual é o comprimento de um corredor.
mais, está sujeita a contestações: A unidade é fixada por definição e independe do prevalecimento de
“Medir é comparar uma dada grandeza com outra da mesma condições físicas como temperatura, grau higroscópico (umidade),
espécie, tomada como unidade”. pressão, etc.
Uma contestação que pode ser feita é aquela que se refere à
medição de temperatura, pois, nesse caso, não se comparam gran- Padrão
dezas, mas, sim, estados. O padrão é a materialização da unidade; é influenciada por con-
A expressão “medida de temperatura”, embora consagrada, pa- dições físicas, podendo-se mesmo dizer que é a materialização da
rece trazer em si alguma inexatidão: além de não ser grandeza, ela unidade, somente sob condições específicas. O metro-padrão, por
não resiste também à condição de soma e subtração, que pode ser exemplo, tem o comprimento de um metro, somente quando está
considerada implícita na própria definição de medir. a uma determinada temperatura, a uma determinada pressão e su-
Quando se diz que um determinado comprimento tem dois portado, também, de um modo definido. É óbvio que a mudança de
metros, pode-se afirmar que ele é a metade de outro de quatro qualquer uma dessas condições alterará o comprimento original.
metros; entretanto, não se pode afirmar que a temperatura de qua- Método, Instrumento e Operador
renta graus centígrados é duas vezes maior que uma de vinte graus, Um dos mais significativos índices de progresso, em todos os
e nem a metade de outra de oitenta. ramos da atividade humana, é a perfeição dos processos metrológi-
Portanto, para se medir um comprimento, deve-se primeira- cos que neles se empregam. Principalmente no domínio da técnica,
mente escolher outro que sirva como unidade e verificar quantas a Metrologia é de importância transcendental.
vezes a unidade cabe dentro do comprimento por medir. Uma su- O sucessivo aumento de produção e a melhoria de qualidade
perfície só pode ser medida com unidade de superfície; um volume, requerem um ininterrupto desenvolvimento e aperfeiçoamento na
com unidade volume; uma velocidade, com unidade de velocidade; técnica de medição; quanto maiores são as necessidades de apara-
uma pressão, com unidade de pressão, etc. tos, ferramentas de medição e elementos capazes.
Na tomada de quaisquer medidas, devem ser considerados três
Erros de medição elementos fundamentais: o método, o instrumento e o operador.
Resultado de uma medição menos o valor verdadeiro do men-
surando. Método
a) Medição Direta
Observações: Consiste em avaliar a grandeza por medir, por comparação dire-
1) Uma vez que o valor verdadeiro não pode ser determinado, ta com instrumentos, aparelhos e máquinas de medir.
utiliza-se, na prática, um valor verdadeiro convencional. Esse método é, por exemplo, empregado na confecção de peças
2) Quando for necessário distinguir “erro” de “erro relativo”, o protótipos, isto é, peças originais utilizadas como referência, ou,
primeiro é, algumas vezes, denominado erro absoluto da medição. ainda, quando o número de peças por executar for relativamente
Este termo não deve ser confundido com valor absoluto do erro, pequeno.
que é o módulo do erro.
b) Medição Indireta por Comparação
Erro relativo: Erro da medição dividido por um valor verdadeiro Medir por comparação é determinar a grandeza de uma peça
do objeto da medição. com relação a outra, de padrão ou dimensão aproximada; daí a ex-
Observação: Uma vez que o valor verdadeiro não pode ser de- pressão: medição indireta.
terminado, utiliza-se, na prática, um valor verdadeiro convencional. Os aparelhos utilizados são chamados indicadores ou compa-
radores-amplificadores, os quais, para facilitarem a leitura, ampli-
Erro aleatório: Resultado de uma medição menos a média que ficam as diferenças constatadas, por meio de processos mecânicos
resultaria de um infinito número de medições do mesmo mensu- ou físicos (amplificação mecânica, ótica, pneumática, etc.).
rando efetuadas sob condições de repetitividade.
Observações: Blocos padrão
1) Erro aleatório é igual ao erro menos o erro sistemático.
2) Em razão de que apenas um finito número de medições pode Blocos padrão são padrões de comprimento ou ângulo, corpo-
ser feito, é possível apenas determinar uma estimativa do erro ale- rificados através de duas faces específicas de um bloco, ditas “faces
atório. de medição”, sendo que estas faces apresentam uma planicidade
que tem a propriedades de se aderir à outra superfície de mesma
Erro sistemático: Média que resultaria de um infinito número qualidade, por atração molecular.
de medições do mesmo mensurando, efetuadas sob condições de A característica marcante destes padrões está associada aos pe-
repetitividade, menos o valor verdadeiro do mensurando. quenos erros de comprimento, em geral de décimos ou até centé-
Observações: simos de micrometros (mm), que são obtidos no processo de fabri-
1) Erro sistemático é igual ao erro menos o erro aleatório. cação dos mesmos. Em função disto, pode-se afirmar que os Blocos
2) Analogamente ao valor verdadeiro, o erro sistemático e suas Padrão exercem papel importante como padrões de comprimento
causas não podem ser completamente conhecidos em todos os nível da Metrologia Dimensional.

246
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Tipos
Quanto à forma da seção transversal do bloco, esta pode ser quadrada, retangular ou circular. Os blocos de secção quadrada ou circular
podem ou não ser furados no centro.

Tipos de Blocos Padrão (BP)

As dimensões dos blocos de secção quadrada são normalizados pela norma GGGG-15, norma americana. A grande vantagem destes
blocos é a estabilidade proporcionada pela forma da secção quando o mesmo é utilizada na posição vertical. No Brasil praticamente não
se utilizam este tipo de bloco.
As dimensões dos blocos de secção retangular são normalizadas pela norma ISSO 3650 e outras. Os blocos maiores de 100 mm apre-
sentam furos em cada extremidade, cuja finalidade é permitir a montagem de um dispositivo que garanta a união de uma composição
formada por dois ou mais blocos.

Instrumentos de Medição
A exatidão relativas das medidas depende, evidentemente, da qualidade dos instrumentos de medição empregados. Assim, a tomada
de um comprimento com um metro defeituoso dará resultado duvidoso, sujeito a contestações. Portanto, para a tomada de uma medida,
é indispensável que o instrumento esteja aferido e que a sua aproximação permita avaliar a grandeza em causa, com a precisão exigida.

Operador
O operador é, talvez, dos três, o elemento mais importante. É ele a parte inteligente na apreciação das medidas. De sua habilidade de-
pende, em grande parte, a precisão conseguida. Um bom operador, servindo-se de instrumentos relativamente débeis, consegue melhores
resultados do que um operador inábil com excelentes instrumentos.
Deve, pois, o operador, conhecer perfeitamente os instrumentos que utiliza, ter iniciativa para adaptar às circunstâncias o método mais
aconselhável e possuir conhecimentos suficientes para interpretar os resultados encontrados.

Laboratório de Metrologia
Nos casos de medição de peças muito precisas, torna-se necessário uma climatização do local; esse local deve satisfazer às seguintes
exigências:
1 - temperatura constante;
2 - grau higrométrico correto;
3 - ausência de vibrações e oscilações;
4 - espaço suficiente;
5 - boa iluminação e limpeza.

1 - Temperatura, Umidade, Vibração e Espaço


A Conferência Internacional do Ex-Comite I.S.A. fixou em 20ºC a temperatura de aferição dos instrumentos destinados a verificar as
dimensões ou formas.

247
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Em consequência, o laboratório deverá ser mantido dentro dessa temperatura, sendo tolerável à variação de mais ou menos 1ºC; para
isso, faz-se necessária a instalação de reguladores automáticos. A umidade relativa do ar não deverá ultrapassar 55%; é aconselhável ins-
talar um higrostato (aparelho regulador de umidade); na falta deste, usa-se o CLORETO DE CÁLCIO INDUSTRIAL, cuja propriedade química
retira cerca de 15% da umidade relativa do ar.
Para se protegerem as máquinas e aparelhos contra vibração do prédio, forra-se a mesa com tapete de borracha, com espessura de 15
a 20mm, e sobre este se coloca chapa de aço, de 6mm.
No laboratório, o espaço deve ser suficiente para acomodar em armários todos os instrumentos e, ainda, proporcionar bem-estar a
todos que nele trabalham.

2 - Iluminação e Limpeza
A iluminação deve ser uniforme, constante e disposta de maneira que evite ofuscamento. Nenhum dispositivo de precisão deve estar
exposto ao pó, para que não haja desgastes e para que as partes óticas não fiquem prejudicadas por constantes limpezas. O local de tra-
balho deverá ser o mais limpo e organizado possível, evitando-se que as peças fiquem umas sobre as outras.

Normas Gerais de Medição


Medição é uma operação simples, porém só poderá ser bem efetuada por aqueles que se preparam para tal fim.
O aprendizado de medição deverá ser acompanhado por um treinamento, quando o aluno será orientado segundo as normas gerais
de medição.
Normas gerais de medição:
1 - Tranquilidade.
2 - Limpeza.
3 - Cuidado.
4 - Paciência.
5 - Senso de responsabilidade.
6 - Sensibilidade.
7 - Finalidade da posição medida.
8 - Instrumento adequado.
9 - Domínio sobre o instrumento.

Recomendações
Os instrumentos de medição são utilizados para determinar grandezas. A grandeza pode ser determinada por comparação e por leitura
em escala ou régua graduada.
É dever de todos os profissionais zelar pelo bom estado dos instrumentos de medição, mantendo-se assim por maior tempo sua real
precisão.
Evite:
1 - choques, queda, arranhões, oxidação e sujeita;
2 - misturar instrumentos;
3 - cargas excessivas no uso, medir provocando atrito entre a peça e o instrumento;
4 - medir peças cuja temperatura, quer pela usinagem quer por exposição a uma fonte de calor, esteja fora da temperatura de refe-
rência;
5 - medir peças sem importância com instrumentos caros.

Cuidados:
1 - USE proteção de madeira, borracha ou feltro, para apoiar os instrumentos.
2 - DEIXE a peça adquirir a temperatura ambiente, antes de tocá-la com o instrumento de medição.

Unidades Dimensionais Lineares

Unidades Dimensionais
As unidades de medidas dimensionais representam valores de referência, que permitem:
• expressar as dimensões de objetos (realização de leituras de desenhos mecânicos);
• confeccionar e, em seguida, controlar as dimensões desses objetos (utilização de aparelhos e instrumentos de medida).

Exemplo: A altura da torre EIFFEL é de 300 metros; a espessura de uma folha de papel para cigarros é de 30 micrômetros.
• A torre EIFFEL e a folha de papel são objetos.
• A altura e a espessura são grandezas.
• 300 metros e 30 micrômetros são unidades.

248
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Unidades Dimensionais Lineares


Sistema Métrico Decimal
Histórico: O metro, unidade fundamental do sistema métrico, criado na França em 1795, é praticamente igual à décima milionésima
parte do quarto do meridiano terrestre (fig.1); esse valor, escolhido por apresentar caráter mundial, foi dotado, em 20 de maio de 1875,
como unidade oficial de medidas por dezoito nações.
Observação: A 26 de junho de 1862, a lei imperial nº 1.157 adotava, no Brasil, o sistema métrico decimal.

Fig.1 - AB = ¼ do meridiano

Definição do Metro
O metro é definido por meio da radiação correspondente à transição entre os níveis “2 p 10” e “5 d 5” do átomo de criptônio 86 e é
igual, por convenção, a 1.650.763,73 vezes o comprimento dessa onda no vácuo.
O “2 p 10” e “5 d 5” representa a radiação por usar na raia-vermelho-laranja do criptônio 86. Seu comprimento de onda é de 0.6057
micrômetros.

Metro Padrão Universal


O metro-padrão universal é a distância materializada pela gravação de dois traços no plano neutro de uma barra de liga bastante está-
vel, composta de 90% de platina e 10% de irídio, cuja secção, de máxima rigidez, tem a forma de um X (fig.2).

Fig. 2

249
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Múltiplos e Submúltiplos do Metro


Terâmetro - Tm - 1012 - 1 000 000 000 000m
Gigâmetro - Gm - 109 - 1 000 000 000m
Megâmetro - Mm - 106 - 1 000 000m
Quilômetro - Km - 103 - 1 000m
Hectômetro - Hm - 102 - 100m
Decâmetro - Dam - 101 - 10m
METRO (unidade) - m - 1m
Decímetro - dm - 10-1 - 0,1m
Centímetro - cm - 10-2 - 0,01m
Milímetro - mm - 10-3 - 0,001m
Micrômetro - μm - 10-6 - 0,000 001m
Nanômetro - nm - 10-9 - 0,000 000 001m
Picômetro - pm - 10-12 - 0,000 000 000 001m
Femtômetro - fm - 10-15 - 0,000 000 000 000 001m
Attômetro - am - 10-18 - 0,000 000 000 000 000 001m

Unidades Não Oficiais

Sistemas Inglês e Americano


Os países anglo-saxões utilizam um sistema de medidas baseado na farda imperial (yard) e seus derivados não decimais, em particular
a polegada inglesa (inch), equivalente a 25,399 956mm à temperatura de 0ºC.
Os americanos adotam a polegada milesimal, cujo valor foi fixado em 25,400 050mm à temperatura de 16 2/3ºC.
Em razão da influência anglo-saxônica na fabricação mecânica, emprega-se frequentemente, para as medidas industriais, à tempera-
tura de 20ºC, a polegada de 25,4mm.
Observação: Muito embora a polegada extinguiu-se, na Inglaterra, em 1975, será aplicada em nosso curso, em virtude do grande nú-
mero de máquinas e aparelhos utilizados pelas indústrias no Brasil que obedecem a esses sistemas.

250
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Outras Grandezas

Área
Área ou superfície é o produto de dois comprimentos. O metro quadrado é a unidade SI da área, e o seu símbolo é m2.

Volume
Volume é produto de três comprimentos (comprimento, largura e altura).
O metro cúbico é a unidade SI da volume, e o seu símbolo é m3.

Massa
O quilograma é a unidade SI de massa, com o símbolo kg. O correto em português é escrever quilograma, entretanto trataremos a
unidade de massa como kilograma por coerência gráfica (kg).
O kilograma tem as seguintes características ímpares:
a) Única unidade de base com prefixo (kilo = mil)
b) Única unidade de base definida por um artefato escolhido em 1889.
c) Praticamente sua definição não sofreu nenhuma modificação ou revisão.
O padrão primário da unidade de massa é o protótipo internacional do kilograma do BIPM. Este protótipo é um cilindro de platina
(90%) - irídio (10%), com diâmetro e atura iguais a 39mm.

251
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Pressão
Na área industrial trabalhamos com três conceitos de pressão:
Pressão Atmosférica ou Barométrica - É a pressão do ar e da atmosfera vizinha.
Pressão Relativa ou Manométrica - É a pressão tomada em relação à pressão atmosférica. Pode assumir valores negativos (vácuo) ou
positivos (acima da pressão atmosférica).
Pressão Absoluta - É a pressão tomada em relação ao vácuo completo ou pressão zero. Portanto só pode assumir valores positivos.
O Pascal é a unidade SI de pressão, e o seu símbolo é Pa. Um Pascal é a pressão de uma força de 1 Newton exercida numa superfície
de 1 metro quadrado.

Relações entre Unidades de Pressão


P = F/A
P - pressão
F - Força
A – Área

252
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Temperatura
O Kelvin é unidade SI de temperatura, e o seu símbolo é K. O Kelvin é definido como a fração 1/273,15 da temperatura termodinâmica
do ponto tríplice da água (equilíbrio simultâneo das fases sólida, líquida e gasosa).
Na prática utiliza-se o grau Celsius (ºC). Existem também as escalas Rankine e Fahrenheit.

Força
Força é uma grandeza vetorial, derivada do produto da massa pela aceleração, ou seja, quando se aplica uma força F em um corpo de
massa m, ele se move com uma aceleração a, então:
F = m. a

O Newton é a unidade SI de força, e o seu símbolo é N.

253
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Rotação
A velocidade de rotação é dada em RPM (número de rotações por minuto).

254
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Régua Graduada - Tipos e Usos - Graduações da Escala


O mais elementar instrumento de medição utilizado nas oficinas é a régua graduada (escala). É usada para medidas lineares, quando
não há exigência de grande precisão. Para que seja completa e tenha caráter universal, deverá ter graduações do sistema métrico e do
sistema inglês (fig.1).

Sistema Métrico
Graduação em milímetros (mm).

Sistema Inglês
Graduação em polegadas (“).

A escala ou régua graduada é construída de aço, tendo sua graduação inicial situada na extremidade esquerda. É fabricada em diversos
comprimentos: 6” (152,4 mm), 12” (304,8 mm).

A régua graduada apresenta-se em vários tipos, conforme mostram as figuras 2, 3 e 4.

O uso da régua graduada torna-se frequente nas oficinas, conforme mostram as figuras 5, 6, 7, 8 e 9.

255
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Características da boa Régua Graduada


1 - Ser, de preferência, de aço inoxidável.
2 - Ter graduação uniforme.
3 - Apresentar traços bem finos, profundos e salientados em
preto.

Conservação
1 - Evitar quedas e contato com ferramentas de trabalho.
2 - Evitar flexioná-la ou torcê-la, para que não se empene ou
quebre.
3 - Limpe-o após o uso, para remover o suor e a sujeira.
4 - Aplique-lhe ligeira camada de óleo fino, antes de guardá-la.

Graduações da Escala - Sistema Inglês Ordinário

As graduações da escala são feitas dividindo-se a polegada em


2, 4, 8 e 16 partes iguais, existindo em alguns casos escalas com 32
divisões (figuras 11, 12, 13, 14 e 15).

256
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

A distância entre traços = ¼. Somado as frações, teremos:

Observação: Operando com frações ordinárias, sempre que o resultado é numerador par, devemos simplificar a fração.

A distância entre traços = 1/8. Somando as frações, teremos:

Prosseguindo a soma, encontraremos o valor de cada traço (fig.13).

257
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

A distância entre traços = 1/16. Somando as frações, teremos:

Prosseguindo a soma, encontramos o valor de cada traço (fig. 14).

A distância entre traços = 1/32. Somando as frações, teremos:

Prosseguindo a soma, encontramos o valor de cada traço (Fig.15).

Graduações da Escala - Sistema Métrico Decimal


1 METRO................. = 10 DECÍMETROS
1 m ..................... = 10 dm
1 DECÍMETRO......... = 10 CENTÍMETROS
1 dm ..................... = 10 cm
1 CENTÍMETRO ...... = 10 MILÍMETROS
1 cm ..................... = 10 mm

A graduação da escala consiste em dividir 1cm em 10 partes iguais (fig.17).

258
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Na figura 18, no sentido da seta, podemos ler 13 mm.

PAQUIMETRO, MICROMETRO E GONIÔMETRO

Paquímetro - princípio do vernier - tipos e usos - erros de medição e leitura

Paquímetro
Utilizado para a medição de peças, quando a quantidade não justifica um instrumental específico e a precisão requerida não desce a
menos de 0,02mm, 1′′/128.

É um instrumento finamente acabado, com as superfícies planas e polidas. O cursor é ajustado à régua, de modo que permita a sua
livre movimentação com um mínimo de folga. Geralmente é construído de aço inoxidável, e suas graduações referem-se a 20ºC. A escala é
graduada em milímetro e polegadas, podendo a polegada ser fracionária ou milesimal. O cursor é provido de uma escala, chamada nônio
ou vernier, que se desloca em frente às escalas da régua e indica o valor da dimensão tomada.

259
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Princípio do Nônio Cálculo de Aproximação (Sensibilidade)


A escala do cursor, chamada Nônio (designação dada pelos por- Para se calcular a aproximação (também chamada sensibilida-
tugueses em homenagem a Pedro Nunes, a quem é atribuída sua de) dos paquímetros, divide-se o menor valor da escala principal
invenção) ou Vernier (denominação dada pelos franceses em ho- (escala fixa), pelo número de divisões da escala móvel (nônio). A
menagem a Pierre Vernier, que eles afirmam ser o inventor), consis- aproximação se obtém, pois, com a fórmula:
te na divisão do valor N de uma escala graduada fixa por N.1 (nº de
divisões) de uma escala graduada móvel (fig.2).

Tomando o comprimento total do nônio, que é igual a 9mm


(fig.2), e dividindo pelo nº de divisões do mesmo (10 divisões), con-
cluímos que cada intervalo da divisão do nônio mede 0,9mm (fig.3).

Observação: O cálculo de aproximação obtido pela divisão do


menor valor da escala principal pelo número de divisões do nônio,
é aplicado a todo e qualquer instrumento de medição possuidor de
nônio, tais como: paquímetro, micrômetro, goniômetro, etc.

Observando a diferença entre uma divisão da escala fixa em ERROS DE LEITURA - São causados por dois fatores:
uma divisão do nônio (fig.4), concluímos que cada divisão do nônio a) paralaxe;
é menor 0,1mm do que cada divisão da escala fixa. Essa diferença é b) pressão de medição.
também a aproximação máxima fornecida pelo instrumento.
Paralaxe
O cursor onde é gravado o nônio, por razões técnicas, tem uma
espessura mínima a. Assim, os traços do nônio TN são mais eleva-
dos que os traços da régua TM (fig.9)

Assim sendo, se fizermos coincidir o 1º traço do nônio com o


da escala fixa, o paquímetro estará aberto em 0,1mm (fig.5), coin-
cidindo o 2º traço com 0,2mm (fig.6), o 3º traço com 0,3mm (fig.7)
e assim sucessivamente.
Colocando-se o paquímetro perpendicularmente a nossa vista e
estando superpostos os traços TN e TM, cada olho projeta o traço
TN em posições opostas (fig.10)

260
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Dos diversos tipos de paquímetros existentes, mostramos al-


guns exemplos (figuras 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19 e 20):

A maioria das pessoas possuem maior acuidade visual em um


dos olhos, o que provoca erro de leitura.
Recomenda-se a leitura feita com um só olho, apesar das dificul-
dades em encontrar-se a posição certa.

Pressão de Medição
É a pressão necessária para se vencer o atrito do cursor sobre a
régua, mais a pressão de contato com a peça por medir. Em virtu-
de do jogo do cursor sobre a régua, que e compensado pela mola
F (fig.11), a pressão pode resultar numa inclinação do cursor em
relação à perpendicular à régua (fig.12). Por outro lado, um cursor
muito duro elimina completamente a sensibilidade do operador, o
que pode ocasionar grandes erros. Deve o operador regular a mola,
adaptando o instrumento à sua mão.

Erros de Medição
Estão classificados em erros de influências objetivas e de influ-
ências subjetivas.
a) DE INFLUÊNCIAS OBJETIVAS:
São aqueles motivados pelo instrumento
• erros de planidade;
• erros de paralelismo;
• erros da divisão da régua;
• erros da divisão do nônio;
• erros da colocação em zero.

b) DE INFLUÊNCIAS SUBJETIVAS:
São aqueles causados pelo operador (erros de leitura).
Observação: Os fabricantes de instrumentos de medição forne-
cem tabelas de erros admissíveis, obedecendo às normas existen-
tes, de acordo com a aproximação do instrumento.

261
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

4º) Passo: FAÇA A PRIMEIRA MEDIDA.


a. Desloque o cursor, até que o encosto apresente uma abertura
maior que a primeira medida por fazer no padrão.
b. Encoste o centro do encosto fixo em uma das extremidades
do diâmetro por medir (fig.4).

Medir Diâmetros Externos


Medir diâmetro externo e uma operação frequentemente reali-
zada pelo Inspetor de Medição, a qual deve ser feita corretamente,
a fim de se obter uma medida precisa e sem se danificar o instru- c. Feche o paquímetro suavemente, até que o encosto móvel
mento de medição. toque a outra extremidade do diâmetro.
d. Exerça uma pressão suficiente para manter a peça ligeiramen-
Processo de Execução te presa entre os encostos.
1º) Passo: POSICIONE O PADRÃO. e. Posicione os encostos do paquímetro na peça, de maneira
a. Observe o número do padrão (fig.1). que estejam no plano de medição
b. Apoie o padrão sobre a mesa, com a face numerada para bai- f. Utilize a mão esquerda, para melhor sentir o plano de medi-
xo ao lado esquerdo da folha de tarefa (fig.2). ção (fig.5).

2º) Passo: SEGURE O PAQUÍMETRO.


Observação: Utilize a mão direita (fig.3).

g. Faça a leitura da medida.


h. Abra o paquímetro e retire-o da peça, sem que os encostos
a toquem.
i. Registre a medida feita na folha de tarefa, no local indicado, de
acordo com o número do padrão.

5º) Passo: COMPLETE A MEDIÇÃO DOS


DEMAIS DIÂMETROS.
a. Repita todos os sub passos do 4º Passo.

6º) Passo: FAÇA A MEDIÇÃO DOS DEMAIS PADRÕES.


3º) Passo: FAÇA A LIMPEZA DOS ENCOSTOS. a. Troque o padrão por outro de número diferente.
Observação: Utilize uma folha de papel limpo.
a. Desloque o cursor do paquímetro. Paquímetro - Sistema Inglês Ordinário
b. Coloque a folha de papel entre os encostos. Para efetuarmos leitura de medidas em um paquímetro do sis-
c. Feche o paquímetro até que a folha de papel fique presa en- tema inglês ordinário, faz-se necessário conhecermos bem todos os
tre os encostos. valores dos traços da escala (fig.1).
d. Desloque a folha de papel para baixo.

262
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Observando a diferença entre uma divisão da escala fixa e uma


divisão do nônio (fig.6), concluímos que cada divisão do nônio é
menor 1/128” do que cada divisão da escala fixa.

Assim sendo, se deslocarmos o cursor do paquímetro até que o


traço zero do nônio coincida com o primeiro traço da escala fixa, a
leitura da medida será 1/16” (fig.2), no segundo traço, 1/8” (fig.3),
no décimo traço, 5/8” (fig.4). Assim sendo, se deslocarmos o cursor do paquímetro até que o
primeiro traço do nônio coincida com o da escala fixa, a leitura da
medida será 1/128” (fig.7), o segundo traço 1/64” (fig.8) o terceiro
traço 3/128” (fig.9), o quarto traço 1/32”, e assim sucessivamente.

Observação: Para a colocação de medidas, assim como para lei-


turas de medidas feitas em paquímetro do sistema.
Inglês ordinário, utilizaremos os seguintes processos:

Processo para a Colocação de Medidas


Uso do Vernier (Nônio) 1º) Exemplo: Colocar no paquímetro a medida 33/128”. Divide-
Através do nônio podemos registrar no paquímetro várias ou- -se o numerador da fração pelo último algarismo do denominador.
tras frações da polegada, e o primeiro passo será conhecer qual a
aproximação (sensibilidade) do instrumento.

O quociente encontrado na divisão será o número de traços por


deslocar na escala fixa pelo zero do nônio (4 traços). O resto en-
contrado na divisão será a concordância do nônio, utilizando-se o
denominador da fração pedida (128), (fig. 10).
Sabendo que o nônio possui 8 divisões, sendo a aproximação do
paquímetro 1/128”, podemos conhecer o valor dos demais traços
(fig.5).

263
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

2º) Exemplo: Colocar no paquímetro a medida 45/64” (fig. 11). 2º) Exemplo: Ler a medida da figura 13.

Processo para a Leitura de Medidas


1º) Exemplo: Ler a medida da figura 12. 3º) Exemplo: Ler a medida da figura 14.

Multiplica-se o número de traços da escala fixa ultrapassados


pelo zero do nônio, pelo último algarismo do denominador da con-
cordância do nônio. O resultado da multiplicação soma-se com o
numerador, repetindo-se o denominador da concordância.

4º) Exemplo: Ler a medida da figura 15.

Observação: Em medidas como as do exemplo da figura 15,


abandonamos a parte inteira e fazemos a contagem dos traços,
como se iniciássemos a operação. Ao final da aplicação do processo,
incluímos a parte inteira antes da fração encontrada.

264
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Cálculo de Aproximação

Paquímetro - Sistema Métrico Decimal

Leitura da Escala Fixa

Cada divisão do nônio é menor 0,02mm do que cada divisão


da escala (fig.7). Se deslocarmos o cursor do paquímetro até que
o primeiro traço do nônio coincida com o da escala, a medida será
0,02mm (fig.8), o segundo traço 0,04mm (fig.9), o terceiro traço
0,06mm (fig.10), o decimo sexto 0,32mm (fig.11).

Valor de cada traço da escala fixa = 1mm (fig.1) Daí concluímos


que, se deslocarmos o cursor do paquímetro até que o zero do nô-
nio coincida com o primeiro traço da escala fixa, a leitura da medida
será 1mm (fig.2), no segundo traço 2mm (fig.3), no terceiro traço
3mm (fig.4), no décimo sétimo traço 17mm (fig.5), e assim suces-
sivamente.

Leitura de Medidas
Conta-se o número de traços da escala fixa ultrapassados pelo
zero do nônio (10mm) e, a seguir, faz-se a leitura da concordância
do nônio (0,08mm). A medida será 10,08mm (fig.12).

Uso do Vernier (Nônio)


De acordo com a procedência do paquímetro e o seu tipo, ob-
servamos diferentes aproximações, isto é, o nônio com número de
divisões diferentes: 10, 20 e 50 divisões (fig.6).

265
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Paquímetro - Sistema Inglês Decimal

Graduação da Escala Fixa


Para conhecermos o valor de cada divisão da escala fixa, basta dividirmos o comprimento de 1” pelo número de divisões existentes
(fig. 1).

Conforme mostra a figura 1, no intervalo de 1” temos 40 divisões.


Operando a divisão, teremos: 1”: 40 = 0,025”
Valor de cada traço da escala = 0,025” (fig. 2).

Se deslocarmos o cursor do paquímetro até que o zero do nônio coincida com o primeiro traço da escala a leitura será 0,025” (fig.3), no
segundo traço 0,050” (fig. 4), no terceiro traço 0,075” (fig.5), no décimo traço 0,250” (fig. 6), e assim sucessivamente.

Uso do Vernier (Nônio)


0 primeiro passo será calcular a aproximação do paquímetro. Sabendo-se que o menor valor da escala fixa é 0,025” e que o nônio (fig.
7) possui 25 divisões, teremos: a = 0,025” /25 = 0,001”

266
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Cada divisão do nônio é menor 0,001” do que duas divisões da escala (fig. 8).

Se deslocarmos o cursor do paquímetro até que o primeiro traço do nônio coincida com o da escala, a leitura será 0,001” (fig.9), o
segundo traço 0,002” (fig.10), o terceiro traço 0,003” (fig.11), o decimo segundo traço 0,012” (fig.12).

Leitura de Medidas
Para se efetuar leitura de medidas com paquímetro do sistema Inglês decimal, procede-se da seguinte forma: observa-se a que quanti-
dade de milésimos corresponde o traço da escala fixa, ultrapassado pelo zero do nônio (fig.13) 0,150”. A seguir, observa-se a concordância
do nônio (fig.13) 0,009”. Somando-se os valores 0,150” + 0,009”, a leitura da medida será 0,159”.

Exemplo: (fig.14): A leitura da medida é = 1,129”.

267
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

MICRÔMETROS - Nomenclatura, Tipos e Usos

Micrômetro
A precisão de medição que se obtém com o paquímetro, às vezes, não é suficiente. Para medições mais rigorosas, utiliza-se o micrôme-
tro, que assegura uma exatidão de 0,01mm. O micrômetro é um instrumento de dimensão variável que permite medir, por leitura direta,
as dimensões reais com uma aproximação de até 0,001mm (fig.1).

O princípio utilizado é o do sistema parafuso e porca. Assim, se, numa porca fixa, um parafuso der um giro de uma volta, haverá um
avanço de uma distância igual ao seu passo.

Características do Micrômetro

Arco
É construído de aço especial e tratado termicamente, a fim de eliminar as tensões, e munido de protetor antitérmico, para evitar a
dilatação pelo calor das mãos.

Parafuso Micrométrico
E construído de aço de alto teor de liga, temperado a uma dureza de 63 RC. Rosca retificada, garantindo alta precisão no passo.

Contatores
Apresentam-se rigorosamente planos e paralelos, e em alguns instrumentos são de metal duro, de alta resistência ao desgaste.

Fixador ou Trava
Permite a fixação de medidas.

Luva Externa
Onde é gravada a escala, de acordo com a capacidade de medição do instrumento.

Tambor
Com seu movimento rotativo e através de sua escala, permite a complementação das medidas.

Porca de Ajuste
Quando necessário, permite o ajuste do parafuso micrométrico.

Catraca
Assegura uma pressão de medição constante.

268
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Tipos e Usos
Para diferentes usos no controle de peças, encontram-se vários
tipos de micrômetros, tanto para medições em milímetros como
em polegadas, variando também sua capacidade de medição. As
figuras abaixo nos mostram alguns dos tipos existentes.

Fig. 5 - Micrômetro Oltilmeter. Utilizado para a medição de


diâmetros externos de peças com números ímpares de divisões,
tais como: machos, fresas, eixos entalhados, etc.

Fig. 2 - Micrômetro para medição externa.

Fig. 6 - Micrômetro para a medição de roscas.

Fig. 3 - Micrômetro para a medição de espessura de tubos.

Fig. 4 - Micrômetro com discos, para a medição de papel,


cartolina couro e borracha. Também e empregado para a medição
de passo de engrenagem. Fig. 7 - Micrômetro para a medição de profundidade.

269
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Os micrômetros tubulares podem ser aplicados em vários casos,


utilizando-se o conjunto de hastes intercambiáveis (figuras 11, 12
e 13).

Fig. 8 - Micrômetro com relógio, Utilizado para a medição de


peças em série. Fixado em grampo antitérmico.

Fig. 9 - Micrômetro para medição externa, com hastes inter-


cambiáveis.

O IMICRO e um instrumento de alta precisão: os seus 3 contato-


res permitem um alojamento perfeito do instrumento no furo por
medir, encontrando-se facilmente a posição correta de medição.

Fig. 10 - Micrômetro tubular. Utilizado para medição interna.

270
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Observação: Caso o micrômetro apresente diferença de concor-


dância entre o zero da luva e o do tambor, deverá ser feita a regula-
gem do instrumento.

4º) Passo: FAÇA A PRIMEIRA MEDIDA.


a. Gire o tambor até que os contatores apresentem uma abertu-
ra maior que a primeira medida por fazer no padrão.
b. Apoie o micrômetro na palma da mão esquerda, pressionado
pelo dedo polegar (fig.3).

Recomendações
1. Evitar choques, quedas, arranhões e sujeira.
2. Não medir peças fora da temperatura ambiente.
3. Não medir peças em movimento.
4. Não forçar o micrômetro.

Conservação
1. Depois do uso, limpar cuidadosamente o instrumento
2. Guardar o micrômetro em estojo próprio. c. Prenda o padrão entre os dedos indicador e médio da mão
3. O micrômetro deve ser guardado destravado e com os conta- esquerda (fig.4).
tores ligeiramente afastados.

Medir Diâmetros Externos (Micrômetro)


A aplicação do micrômetro para a medição de diâmetros exter-
nos requer do Mecânico cuidados especiais, não só para a obtenção
de medidas precisas, como para a conservação do instrumento.

Processo de Execução
1º) Passo: POSICIONE O PADRÃO.
a. Observe o número do padrão (fig.1).
b. Apoie o padrão sobre a mesa, com a face numerada para bai-
xo, ao lado esquerdo da Folha de Tarefa (fig.2).
d. Encoste o contator fixo em uma das extremidades do diâme-
tro do padrão por medir.
e. Feche o micrômetro, através da catraca, até que se faça ouvir
o funcionamento da mesma.
f. Faça a leitura da medida.
g. Registre a medida na Folha de Tarefa.
h. Abra o micrômetro e retire-o do padrão, sem que os contato-
res toquem a peça.

5º) Passo: COMPLETE A MEDIÇÃO DO PADRÃO.


a. Repita o passo anterior.

2º) Passo: FAÇA A LIMPEZA DOS CONTATORES. 6º) Passo: FAÇA A MEDIÇÃO DOS DEMAIS PADRÕES.
a. Utilize uma folha de papel limpo a. Troque o padrão por outro de número diferente.
b. Afaste o contatar móvel.
c. Coloque a folha de papel entre os contatores. Micrômetro - Sistema Inglês Decimal
d. Feche o micrômetro, através da catraca, até que a folha de Para efetuarmos leitura com o micrômetro do sistema inglês de-
papel fique presa entre os contatares. cimal, é necessário conhecermos inicialmente as divisões da escala
e. Desloque a folha de papel para baixo. da luva (fig.1).

3º) Passo: FAÇA A AFERIÇÃO DO MICRÔMETRO.


a. Feche o micrômetro através da catraca até que se faça ouvir o
funcionamento da mesma.
b. Observe a concordância do zero da escala da luva com o do
tambor.

271
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Conforme mostra a figura 1, a escala da luva é formada por uma


reta longitudinal (linha de referência), a qual o comprimento de 1”
é dividido em 40 partes iguais. Daí concluímos que a distância entre
as divisões da escala da luva é igual a 0,025”, que corresponde ao
passo do parafuso micrométrico (fig.2).

Assim sendo, se fizermos coincidir o primeiro traço do tambor


com a linha de referência da luva, a leitura será 0,001” (fig.6), o
segundo traço 0,002” (fig.7), o vigésimo quarto traço 0,024” (fig.8).

Observação: De acordo com os diversos fabricantes de instru-


mentos de medição, a posição dos traços da divisão da escala da Sabendo-se a leitura da escala da luva e do tambor, podemos ler
luva dos micrômetros se apresenta de formas diferentes, não alter- qualquer medida registrada no micrômetro (fig.9).
nando, porém, a distância entre si (figuras 1 e 2).
Estando o micrômetro fechado, se dermos uma volta completa
no tambor rotativo, teremos um deslocamento do parafuso micro-
métrico igual ao seu passo (0,025”), aparecendo o primeiro traço
na escala da luva (fig.3). A leitura da medida será 0,025”. Dando-se
duas voltas completas, aparecerá o segundo traço: a leitura da me-
dida será 0,050” (fig.4). E assim sucessivamente.

Leitura da escala da luva = 0,225”


Leitura do tambor = 0,012”

Para efetuarmos a leitura da medida, soma-se a leitura da escala


da luva com a do tambor: 0,225” + 0,012” = 0,237” (fig.9).

Leitura do Tambor Uso do Nônio


Sabendo-se que uma volta no tambor equivale a 0,025”, tendo Ao utilizarmos micrômetros possuidores de nônio (fig.10), pre-
o tambor 25 divisões (fig.5), conclui-se que cada divisão do tambor cisamos conhecer a aproximação do instrumento.
equivale a 0,001”.
Uma volta no tambor = 0,025”
Nº de divisões do tambor = 25

272
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Aferição do Micrômetro
Antes de iniciarmos a medição de uma peça, devemos fazer a
aferição do instrumento. Nos micrômetros de 0 a 1”, após a limpe-
za dos contatores, faz-se o fechamento do micrômetro, através da
catraca, até sentir-se o funcionamento da mesma, observando-se
a concordância do limite inicial da escala da luva com o zero do
tambor.
Nos micrômetros de 1” a 2”, 2” a 3”, etc., utiliza-se a barra-pa-
drão para a aferição do instrumento (figuras 16 e 17). Não havendo
a concordância perfeita, faz-se a regulagem do micrômetro através
de uma chave especial, para o deslocamento da luva ou do tambor,
de acordo com o tipo do instrumento.

Cada divisão do nônio é menor 0,0001” do que cada divisão do


tambor. Se girarmos o tambor até que o primeiro traço coincida
com o do nônio, a leitura da medida será 0,0001” (fig.11), o segun-
do 0,0002” (fig.12), o quinto 0,0005” (fig.13).

Leitura por Estimativa Micrômetro - Sistema Métrico Decimal


Grande quantidade dos micrômetros utilizados nas indústrias Inicialmente observaremos as divisões da escala da luva. Nas
não possuem nônio obrigando assim a todos que os utilizam a fazer figuras 1 e 2, mostramos a escala da luva do micrômetro com os tra-
leitura por estimativa (fig.14). ços em posições diferentes, porém sem alterar a distância entre si.

Sendo 0,001” = 0,0010”, se girarmos o tambor até que a linha


de referência escala da luva fique na metade do intervalo entre o
zero do tambor e o primeiro traço, fazemos a leitura, por estimativa,
0,0005” (fig.14). Na figura 15, utilizando a estimativa, a leitura da
medida será 0,0257”.

273
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Sabendo-se que, nos micrômetros do sistema métrico, o comprimento da escala da luva mede 25,00mm, se dividirmos o comprimento
da escala pelo nº de divisões existentes, encontraremos o valor da distância entre as divisões (0,50mm), que é igual ao passo do parafuso
micrométrico (fig.3).

Estando o micrômetro fechado, dando uma volta completa no tambor rotativo, teremos um deslocamento do parafuso micrométrico
igual ao seu passo (0,50mm), aparecendo o primeiro traço na escala da luva (fig.4). A leitura da medida será 0,50mm. Dando-se duas voltas
completas, aparecerá o segundo traço, e a leitura será 1,00mm (fig.5). E assim sucessivamente.

Leitura do Tambor
Sabendo que uma volta no tambor equivale a 0,50mm, tendo o tambor 50 divisões (fig.6), concluímos que cada divisão equivale a
0,01mm.

Assim sendo, se fizermos coincidir o primeiro traço do tambor com a linha de referência da luva, a leitura será 0,01mm (fig.7), o segun-
do traço 0,02mm (fig.8), o quadragésimo nono traço 0,49mm (fig.9).

274
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Sabendo a leitura da escala da luva e do tambor, podemos ler qualquer medida registrada no micrômetro (fig.10).

Leitura da escala da luva = 8,50mm


Leitura do tambor = 0,32mm

Para efetuarmos a leitura da medida, somamos a leitura da escala da luva com a do tambor: 8,50 + 0,32 = 8,82mm. Na figura 11, mos-
tramos outro exemplo, com a utilização de um micrômetro em que a escala da luva apresenta a posição dos traços de forma diferente.

275
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Uso do Nônio
Ao utilizarmos micrômetros possuidores de nônio (fig.12), precisamos conhecer a aproximação do instrumento.

Cada divisão do nônio é menor 0,001mm do que cada divisão do tambor.

Observação: Atualmente não se emprega mais a palavra “mícron” nem o símbolo μ. Usamos a palavra “micrômetro ou microns” e o
símbolo μm. Ex: 0,015mm = 15μm (quinze micrômetros ou microns).

Se girarmos o tambor até que o primeiro traço coincida com o do nônio, a medida será 0,001mm = 1μm (fig.13), o segundo 0,002mm
= 2μm (fig.14), o quinto 0,005mm = 5μm (fig.15).

Leitura por Estimativa


Nos micrômetros não possuidores de nônio, fazemos a leitura por estimativa. Sabendo-se que 0,01mm = 0,010mm (10μm), na figura
16, utilizando-se a estimativa, a leitura da medida será de 3,605mm.

276
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Medição Angular Ângulo obtuso: é aquele cuja abertura é maior do que a do ân-
gulo reto (fig.3).
Unidades de Medição Angular
A técnica da medição não visa somente a descobrir o valor de
trajetos, de distâncias, ou de diâmetros, mas se ocupa também da
medição dos ângulos.

Sistema Sexagesimal
Sabe-se que o sistema que divide o círculo em 360 graus, e o
grau em minutos e segundos, é chamado sistema sexagesimal. É
este o sistema frequentemente utilizado em mecânica. A unidade
do ângulo é o grau. 0 grau se divide em 60 minutos, e o minuto se
divide em 60 segundos. Os símbolos usados são: grau (º), minuto (‘)
e segundo (“). Ângulo raso: é aquele cuja abertura mede 180º (fig.4).
Exemplo: 54º31’12” lê-se: 54 graus, 31 minutos e 12 segundos.

Sistema Centesimal
No sistema centesimal, o círculo e dividido em 400 grados, en-
quanto que o grado e dividido em 100 novos minutos e o minuto
em 100 novos segundos. Os símbolos usados são: grados (g), novos
minutos (c), novos segundos (cc).
Exemplo: 27,4583g = 27g 45c 83cc lê-se: 27 grados, 45 novos
minutos, e 83 novos segundos. Ângulos Complementares e Suplementares

Ângulos: Reto, Agudo, Obtuso e Raso Ângulos complementares: são aqueles cuja coma é igual a um
ângulo reto (fig.5).
Ângulo reto: A unidade legal é o ângulo formado por duas retas
que se cortam perpendicularmente, formando ângulos adjacentes
iguais (fig.1). Esse valor, chamado ângulo reto (90°), é subdividido
de acordo com os sistemas existentes.

Ângulos suplementares: são aqueles cuja soma é igual a um ân-


gulo raso (fig.6).

Ângulo agudo: é aquele cuja abertura é menor do que a do ân-


gulo reto (fig.2).

Observação: Para somarmos ou subtrairmos graus, devemos


colocar as unidade iguais sob as outras.

Exemplo: 90º - 25º 12’


A primeira operação por fazer e converter 90º em graus e minu-
tos. Sabendo que 1º = 60’, teremos:

277
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Devemos operar da mesma forma, quando temos as unidades


graus, minutos e segundos.
Exemplo: 90º - 10º 15’ 20”
Convertendo 90º em graus, minutos e segundos, teremos: 90º
= 89º 59’ 60”
89º 59’ 60” - 10º 15’ 20” = 79º 44’ 40”

Goniômetro

O goniômetro é um Instrumento que serve para medir ou verifi-


car ângulos. Na figura 1, temos um goniômetro de precisão. O disco
graduado e o esquadro formam uma só peça, apresentando quatro
graduações de 0º a 90º. O articulador gira com o disco do vernier, e,
em sua extremidade, há um ressalto adaptável à régua.

As figuras de 5 a 9 dão exemplos de diferentes medições de ân-


gulos de peças ou ferramentas, mostrando várias posições da lâ-
mina.

Tipos e Usos
Para usos comuns, em casos de medidas angulares que não exi-
gem extremo rigor, o instrumento indicado é o goniômetro simples
(transferidor de grau) (figuras 2, 3 e 4).

278
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Utilização do Nônio
Nos goniômetros de precisão, o vernier (nônio) apresenta 12 di-
visões à direita, e à esquerda do zero do nônio (fig.13). Se o sentido
da leitura for à direita, usa-se o nônio da direita; se for à esquerda,
usa-se o nônio da esquerda.

Cálculo de Aproximação
a = aproximação
e = menor valor do disco graduado = 1º
n = número de divisões do nônio = 12 divisões.

Divisão Angular
Em todo tipo de goniômetro, o ângulo reto (90º) apresenta 90
divisões. Daí concluímos que cada divisão equivale a 1º (um grau).
Na figura 10, observamos a divisão do disco graduado do goniôme-
tro. Cada divisão do nônio é menor 5’ do que duas divisões do disco
graduado.
Se fizermos coincidir o primeiro traço do nônio, a leitura será
0º 5’ (fig.14); o segundo traço, a leitura será 0º 10’ (fig.15); o nono
traço, a leitura será 0º 45’ (fig.16).

Leitura do Goniômetro
Leem-se os graus inteiros na graduação do disco com o traço
zero do nônio (fig.11). O sentido da leitura tanto pode ser da direita
para a esquerda, como da esquerda para a direita (fig.12).

Conhecendo-se o disco graduado e o nônio do goniômetro, po-


de-se fazer a leitura de qualquer medida (fig.17).

279
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Esquadro de precisão
É um instrumento em forma de ângulo reto, construído de aço, ou granito. Usa-se para verificação de superfícies em ângulo de 90º. Os
esquadros são classificados quanto à forma e ao tamanho. Forma Esquadro simples ou plano de uma só peça. Esquadro de base com lâmi-
na lisa, utilizado também para traçar. Esquadro com lâmina biselada, utilizado para se obter melhor visualização, em virtude da pequena
superfície de contato. Conservação Manter os esquadros livres de batidas. Conservá-los sem rebarbas, limpos. Lubrificá-los e guardá-los
em lugar onde não haja atrito com outras ferramentas (o esquadro de granito não deve ser lubrificado).

280
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

Prumo3 3. (EBSERH – Engenheiro Mecânico – INSTITUTO AOCP) Com


O prumo é um instrumento para detectar ou conferir a vertical base nos conceitos e terminologias da metrologia, assinale a alter-
do lugar e elevar o ponto. Ele pode ser adaptado a um prisma orto- nativa INCORRETA.
gonal ou um tripé. Sua utilização é obrigatória na construção civil, (A) Medição é o processo de obtenção experimental de um ou
uma vez que os traços providenciados pela engenharia passam por mais valores que podem ser, razoavelmente, atribuídos a uma
ângulos retos. grandeza.
(B) Precisão de medição é o grau de concordância entre indica-
ções ou valores medidos, obtidos por medições repetidas, no
mesmo objeto ou em objetos similares, sob condições especi-
ficadas.
NOÇÕES DE ELETRICIDADE E ELETRÔNICA. (C) Exatidão da precisão é o grau de concordância entre um
valor medido e um valor verdadeiro de um mensurando.
Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi aborda- (D) A veracidade de medição está inversamente relacionada ao
do em tópicos anteriores. erro sistemático, porém não está relacionada ao erro aleatório.
(E) O erro sistemático e suas causas não podem ser conhecidos.
QUESTÕES 4. (ELETROBRAS – Leiturista – IADES) Considerando os erros de
medição e conceitos de metrologia, assinale a alternativa correta.
1. (PETROBRAS – Tec. De Projetos, Construção e Montagem Ju- (A) O erro de medição não pode ser definido como o resultado
nior – Estruturas Navais – CESGRANRIO) Em metrologia, erro siste- de uma medição menos o valor verdadeiro (convencional) do
mático é definido como a(o) mensurando.
(A) parcela do erro representada pela incerteza de dados me- (B) Mensurando pode ser definido como objeto da medição, ou
didos sob as mesmas condições, sendo corrigível por meio da seja, a grandeza específica a ser submetida à medição.
calibração. (C) Erro aleatório é a diferença entre a média de um número in-
(B) parcela do erro repetido quando uma série de medições é finito de medições do mesmo mensurando e o valor verdadeiro
efetuada sob as mesmas condições, sendo corrigível por meio quando são obedecidas as condições de repetitividade.
da calibração. (D) Erro grosseiro é a diferença entre o resultado de uma me-
(C) parcela do erro representada pela incerteza dos dados me- dição e a média de um número infinito de medições do mesmo
didos sob as mesmas condições, não sendo corrigível por meio mensurando sob condições de repetitividade.
da calibração. (E) Erro sistemático acontece quando se atribui falta de cuida-
(D) parcela do erro repetido quando uma série de medições é do ou maus hábitos, como leitura imprópria do instrumento,
efetuada sob as mesmas condições, não sendo corrigível por anotação dos resultados diferente dos valores lidos, entre ou-
meio da calibração. tros.
(E) erro resultante do uso equivocado do sistema de medição.
5. (EBSERH – Engenheiro Mecânico – INSTITUTO AOCP) Sobre
2. (IPEM/PE – Analista – Gestão em Metrologia e Qualidade os instrumentos de metrologia, assinale a alternativa correta.
Industrial – Direito – IPAD) A metrologia pode ser dividida basica- (A) A régua graduada é um instrumento de medida angular,
mente em três áreas de atuação: a metrologia científica, a metrolo- normalmente fabricada em forma de lâmina em aço carbono
gia industrial e a metrologia legal. Com relação à metrologia legal, ou aço inoxidável.
podemos afirmar que é de sua responsabilidade: (B) Um paquímetro universal com nônio ou vernier, de 20 divi-
(A) A medição e o controle de peças nas linhas de produção sões, é aquele que oferece uma precisão de 0,5 mm.
industriais. (C) O princípio de funcionamento de um micrômetro é seme-
(B) A verificação de taxímetros e o controle de emissão dos ga- lhante ao de um parafuso acoplado a uma porca.
ses da combustão nos veículos. (D) O goniômetro é o instrumento de medição, também co-
(C) A Calibração de balanças analíticas para laboratórios. nhecido como transferidor de grau, utilizado para medir graus
(D) O controle e a atualização das normas relacionadas à me- centígrados.
trologia. (E) Quando a ponta de contato de um relógio comparador con-
(E) As leis que definem as unidades de medida padronizadas no vencional é pressionada, o ponteiro girará no sentido anti-ho-
Sistema Internacional de Unidades. rário e a diferença será positiva, ou seja, a peça que está sendo
medida é maior que o padrão

3 https://pt.wikipedia.org/wiki/Prumo

281
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

6. (IF/RS – Professor – Mecânica/Usinagem – IF-RS) A respeito V. O Efeito Tyndall explica porque o leite é branco e não trans-
dos erros de medição em metrologia industrial é INCORRETO afir- parente e porque as lanternas ou feixes de laser são mais visíveis
mar que: nos nevoeiros e nas fumaças do que em ar claro e seco.
(A) Erro aleatório corresponde ao componente do erro de me-
dição em que medições repetidas variam de forma imprevisí- Está correto o que se afirma apenas em
vel. (A) II e IV.
(B) Erro sistemático corresponde ao componente do erro de (B) IV e V.
medição que em medições repetidas permanece constante ou (C) I, II e IV.
varia de forma previsível. (D) I, III e V.
(C) A diferença entre o valor medido de uma grandeza e um
valor de referência é igual ao erro aleatório menos o erro sis- 10-Na revelação de impressões digitais, uma das técnicas mais
temático. comuns envolve o uso de pós-reveladores como a ninidrina, o cia-
(D) O erro de paralaxe acontece em instrumentos analógicos e noacrilato e o nitrato de prata. Nesse último, o sal de prata reage
resulta de um incorreto posicionamento do operador em rela- com cloretos de secreções da pele, precipitando o cloreto de prata,
ção ao instrumento. sendo revelada com luz solar e fotografada rapidamente.
(E) O erro de histerese expressa a diferença entre várias indi-
cações de um instrumento de medição, realizadas nas mesmas Sabendo que o produto de solubilidade desse sal é 1,8 x 10-10
circunstâncias. mol/L, o composto a seguir que pode ser adicionado para recupe-
ração da prata é o
7. (CEGAS – Analista Técnico - Engenheiro – IESES/2017) Após a (A) hidróxido de sódio (Kps AgOH = 2,3 x 10-8 mol/L)
leitura do enunciado apresentado a seguir, identifique a afirmação (B) ácido bromídrico (Kps AgBr = 7,7 x 10-13 mol/L)
correta: (C) ácido iodídrico (Kps AgI = 8,5 x 10-17 mol/L)
(D) ácido cianídrico (Kps AgCN = 6,0 x 10-17 mol/L)
Os padrões de comprimento ou ângulo, corporificados através (E) tiocianato de potássio (Kps AgSCN = 1,03 x 10-12 mol/L).
de duas faces específicas de um bloco, ditas “faces de medição”,
sendo que estas faces apresentam uma planicidade que tem a pro- 11-Um composto iônico precipita a partir de uma solução dos
priedades de se aderir à outra superfície de mesma qualidade, por seus íons constituintes quando (Nota: Q = quociente reacional)
atração molecular, são conhecidos em metrologia como: (A) a solução é insaturada.
(A) Blocos de alinhamento. (B) Q é superior ao Kps.
(B) Mesa de desempeno. (C) Q = Kps.
(C) Blocos padrão. (D) Q é inferior ao Kps.
(D) Planos de referência. (E)Q / Kps = 0.

8-No nosso dia a dia estamos o tempo todo fazendo uso ou 12-O valor da constante do produto de solubilidade do cloreto
mesmo preparando soluções. Soluções são preparadas com um sol- de chumbo (PbCl2) é 1,5.10-5. Calcule a solubilidade do PbCl2 em
vente e um soluto e, quando o solvente é a água, chamamos de uma solução 0.15 molar de MgCl2.
solvente aquoso.
Assinale a opção que contém o valor correto da solubilidade.
A sequência que apresenta corretamente os exemplos de solu- (A) 1,9 .10-4.
ções presentes no nosso cotidiano está indicada em (B) 4,0 .10-4.
(A) água e óleo / sal e água. (C) 6,9 .10-4.
(B) suco de laranja / água e gelo. (D) 9,1 .10-4.
(C) refrigerante / café com leite.
(D) água mineral / água e gelo. 13-Uma amostra é formada pelos alcanos de fórmula molecu-
lar C5H12: pentano, metilbutano e dimetilpropano. Na comparação
9-Sobre as propriedades de dispersões coloidais, analise as dos valores de temperatura de ebulição desses alcanos, tem-se a
afirmativas a seguir. seguinte ordem crescente:
(A) pentano < dimetilpropano < metilbutano
I. Coloides representam a linha divisória entre as soluções e as (B) metilbutano < dimetilpropano < pentano
misturas heterogêneas. (C) dimetilpropano < metilbutano < pentano
II. Os coloides são restritos ao estado líquido, ou seja, este tipo (D) pentano < metilbutano < dimetilpropano
de dispersão não existe nos estados gasoso e sólido.
III. Einstein desenvolveu uma equação para o quadrado da 14-A respeito do processo de refino de petróleo, julgue o item
média do deslocamento de uma partícula coloidal. Quanto maior subsequente.
a partícula coloidal, menor é o seu caminho livre médio em deter-
minado líquido O rendimento dos produtos da destilação depende da compo-
IV. Coloides são descritos por partículas com até 1 nm de diâ- sição do petróleo de origem.
metro dispersas em determinado solvente. ( ) CERTO
( ) ERRADO

282
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

15-A respeito do exercício da atividade de produção, armaze- Está correto o que se afirma em:
namento e comercialização de derivados de petróleo e gás natural, (A) I e II, apenas.
por meio da outorga de autorização de operação da instalação pro- (B) I e III, apenas.
dutora, julgue o seguinte item. (C) II e III, apenas.
(D) I, II e III.
É regularmente definido como gás natural todo hidrocarbone-
to que permaneça em estado gasoso nas condições atmosféricas 19-Na polimerização por adição, temos as seguintes etapas:
normais, que seja extraído diretamente de reservatórios petrolífe-
ros ou gaseíferos e cuja composição poderá conter gases úmidos, I - Iniciação.
secos e residuais. II - Propagação.
( ) CERTO III - Término.
( ) ERRADO X - Início do processo de formação das cadeias poliméricas pe-
los pontos reativos.
16-Descobertos na década de 1920, os polímeros sintéticos re- Y - Eliminação dos pontos reativos, encerrando a polimeriza-
volucionaram o mundo e acabaram por impactar de forma negati- ção.
va o Meio Ambiente devido ao seu descarte incorreto, reciclagem Z - Rompimento das ligações duplas.
complexa e tempo de decomposição alto. Existem vários tipos de
polímeros, sendo os de estrutura tridimensional em rede com liga- Pela associação dos termos, temos a seguinte conclusão:
ções cruzadas, insolúveis, infusíveis e completamente amorfos os: (A) I - X; II - Z; III - Y.
(A) epóxis (B) I - Y; II - Z; III - X.
(B) poliestirenos (C) I - Z; II - Y; III - X.
(C) polipropilenos (D) I - Z; II - X; III - Y.
(D) policarbonatos
20-Algumas moléculas chamadas monômeros podem ligar-se
17-Os polímeros são moléculas de cadeia longa que consistem entre si, dando origem a macromoléculas denominadas polímeros.
em unidades repetitivas chamadas de monômeros. Eles podem ser Assinale a alternativa que NÃO apresenta polímeros utilizados no
naturais ou sintéticos. nosso dia a dia.
(A) Copo de vidro.
Leia o trecho a seguir e preencha corretamente as lacunas. (B) Sacos plásticos.
(C) Isopor.
Os monômeros do eteno podem reagir um com o outro, que- (D) Panela antiaderente.
brando a ligação dupla entre os carbonos e unindo-se formando (E) Pneu de automóvel.
uma longa cadeia polimérica de polietileno. Este é um exemplo de
polímero de _____________________. O cloreto de polivinila (PVC)
é constituído de monômeros em que um átomo de cloro substitui
um dos átomos de hidrogênio do eteno. A temperatura de fusão de
um polímero de PVC é _____________________ do que a do polie- GABARITO
tileno, considerando-se ambos com o mesmo tamanho de cadeia.
Alguns polímeros, denominados de _____________________,
consistem em dois tipos diferentes de monômeros. Por fim, os 1 B
polímeros que eliminam um átomo ou um pequeno grupo de
átomos durante a polimerização são chamados de polímeros de 2 B
_____________________; um exemplo desse tipo de polímero é o 3 E
náilon.
4 B
A sequência que preenche corretamente as lacunas do texto é 5 C
(A) adição / menor / copolímeros / condensação 6 C
(B) condensação / menor / copolímeros / adição
(C) adição / maior / copolímeros / condensação 7 C
(D) condensação / menor / dímeros / adição 8 C
(E) adição / maior / dímeros / condensação 9 D
18-Sobre os polímeros, sabe-se que: 10 A
11 B
I - são micromoléculas.
12 A
II - ligados por ligação covalente.
III - formados por meio de reações de polimerização. 13 C
14 CERTO
15 CERTO

283
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO I

16 A ______________________________________________________

17 C ______________________________________________________
18 C
______________________________________________________
19 D
______________________________________________________
20 A
______________________________________________________
ANOTAÇÕES ______________________________________________________

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284
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
BLOCO II

Na Mecânica Clássica, as posições e as velocidades de um mó-


ESTÁTICA, CINEMÁTICA E DINÂMICA. vel são extremamente bem definidas, mas, em Quântica, se as co-
ordenadas de um elétron são conhecidas, a determinação de sua
A Mecânica é o ramo da Física responsável pelo estudo dos velocidade é impossível. Caso a velocidade seja conhecida, torna-se
movimentos dos corpos, bem como suas evoluções temporais e impossível a determinação da posição do elétron.
as equações matemáticas que os determinam. É um estudo de ex-
trema importância, com inúmeras aplicações cotidianas, como na CINEMÁTICA
Geologia, com o estudo dos movimentos das placas tectônicas; na A cinemática estuda os movimentos dos corpos, sendo princi-
Medicina, com o estudo do mapeamento do fluxo de sangue; na palmente os movimentos lineares e circulares os objetos do nos-
Astronomi,a com as análises dos movimentos dos planetas etc. so estudo que costumar estar divididos em Movimento Retilíneo
As bases para o que chamamos de Mecânica Clássica foram Uniforme (M.R.U) e Movimento Retilíneo Uniformemente Variado
lançadas por Galileu Galilei, Johannes Kepler e Isaac Newton. Já (M.R.U.V)
no século XX Albert Einstein desenvolveu os estudos da chamada Para qualquer um dos problemas de cinemática, devemos es-
Mecânica Relativística, teoria que engloba a Mecânica Clássica e tar a par das seguintes variáveis:
analisa movimentos em velocidades próximas ou iguais à da luz. -Deslocamento (ΔS)
A chamada Mecânica Quântica é o estudo do mundo subatômico, -Velocidade ( V )
moléculas, átomos, elétrons etc. -Tempo (Δt)
-Aceleração ( a )
→ Mecânica Clássica
A Mecânica Clássica é dividida em Cinemática e Dinâmica. Movimento Uniformemente Variado (MUV).
A Cinemática é o estudo matemático dos movimentos. As cau- Os exercícios que cobram MUV são geralmente associados a
sas que os originam não são analisadas, somente suas classificações enunciados de queda livre ou lançamentos verticais, horizontais ou
e comparações são feitas. O movimento uniforme, movimento uni- oblíquos.
formemente variado e movimento circular são temas de Cinemá- É importante conhecer os gráficos do MUV e as fórmulas, como
tica. a Equação de Torricelli (v²=v0²+2aΔS). O professor reforça ainda
A Dinâmica é o estudo das forças, agente responsável pelo mo- que os problemas elencados pelo Enem são contextualizados. “São
vimento. As leis de Newton são a base de estudo da Dinâmica. questões de movimento uniformemente variado, mas associadas a
situações cotidianas.
→ Mecânica Relativística
A Mecânica Relativística mostra que o espaço e o tempo em Movimento Retilíneo Uniforme (M.R.U)
velocidades próximas ou iguais à da luz não são conceitos absolu- No M.R.U. o movimento não sofre variações, nem de direção,
tos, mas, sim, relativos. Segundo essa teoria, observadores diferen- nem de velocidade. Portanto, podemos relacionar as nossas gran-
tes, um parado e outro em alta velocidade, apresentam percepções dezas da seguinte forma:
diferentes das medidas de espaço e tempo. ΔS= V.Δt
A Teoria da Relatividade é obra do físico alemão Albert Einstein
e foi publicada em 1905, o chamado ano milagroso da Física, pois Movimento Retilíneo Uniformemente Variado (M.R.U.V)
foi o ano da publicação de preciosos artigos científicos de Einstein. No M.R.U.V é introduzida a aceleração e quanto mais acele-
rarmos (ou seja, aumentarmos ou diminuirmos a velocidade an-
→ Mecânica Quântica daremos mais, ou menos. Portanto, relacionamos as grandezas da
A Mecânica Clássica é um caso-limite da Mecânica Quântica, seguinte forma:
mas a linguagem estabelecida pela Mecânica Quântica possui de- ΔS= V₀.t + ½.a.t²
pendência da Mecânica Clássica. Em Quântica, o conceito básico de
trajetória (caminho feito por um móvel) não existe, e as medidas No M.R.U.V. o deslocamento aumenta ou diminui conforme
são feitas com base nas interações de elétrons com objetos deno- alteramos as variáveis.
minados de aparelhos. Pode existir uma outra relação entre essas variáveis, que é
Os conceitos estudados em Mecânica Quântica mexem profun- dada pela formula:
damente com nosso senso comum e propõem fenômenos que po- V²= V₀² + 2.a.ΔS
dem nos parecer estranhos. Como exemplo, podemos citar o caso
da posição e da velocidade de um elétron. Nessa equação, conhecida como Equação de Torricelli, não te-
mos a variável do tempo, o que pode nos ajudar em algumas ques-
tões, quando o tempo não é uma informação dada, por exemplo.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

Impulso e quantidade de movimento


O impulso e a quantidade de movimento aparecem em questões que tratam de colisões e pelo Teorema do impulso (I = ΔQ). Uma dos
modos em que a temática foi cobrada pelo exame foi em um problema que enunciava uma colisão entre carrinhos num trilho de ar, em
um experimento feito em laboratório, conta o professor.

Choques ou colisões mecânicas


No estudo das colisões entre dois corpos, a preocupação está relacionada com o que acontece com a energia cinética e a quantidade
de movimento (momento linear) imediatamente antes e após a colisão. As possíveis variações dessas grandezas classificam os tipos de
colisões.

Definição de sistema
Um sistema é o conjunto de corpos que são objetos de estudo, de modo que qualquer outro corpo que não esteja sendo estudado é
considerado como agente externo ao sistema. As forças exercidas entre os corpos que compõem o sistema são denominadas de forças
internas, e aquelas exercidas sobre os corpos do sistema por um agente externo são denominadas de forças externas.

Quantidade de movimento e as colisões


As forças externas são capazes de gerar variação da quantidade de movimento do sistema por completo. Já as forças internas podem
apenas gerar mudanças na quantidade de movimento individual dos corpos que compõem o sistema. Uma colisão leva em consideração
apenas as forças internas existentes entre os objetos que constituem o sistema, portanto, a quantidade de movimento sempre será a
mesma para qualquer tipo de colisão.

Energia cinética e as colisões


Durante uma colisão, a energia cinética de cada corpo participante pode ser totalmente conservada, parcialmente conservada ou
totalmente dissipada. As colisões são classificadas a partir do que ocorre com a energia cinética de cada corpo. As características dos
materiais e as condições de ocorrência determinam o tipo de colisão que ocorrerá.

Coeficiente de restituição
O coeficiente de restituição (e) é definido como a razão entre as velocidades imediatamente antes e depois da colisão. Elas são deno-
minadas de velocidades relativas de aproximação e de afastamento dos corpos.

Tipos de colisão

• Colisão perfeitamente elástica


Nesse tipo de colisão, a energia cinética dos corpos participantes é totalmente conservada. Sendo assim, a velocidade relativa de
aproximação e de afastamento dos corpos será a mesma, o que fará com que o coeficiente de restituição seja igual a 1, indicando que
toda a energia foi conservada. A colisão perfeitamente elástica é uma situação idealizada, sendo impossível a sua ocorrência no cotidia-
no, pois sempre haverá perca de energia.

• Colisão parcialmente elástica


Quando ocorre perda parcial de energia cinética do sistema, a colisão é classificada como parcialmente elástica. Desse modo, a ve-
locidade relativa de afastamento será ligeiramente menor que a velocidade relativa de aproximação, fazendo com que o coeficiente de
restituição assuma valores compreendidos entre 0 e 1.

• Colisão inelástica
Quando há perda máxima da energia cinética do sistema, a colisão é classificada como inelástica. Após a ocorrência desse tipo de
colisão, os objetos participantes permanecem grudados e executam o movimento como um único corpo. Como após a colisão não have-
rá afastamento entre os objetos, a velocidade relativa de afastamento será nula, fazendo com que o coeficiente de restituição seja zero.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

A tabela a seguir pode ajudar na memorização das relações entre os diferentes tipos de colisões:

Gráficos na cinemática
Na cinemática, a variável independente é o tempo, por isso escolhemos sempre o eixo das abscissas para representar o tempo. O
espaço percorrido, a velocidade e a aceleração são variáveis dependentes do tempo e são representadas no eixo das ordenadas.

Para construir um gráfico devemos estar de posse de uma tabela. A cada par de valores correspondentes dessa tabela existe um ponto
no plano definido pelas variáveis independente e dependente.

Vamos mostrar exemplos de tabelas e gráficos típicos de vários tipos de movimento: movimento retilíneo e uniforme, movimento
retilíneo uniformemente variado.

Exemplo 1
MOVIMENTO RETILÍNEO E UNIFORME
Seja o caso de um automóvel em movimento retilíneo e uniforme, que tenha partido do ponto cujo espaço é 5km e trafega a partir
desse ponto em movimento progressivo e uniforme com velocidade de 10km/h.
 
Considerando a equação horária do MRU s = so + vot, a equação dos espaços é, para esse exemplo,
s = 5 + 10t

A velocidade podemos identificar como sendo:


v = 10km/h

E o espaço inicial:
so = 5km

Para construirmos a tabela, tomamos intervalos de tempo, por exemplo, de 1 hora, usamos a equação s(t) acima e anotamos os
valores dos espaços correspondentes:

t(h) s(km)
0 5
1 15
2 25
3 35
4 45
5 55
6 65
 

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Tabela 3 - MRU
 

MOVIMENTO COM ACELERAÇÃO NEGATIVA


Sendo a aceleração negativa (a < 0), os gráficos típicos são

Agora fazemos o gráfico s x t.

O gráfico da velocidade é muito simples, pois a velocidade é


constante, uma vez que para qualquer t, a velocidade se mantém
a mesma.

A curva que resulta do gráfico s x t tem o nome de parábola.

A título de exemplo, consideremos o movimento uniforme-


mente variado associado à equação horária s = so + vot +at2/2, onde
o espaço é dado em metros e o tempo, em segundos, e obteremos:
s(t) = 2 + 3t - 2t2.

A velocidade inicial é, portanto:


vo = 3m/s

Note que: A aceleração:


• As abscissas e as ordenadas estão indicadas com espaça- ao = -4m/s2 (a < 0)
mentos iguais.
• As grandezas representadas nos eixos estão indicadas e o espaço inicial:
com as respectivas unidades. so = 2km
• Os pontos são claramente mostrados. Para desenharmos o gráfico s x t da equação acima, construí-
• A reta representa o comportamento médio. mos a tabela de s x t (atribuindo valores a t).
• As escalas são escolhidas para facilitar o uso; não é neces-
sário usar “todo o papel” s(m) t(s)
• com uma escala de difícil subdivisão.
2,0 0
Exemplo 2 3,0 0,5
MOVIMENTO UNIFORMEMENTE VARIADO
3,125 0,75
Considerando-se o movimento uniformemente variado, po-
demos analisar os gráficos desse movimento dividindo-os em duas 3,0 1
categorias, as quais se distinguem pelo sinal da aceleração. 2,0 1,5

MOVIMENTO COM ACELERAÇÃO POSITIVA 0 2,0


Neste caso, como a aceleração é positiva, os gráficos típicos do -3,0 2,5
movimento acelerado são -7,0 3
 

288
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

A partir da tabela obtemos o gráfico s x t:

Para o caso da velocidade, temos a equação v = vo + at. Assim, para o movimento observado temos:
v = 3 - 4t

obtendo assim a tabela abaixo:

v(m/s) t(s)
3 0
-1 0,5
5 0,75

Obtendo o gráfico v x t:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

Exemplo 3
Como exemplo de gráfico representando dados experimentais vamos usar os dados da tabela:

Tabela
Gráfico referente à tabela
Dados de um indivíduo andando

Note:
• Até o instante t = 4min pode-se dizer que os pontos podem ser representados por
• uma reta.
• Entre t = 4 e t = 5 houve uma alteração de comportamento.
• Não ligue os pontos em ziguezague utilizando segmentos de reta. Trace curvas
• médias lisas ou retas que representam comportamentos médios.

Observação: A reta traçada deixa dois pontos para baixo e dois para cima. A origem é um ponto experimental.

DINÂMICA
A terceira área da mecânica que mais aparece no exame é a dinâmica, com as Leis de Newton. Ela vem em exercícios que pedem
elementos como atrito e componentes da resultante, com a força centrípeta e a aceleração centrípeta.
A prova pode pedir, por exemplo, para o candidato associar a aceleração confortável para os passageiros de um trem com dimensões
curvas, que faz um caminho curvo. Isso está completamente ligado à aceleração centrípeta.
As leis de Newton
A cinemática é o ramo da ciência que propõe um estudo sobre movimento, sem, necessariamente se preocupar com as suas causas.
Quando partimos para o estudo das causas de um movimento, aí sim, falamos sobre a dinâmica. Da dinâmica, temos três leis em que
todo o estudo do movimento pode ser resumido. São as chamadas leis de Newton:
Primeira lei de Newton – a lei da inércia, que descreve o que ocorre com corpos que estão em equilíbrio.
Segunda lei de Newton – o princípio fundamental da dinâmica, que descreve o que ocorrer com corpos que não estão em equilíbrio.
Terceira lei de Newton – a lei da ação e reação, que explica o comportamento de dois corpos interagindo entre si.

Força Resultante
A determinação de uma força resultante é definida pela intensidade, direção e sentido que atuam sobre o objeto. Veja diferentes
cálculos da força resultante:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

Caso 1 – Forças com mesma direção e sentido.

Caso 2 – Forças perpendiculares.

Caso 3 – Forças com mesma direção e sentidos opostos

Caso 4 – Caso Geral – Com base na lei dos Cossenos

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

A Segunda lei de Newton 1. Equilíbrio do Ponto Material


Quando há uma força resultante, caímos na segunda lei de Define-se como ponto material todo corpo cujas dimensões,
Newton que diz que, nestas situações, o corpo irá sofrer uma ace- para o estudo em questão, não são importantes, não interferem
leração. Força resultante e aceleração são duas grandezas físicas no resultado final. Por exemplo, o estudo da trajetória de um atleta
intimamente ligadas e diretamente proporcionais, ou seja, se au- de saltos ornamentais na piscina a partir de uma plataforma de 10
mentarmos a força, aumentamos a aceleração na mesma propor- m. Se o estudo está focalizado na trajetória do atleta da plataforma
ção. Essa constante é a massa do corpo em que é aplicada a força até a piscina, e não nos seus movimentos em torno de si mesmo,
resultante. Por isso, a segunda lei de Newton é representada mate- pode-se adotar o centro de massa do atleta, ignorar seu tamanho
maticamente pela fórmula: e desenvolver o estudo. (Caso outros estudos, dos movimentos do
atleta em torno do seu centro de massa, sejam necessários, eles
poderão ser realizados posteriormente.)
Na Estática consideramos o ponto material como um corpo su-
ficientemente pequeno para podermos admitir que todas as forças
que agem sobre o corpo se cruzem num mesmo. Para que este pon-
A segunda lei de Newton também nos ensina que força resul- to material esteja em equilíbrio a somatória vetorial das forças que
tante e aceleração serão vetores sempre com a mesma direção e nele atuam tem necessariamente de ser nula.
sentido. Ou:
Unidades de força e massa no Sistema Internacional:
Força – newton (N).
Massa – quilograma (kg).

A terceira Lei de Newton


A terceira lei, também conhecida como lei da ação e reação
diz que, se um corpo faz uma força em outro, imediatamente ele No caso do estudo se restringir ao plano, podemos adotar dois
receberá desse outro corpo uma força de igual intensidade, igual eixos (x e y) como referência e estudar as componentes das forças:
direção e sentido oposto à força aplicada, como é mostrado na fi-
gura a seguir.

2. Equilíbrio dos Corpos Rígidos


Quando as dimensões dos corpos não podem ser ignoradas
(não podemos considerar as forças todas se cruzando num mesmo
ponto), o estudo passa a considerar movimentos de rotação. Por
exemplo, na figura:
ESTÁTICA
A Estática é o capítulo da Mecânica que estuda corpos que não
se movem, estáticos. A ausência de movimento é um caso especial
de aceleração nula, ou seja, pelas Leis de Newton, uma situação em
que todas as forças que atuam sobre um corpo se equilibram. Por-
tanto, a soma vetorial de todas as forças que agem sobre o corpo
deve ser nula.
Por exemplo, um edifício de apartamentos ou de escritórios
está sujeito à força peso de sua massa e dos móveis e utensílios
em seu interior, além da força peso da massa de todos os seus ocu-
pantes. Existem também outras forças: a carga do vento, da chuva
e eventualmente, em países frios, a carga da neve acumulada em
seu teto. Todas essas forças devem ser absorvidas pelo solo e pe-
las fundações do prédio, que exercem reações sobre ele de modo
a sustentá-lo, mantê-lo de pé e parado. A soma vetorial de todas
essas forças deverá ser nula.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

Sendo as forças de mesmo módulo, a resultante seria nula, 3. Alavancas


mas isto seria insuficiente para o equilíbrio, pois existe uma ten- Ao se utilizar o princípio da estática e da somatória dos mo-
dência de giro que pode ser representado por: mentos nulos pode-se analisar uma das primeiras máquinas sim-
ples inventada pelo homem: a alavanca.
Veja o esquema abaixo onde a barra está equilibrada:

A essa tendência de giro dá-se o nome de momento da força, e


é igual à força multiplicada pela distancia ao centro de giro. No caso
acima, supondo que o comprimento da barra seja x, o momento de
cada força seria:

O momento total seria o dobro Nesse exemplo, ao se imaginar uma gangorra apoiada na dis-
tância de 8 m nota-se que uma força de 50N provoca uma ação na
outra ponta de 200 N ampliando em 4 vezes a ação inicial. Para isto,
basta comparar os momentos das duas forças nas extremidades em
relação ao apoio, e constatar que eles se equilibram, pois têm o
O sinal será definido pelo sistema de referência adotado: no mesmo valor e sinais opostos (a força à esquerda tende a fazer a
nosso caso, adotando um sistema em que os momentos sejam po- barra girar no sentido anti-horário e a da extremidade direita no
sitivos no sentido horário, o momento total seria negativo, pois o sentido horário). Assim:
corpo tende a girar no sentido anti-horário: 50 N x 8 m= 200 N x 2 m
Com isso pode-se amplificar ações de forças com a utilização
dessa máquina simples, provavelmente pré-histórica.

Gravitação Universal
A unidade do momento de uma força é o newton∙metro ou A Lei da Gravitação Universal estabelece que, se dois corpos
N∙m. possuem massa, eles sofrem a ação de uma força atrativa propor-
Então, para o corpo permanecer estático, além das duas equa- cional ao produto de suas massas e inversamente proporcional a
ções do ponto: sua distância.

Resumo sobre a Lei da Gravitação Universal


• Todos os corpos do universo atraem-se mutuamente com
uma força proporcional ao produto de suas massas e inversamente
proporcional ao quadrado de sua distância;
• A Lei da Gravitação Universal é definida em termos
da Constante de Gravitação Universal, cujo módulo é igual a
6,67408.10-11 N.kg²/m²;
Uma terceira condição deve ser imposta: a somatória dos mo- • A Lei da Gravitação Universal foi descoberta e desenvolvi-
mentos deve ser nula: da pelo físico inglês Isaac Newton e foi capaz de prever os raios das
órbitas de diversos astros, bem como explicar teoricamente a lei
empírica descoberta por Johannes Kepler que relaciona o período
orbital ao raio da órbita de dois corpos que se atraem gravitacio-
nalmente.

Nota: considera-se que todas as forças e momentos pertençam


ao mesmo plano.

293
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

Introdução à Gravitação Universal Comparando as duas equações acima, podemos perceber que
A Lei da Gravitação Universal é uma lei física que foi desco- a gravidade de um corpo pode ser calculada pela fórmula a seguir:
berta pelo físico inglês Isaac Newton. Ela é utilizada para calcular
o módulo da atração gravitacional existente entre dois corpos do-
tados de massa. A força gravitacional é sempre atrativa e age na
direção de uma linha imaginária que liga dois corpos. Além disso,
em respeito à Terceira Lei de Newton, conhecida como Lei da Ação
e Reação, a força de atração é igual para os dois corpos interagen-
tes, independente de suas massas. De acordo com Isaac Newton:

“Dois corpos atraem-se por uma força que é diretamente pro- A fórmula acima mostra que a gravidade de um planeta, es-
porcional ao produto de suas massas e inversamente proporcio- trela ou qualquer que seja o corpo depende de sua massa (M), da
nal ao quadrado da distância que os separa.” constante de gravitação universal (G) e do inverso do quadrado
da distância em que nos encontramos até o centro desse corpo (d),
Por meio da proposição da Lei da Gravitação Universal, foi pos- que, no caso de corpos esféricos, é o seu próprio raio.
sível predizer o raio das órbitas planetárias, o período de asteroi- A Terra, por exemplo, possui massa de 5,972.1024 kg e raio
des, eventos astronômicos como eclipses, determinação da massa médio de 6371 km (6,371.106 m), logo, podemos calcular o valor
e raio de planetas e estrelas etc. médio da gravidade na sua superfície:

Fórmula da Gravitação Universal


A principal fórmula utilizada na gravitação universal estabele-
ce que o módulo da força gravitacional entre duas massas é pro-
porcional ao produto de suas massas e inversamente proporcional
ao quadrado da distância entre elas. A expressão utilizada para o
cálculo da força gravitacional é esta:

Gravitação Universal e a Terceira Lei de Kepler


Legenda: Um dos indicadores de sucesso da Lei da Gravitação Universal
|F| – módulo da força de atração gravitacional (N – Newton) foi a sua capacidade de reproduzir a famosa relação matemática
G – constante de gravitação universal (6,67408.10-11N.kg²/m²) descoberta empiricamente por Johannes Kepler, conhecida como
M – massa gravitacional ativa (kg – quilogramas) Lei Harmônica:
m – massa gravitacional passiva (kg – quilogramas)
d² – distância entre as massas ao quadrado (m²)

Chamamos de peso a força de atração gravitacional que uma


massa exerce sobre outra. Além disso, são denominadas de massa
gravitacional ativa e passiva a massa que produz um campo gravi- Para tanto, basta recordar que a força de atração gravitacional
tacional ao seu redor e a massa que é atraída por tal campo gravi- aponta sempre na direção que liga os dois corpos, tratando-se, por-
tacional, respectivamente. tanto, de um tipo de força central, assim como a força centrípeta,
A força peso, ou simplesmente o peso de um corpo sujeito a que atua nos corpos em movimento circular. Assim:
uma gravidade de módulo g, é dada por:

Legenda:
P – módulo da força peso (N – Newton)
m – massa gravitacional passiva (kg – quilogramas)
g – módulo da gravidade local (m/s² – metro por segundo ao
quadrado)

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

Legenda:
v – velocidade de translação do corpo (m/s – metros por segundo)
ω – velocidade angular (rad/s – radianos por segundo)
T – período de translação (s – segundos)

A fórmula indica que a razão do quadrado do período de translação de um corpo em torno de sua massa gravitacional ativa (por
exemplo, a translação da Terra em torno do Sol) pelo cubo do raio médio da órbita (distância média entre a Terra e Sol, por exemplo) tem
módulo constante, que depende da constante de gravitação universal (G) e da massa gravitacional ativa M (a massa do Sol, por exemplo).

Constante de gravitação universal


A constante de gravitação universal é uma constante de proporcionalidade de módulo igual a 6,67408.10-11N.kg²/m², presente na Lei da
Gravitação Universal e usada para igualar a razão do produto da massa de dois corpos pelo quadrado de sua distância com o módulo da
força de atração entre eles. A constante de gravitação universal é dada, em unidades do Sistema Internacional de Unidades, em N.m²/kg².
A constante da gravitação universal foi determinada entre 1797 e 1798 pelo experimento da balança de torção, realizado pelo físico
e químico britânico Henry Cavendish. O experimento tinha como objetivo inicial a determinação da densidade da Terra, mas na época
também pôde determinar a constante da gravitação universal com menos de 1% de erro em relação ao valor conhecido atualmente.

Veja um exemplo:
A lua é um satélite natural que orbita o planeta Terra pela ação da grande força gravitacional exercida pela gravidade terrestre. Sendo
a massa da Terra igual a 5,972.1024 kg, a massa da lua 7,36.1022 kg e a distância média entre a Terra e a Lua igual a 384.400 km (3,84.108
m), determine:

Dados: G = 6,67408.10-11 N.m²/kg²


a) a força gravitacional que a Terra exerce sobre a Lua
b) a força gravitacional que a Lua exerce sobre a Terra
c) o módulo da aceleração adquirida pela Lua e pela Terra

Resolução
a) Para calcular a atração gravitacional que a Terra exerce sobre a Lua, usaremos a Lei da Gravitação Universal:

b) De acordo com a Terceira Lei de Newton, a Lei da Ação e Reação, se a Terra exerce uma força de ação sobre a Lua, esta deve exercer
uma força atrativa sobre a Terra de mesmo módulo e direção, porém, no sentido oposto, logo, a força que a Lua faz sobre a Terra também
é de 20.1019 N.
c) Se nos lembrarmos da Segunda Lei de Newton, que nos diz que o módulo da força resultante sobre um corpo é igual ao produto de
sua massa pela sua aceleração, podemos calcular a aceleração adquirida pela Lua e pela Terra facilmente. Observe:

Os valores de aceleração calculados acima mostram que, apesar de as forças de atração serem iguais para a Terra e para a Lua, a
aceleração adquirida por cada uma é diferente. Além disso, fazendo a razão entre os dois valores, vemos que a aceleração que a Lua sofre
é cerca de 81 vezes maior que a sofrida pela Terra.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

Quando o ser humano iniciou a agricultura, ele necessitou de 2ª Lei de Kepler - Lei das Áreas
uma referência para identificar as épocas de plantio e colheita. O segmento que une o sol a um planeta descreve áreas iguais
Ao observar o céu, os nossos ancestrais perceberam que al- em intervalos de tempo iguais.
guns astros descrevem um movimento regular, o que propiciou a
eles obter uma noção de tempo e de épocas do ano.
Primeiramente, foi concluído que o Sol e os demais planetas
observados giravam em torno da Terra. Mas este modelo, chamado
de Modelo Geocêntrico, apresentava diversas falhas, que incenti-
varam o estudo deste sistema por milhares de anos.
Por volta do século XVI, Nicolau Copérnico (1473-1543) apre-
sentou um modelo Heliocêntrico, em que o Sol estava no centro do
universo, e os planetas descreviam órbitas circulares ao seu redor.
No século XVII, Johanes Kepler (1571-1630) enunciou as leis
que regem o movimento planetário, utilizando anotações do astrô-
nomo Tycho Brahe (1546-1601).
Kepler formulou três leis que ficaram conhecidas como Leis de
Kepler.

1ª Lei de Kepler - Lei das Órbitas


Os planetas descrevem órbitas elipticas em torno do Sol, que
ocupa um dos focos da elipse.

3ª Lei de Kepler - Lei dos Períodos


O quociente dos quadrados dos períodos e o cubo de suas dis-
tâncias médias do sol é igual a uma constante k, igual a todos os
planetas.

Tendo em vista que o movimento de translação de um planeta


é equivalente ao tempo que este demora para percorrer uma volta
em torno do Sol, é fácil concluirmos que, quanto mais longe o pla-
neta estiver do Sol, mais longo será seu período de translação e, em
consequência disso, maior será o “seu ano”.

A terceira lei de Kepler e a velocidade orbital


Em uma de suas leis propostas,  Johannes Kepler  afirma que
as órbitas descritas pelos planetas são elípticas. Sempre em nossos
estudos consideramos que essas órbitas são circulares, portanto,
se considerarmos que realmente as órbitas dos planetas são circu-
lares, a Segunda Lei de Kepler nos diz que a velocidade do planeta é
constante. Isso se dá pelo fato de a velocidade ser proporcional às
áreas varridas pelo raio vetor, sendo que, na circunferência, essas
áreas são iguais em intervalos de tempos iguais.
Sendo assim, esta afirmação nos permite estudar o movimento
dos planetas ao redor do Sol e nos permite também estudar o mo-
vimento dos satélites ao redor dos planetas de maneira bastante
aproximada. Para isso, basta fazermos uso de expressões matemá-
ticas do movimento circular uniforme e deduzir uma nova expres-
são matemática para a terceira Lei de Kepler, obtendo:

296
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

Da mesma forma que para o movimento periódico, o intervalo


decorrido para que se complete um ciclo é chamado  período do
movimento (T) e o número de ciclos completos em uma unidade de
tempo é a frequência de oscilação.
Em que, na equação acima, T é o período de revolução do pla-
neta ou o período de revolução do satélite, M é a massa do Sol
Se você já esteve em um prédio alto, deve ter percebido que
e R é o raio da órbita. É interessante ressaltar que a equação acima
em dias de muito vento a sua estrutura balança. Não é só impres-
também nos permite determinar o valor da constante k da Terceira
são! Algumas construções de grandes estruturas como edifícios
Lei de Kepler (T2=k.R3):
e pontes costumam balançar em decorrência do vento. Estas vi-
brações, porém, acontecem com período de oscilação superior a 1
segundo, o que não causa preocupação. Uma construção só pode-
ria ser prejudicada caso tivesse uma vibração natural com período
igual à vibração do vento no local.
Da mesma maneira, também é possível determinar a veloci-
Movimento harmônico simples
dade com que o planeta descreve sua órbita, isto é, temos a pos-
Chamamos um movimento de harmônico quando este pode
sibilidade de determinar o valor da velocidade orbital de qualquer
ser descrito por funções horárias harmônicas (seno ou cosseno),
planeta ou satélite.
que são assim chamadas devido à sua representação gráfica:
Para isso, basta comparar a equação que define a lei da gravi-
tação universal com a equação da força centrípeta exercida sobre o
Função Seno
planeta, ou satélite, em movimento circular uniforme. Sendo assim,
teremos:

A equação acima nos fornece o módulo da velocidade orbital


de um planeta ao redor do Sol. Perceba que a massa do planeta em
órbita não influencia na velocidade orbital, ou seja, a velocidade
orbital depende apenas do raio e da massa do Sol.

Movimento Oscilatório
Um movimento oscilatório acontece quando o sentido do mo-
vimento se alterna periodicamente, porém a trajetória é a mesma
para ambos os sentidos. É o caso dos pêndulos e das cordas de gui-
tarras e violões, por exemplo.
A figura abaixo representa uma corda em vibração, observe
Função Cosseno
que mesmo se deslocando para baixo e para cima do ponto de ori-
gem ela sempre mantêm distâncias iguais de afastamento deste
ponto.

Se considerarmos que o corpo começa a vibrar partindo da li-


nha mais escura, cada vez que a corda passar por esta linha, após
percorrer todas as outras linhas consideradas, dizemos que ela
completou um ciclo, uma oscilação ou uma vibração.

297
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

Quando isto acontece, o movimento é chamado  Movimento Usando o que já conhecemos sobre MCU e projetando o des-
Harmônico Simples (MHS). locamento angular no eixo x podemos deduzir a função horária do
Para que o estudo desse movimento seja simplificado, é possí- deslocamento no Movimento Harmônico Simples:
vel analisá-lo como uma projeção de um movimento circular unifor-
me sobre um eixo. Assim:

Função horária da elongação


Imagine uma partícula se deslocando sobre um circunferência
de raio A que chamaremos amplitude de oscilação.

Usando a relação trigonométrica do cosseno do ângulo para


obter o valor de x:

Esta é a posição exata em que se encontra a partícula na figura


mostrada, se considerarmos que, no MCU, este ângulo varia com o
Colocando o eixo x no centro do círculo que descreve o Movi- tempo, podemos escrever φ em função do tempo, usando a função
mento Curvilíneo Uniforme e comparando o deslocamento no Mo- horária do deslocamento angular:
vimento Harmônico Simples:

Então, podemos substituir esta função na equação do MCU


projetado no eixo x e teremos a função horária da elongação, que
calcula a posição da partícula que descreve um MHS em um deter-
minado instante t.

Força no movimento harmônico simples


Assim como visto anteriormente, o valor da aceleração para
uma partícula em MHS é dada por:

Então, pela 2ª Lei de Newton, sabemos que a força resultante


sobre o sistema é dada pelo produto de sua massa e aceleração,
logo:

Como a massa e a pulsação são valores constantes para um


determinado MHS, podemos substituir o produto mω² pela cons-
tante k, denominada constante de força do MHS.

298
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

Obtendo: Exemplo:
(1) Um sistema é formado por uma mola pendurada vertical-
mente a um suporte em uma extremidade e a um bloco de massa
10kg. Ao ser posto em movimento o sistema repete seus movimen-
Com isso concluímos que o valor algébrico da força resultante tos após cada 6 segundos. Qual a constante da mola e a freqüencia
que atua sobre uma partícula que descreve um MHS é proporcional de oscilação?
à elongação, embora tenham sinais opostos.
Esta é a característica fundamental que determina se um corpo Para um sistema formado por uma massa e uma mola, a cons-
realiza um movimento harmônico simples. tante k é equivalente à constante elástica da mola, assim:
Chama-se a força que atua sobre um corpo que descreve MHS
de força restauradora, pois ela atua de modo a garantir o prosse-
guimento das oscilações, restaurando o movimento anterior.
Sempre que a partícula passa pela posição central, a força tem
o efeito de retardá-la para depois poder trazê-la de volta.

Ponto de equilíbrio do MHS


No ponto médio da trajetória, a elongação é numericamente
igual a zero (x=0), consequentemente a força resultante que atua
neste momento também é nula (F=0).
Este ponto onde a força é anulada é denominado  ponto de
equilíbrio do movimento.

Período do MHS
Grande parte das utilidades práticas do MHS está relacionado Lei de Hooke 
ao conhecimento de seu período (T), já que experimentalmente é A lei de Hooke consiste basicamente na consideração de que
fácil de medi-lo e partindo dele é possível determinar outras gran- uma mola possui uma constante elástica k. Esta constante é obede-
dezas. cida até um certo limite, onde a deformação da mola em questão se
Como definimos anteriormente: torna permanente. Dentro do limite onde a lei de Hooke é válida, a
k=mω² mola pode ser comprimida ou elongada, retornando a uma mesma
posição de equilíbrio.
A partir daí podemos obter uma equação para a pulsação do Analiticamente, a lei de Hooke é dada pela equação:
MHS: F = -k.x

Neste caso, temos uma constante de proporcionalidade k e a


variável independente x. A partir da equação pode se concluir que a
força é negativa, ou seja, oposta a força aplicada. Segue que, quan-
to maior a elongação, maior é a intensidade desta força, oposta a
Mas, sabemos que: força aplicada.

Então, podemos chegar a expressão:

Como sabemos, a frequência é igual ao inverso do período,


logo:

299
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

Veja o gráfico da lei de Hooke:

Note que as linhas em vermelho são as linhas que representam a força aplicada. Para a elongação da mola, ela é positiva, enquanto
que para a compressão da mola, ao longo do sentido negativo do eixo x, esta força assume valores negativos. Já a força de reação ofere-
cida pela mola assume valores negativos para a elongação e valores positivos para a compressão. Isso é muito fácil de observar cotidiana-
mente. É só colocar uma mola presa a um suporte, de modo que possa ser elongada ou comprimida na horizontal, conforme a figura 02.

Note que quando é aplicada uma força no sentido positivo do eixo x, a mola reagirá aplicando uma força de igual intensidade, porém
sentido contrário. No caso da compressão, a força aplicada é negativa, e a força de reação acaba por ser positiva, sempre contrária à força
aplicada.

300
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

Centro de Massa
Por Francisco José Correia de Alencar

Faça os exercícios!

Veja a figura a cima. Enquanto o cilindro, lançado para cima, gira, há um ponto seu que não gira, mas descreve uma trajetória para-
bólica. É o centro de massado cilindro.

Na figura anterior, o projétil descreve uma trajetória parabólica até explodir. Depois da explosão, cada fragmento tem trajetória dife-
rente, mas o centro de massa do projétil de antes da explosão mantém a trajetória parabólica.
O movimento de um corpo rígido, ou de um sistema de corpos rígidos, pode ser representado pelo movimento do centro de massa
desse corpo ou sistema. Pra isso, admite-se que toda a massa do corpo, ou do sistema, esteja concentrada no centro de massa e que nele
estejam aplicadas todas as forças externas.

Centro de massa
Considere um sistema de pontos materiais P1, P2,..., Pn e de massas m1, m2,..., mn, respectivamente. Vamos supor, por exemplo, que
estes pontos pertençam a um plano α. Admitamos, ainda, conhecidas as coordenadas de P1, P2,..., Pn em relação a um sistema cartesiano
ortogonal pertencente ao plano α (Figura): P1(x1, y1), P2 (x2, y2),...,     Pn (xn, yn).

301
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

O ponto C de coordenadas (xCM, yCM) obtidas através das médias ponderadas:

 
Recebe o nome de centro de massa do sistema de pontos materiais.

Propriedades do centro de massa


Se o sistema de pontos materiais admite um eixo (ou um centro de simetria), de modo que as massas dos pontos simétricos sejam
iguais, então o centro de massa pertence ao eixo (ou ao centro) de simetria.

Considere uma chapa homogênea, como por exemplo, a chapa homogênea em forma de T da Figura. Seu centro de massa C coincide
com o centro de massa dos pontos C’ e C” que são os centros de massa das chapas retangulares indicadas na figura. Pode-se generalizar
a propriedade anterior, subdividindo-se o sistema em mais de dois conjuntos parciais.

Estática dos Sólidos


Nem sempre é possível considerar um corpo como uma partícula pontual, em geral, quando estamos interessados não só no deslo-
camento de um objeto, mas também em sua rotação, a seguinte definição é importante:

302
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

Corpo rígido ou sólido


O modelo adotado para objetos extensos considera que o ta-
manho e a forma destes praticamente não se alteram quando sub-
metidos a forças externas, apesar das ligações moleculares reais
não serem perfeitamente rígidas. Pontes, aviões e muitos outros
objetos podem ser considerados bons exemplos de corpos rígidos,
estes se deformam pouco, e, sobre a ação de forças muito intensas,
se quebram.
Os dois possíveis tipos de movimento de um corpo rígido po-
dem ser definidos como:

Translação
É o movimento onde se modifica a posição de um objeto, ou
seja, todos os pontos do corpo são movidos de uma distância fixa
em uma mesma direção.

Rotação Nos vasos comunicantes, a pressão para pontos de mesma


No movimento de rotação todos os pontos do corpo se movem altura é a mesma
em arcos de circunferências, cujos centros estão no mesmo eixo,
chamado de eixo de rotação. Vasos comunicantes  são recipientes geralmente em formato
de U que são utilizados para analisar as relações entre as densida-
Lei de Stevin  des de líquidos imiscíveis e executar estudos sobre a pressão exer-
Simon Stevin, físico e matemático belga, pesquisou o compor- cida por líquidos.
tamento hidrostático da pressão e formulou o Princípio Fundamen-
tal da Hidrostática. Lei de Stevin
A lei de Stevin propõe que a pressão exercida por um líquido
Simon concluiu, através de experimentos, que a pressão rea- depende apenas da densidade do líquido, da aceleração da gra-
lizada por um fluído (gases ou líquidos) depende da sua altura, ou vidade e da altura da coluna de líquido existente acima do ponto
seja, depois de encontrar seu equilíbrio, a altura dos líquidos será analisado.
igual.

Essa lei é válida, na verdade, para líquidos em repouso.

Um exemplo clássico e cotidiano é apresentado em diversos


livros e também nas aulas de física. São os vasos comunicantes (a
ligação de dois ou mais recipientes por um conduto).

As caixas de distribuição de água das cidades são construídas


com base nos vasos comunicantes. É comum observar que os re-
servatórios de distribuição de água sempre estão localizados nos
pontos mais altos da cidade. Isso acontece porque os princípios dos
vasos comunicantes afirmam que:
• A altura das colunas líquidas será sempre igual.
• Os pontos localizados em uma mesma profundidade pos-
suem pressão também igual.

Obs.: Essas condições são aceitas quando analisado um único


líquido.
Um outro exemplo comum é o uso de mangueira transparente A lei de Stevin pode ser usada para determinar a pressão exer-
com água em seu interior, utilizada por pedreiros na construção cida pela água sobre o ponto P na figura acima.
civil.

Essa engenhoca usa os princípios da hidrostática, especifica-


mente os vasos comunicantes, e serve para nivelar ou identificar se
a obra está num mesmo plano horizontal. • P = Pressão no ponto P (pa);
• PATM = Pressão atmosférica (pa);
Vasos comunicantes • d = Densidade do líquido (kg/m3);
Vasos comunicantes são recipientes geralmente em formato • g = Gravidade (m/s2);
de U que são utilizados para estudos relativos à densidade e pres- • H = Altura da coluna de líquido acima do ponto analisado.
são exercidas por líquidos.

303
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

Por intermédio da lei de Stevin, pode-se observar que a pres- Aplicando a lei de Stevin e sabendo que pontos de mesma altu-
são exercida por um líquido não depende do formato ou do volume ra possuem mesma pressão, teremos:
do recipiente no qual ele se encontra e que pontos de mesma altu-
ra possuem mesma pressão. A imagem a seguir mostra um sistema
de vasos comunicantes formados por recipientes de formas e volu-
mes diferentes.

Conclui-se que o produto das densidades pela altura da coluna


de líquido deve ser igual para cada um dos fluidos dentro do reci-
piente. A igualdade será mantida se o líquido de menor densidade
possuir a maior altura e vice-versa.

Prensa hidráulica
Não é comum, mas sempre que paramos em um posto de com-
bustível, nos deparamos com elevadores enormes, como o da fi-
gura acima. Esse tipo de equipamento recebe o nome de elevador
hidráulico ou prensa hidráulica. Seu funcionamento se baseia no
Princípio de Pascal e ajuda a levantar grandes massas.
As prensas hidráulicas constituem-se de um tubo preenchido
por um líquido confinado entre dois êmbolos de áreas diferentes.
Repare que a altura da coluna de líquido e o tipo de líquido são Quando aplicamos uma força   no êmbolo de área A1, surge uma
exatamente iguais para os três recipientes. Sendo assim, pode-se pressão na região do líquido em contato com esse êmbolo. Como
concluir, por meio da lei de Stevin, que as pressões exercidas nos o incremento de pressão é transmitido integralmente a qualquer
pontos 1, 2 e 3 são exatamente iguais (P1 = P2 = P3). ponto do líquido, podemos dizer que ele também atua no êmbolo
de A2 com uma força de intensidade   proporcional à área do êm-
Mistura de líquidos bolo 2. Vejamos a figura abaixo:
Quando dois líquidos imiscíveis são colocados em um recipien-
te em formato de U, pode-se aplicar a lei de Stevin para estabelecer
uma relação entre as densidades e as alturas das colunas de líqui-
do. Na imagem a seguir, dois líquidos com densidades D1 e D2 fo-
ram colocados em um recipiente. As alturas das colunas de líquido
são proporcionais às densidades dos fluidos.

Na figura podemos identificar:


F1 – força aplicada no êmbolo 1;
F2 – força que surge no êmbolo 2;
A1 – área da seção transversal do cilindro 1;
A2 – área da seção transversal do cilindro 2.

O acréscimo de pressão (Δp) é dado a partir do Princípio de


Pascal. Portanto, temos:
∆p1= ∆p2

304
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

Onde: Empuxo
O que é empuxo? Trata-se da força que surge em todo objeto
mergulhado em um fluido. Ele corresponde ao peso do volume de
líquido deslocado pelo corpo.
Empuxo é o nome dado à força exercida por um fluidosobre
um objeto mergulhado total ou parcialmente nele. Também conhe-
cido como Princípio de Arquimedes, o empuxo sempre apresenta
direção vertical e sentido para cima.
De acordo com essa relação, vemos que força e área são gran- Assim que um objeto qualquer é mergulhado em um fluido, ele
dezas diretamente proporcionais. Dessa forma, dizemos que o êm- começa a deslocá-lo. O empuxo corresponde ao peso do volume de
bolo menor recebe uma força de menor intensidade, enquanto que líquido deslocado pelo objeto, sendo assim, podemos definir mate-
o êmbolo de maior área recebe maior força. maticamente o empuxo da seguinte forma:
Em decorrência da equação enunciada acima (Princípio de Pas- E = PDES
cal), inúmeros equipamentos foram construídos de forma a facili- E = mDES . g
tar o trabalho humano. Podemos encontrar a prensa hidráulica em
freios hidráulicos, na direção de um automóvel, em aviões, máqui- Sabendo que a densidade é fruto da razão entre a massa e vo-
nas pesadas, etc. lume de uma substância, podemos escrever que:
Para o deslocamento do êmbolo podemos dizer que o decrés-
cimo de volume no êmbolo 1 é igual ao acréscimo do volume no d = m/V → m = d.V
êmbolo 2. Então, temos:
∆V1= ∆V2 Reescrevendo a equação do empuxo, temos:

Sabendo que a variação do volume é dada em função da área e E = dL. VDES. g


do deslocamento do êmbolo, temos:
∆V = A.d Para essa equação, temos que:
dL= densidade do líquido;
Como a variação do volume é igual, temos: VDES= volume de líquido deslocado;
A1.d1= A2.A2 g = aceleração da gravidade.

Corpos flutuantes OBS.: O volume de líquido deslocado corresponde exatamente


Os corpos ocos ou feitos de materiais menos densos que os ao volume imerso do objeto no líquido.
líquidos, ficam numa situação chamada de  flutuação. Nessa con-
dição o Peso e o Empuxo são iguais, pois o corpo fica apenas par- Como surge o Empuxo?
cialmente imerso no líquido. Dessa forma o volume de líquido des- O empuxo surge por causa da diferença de pressão existente
locado é menor que o volume do corpo. O estudo das condições entre a parte inferior e superior de um objeto mergulhado em um
de flutuação é fundamental para a construção de embarcações de fluido. A pressão na parte inferior, em virtude da maior profundi-
qualquer espécie. Mesmo usando de materiais mais densos que a dade, é maior que a pressão na parte superior, o que resulta no
água, os cascos contém em seu interior um considerável volume surgimento de uma força vertical para cima, o empuxo.
de ar, situado abaixo da linha de flutuação, o que faz a densidade
relativa ser menor, permitindo ao mesmo transportar cargas úteis, Quem explicou o empuxo?
tanto de mercadorias quanto de passageiros. Essa força foi explicada por  Arquimedes, matemático e en-
genheiro grego que foi incumbido por um rei de mostrar se a sua
coroa era de ouro maciço ou se havia impurezas misturadas a ela.
Enquanto tomava banho em uma banheira, ele reparou que a água
saía da banheira quando ele entrava e que seu corpo estava sujeito
a uma espécie de força. A partir daí, ele pôde desenvolver a sua
ideia sobre o empuxo e enunciar que:

“Todo corpo mergulhado em um fluido sofre ação de uma força


vertical e para cima que corresponde ao volume de líquido deslo-
cado pelo corpo.”

Casos de flutuação

1) Corpo afunda:
Se um objeto mergulhado em um fluido afunda, podemos afir-
mar que a sua densidade é maior que a do líquido e que o seu peso
é superior ao empuxo.

305
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

2) Corpo em equilíbrio
Se as densidades do corpo e do fluido forem iguais, o corpo permanecerá em equilíbrio no líquido e podemos afirmar que o empuxo
é igual ao peso do corpo.

3) Corpo boiando:
Um objeto boia na superfície de um líquido sempre que sua densidade é menor que a densidade do líquido. Nesse caso, o empuxo
que atua sobre o corpo é maior que seu peso.

Exemplo de aplicação
Os submarinos utilizados pelas Forças Armadas são um exemplo clássico de aplicação do empuxo. Enquanto o submarino mantém-se
flutuando na superfície da água, podemos afirmar que o empuxo é igual ao peso e a embarcação mantém-se em equilíbrio. Para submer-
gir, o submarino enche alguns reservatórios com água, assim, seu peso torna-se superior ao empuxo e ele afunda.

Linha de corrente
É uma linha contínua traçada no líquido, o lugar geométrico dos pontos, que, num mesmo instante t considerado, mantém-se tan-
gente em todos os pontos à velocidade V. Pode também ser definido como a família de curvas que, para cada instante de tempo, são as
envolventes do campo de velocidades num fluido.
A linha de corrente é correspondente diretamente à trajetória da partícula no fluido.
Em particular, a linha de corrente que se encontra em contato com o ar, num canal, duto ou tubulação se denomina linha d’água.
O conjunto de todas as linhas de corrente que passam por uma pequena curva fechada é definido como um tubo de corrente.

Vazão
Vazão ou caudal (ou ainda, «débito») é o volume e/ou massa de determinado fluido que passa por uma determinada seçãode um
conduto livre ou forçado, por unidade de tempo. Ou seja, vazão é a rapidez com a qual um volume e/ou massa escoa. Vazão corresponde
à taxa de escoamento, ou seja, quantidade de material transportado através de conduto livre ou forçado, por unidade de tempo.  Ainda
outra definição é a de um fluxo volumétrico.
Um conduto livre pode ser um canal, um rio ou uma tubulação. Um conduto forçado pode ser uma tubulação com pressão positiva
ou negativa. Assim, pode-se escrever a vazão.
Com a área a em m² e a velocidade de escoamento v em m/s, vazão é dada em m³/s.

Equação da Continuidade
Antes de entender o que é a Equação da Continuidade, é necessário entender o conceito de fluxo.  O termo pode ser aplicado nos
mais variados contextos. A abordagem feita aqui é aquela adotada do ponto de vista da Hidrodinâmica (Dinâmica dos Fluidos).
Se você pudesse ver cada partícula de ar atravessando a espira, poderia observar linhas que representariam as trajetórias das partícu-
las de ar. Em cada ponto, a tangente a cada linha daria a velocidade das gotas de água naquele ponto. Veja a sequência das figuras abaixo:

Pelas figuras, pode-se compreender Fluxo como sendo um campo vetorial através de uma superfície, isto é, a “quantidade” de algo
que, efetivamente, atravessa aquela superfície. Matematicamente, pode ser expresso da seguinte forma:  
A letra Φ representa o Fluxo,    é o vetor velocidade e A é o vetor área.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

Um fato bastante corriqueiro mostra que é possível aumentar a velocidade da água que sai de uma mangueira de jardim fechando
parcialmente o bico da mangueira com o dedo. Esta alteração na velocidade está diretamente relacionada ao fato de alterarmos a secção
da área de saída de água da mangueira.
Observando a figura ao lado, é fato simples de compreender (principalmente quando consideramos o fluido incompressível) que a
quantidade de água que entra na mangueira com velocidade  1 deve ser a mesma que sai com velocidade  2, já que não há, no trans-
curso, nenhuma fonte nem sumidouro de fluido. Em outras palavras, o fluxo de líquido deve ser constante.
Sendo assim, pode-se escrever matematicamente:

Efetivamente, como o fluxo é constante:


Δt1 = Δt2
Logo, a equação fica reduzida à:
A1 . v1 = A2 . v2

Esta relação entre a velocidade do fluido e a área de secção por onde o fluido passa é chamada Equação da Continuidade.
De uma outra forma, a equação anterior pode ser escrita como:
A . v = constante

O produto anterior é chamado de Vazão (volume de fluido que passa por uma secção na unidade de tempo). No Sistema Internacional
de Unidades, é medido em m³/s (metro cúbico por segundo).
Para entender um pouco mais sobre as consequências desta equação, confira o vídeo:

Mas tem outra coisa: é comum alguns acreditarem que a água que sai da mangueira com maior velocidade em virtude da redução da
área tem sua pressão aumentada. No entanto acontece exatamente ao contrário. A pressão, nesta condição é menor. Mas isto é outra
história. É necessário analisarmos do ponto de vista da Equação de Bernoulli.

DINÂMICA
A terceira área da mecânica que mais aparece no exame é a dinâmica, com as Leis de Newton. Ela vem em exercícios que pedem
elementos como atrito e componentes da resultante, com a força centrípeta e a aceleração centrípeta.
A prova pode pedir, por exemplo, para o candidato associar a aceleração confortável para os passageiros de um trem com dimensões
curvas, que faz um caminho curvo. Isso está completamente ligado à aceleração centrípeta.

CONSERVAÇÃO DE ENERGIA MECÂNICA.

Energia Cinética
A energia que um corpo adquire quando está em movimento chama-se energia cinética. A energia cinética depende de dois fatores:
da massa e da velocidade do corpo em movimento.

Potencial
É um tipo de energia que o corpo armazena, quando está a uma certa distância de um referencial de atração gravitacional ou associa-
do a uma mola.

307
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

Energia Cinética Frequentemente o conceito de armazenamento de energia re-


Qualquer corpo que possuir velocidade terá energia cinética. A fere-se a combustíveis, como se houvesse energia, geralmente refe-
equação matemática que a expressa é: rida como energia química, armazenada no combustível. Um exem-
plo é ilustrativo: Um pedaço de carvão, não possui energia química
neste sentido, pois não pode, por si só, ser transformado em gás
carbônico e libertar energia. O que ocorre é que a mistura inicial do
carvão e oxigênio está num estado energético mais alto que o pro-
duto da combustão, gás carbônico, tal como a pedra antes de cair
Teorema daenergia cinética estava numa posição mais alta. Durante sua queima, os átomos de
O trabalho realizado pela resultante de todas as forças aplica- carbono reagem quimicamente com as moléculas de oxigênio do ar
das a uma partícula durante certo intervalo de tempo é igual à va- num processo exotérmico, o que significa que a diferença positiva
riação de sua energia cinética, nesse intervalo de tempo. no valor da energia química do sistema é transferida para o meio
tR,AB = m.v2B/2 - m.v2A/2 = [DEcin.]A==>B ambiente em forma de calor, neste caso, aquecendo o ar circundan-
te, por exemplo. Note-se, todavia, para que essa reação de com-
Conservação da Energia Mecânica bustão aconteça, é necessário que a mistura seja aquecida a 750
A energia mecânica (Emec) de um sistema é a soma da energia ºC, isto é, é necessária a transferência energia em forma de calor à
cinética e da energia potencial. mistura de carvão e oxigênio antes que a reação aconteça, mais um
motivo para não fazer sentido dizer-se que ‘o carvão tem energia’.
Quando um objeto está a uma altura h, como já foi visto, ele Outra analogia fornecida por McClelland é interessante: Se
possui energia potencial; à medida que está caindo, desprezando algo será armazenado em sentido metafórico, deverá estar associa-
a resistência do ar, a energia potencial gravitacional do objeto que do a algo material que possa ser armazenado fisicamente. Assim,
ele possui no topo da trajetória vai se transformando em energia podemos armazenar combustíveis e podemos armazenar livros;
cinética e quando atinge o nível de referência a energia potencial mas há tanto sentido falar em armazenar energia quanto armaze-
é totalmente transformada em energia cinética (fig.6). Este é um nar informação.
exemplo de conservação de energia mecânica.
Na ausência de forças disssipativas, a energia mecânica total do Um livro não contém informação, mas apenas manchas de tin-
sistema se conserva, ocorrendo transformação de energia potencial ta sobre folhas de papel – cabe a um leitor, que aprendeu a reco-
em cinética e vice-versa. nhecer aquelas manchas de tinta como letras e palavras e a associar
palavras a conceitos, ‘extrair’ informação do livro.
Energia Mecânica
Chamamos de Energia Mecânica a todas as formas de energia A Conservação da Energia Mecânica
relacionadas com o movimento de corpos ou com a capacidade de O sinal negativo na definição da função energia potencial (D U=
colocá-los em movimento ou deformá-los. U2-U1= -W= -ò s1 s2 F.ds), é introduzido de modo que o trabalho
efetuado por uma força conservativa sobre uma partícula, seja igual
Armazenamento de Energia a diminuição de energia potencial do sistema. Consideremos um
Note-se que o princípio de conservação é facilmente confundi- sistema no qual o trabalho seja efetuado apenas sobre uma das par-
do com a ideia de ‘armazenamento’ de energia no interior de um tículas, como o caso esquiador-terra. Se a única força que efetuar
sistema material. o trabalho sobre a partícula for uma força conservativa, o trabalho
No século dezessete formou-se a idéia de que o trabalho que feito pela força é igual a diminuição da energia potencial do siste-
um sistema podia realizar era ‘armazenado’ de alguma maneira no ma, e também igual ao aumento da energia cinética da partícula
interior do próprio sistema e que o ‘trabalho armazenado’ era sem- (que no caso, é o aumento de energia cinética do sistema):
pre igual ao ‘trabalho realizado’. Wtotal= ò F.ds= -D U= +D K
Não sabemos o que a energia é. Todavia, se falamos que a Portanto,
energia pode ser armazenada, está-se assumir que sabemos o que D K+D U= D (K+U)=0
é – “como queijo armazenado no frigorífico, talvez”, na pitoresca
imagem de Benyon. Benyon pergunta, então, ‘como a energia é ar- A soma da Energia cinética com a energia potencial do sistema
mazenada no objeto e onde?’. A ‘energia’ é uma quantidade abstra- é a energia mecânica total E:
ta, um conceito inventado por conveniência do estudo da Natureza. E= K+U
Como se pode então, armazenar uma abstração? E, comparando
energia com os números, outra abstração, como se pode armazenar Se apenas forças conservativas efetuam trabalho, a equação D
um número? Pode-se evidentemente armazenar objetos em forma K+D U= D (K+U)=0, afirma que a variação da energia mecânica total
de números ou quantidades de objetos correspondentes a núme- é nula. Então a energia mecânica total permanece constante duran-
ros, mas não os números em si. Benyon sugere, então, que a idéia te o movimento da partícula.
do armazenamento de energia decorre da energia ser tratada não E= K+U= constante
como um conceito físico abstrato mas como algo real, como um Esta é a lei da conservação da energia mecânica e é a origem da
fluido ou um combustível que possa ser armazenado ou transferido denominação “força conservativa”.
de um corpo a outro.
Símbolos
W: Trabalho;
K: Energia cinética;

308
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

U: Energia Potencial ; A energia potencial gravitacional depende da aceleração da


E: Energia Mecânica; gravidade, então em que situações essa energia é positiva, nula ou
ò : Integral. negativa?
D : variação (D K: variação de energia cinética, D U: variação de A força elástica depende da massa da mola? Por quê?
energia potencial, ...) Se uma mola é comprimida por um objeto de massa grande,
quando solto a mola não consegue se mover, o que acontece com a
ENERGIA POTENCIAL ELÁSTICA DE UMA MOLA IDEAL energia potencial elástica?
Define-se ‘energia potencial elástica’ a energia potencial de
uma corda ou mola que possui elasticidade. Sistema Massa-Mola
Se considerarmos que uma mola apresenta comportamento Esse modelo é extremamente importante para a o estudo de
ideal, ou seja, que toda energia que ela recebe para se deformar fenômenos naturais, pois é usado como uma boa aproximação para
ela realmente armazena, podemos escrever que a energia potencial oscilações de pequenas amplitudes, de sistemas que originalmente
acumulada nessa mola vale: se encontram em equilíbrio estável.
Uma mola com uma extremidade presa a um suporte fixo e a
outra extremidade presa a uma mola. Nesta situação a mola se en-
contra numa posição horizontal, e a massa pode mover-se horizon-
talmente em um plano com um coeficiente de atrito desprezível.

Nessa equação, “x” representa a deformação (contração ou


distensão) sofrida pela mola, e “K” chamada de constante elástica,
de certa forma, mede a dificuldade para se conseguir deformá-la.
Molas frágeis, que se esticam ou comprimem facilmente, possuem
pequena constante elástica. Já molas bastante duras, como as usa-
das na suspensão de um automóvel, possuem essa constante com Uma massa presa a uma mola. Com uma boa aproximação po-
valor elevado. Pela equação de energia potencial elástica, podemos demos considerar que quando a massa é deslocada de sua posição
notar algo que nossa experiência diária confirma: quanto maior a de equilíbrio, a mola exerce uma força proporcional a distância até a
deformação que se quer causar em umas mola e quanto maior a posição de equilíbrio. Essa relação é conhecida como Lei de Hooke,
dificuldade para se deformá-la (K), maior a quantidade de energia e pode ser expressa como
que deve ser fornecida a ela (e consequentemente maior a quanti-
dade de energia potencial elástica que essa mola armazenará).

Exemplos de Ocorrências
Quando alguém puxa a corda de um arco e flecha, quando es-
tica ou comprime uma mola ou quando salta em um Bungee jum-
ping, em todos esses casos, energia está sendo utilizada para defor-
mar um corpo. Para poder acertar o alvo, um arqueiro tem que usar
energia de seus músculos para puxar a flecha para trás e o arco para
frente. Dessa forma, a corda desse instrumento fica esticada e com
certa quantidade de energia armazenada. Quando o arqueiro solta
a corda, a flecha recebe parte dessa energia e, com isso, adquire
movimento. F=-kx
Assim como nos exemplos citados, sempre que um corpo é de-
formado e mantém a capacidade de diminuir essa deformação (vol- ondexé a distância até a posição de equilíbrio eké a constante
tando ao formato original ou não), dizemos que esse corpo arma- da mola. Essa força também é chamada de força restauradora, pois
zenou uma modalidade de energia chamada de energia potencial tende a fazer com que a massa volte até a posição de equilíbrio. A
elástica. Agora, o nome potencial é originado do fato de o corpo es- energia potencial elásticaU(x)associada a força restauradora tem a
ticado ou comprimido pode adquirir movimento espontaneamente forma de uma parábola U(x) = k x2/2
após ser liberado. A denominação elástica vem do fato de a capaci- Ponto de equilíbrio: O ponto de equilíbrio é aquele onde a força
dade de deformar e voltar ao normal ser chamada de elasticidade. exercida pela mola sobre a massa é nula. E esse ponto representa o
menor valor da energia potencial elástica.
Nosso organismo, por exemplo, possui uma proteína chama- Condições iniciais: As condições iniciais determinam as especi-
da elastina - responsável por dar elasticidade à nossa pele. Quan- ficidades do movimento do sistema massa-mola. Podemos ter uma
do pressionamos ou puxamos a pele de alguém, energia potencial situação inicial onde a mola está distendida e em repouso. Pode-
elástica fica armazenada permitindo que a pele retorne ao formato mos também ter a condição inicial onde a distensão é nula (a massa
natural. Se não fosse assim, caso apertássemos o braço de alguém, está no ponto de equilíbrio) mas a velocidade é não nula. Ou pode-
ele ficaria deformado para sempre. mos ter uma combinação das condições anteriores.

309
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

Amplitude de oscilação e constante de fase ou seja:


x(t) = A sen(wt+j) A = v0 /w
v(t) = -wA cos(wt+j) j=0

onde Posição diferente da posição de equilíbrio e velocidade não


A = amplitude de oscilação nula: Considerando a solução x(t) da equação de movimento do sis-
wt+ j = fase tema massa-mola que nos informa como a posição da mola varia
w = frequência angular com o tempo é dada por:
j = constante de fase x(t) = A sen(wt+j)
v(t) = -wA cos(wt+j)
As condições iniciais são dadas através dos valores da ampli- encontramos
tude de oscilação e constante de fase. Consideremos um sistema
massa-mola onde a freqüência angular valew = 5rad/s. Se a cons-
tante de fase forj = 0e a amplitude de oscilação forA=3m , teremos
x(0) = 0
v(0) = -15m/s

Velocidade e posição: A solução x(t) da equação de movimento Características do sistema: O sistema massa mola é definido
do sistema massa-mola que nos informa como a posição da mola pelos valores da massame da constante elástica da molak , e consi-
varia com o tempo é dada por: derando esses parâmetros, encontramos que a freqüência angula-
x(t) = A sen(wt+j) rwtem a forma:
v(t) = -wA cos(wt+j)

onde
A = amplitude de oscilação
wt+j= fase e o período T
w = frequência angular
j = constante de fase

Podemos inverter as relações de dependência e encontrar que Sistema conservativo (Ausência de atrito): O sistema será con-
siderado conservativo, quando forem conservativas as forças que
nele atuam. Uma força é dita conservativa quando o trabalho que
ela produz em um percurso fechado é nulo. Chamamos de percurso
fechado a trajetória que retorna até a sua posição original. Conside-
remos um sistema composto pela Terra e uma bola que está locali-
zada próximo a sua superfície. A força gravitacional entre a Terra e a
bola é uma força conservativa, pois o trabalho que a força da Terra
Velocidade nula e posição diferente da posição de equilíbrio: exerce sobre a bola em um percurso fechado é nulo.
Considerando a solução x(t) da equação de movimento do sistema
massa-mola que nos informa como a posição da mola varia com o Por exemplo, se a bola for lançada verticalmente para cima ela
tempo é dada por: retornará até a posição original com a mesma energia. Ou seja: o
x(t) = A sen(wt+j) trabalho que a força gravitacional exerceu na subida da bola é exa-
v(t) = -wA cos(wt+j) tamente igual e de sinal contrário ao trabalho que ela exerceu na
encontramos descida.
v(0) = 0 Conservação da Energia Mecânica: Quando em um sistema só
x(0) = x0 ≠ 0 existirem forças conservativas, esse sistema será conservativo, e
ou seja: portanto a sua energia será uma constante.
A = x0 Pequenas oscilações de sistemas reais em equilíbrio estável: A
j = p/2 energia potencial de um sistema ideal tal como o sistema massa-
-mola, é simétrica em torno da sua posição de mínimo. No entanto
Posição de equilíbrio e velocidade não nula: Considerando a a energia potencial de sistemas reais não têm uma forma tão idea-
solução x(t) da equação de movimento do sistema massa-mola que lizada, mas apresenta-se como o exemplo adiante:
nos informa como a posição da mola varia com o tempo é dada por:
x(t) = A sen(wt+j)
v(t) = -wA cos(wt+j)

encontramos
v(0) = v0 = - wA≠0
x(0) = 0

310
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

A energia potencial do gráfico anterior é um exemplo de uma Quando consideramos uma sistema conservativo, as forças que
função não simétrica em torno do ponto de mínimoxMIN. atuam nele são todas conservativas, e a sua energia mecânica se
conserva, apesar se existir uma transformação permanente entre
Se considerarmos um sistema onde a massa está sob a ação de as energias potenciais e cinética. No entanto, na presença de uma
um potencial da forma acima, e inicialmente se encontra na posição força dissipativa, parte da energia mecânica do sistema vai se trans-
de equilíbrioxMIN, caso seja afastado de sua posição de equilíbrio ele formando de maneira irreversível em calor.
tenderá a retornar a essa posição.
Se o afastamento da posição de equilíbrio for muito pequeno, Força Centrípeta
a massa se deslocará por uma região onde a energia potencial é vi- Inicialmente deveremos definir que sempre que um corpo des-
zinha do ponto de mínimo, e essa região tem uma forma muito pa- creve uma curva, sua velocidade vetorial varia em direção. Para que
recida com a parábola. Daí dizermos que para qualquer forma que isso ocorra, pelo principio fundamental da dinâmica, as forças que
tenha a energia potencial, para oscilações de pequenas amplitudes atuam sobre o corpo devem gerar uma aceleração centrípeta.
podemos aproximar o movimento por um oscilador harmônico.

Energia potencial atrativa, mas não simétrica em torno do


ponto de mínimo: A energia potencialU(x)do gráfico ao lado é um
exemplo de uma função não simétrica em torno do ponto de mí-
nimoxMIN. Se considerarmos um sistema onde a massa está sob a
ação de um potencial da forma acima, e inicialmente se encontra
na posição de equilíbrioxMIN, caso seja afastado de sua posição de
equilíbrio ele tenderá a retornar a essa posição. Se o afastamento
da posição de equilíbrio for muito pequeno, a massa se deslocará
por uma região onde a energia potencial é vizinha do ponto de mí-
nimo, e essa região tem uma forma muito parecida com a parábola.
Sendo Fr a resultante das forças que atuam sobre o corpo, ge-
rando uma aceleração centrípeta na mesma direção da força.

Daí dizermos que para qualquer forma que tenha a energia po-
tencial, para oscilações de pequenas amplitudes podemos aproxi-
mar o movimento por um oscilador harmônico.
Dissipação da energia mecânica: Quando as forças que atuam
em um corpo são conservativas, a energia mecânica se mantém
constante enquanto esse corpo se movimenta. No entanto, quando
pelo menos uma dessas forças for não-conservativa, a energia me-
cânica desse corpo não se manterá constante. Poderá aumentar ou O trem da montanha russa não cai devido à força centrípeta. A
diminuir dependendo do tipo de força não conservativa que esteja resultante das forças que atuam sobre o corpo, gerando uma ace-
atuando. leração. Resultante centrípeta num movimento curvilíneo podemos
Sistema dissipativo (Presença de atrito): Uma categoria de for- observar a atuação de duas forças, uma de componente tangencial
ça não conservativa são as forças dissipativas. Quando for dissipa- (responsável pela variação do módulo da velocidade) sempre tan-
tiva pelo menos uma das forças que atuam em um corpo, a sua gente à trajetória e outra de componente centrípeta (responsável
energia mecânica diminui enquanto ele se movimenta. As forças de pela variação da trajetória).
atrito são forças de contato entre duas superfícies, onde se dificulta
o movimento relativo e como consequência existe uma transforma-
ção de parte da energia mecânica em calor.
Diminuição da Energia Mecânica: A energia mecânica de um
sistema é a soma dos seus vários possíveis tipos de energia poten-
cial e a sua energia cinética.

311
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

Num sistema onde co-atuam força centrípeta e força tangen- Contudo não há problema algum em se intercambiar as duas.
cial, a decomposição da força resultante é dada como mostra abai-
xo. Equações
O impulso( ) é igual à variação da quantidade de movimento (
) de um corpo.

Em situações onde a força mostra-se constante ao longo do in-


tervalo de atuação, o impulso pode também ser calculado a partir
do produto entre a força ( ) aplicada ao corpo e o intervalo de
tempo ( ) durante o qual a força atua.

Observe que Ft = Fr.cosθ, e que Fc = Fr.senθ Em situações mais complicadas - onde a força resultante
atuanto no corpo é variável - a equação anterior contudo não se
Quando o movimento é uniforme, Ft é zero. aplica. Deve-se determinar o impulso nestes casos pela integração
de no tempo:
Força em um referencial não-inercial

Variação da Quantidade de Movimento


Na maioria dos casos a massa do corpo permanece constante,
e nestes casos a variação da quantidade de movimento pode ser
calculada como o produto da massa ( ) pela variação de veloci-
dade ( ).

Porém a fórmula mais geral, aplicável a qualquer situação, deve


incluir os casos em que há variação não apenas na velocidade como
na massa. Neste caso o impulso é dado pela quantidade de movi-
mento final ( ) subtraída da quantidade de movimento inicial (
).

Um observador no interior do carro, sobre uma aceleração em


relação à estrada, quando entra em uma curva sente-se atirado
para fora do carro, ou seja para fora da curva. Ou ainda
Esta poderia ser considerada a força centrífuga, que o atira para
fora da trajetória circular, porém a força centrifuga só é válida para
o observador em movimento junto ao carro, ou seja um observador
não-inercial. A força centrífuga não é reação da força centrípeta. O impulso sofrido por um objeto (massa constante) depende
Impulso apenas das quantidades de movimento associadas ao instante an-
Impulso é a grandeza física que mede a variação da quantidade tes da colisão e após a colisão, e não de quão rápido se processam
de movimento de um objeto. É causado pela ação de uma força as colisões que levam o mesmo estado incial ao mesmo estado final.
atuando durante um intervalo de tempo . Uma pequena força A exemplo considere um ovo abandonado em queda livre de
aplicada durante muito tempo pode provocar a mesma variação de uma determinada altura, primeiro sobre uma almofada, posterior-
quantidade de movimento que uma força grande aplicada durante mente sobre o chão.
pouco tempo. Ambas as forças provocaram o mesmo impulso. A A massa do ovo é a mesma em ambos os casos, e provido que
unidade no Sistema Internacional de Unidades para o impulso é o as alturas de queda - entre o ponto de soltura e o ponto de contato
N•s (newton segundo ou newton vezes segundo). A velocidade de do ovo com o obstáculo seja mantida a mesma, as velocidades do
um corpo é transferida a outro idêntico. ovo após cair a distância em consideração também serão a mesma
em ambos os casos. Visto que P = mV, tem-se pois que as quanti-
A unidade do Impulso também pode ser escrita como o produ- dades de movimento imediatamente antes da colisão são iguais em
to da unidade de massa, o quilograma, pela unidade de velocidade, ambas as situações.
o metro por segundo, demonstrando-se facilmente que “quilogra- Em ambas as situações o estado final do ovo corresponde ao
ma metro por segundo” (kg.m/s) é equivalente a “newton segun- ovo parado - com velocidade zero, quer este tenha quebrado, quer
do” (N.s). Via de regra, ao falar-se de impulso, dá-se preferência não - de forma que as quantidades de movimento finais do ovo são
pelo “N.s”; ao falar-se de variação da quantidade e movimento, dá- ambas nulas ao fim do processo.
-se preferência ao “kg.m/s”.

312
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

A conclusão pode surpreender alguns: se as quantidades de Portanto, quando várias forças atuam sobre determinado cor-
movimento inciais são iguais em ambos os casos, ocorrendo o mes- po, elas se somam vetorialmente, para assim, dar lugar a umaforça
mo com as quantidades de movimento finais, tem-se que os impul- resultante.
sos sofridos pelo ovo, determinável pela diferença entre a quantida- O estudo da força é apresentado na segundaLei de Newton-
de de movimento final e inicial, são também iguais. denominada “Princípio Fundamental da Dinâmica” ou “Força”, no
A pergunta iminente é: porque o ovo quebra em um caso, e qual a força resultante, ou seja, a soma vetorial de todas as forças
não no outro? A resposta é: embora o impulso sofrido seja o mes- aplicadas sobre o corpo, é diretamente proporcional ao produto da
mo, as forças que atuam em cada caso não são iguais, sendo muito aceleração de um corpo pela sua massa, apresentada pela seguinte
maiores na colisão com o chão. Supondo uma força média contante expressão:
atuando em ambos os casos, o produto determina o impulso F=m.a
sofrido, e deve fornecer o mesmo resultado em ambos os casos. Donde,
Contudo o tempo de colisão no caso da almofada - dada a defor- F: força
mação gradual desta - é consideravelmente maior, de forma que a m: massa do corpo
força de interação almofada-ovo é consideravelmente menor. Na a: aceleração adquirida
interação ovo-piso os papeis se invertem: o choque deve ser com-
pletado em um intervalo de tempo muito menor que no caso da Note que a fórmula apresentada acima está em módulo (F =
almofada, e por tal, para que o produto continue o mesmo, a m.a), enquanto que sua representação em forma de vetor, é indica-
força neste caso deve ser consideravelmente maior. da com uma seta acima da letra:

Em verdade, a força é definida como:

De tal modo, é importante destacar que noSistema Internacio-


nalde Unidades(SI) a unidade de medida daforça(F) é oNewton(N),
damassa(m) équilograma(kg) e daaceleraçãoadquirida (a) émetros
por segundo ao quadrado(m/s²).
Dado o mesmo impulso, quanto menor o intervalo de tempo
necessário à sua aplicação, maior a força necessária à situação, e Classificações da Força
vice versa. No caso do ovo colidindo com o chão a intensa força apli- Há duas classificações para a grandeza vetorial “força”:
cada no ponto de colisão leva à tensões na estrutura do ovo além Forças de contato: aquelas que agem sobre os corpos somente
dos limites mecânicos desta, e por tal o ovo se quebra. na medida que quem aplica a força está necessariamente em con-
Assim as forças de interação em colisões dependem não ape- tato com os corpos, por exemplo, a força normal, de atrito, dentre
nas das condições iniciais e finais em questão como também das outras.
propriedades físicas dos objetos que colidem: quanto mais elásti- Forças de campo: aquelas que agem sobre os corpos sendo que
cos são os objetos em colisão maiores são os tempos de colisão e o corpo que exerce a força não se encontra em contato os outros,
menores são as forças envolvidas na colisão, e vice-versa. Materiais por exemplo, a força peso, força magnética, dentre outras.
inelásticos são geralmente frágeis.
Se antes da leitura deste artigo não de forma consciente, intui- Tipos de Força
tivamente parece que os seres humanos - e os animais - conhecem Força peso (P): força que existe sobre todos os corpos, sendo
tal princípio: ao pularem de locais altos, estes flexionam os joelhos exercida sobre eles por meio do campo gravitacional da terra.
de forma a promoverem o aumento do tempo de interação no pro- Força elástica (Fel): força exercida sobre uma mola, que a de-
cesso de colisão com chão, e assim o fazendo reduzem as forças forma, ou seja, ela se estica ou se comprime.
que atuam sobre os seus corpos no processo que os leva ao estado Força centrípeta (Fcp): força que um corpo com determinada
estático. Se as pernas fossem mantidas totalmente esticadas, estas aceleração, exerce num movimento circular.
certamente se quebrariam com maior facilidade. Força magnética (Fm): força de atração e repulsão exercida pe-
los ímãs ou objetos magnéticos.
Sistemas de Forças Força gravitacional (F): força de atração mútua entre os corpos
Força, em física, é todo agente capaz de alterar o estado de físicos do universo.
movimento ou repouso de um corpo, imprimindo-lhe uma acele- Força de atrito (Fat): força exercida entre duas superfícies que
ração a favor ou contrária ao movimento. estão em contato; quanto maior às rugosidades apresentadas por
elas, maior será a força de atrito.
Forçaé um conceito da física newtoniana, utilizada desde a an- Força normal (N): Também chamada de “força de apoio”, esse
tiguidade clássica, que explica a pressão exercida sobre tal objeto tipo de força é exercida por um corpo sob uma superfície.
ou ainda, as alterações da quantidade de movimento de um deter-
minado corpo.
A força (F) é umvetor(indicado por uma seta acima da letra),
ou seja, possuimódulo(intensidade da força exercida),direção(reta
ao longo da qual ela atua) esentido(o lado da reta no qual a força
foi exercida).

313
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

COMPOSIÇÃO E DECOMPOSIÇÃO DO VETOR FORÇA • A Lei da Gravitação Universal é definida em termos


A composição e decomposição de forças é um procedimento da Constante de Gravitação Universal, cujo módulo é igual a
aplicado à Física que transforma determinada força num vetor. Se- 6,67408.10-11 N.kg²/m²;
guindo o que determinam as regras da Álgebra, a decomposição de • A Lei da Gravitação Universal foi descoberta e desenvolvi-
uma força em vetores e subvetores permite melhorar e ampliar a da pelo físico inglês Isaac Newton e foi capaz de prever os raios das
análise do comportamento de certo objeto submetido à ação dela. órbitas de diversos astros, bem como explicar teoricamente a lei
Podemos, contudo, submeter um corpo às mais diversas variáveis empírica descoberta por Johannes Kepler que relaciona o período
de forças, mas, se a soma dos vetores destas forças for igual a zero, orbital ao raio da órbita de dois corpos que se atraem gravitacio-
então o corpo se comportará como se não houvesse força alguma nalmente.
atuando sobre sua área.
Estas são condições aplicáveis e observáveis em qualquer par- Introdução à Gravitação Universal
te do mundo físico, promovendo a estabilidade dos corpos em in- A Lei da Gravitação Universal é uma lei física que foi descoberta
teração. Isso a começar pela própria força da gravidade. Qualquer pelo físico inglês Isaac Newton. Ela é utilizada para calcular o módu-
simples objeto inerte sobre o chão, por exemplo, recebe ali a ação lo da atração gravitacional existente entre dois corpos dotados de
direta de duas forças, que ora se equilibram, ora se anulam, o que massa. A força gravitacional é sempre atrativa e age na direção de
dá a nós a impressão de que esse objeto está parado. uma linha imaginária que liga dois corpos. Além disso, em respeito
Esta concepção é de máxima relevância, uma vez que explica à Terceira Lei de Newton, conhecida como Lei da Ação e Reação, a
a movimentação e a reação dos corpos sob a ação de uma força, força de atração é igual para os dois corpos interagentes, indepen-
podendo ser estudada a partir da soma dos vetores resultantes da dente de suas massas. De acordo com Isaac Newton:
decomposição, e não analisando-se uma força de cada vez, isolada-
mente. O método de decomposição de forças é quem fornece essa “Dois corpos atraem-se por uma força que é diretamente pro-
análise mais precisa. porcional ao produto de suas massas e inversamente proporcional
Mas para que possamos obter os resultados, empregamos ou- ao quadrado da distância que os separa.”
tros princípios matemáticos como a lei dos cossenos (em casos em
que são utilizadostriângulosnão retângulos) e a regra do paralelo- Por meio da proposição da Lei da Gravitação Universal, foi pos-
gramo (quadrilátero em que se verifica paralelismo entre os lados sível predizer o raio das órbitas planetárias, o período de asteroi-
opostos). des, eventos astronômicos como eclipses, determinação da massa
Imaginemos agora um objeto sobre um plano inclinado. Iremos e raio de planetas e estrelas etc.
constatar que sobre esse objeto atuam as seguintes forças: a força
1, que chamaremos de “Peso”; e a força 2, a que daremos o nome Fórmula da Gravitação Universal
de “Regular” (ou “Perpendicular”). A primeira, a força 1, é gerada A principal fórmula utilizada na gravitação universal estabelece
pela ação da gravidade que, como atua em função do núcleo da que o módulo da força gravitacional entre duas massas é propor-
Terra, puxa o objeto em direção vertical, irremediavelmente. cional ao produto de suas massas e inversamente proporcional ao
Já a força número 2, a “Regular”, é uma energia reativa, ou seja, quadrado da distância entre elas. A expressão utilizada para o cál-
tem seu princípio na superfície do plano sobre o qual se inclina o culo da força gravitacional é esta:
objeto (local onde o deslocamento acontece). Assim sendo, a força
de número 2 terá um ângulo semelhante ao do movimento gerado
na superfície do plano inclinado.
Entretanto, as forças ficarão emequilíbriose a mesma superfície
estiver plana, pois teremos agindo sobre o mesmo ponto dois tipos Legenda:
de forças de mesmo módulo, direção e sentido. Assim sendo, o ob- |F| – módulo da força de atração gravitacional (N – Newton)
jeto não se deslocará, uma vez que não haverá forças resultantes G – constante de gravitação universal (6,67408.10-11N.kg²/m²)
atuando sobre ele. M – massa gravitacional ativa (kg – quilogramas)
m – massa gravitacional passiva (kg – quilogramas)
Fontes: https://www.todamateria.com.br/forca/ d² – distância entre as massas ao quadrado (m²)
https://www.resumoescolar.com.br/fisica/decomposicao-de-for-
cas/ Chamamos de peso a força de atração gravitacional que uma
massa exerce sobre outra. Além disso, são denominadas de massa
Gravitação Universal gravitacional ativa e passiva a massa que produz um campo gravita-
A Lei da Gravitação Universal estabelece que, se dois corpos cional ao seu redor e a massa que é atraída por tal campo gravita-
possuem massa, eles sofrem a ação de uma força atrativa propor- cional, respectivamente.
cional ao produto de suas massas e inversamente proporcional a A força peso, ou simplesmente o peso de um corpo sujeito a
sua distância. uma gravidade de módulo g, é dada por:

Resumo sobre a Lei da Gravitação Universal


• Todos os corpos do universo atraem-se mutuamente com
uma força proporcional ao produto de suas massas e inversamente
proporcional ao quadrado de sua distância;

314
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

Legenda:
P – módulo da força peso (N – Newton)
m – massa gravitacional passiva (kg – quilogramas)
g – módulo da gravidade local (m/s² – metro por segundo ao
quadrado)

Comparando as duas equações acima, podemos perceber que


a gravidade de um corpo pode ser calculada pela fórmula a seguir:

A fórmula acima mostra que a gravidade de um planeta, es-


trela ou qualquer que seja o corpo depende de sua massa (M), da
constante de gravitação universal (G) e do inverso do quadrado da Legenda:
distância em que nos encontramos até o centro desse corpo (d), v – velocidade de translação do corpo (m/s – metros por se-
que, no caso de corpos esféricos, é o seu próprio raio. gundo)
A Terra, por exemplo, possui massa de 5,972.1024 kg e raio mé- ω – velocidade angular (rad/s – radianos por segundo)
dio de 6371 km (6,371.106 m), logo, podemos calcular o valor médio T – período de translação (s – segundos)
da gravidade na sua superfície:
A fórmula indica que a razão do quadrado do período de trans-
lação de um corpo em torno de sua massa gravitacional ativa (por
exemplo, a translação da Terra em torno do Sol) pelo cubo do raio
médio da órbita (distância média entre a Terra e Sol, por exemplo)
tem módulo constante, que depende da constante de gravitação
universal (G) e da massa gravitacional ativa M (a massa do Sol, por
exemplo).

Constante de gravitação universal


A constante de gravitação universal é uma constante de pro-
porcionalidade de módulo igual a 6,67408.10-11N.kg²/m², presente na
Gravitação Universal e a Terceira Lei de Kepler Lei da Gravitação Universal e usada para igualar a razão do produ-
Um dos indicadores de sucesso da Lei da Gravitação Universal to da massa de dois corpos pelo quadrado de sua distância com o
foi a sua capacidade de reproduzir a famosa relação matemática módulo da força de atração entre eles. A constante de gravitação
descoberta empiricamente por Johannes Kepler, conhecida como universal é dada, em unidades do Sistema Internacional de Unida-
Lei Harmônica: des, em N.m²/kg².
A constante da gravitação universal foi determinada entre 1797
e 1798 pelo experimento da balança de torção, realizado pelo físico
e químico britânico Henry Cavendish. O experimento tinha como
objetivo inicial a determinação da densidade da Terra, mas na épo-
ca também pôde determinar a constante da gravitação universal
Para tanto, basta recordar que a força de atração gravitacional com menos de 1% de erro em relação ao valor conhecido atual-
aponta sempre na direção que liga os dois corpos, tratando-se, por- mente.
tanto, de um tipo de força central, assim como a força centrípeta,
que atua nos corpos em movimento circular. Assim: Veja um exemplo:
A lua é um satélite natural que orbita o planeta Terra pela ação
da grande força gravitacional exercida pela gravidade terrestre. Sen-
do a massa da Terra igual a 5,972.1024 kg, a massa da lua 7,36.1022
kg e a distância média entre a Terra e a Lua igual a 384.400 km
(3,84.108 m), determine:
Dados: G = 6,67408.10-11 N.m²/kg²
a) a força gravitacional que a Terra exerce sobre a Lua
b) a força gravitacional que a Lua exerce sobre a Terra
c) o módulo da aceleração adquirida pela Lua e pela Terra
Resolução
a) Para calcular a atração gravitacional que a Terra exerce sobre

315
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

a Lua, usaremos a Lei da Gravitação Universal: Já os processos térmicos são as mudanças de temperatura e
pressão que ocorrem nos sistemas. O processo de aquecimento é
um exemplo de processo térmico, em que a energia térmica é trans-
ferida para um sistema e sua temperatura aumenta. O resfriamento
é outro exemplo de processo térmico, em que a energia térmica é
retirada do sistema e sua temperatura diminui.
A troca de calor é um processo térmico muito importante, que
ocorre quando dois sistemas com temperaturas diferentes entram
em contato e há uma transferência de energia térmica entre eles.
b) De acordo com a Terceira Lei de Newton, a Lei da Ação e Existem três modos de transferência de calor: condução, convec-
Reação, se a Terra exerce uma força de ação sobre a Lua, esta deve ção e radiação. Na condução, a transferência de calor ocorre por
exercer uma força atrativa sobre a Terra de mesmo módulo e dire- contato direto entre as partículas de dois corpos. Na convecção, a
ção, porém, no sentido oposto, logo, a força que a Lua faz sobre a transferência de calor ocorre por meio de um fluido, como o ar ou a
Terra também é de 20.1019 N. água, que é aquecido e se movimenta. Já na radiação, a transferên-
c) Se nos lembrarmos da Segunda Lei de Newton, que nos diz cia de calor ocorre por meio de ondas eletromagnéticas, como a luz
que o módulo da força resultante sobre um corpo é igual ao produ- e o calor infravermelho.
to de sua massa pela sua aceleração, podemos calcular a aceleração Outro processo térmico importante é a mudança de fase, em
adquirida pela Lua e pela Terra facilmente. Observe: que uma substância passa de um estado físico para outro. Por
exemplo, a água pode passar do estado sólido (gelo) para o estado
líquido (água) ou do estado líquido para o estado gasoso (vapor)
através do processo de fusão e vaporização, respectivamente.
Em resumo, as propriedades e processos térmicos são essen-
ciais para entender como a energia térmica é transferida e transfor-
mada nos sistemas. A compreensão dessas propriedades e proces-
sos pode ser aplicada em diversos campos, como na engenharia, na
química, na física e na meteorologia, contribuindo para o desenvol-
vimento de tecnologias mais eficientes e sustentáveis.

MÁQUINAS TÉRMICAS E PROCESSOS NATURAIS.

Os valores de aceleração calculados acima mostram que, ape- Máquinas térmicas são dispositivos que convertem energia tér-
sar de as forças de atração serem iguais para a Terra e para a Lua, a mica em trabalho mecânico, e vice-versa. Elas são encontradas em
aceleração adquirida por cada uma é diferente. Além disso, fazendo diversos sistemas e equipamentos, desde motores de combustão
a razão entre os dois valores, vemos que a aceleração que a Lua interna até turbinas de geração de energia elétrica. Entretanto, es-
sofre é cerca de 81 vezes maior que a sofrida pela Terra. sas máquinas não são exclusivas da tecnologia humana - processos
naturais que ocorrem na Terra e no universo também podem ser
descritos como máquinas térmicas.
Um exemplo de máquina térmica natural é a atmosfera terres-
PROPRIEDADES E PROCESSOS TÉRMICOS tre. A radiação solar aquece a superfície da Terra, que por sua vez
aquece o ar em contato com ela. Esse ar aquecido sobe, criando
uma corrente de ar ascendente que é responsável pela movimenta-
As propriedades e processos térmicos são fundamentais para ção de massas de ar ao redor do planeta. Essa movimentação do ar
o entendimento do comportamento da matéria em relação à tem- pode ser aproveitada para gerar energia elétrica através de turbinas
peratura. A termodinâmica é a área da física que estuda as proprie- eólicas. Esse processo é um exemplo de máquina térmica natural,
dades e processos térmicos dos sistemas, buscando entender como que utiliza a energia térmica do Sol para gerar trabalho mecânico.
a energia térmica é transferida e transformada entre diferentes sis- Outro exemplo de máquina térmica natural é o ciclo da água.
temas. A energia térmica do Sol evapora a água dos oceanos, rios e lagos,
Uma das principais propriedades térmicas é a temperatura, transformando-a em vapor de água. Esse vapor sobe na atmosfera
que é uma medida da energia térmica de uma substância. Outra e, ao esfriar, condensa-se em nuvens. Essas nuvens movimentam-se
propriedade importante é o calor específico, que é a quantidade ao redor do planeta até que as gotículas de água presentes nelas
de energia necessária para elevar a temperatura de uma substância atinjam um tamanho suficiente para cair como chuva. Essa chuva é
em um grau Celsius. O calor específico é uma propriedade intrín- responsável por encher reservatórios de água que podem ser apro-
seca de cada substância e pode ser utilizado para calcular a quan- veitados para gerar energia hidrelétrica. Novamente, esse processo
tidade de energia necessária para aquecer ou resfriar um material. é um exemplo de máquina térmica natural, que utiliza a energia
térmica do Sol para gerar trabalho mecânico.

316
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

Em resumo, as máquinas térmicas não são exclusivas da tec- Essa energia que vem das reações químicas é decorrente do re-
nologia humana - processos naturais que ocorrem na Terra e no arranjo das ligações químicas dos reagentes, transformando-se em
universo também podem ser descritos como máquinas térmicas. A produtos. Essa energia armazenada é a ENTALPIA (H). É a energia
atmosfera terrestre e o ciclo da água são exemplos de máquinas que vem de dentro da molécula.
térmicas naturais que convertem energia térmica em trabalho me- Nas reações químicas, não é necessário calcular a entalpia. De-
cânico e vice-versa, e que podem ser utilizadas para gerar energia vemos calcular, geralmente, a variação de entalpia (ΔH). A variação
elétrica de forma sustentável. O estudo desses processos naturais de entalpia é a diferença entre a entalpia dos produtos e a entalpia
pode contribuir para o desenvolvimento de tecnologias mais efi- dos reagentes.
cientes e sustentáveis que imitem os processos naturais para gerar
energia.

TERMOQUÍMICA

As transformações físicas e as reações químicas quase sempre


estão envolvidas em perda ou ganho de calor. O calor é uma das
formas de energia mais comum que se conhece. Unidade de calor
A termoquimica é uma parte da Química que faz o estudo das
quantidades de calor liberadas ou absorvidas durante as reações
químicas.
A maioria das reações químicas envolve perda ou ganho de ca-
lor (energia).
Veja na tabela abaixo os tipos de reações com perda ou ganho Tipos de reações
de calor. As reações químicas podem ser de dois tipos:
- ENDOTÉRMICA: absorvem calor (+)
Reações que liberam Reações que absorvem energia - EXOTÉRMICA: liberam calor (-)
energia Estudaremos a seguir cada uma delas.

Queima do carvão Cozimento de alimentos Reação endotérmica


Queima da vela Fotossíntese das plantas, o sol fornece É uma reação química cuja energia total (entalpia) dos seus
energia produtos é maior que a de seus reagentes.
Isso significa que ela absorve energia, na forma de calor.
Reação química em Pancada violenta que inicia a detonação
uma pilha de um explosivo
Observe o exemplo a seguir, onde calculamos a variação de en-
Queima da gasolina Cromagem em para-choque de carro, talpia de uma reação.
no carro com energia elétrica

As transformações físicas também são acompanhadas de calor,


como ocorre nas mudanças de estados físicos da matéria.

absorção de calor

SÓLIDO LÍQUIDO GASOSO

liberação de calor
Quando a substância passa do estado físico sólido para líquido
e em seguida para gasoso, ocorre absorção de calor.
Quando a substância passa do estado gasoso para líquido e em
seguida para sólido, ocorre liberação de calor.

317
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

Se o valor for positivo (+) a reação é endotérmica, ou seja, ela Estado padrão: é a forma mais estável de uma substância a
absorveu energia para acontecer. 25°C e a 1atm de pressão. São as substâncias simples.
As substâncias que participam da reação de formação devem
ser simples e devem informar o estado físico. Sua variação de ental-
pia de formação padrão é zero.

Reação exotérmica
É uma reação química cuja energia total (entalpia) dos seus
produtos é menor que a de seus reagentes. Exemplo de substância simples:
Isso significa que ela libera energia, na forma de calor. C(grafite), O2(g), N2(g), H2(g), Na(s), S(s).
Observe o exemplo a seguir, onde calculamos a variação de en-
talpia de uma reação. Exemplo de reação de formação:

Isto quer dizer que, para formar 1 mol de NH3, a reação produz
11 kcal de energia.
Este cálculo pode ser feito utilizando a fórmula da variação de
entalpia e alguns dados tabelados.
Observe a tabela com os valores de entalpia de formação pa-
drão de algumas substâncias:

Substância H°f kJ/mol Substância H°f kJ/mol


C2H2(g) 226,8 Cdiamante +2,1
CH4(g) -74,8 NH3 (g) -45,9
CO(g) -110,3 NaCl (s) -412,1
CO2(g) -393,3 O3 (g) +143
H2O(v) -242 SO2 (g) -297
Se o valor for negativo (-), a reação é exotérmica, ou seja, ela
perdeu energia para acontecer. H2O(l) -286 SO3 (g) -396

Exemplo:
Escreva a reação de formação para cada substância abaixo, in-
dicando o valor da entalpia de formação de SO3(g):
1°) montar a reação de formação:

Entalpia
Conforme aprendemos, a entalpia (H) é a quantidade de ener-
gia que se encontra nas substâncias e que pode ser alterada através
das reações químicas. A partir de agora, estudaremos alguns tipos
de entalpia. 2°) Aplicar a fórmula:

Tipos de entalpias
Através de algumas reações, é possível calcular o valor da va-
riação de entalpia.
- Entalpia de formação
- Entalpia de combustão
- Entalpia de ligação
- Entalpia de neutralização
- Entalpia de dissolução

Entalpia de formação ou calor de reação


A entalpia de formação é a energia da reação quando forma 1
mol de substância, a partir das substâncias químicas (elemento no
seu estado padrão).

318
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

Entalpia de combustão Entalpia de ligação


É sempre uma reação exotérmica. Durante as reações químicas, as ligações químicas dos reagen-
É o calor liberado na reação de combustão de 1 mol de uma tes e produtos são alteradas.
substância em presença de gás oxigênio O2(g). Podemos calcular a ΔH pela análise desses novos rearranjos.
A entalpia de ligação é a variação de entalpia verificada na que-
Combustão completa: mais quantidade de oxigênio. Forma bra de 1mol de uma determinada ligação química, considerando
gás carbônico e água. que todas as substâncias estejam no estado gasoso, a 25° C e 1atm.
Reagentes = sempre são quebradas as ligações = ENDOTÉRMI-
CA (+)
Produtos = sempre são formadas as ligações = EXOTÉRMICA (-)
Combustão incompleta: menos quantidade de oxigênio. Pro-
duz menos quantidade de energia. Forma mais resíduos como mo- Exemplo:
nóxido de carbono (CO) e água (H2O).

Exemplo:
Qual o valor da entalpia de combustão do benzeno (C6H6)? Da-
dos: A ΔH do processo é a soma desses calores. Calcula-se utilizando
dados tabelados.

Entalpia de ligação (em kJ/MOL)

Ligação H°(kJ/ Ligação H°(kJ/ Ligação H°(kJ/


MOL) MOL) MOL)
H–H 436 H – Br 366 N–C 305
H–O 463 H–I 299 C≡C 837
N–N 163 H–N 388 C=C 612
N=N 409 H–C 412 C–C 348
N≡N 944 O=O 496 C – Cl 338
H–F 565 O–C 360 Br – Br 193
Tabela de ΔH°comb de algumas substâncias H – Cl 431 O=C 743 Cl – Cl 242

Substância Fórmula ΔH°comb (kcal/mol)


Hidrogênio H2(g) -68,3
Carbono crafite C(grafite) -94,1
Monóxido de carbono CO(g) -67,6
Metano CH4(g) -212,8
Etano C2H6(g) -372,8
A partir desta tabela com dados das ligações de alguns elemen-
Propano C3H8(g) -530,6 tos, é possível calcular também outras entalpias, como por exem-
Butano C4H10(g) -688,0 plo a de combustão e a de formação.
Benzeno C6H6(g) -781,0
Entalpia de neutralização
Etanol H3C – CH2 – -326,5 É a entalpia de uma reação de neutralização (entre um ácido e
OH(l) uma base formando sal e água). A reação é exotérmica.
Ácido acético H3C – -208,5 É a variação de entalpia verificada na neutralização de 1mol de
COOH(l) H+ do ácido por 1mol de OH- da base, sendo todas as substâncias
em diluição total ou infinita, a 25°C e 1atm.
Glicose C6H12O6(S) -673,0
Sacarose C12H22O11(S) -1348,9 Exemplos:

319
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

Entalpia de dissolução
É a variação de entalpia envolvida na dissolução de 1mol de
determinada substância numa quantidade de água suficiente para
que a solução obtida seja diluída. Observe que a ΔH1 e ΔH2 são somadas, obtendo-se o valor da
Quando um sólido é colocado em um copo com água, acontece variação de entalpia. As equações químicas também são somadas,
uma dissolução. Nesta ordem, acontece: obtendo-se a reação global.
Para montar as equações e aplicar a Lei de Hess, podemos fa-
zer algumas alterações matemáticas, seguindo as seguintes regras:
1°) as equações intermediárias devem estar de acordo com a
reação global. Coloca-se as equações (dados) na ordem que reagem
ou são produzidas. Se não estiverem de acordo, troca-se o sinal da
ΔH;
2°) acertar os coeficientes também de acordo com a reação
global. Se a equação for multiplicada, a ΔH também deve ser multi-
plicada pelo mesmo número.
3°) realizar o somatório para montar a reação global;
4°) somar os valores das ΔH das equações intermediárias para
achar a ΔH da reação global.
Exemplo:
Calcule a variação de entalpia da seguinte reação pela Lei de
Hess:

Lei de Hess
O químico e médico Germain Henry Hess (1802-1850) desen- Dados:
volveu importantes trabalhos na área de termoquímica.
A Lei de Hess é uma lei experimental e estabelece que a varia-
ção de entalpia de uma reação química depende apenas dos esta-
dos inicial e final da reação.

A Lei de Hess também pode ser chamada de lei da soma dos


calores de reação.
É uma forma de calcular a variação de entalpia através dos ca- Resolução:
lores das reações intermediárias. Podem ser infinitas variações de Deve-se escrever todas as equações intermediárias (dados) de
entalpia. acordo com a reação global. Na primeira equação, o que há em co-
mum é o C(grafite). Então ele deve ser escrito da mesma forma (como
reagente e 1mol).
A segunda equação tem em comum com a reação global o
Exemplo: H2(g). Nos dados, esta espécie química não está exatamente igual
Qual o valor da variação de entalpia da reação a seguir? como na global. Deve-se multiplicar toda a equação por 2, inclusive
a ΔH2.
A terceira equação tem em comum com a reação global o
CH4(g). Deve-se inverter a posição desta equação e portanto trocar
Dados (equações intermediárias): o sinal da ΔH3.
Veja como deve ser feito:

Resolução:

320
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

Cálculo e Variação de entalpia


A variação da energia de um sistema (ΔH) pode ser calculado RADIAÇÃO ELETROMAGNÉTICA.
pela diferença entre as energias dos produtos e reagentes.
ΔH = Hprod – Hreag Radiação

O cálculo da variação da entalpia (ΔH) é um procedimento ma- Radiação1 é um termo da física que significa a propagação de
temático que utiliza as entalpias de cada um dos participantes de energia de um ponto a outro no espaço ou em um meio material,
uma reação química para determinar a quantidade de energia que com certa velocidade. Os elementos condutores de energia deter-
foi absorvida ou liberada por um processo químico qualquer. minam as formas de radiação, seja ela eletromagnética ou corpus-
Considere a equação abaixo: cular.
A+B→C+D
a) Radiação eletromagnética: toda aquela que se caracteriza
Para realizar o cálculo da variação da entalpia dessa reação, pela oscilação entre um campo elétrico e um campo magnético. É
é necessário conhecer as entalpias de cada um dos participantes classificada de acordo com a frequência de ondas, das quais as mais
(reagentes e produtos): conhecidas são: ondas hertzianas (de rádio ou TV), micro-ondas, ra-
• HA = Entalpia da substância A diação infravermelha, ultravioleta, raios-X e raios gama.
• HB = Entalpia da substância B
• HC = Entalpia da substância C b) Radiação corpuscular: é constituída por partículas subatô-
• HD = Entalpia da substância D micas, e os tipos mais conhecidos são: elétrons, prótons, nêutrons,
dêuterons e partículas alfa e beta. Existem quatro tipos de radiação:
Tendo conhecimento sobre a entalpia de cada um dos partici- alfa, beta, gama e X.
pantes da reação, basta utilizar os valores na expressão matemática
de subtração que representa a variação da entalpia, que é: c) Radiação ionizante: é a designação dada às radiações de tipo
ΔH = Hp – Hr eletromagnético e corpuscular, que, ao entrarem em contato com
a matéria, causam direta ou indiretamente a criação de íons. De-
Para essa reação, temos que: pendendo da quantidade de energia, a radiação pode ser ionizante
• Hp = Soma da entalpia dos produtos. (alto nível de energia) ou não ionizante (baixa energia). A radiação
No caso da reação representada no Hp, temos a soma das en- ionizante tem inúmeras aplicabilidades na vida humana, como: me-
talpias dos produtos C e D, sempre respeitando as quantidades es- dicina nuclear, radioterapia, exames de diagnósticos (raio-X), indús-
tequiométricas, logo: tria bélica, conservação de alimentos, agricultura, entre outras.
Hp = c.HC + d.HD
d) Radiação nuclear: a radiação nuclear, ou radioatividade, é a
• Hr = Soma da entalpia dos reagentes. radiação emitida pela desintegração de alguns elementos químicos.
No caso da reação representada no Hr, temos a soma das en- A exposição prolongada à radiação nuclear pode causar várias le-
talpias dos reagentes A e B, sempre respeitando as quantidades sões e doenças, por exemplo: queimaduras (radiação alfa), infertili-
estequiométricas, logo: dade, doenças sanguíneas, doenças cerebrais, doenças gastrointes-
Hr = a.HA + b.HD tinais, mutações genéticas, principalmente pela radiação gama etc.

Representação Gráfica e) Radiação alfa (α): tipo de radiação quase que inofensiva,
pois não consegue ultrapassar as células mortas da pele de uma
pessoa. Entretanto, se penetrarem no organismo por meio de um
ferimento ou por aspiração, as partículas alfa podem causar lesões
graves. Esse tipo de partícula pode ser detido por uma folha de pa-
pel ou de alumínio.

f) Radiação beta (β): tipo de radiação mais penetrante e me-


nos energética que a das partículas alfa e pode penetrar nos teci-
dos, provocando danos à pele. Essas partículas só́ atingem os ór-
gãos internos do corpo se forem ingeridas ou aspiradas, seu poder
de penetração na pele é de aproximadamente 4 cm.

g) Radiação gama (γ): é o tipo de radiação mais perigosa. Em-


bora não seja tão energética, é altamente penetrante, podendo
atravessar o corpo humano e causar malformações nas células. A
radiação gama só́ é detida por uma parede de concreto ou por al-
gum tipo de metal. Originam-se do núcleo do átomo ondas eletro-
magnéticas que não possuem massa e se propagam á velocidade
de 300.000 km/s, o que lhe confere grande poder de penetração.

1 CAMARGO, R. Radioterapia e Medicina Nuclear. 1ª Ed. Érica.

321
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

Radioatividade Muitos especialistas acreditam que uma dose limiar e não a ex-
trapolação linear, sem limiar, seja o modelo correto. Não obstante,
A radioatividade é regida por leis que estão ligadas às emissões empregando o método de extrapolação linear, o risco estimado du-
radioativas com a decorrente conversão de um radionuclídeo (nú- rante a vida para uma criança de 1 ano de idade, submetida a uma
cleo radioativo) em outro elemento químico. Essa conversão tem TC abdominal é de 0,18% e o da TC craniana é 0,07%.50 Contudo,
por objetivo transformar um átomo instável em outro mais estável. esse risco adicional é insignificante se comparado aos estimados
As leis da radioatividade são: 23% de risco individual de desenvolvimento de câncer no período
de vida de uma pessoa. Essa muito conservadora e altamente sig-
1a Lei da Radioatividade (lei de Soddy) nificativa superestimativa de risco tem de ser contrabalançada com
“Quando um núcleo emite uma partícula alfa (α), seu número os benefícios de se conseguir um diagnóstico correto pelo uso de
atômico diminui de duas unidades e seu número de massa diminui TC.
de quatro unidades.” Em muitos casos, o benefício imediato supera imensamente
o risco reduzido. Atualmente, não existe um marcador para dife-
renciar um câncer causado por exposição à radiação daquele que
ocorre naturalmente. A ocorrência de um câncer adicional, possi-
velmente relacionado com a exposição radioativa, tem período de
latência entre 30 e 40 anos. Pacientes com mais de 50 anos e aque-
les que já têm câncer e, por isso, realizaram muitas TC, provavel-
mente não apresentarão outro câncer induzido por radiação.

Dose de radiação
Em um estudo realizado com quase 1 milhão de adultos, a to-
mografia e os procedimentos de medicina nuclear foram respon-
2a Lei da Radioatividade (lei de Soddy-Fajans-Russel): sabilizados por 75% da dose de radiação efetiva cumulativa. A TC
Quando um núcleo emite uma partícula beta (β), seu número representa 10% de todos os procedimentos com base em raios X;
atômico aumenta de uma unidade e seu número de massa perma- contudo, contribui com dois terços da exposição à radiação clinica-
nece constante.” mente relacionada de pacientes. Uma TC do abdome pode apre-
sentar uma dose de radiação entre 200 e 250 vezes maior do que
uma radiografia do tórax. Uma angiotomografia computadorizada
fornece 2 rads (20 mGy) por mama, em comparação com 0,3 rads (3
mGy) por mama em uma mamografia.

Gravidez e radiação
Durante a gravidez, o risco de exposição do feto à radiação é
aumentado devido às pequenas dimensões desse ser humano em
desenvolvimento, com crescimento rápido e processos de divisão
celular extremamente ativos.
Riscos2 Associados à Radiação e a Segurança do Paciente Os potenciais efeitos danosos da radiação ionizante ao feto
incluem morte pré-natal (especialmente nos primeiros estágios de
Os dados disponíveis sobre o risco de exposição a baixas do- gestação), retardo do crescimento intrauterino, retardo mental,
ses de radiação ionizante, utilizada em radiologia diagnóstica, são malformação de órgãos e desenvolvimento de câncer durante a in-
incompletos e controversos. As estimativas de risco para exposi- fância. O risco de cada um desses efeitos adversos depende da ida-
ção a baixas doses de radiação derivam principalmente de dados de gestacional no momento da exposição e também da dose total
de sobreviventes expostos a altas doses de radiação nas explosões de exposição durante toda a gestação.
atômicas de Hiroshima e Nagasaki em 1945. Dados adicionais são O risco associado à radiação é mais alto durante o primeiro tri-
fornecidos por altos níveis de exposição decorrentes de acidentes mestre de gravidez, diminui no segundo e é ainda mais baixo duran-
nucleares, como o de Chernobyl em 1986. te o terceiro trimestre. Se o útero estiver fora do campo de visão do
Ainda não há evidências diretas de que a exposição a baixos feixe de raios X, o feto recebe apenas a radiação dispersa e a dose
níveis de radiação cause câncer ou defeitos congênitos. Todas as de radiação é mínima. Se o feto for diretamente exposto ao feixe
questões se baseiam em estimativas de risco. A estimativa de ris- de raios X no campo de visão, as doses dependem da espessura da
cos mais conservadora utiliza um modelo linear sem limiar de dose, paciente, profundidade do concepto em relação à pele, da técnica
com base em dados de exposição a altos níveis de radiação, que de raios X empregada e da direção do feixe.
indicam um risco pequeno, porém finito, de desenvolvimento de Nas primeiras 2 semanas de gestação, a exposição à radiação
câncer, especialmente em crianças, como resultado de TC e outros apresenta um efeito de tudo ou nada. A radiação pode interromper
métodos de imagem que utilizam radiação ionizante. Essas estima- a gravidez ou o embrião pode recuperar-se totalmente. Da terceira
tivas consideram que não existe um limiar abaixo do qual nenhum à oitava semanas após a concepção, a organogênese está em sua
dano ocorre. atividade máxima, e a exposição à radiação pode ocasionar mal-
formação de órgãos. Durante a oitava à décima quinta semana, o
2 BRANT, W. E.; HELMS, C. A. Fundamentos da Radiologia. 4ª Ed. Gua- sistema nervoso apresenta maior sensibilidade à radiação.
nabara Koogan.

322
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

A exposição significativa durante esse período tende a causar 2. Pressão


microcefalia com retardo mental. No terceiro trimestre, o feto apre- A pressão é definida como a aplicação de uma força distribuída
senta sensibilidade muito menor à radiação, e é improvável a ocor- sobre uma área:
rência de comprometimento orgânico e malformações. O National
Council on Radiation Protection and Measurement estabeleceu 50
mGy (5 rads) como a dose fetal cumulativa máxima “aceitável” du-
rante todo o período gestacional. Abaixo desse limiar, é bastante
improvável que seja detectado qualquer efeito colateral no feto.
Nenhum exame ultrapassa essa dosagem, contudo, a exposição re-
petida à radiação ionizante durante a gravidez pode, certamente,
exceder essa dose e causar lesões ao feto.
O risco se torna significativo a partir de 100 mGy. A Internatio-
nal Commission on Radiological Protection afirma que “doses fetais
abaixo de 100 mGy não devem ser consideradas motivo para inter-
rupção da gravidez. Nas doses fetais acima desse nível, pode haver A unidade de medida da pressão é newton por metro quadrado
danos ao feto, sendo que a magnitude e o tipo de lesão dependem (N/m²). A pressão pode também ser exercida entre dois sólidos. No
da dose e do estágio gestacional.” caso dos fluídos o newton por metro quadrado é também denomi-
nado pascal (Pa).

HIDROSTÁTICA 3. Princípio de Stevin


O princípio de Stevin nos permite calcular a pressão em um
Hidrostática líquido em repouso, estando com sua superfície livre em contato
A Hidrostática é a parte da Física que estuda os fluídos (tanto com a atmosfera:
líquidos como os gasosos) em repouso, ou seja, que não estejam
em escoamento (movimento).

Além do estudo dos fluídos propriamente ditos, serão estuda-


das as forças que esses fluídos exercem sobre corpos neles imersos,
seja em imersão parcial, como no caso de objetos flutuantes, como
os totalmente submersos.

1. Massa Específica; Densidade


Ao se afirmar que a massa específica da água é de 1000 kg/m³
estamos informando que 1 m³ de água possui uma massa de 1000
kg. Isto nos permite deduzir a definição de massa específica, que é a Uma das consequências do princípio de Stevin é:
relação entre a massa e o volume ocupado por essa massa: “Em um líquido em equilíbrio, a pressões são iguais em todos
os pontos da mesma horizontal”.

4. Pressão atmosférica
No planeta Terra em qualquer parte de sua superfície os corpos
estão envoltos em um fluído gasoso, o ar. Como todo fluído ele cau-
sa uma pressão nos corpos nele imersos.
A pressão atmosférica deve ser expressa em Pa (N/m²). Mas
outras unidades podem ser encontradas:
– atmosfera (atm)
– milímetros de mercúrio (mmHg) ou centímetros de mercúrio
A massa específica é definida para corpos homogêneos. Já para (cmHg)
os corpos não homogêneos essa relação é denominada densidade: – metros de coluna de água (mca).
Então, é possível relacionar as várias medidas comparando-se
os valores da pressão atmosférica ao nível do mar:
1 atm = 101325 Pa = 10,2 mca = 760 mmHg

5. Princípio de Pascal
O Princípio de Pascal afirma que: “Um acréscimo de pressão
exercido em qualquer ponto de um fluído é transmitido para todo o
fluído”. Com esse princípio é possível construir e dimensionar ma-
cacos hidráulicos, prensas hidráulicas, etc.

323
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

Um corpo é considerado rígido quando as posições das partícu-


las que constituem o corpo não mudam de posição durante o tem-
po em que ele é estudado. Vamos então considerar que um corpo
rígido esteja sujeito à ação de forças sobre um mesmo plano. As-
sim, dizemos que esse corpo encontra-se em equilíbrio quando se
encontra ao mesmo tempo em equilíbrio de rotação e translação.
A fim de garantir o equilíbrio do corpo extenso rígido sujeito a
um sistema de forças, devemos impor algumas condições simultâ-
neas. Vejamos abaixo quais são essas condições:
A primeira condição é que a resultante dos sistemas de forças
deve ser nula, ou seja, a força resultante que atua no sistema do
corpo rígido deve ser igual a zero, assim temos:

Como a pressão é igual em todos os pontos do fluído e supon-


do a área do pistão da direita sendo 5 vezes maior que o da esquer-
da tem-se: Equilíbrio de translação
A segunda condição é que a soma algébrica dos momentos das
forças do sistema, em relação a um polo arbitrário deve ser nula.
Isto é:

Dessa maneira uma força F_1 será, no exemplo, amplificada


(F_2 ) cinco vezes. Esse seria a versão hidráulica da alavanca mecâ- Equilíbrio de rotação
nica concebida por Arquimedes.
MOMENTO DA FORÇA
6. Princípio de Arquimedes Chama-setorqueoumomento de uma forçaF aplicada num
Deve-se também a Arquimedes a definição da força de Empuxo ponto P, em relação a um ponto O, o produto da intensidade F da
gerada por um corpo imerso em um fluído. “A força de empuxo de força pela distância d do ponto O à linha de ação da força.
um corpo imerso em um fluído é igual ao peso do fluído deslocado”.

Por convenção o momento pode ser positivo ou negativo. Ado-


Se o empuxo for maior que a força peso do corpo, a tendência ta-se o sinal(+) se a força F tende a girar o segmento OP em torno
do corpo é de subir com aceleração. No caso de o peso ser menor de O no sentido anti-horário e (-) no sentido horário.
que o empuxo, a tendência é de o corpo descer com aceleração. No O ponto O é denominado pólo e a distancia d, o braço.
caso do empuxo ser igual à força peso o corpo terá a tendência de A unidade de momento no sistema internacional (SI) é newton
permanecer parado. x metro(N.m).
Nota: ao contrário do que se vê em muitos filmes e da crença
geral, um submarino ao tentar emergir não solta subitamente toda
a água armazenada em seus tanques de lastro. Isso provocaria uma
subida acelerada difícil de ser controlada. A liberação do lastro de
seus tanques é feita de forma controlada, de modo a manter a for-
ça de empuxo igual à força peso, e com isto conseguir uma subida
gradual, com velocidade constante. O controle é feito pela hélice de
propulsão em conjunto com as aletas controladoras de movimento
vertical.

324
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

Binário O termômetro mais comum é o de mercúrio, que consiste em


Binário é um sistema constituído de duas forças de mesma in- um vidro graduado com um bulbo de paredes finas que é ligado a
tensidade, mesma direção e sentidos opostos, cujas linhas de ação um tubo muito fino, chamado tubo capilar. Quando a temperatu-
estão a uma certa distância d. a distância d chama-se braço do bi- ra do termômetro aumenta, as moléculas de mercúrio aumentam
nário. sua agitação fazendo com que este se dilate, preenchendo o tubo
capilar. Para cada altura atingida pelo mercúrio está associada uma
temperatura.

Momento do binário
O momento do binário é a soma algébrica dos momentos das
forças que o constituem. Assim, considerando um pólo O arbitrário
e levando em conta a convenção de sinais, temos:
A escala de cada termômetro corresponde a este valor de altu-
ra atingida. Existem três escalas termométricas utilizadas em todo
mundo:

- Escala Celsius
É a escala usada no Brasil e na maior parte dos países, oficiali-
zada em 1742 pelo astrônomo e físico sueco Anders Celsius (1701-
1744). Esta escala tem como pontos de referência a temperatura de
congelamento da água sob pressão normal (0 °C) e a temperatura
de ebulição da água sob pressão normal (100 °C).

O binário da figura tem sentido anti-horário e seu momento - Escala Fahrenheit


resultou positivo; se tivesse sentido horário, seu momento seria Outra escala bastante utilizada, principalmente nos países de
negativo. língua inglesa, tem como referência a temperatura de uma mistura
Da expressão obtida podemos concluir que o momento de um de gelo e cloreto de amônia (0 °F) e a temperatura do corpo huma-
binário independe do pólo escolhido. no (100 °F).
A resultante do binário é nula, pois as forças que o constituem Em comparação com a escala Celsius:
têm mesma intensidade, mesma direção e sentidos opostos. Desse 0 °C = 32 °F
modo, se aplicarmos um binário a um sólido, inicialmente em re- 100 °C = 212 °F
pouso, este não adquire movimento de translação (pois a resultan-
te é nula), mas adquire movimento de rotação não uniforme (pois - Escala Kelvin
o momento não é nulo) Também conhecida como escala absoluta. Esta escala tem
como referência a temperatura do menor estado de agitação de
qualquer molécula (0 K) e é calculada a partir da escala Celsius. Por
ESCALAS DE TEMPERATURA convenção, não se usa “grau” para esta escala, ou seja 0 K, lê-se zero
kelvin e não zero grau kelvin. Em comparação com a escala Celsius:
-273 °C = 0 K
Temperatura é a grandeza que caracteriza o estado térmico de 0 °C = 273 K
um corpo ou sistema. 100 °C = 373 K
Fisicamente o conceito dado a quente e frio é um pouco dife-
rente do que costumamos usar no nosso cotidiano. Podemos de-
finir como quente um corpo que tem suas moléculas agitando-se
muito, ou seja, com alta energia cinética. Analogamente, um corpo
frio, é aquele que tem baixa agitação das suas moléculas.

Escalas Termométricas
Para que seja possível medir a temperatura de um corpo, foi
desenvolvido um aparelho chamado termômetro.

325
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

ESTUDO DOS GASES

Leis Físicas dos Gases


Uma dada massa de gás sofre uma transformação quando ocorrem variações nas suas variáveis de estado. Começamos o estudo mo-
dificando-se apenas duas das grandezas e a outra se mantém constante.

• Lei de Boyle-Mariotte
“À temperatura constante, uma determinada massa de gás ocupa um volume inversamente proporcional à pressão exercida sobre
ele”.
Esta transformação gasosa, onde a temperatura é mantida constante, é chamada de transformação isotérmica.

Experiência da Lei de Boyle-Mariotte

A lei de Boyle-Mariotte pode ser representada por um gráfico pressão-volume. Neste gráfico, as abscissas representam a pressão de
um gás, e as ordenadas, o volume ocupado.

A curva obtida é uma hipérbole, cuja equação representativa é PV = constante. Portanto, podemos representar:

326
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

• Lei de Charles/Gay-Lussac
“À pressão constante, o volume ocupado por uma massa fixa de gás é diretamente proporcional à temperatura absoluta.”

Esta transformação gasosa, onde a pressão é mantida constante, é chamada de transformação isobárica. As relações entre volume e
temperatura podem ser representadas pelo esquema:

Graficamente, encontramos:

A reta obtida é representada pela equação: V = (constante) · T ou V/T = constante

• Lei de Charles/Gay-Lussac
“A volume constante, a pressão exercida por uma determinada massa fixa de gás é diretamente proporcional à temperatura absoluta.”

327
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

Esta transformação gasosa, onde o volume é mantido constante, é denominada de transformação isocórica, isométrica ou isovolumé-
trica. As relações entre pressão e temperatura são representadas a seguir:

Graficamente, encontramos:
A reta obtida é representada pela equação: P = (constante) · T ou P/T = constante

Gás Real
Não segue o comportamento
do gás ideal, principalmente em
pressões muito altas e/ou em
Gás Perfeito ou Ideal temperaturas baixas, porque
Obedece rigorosamente às ocorre alta redução de volume
Leis Físicas dos Gases em e as partículas, muito próximas,
quaisquer condições de tem- passam a interferir umas no mo-
peratura e pressão. vimento das outras. Um gás real
aproxima-se do comportamento
de um gás ideal à medida que
diminui a pressão e aumenta a
temperatura.

328
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

Equação Geral dos Gases Equação de estado dos gases: PV = nRT


Esta equação é utilizada quando ocorre transformação gasosa
em que as três variáveis de estado (P, V e T) se modificam simulta- 2. Volume parcial dos gases:
neamente. Ela é obtida por meio da relação matemática entre as Similarmente à pressão parcial, o volume parcial corresponde
transformações gasosas estudadas anteriormente. ao volume que um gás ocupa nas condições de temperatura e pres-
são da mistura.
A Lei de Amagat diz que a soma dos volumes parciais é igual ao
volume total, assim como o caso da pressão visto anteriormente.
Por isso, usamos a equação de estado dos gases, com a única dife-
rença que agora se coloca o volume parcial do gás e não a pressão:

Também é possível calcular o volume parcial de cada gás com-


ponente da mistura por meio da fração em quantidade de matéria.

Equação de Clapeyron
QUESTÕES

1-Uma partícula parte do repouso, do ponto A, uniformemen-


te acelerada. No instante em que atinge a velocidade escalar de 60
Esta equação também é denominada de equação de Clapeyron, km/h, passa a ser uniformemente retardada até parar, no ponto B.
em homenagem ao físico francês que a determinou. A constante R
pode assumir vários valores dentre os quais destacamos: A velocidade escalar média da partícula nesse deslocamento
da A até B foi de
(A) 48 km/h.
(B) 45 km/h.
(C) 40 km/h.
(D) 30 km/h
(E) 15 km/h.

2-Ao disparar para cima com uma pistola, o projétil sobe


MISTURAS GASOSAS numa trajetória vertical com uma velocidade inicial de 200 m/s.
As misturas gasosas são muito comuns no cotidiano. É possível Desprezando-se o efeito da resistência do ar, a altura máxima atin-
descobrir sua pressão e volume total através das pressões e volu- gida pelo projétil, em relação à pistola, é:
mes parciais dos gases componentes da mistura.
Dado: aceleração da gravidade = 10 m/s2
1.Pressão parcial dos gases: A pressão parcial de um gás é a (A) 4000 m
pressão que ele exerceria se estivesse sozinho, nas mesmas condi- (B) 1000 m
ções de temperatura e volume da mistura. (C) 500 m
Segundo Dalton, a soma das pressões parciais dos gases que (D) 3000 m
formam a mistura resulta na pressão total (p) da mistura. Por exem- (E) 2000 m
plo, se a pressão do ar for de 1,0 atm, a pressão parcial do N2 será
de 0,8 (80% da pressão total) e a pressão parcial de O2 será igual a 3-Uma partícula em movimento retilíneo possui velocidade
0,2 % (20% da pressão total da mistura). dada por v(t) = 5 + 3t2, com unidades no Sistema Internacional de
Unidades. No instante t = 0, a partícula encontrava-se a 15 m da
Essa Lei de Dalton é mostrada também pela fração em quanti- origem, no sentido positivo. A aceleração e a posição da partícula
dade de matéria (X). Essa fração no caso do nitrogênio é dada por no instante t = 4 segundos são, respectivamente, em m/s2 e m:
0,8 mol. (A) 48 e 68.
(B) 24 e 99.
1,0 mol (C) 29 e 49.
PN2= p . XN2 (D) 24 e 68.
PN2= 1,0 atm . 0,8 = 0,8 atm. (E) 48 e 99.

Pode-se também calcular cada pressão parcial por meio da


equação de estado dos gases:

329
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

4-Uma pedra é lançada do solo verticalmente para cima com 8-Uma força FA age sobre um objeto A, enquanto uma força
uma velocidade de 12m/s. Simultaneamente, outra pedra é aban- FB age sobre um objeto B. A massa do objeto B é duas vezes maior
donada a uma altura H do solo. Considere a resistência do ar des- que a massa do objeto A, e a aceleração do objeto B é duas vezes
prezível e g = 10 m/s2. aquela do objeto A. Qual das alternativas a seguir expressa a rela-
ção entre as forças envolvidas?
Para que as pedras se cruzem no instante em que suas veloci- (A) FB = FA/4
dades tenham módulos iguais, a altura H deve ser de (B) FB = FA/2
(A) 1,8m. (C) FB = FA
(B) 2,4m. (D) FB = 2FA
(C) 3,6m. (E) FB = 4FA
(D) 5,4m.
(E) 7,2m. 9-Isaac Newton, em seu famoso livro Philosophiae Naturalis
Principia Mathematica, enuncia a segunda lei da mecânica afir-
5-Com o objetivo de avaliar o sistema de segurança de seus mando que a variação da quantidade de movimento de um objeto
produtos, uma indústria automobilística nacional submeteu um é proporcional à força motora imprimida a ele. Hoje, no Ensino
automóvel de 900 kg de massa a um procedimento conhecido Médio, enuncia-se essa lei afirmando que a resultante das forças
como teste de impacto, constituído de duas fases: na primeira, aplicadas a um objeto puntiforme é igual ao produto de sua massa
denominada arrancada, o automóvel é acelerado, por 10 s, par- pela aceleração por ele adquirida.
tindo do repouso até atingir a velocidade de 36 km/h; na segunda
fase, identificada como colisão, o veículo, ainda com a velocidade Essas duas afirmações só são equivalentes quando a
da fase anterior, colide com um bloco de concreto não deformá- (A) resultante das forças aplicadas ao objeto é constante.
vel e para após 0,1 s, tendo sua estrutura sido danificada após o (B) aceleração adquirida pelo objeto é constante.
choque. (C) Bmassa do objeto não varia.
A partir dessa situação hipotética, julgue o item a seguir, con- (D) velocidade do objeto aumenta.
siderando que o módulo da aceleração da gravidade seja de 10 (E) resultante das forças aplicadas e a aceleração do objeto
m/s². têm mesma direção.
Na fase da colisão, os danos causados na estrutura do auto-
móvel se explicam por que as forças trocadas entre o automóvel 10-Assinale a opção correta a respeito da estática dos corpos
e o bloco de concreto têm intensidades diferentes, uma vez que rígidos.
o automóvel estava em movimento e o bloco de concreto estava (A) Um corpo extenso está em equilíbrio de rotação quando
em repouso. seu centro de massa está em repouso ou em movimento re-
( ) CERTO tilíneo e uniforme em relação a um determinado referencial.
( ) ERRADO (B) Um corpo extenso está em equilíbrio de translação quando
está em repouso ou em movimento de rotação uniforme em
6-Em um local onde a aceleração da gravidade é constante, relação a um referencial determinado.
uma escada rolante foi projetada para se movimentar com veloci- (C) O momento escalar de uma força F em relação a um ponto
dade escalar constante e transportar passageiros entre dois pisos O é dado pelo produto da intensidade dessa força pela distân-
separados por uma distância vertical de altura H. cia perpendicular entre a força e o ponto O — braço de alavan-
Considerando que não haja força dissipativa no sistema e que ca — precedido de um sinal algébrico arbitrário.
100% do trabalho do motor que movimenta a escada seja transfe- (D) Em um campo gravitacional uniforme, o centro de gravida-
rido para os passageiros, julgue o item subsequente. de diverge do centro de massa.
A força aplicada pela escada rolante a cada passageiro é pro- (E) A condição para que um ponto material esteja em equilí-
porcional à velocidade escalar com que a escada se movimenta. brio em relação a um ponto referencial é que a resultante das
( ) CERTO forças que nele atuam seja diferente de zero.
( ) ERRADO
11-Conrad Dietrich Magirus foi um bombeiro alemão criador
7-Considere um automóvel com tração dianteira movendo-se das famosas escadas Magirus. Nascido em setembro de 1824, na
aceleradamente para a frente. As rodas dianteiras e traseiras so- Alemanha, Magirus desde muito jovem demonstrou vocação para
frem forças de atrito respectivamente para: o trabalho na luta contra incêndios e no resgate de pessoas em
(A) frente e frente. dificuldade. Quando jovem, Conrad Magirus se arriscava em res-
(B) frente e trás. gates sem nenhum tipo de equipamento de proteção junto com
(C) trás e frente. um grupo de amigos na pequena cidade alemã de Ulm. Em 1847,
(D) trás e trás. Conrad fundou a primeira brigada voluntária de incêndios na Ale-
(E) frente e não sofrem atrito. manha e, em 1872, revolucionou a história dessa profissão, ao
apresentar o protótipo da primeira escada Magirus, na exposição
mundial de Viena. A maior escada Magirus do mundo, em opera-
ção, é a M68L, composta de 7 peças móveis.

330
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

Numa determinada operação, uma dessas escadas está com- 15-Com relação ao comportamento de gases ideais, julgue o
pletamente esticada, tem 70,0 m de comprimento e faz um ângu- item seguinte, assumindo o valor da constante universal dos gases
lo de 60° com a horizontal, suportando um cesto de300kg, ligado perfeitos como R = 0,082 atm ∙ L ∙ mol−1 ∙ K−1.
por um cabo à sua extremidade. O módulo da aceleração da gra- Se a temperatura de certa quantidade de um gás ideal, ini-
vidade local é 10,0 m/ s². cialmente a 300 K, for elevada a 1.200 K, tanto a pressão como o
volume triplicarão.
O módulo do torque (ou momento de força) produzido pelo ( ) CERTO
cesto, em relação à base da escada, vale ( ) ERRADO
(A) 210xl03N.m.
(B) 182x103N.m. 16-Com relação ao comportamento de gases ideais, julgue o
(C) 105xl03N.m. item seguinte, assumindo o valor da constante universal dos gases
(D) 91xl03N.m. perfeitos como R = 0,082 atm ∙ L ∙ mol−1 ∙ K−1.
(E) 46x103N.m. A pressão de 3 mols de um gás, à temperatura de 330 K, que
ocupa um volume de 85,4 L, é superior a 0,94 atm.
12-Dois líquidos que não se misturam com densidades d 1 e ( ) CERTO
d 2, respectivamente, são dispostos em um balde cilíndrico. Os ( ) ERRADO
volumes dos líquidos são V 1=V e V 2 =2V 1 e as densidades são
d 1=2d e d 2=d 1/2. Sendo g a aceleração da gravidade e despre- 17-A goethita (FeOOH) é um dos principais compostos res-
zando a força devido à atmosfera, a força resultante sobre o fundo ponsáveis pela cor terrosa característica dos solos. A cor dos solos
do balde é de: argilosos deve-se, principalmente, à proporção entre a quanti-
(A) dVg dade de goethita e de outros minerais presentes nesses tipos de
(B) 5dVg solo, como a limonita (FeOOH·nH2O), de cor amarela, e a hemati-
(C) 2dVg ta (Fe2O3), que é avermelhada.
(D) 4dVg
(E) 3dVg A formação da goethita pode ser representada por várias re-
ações, como as mostradas nas equações químicas I e II, a seguir. A
13-Um cilindro de aço contém 3,0 g de etanol, C2H5OH. Qual equação III representa a formação do aquocomplexo [Fe(H2O)6]3+
é a pressão aproximada de vapor de etanol, em atmosferas, se em meio aquoso. Todas essas reações são pH dependentes e es-
o cilindro tiver um volume de 750 cm3 e a temperatura for de tão sujeitas ao equilíbrio mostrado na equação IV.
125°C? (Admita que todo o etanol esteja na fase de vapor nessa
temperatura). I Fe3+ + 3 OH− ⇌ FeOOH + H2O_Δ
HI
Dados: H=1, C=12, O=16; R= 0,082 L.atm/mol.K II [Fe(H2O)6]3+ ⇌ FeOOH + 3 H+ + 4 H2O_Δ
T(K)= T(°C) + 273 HII
III Fe3+ + 6 H2O ⇌ [Fe(H2O)6]3+_Δ
(A) 2,8 HIII
(B) 0,13 IV H+ + OH- ⇌ H2O_Δ
(C) 0,88 HIV
(D) 8,8
(E) 0,26
A goethita pode ser obtida em laboratório, por meio da alcali-
14-O carbonato de cálcio, CaCO3(s), é decomposto quando nização de uma solução de cloreto de ferro (III) (FeCl3) com bases
aquecido, em CaO(s) e CO2(g). Uma amostra de CaCO3 é decom- como o NH4OH, o NaOH e o KOH.
posta e o dióxido de carbono formado é recolhido em um balão
de 300 mL. Após o término da decomposição, a pressão do gás é Com base nas informações precedentes, julgue o item sub-
igual a 1,5 atm a uma temperatura de 30°C. Qual a quantidade sequente.
aproximada de CO2, em mols, produzida na decomposição?
Dadas as variações de entalpia de reação (Δ
Massas Molares em g/mol: C=12,011; O=16,000; Ca=40,01; H) listadas no texto, conclui-se que a variação de entalpia da
Dados: R = 0,082 L.atm/mol.K; T(k) = t(°C) + 273 reação III pode ser corretamente calculada por meio da expressão
Δ
(A) 0,054 HIII = Δ
(B) 1,811 HI - Δ
(C) 0,183 HII - 3 Δ
(D) 0,002 HIV.
(E) 0,018 ( ) CERTO
( ) ERRADO

331
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO II

18-Os elementos essenciais à reação de combustão são 10 C


(A) combustível, pirólise e reação em cadeia.
(B) combustível, comburente, calor e pirólise. 11 C
(C) combustível, comburente, calor e reação em cadeia. 12 D
(D) combustível, comburente, calor e reação contínua.
13 A
(E) combustível, comburente, calor e reação sequenciada.
14 E
19-O oxigênio representa aproximadamente 20% (em volu- 15 ERRADO
me) do ar atmosférico em relação aos outros gases presentes na
mistura. Quando o oxigênio e o monóxido de carbono se encon- 16 CERTO
tram, ocorre a seguinte reação química. 17 CERTO
18 C
CO (g) + ½ O2 (g) → CO2 (g)
19 C
Nessa situação, considerando que todos os gases estejam 20 A
submetidos à mesma pressão e temperatura, o volume de ar ne-
cessário para a combustão completa de 20 L de monóxido de car-
bono é ANOTAÇÕES
(A) 5 L.
(B) 0,0002 L.
(C) 50 L. ______________________________________________________
(D) 20 L.
(E) 0,0005 L. ______________________________________________________

20-Suponha que em um cilindro provido de um pistão móvel ______________________________________________________


sem atrito seja realizada a combustão completa de determinada
______________________________________________________
quantidade de etanol líquido, conforme equação química a seguir,
em um processo isotérmico e isobárico em que os gases presentes ______________________________________________________
se comportam idealmente e o volume da fase líquida é constante.
______________________________________________________
C2H5OH (l) + 3 O2 (g) →
2 CO2 (g) + 3 H2O (l) ______________________________________________________

Do ponto de vista termodinâmico, nesse processo, o(a) ______________________________________________________


(A) valor absoluto da variação de energia interna é inferior ao
______________________________________________________
da variação de entalpia.
(B) quantidade calor trocado entre o sistema e o ambiente é ______________________________________________________
nula.
(C) sistema realiza trabalho sobre o ambiente. ______________________________________________________
(D) entropia do sistema aumenta.
(E) variação de energia livre é positiva. ______________________________________________________

______________________________________________________

GABARITO ______________________________________________________

______________________________________________________

1 D ______________________________________________________
2 E ______________________________________________________
3 B
______________________________________________________
4 E
5 ERRADO ______________________________________________________

6 ERRADO ______________________________________________________
7 B
______________________________________________________
8 E
______________________________________________________
9 C

332
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
BLOCO III

Sistema em Malha Aberta


NOÇÕES DE CONTROLE DE PROCESSO.
Sistema em malha aberta é aquele em que a informação sobre
a variável controlada (no caso da figura 1.2, temperatura do fluido
Os processos industriais são variados, englobam diversos tipos aquecido na saída do trocador) não é utilizada para ajustar quais-
de produtos e exigem controle preciso dos produtos gerados. Usu- quer das variáveis de entrada, visando compensar as variações que
almente, os maiores usuários de instrumentação são as indústrias ocorrem nas variáveis do processo e que influenciam na variável
que atuam nas áreas de petróleo, química, petroquímica, alimento, controlada.
cerâmica, siderúrgica, celulose e papel, têxtil, geração de energia
elétrica ete.
Em todos esses processos é indispensável se controlar e manter
constantes as principais variáveis, tais como pressão, nível, vazão,
temperatura, pH, condutividade, velocidade, umidade ete. Os ins-
trumentos de medição e controle permitem manter e controlar es-
tas variáveis em condições mais adequadas/precisas do que se elas
fossem controladas manualmente por um operador.
Os sistemas de controle mantêm a variável controlada no valor
especificado, comparando o valor da variável medida, ou a condi-
ção a controlar, com o valor desejado (ponto de ajuste ou set point),
e fazendo as correções em função do desvio existente entre estes
dois valores (erro ou oflset), sem a necessidade de intervenção do
operador.
Os diversos aspectos de instrumentação e de controle auto-
mático de processos podem ser mostrados mais apropriadamente
através de um exemplo prático.
Para ilustrar os diversos aspectos, utilizar-se-a, como processo
típico, o trocador de calor mostrado na figura 1.1, que é utilizado
para aquecer um fluido com vapor. FIGURA 1.2 Processo típico de troca de calor em malha aberta.
No caso da figura 1.1 o termo processo significa a operação de
adição de energia calorífica ao fluido frio (fluido a ser aquecido). O conceito de malha aberta é freqüentemente utilizado nas dis-
No exemplo mostrado na figura 1.1, a temperatura do fluido cussões dos sistemas de controle, para indicar que está se investi-
na saída do trocador é influenciada por vários fatores, sendo que gando a dinâmica do processo em uma condição não controlada, ou
os principais são vazão e temperatura de entrada do fluido a ser seja, investiga-se apenas a dinâmica do processo.
aquecido, vazão e característica do vapor utilizado no aquecimento,
capacidade calorífica dos fluidos, perda térmica do trocador para o Sistema em Malha Fechada
ambiente etc.
No processo típico de troca de calor em análise, bem como nos
demais casos de controle de processos, a função fundamental do
sistema de controle em malha fechada, ou sistema de controle com
realimentação, é manipular a relação entrada/saída de energia ou
material, de maneira que a variável controlada do processo seja
mantida dentro dos limites estabelecidos, ou seja, o sistema de con-
trole em malha fechada regula a variável controlada (temperatura
do fluido aquecido na saída do trocador), fazendo correções em ou-
tra variável do processo (vazão do vapor adicionada ao trocador),
que é chamada de variável manipulada.
O controle em malha fechada pode ser realizado por um opera-
dor humano (controle manual) ou mediante a utilização de instru-
mentação (controle automático).

FIGURA 1.1 Processo típico de troca de calor.

333
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO III

Conforme mostrado na figura 1.3, num processo utilizando con-


trole manual o operador terá como função medir a temperatura
do fluido aquecido (variável controlada) e corrigir a vazão do vapor
adicionado ao trocador (variável manípulada), de forma a manter
a temperatura da variável controlada no valor desejado (ponto de
ajuste ou set point). Ou seja, o operador irá medir a temperatura do
fluido aquecido através do tato; este sinal será comparado mental-
mente com a temperatura desejada (ponto de ajuste ou set point),
que está armazenada em seu cérebro, com base na diferença entre
estes dois “alares (erro ou offset), o operador fará a computação
(definirá como e quanto irá atuar) e, em seguida, atuará na válvula
de admissão de vapor fazendo a correção.

FIGURA 1.4 Processo típico de troca de calor utilizando contro-


le automático.

Conforme será visto em itens posteriores, além dos sistemas de


controle os processos industriais também utilizam os sistemas de
segurança. Basicamente, os sistemas de controle atuam/preponde-
ram enquanto o processo controlado estiver operando dentro das
condições normais para os quais ele foi projetado; complementar-
mente, os sistemas de segurança atuam/preponderam sempre que
o processo controlado sair das condições normais de operação e
FIGURA 1.3 Processo típico de troca de calor utilizando contro- se aproximar ou adentrar nas condições de operação consideradas
le manual. anormais e que possam ocasionar dificuldades/riscos operacionais
(ao equipamento ou ao processo), pessoais ou ambientais.
Caso o processo típico de troca de calor seja controlado utili-
zando-se controle automático, as ações executadas pelo sistema de CARACTERÍSTICAS GERAIS DE INSTRUMENTOS
controle automático serão as mesmas que as executadas pelo ope-
rador quando fazendo controle manual (medir, comparar, computar Classes de Instrumentos
e corrigir).
Na figura 1.4, a medição é feita pelo transmissor de tempera- Nas instalações industriais é comum se encontrar arranjos
tura (TI); a comparação do valor medido pelo transmissor (TT) com complexos de instrumentos de medição e controle. Para compre-
o ponto de ajuste dado pelo operador (set point) para obtenção ender-se mais facilmente suas funções, é necessário analisá-los
do valor do erro (valor do erro := valor do ponto de ajuste - valor utilizando-se a classificação adequada. Os instrumentos podem ser
medido da variável controlada) e a computação (que irá considerar classificados em:
os ajustes e tipos de ações de controle utilizadas) são executadas INSTRUMENTOS CEGOS
pelo controlador de temperatura (TRC), enquanto a correção será - São instrumentos que não têm indicação visível do valor da
efetivada pela válvula de controle (TV), com base no sinal recebido variável medida.
do TRC. Os instrumentos de alarme, tais como pressostatos e termos ta-
A forma de execução e o tempo gasto para efetivação das ações tos (chaves de pressão e temperatura), que só possuem uma escala
de controle dependem, basicamente, do sistema de controle utili- exterior com um índice de seleção para ajuste do ponto de atuação,
zado e das características do processo controlado. Como as carac- são instrumentos cegos. Os transmissores de vazão, pressão, nível e
terísticas do processo controlado (capacitâncias, resistências, tem- temperatura sem indicação local também são instrumentos cegos.
po morto etc.) não podem ser alteradas, o que se faz é especificar
o sistema de controle [transmissor, controlador (tipo e ajuste das INSTRUMENTOS INDICADORES
ações de controle), válvula etc.] mais adequado às características - São instrumentos que dispôrn de indicador e escala graduada,
do processo controlado, como forma de se otimizar o rendimento e na qual se pode ler o valor da variável medida/controlada.
facilitar a operação adequada do equipamento.
INSTRUMENTOS REGISTRADORES
- São instrumentos que registram a variável medida/controlada
com um traço contínuo ou através de pontos.

334
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO III

ELEMENTOS PRIMÁRIOS Em condições dinâmicas, o erro varia consideravelmente, pois os


- São elementos que estão em contato direto com a variável me- instrumentos têm características comuns aos sistemas físicos, ab-
dida/ controla- da e que utilizam ou absorvem energia do próprio sorvem energia do processo e esta transferência requer um certo
meio, para fornecer ao sistema de medição uma resposta em fun- tempo para ser transmitida. Este fato dá lugar a atrasos de leitura
ção da variação da variável medida/controlada. do instrumento. Sempre que as condições forem dinâmicas, exis-
tirá em maior ou menor grau o chamado erro dinâmico (diferença
TRANSMISSORES entre o valor instantâneo da variável medida e o valor indicado ou
- São instrumentos que detectam as variações na variável me- transmitido pelo instrumento), cujo valor depende do tipo de flui-
dida/controlada através do elemento primário e transmitem-na à do medido/controlado, da sua velocidade, do elemento primário,
distancia. O elemento primário pode ou não fazer parte integrante dos meios de medição ete. O erro médio do instrumento é a média
do transmissor. aritmética dos erros em cada ponto da medida, determinados para
CONVERSORES todos os valores crescentes e decrescentes da variável.
- São instrumentos que recebem um sinal de entrada pneumá-
tico ou eletrônico, procedente de um outro instrumento, e conver- PONTO DE AJUSTE (SET POIN7)
tem-no em um sinal de saída padrão, que pode ser de dois tipos, 4 - É o ponto no qual o controlador é ajustado para controlar o
a 20 mAcc ou 0,2 a 1,0 kgf/cm2 (l9,614 a 98,07 kPa). processo.

CONTROLADORES PRECISÃO (ACCURACY)


- São instrumentos que comparam o valor da variável medida/ - É a tolerância de medição ou de transmissão do instrumento.
controlada com o valor desejado (set paint ou ponto de ajuste) e Define o limite dos erros cometidos quando o instrumento é utiliza-
exercem uma ação de correção na variável manipulada, função da do em condições normais de serviço. A precisão pode ser expressa
diferença entre estes dois valores (erro ou al/set) e de sua equação de várias maneiras:
de controle (controladores P, P + I, P + I + D). a) em porcentagem do alcance (span);
b) em unidades da variável medida;
ELEMENTOS FINAIS DE CONTROLE c) em porcentagem de leitura;
- São equipamentos que recebem o sinal de correção do con- d) em porcentagem do valor máximo da faixa medida (range);
trolador e, em função deste sinal modificam/atuam sobre a variável e) em porcentagem do comprimento da escala.
manipulada ou agente de controle (válvula de controle). - Normalmente, a precisão varia em cada ponto da faixa de me-
dida, embora os fabricantes a especifiquem em toda a faixa do in-
Definições trumento, indicando seu valor em algumas regiões da escala.

A área de instrumentação e controle de processos utiliza ter- SENSIBILIDADE (SENSITIVITY)


minologia própria. Os termos utilizados, além de definirem as ca- - Valor mínimo que a variável deve mudar para obter-se uma
racterísticas dos sistemas de medição e controle, também definem variação na indicação ou transmissão. Normalmente expressa em
as características estáticas e dinâmicas dos diversos instrumentos porcentagem do alcance (span) .
utilizados.
A terminologia utilizada foi padronizada com o objetivo de per- REPETIBILIDADE (REPEATIBILITY)
mitir que fabricantes, usuários, projetistas e organismos ou enti- - É a capacidade de reprodução da indicação ou transmissão ao
dades que atuam no campo da instrumentação industrial utilizem se medir, repetidamente, valores idênticos da variável medida, nas
uma mesma linguagem. mesmas condições de operação e no mesmo sentido de variação. A
repetibilidade é geralmente expressa em porcentagem do alcance
FAIXA DE MEDIDA (RANGE) (span).
Faixa ou conjunto de valores da variável medida/controlada que
estão compreendidos dentro dos limites superior e inferior de capa- HISTERESE (HYSTERESIS)
cidade de medição, transmissão ou controle do instrumento, vem Diferença máxima que se observa nos valores indicados pelo
expressa estabelecendo os seus valores extremos. Exemplo: a faixa instrumento, para um mesmo valor qualquer da faixa de medida,
de medida de um instrumento de temperatura é de 100 a 300°C. quando a variável percorre toda a escala tanto no sentido crescente
como no decrescente. A histerese geralmente é expressa em por-
ALCANCE (SPAN) centagem do alcance (span).
É a diferença algébrica entre os valores superior e inferior da
faixa de medida (mnge) do instrumento. O instrumento do exemplo ELEVAÇÃO DE ZERO
anterior tem um alcan- ce (span) de 200°C. - É a quantidade com que o valor zero da variável supera o valor
inferior da faixa de medida (range). Pode ser expresso em unidades
ERRO (OFFSE1) da variável medida ou porcentagem do alcance (span).
No caso de controladores, erro (o/fiet) é a diferença entre o va-
lor do ponto de ajuste (set point) e o valor medido da variável con- SUPRESSÃO DE ZERO
trolada. De forma genérica, erro é a diferença entre o valor lido ou É a quantidade com que o valor inferior de faixa de medida (ran-
transmitido e o valor real da variável medida. Se o processo está em ge) supera o valor zero da variável. Pode ser expresso em unidades
condições de regime permanente, existe o chamado erro estático. da variável medida ou porcentagem do alcance t span),

335
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO III

IDENTIFICAÇÃO E SÍMBOLOS DE INSTRUMENTOS


As normas de instrumentação estabelecem símbolos gráficos e codificações para identificação alfa-numérica de instrumentos ou de
funções programadas, que deverão ser utilizadas nos diagramas e malhas de controle de projetos de instrumentação.
O propósito dos símbolos gráficos e codificações estabelecidos pelas normas é estabelecer uma maneira uniforme de identificação dos
instrumentos e sistemas de instrumentação, facilitar o entendimento dos diagramas e malhas de instrumentação e viabilizar a comunica-
ção entre usuários, projetistas e fornecedores.
A simbologia/codificação mais utilizada mundialmente na área de instrumentação e controle de processos é a padronizada na norma
S 5.1, da ISA (The Instrumentation, Systems and Automation. Society, antigamente denominada Instrument Society of America). Existem
outras normas que tratam do mesmo assunto, mas que não têm utilização tão ampla no Brasil e no mundo (ex.: RC-22, da SAMA - Scientific
Apparatlls Mahers Association, JIS etc.). Toda norma deve fornecer informações suficientes para que, ao se examinar um documento, se
consiga entendê-lo com relativa facilidade. Não deverá ser pré-requisito para este entendimento o conhecimento detalhado de um espe-
cialista em instrumentação ou controle de processos. Padronização ISA (The Instrumentation, Systems and Automation Society, Antiga-
mente Denominada Instrument Society of America) Neste livro adotar-se-á a simbologia/ codificação padronizada pela ISA. Para facilitar
o seu entendimento, mostra-se, a seguir, a essência da norma S 5.1 iLnstrumeniaiion Symbols and Identificacion), da The Instrumentation,
Systems and Auiomation Society (ISA), conforme texto extraído do livro Instrumentação APlicada ao Controle de Caldeiras, de Egídio
Alberto Bega, editado pela ISA, em 1998. Na parte inicial da norma ISA S 5.1, é apresentada a definição dos diversos termos utilizados
usualmente em instrumentação e controle de processos. A padronização ISA considera que cada instrumento ou função programada será
identificado por um conjunto de letras e um conjunto de algarismos. A primeira letra do conjunto de letras indica a variável medida/contro-
lada e as letras subsequentes indicam a função que o instrumento desempenha na malha de controle. O primeiro conjunto de algarismos
indica a área/fábrica e o segundo indica a malha à qual o instrumento ou a função programada pertence. Eventualmente, para completar
a identificação, poderá ser acrescido um sufixo.

Letras de Identificação de Instrumento ou Função Programada


(de Instrumentação Aplicada ao Controle de Caldeiras - Bega, E. A. - ISA)

336
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO III

Notas para a tabela anterior:


a) Uma letra tipo escolha do usuário é utilizada para cobrir significados não listados e que serão utilizados de maneira repetitiva em um
projeto particular. O significado da letra deve ser definido na legenda.
b) A letra A cobre todos os tipos de analisadores. Recomenda-se que o tipo de análise realizado pelo instrumento seja definido fora do
círculo de identificação.
c) A função passiva G aplica-se a instrumentos ou dispositivos que fornecem uma indicação visual não calibrada, como os visores de
vidro e monitores de TV.
d) No caso de diagramas, se necessário, as [unções associadas com o uso da letra subsequente Y são definidas fora do circulo de iden-
tificação.
e) Os termos modificadores alto, baixo, médio ou intermediário correspondem a valores das variáveis medidas, não aos valores dos
sinais correspondentes, a não ser que seja indicado de outra forma.
f) Os termos alto e baixo, quando aplicados a posições de válvulas e outros dispositivos abre-fecha, são definidos como segue: alto de-
nota que a válvula está na, ou se aproxima da, posição completamente aberta, e baixo mostra que ela está na, ou se aproxima da, posição
totalmente fechada.
g) O termo registrador aplica-se a qualquer forma de armazenamento permanente de informações que permite recuperação por
quaisquer meios.
h) A primeira letra V (vibração ou análise mecânica), desempenha o mesmo papel em monitoraçâo de máquinas que a letra A desem-
penha em análise de maneira geral. Exceto para a variável vibração, espera-se que as demais variáveis de análise mecânica sejam definidas
fora do círculo de identificação.

Em uma malha, a primeira letra de identificação funcional é selecionada de acordo com a variável medida ou controlada e não de
acordo com a variável manipulada. Adicionalmente, a identificação funcional de um instrumento é feita de acordo com a função por ele
executada e não de acordo com a sua construção.
A sequência de letras de identificação funcional de um instrumento ou função programada, começa com uma primeira letra selecio-
nada de acordo com a tabela 1.1. As letras de funções passiva ou de informação devem seguir em qualquer ordem, as letras de funções
ativa ou de saída seguem-nas também em qualquer ordem, com exceção da letra de função de saída C (controle), que deve preceder a
letra V (válvula), quando ambas coexistirem. Se forem utilizadas letras modificadoras, estas deverão ser interpostas de forma que fiquem
posicionadas seguindo imediatamente as letras que elas modificam.
A tabela a seguir mostra um exemplo de instrumento identificado de acordo com a norma ISA S 5.1, onde:
T variável medida ou iniciadora: TEMPERATURA;
R função passiva ou de informação: REGISTRADOR;
C função ativa ou de saída: CONTROLADOR;
210 - área de atividade ou fábrica, onde o instrumento ou função programada
atua;
02 número seqüencial da malha;
A sufixo.

Exemplo de Identificação de Instrumento (de Instrumentação Aplicada ao Controle de Caldeiras - Bega, E. A. - ISA)

A identificação da malha consiste da primeira letra e do número de sua identificação (no exemplo da tabela anterior, a identificação da
malha é T-21002). Cada instrumento dentro de uma mesma malha tem associado a ele um mesmo número de malha e a mesma primeira
letra. Cada malha tem uma única identificação de malha. Um instrumento comum a duas ou mais malhas deve carregar a identificação da
malha que for considerada predominante.
A numeração da malha pode ser feita de forma paralela ou seria!. No caso da numeração paralela inicia-se uma seqüência numérica
para cada nova letra, por exemplo, TIC-21000, FRC-21000, LIC-21000, AI21000 etc. No caso de numeração serial, utiliza-se uma seqüência
simples de números para um projeto ou para grandes seções de um projeto, independentemente da primeira letra de identificação da ma-
lha; por exemplo, TIC-21000, FRC-21001, LIC-21002, AI-21003 etc. Uma seqüência de numeração pode começar com 1 ou qualquer outro
número conveniente, tal como 01, 001, 301, 1401,21001.

337
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO III

Usualmente, na indústria, utiliza-se a numeração paralela. A figura 1.6 mostra os símbolos e funções de processamento de
O número de letras funcionais agrupadas para um instrumento sinais padronizados pela ISA.
deve ser mantido em um valor mínimo, de acordo com o julgamen-
to do usuário. O número total de letras dentro de um grupo não
deve exceder a quatro. Todas as letras da identificação funcional
deverão ser letras maiúsculas. Se uma dada malha tem mais de um
instrumento com a mesma identificação funcional, um sufixo pode
ser adicionado ao número da malha; por exemplo, FV-21002A, FV-
-21002B, FV-21002C etc., ou TE-21005-1, TE-21005-2 ete. Entretan-
to, pode ser mais conveniente ou lógico, em certos casos, designar
um par de transmissores; por exemplo, como IT-21002 e FT-21003,
ao invés de FT-21002A e FT-21002B.

A figura 1.5 mostra os símbolos gerais utilizados para represen-


tar instrumento ou função programada de acordo com a ISA S 5.1.

FIGURA 1.6 Símbolos e funções de processamento de sinais (de


Instrumentação Aplicada ao Controle de Caldeiras- Bega, E. A. - ISA).

A figura l.7 mostra os símbolos utilizados para representar li-


nhas para instrumento ou função programada, de acordo com a
norma ISA em referência.

FIGURA 1.5 Símbolos gerais para instrumento ou função progra-


mada (de Instrumentação Aplicada ao Controle de Caldeiras- Bega,
E. A. - ISA).

Notas para a figura 1.5:


a) Satisfeitas as exigências gerais de desenho quanto à clare-
za e legibilidade, os símbolos
de instrumento ou função programada podem ser desenhados
seguindo qualquer
orientação. FIGURA 1.7 Símbolos de linhas para instrumento ou função
b) De maneira similar, as linhas de sinal podem ser desenha- programada (de Instrumentação Aplicada ao Controle de Caldeiras-
das em um diagrama entran- Bega, E. A. - ISA).
do ou saindo da parte apropriada do símbolo, utilizando qual-
quer ângulo. Os exemplos de simbologia mostrados nas figuras a seguir,
c) Os blocos funcionais e os números de tag devem sempre ilustram os símbolos utilizados para representar instrumentos em
ser desenhados seguindo a diagramas e desenhos. Nestes desenhos também são mostrados
horizontal. exemplos de identificação de instrumentos.
d) Devem ser adicionadas setas direcionais às linhas de si- Não deve ser inferido que a escolha de qualquer dos esquemas
nal, quando necessário, para esclarecer a direção do fluxo de infor- apresentados constitui uma recomendação.
mação. O uso criterioso destas setas, especialmente em desenhos O tamanho dos círculos de identificação e dos diversos símbolos
complexos, freqüentemente facilitará o entendimento. A padro- mostrados nos exemplos estão na dimensão recomendada, entre-
nização ISA também considera que, quando da elaboração de um tanto, as dimensões poderão variar de acordo com a necessidade.
diagrama de controle, a identificação do instrumento será escrita As fontes de suprimento de eletricidade, ar comprimido e ou-
dentro do símbolo geral e que, em casos específicos, a sua função tras não são mostradas nos desenhos.
será detalhada pelo acréscimo de um símbolo de processamento de Na maioria das vezes, uma linha de sinal será suficiente para
sinais ao seu símbolo geral. representar as interconexões entre dois instrumentos em fluxogra-
mas, muito embora eles possam estar conectados fisicamente por
mais de uma linha.

338
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO III

A sequência na qual os instrumentos ou funções de uma malha Alguns exemplos de correlações entre massas
são conectados, deve refletir o fluxo lógico funcional ou de infor- 1 kg = 2,2 lb 1 lb = 454 g
mação. 1 kg = 1.000 g 1 t = 1.000 kg
O grau de detalhe a ser aplicado a cada documento fica a crité-
rio do usuário da norma. Alguns exemplos de correlações entre pressões
1 atm = 1,033 kgf/cm2
1 atm = 14,7 psi (lbf/in2)
NOÇÕES DE OPERAÇÕES UNITÁRIAS. 1 atm = 30 in Hg
1 atm = 10,3 m H2O
Introdução 1 atm = 760 mm Hg
A disciplina denominada Operações Unitárias é aquela que 1 atm = 34 ft H2O
classifica e estuda, separadamente, os principais processos físico- 1 Kpa = 10–2 kgf/cm2
-químicos utilizados na indústria química. Os processos mais co-
muns encontrados nas indústrias químicas são a Destilação Atmos- Algumas observações sobre medições de pressão:
férica e a Vácuo, os processos de Absorção e Adsorção, a Extração – Pressão Absoluta = Pressão Relativa + Pressão Atmosférica
Líquido-Líquido e Líquido-Gás, o processo de Filtração, assim como – Pressão Barométrica = Pressão Atmosférica
alguns mais específicos, como por exemplo, o Craqueamento Cata- – Pressão Manométrica = Pressão Relativa
lítico, Hidrocraqueamento, Hidrotratamento de correntes instáveis
e outros utilizados principalmente na Indústria Petrolífera. Alguns exemplos de correlações entre temperaturas
tºC = (5/9)(tºF – 32)
Conceitos Fundamentais tºC = (9/5)(tºC) + 32
Alguns conhecimentos são fundamentais para que se possa es- tK = tºC + 273
tudar de forma adequada a disciplina denominada Operações Uni- tR = tºF + 460 (temperatures absolutas)
tárias, como conhecimentos sobre conversão de unidades, unida-
des que podem ser medidas lineares, de área, de volume, de massa, Algumas observações sobre medições de temperatura:
de pressão, de temperatura, de energia, de potência. Outro concei- Zero absoluto = –273ºC ou – 460ºF
to-base para “Operações Unitárias” é o de Balanço, tanto Material (DºC/DºF) = 1,8
quanto Energético. (DK/DR) = 1,8

Conversão de unidades Alguns exemplos de correlações entre potências


É necessário conhecer as correlações existentes entre medidas 1 HP = 1,014 CV
muito utilizadas na Indústria Química, como é o caso das medidas 1 HP = 42,44 BTU/min
de temperatura, de pressão, de energia, de massa, de área, de volu- 1KW = 1,341 HP
me, de potência e outras que estão sempre sendo correlacionadas. 1 HP = 550 ft.lbf/s
1KW = 1 KJ/s
Alguns exemplos de correlações entre medidas lineares: 1 KWh = 3.600 J
1 ft =12 in 1KW = 1.248 KVA
1 in =2,54 cm
1 m =3,28 ft Alguns exemplos de correlações de energia
1 m =100 cm = 1.000 mm 1 Kcal = 3,97 BTU
1 milha =1,61 km 1BTU = 252 cal
1 milha =5.280 ft 1BTU = 778 ft.lbf
1 km =1.000 m 1Kcal = 3,088 ft.lbf
1Kcal = 4,1868 KJ
Alguns exemplos de correlações entre áreas
1 ft2 = 144 in2 Balanço Material
1 m2 = 10,76 ft2 Como se sabe, “na natureza nada se cria, nada se destrói, tudo
1 alqueire = 24.200 m2 se transforma”, ou seja, a matéria não é criada e muito menos des-
1 km2 = 106 m2 truída, e, portanto, num balanço material envolvendo um certo sis-
tema, a massa que neste entra deverá ser a mesma que dele estará
Alguns exemplos de correlações entre volumes saindo. No processamento uma tonelada, por exemplo, por hora de
1 ft3 = 28,32 L petróleo em uma refinaria, obtém-se exatamente uma tonelada por
1 ft3 = 7,481 gal hora de produtos derivados deste processo, como gás combustível,
1 gal = 3,785 L GLP, gasolina, querosene, diesel e óleo combustível. A queima de
1 bbl = 42 gal um combustível em um forno ou em uma caldeira é outro exem-
1 m3 = 35,31 ft3 plo, porém menos evidente em que ocorre o mesmo balanço de
1 bbl = 0,159 1 m3 massa: pode-se citar que durante a queima de 1 tonelada de um
certo combustível em um forno ou uma caldeira, considerando-se
que são necessárias 13 toneladas de ar atmosférico, tem-se como
resultado 14 toneladas de gases de combustão.

339
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO III

Em um Balanço Material, não se deve confundir massa com Referências


volume, pois as massas específicas dos produtos são diferentes. As- Curso de formação de operadores de refinaria: operações uni-
sim, um balanço material deverá ser realizado sempre em massa, tárias /Valter Roitman. – Curitiba: PETROBRAS: UnicenP, 2002.
pois a massa de um certo produto que entra em um certo sistema,
mesmo que transformada em outros produtos, sempre será a mes-
ma que está saindo deste sistema, enquanto os volumes sofrem va- NOÇÕES DE EQUIPAMENTOS DE PROCESSO: BOMBAS
riação conforme a densidade de cada produto. CENTRÍFUGAS E ALTERNATIVAS

Balanço Energético
Existem diversos tipos de energia, por exemplo, Calor, Traba- Bomba é uma máquina de fluxo do tipo geratriz. Máquinas ge-
lho, Energia de um corpo em movimento, Energia Potencial (um ratrizes são aquelas que recebem trabalho mecânico, geralmente
corpo em posição elevada), Energia elétrica e outras. Assim como a fornecido por uma máquina motriz (motores), e o transforma em
matéria, a energia de um sistema não pode ser destruída, somen- energia hidráulica, propiciando (cedendo) ao líquido um acréscimo
te poderá ser transformada em outros tipos de energia, como por de energia sob as formas de energia potencial de pressão e ener-
exemplo, o motor de uma bomba que consome energia elétrica e gia cinética. Então, a bomba é uma máquina geratriz que tem por
a transforma em energia de movimento do líquido, calor e energia finalidade realizar o deslocamento de um líquido por escoamento.
de pressão.
A água, no alto de um reservatório, ao movimentar um gerador, Classificação das Bombas
transforma sua energia potencial em energia elétrica, calor e ener-
gia de movimento (energia cinética). Neste caso, o balanço de ener- O modo pelo qual é feita a transformação do trabalho em ener-
gia do sistema poderia ser representado pela seguinte expressão: gia hidráulica e o recurso para cedê-la ao líquido, aumentando sua
Energia Potencial da água do reservatório = Energia elétrica for- pressão e/ou sua velocidade, permitem classificar as bombas, se-
necida pelo gerador + calor de aquecimento do gerador + Energia gundo o Hydraulic Institute (USA), em:
de movimento da água após a turbina. a) Bombas Cinéticas: (a) Centrífugas: de fluxo radial; de fluxo
No caso de um forno ou uma caldeira que aquece um certo misto e de fluxo axial; (b) Periféricas: de estágio único e de estágios
líquido, o balanço de energia observado será: múltiplos; (c) Especiais: de ejetor; de injeção de gás; de aríete hi-
Calor liberado pela queima do combustível = Calor contido nos dráulico e eletromagnético.
gases de combustão que saem do forno ou da caldeira + Calor con- b) Bombas de Deslocamento Positivo (Direto): (a) Com movi-
tido nos produtos que deixam o forno ou a caldeira. mento alternado (alternativas): de pistão; de êmbolo e de diafrag-
É importante ressaltar que, muito embora as diversas formas ma; (b) Com movimento rotativo (rotativas): de rotor único (de
de energia sejam medidas em unidades diferentes, tais como, ener- palheta, de pistão, de membro flexível, de parafuso) e de rotor
gia elétrica em KWh, trabalho em HP. h, calor em caloria, em um múltiplo (de engrenagem, de lóbulo, de pistão circunferencial, de
balanço energético é necessário que todas as formas de energia parafuso).
envolvidas no balanço estejam expressas na mesma unidade de
energia. Nessa classificação, foram reunidas, sob a denominação de
bombas cinéticas, aquelas em que é importante o fornecimento de
Sugestão para aplicação nos cálculos de Balanços Mássicos e energia à água, sob forma de energia de velocidade. Essa energia
Energéticos converte-se dentro da bomba em energia de pressão, permitindo
Como regra geral, antes de iniciar cálculos que evolvam balan- que a água atinja posições mais elevadas dentro de uma tubulação.
ços mássicos e/ou balanços energéticos, deve-se: Nas bombas de deslocamento positivo, tem-se, principalmen-
a) transformar todas as vazões volumétricas em vazões mássi- te, uma ação de propulsão que faz incrementar a energia de pres-
cas, pois o balanço deve ser realizado sempre em massa, uma vez são e alcançar os mesmos objetivos das bombas cinéticas.
que a vazão em massa não varia com a temperatura. As primitivas bombas utilizadas em abastecimento de água
b) faça um esquema simplificado do processo em que serão eram do tipo de deslocamento direto, de movimento alternativo, a
realizados os balanços; pistão; eram movimentadas por máquinas a vapor.
c) identifique com símbolos, as vazões e as composições de Com o advento da eletricidade e do motor elétrico, as bombas
todas as correntes envolvidas nos processos em que estão sendo cinéticas do tipo centrífugas passaram a ser preferidas devido ao
realizados os balanços; maior rendimento, ao custo menor de instalação, operação e ma-
d) anote, no esquema simplificado de processo, todos os dados nutenção e ao reduzido espaço exigido para a sua montagem, com-
de processo disponíveis como vazões, composições, temperaturas, parativamente às bombas de pistão.
pressões, etc; Atualmente, há um predomínio quase total das bombas cen-
e) verificar que composições são conhecidas ou podem ser cal- trífugas em sistemas públicos de abastecimento de água e mesmo
culadas; nos de esgotamento sanitário. Dos demais tipos citados, aquelas
f) verificar quais vazões mássicas são conhecidas ou podem ser que ainda encontram emprego na extração de água de poços são:
calculadas; a bomba de pistão, a bomba centrífuga com ejetor e a bomba de
g) selecionar a base de cálculo conveniente a ser adotada para injeção de ar comprimido.
o início da resolução do problema. As bombas de deslocamento positivo são, hoje, utilizadas, den-
tro das atividades de saneamento, nos processos de tratamento,
principalmente como bombas dosadoras e são, em geral, equipa-
mentos para pequenas vazões e consideráveis pressões.

340
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO III

Bombas Centrífugas Tipos de rotores para bombas de fluxo radial


Pela importância e pela gama de aplicações no saneamento, O rotor aberto tem as pás livres na parte frontal e quase livres
as bombas centrífugas serão o enfoque central das apresentações na parte posterior.
que se seguirão. Inclusive, no último capítulo, onde se tratará de No rotor semiaberto, as pás são fixadas de um lado num mes-
instalação, operação e manutenção, este tipo de bomba será objeto mo disco, ficando o outro lado livre. Ambos, destinam-se a bombe-
da abordagem. ar líquidos viscosos ou sujos.
O rotor fechado tem as pás compreendidas entre dois discos
aproximadamente paralelos. Apresenta bom rendimento e é de uso
geral para águas limpas. Pode ter entrada de um só lado (sucção
simples, letra C) ou de ambos os lados (sucção dupla, letra D).
As bombas centrífugas de fluxo radial destinam-se ao recalque
de líquidos, em geral a posições mais elevadas. São os tipos de uso
comum em captações com grande recalque, em elevatórias situa-
das junto às estações de tratamento ou a reservatórios, torres e,
ainda, em estações de reforço de pressão (“boosters”).
Quando a pressão a ser gerada for muito elevada, as bombas
centrífugas podem ter dois ou mais rotores fechados; são as bom-
Fazendo parte das turbobombas, ou bombas rotodinâmicas, as bas de duplo ou múltiplo estágio. A água que sai do primeiro rotor
bombas centrífugas são caracterizadas por possuírem um órgão ro- é conduzida para o segundo rotor, de onde sai com a pressão au-
tatório dotado de pás, chamado rotor, que exerce, sobre o líquido, mentada.
forças que resultam da aceleração que lhe imprime. Estas bombas Na bomba de fluxo axial, a movimentação da água faz-se no
são usualmente classificadas segundo a trajetória do líquido no ro- sentido do eixo de acionamento do rotor. Este se assemelha a uma
tor em: de fluxo radial, de fluxo misto e de fluxo axial. hélice (letra F), sendo, por isso, conhecida, também, por bomba de
As bombas de fluxo radial são as denominadas centrífugas pro- hélice. Sua aplicação é reservada ao bombeamento de grandes va-
priamente ditas. A água penetra na bomba por uma entrada junto zões e reduzidas alturas. É utilizada, frequentemente, em captações
ao eixo do rotor, sendo daí dirigida para a periferia a grande velo- de água de mananciais de superfície com pequena altura de eleva-
cidade, graças à força centrífuga gerada pelo rotor em movimenta- ção.
ção. A água sai do rotor tangencialmente, sendo, canalizada numa Por fim, as bombas de fluxo misto combinam princípios das
câmara de forma circular afunilada, denominada voluta, onde parte bombas radiais e axiais. O caminhamento da água é helicoidal. Na
da energia de velocidade é convertida em energia de pressão. A prática norte-americana são conhecidas como bombas turbina, de-
depressão causada na entrada com o deslocamento da água para vido à semelhança do rotor (letra G) a certo tipo de turbina hidráu-
a periferia assegura a chegada contínua de água situada em cota, lica. As bombas de eixo prolongado para extração de água de poços
inferior ao corpo da bomba. É a faculdade da bomba conhecida por profundos são geralmente do tipo de fluxo misto e quase sempre
sucção. de vários estágios.
A definição por uma bomba centrífuga e a escolha da mesma
é feita essencialmente através da vazão que se deseja elevar (bom-
bear) e da altura total desta elevação. A vazão é o volume do líqui-
do por unidade de tempo e pode ser expressa em m3/h, m3/s, l/h,
l/s, entre outros, sendo esta expressão escolhida de acordo com a
grandeza do volume; a vazão é indicada pela letra maiúscula Q. Já
a altura total de elevação, tecnicamente chamada de altura mano-
métrica total, corresponde ao desnível geométrico, verificado entre
os níveis da água na tomada e na chegada, acrescido de todas as
perdas localizadas e por atrito que ocorrem nas peças e tubulações,
quando se recalca uma determinada vazão Q. Estas podem ser des-
dobradas em perdas na sucção (trecho anterior à bomba) e perdas
no recalque (trecho posterior à bomba).
Outros fatores também devem ser considerados quando da
escolha de uma bomba centrífuga, a saber: a rotação, a potência
absorvida e a eficiência.
A rotação é caracterizada pela velocidade que a máquina de
acionamento (motor) imprime à bomba. No caso de motor elétri-
co, essa velocidade é função direta da frequência ou ciclagem da
corrente e do número de pólos que possui o motor. De acordo com
essa velocidade, as bombas podem ser classificadas em:

341
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO III

Bomba Rotação por minuto (RPM) h) Luva de acoplamento: elemento de ligação entre o eixo do
acionador (motor) e o eixo da máquina de fluxo (bomba). Tem como
Alta Rotação 3.000 a 3.600 função complementar absorver desalinhamentos e amortecer vi-
Média Rotação 1.500 a 1.800 brações e choques.
Baixa Rotação 1.200 ou menor
BOMBAS HIDRAULICAS1
Classificação conforme a RPM
As bombas são utilizadas nos circuitos hidráulicos para conver-
A potência absorvida pela bomba é uma grandeza física que
ter energia mecânica em energia hidráulica. A ação mecânica cria
depende da vazão e da altura que se deseja que ela opere e através
um vácuo parcial na entrada da bomba e permite que a pressão
delas encontrada; esta grandeza é expressa em CV (cavalo-vapor) e
atmosférica force o fluido do tanque, através da linha de sucção, a
serve de base para a escolha da máquina de acionamento (motor)
penetrar na bomba. A bomba passará o fluido para a abertura de
para a bomba.
descarga forçando-o através do sistema hidráulico.
Eficiência é a relação existente entre os valores equivalentes
à potência hidráulica da bomba devido à elevação da água e à po-
tência exigida pela mesma numa determinada condição de funcio-
namento. Quanto mais apropriada for uma bomba para um caso,
o rendimento deverá ser maior. Inversamente, bombas dimensio-
nadas para outras condições poderão cumprir a finalidade deseja-
da, mas funcionarão com baixa eficiência, significando que exigirá
maior energia comparada com outra bomba de melhor rendimento.
Na escolha de uma bomba centrífuga, a altura manométrica to-
tal é subdividida em alturas manométricas de recalque e de sucção,
sendo que esta última necessita ser calculada separadamente para
verificar se a bomba terá condições de operar à vazão de projeto,
sem sofrer danos. Se a altura de sucção for excessiva para determi-
nada bomba, esta sofrerá um fenômeno conhecido por cavitação.
É o desgaste anormal de partes vitais do rotor, causado pela forma-
ção seguida de destruição brusca de partículas de vapor d’água na
massa líquida, naquelas condições. A cavitação produz vibrações e
reduz a capacidade de bombeamento e, portanto, a eficiência da
bomba, além de danificar o rotor e a carcaça da bomba.
Para concluir e melhor ilustrar este item, descreveremos a se-
guir os principais componentes internos de uma bomba centrífuga,
ou ligados a ela:
a) Rotor: também chamado de impulsor ou impelidor, tem a
finalidade de transformar energia mecânica que recebe do eixo em
energia hidráulica;
b) Eixo: peça destinada a articular uma ou mais partes de um
mecanismo que entorno dela descrevem movimento circular; nas
As bombas são classificadas, basicamente, em dois tipos: hi-
bombas é o eixo que transmite a energia mecânica provinda do mo-
drodinâmicas e hidrostáticas.
tor;
Hidrodinâmica: É a hidráulica que trabalha com altas veloci-
c) Carcaça: também denominado corpo espiral, trata-se da
dades (altas vazões) e pressões baixas, em que a energia cinética
estrutura externa e fixa da bomba que abriga o conjunto interno
prevalece para provocar movimentos.
girante (eixo/rotor);
d) Mancal de rolamento: dispositivo sobre o qual se apoia um
Hidrostástica: É a hidráulica cuja pressão exercida no fundo
eixo girante e que lhe permite o movimento com um mínimo de
de um recipiente é originada da altura do fluido. Tendo assim uma
atrito. É nele que estão alojados os rolamentos;
energia potencial.
e) Rolamento: mecanismo que diminui o atrito e facilita o mo-
vimento de rotação do eixo;
Com bombas hidráulicas conseguimos trabalhar com pressões
f) Gaxeta: transado de amianto grafitado disposto em forma
mais elevadas em relação à pressão atmosférica. Nestas condições
de anéis, utilizado para fazer a vedação hidráulica em uma junção
de trabalho com pressões altas, temos baixas velocidades (baixas
móvel, no caso entre o eixo e o corpo da bomba;
vazões) para termos um bom controle de movimento. As bombas
g) Selo mecânico: cumpre o mesmo papel de vedação da gaxe-
hidráulicas são classificadas como positivas (fluxo pulsante) e não-
ta, porém é formado por duas partes, uma móvel e outra fixa com
-positivas (fluxo contínuo).
composição de carvão e aço inox (ou cerâmica e aço inox), manten-
do-se unidas por pressão de uma mola;

1 Catalogo Bombas hidráulicas - Parker


http://www.industriahoje.com.br/o-que-e-e-como-funciona-uma-bomba-hidraulica

342
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO III

Bombas hidrodinâmicas O deslocamento é expresso em centímetros cúbicos por rota-


São bombas de deslocamento não-positivo usadas para trans- ção e, a bomba é caracterizada pela sua capacidade nominal em
ferir fluidos e cuja única resistência é a criada elo peso do fluido e litros por minuto.
pelo atrito. Essas bombas raramente são usadas em sistemas hi-
dráulicos, pois seu poder de deslocamento de fluido se reduz quan- Capacidade de fluxo
do aumenta a resistência e também porque é possível bloquear A capacidade de fluxo pode ser expressa pelo deslocamento ou
completamente seu pórtico de saída em pleno regime de funciona- pela saída em litros por minuto.
mento da bomba.
Eficiência volumétrica
Teoricamente, uma bomba desloca uma quantidade de fluido
igual ao seu deslocamento em cada ciclo ou revolução. Na prática, o
deslocamento é menor devido aos vazamentos internos.
Quanto maior a pressão, maior será o vazamento da saída para
a entrada da bomba ou para o dreno, o que reduzirá a eficiência
volumétrica.
A eficiência volumétrica é igual ao deslocamento real dividido
pelo deslocamento teórico, dada em porcentagem.

Fórmula

Se, por exemplo, uma bomba a 70 kgf/cm2 de pressão deve


deslocar, teoricamente, 40 litros de fluido por minuto e desloca
apenas 36 litros por minuto, sua eficiência volumétrica, nessa pres-
são, é de 90%, como se observa aplicando os valores na fórmula:

Bombas hidrostáticas
São bombas de deslocamento positivo que fornecem determi- A maioria das bombas hidráulicas atualmente em uso são do
nada quantidade de fluido a cada rotação ou ciclo. Como nas bom- tipo rotativo, um conjunto rotativo transporta o fluido da abertura
bas hidrodinâmicas, a saída do fluido independe da pressão, com para de entrada para a saída.
exceção de perdas e vazamentos, praticamente todas as bombas De acordo com o tipo de elemento que produz a transferência
necessárias para transmitir força hidráulica em equipamento in- do fluido, as bombas rotativas podem ser de engrenagens, de pa-
dustrial, em maquinaria de construção e em aviação, são do tipo lhetas ou de pistões.
hidrostático.
As bombas hidrostáticas produzem fluxos de forma pulsativa, Localização da bomba
porém sem variação de pressão no sistema. Muitas vezes num sistema hidráulico industrial, a bomba está
localizada sobre a tampa do reservatório que contém o fluido hi-
Especificação de bombas dráulico do sistema. A linha ou duto de sucção conecta a bomba
As bombas são geralmente especificadas pela capacidade de com o líquido no reservatório.
pressão máxima de operação e pelo seu deslocamento, em litros O líquido, fluindo do reservatório para a bomba, pode ser con-
por minuto, em uma determinada rotação por minuto. siderado um sistema hidráulico separado. Mas, neste sistema, a
pressão menor que a atmosférica é provocada pela resistência do
Relações de pressão fluxo.
A faixa de pressão de uma bomba é determinada pelo fabrican-
te, baseada na vida útil da bomba.

Observação: Se uma bomba for operada com pressões supe-


riores as estipuladas pelo fabricante, sua vida útil será reduzida.

Deslocamento
Deslocamento é o volume de líquido transferido durante uma
rotação e é equivalente ao volume de uma câmara multiplicado
pelo número de câmaras que passam pelo pórtico de saída da bom-
ba, durante uma rotação da mesma.

343
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO III

A energia para deslocar o líquido é aplicada pela atmosfera. A Quais os modelos mais comuns de bomba hidráulica
atmosfera e o fluido no reservatório operam juntos, como no caso Existem muitos modelos de bombas hidráulicas, mas alguns
de um acumulador. podem ser considerados os tipos principais, uma vez que são os
mais comuns utilizados no setor da indústria. Entre eles, estão os
Medição da pressão atmosférica modelos de bombas de engrenagens, os quais são formados por um
Nós geralmente pensamos que o ar não tem peso. Mas, o oce- par de engrenagens que rodam no interior de um compartimento
ano de ar cobrindo a Terra exerce pressão sobre ela. Torricelli, o estreito.
inventor do barômetro, mostrou que a pressão atmosférica pode Dessa forma, o óleo é colocado de um lado do compartimento
ser medida por uma coluna de mercúrio. e transportado em torno da área exterior entre os dentes de engre-
nagem e para fora do ponto de descarga no lado oposto. Algumas
bombas hidráulicas desse tipo possuem engrenagens de dentes
excêntricos externos que giram em volta dos dentes de uma engre-
nagem interna. Esses modelos de bombas são bastante eficientes e
confiáveis, porém, são muito ruidosas.
Já as bombas hidráulicas de palhetas se chamam assim porque
são compostas por um conjunto de palhetas constantemente ajus-
táveis e montadas em um eixo excêntrico dentro de um comparti-
mento fechado. Conforme o eixo se move ao redor da cobertura, as
palhetas se ajustam a fim de manter as pontas em contato com a
superfície interna da caixa. Já o fluído é colocado no compartimento
e é transportado em torno dele, nas palhetas do ponto de descarga,
local onde é forçado a sair. Esses modelos são ainda mais eficientes
em comparação às bombas de engrenagens.
Ao encher um tubo com mercúrio e invertendo-o em uma cuba Outro modelo bastante usado na indústria é a bomba hidráuli-
cheia com mercúrio, Torricelli descobriu que a atmosfera padrão ao ca de parafuso, que possui um par de engrenagens em espiral situ-
nível do mar suporta uma coluna de mercúrio de 760 mm de altura. ada dentro de um cilindro fechado. Assim, o líquido lubrificante é
A pressão atmosférica ao nível do mar mede ou é equivalente colocado em uma extremidade do cilindro, sendo forçado ao longo
a 760 mm de mercúrio. Qualquer elevação acima desse nível deve do seu comprimento entre os dentes das engrenagens e as paredes
medir evidentemente menos do que isso. do cilindro. Outros modelos de bombas hidráulicas são as de pis-
Em um sistema hidráulico, as pressões acima da pressão at- tões radiais, de pistão axial e as geradoras.
mosférica são medidas em kgf/cm2.

Operação no lado de sucção da bomba


Quando uma bomba não está em operação, o lado de sucção
do sistema está em equilíbrio.
A condição de “sem fluxo” existe e é indicada pelo diferencial
de pressão zero entre a bomba e a atmosfera. Para receber o supri-
mento de líquido até o rotor, a bomba gera uma pressão menor do
que a pressão atmosférica. O sistema fica desbalanceado e o fluxo
ocorre.

O uso da pressão atmosférica


A pressão aplicada ao líquido pela atmosfera é usada em duas
fases:
1. Suprir o líquido à entrada da bomba. Aplicações da bomba hidráulica
2. Acelerar o líquido e encher o rotor que está operando a alta Assim como a variedade de bombas hidráulicas é grande, o
velocidade. mesmo acontece com as suas aplicações, tendo um amplo uso no
ramo industrial. Mas mesmo antes da era industrial, as bombas hi-
dráulicas já eram muito usadas, como para usar os cata-ventos ou
rodas d’água no bombeio do líquido para o consumo das cidades,
bem como na irrigação e para o consumo animal.
Atualmente, suas aplicações são inúmeras, como nas bombas
para irrigação, abastecimento de água, de gasolina e outros com-
bustíveis, bem como em sistemas de condicionamento de ar, re-
frigeração e no deslocamento de produtos químicos. Elas também
são úteis no combate a enchentes, serviços em embarcações e em
demais processos industriais, entre outras funções.

344
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO III

PERMUTADORES DE CASCO/TUBO

Permutadores de calor (ou trocador de Calor) são equipamentos em que dois fluidos com temperaturas diferentes trocam calor
através de uma interface metálica. Esta troca térmica é empregada para atender às necessidades do processo e/ou economizar a energia
que seria perdida para o ambiente. No processo de troca térmica pode haver ou não mudança de fase (condensação ou evaporação) dos
fluidos envolvidos.

Classificação geral dos permutadores quanto à finalidade

Permutadores para aquecimento

- AQUECEDOR OU PREAQUECEDOR (heater, preheater)


Aquece um fluido do processo, recebendo calor sensível normalmente de vapor d’água, ou de outro fluido quente disponível. Pode
haver ou não condensação do fluido quente.

- REFERVEDOR (reboiler)
Vaporiza um líquido, recebendo calor normalmente de vapor d’água, ou de outro fluido quente disponível.
Opera em conjunto com torres de processamento, vaporizando parte dos seus produtos de fundo.

- GERADOR DE VAPOR (steam generator)


Gera vapor d’água, recebendo calor de outro fluido quente disponível no processo.

Permutadores para resfriamento

- RESFRIADOR (cooler)
Resfria fluidos do processo, cedendo calor para água.

- CONDENSADOR (condenser)
Condensa vapores, cedendo calor para água. É empregado para recuperação de vapores de colunas de destilação, bem como para
condensação do vapor exausto de turbinas, reduzindo a pressão de descarga das mesmas.

Permutador ou intercambiador (exchanger)


Troca calor entre dois fluidos de processo. Aproveita a energia de um fluido que precisa ser resfriado e a transfere para outro que
necessita ser aquecido, reduzindo perdas e melhorando o rendimento energético da unidade.

Tipos construtivos de permutadores de calor


Os permutadores de calor em unidades de processo, notadamente refinarias, devem atender a exigências de grandes vazões dos
fluidos e/ou condições severas de temperatura e pressão. Os tipos mais utilizados são:
- Casco e tubos
- Trocadores tipo tubo duplo ou bitubulares
- Resfriadores a ar
- Trocadores de placas

345
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO III

- Permutadores espirais

Na escolha dos tipos de permutador entram fatores como características dos fluidos, custo, facilidade de manutenção e a experiência
do projetista. Apenas alguns dos tipos (e subtipos) apresentados são amplamente utilizados. Os de casco e tubos são o principal tipo de
permutador encontrado em refinarias.

CASCO E TUBOS (SHELL AND TUBE)

Descrição geral
Resumidamente, consiste em um casco que contém no seu interior um feixe de tubos. Um dos fluidos passa pelo casco (fluido do lado
casco) e o outro pelo feixe de tubos (fluido do lado tubos), sendo a troca térmica realizada através das paredes dos tubos do feixe.

Permutador de Calor (Casco e Tubos)

Partes principais

Feixe de tubos
É um conjunto de tubos presos por suas extremidades a duas placas, denominadas espelhos. O feixe atravessa chapas metálicas cha-
madas de chicanas, colocadas espaçadamente entre os espelhos e fixadas por tirantes, visando evitar a flexão dos tubos e melhorar a troca
térmica, o que aumenta o tempo de residência e a turbulência do fluido que passa no casco.
Os tubos são fabricados de diversas ligas de materiais metálicos ferrosos e não-ferrosos. Podem ser dos seguintes tipos:
- Lisos: São os mais usados, de 3/4” a 2” e espessuras BWG
- Aletados: Para aplicações específicas

346
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO III

Vários tipos de Permutadores de Calor

347
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO III

Tubos dobrados em U
Para uso com cabeçotes de retorno. Deseja-se obter o maior número possível de tubos na seção do casco e, ao mesmo tempo, prover
espaço para a passagem do fluido no casco. A disposição dos tubos no feixe pode ser:
- Passo triangular – Melhora a troca, mas só é usado para fluidos limpos
- Passo quadrado – Usado em refinarias devido à facilidade de limpeza externa.

As chicanas podem ser de três tipos:


- De orifícios anulares
- Tipo disco e anel
- Segmentadas

Casco e cabeçotes
O casco, normalmente cilíndrico, é o invólucro do permutador, envolvendo o feixe de tubos e o fluido que passa por fora destes (do
lado casco).

348
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO III

O casco é fechado nas extremidades pelos cabeçotes, que for- K - Caldeira (ketle)
mam com os espelhos câmaras de entrada e saída do fluido do lado
tubos. Os cabeçotes são denominados de estacionário e de retorno, Tipos de cabeçote de retorno
pois o fluido do lado tubos pode ter mais de uma passagem, indo e L - Espelho fixo igual ao cabeçote estacionário A
voltando pelo feixe, e um dos cabeçotes teria a função de promover M - Espelho fixo igual ao cabeçote estacionário B
o retorno do fluido. N - Espelho fixo igual ao cabeçote estacionário C
Quando os dois fluidos percorrem o permutador na mesma di- P - Cabeçote flutuante engaxetado externamente
reção, diz-se que estão em paralelo, e quando em direções opostas, S - Cabeçote flutuante com anel bipartido
diz-se que estão em contracorrente. Este último é o fluxo normal- T - Cabeçote flutuante com tampo preso no espelho
mente utilizado. U - Tubo em U
No fluxo em contracorrente, a temperatura do fluido frio pode W - Cabeçote flutuante engaxetado internamente
ultrapassar a menor temperatura do fluido quente, o que não pode
ocorrer no fluxo em paralelo. O casco pode ser construído a partir Os tipos A e B podem ser retirados sem mexer no resto do equi-
de tubos com até 24” de diâmetro nominal, ou de chapas calandra- pamento, o que não acontece com C e D. Os tipos A e C permitem
das e soldadas a partir de 13” de diâmetro. Fabricados normalmen- inspeção dos tubos sem a remoção de todo o cabeçote, o que não
te em aço-carbono, também podem ser feitos em aço-liga e ligas de acontece com o tipo B. O tipo C é solidário ao feixe de tubos. Em
alumínio, quando de tubo, e em aço-liga, ligas de níquel e ligas de refinarias, os cascos do tipo E são os mais comuns. Os de fluxo divi-
cobre, quando de chapa. dido (G, H e J) são usados para diminuir a perda de carga do fluido
O casco possui dois ou mais bocais para entrada e saída do flui- no casco. E os de tipo K são muito utilizados como refervedores
do do lado casco, e os cabeçotes têm bocais para entrada e saída do e refrigeradores. Os cabeçotes flutuantes ou para tubos em U (S,
fluido do lado tubos. Se um dos cabeçotes é de retorno, então este T e U) são utilizados para grandes diferenciais de temperatura. Os
não possui bocal. Os bocais de entrada e saída ficam no cabeçote de cabeçotes de retorno engaxetados (P e W) não são usados em
estacionário. refinarias.

Classificação geral dos permutadores casco e tubos Escolha do fluido


A Tema (Tubular Exchanger Manufactors Association) publi- Não há regras fixas que estabeleçam que tipo de fluido deve
ca normas para projeto e construção de permutadores de casco e passar pelos tubos. A escolha do fluido que passa pelos tubos ou
tubo. Estas especificações servem para três classes de permutado- pelo casco deve atender às melhores condições para o processo,
res: menor custo de construção e à facilidade de manutenção.
De maneira geral, passam pelos tubos:
Classe R
Para condições severas de processamento de petróleo e produ- Fluidos mais sujos
tos químicos, serviços rigorosos, em que se deseja obter segurança Com depósitos, coque, sedimentos, catalisadores etc. É mais
e durabilidade. fácil remover a sujeira dos tubos do que do casco.

Classe C Fluidos mais corrosivos


Para condições moderadas de operação, tendo em vista a má- Mais econômico usar tubos resistentes à corrosão do que um
xima economia e o mínimo tamanho, condizentes com as necessi- casco com a mesma propriedade e mais fácil substituir tubos fura-
dades de serviço. dos do que o casco.

Classe A Fluidos com maior pressão


Para condições severas de temperatura e fluidos altamente Porque o casco tem menor resistência em virtude do seu maior
corrosivos. Os permutadores são classificados pela Tema de acordo diâmetro.
com a forma dos cabeçotes e do casco. A determinação das formas,
a indicação do diâmetro nominal do casco e o comprimento dos Fluidos menos viscosos
tubos caracterizam um permutador. A menos que a perda da pressão deva ser muito baixa.

Tipos de cabeçote estacionário Água de resfriamento


A - Tampo e carretel removíveis Facilidade de limpeza.
B- Tampo boleado
C - Feixe de tubos removíveis e carretel integrado ao espelho e Fluidos de menor vazão volumétrica
tampo removível Em vista de o casco oferecer mais espaço.
D - Especial para alta pressão
Entre líquidos de propriedades semelhantes, devem passar pe-
Tipos de casco los tubos aqueles de maior pressão e maior temperatura.
E - Uma passagem
F - Duas passagens com defletor longitudinal
G - Fluxo dividido por defletor
H - Fluxo duplamente dividido por defletores
J - Fluxo dividido

349
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO III

Cuidados na operação Limpeza química


Na partida, entra primeiro o fluido mais frio. Se o fluido mais Consiste na circulação, em circuito fechado, de uma solução
frio está ligeiramente quente, deixa-se o mesmo, então, entrar de ácida adicionada de um inibidor de corrosão. A solução desagrega
forma lenta. Quanto mais quente o fluido, mais lenta deve ser a sua os resíduos, e o inibidor impede o ataque do metal pela solução.
penetração no permutador de calor. Na parada, bloqueia-se primei- Após a limpeza, é feita a neutralização mediante tratamento com
ramente a entrada do fluido mais quente. Se isto não for observado, uma solução alcalina fraca, seguido de abundante circulação de
podem ocorrer vazamentos nos tubos. água.
Tanto na partida como na parada, os permutadores de calor
devem ser aquecidos ou resfriados lentamente. Isto é em particu- Limpeza mecânica
lar importante quando as temperaturas de operação são elevadas. O pessoal de manutenção desmonta os carretéis. Camadas de
A rápida entrada de um líquido à alta temperatura pode provocar graxa, lama e sedimentos podem ser removidos dos tubos por meio
desigualdades de expansão nos tubos, causando vazamentos nos de arames, escovas ou jatos d’água. Se os tubos estão entupidos
mesmos e deformação do feixe. por sedimentos muito agregados, então são usadas máquinas per-
Falhas no suprimento de água para um resfriador podem trazer furatrizes. Estas constam, essencialmente, de um eixo metálico que,
sérias consequências. Quando o fluido a resfriar é muito quente, a girando dentro dos tubos, expulsa os detritos.
interrupção da água provoca um grande aquecimento do equipa- Testes
mento. Se a água voltar, então, a circular, haverá um resfriamento Após a parada para inspeção e manutenção dos permutadores
brusco do permutador. Esta mudança rápida de temperatura afrou- de calor, há necessidade de submetê-los a teste de pressão a fim
xa parafusos e abre as juntas. de verificar a resistência mecânica das juntas soldadas, da mandri-
Deve-se sempre drenar a água de um refervedor ou aquecedor lagem dos tubos nos espelhos e a estanqueidade dos dispositivos
para evitar o fenômeno chamado martelo hidráulico, que ocorre de vedação.
conforme descrito a seguir. Suponha água acumulada nos tubos do Os testes de pressão podem ser efetuados com água (hidrostá-
refervedor. Abrindo-se a válvula do vapor d’água, este vai condu- tico). Quando isso não for possível, poderá ser feito o teste pneu-
zir a água a uma grande velocidade até encontrar um obstáculo, mático. As pressões de teste são definidas pelo código ASME. O
onde provoca um violento choque. Este impacto severo, o martelo casco e o feixe deverão ser testados separadamente.
hidráulico, pode causar ruptura do material.
No teste do casco, poderão, em geral, ser localizados os seguin-
Permutador sujo e condições de operação diferentes daquelas tes vazamentos:
para as quais o permutador de calor foi projetado provocam perda - Mandrilagem dos tubos
de eficiência na troca térmica - Junta entre casco e espelho fixo
- Tubos
Manutenção - Casco e suas conexões
A eficiência do permutador de calor depende da limpeza dos
tubos. Durante a operação são acumulados, dentro e fora dos tu- O teste do feixe permite, geralmente, localizar vazamentos nos
bos, depósitos de sais, oxidação, coque, areia, pó de coque, folhas, seguintes pontos:
fibras vegetais, camadas de graxa, corpo de microrganismos etc., - Junta da tampa do carretel
prejudicando grandemente a troca de calor e a perda de carga do - Junta entre carretel e espelho fixo
fluido. - Junta da tampa flutuante
O permutador de calor que durante a operação diminui sua efi- - Carretel, sua tampa e conexões
ciência deve ser inspecionado e limpo durante a parada da unidade,
ou mesmo imediatamente, caso seja possível.
TUBULAÇÕES INDUSTRIAIS, VÁLVULAS E ACESSÓRIOS.
Principais processos de limpeza
Tubulação Industrial2
Limpeza por água em contracorrente
Para condensadores e resfriadores que utilizam água salgada As tubulações industriais são utilizadas em indústrias de pro-
não tratada como fluido refrigerante. O processo consiste em in- cessamento, químicas, petroquímicas, refinarias de petróleo, ali-
verter o fluxo d’água nos tubos, com o equipamento em operação, mentícias e farmacêuticas para transportar fluídos de uma entrada
possibilitando a remoção dos detritos presos aos tubos, através de (bomba), para uma saída (reservatório).
dreno apropriado. Tubulação é um conjunto de tubos e acessórios voltados ao pro-
cesso industrial, principalmente para distribuição de gases, óleos,
Limpeza por vapor (steam out) vapores, lubrificantes e demais líquidos industriais e, chegam a re-
O permutador de calor é retirado de operação sem ser des- presentar 70% do custo dos equipamentos, ou 25% do custo total
montado. Alinha-se vapor pelo casco e pelos tubos, de forma a en- da instalação.
trar por um respiro e carregar a sujeira por um dreno. Este método As tubulações industriais podem ser divididas em 02 classes
é eficiente para remover camadas de graxa ou depósitos nos tubos distintas: tubulações dentre de instalações industriais e tubulações
e no casco do permutador. fora de instalações industriais.

2 http://wwwo.metalica.com.br/tubulacao-industrial

350
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO III

As tubulações dentre de instalações industriais abrangem tubulações de processo, utilizadas, instrumentação, transmissão hidráulica e
de drenagem. As tubulações fora de instalações industriais abrangem tubulações de transporte (adução, transporte e drenagem) e tubu-
lações de distribuição (distribuição e coleta).

Classificação

Abaixo a classificação das tubulações dentro e fora das instalações industriais.

Fabricação de Tubos Industriais    

A ASTM (American Society for Testing and Materials), órgão americano responsável pela normatização e padronização de materiais
para diversas áreas da indústria especifica mais de 500 tipos de materiais utilizadas na fabricação de tubulações industriais. Dentre os di-
versos materiais catalogados pela ASTM, destacamos os mais utilizados na fabricação dos tubos: tubos metálicos (ferrosos e não ferrosos),
tubos não-metálicos e tubos de aço com revestimento interno. Confira alguns exemplos de materiais:

Tubos Metálicos
Tubos Metálicos Ferrosos
- Aço carbono
- Aço-liga
- Aço inoxidável
- Ferro fundido
- Ferro forjado
- Ferro ligado
- Ferro modular
Tubos Metálicos não ferrosos
De um modo geral os tubos metálicos não ferrosos são pouco utilizados devido ao alto custo.
- Cobre
- Latões
- Cupro-níquel
- Alumínio
- Niquel e ligas
- Metal Monel
- Chumbo
- Titânio

351
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO III

- Zircônio Tubos com costura e tubos sem costura

Tubos não metálicos Os tubos são divididos em dois grupos: tubos sem costura e tu-
Materiais Plásticos bos com costura. Os tubos sem costura são fabricados por três tipos
- A utilização de tubos de plástico tem crescido muito nos úl- de processos industriais: laminação (para tubos grandes diâme-
timos anos, principalmente em substituição aos aços inoxidáveis. tros), extrusão (para tubos com pequenos diâmetros) e o processo
- Cloreto de poli-vinil (PVC) de fundição. Já os tubos com costura são fabricados por solda.
- Polietileno Os processos industriais de maior importância na fabricação de
- Acrílicos tubulações são os de laminação e solda. Através desses processos
- Acetato de celulose são fabricados mais de 2/3 dos tubos usados em instalações indus-
- Epoxi triais.
- Poliéster
- Fenólicos Laminação

Outros não-metálicos O processo de fabricação de tubos por laminação emprega-se


- Cimento-amianto na fabricação de tubos de aço carbono, aço-liga e aço inox, de 8 até
- Concreto armado 65 centímetros de diâmetro. Existem vários processos de fabricação
- Barro vibrado por laminação, mas o mais importante é o processo “Mannesmann”.
- Borrachas Veremos a seguir as principais características deste processo.
- Vidro A formação do tubo por esse processo dá-se a partir de uma
- Cerâmica barra circular maciça de aço, que é empurrada por dois cilindros
- Porcelana oblíquos que o rotacionam e transladam contra um mandril fixo.
Obtém-se um tubo bruto, que sofrerá conformação de acabamento
Revestimentos internos para tubos de aço através de laminadores perfiladores.
O revestimento interno é utilizado para proteção anticorrosiva,
antiabrasiva, antierosiva, para isolamento térmico e acústico e no
intuito de evitar a contaminação do fluído conduzido.
- Zinco
- Materiais plásticos
- Elastômeros (borrachas)
- Asfalto
- Concreto
- Vidro
- Porcelana

Alguns fatores influenciam a escolha do material para fabrica-


ção dos tubos. Os principais fatores são:

Fluído conduzido – aspectos de resistência à corrosão, impure- Extrusão


zas, agentes contaminadores, ph, toxidez, etc.
Condições de serviço – Temperatura e pressão. Deve se consi- O processo de fabricação de tubos por extrusão é um proces-
deradas condições extremas, mesmo que sejam eventuais ou tran- so onde a peça é “empurrada” contra a matriz conformadora, com
sitórias. redução da sua seção transversal. A parte ainda não extrudada fica
Resistência mecânica – O material deve ter resistência compa- contida num recipiente ou cilindro.
tível com os esforços (sobrecargas externas, reações de dilatação A extrusão pode ser feito a frio ou a quente dependendo da
térmica, vento, peso, etc.) ductilidade do material. Cada tarugo é extrudado individualmente
Disponibilidade dos materiais – Com exceção do aço carbono, o que caracteriza a extrusão um processo semi-contínuo. A extru-
os materiais utilizados na fabricação dos tubos têm limitações e dis- são pode ser combinada com operações de forjamento, nesse caso
ponibilidade. denomina-se extrusão fria.
Custo dos materiais – Consideram-se os custos diretos e os in- Os materiais comumente extrudados são:
diretos que são o tempo de vida e os custos de reposição e parali- - Alumínio
sação do sistema. - Cobre
Grau de Segurança – O grau de segurança dependerá da resis- - Aço
tência mecânica e do tempo de vida. - Magnésio
Resistência ao escoamento – Perdas de carga. Deve ser trans- - Chumbo
mitida a maior potência possível com a menor perda.

352
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO III

A solda de topo é usada em todos os tubos soldados por qual-


quer dos processos com adição de metal e, também, nos tubos de
pequeno diâmetro soldados por resistência elétrica. A solda sobre-
posta é empregada nos tubos de grande diâmetro soldados por re-
sistência elétrica.
Os processos industriais mais importantes na execução da solda
são:
Solda elétrica por arco protegido (com adição de metal do ele-
trodo);
- solda por arco submerso
- solda com proteção de gás inerte
Solda por resistência elétrica (ERW) sem adição de metal.

Classificação das tubulações industriais X fluído conduzido


Em uma instalação industrial existem duas classes de tubula-
ções industriais que são as tubulações internas e tubulações de in-
Fundição terligação.
As tubulações internas ou de processamento de fluídos locali-
No processo de fundição o material do tubo é despejado em zam-se no interior das áreas de trabalho, são tubulações industriais
estado líquido, nos moldes especiais, onde se solidifica adquirindo dentro das unidades de processo.
a forma final. Já as tubulações de interligação são instaladas na área externa,
É fabricado por esse processo tubos de ferro fundido, de alguns ligando as áreas de processo entre si. Veja abaixo a classificação das
aços não-forjáveis, grande parte dos materiais não-metálicos tais tubulações industriaisversus o fluído conduzido:
como: barro, concreto, cimento-amianto, borrachas, entre outros.

Soldagem de tubos com costura

Existem duas formas de aplicar o processo de solda na fabrica-


ção de tubos industriais: longitudinal (ao longo de uma geratriz do
tubo e a mais empregada na maioria dos casos) e espiral.
Na solda em espiral, a matéria-prima é sempre uma bobina
(para a fabricação contínua), para todos os diâmetros, desde os pe-
quenos tubos até as tubulações de grande porte.
Empregam-se também os dois tipos de solda: de topo e sobre-
posta.

353
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO III

VÁLVULAS DE CONTROLE3

De forma genérica pode-se dizer que se trata de um dispositivo cuja finalidade é a de provocar uma obstrução na tubulação com o
objetivo de permitir maior ou menor passagem de fluido por esta. Esta obstrução pode ser parcial ou total, manual ou automática. Em
outras palavras é todo dispositivo que através de uma parte móvel abra, obstrua ou regule uma passagem através de uma tubulação. Seu
objetivo principal é a variação da razão do fluxo.

Classificação segundo princípio de acionamento


a) Manual: a operação da abertura e fechamento a ser realizada é feita pelo homem.
b) Auto reguladora: a operação de abertura e fechamento é realizada utilizando a energia contida no fluido.
c) Controle: Utiliza-se uma força auxiliar para operação e, o acionamento é feito de acordo com os sinais provenientes dos controla-
dores.

Tipos de Válvula de Controle


Uma válvula de controle consiste basicamente de dois conjuntos principais o corpo e o atuador.
O corpo e a parte da válvula que executa a ação de controle permitindo maior ou menor passagem do fluido no seu interior, conforme
a necessidade do processo. O conjunto do corpo divide-se basicamente nos seguintes subconjuntos:
a) corpo propriamente dito;
b) internos;
q) castelo, e
d) flange inferior.

Nem todos os tipos de válvulas possuem obrigatoriamente o seu conjunto do corpo formado por todos os subcomponentes acima
mencionados. Em algum tipo de válvulas, corpo e castelo formam uma só peça denominada apenas corpo; em outros nem existe o flange
inferior.
Porém, vamos por ora desconsiderar tais particularidades, optando por um conceito mais global, para posteriormente irmos restrin-
gindo-o à medida em que formos analisando cada tipo de válvula de controle.
Sendo o conjunto do corpo, a parte da válvula que entra em contato direto com fluido, deve satisfazer os requisitos de pressão, tem-
peratura e corrosão do fluido. Trata-se portanto de um vaso de pressão e como tal deve ser considerado.

3 PCPM - Programa de Certificação de Pessoal de Manutenção – SENAI – Instrumentação - Elementos Finais de Controle

354
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO III

Tipos de Corpos
Os tipos de válvulas são classificados em função dos respectivos tipos de corpos, e portanto, quando estivermos falando de tipos de
válvulas subentenderemos tipos de corpos. Podemos agrupar os principais tipos de válvulas em dois grupos:
Define-se por válvula de deslocamento linear, a válvula na qual a peça móvel vedante descreve um movimento retilíneo, acionada por
uma haste deslizante; enquanto que uma válvula de deslocamento rotativo é aquela na qual a peça móvel vedante descreve um movimen-
to de rotação acionada por um eixo girante.
Para cada tipo de processo ou fluido sempre temos pelo menos um tipo de válvula que satisfaça os requisitos teóricos de processo,
independente da consideração econômica. Cada um desses tipos de válvulas possuem as suas vantagens, desvantagens e limitações para
este ou aquele processo.

Válvulas de deslocamento linear da haste


Sede simples: A figura mostra várias montagens da denominada válvula globo tipo sede simples. É fabricada em diâmetros de 1/2” até
4” conexões das extremidades rosqueadas (até 2”), flangeadas ou soldadas, nas classes de 150, 300, 600, 1500 e 2500 lb.
Neste tipo de válvula, o fluido no interior de corpo passa através de um único orifício, conforme podemos notar pela figura.
Na figura (a), notamos que o obturador é guiado duplamente, isto é, na parte superior e inferior, e ainda um fato muito importante é
que para a válvula fechar, o obturador deve movimentar-se para baixo. Tal tipo de montagem e denominada de normalmente aberta. Por
outro lado, na figura (b), vemos a mesma válvula, só que o obturador está invertido. Neste caso para a válvula abrir o obturador tem que
descer.
Esta é, portanto, uma válvula normalmente fechada.

Válvula Globo Convencional Tipo Sede Simples

Na figura (c), vemos uma outra sede simples um pouco diferente das anteriores. O obturador é guiado apenas na parte superior e ao
descer a válvula só pode fechar, não existindo a possibilidade do obturador ser instalado em posição invertida ou por baixo. Essa válvula
em relação ao movimento de obturador de cima para baixo só pode fechar.
O fato de uma válvula ser normalmente aberta eu fechada é um fator muito importante a ser levado em consideração na escolha da
válvula. Isso significa que na posição de descanso, ou seja, sem força de atuação, a válvula pode ficar completamente aberta ou completa-
mente fechada. Uma válvula normalmente aberta ficara totalmente aberta em caso de falta de suprimento de energia para operação do
atuador, no caso de uma válvula normalmente fechada ocorrerá o inverso.
As principais características da válvula globo sede simples são: proporciona uma boa vedação e possui obturador estaticamente não
balanceado. Assim sendo podemos atingir um vazamento, quando a válvula estiver totalmente fechada de, no máximo até 0,01% da sua
capacidade de vazão máxima.
Os índices de vazamento obtidos, estando a válvula de controle totalmente fechada, são padronizados internacionalmente conforme
a norma ANSI B16.104 - “AMERICAN NATIONAL STANDARD FOR CONTROL VALVE LEAKAGE” a qual define diversas classes de vazamento.
Assim, de acordo com essa especificação, a válvula globo sede simples possui um nível de vazamento Classe IV.

CLASSE DE
DEFINIÇÃO DO FLUXO DE VAZAMENTO TIPOS DE VÁLVULAS
VEDAÇÃO
Qualquer válvula pertencente as classes II, III ou IV,
Classe I Válvulas listadas nas classes II, III e IV.
porém mediante acordo entre fabricante e usuário.

355
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO III

Válvulas globo sede dupla.


Vazamento de até 0,5% da máxima capacidade da vál-
Classe II Válvulas globo gaiola balanceadas com anel de
vula.
selagem. Superfície de assentamento metal-metal.
Válvulas listadas como pertencentes à classe II,
Classe III Vazamento de até 0,1% da máxima da válvula.
porém possuindo uma maior força de assentamento.
Válvulas globo sede simples com assentamento
Vazamento de até 0,01% da máxima capacidade da metal-metal.
Classe IV
válvula. Válvulas globo sede simples balanceadas com
anéis de vedação especiais.

Devemos alertar que tais índices de vazamento são sempre considerados nas válvulas conforme saem de fabricação, ou seja, para
válvulas novas e limpas.
É no fato do seu obturador não ser balanceado que reside a principal desvantagem da válvula sede simples, motivo pelo qual requer
uma força de atuação suficientemente grande para vencer as forças estáticas de fluido agindo sobre o obturador, e poder movimentá-lo.

Atuação das Forças Dinâmicas Provenientes do fluido agindo contra o obturador de uma válvula globo sede simples.

O índice de vazamento definido anteriormente, é para válvulas de fabricação normal, ou seja, com assunto metal-metal. Contudo
podemos atingir um índice de menor vazamento (sem aumentar a força de assentamento do atuador), utilizando a construção de assen-
tamento composto, ou seja, metal-borracha, metal-teflon, etc.
Um outro fato de muita importância nas válvulas globo sede simples, é a direção do fluxo em relação a posição do conjunto obturador
e anel da sede. O fluido deve sempre entrar na válvula tendendo abri-la como mostra a figura anterior. Uma flecha estampada no corpo
indica o sentido de montagem da válvula na tubulação. Obtemos com isso as seguintes vantagens: aumento da vida útil das gaxetas e
propiciamento de uma operação mais suave, evitando-se assim o fenômeno de “chattering”.
Esse fenômeno pode ser facilmente explicado da seguinte forma: caso o fluxo entre na válvula tendendo fechá-la, quando o obturador
aproxima-se do anel da sede, surge uma força dinâmica não balanceada produzida pela redução da pressão, após a restrição. Essa força,
que tende puxar o obturador de encontro à sede, faz o obturador chocar-se continuamente contra a sede, devido à proximidade entre
ambos, danificando por completo o assentamento da válvula, além de ainda produzir o indesejável ruído, de origem mecânica devido à
oscilação vertical do obturador.
Porém pese ao acima mencionado, existem situações nas quais é imperativo a instalação da válvula sede simples com o fluxo tenden-
do fechar a válvula. Um exemplo disso é o caso de alta pressão diferencial. Nestes casos devemos agir com critério e cuidado na especifi-
cação dos materiais dos internos no intuito de prolongarmos a sua vida útil.

Sede dupla: A figura mostra duas montagens diferentes da válvula globo sede dupla, assim denominada pelo fato do fluxo passar
através de duas passagens ou orifícios.

356
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO III

Válvula de Controle Globo de 3 vias


Trata-se de uma adaptação das válvulas globo convencionais,
para utilização em aplicações de mistura ou separação de fluidos.

Válvula Globo Convencional Tipo Sede Dupla

Na figura (a), vemos uma válvula com obturador que desce Válvula Globo de 3 Vias
para fechar enquanto que na figura (b), a montagem do obturador
é por baixo, tipo desce para abrir. A válvula sede dupla e portan- Na válvula tipo convergente, conforme vemos pela figura (a),
to de corpo reversível. É fabricada normalmente em diâmetros de fluidos quaisquer e separados entram pelas vias (2) e (3), misturan-
3/4” a 14”, e com conexões das extremidades rosqueadas (até 2”), do-se numa determinada e desejada proporção, saindo pela via (1)
flangeadas ou soldadas, nas classes 150, 300, 600, 900 e 1500 lbs. A já misturados. A proporção da mistura é determinada pela posição
principal vantagem da válvula sede dupla é o fato dela ser estatica- do obturador relativa às duas sedes. Um deslocamento do obtura-
mente quase estável sem necessitar, portanto, de uma força de atu- dor para cima faz diminuir a entrada do fluido por (2), aumentando
ação tão grande quanto a válvula sede simples, conforme podemos simultaneamente a entrada do fluido por (3). É fabricada em diâ-
deduzir com o auxílio da próxima figura. metros de 3/4” até 8” e com conexões nas extremidades rosquea-
das (até 2”), flangeadas ou soldadas. Podemos notar neste tipo de
válvula um novo modo de guia dupla: superior e no anel da sede.
Na figura (b) vemos uma válvula 3 vias tipo divergente, na qual
o fluido entra pela via (1) e sai em proporções definidas pelas vias
(2) e (3). É fabricada em diâmetros de 3/4” até 12” com extremida-
des rosqueadas (até 2”), flangeadas ou soldadas.
Uma aplicação bastante conhecida da válvula 3 vias divergente
é o de desvio de um trocador de calor conforme vemos pelo esque-
ma da figura a seguir.

Atuação das Forças Dinâmicas Provenientes do Fluido Agindo


Contra o Obturador de um Válvula Globo Sede Dupla.

Como desvantagem, as válvulas sede dupla, apresentam um


vazamento, quando totalmente fechadas de no máximo 0,5% da
sua máxima capacidade de vazão. Conforme a especificação nor-
mativa da ANSI B16.104, a válvula globo sede dupla de construção
“standard”, possui um índice de vazamento Classe II.

Válvula Globo de 3 Vias Tipo Divergente Utilizada para Desvio


de Um Trocador de Calor

As válvulas de 3 vias, devido a sua configuração e utilização,


não apresentam vedação completa, pois, enquanto fechamos um
orifício, o outro fica completamente aberto.

357
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO III

Válvula Globo Tipo Gaiola


Trata-se de uma válvula de concepção antiga, porém totalmente renovada e aperfeiçoada nos últimos anos, fato esse que lhe possibi-
litou uma contínua e crescente utilização na quase totalidade dos processos industriais. A válvula tipo gaiola apresenta uma concepção de
internos substancialmente diferente da globo convencional.
O amplo sucesso deste estilo de válvula está totalmente fundamentado nos seguintes aspectos:
a) facilidade de remoção das partes internas, pela ausência de roscas o que facilita bastante a manutenção na própria instalação;
b) alta estabilidade de operação proporcionada pelo exclusivo sistema de guia do obturador na gaiola, obtendo desta forma uma área
de guia da ordem de 30% superior à obtida pela guia superior e inferior da válvula globo convencional;
c) capacidade de vazão da ordem de 20 a 30% maior que a obtida nas válvulas globo convencionais;
d) menor peso das partes internas, resultando assim numa frequência natural maior dessas partes, o que faz com que a válvula fique
menos susceptível à vibração horizontal do obturador, proporcionando dessa forma menos ruído de origem mecânica do que as válvulas
globo duplamente guiadas;
e) não possuindo flange inferior a válvula é algo mais leve que as globo convencionais.

Por não possuir flange inferior, a válvula tipo gaiola não possui corpo reversível, e assim a montagem dos seus internos é do tipo entra
por cima. A drenagem do fluido, se necessária, pode ser realizada através da parte inferior do corpo, por meio de um tampão rosqueado.

Válvula Globo tipo Gaiola Sede Simples


Nas figuras vemos dois exemplos deste tipo de válvula. O fluido entra por baixo do anel da sede, passando pelo orifício e pelas janelas
da gaiola. Apresentando apenas guia na gaiola, trata-se de uma válvula não balanceada como a globo convencional sede simples, pois a
força do fluido tendendo abrir a válvula, não é balanceada e por isso apresenta o mesmo inconveniente de precisarmos de uma grande
força de atuação. Pela figura, nota-se também que não sendo uma válvula de corpo reversível o deslocamento do obturador de cima para
baixo fecha a válvula, ou seja, desce para fechar.

Válvula Globo tipo Gaiola Simples

Apresenta um vazamento de 0,01% da sua máxima capacidade de vazão, quando totalmente fechada e conforme a especificação
normativa ANSI B16.104, possui um nível de vazamento Classe IV.
É fabricada em diâmetros de 1/2” até 6” nas classes de 150, 300 e 600 lbs. As conexões das extremidades podem ser rosqueadas (até
2”), flangeadas ou soldadas.

Válvula Globo Tipo Gaiola Balanceada


Esta construção é basicamente similar a anterior, conforme vemos pela figura. Apenas que, neste caso, o obturador é balanceado
dinamicamente (como acontece na válvula globo sede dupla) devido ao orifício interno no obturador, que faz com que a pressão do fluido
comunique-se com ambos os lados do obturador, formando-se assim um balanceamento de forças.
Precisamos, portanto, de uma menor força de atuação neste caso do que no anterior sede simples. O fluido neste tipo de construção
entra por cima, conforme uma flecha indicativa presa ao corpo da válvula. Porém, da mesma forma que acontece com a globo conven-
cional sede dupla, a válvula tipo gaiola balanceada, não apresenta boa vedação, permitindo um vazamento de até 0,5% da máxima capa-
cidade de vazão da válvula e conforme especificação normativa da ANSl B16.104, possui um nível de vazamento Classe III. Pode-se obter
também classe VI, utilizando-se assento resiliente.

358
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO III

Válvula Globo Tipo Gaiola Balanceada

É fabricada em diâmetros de 3/4 até 16” nas classes 150, 300, 600, 900 1500 e 2500 lbs. As conexões podem ser rosqueadas (até 2”),
flangeadas ou soldadas.

Válvula tipo Gaiola com Internos de Baixo Ruído


Existem diversos tipos de válvulas de controle com internos especialmente projetados para aplicações onde haja a necessidade de
uma considerável redução do nível de ruído aerodinâmico (ruído produzido pelo escoamento de gases e vapores a altas velocidades) pro-
duzido numa válvula de controle. Embora, todos esses sistemas de internos para atenuação do ruído sejam baseados em princípios físicos
diferentes, apresentam porém um fato em comum: produzem uma distribuição do fluxo do gás ou vapor através de uma série de restrições
localizadas no sistema de internos.

Válvula Globo Tipo Gaiola com Internos de Baixo Ruído

Na figura (a), vemos o sistema de internos tipo gaiola de baixo ruído. Basicamente trata-se de vários anéis circulares e concêntricos
formando um conjunto, como podemos notar pela figura (b). O número de anéis utilizados depende das condições de operação e da ate-
nuação de ruído requerida.

359
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO III

Pela figura (c), podemos notar melhor o seu funcionamento. O A válvula de controle de corpo bipartido conforme vemos pela
fluido entra, à pressão Pe, através dos orifícios do primeiro elemen- figura, foi desenhada para tais situações possibilitando uma fácil
to, após o que, distribui-se pelo anel de estagnação, onde perde manutenção devido à facilidade de acesso aos internos.
velocidade antes de entrar nos orifícios do segundo elemento. Re- Neste tipo de válvula, o anel da sede é preso (ao contrário da
pete-se o processo no seguinte anel de estagnação e próximo ele- globo convencional onde é rosqueado) entre as duas metades do
mento até que o fluido atinja a saída após o último elemento, a uma corpo, podendo ser facilmente removido.
pressão, então, de Ps. O número de orifícios, em cada elemento é
calculado de forma a manter a velocidade média de escoamento
igual em todos os elementos.

Válvula de Controle Tipo Diafragma


Este tipo de válvula, cuja configuração é totalmente diferente
das outras válvulas de controle, é utilizada no controle de fluidos
corrosivos, líquidos altamente viscosos e líquidos com sólidos em
suspensão. Uma válvula de controle tipo diafragma conforme ve-
mos na figura, consiste de um corpo em cuja parte central apresen-
ta um encosto sobre o qual um diafragma móvel, preso entre o cor-
po e o castelo, se desloca para provocar o fechamento da válvula.

Válvula Tipo Bipartida

Devido a ser uma válvula utilizada em fluidos altamente corro-


sivos, o material de corpo é especial e portanto caro, padronizan-
do-se a utilização de flanges tipo encaixe, soldados ao corpo. Estes
flanges, podem ser em aço carbono comum mesmo que o corpo
seja de material superior.
A guia do obturador é apenas superior ou superior e no anel
da sede.
Uma desvantagem deste tipo de válvula é a não possibilida-
Válvula Tipo Diafragma de de uma fixação na linha por meio de solda (pois neste caso as
metades do corpo não poderiam ser separadas para a remoção do
A válvula de controle tipo Diafragma ou Saunders, assim deno- anel da modo), já que em tais aplicações tão corrosivas nas plantas
minada por se tratar de uma patente mundial da Saunders (Ingla- químicas, é bastante comum a normalização deste tipo de fixação.
terra), possui como vantagens um baixo custo, total estanqueidade Este tipo de válvula é apenas sede simples, apresentando os
quando fechada, já que o assento é composto, e facilidade de ma- mesmos índices de vazamento Classe IV, ou seja 0,01% da sua má-
nutenção. xima capacidade de vazão, e as limitações de força do atuação ao
Entretanto não apresenta uma boa característica de vazão para desequilíbrio das forças dinâmicas do fluido contra o obturador.
controle, além de uma alta e não uniforme força de atuação que faz É normalmente fabricada em diâmetros de 1/2” a 12”, e com
com que praticamente este tipo de válvula seja limitado em diâme- conexões flangeadas nas classes 150, 300, 600, 900 e 1500 lbs.
tros de até 6” para efeito de aplicações em controle modulado. Fa-
bricada em classes 125 e 150 lbs, e com conexões das extremidades
rosqueadas (até 2”) e flangeadas. SEGURANÇA, MEIO AMBIENTE E SAÚDE
Uma outra desvantagem é que devido ao material do seu obtu-
rador (diafragma de neoprene ou Teflon), a sua utilização é limitada
pela temperatura do fluido em função do material do diafragma. Gestão Integrada
Possui uma vedação Classe VI. Uma particularidade muito impor- Em virtude das novas tecnologias e da complexidade dos mo-
tante e notável é que, devido à forma interna do seu corpo, é possí- dernos processos de trabalho, e por outro lado a imposição da so-
vel o revestimento interno das paredes do corpo com materiais, tais ciedade pelo uso racional dos recursos naturais e a minimização
como: vidro, ebonite, plástico, chumbo ou Teflon, o que possibilita o dos efeitos adversos ao meio ambiente decorrentes das atividades
uso deste tipo de válvula mesmo em corpo de ferro fundido, porém produtivas do homem, se faz necessária uma gestão integrada das
revestido, em aplicações corrosivas. ações de controle da segurança, do meio ambiente e da saúde dos
trabalhadores. Foi cunhado o termo SMS, que significa Segurança,
Válvula de Controle Bipartida Meio Ambiente e Saúde. Agora não se fala nem se trata isolada-
Trata-se de uma válvula desenvolvida para aplicações altamen- mente de cada uma dessas três áreas. A gestão deve ser integrada.
te corrosivas, principalmente em plantas de processos químicos, As empresas modernas estão buscando atender aos requisitos de
aplicações nas quais torna-se necessária uma frequente inspeção normas internacionais, sobretudo por questões de mercado, para
ou substituição dos internos da válvula. conseguirem certificações e terem vantagens comerciais na coloca-
ção de seus produtos.

360
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO III

Acidentes de trabalho Ocorrências equiparadas


São outras situações legalmente consideradas como acidentes
Conceitos de desvio, incidente e acidente do trabalho.
Desvio: Qualquer ação ou condição, que tem potencial para - De conformidade com o Art. 20 da Lei 8.213/91, conside-
conduzir, direta ou indiretamente, a danos a pessoas, ao patrimônio ram-se acidentes do trabalho as seguintes entidades mórbidas:
ou impacto ao meio ambiente, que se encontra desconforme com a) Doença profissional
as normas de trabalho, procedimentos, requisitos legais ou norma- b) Doença do trabalho
tivos, requisitos do sistema de gestão ou boas práticas.
OBS: As doenças profissionais e do trabalho, também chama-
Exemplo 1: Imagine que você vai beber água, derrama água no das de doenças ocupacionais resultam da exposição prolongada por
piso e vai embora sem enxugar. meses, anos ou décadas, a materiais ou energias em moderadas ou
Exemplo 2: Você não encontra a chave de fenda na caixa de baixas intensidades.
ferramentas e, para não perder tempo, resolve utilizar uma faca. Exemplos:
• Surdez, causada pela exposição prolongada ao ruído;
Incidente: Evento imprevisto e indesejável que poderia ter re- • Silicose, causada pela exposição prolongada à poeira de sílica
sultado em dano à pessoa, ao patrimônio ou impacto ao meio am- liberada no jateamento de areia;
biente. • Doenças do sangue, causadas pela exposição prolongada ao
benzeno.
Exemplo 1: Ao caminhar na oficina, você pisa em um parafuso,
escorrega e quase cai. - De conformidade com o Art. 21 da Lei 8.213/91, equipa-
Exemplo 2: Um carro freia bruscamente para não atropelá-lo, ram-se também ao acidente do trabalho:
quando você atravessava a rua fora da faixa de pedestre. a) O acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido
a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segu-
Acidente: Evento imprevisto e indesejável, que resultou em rado, para a redução ou perda de sua capacidade para o trabalho,
dano à pessoa, ao patrimônio ou impacto ao meio ambiente. ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recupera-
ção;
Exemplo 1: Você está com pressa e tenta impedir o fechamento b) O acidente sofrido pelo segurado no local e no horário de
da porta do elevador. Ela se fecha e prende seus dedos causando trabalho, em consequência de:
uma lesão. b.1) Ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por
Exemplo 2: Para se exibir perante seus colegas de trabalho, terceiro ou companheiro de trabalho;
você dirige a empilhadeira em alta velocidade. Ao fazer uma curva, b.2) Ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo
perde o controle e bate em um automóvel estacionado. de disputa relacionada com o trabalho;
b.3) Ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de ter-
Legislação de acidente de trabalho ceiro ou de companheiro de trabalho;
b.4) Ato de pessoa privada do uso da razão;
Conceito Legal b.5) Desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortui-
De acordo com o Plano de Benefícios da Previdência Social, Lei tos ou de correntes de força maior;
nº 8.213/91, Art. 19, “Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exer-
cício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho c) A doença proveniente de contaminação acidental do em-
dos segurados especiais, provocando lesão corporal ou perturbação pregado no exercício de sua atividade;
funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou
temporária, da capacidade para o trabalho. d) O acidente sofrido pelo trabalhador, ainda que fora do local
§ 1º - A empresa é responsável pela adoção e uso de medidas e horário de trabalho:
coletivas e individuais de proteção e segurança da saúde do traba- d.1) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a
lhador. autoridade da empresa;
§ 2º - Constitui contravenção penal, punível com multa, deixar d.2) Na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa
a empresa de cumprir as normas de segurança e higiene do traba- para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito;
lho. d.3) Em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo,
§ 3º - É dever da empresa prestar informações pormenorizadas quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor ca-
sobre os riscos da operação a executar e do produto a manipular. pacitação da mão-de-obra, independentemente do meio de loco-
§ 4º - O Ministério do Trabalho e da Previdência Social fiscali- moção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado;
zará e os sindicatos e entidades representativas de classe acompa- d.4) No percurso da residência para o local de trabalho ou deste
nharão o fiel cumprimento do disposto nos parágrafos anteriores, para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veí-
conforme dispuser o Regulamento”. culo de propriedade do segurado (acidente de trajeto ou percurso);

OBS: Conforme definido no Art. 11, segurados especiais são e) Nos períodos destinados à refeição ou descanso, ou por oca-
trabalhadores rurais, isto é que prestam serviço em âmbito rural, sião da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local de
individualmente ou em regime de economia familiar, mas não tem trabalho ou durante este, o empregado é considerado no exercício
vínculo empregatício. São exemplos o produtor, parceiro, meeiro, do trabalho.
garimpeiro e pescador artesanal.

361
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO III

Acidente típico Atos Inseguros: atos inseguros são atitudes, atos, ações ou
Acidente típico é o que ocorre no local de trabalho durante o comportamentos do trabalhador contrários às normas de seguran-
expediente, ou fora da empresa quando autorizado por ela, geral- ça e que colocam em risco a sua saúde e/ou integridade física, ou de
mente no decorrer da execução de uma tarefa. Nos mapas estatís- outros colegas de trabalho. Os atos inseguros são geralmente defi-
ticos aparece essa denominação para diferenciá-lo do acidente de nidos como causas de acidentes que residem, predominantemente,
trajeto. no fator humano. Os atos inseguros podem ser exemplificados atra-
vés dos seguintes comportamentos inadequados do trabalhador
Acidente de trajeto (Desvios):
Conforme definido no Art. 21 da Lei 8.213/91, letra d.4, acima, - Ficar junto ou sob cargas suspensas;
o acidente de trajeto é aquele que ocorre no percurso da residência - Colocar parte do corpo em lugar perigoso;
para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o - Usar máquina sem habilitação ou autorização;
meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. - Imprimir excesso de velocidade ou sobrecarga;
Deve ser observado que não há um tempo máximo definido - Lubrificar, ajustar e limpar máquina em movimento;
para a caracterização do acidente de trajeto, sendo indispensáveis - Improvisação ou mau emprego de ferramentas manuais;
para a sua configuração o itinerário habitual e o tempo normalmen- - Não usar os equipamentos de proteção individual;
te gasto pelo trabalhador para fazê-lo. - Fumar ou usar chamas em lugares indevidos;
- Brincadeiras e exibicionismo; etc.
Comunicação do Acidente de Trabalho
A comunicação, isto é, o ato de comunicar pode ser inicial- Condições Inseguras: Condições inseguras são deficiências, de-
mente verbal, mas é importante que haja um documento interno feitos ou irregularidades técnicas nas instalações físicas, máquinas
informando ao órgão de Segurança do Trabalho da ocorrência do ou equipamentos, os quais, presentes nos ambientes de trabalho,
acidente. A força de trabalho também deve ser informada através podem ocasionar acidentes do trabalho. Convém destacar que é
de avisos em murais, para que fique atenta às causas e providências da responsabilidade do empregador a eliminação ou correção das
que foram tomadas a fim de evitar outras ocorrências de mesma condições inseguras existentes nos locais de trabalho. As condições
natureza. A comunicação ao INSS é feita mediante o preenchimento inseguras podem ser exemplificadas através das seguintes ocorrên-
de formulário apropriado. cias nos locais de trabalho (Desvios):
Estabelece o Art. 22 da Lei 8.213/91 que a empresa deverá co- - Falta de proteção em partes móveis de máquinas e equi-
municar o acidente do trabalho à Previdência Social (INSS) até o pamentos;
primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de - Iluminação inadequada;
imediato à autoridade competente, sob pena de multa. Essa comu- - Piso escorregadio;
nicação deverá ser feita através do preenchimento de formulário - Instalações elétricas precárias ou improvisadas;
específico, denominado CAT (Comunicação de Acidente do Traba- - Falta de ordem e limpeza;
lho). - Ruído e trepidações excessivas;
Na falta de comunicação por parte da empresa, podem forma- - Desconforto térmico;
lizá-la o próprio acidentado, seus dependentes, a entidade sindical - Escassez de espaço;
competente, o médico que o assistiu ou qualquer autoridade pú- - Falta de equipamentos de proteção coletiva;
blica. - Não fornecimento de equipamentos de proteção individu-
al aos trabalhadores; etc.
OBS: É importante que a empresa crie um mecanismo para que
seus empregados relatem também os desvios e incidentes, já que Causas Indiretas
estes podem se dar origem a acidentes se não forem tratados, ou São as causas que antecedem os atos e condições inseguras,
seja, analisados em busca de suas causas e aplicadas as medidas denominadas de fatores de risco pessoal e fatores de risco material.
corretivas adequadas. Fatores de Risco Pessoal: Os fatores de risco pessoal são fa-
lhas inerentes à pessoa, que levam à prática de atos inseguros, tais
Causas dos Acidentes do Trabalho como:
A fórmula mais simples para identificar as causas de acidentes - Desconhecimento do perigo;
do trabalho é seguir o raciocínio do conceito universal de causa – - Preparo insuficiente para o trabalho;
causa de qualquer coisa é aquilo que faz com que tal coisa venha a - Falta de aptidão para o trabalho;
existir ou acontecer. Portanto, causa de acidentes do trabalho são - Condições físicas e/ou emocionais alteradas;
os antecedentes, próximos ou remotos, que fazem o acidente acon- - Excesso de confiança;
tecer. Para melhor entendimento, é bom perceber que as causas só - Negligência;
são caracterizadas no ato da ocorrência; antes são apenas riscos ou - Imprudência;
perigos de acidentes. - Indisciplina; etc.

Causa Diretas Fatores de Risco Material: Os fatores de risco material são


Para fins meramente didáticos, as causas diretas de acidentes omissões, falhas ou erros técnicos/administrativos que geram ou
do trabalho são resumidas em duas categorias: atos inseguros e mantêm condições que comprometem a segurança do trabalhador,
condições inseguras. ou seja as condições inseguras.
- Falhas de projeto;
- Erros ou desvios nas instalações;

362
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO III

- Falta ou falha de manutenção; EX: Barulho de britadeira, calor de forno siderúrgico, raio X,
- Desvios ou improvisações nos processos; pressão no fundo do mar.
- Desorganização do trabalho;
- Falta de verbas; a) Ruído
- Erros nas sinalizações; Os efeitos nocivos do ruído no organismo dependem da sua
- Omissão ou descumprimento de normas técnicas; etc. intensidade (medida em decibéis-dB), de sua freqüência (medida
em hertz-Hz), do tempo de exposição e da sensibilidade de cada
Consequências dos Acidentes do Trabalho trabalhador.
Muitas vezes, pior que o acidente em si, são as suas consequ- A exposição breve a ruído muito intenso pode provocar surdez
ências. Todos sofrem de alguma forma: temporária, chamada de fadiga auditiva, que desaparece em cerca
- a vítima, que fica incapacitada de forma parcial ou total, de 24 horas. A exposição prolongada a ruídos com intensidade su-
temporária ou permanente, para o trabalho; perior ao limite previsto na legislação (85 decibéis/8h de exposição)
- a família, que em muitos casos tem uma queda repentina pode causar surdez permanente. Os danos á audição geralmente
em seu padrão de vida devido a redução dos vencimentos, ou pela afetam os dois ouvidos.
dor causada pela perda do ente querido;
- as empresas, em função da perda de mão-de-obra, de ma- Além disso, o ruído pode interferir com a comunicação, por em
terial, de equipamentos, tempo, queda da produção, etc, e conse- risco a segurança do trabalhador, dificultar a concentração e causar
quentemente, elevação dos custos operacionais; e cansaço, alterações do sono e irritabilidade.
- a sociedade, com o número crescente de inválidos e de-
pendentes da Previdência Social, que arca com as aposentadorias Em áreas ruidosas é fundamental usar o equipamento de pro-
por invalidez, auxílio doença, auxílio acidente, despesas de reabili- teção auditiva.
tação profissional, e pensão por morte do trabalhador acidentado. A faixa da audição responsável pela conversação é preserva-
Há que se destacar o lado humano da vítima. O sofrimento é da nas fases iniciais da surdez causada por ruído. Quando a pessoa
inevitável. Os ferimentos pequenos, médios ou grandes são sem- sente dificuldade em ouvir uma conversa, ela já perdeu grande par-
pre indesejáveis e o tratamento é em geral doloroso. Além disso, te de sua capacidade auditiva.
quando a vítima é mutilada ou se incapacita parcial ou totalmente Outras medidas de prevenção compreendem o uso de equipa-
sente-se inferiorizada, necessitando de um acompanhamento psi- mentos menos ruidosos, a manutenção adequada das instalações e
equipamentos, o uso de material isolante de ruído e a sinalização
cológico.
dos locais excessivamente ruidosos com limitação de acesso.
A nível de empresa, os acidentes podem interferir negativa-
São necessárias, também, medidas complementares de prote-
mente na qualidade e quantidade do produto, nos prazos firmados
ção do trabalhador como a divulgação de informações, a redução
com clientes, na sua imagem comercial e no moral dos empregados
do tempo de exposição e o isolamento acústico dos postos de tra-
quando os acidentes ocasionam vítimas fatais.
balho.
Riscos nos ambientes de trabalho
b) Radiações
Podemos classificar as radiações como ionizantes e não ioni-
Riscos ambientais zantes.
Todos os ambientes de trabalho possuem substâncias, ener- As radiações ionizantes de maior interesse correspondem aos
gias, máquinas, equipamentos, instalações e situações criadas pela raios gama e X, usados em gamagrafia e em radiografia industrial,
própria atividade desenvolvida pelo trabalhador, que de alguma em virtude de seu poder penetrante nas estruturas metálicas.
forma têm a capacidade de, em determinadas condições, causar Altas doses de radiação ionizantes podem provocar sérios da-
algum tipo de dano às pessoas ou impacto ao meio ambiente. Essas nos agudos no organismo. Em longo prazo, a exposição às radiações
ameaças são chamadas de riscos ou agentes ambientais, cuja expo- ionizantes pode produzir diversos tipos de câncer. Assim, o mais im-
sição do trabalhador pode gerar as seguintes conseqüências: portante é evitar ou reduzir ao mínimo as exposições dos trabalha-
dores às radiações ionizantes, como base em 3 fatores:
• Enfermidades • Aumento da distância entre a fonte e a pessoas exposta –
• Acidentes de trabalho a intensidade da radiação diminui com o aumento da distância;
• Fadiga (cansaço) • Diminuição do tempo de exposição – quanto menor o
• Envelhecimento e desgaste prematuro tempo gasto na operação, menor será a dose recebida;
• Blindagem – consiste na utilização de material absorvente
Agentes ambientais são os riscos físicos, químicos, biológicos, de radiação, como o chumbo, colocado entre a fonte e a pessoa a
ergonômicos e de acidentes existentes nos ambientes de trabalho ser protegida.
que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e As radiações ionizantes são invisíveis e frias. Não alertam a pes-
tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do tra- soa mesmo durante exposições perigosas.
balhador.

Riscos físicos
São as diversas formas de energia a que possam estar expostos
os trabalhadores, tais como ruído, vibrações, pressões anormais,
temperaturas extremas, radiações, etc.

363
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO III

As radiações não-ionizantes de maior interesse são: tremidades e até a morte. As medidas preventivas consistem em
Radiação ultravioleta (uv) - presente na radiação solar e em usar roupas de trabalho adequadas, ingestão de alimentos com alto
fontes artificiais como solda elétrica, terminais e monitores de com- teor calórico, aumento da atividade física e aclimatação ao frio (ex-
putador. Pode causar queimadura de pele e ocular cujos sintomas posição gradativa a temperaturas baixas para facilitar a adaptação
surgem de 2 a 24 horas após a exposição. A exposição crônica (pro- do trabalhador).
longada) pode provocar envelhecimento precoce de pele, câncer da
pele e catarata. Riscos químicos
Nas atividades que acarretam exposição prolongada ao sol, os São as substâncias, compostos ou produtos que possam pe-
trabalhadores devem usar vestimentas de algodão para proteger a netarar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras,
pele da radiação ultravioleta existente na radiação solar. Esse cuida- fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que pela natureza da
do é mais para pessoas de pele clara. atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo
Radiação Infravermelha (iv) - presente na radiação solar, corpos organismo através da pele ou por ingestão.
incandescentes, superfícies quentes e chamas. Em contato com os EX: Poeira de amianto, fumos de solda, gasolina.
tecidos do organismo, transforma-se em calor. Seus efeitos agudos OBS: Os fumos são produzidos pela condensação seguida de
correspondem a desconforto térmico e até mesmo queimaduras da oxidação de vapores metálicos, que formam partículas sólidas de
pele. A exposição prolongada pode causar catarata, pigmentação e diâmetros menores que 1 mícron, sendo facilmente respiráveis. Os
dilatação dos capilares na pele. principais são os óxidos de ferro, manganês, cromo e níquel. Estes
dois últimos tem efeitos cancerígenos.
Entre as medidas preventivas relativas às radiações não-ioni- As principais vias de absorção de agentes químicos são a respi-
zantes estão: o revestimento de paredes para evitar a reflexão; o ratória, a cutânea (pele) e a digestiva.
uso de anteparos; a redução do tempo de exposição; a limitação
Os agentes químicos tendem a se expandir no ar e atingir as
do acesso a pessoas autorizadas; o treinamento dos trabalhadores;
vias respiratórias dos trabalhadores. Estes agentes químicos, após
o uso de vestimentas especiais, protetores oculares e cremes pro-
serem inalados, podem ser absorvidos, atingir a circulação sanguí-
tetores.
nea e provocar danos à saúde (intoxicações).
c) Temperaturas extremas A absorção digestiva pode resultar de ingestão de resíduos de
A sensação de conforto térmico depende da temperatura am- produtos químicos presentes nas mãos e unhas sujas, da alimenta-
biente, da umidade e da velocidade do ar, do calor radiante e da ção no local de trabalho e de ingestão acidental.
atividade desenvolvida pelo trabalhador. A pele pode ser a porta de entrada de agentes químicos no
Assim quanto mais alta a temperatura do ambiente, indi- estado líquido pelo contato direto, ou pelo uso de roupas impreg-
cada por um termômetro, maior a sensação de calor e vice-versa. nadas por resíduos químicos.
A umidade elevada significa um alto teor de vapor de água no Duas características dos agentes químicos favorecem sua pene-
ar, o que dificulta a evaporação do suor e aumenta a sensação de tração e distribuição no organismo:
calor. O ar em movimento facilita a remoção de calor do corpo para - solubilidade em gordura (facilidade em dissolver gordura)
o ambiente enquanto que o ar parado a dificulta. Assim, um ven- - volatilidade (facilidade de evaporação)
tilador melhora a sensação de conforto em um ambiente quente Os solventes, muito usados na indústria, possuem essas duas
porque aumenta a velocidade do ar e facilita a remoção de calor do características.
corpo para o ambiente. Não se deve fazer a limpeza das mãos e de partes do corpo
O tipo de atividade exercida pelo trabalhador interfere tam- sujas de graxa com solventes. Tal limpeza deve ser feita com água e
bém na sensação de conforto térmico. Assim, os trabalhos pesa- sabão neutro, que não irritam a pele e nem provocam intoxicação.
dos exigem muito esforço físico, que resulta na produção de grande
quantidade de calor pelo organismo do trabalhador, aumentando Riscos biológicos
sua carga térmica e, consequentemente, sua sensação de calor. São as bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus,
Temperaturas altas – em locais quentes, a temperatura corpo- etc.
ral tende a aumentar porque o calor recebido do ambiente e produ- EX: HIV, bacilo de Koch, fungo de pé-de-atleta.
zido pelo corpo é maior que o calor cedido pelo ao ambiente. Para Os microrganismos e outros parasitas como os vermes, bem
evitar o aumento de temperatura (hipertermia), o corpo começa como as substâncias de origem animal e vegetal, presentes nos pos-
a suar e dilatar os vasos sanguíneos da pele. A hipertermia pode tos de trabalho podem prejudicar a saúde dos trabalhadores. Os
provocar desidratação, cãibra, cansaço acentuado e delírio febril. microrganismos podem se multiplicar após penetrar no organismo
As medidas preventivas contra altas temperaturas consistem
humano.
em proteção contra o sol, ventilação, distanciamento do trabalha-
A soma total de mecanismos que o organismo humano
dor da fonte de calor, aclimatação ao calor (exposição gradativa de
lança mão para se proteger da invasão por microrganismo e parasi-
temperatura altas para facilitar a adaptação do trabalhador) e higie-
tas denomina-se resistência. Entre as ações tomadas pelo trabalha-
ne alimentar. Trabalhadores com deficiências circulatórias e respira-
tórias não devem ser submetidos a temperaturas muito elevadas. dor para preservar ou melhorar sua resistência podem ser citadas
Temperaturas baixas – Em locais frios, o organismo tende a es- a prática regular de atividade física, o descanso adequado antes de
friar-se porque o calor cedido ao ambiente é maior do que o calor uma jornada de trabalho, a adoção de uma alimentação rica em
recebido e o produzido por seu corpo. Para evitar a diminuição da legumes, verduras e frutas, as vacinações, bem como não ingerir
temperatura (hipotermia), a pessoa apresenta calafrios e encolhe bebidas alcoólicas em excesso, mas nunca antes ou durante o tra-
o corpo. A hipotermia pode causar mal estar, congelamento das ex- balho.

364
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO III

Os agentes biológicos podem atingir o organismo do trabalha- • Manter os pés separados na largura dos ombros para me-
dor por intermédio da água (diarreia, disenteria, hepatite A, amebí- lhor sustentação;
ase e parasitoses intestinais), do ar (doenças infecciosas e alérgicas • Dobrar os joelhos, mantendo a coluna reta e a musculatu-
causadas por fungos e bactérias) e do solo (tétano, micose e parasi- ra do abdome contraída;
toses intestinais e cutâneas). • Levantar o objeto e mantê-lo junto ao tronco, apoiando-se
A preparação de alimento na empresa pode representar ris- nos músculos das pernas com os joelhos levemente dobrados;
co para o pessoal da cozinha, que manipula produtos de origem • Evitar torcer o corpo durante o deslocamento do objeto.
animal e vegetal, bem como para os trabalhadores em geral pela Em todos os locais de trabalho deve haver iluminação adequa-
possibilidade de contaminação dos alimentos durante seu preparo. da, natural ou artificial, apropriada à natureza de atividade. Além
de ser uniformemente distribuída e difusa, a iluminação deve ser
A limpeza predial de banheiros e a coleta de lixo podem tam- projetada e instalada de forma a evitar ofuscamento, reflexos in-
bém gerar exposições a agentes biológicos. cômodos , sombras e contrastes excessivos. Há níveis mínimos de
As medidas de prevenção das doenças causadas por agentes iluminamento estabelecidos para os locais de trabalho.
biológicos consistem em: rigorosa limpeza dos locais de trabalho; As lesões por esforço repetitivo (LER) são doenças provocadas
controle da qualidade da água; controle dos sistemas de ar condi- por esforços e posturas inadequadas motivados pelo ritmo da ati-
cionado; higiene no preparo e distribuição dos alimentos para os vidade, falta de pausas e deficiências do local onde se realiza a ati-
trabalhadores; higiene pessoal rigorosa e uso de EPIs para evitar vidade. Quando relacionadas ao trabalho são também chamadas
contato direto com os microrganismos; controle dos resíduos e exa- Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho (DORT) e atin-
me médico periódico, incluindo a vacinação. gem principalmente as mãos, punho, braços, antebraços, ombro e
As empresas devem estabelecer programas preventivos para coluna cervical.
os trabalhadores que compõem as brigadas de incêndio, equipes de Entre as medidas preventivas das LER podem ser citadas: pau-
resgate, socorristas e profissionais de saúde que, eventualmente, sas durante a jornada de trabalho; adequações do mobiliário e dos
possam ter contato com secreções e sangue humanos. instrumentos de trabalho; adoção de postura adequada , pratica de
alongamentos; e enriquecimento do conteúdo do trabalho; para
Riscos ergonômicos aumentar a satisfação dos trabalhadores.
A Ergonomia é uma disciplina que trata da adaptação das con-
dições de trabalho às características fisiológicas e psicológicas dos Riscos de acidentes
São riscos que se originam principalmente nas atividades que
trabalhadores, de modo a proporcionar conforto, segurança e de-
envolvem máquinas e equipamentos. Os riscos de acidentes mais
sempenho eficiente. Asssim, a ergonomia tem como objetivo o con-
comuns são os decorrentes de arranjo físico inadequado, máquinas
trole dos riscos ergonômicos.
e equipamentos sem proteção, ferramentas defeituosas, ilumina-
Esforço físico intenso, exigência de postura inadequada, im-
ção incorreta, probabilidade de incêndio e explosão, etc.
posição de ritmos excessivos, monotonia e repetitividade, levanta-
Exemplos: Máquinas muito próximas umas das outras, com-
mento e transporte manual de peso, são riscos ergonômicos. Na
pressor sem proteção da correia, execução de solda em canalização
prática, podemos citar os seguintes exemplos.
de gás inflamável.
EX: Uso contínuo de britadeira, trabalho de digitação em com-
putador, carga e descarga de caminhão. Prevenção de acidentes e doenças do trabalho
Para assegurar a postura correta no computador, o trabalhador Medidas de proteção
deve manter:
• topo da tela do monitor no máximo na altura dos olhos e Proteção coletiva (na fonte e na trajetória)
distante de um comprimento de braço; As medidas preventivas de acidentes e doenças relacionadas
• A cabeça e o pescoço em posição reta e os ombros relaxa- ao trabalho podem ser aplicadas em 3 níveis: na fonte de emissão
dos; do agente (Ex: ruído, gás ou poeira); na trajetória do agente; ou no
• A região lombar apoiada no encosto da cadeira ou em um corpo do trabalhador.
suporte para as costas;
• Os antebraços, punhos e mãos em linha reta (posição neu-
tra do punho) em relação ao teclado; Níveis Medidas preventivas
• cotovelo junto ao corpo; - isolamento acústico de um equipa-
• Um espaço entre a dobra do joelho e a extremidade do mento ruidoso (barulhento)
assento; Fonte - contenção de uma fonte emissora de
• Um ângulo igual ou maior que 90º para as dobras joelho e gases e vapores
do quadril; - ventilação local exaustora
• Os pés apoiados no chão e, se recomendado, usar apoio
para os pés; - anteparos usados nas oficinas de
• documento que está sendo lido próximo ao monitor e no soldagem
- aumento de distância entre o agente e
mesmo plano visual.
Trajetória o trabalhador
- sinalização
Para levantar e carregar objetos corretamente, o trabalho deve
- sistema de alarme para vazamento de
proceder da seguinte maneira:
produtos químicos
• Aproximar-se do objeto que vai ser levantado;

365
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO III

- disciplina rigorosa no trabalho Auditoria é um processo sistemático realizado nas empresas


- uso de equipamentos de proteção para verificar, através documentos e fatos, se as atividades desen-
Trabalhador volvidas estão de acordo com a legislação, normas, regulamentos e
individual (EPI)
- higiene pessoal. procedimentos estabelecidos.

Quando as medidas de proteção beneficiam a todos os traba- Campanhas de segurança


lhadores do local, de uma forma geral, dizemos que se trata de uma As campanhas de segurança são realizadas para atingir objeti-
medida de proteção coletiva. Os equipamentos que atuam com vos específicos, visando alertar a força de trabalho para aspectos
essa finalidade são chamados de Equipamentos de Proteção Coleti- que possam interferir nas condições de trabalho, comprometendo
va (EPC). Eles podem ser simples como um corrimão de escadas até a segurança e saúde dos trabalhadores ou causando impacto ao
sistemas sofisticados de detecção de gases dentro de uma fábrica meio ambiente. Nessas ocasiões os temas de interesse podem ser
de produtos químicos. As medidas aplicadas na fonte e na trajetória apresentados e discutidos através de palestras, filmes, cartazes e
dos agentes ambientais são de proteção coletiva. exposições. A campanha mais conhecida é a SIPAT (Semana Interna
de Prevenção de Acidentes do Trabalho), obrigatória por lei (NR5).
Proteção individual (no trabalhador) Diversos temas podem ser abordados nessas campanhas como se-
No caso de a medida preventiva ser aplicada no corpo do tra- gurança no trânsito, incentivo ao uso de EPI, segurança em traba-
balhador como por exemplo o uso de um capacete, dizemos que lhos em altura, prevenção de doenças sexualmente transmissíveis,
se trata de uma medida de proteção individual e o equipamento perigos do uso de álcool e drogas, proteção do meio ambiente, en-
utilizado é chamado de Equipamento de Proteção Individual (EPI). tre outros.
As medidas preventivas mais eficazes são aquelas aplicadas na
fonte e na trajetória. Quando elas são inviáveis ou insuficientes, tor- Diálogo de SMS (DSMS)
na-se necessário o uso de EPI. O DSMS, também conhecido por DDS (Diálogo Diário de Se-
gurança), é uma estratégia que visa desenvolver e manter atitudes
Permissão para trabalho voltadas à prevenção de acidentes e doenças do trabalho, através
Permissão de Trabalho (PT) é uma autorização dada por escrito, da conscientização de todos os empregados. Deve ser praticado em
em documento próprio, para a execução de trabalhos de manuten- áreas operacionais e administrativas, antes da execução de ativi-
ção, montagem, desmontagem, construção, reparos ou inspeções dades críticas e rotineiras. É boa prática aplicá-lo, também, no iní-
que envolvam riscos à integridade do pessoal, das instalações, do cio de reuniões de trabalho. Durante 10 a 20 minutos, um tema
meio ambiente, da comunidade ou da continuidade operacional. escolhido previamente é apresentado e discutido com o grupo. É
Para trabalhos em ambientes confinados a PT é denominada Per- um espaço aberto para mensagens ligadas a prevenção, alerta para
missão de Entrada e Trabalho (PET), conforme estabelece a Norma acidentes e incidentes ocorridos e fatos relevantes de SMS.
Regulamentadora nº 33 – Segurança e saúde nos trabalhos em es- Quando houver recursos de informática disponíveis, o DSMS
paços confinados. pode ser feito com uso de uma apresentação em Power Point con-
forme exemplo a seguir.
Inspeções de segurança e auditorias
Inspeção de segurança é uma verificação física no ambiente de Exames médicos
trabalho, visando identificar e relacionar todas as possíveis causas A Norma Regulamentadora nº 7, cujo título é Programa de Con-
de acidentes e/ou doenças do trabalho porventura existentes, a fim trole Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO, estabelece que as
de se adotar as medidas técnicas corretivas. Existem várias modali- empresas são obrigadas a elaborar e implementar o Programa de
dades de inspeções de segurança. As mais comuns são: Controle Médico de Saúde Ocupacional, com o objetivo de promo-
• Inspeção de segurança de rotina: é a modalidade que se ver e preservar a saúde de todos os seus trabalhadores.
caracteriza pela constância de sua realização. Ex: Antes de iniciar Além de várias outras ações, estão previstos neste programa
o seu trabalho diário, o motorista de ônibus deve, rotineiramente, a realização dos seguintes exames médicos, por conta do empre-
examinar os freios, o estado dos pneus, equipamentos de sinaliza- gador:
ção, etc. • Admissional, que deverá ser realizado antes que o traba-
• Inspeção de segurança periódica: é a espécie de inspeção lhador assuma suas atividades.
realizada de tempos em tempos previamente estabelecidos. Ex: Os • Periódico, que normalmente é realizado a cada ano, mas
extintores de incêndio devem ser inspecionados visualmente a cada que pode ser semestral ou em outra periodicidade dependendo da
mês, examinando-se seu aspecto externo, o lacre, o manômetro, atividade e da idade do trabalhador.
etc. • De retorno ao trabalho, que deverá ser realizado obriga-
• Inspeção de segurança eventual: é a modalidade de inspe- toriamente no primeiro dia de volta ao trabalho do trabalhador au-
ção realizada de forma aleatória, sem dia ou período preestabeleci- sente por mais de 30 dias por motivo de doença ou acidente, ou
do. parto.
• Inspeção de segurança oficial: é a inspeção realizada pelos • De mudança de função, que deverá ser realizado antes da
órgãos governamentais, em especial pelos agentes da inspeção do data de mudança de função. Entende-se por mudança de função
trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego. toda e qualquer alteração de atividade, posto de trabalho ou setor,
que implique em exposição do trabalhador a risco diferente daque-
le a que estava exposto antes da mudança.
• Demissional, que deverá ser realizado até a data da homo-
logação da rescisão contratual.

366
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO III

Referências De uma maneira geral, o fluido é caracterizado pela relativa


Manual de Legislação Atlas de Segurança e Medicina do Traba- mobilidade de suas moléculas que, além de apresentarem os movi-
lho. 61ª edição, Ed. Atlas, 2007. mentos de rotação e vibração, possuem movimento de translação
Gonçalves, Edward Abreu. Manual de Segurança e Saúde no e portanto não apresentam uma posição média fixa no corpo do
trabalho. 3ª edição, Ed. LTR, 2006. fluido.
Araújo, Giovanni Moraes de (organizador). Normas Regula- A principal distinção entre sólido e fluido, é pelo comportamento
mentadoras Comentadas, volumes 1 e 2, 5ª edição, 2005. que apresentam em face às forças externas.
Manual Técnico de Qualificação em SMS para Empregados de
Empresas Prestadoras de Serviço. Petrobras, 2004.
Gonçalves, Edwar Abreu. Segurança e Medicina do Trabalho
em 1200 Perguntas e Respostas. 3ª edição, Ed. Atlas, 2001.
Torreira, Raúl Peragallo. Manual de Segurança Industrial. Mar-
gus Publiacações, 1999.

MECÂNICA DOS FLUIDOS

A Mecânica dos fluidos é a área onde são estudados os fenô-


menos físicos relacionados ao movimento dos fluidos (ar, água etc).
A mecânica dos fluidos trata do comportamento dos fluidos em Por exemplo, se uma força de compressão fosse usada para dis-
repouso ou em movimento e das leis que regem este comporta- tinguir um sólido de um fluido,
mento. São áreas de atuação da mecânica dos fluidos: este último seria inicialmente comprimido, e a partir de um cer-
- Ação de fluidos sobre superfícies submersas, ex.: barragens; to ponto ele se comportaria
- Equilíbrio de corpos flutuantes, ex.: embarcações; exatamente como se fosse um sólido, isto é, seria incompres-
- Ação do vento sobre construções civis; sível.
-Estudos de lubrificação;
-Transporte de sólidos por via pneumática ou hidráulica, ex.: Pressão
elevadores hidráulicos; O conceito de pressão foi introduzido a partir da análise da ação
- Cálculo de instalações hidráulicas, ex.: instalação de recalque; de uma força sobre uma superfície; já nos fluidos, o peso do fluido
- Cálculo de máquinas hidráulicas, ex.: bombas e turbinas; hidrostático foi desprezado e a pressão suposta tornou-se igual em
- Instalações de vapor, ex.: caldeiras; todos os pontos. Entretanto, é um fato conhecido que a pressão
- Ação de fluidos sobre veículos – Aerodinâmica atmosférica diminui com a altitude e que, num lago ou no mar, au-
Pode-se definir fluido como uma substância que se deforma menta com a profundidade. Generaliza-se o conceito de pressão e
continuamente, isto é, escoa, sob ação de uma força tangencial por se define, num ponto qualquer, como a relação entre a força normal
menor que ele seja. F, exercida sobre uma área elementar A, incluindo o ponto, e esta
área:

Exercendo a pressão. Definimos a pressão de uma força sobre


uma superfície, como sendo a razão entre a força normal e a área
O conceito de fluidos envolve líquidos e gases, logo, é necessá- da superfície considerada. Então: p = F/A p = pressão A = área da
rio distinguir estas duas classes: “Líquidos é aquela substância que superfície, no qual F representa uma força normal à superfície. Sen-
adquire a forma do recipiente que a contém possuindo volume de- do a pressão expressa pela relação P = F/A, suas unidades serão
finido e, é praticamente, incompressível. Já o gás é uma substância expressas pela razão entre as unidades de força e as unidades de
que ao preencher o recipiente não formar superfície livre e não tem área, nos sistemas conhecidos.
volume definido, além de serem compressíveis.
Exemplo:
Assume que a área de um pé de uma pessoa de 80 kg é 25 cm x
6 cm. Determine a pressão que a pessoa exerce no chão enquanto
está em pé.

367
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO III

SOLUÇÃO A massa específica (m) de uma substância é a razão entre a mas-


A pressão é definida como a força por unidade de área, onde a sa (m) de uma quantidade da substância e o volume (V) correspon-
força é o peso da pessoa W: dente, ou seja, é representado pelo mesmo cálculo da densidade.
W = m.g = (80 kg) (9,8 m s-2) = 784 N Obviamente, é comum o termo densidade (d) em lugar de
e a área é a área da seção transversal na qual esta força é exer- massa específica (m)... Uma explicação que encontrei seria que
cida: se usaria “densidade” para representar a razão entre a massa e o
Apé = área de uma elipse = p (0,25 m x 0,06 m)= 0,047 m2 volume de objetos sólidos (ocos ou maciços), e “massa específica”
Desde que a pessoa normalmente fica em pé sobre os dois pés, para líquidos e soluções. Mas se assim fosse, não poderíamos falar
a área total é 2 Apé = 0,094 m2. Assim, a pressão exercida pela pes- densidade da água, mas somente massa específica. Curiosamente
soa sobre o chão é já encontrei também massa específica se referindo a solo, que não é
líquido. Em termos gerais, a principal diferença observada que den-
sidade é um conceito mais usado na química e massa específica na
física (hidrostática).

Definições:
A hidrostática, também chamada estática dos fluidos ou fluidos- Pressão: força sobre uma área
tática (hidrostática refere-se a água, que foi o primeiro fluido a ser
estudado, assim por razões históricas mantém-se o nome) é a parte Pressão Atmosférica: pressão exercida pela atmosfera terrestre
da física que estuda as forças exercidas por e sobre fluidos (líquidos e varia de acordo com a altitude, quanto maior altitude menor a
ou gases) em repouso. A massa específica (m) de uma substância pressão.
é a razão entre a massa (m) de uma quantidade da substância e o
volume (V) correspondente: Pressão Manométrica: pressão que se acrescenta a pressão at-
mosférica.

Pressão Absoluta: soma da pressão atmosférica e manométri-


ca.

Uma unidade muito usual para a massa específica é o g/cm3, Instrumentos para medir pressão
mas no SI a unidade é o kg/m3. A relação entre elas é a seguinte:
Barômetro: utilizado para medir pressão atmosférica.

Assim, para transformar uma massa específica de g/cm3 para


kg/m3, devemos multiplicá-la por 1.000. Na tabela a seguir estão
relacionadas às massas específicas de algumas substâncias.

Substância

Água 1,0 1.000


Gelo 0,92 920 Fonte: www.emporionet.net
Álcool 0,79 790 Manômetro:
Ferro 7,8 7.800
Chumbo 11,2 11.200
Mercúrio 13,6 13.600

Observação: É comum encontrarmos o termo densidade (d) em


lugar de massa específica (m). Usa-se “densidade” para representar
a razão entre a massa e o volume de objetos sólidos (ocos ou maci-
ços), e “massa específica” para líquidos e substâncias.

A densidade absoluta de uma substância é definida como a re-


lação entre a sua massa e o seu volume. A densidade relativa é a Fonte: www.solucoesindustriais.com.br
relação entre a densidade absoluta de um material e a densidade
absoluta de uma substância estabelecida como padrão.

368
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO III

Princípio de Arquimedes Dois recipientes ligados pela base são preenchidos por um lí-
quido (geralmente óleo) em equilíbrio. Sobre a superfície livre do
Todo corpo imerso, total ou parcialmente, num fluido em equi- líquido são colocados êmbolos de áreas S1 e S2. Ao aplicar uma força
líbrio, sofre a ação de uma força vertical, para cima, aplicada pelo F1 ao êmbolo de área menor, o êmbolo maior ficará sujeito a uma
fluido. Essa força é denominada empuxo, cuja intensidade é igual força F2, em razão da transmissão do acréscimo de pressão p. Se-
ao peso do fluido deslocado pelo corpo. gundo o Princípio de Pascal:

E = Pfd = mfd . g E = df . Vfd . g


Importante: o Princípio de Pascal é largamente utilizado na
construção de dispositivos ampliadores de força – macaco hidráuli-
co, prensa hidráulica, direção hidráulica, etc.

Equilíbrio de Corpos Flutuantes

Quando um corpo emerge na superfície da água, ele passa a


deslocar um menor volume de água. De acordo com o Princípio de
Arquimedes, seu empuxo (que antes era maior do que seu peso)
diminui. O bloco ficará em equilíbrio de flutuação na superfície da
água quando a força de empuxo for exatamente igual ao peso. Dize-
mos que o corpo ficará flutuando em equilíbrio estático.
Ocasionalmente, algumas embarcações ou navios podem ser
modificadas, introduzindo-se mastros maiores ou canhões mais
Assim, quando um barco está flutuando na água, em equilíbrio, pesados; nestes casos, eles se tornam mais pesados e tendem a
ele está recebendo um empuxo cujo valor é igual ao seu próprio emborcar em mares mais agitados. Os “icebergs” muitas vezes tam-
peso, isto é, o peso do barco está sendo equilibrado pelo empuxo bém viram quando derretem parcialmente. Estes fatos sugerem
que ele recebe da água: E = P. que, além das forças, os torques destas forças também são impor-
tantes para o estudo do equilíbrio de flutuação.
Aplicação

Um mergulhador e seu equipamento têm massa total de 80kg.


Qual deve ser o volume total do mergulhador para que o conjunto
permaneça em equilíbrio imerso na água?

Solução: Dados: g = 10m/s2; dágua = 103kg/m3; m = 80kg. Como o


conjunto deve estar imerso na água, o volume de líquido deslocado
(Vld) é igual ao volume do conjunto (V).

Condição de equilíbrio:
E=P
d . Vld . g = m . g Quando um corpo está flutuando em um líquido, ele está su-
103 x V x 10 = 80 x 10 jeito à ação de duas forças de mesma intensidade, mesma direção
V = 8 x 10-2 m3 (vertical) e sentidos opostos: a força-peso e o empuxo. Os pontos de
aplicação dessas forças são, respectivamente, o centro de gravidade
Princípio de Pascal do corpo G e o centro de empuxo C, que corresponde ao centro de
gravidade do líquido deslocado ou centro de empuxo.
Quando um ponto de um líquido em equilíbrio sofre uma varia- Se o centro de gravidade G coincide com o centro de empuxo C,
ção de pressão, todos os outros pontos do líquido também sofrem situação mais comum quando o corpo está totalmente mergulhado,
a mesma variação. o equilíbrio é indiferente, isto é, o corpo permanece na posição em
que for colocado.

369
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO III

Quando um corpo flutua parcialmente imerso no fluido e se inclina num pequeno ângulo, o volume da parte da água deslocada se
altera e, portanto, o centro de empuxo muda de posição. Para que um objeto flutuante permaneça em equilíbrio estável, seu centro de
empuxo deve ser deslocado de tal modo que a força de empuxo (de baixo para cima) e o peso (de cima para baixo) produzam um torque
restaurador, que tende a fazer o corpo retornar a sua posição anterior.

Quando o centro de gravidade G estiver acima do centro de empuxo C, o equilíbrio pode ser estável ou não. Vai depender de como se
desloca o centro de empuxo em virtude da mudança na força do volume de líquido deslocado. As figuras mostram essa situação, onde o
centro de gravidade G está acima do centro de empuxo, mas, ao deslocar o corpo da posição inicial, o centro de empuxo muda, de modo
que o torque resultante faz com que o corpo volte para sua posição inicial de equilíbrio.
Obs.: A diferença conceitual entre centro de empuxo e centro de gravidade é que a posição do centro de gravidade não se altera em
relação ao corpo, a menos que ele seja deformado. Mas o centro de empuxo do corpo flutuante muda de acordo com a forma do líquido
deslocado porque o centro de empuxo está localizado no centro de gravidade do líquido deslocado pelo corpo.

As figuras abaixo mostram o equilíbrio chamado instável. Movimentando o corpo (oscilando) de sua posição inicial, o deslocamento do
centro de empuxo faz com que o torque resultante vire o corpo. A tarefa de um engenheiro naval consiste em projetar os navios de modo
que isto não ocorra.

PRESSÃO ATMOSFÉRICA

Como existe uma atmosfera sobre a superfície da Terra e como esta atmosfera é um fluido, segue que cada ponto no interior da atmos-
fera terrestre está sob ação de uma pressão, chamada de pressão atmosférica, que diminui a medida que a altura em relação a superfície
terrestre aumenta.
Como o ar não pode ser considerado um fluido incompressível em extensões muito elevadas, a relação de Stevin não se aplica direta-
mente no caso da atmosfera, embora seja sempre possível se determinar facilmente a pressão atmosférica em qualquer ponto.
Em 1643 Evangelista Torricelli (1608 – 1647) idealizou um experimento prático para a determinação da pressão atmosférica, que foi
realizado por Vicenzo Viviani. Ele usou um tubo de 1 metro de comprimento, completamente cheio de mercúrio (Hg) e com uma extremi-
dade tampada, como mostra figura 1 (a). Depois colocou o tubo em pé tapando a outra extremidade e colocando esta extremidade dentro
de um recipiente contendo também mercúrio, como mostra a figura 1 (b).

370
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO III

Finalmente, após destampar o tubo, mediu a altura da coluna de mercúrio existente no tubo que, por construção, continha vácuo na
parte superior, como mostra a figura 1 (c).
Como um ponto A na superfície livre do mercúrio está à mesma pressão que um ponto B na mesma altura no interior do tubo e como a
pressão no ponto B é dada por pB=ρg.h, pode-se determinar facilmente a pressão atmosférica, pois a densidade do mercúrio é conhecida
e dada por 13,6 g/cm³.
Repetindo-se o experimento de Torricelli num local onde a gravidade tem seu valor normal, obtém-se que a coluna de mercúrio sobe
por uma altura de h = 0,76m. Sendo, por definição, a pressão num local onde a gravidade tem valor normal à pressão de 1 atm (uma at-
mosfera), pode-se obter que:
1 atm = 101,3 kPa = 76 cmHg = 760 mmHg

Figura 1. – Experimento de Torricelli

Diferença de pressão num fluido

É fácil entender por que a pressão varia com a profundidade num fluido. A pressão varia como resultado da força peso (por unidade
de área) exercida pela parte do fluido que está acima. À medida que mergulhamos aumentamos a quantidade de fluido acima de nós e,
consequentemente, a pressão.

Verifique como a pressão no fluido varia em função da profundidade admitindo que o fluido tenha uma densidade constante.

Sejam dois pontos 1 e 2 dentro do fluido. Imaginemos uma coluna de fluido de altura h e área A.

O peso do fluido acima de 2 e até a altura associada ao ponto 1 é:

Portanto, a pressão adicional (P2 - P1), devido ao peso do fluido acima, é:

Logo, a pressão num ponto a uma altura h abaixo de 1 será dada por: P2 = P1 + rgh, onde P1 é a pressão no ponto 1.

Este resultado vale para todos os pontos localizados a uma mesma altura dentro do fluido.

Suponhamos um vaso comunicante, no qual colocamos dois líquidos imiscíveis, por exemplo, água e óleo.

371
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO III

O óleo despejado de um recipiente pode respingar ou não, de-


pendendo do modo que é despejado.
A água escoa suavemente ao passar pelos pilares de uma ponte,
mas pode firmar turbilhões atrás dos pilares.
Alguns líquidos escoam com muito mais facilidade que outros.
Os gases escoam com mais facilidade que os líquidos. No escoa-
mento dos fluidos, em geral, diferentes partes do fluido se movem
com velocidades diferentes. Em um fluido que escoa com facilida-
des, as camadas passam uma pelas outras quase sem atrito. Quan-
do mexemos uma xícara de chá, por exemplo, o líquido continua a
circular por um tempo considerável depois que a colher é removida.
Quando fazemos a mesma coisa com melado, o melado para de cir-
cular quase imediatamente. Isso acontece porque o atrito interno
entre as partículas de melado e muito maior, o que faz com que as
camadas mais lentas freiem as camadas mais rápidas. O atrito inter-
no dos fluidos é chamado de viscosidade. O melado é muito mais
viscoso que a água. Os líquidos são mais viscosos que os gases. O
termo “não viscoso” é usado para designar os fluidos cuja viscosi-
dade para ser desprezada.
De acordo com a segunda Lei de Newton, a essas variações de
velocidade correspondem forças que tendem a frear a camada mais
rápida e a acelerar a camada mais lenta. Essas forças de atrito são
responsáveis pela viscosidade dos fluidos.

Escoamento viscoso Pode se classificado em escoamento la-


Na figura A, temos somente água no tubo, e, na figura B, coloca- minar ou turbulento. A diferença entre os dois está associada ao
mos óleo. Neste caso, as alturas são diferentes, pois as densidades fato que no primeiro caso, temos transferência de quantidade de
dos líquidos são diferentes. Com a introdução de óleo, a água teve movimento a nível molecular e no segundo a nível macroscópico.
sua altura alterada. À medida que o sistema tende ao equilíbrio, a •A diferença no comportamento está associada com as forças que
água pára de subir no ramo direito e as pressões nos dois ramos se atuam no elemento de fluido. Quanto as forças viscosas dominam
igualam. em relação as forças de inércia, o escoamento apresenta comporta-
Vamos calcular essas pressões. Temos, como nível de referên- mento laminar. Quando as forças de inércia dominam, o escoamen-
cia, a linha que passa pela superfície de separação dos dois fluidos. to se comporta como turbulento.
Observe a figura b. As pressões, nos pontos O escoamento só acontece quando, houver um trabalho contra
A e B são, respectivamente: as forças de resistência. Um fator levado em conta da viscosidade é
PA = Patm + µ0h0g O = óleo que, através dela podem-se distinguir regimes de escoamento, bem
PB = Patm + µAhAg A = água como são produzidas situações diferentes às do fluido ideal.
Já sabemos que PA e PB são iguais, pois representam pressões
aplicadas no mesmo nível de um líquido em equilíbrio, então: Escoamento laminar Partículas fluidas se movimentam em
camadas paralelas, ou lâminas, escorregando através das lâminas
PA = PB adjacentes. Para que ocorra é necessário que as partículas deslo-
Patm = µ0h0g = Patm + µAhAg quem-se com certa velocidade, denominada de velocidade crítica
µ0h0g = µAhAg inferior.
µ0h0 = µAhA ou =
Com esta expressão, podemos calcular a densidade absoluta do Escoamento turbulento Neste escoamento verifica-se que as
óleo de qualquer outro não miscível. partículas não permanecem em camadas, se movem de forma he-
terogênea através do escoamento, escorregando sobre algumas e
TIPOS DE ESCOAMENTO colidindo com outra de modo inteiramente caótico e em distâncias
curtas em todas as direções. E para que ocorra é necessário que no
O óleo, a água e o ar são chamados de fluidos porque são ca- escoamento laminar haja um acréscimo de velocidade, denomina-
pazes de escoar, mas possuem propriedades muito diferentes. A da de velocidade crítica superior. O regime de escoamento em tubo
água escoa c m mais facilidade que o óleo e o escoamento doar é medido através do número adimensional Reynolds e de acordo
se torna turbulento. O escoamento dos fluidos depende das forças com estudos, o limite estabelecido entre os dois escoamentos está
que agem sobre o fluido e da forma que as superfícies solidas com na ordem de Rey < 2100 para laminar e Rey > 3000 para turbulento,
as quais o fluido entra em contato. O escoamento de fluidos está porém o número de Reynolds crítico é função da geometria e da
presente em muitas situações do dia a dia. As observações mostram rugosidade das paredes do tubo. No intervalo de 2100 e 3000 o
que o tipo de escoamento pode variar com o tempo e com o local. escoamento é dito de transição.
Assim, por exemplo, O parâmetro que mede a razão entre as forças de inércia e vis-
A fumaça que sai de uma chaminé pode se mover por algum cosas é o número de Reynolds, Re definido como
tempo como um todo compacto antes de se misturar com o ar.

372
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO III

O Volume escoado entre as seções (1) e (2) de área A é igual:


V=A.L
Porém L = vt (o movimento é uniforme) e, daí, temos que:
V = A vt
Como Q = V/t , temos: Q = Av
onde:ρ é a massa específica, µ é a viscosidade absoluta.
Vc e Lc correspondem a velocidade e dimensão característica
Em uma nomenclatura diferente, o sistema é conhecido como
do escoamento.
Sistema Fechado, e o Volume de Controle é conhecido como siste-
O escoamento turbulento é o contrário do escoamento laminar.
ma aberto.
O movimento das moléculas do fluido é completamente desorde-
Ambas nomenclaturas estão presentes na literatura e são acei-
nado; moléculas que passam pelo mesmo ponto, em geral, não têm
tas pelos profissionais da área, sendo a mais utilizada nos tempos
a mesma velocidade e torna-se difícil fazer previsões sobre o com-
recentes.
portamento do fluido.
 Sistema
Em um sistema, existe uma quantidade de massa fixa, e esta é
separada do ambiente pelas fronteiras do mesmo. Ou seja, não é
possível adicionar ou subtrair massa do mesmo, não importando se
as fronteiras são fixas ou móveis, a massa é separada do ambiente,
mantendo-se constante.
Existe a transferência de calor e trabalho através das fronteiras
do sistema, mas não é transferida massa.

Volume de Controle
Um volume de controle, de forma oposta ao sistema, é um vo-
lume definido no espaço. O escoamento do fluído se dá neste volu-
me definido. O que define o volume em questão é a superfície de
controle, ela pode ser física ou definida apenas conceitualmente.
O escoamento turbulento não se move através de um fluido,
Por exemplo: deseja-se analisar um fluído dentro de uma
de modo a provocar turbulência, a resistência ao seu movimento
mangueira de 20m, mas analisar-se-á apenas 30 cm da mangueira.
é bastante grande. Por esta razão, aviões, carros e locomotivas são
Neste caso, 20m é a superfície de controle física, mas a que será
projetados de forma a evitar turbulência. No caso de refinaria, a
utilizada para fins de cálculo é a superfície de controle conceitual,
preocupação é com o escoamento de produtos perigosos.
imaginária, definida na análise da questão.
Vazão e Débito em escoamento uniforme
A vazão ou débito de um fluido é a razão entre o volume de
Diferença entre os dois
fluido escoado em um tempo e o intervalo de tempo considerado.
No sistema, analisa-se uma porção fixa de massa, já no volume
Q = V/t
de controle, analisa-se a massa presente em um volume no espaço,
Onde V é o volume escoado no tempo t, e
podendo a massa variar, devido a condições do fluido.
Q é a vazão.
No sistema a massa é fixa.
No Volume de Controle, o volume é fixo, a massa pode variar.
Se tivermos num condutor um fluido em escoamento uniforme,
Analise Dimensional e Semelhança
isto é, o fluido escoando com velocidade constante, a vazão poderá
ser calculada multiplicando-se a velocidade (v) do fluido, em dada
 A maioria dos problemas na mecânica dos fluidos não po-
seção do condutor, pela área
dem ser resolvidos com procedimentos analíticos, apenas utilizan-
(A) da seção considerada, ou seja:
do procedimentos experimentais;
Q = Av
 Muitos problemas são resolvidos utilizando abordagem
Para demonstrar, suponhamos um condutor de seção constan-
experimental e analítica;
te.
 Um objetivo de qualquer experimento é obter resultados
amplamente aplicáveis (medidas obtidas num sistema em labora-
tório podem ser utilizadas para descrever o comportamento de um
sistema similar);
 Para isso é necessário estabelecer a relação que existe en-
tre o modelo de laboratório e o “outro” sistema
Pelo procedimento chamado análise dimensional, o fenômeno
pode ser formulado como uma relação entre um conjunto de gru-
pos adimensionais das variáveis.

Quando se realiza um trabalho de laboratório, desejamos:


o maior número de informações
o menor número de ensaios

373
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO III

O desenvolvimento da Mecânica dos Fluidos depende de: análise teórica e resultados experimentais (numéricos e/ou de laboratório)
Em certas situações são conhecidas as variáveis envolvidas no fenômeno físico, mas não a relação funcional entre elas.
A análise dimensional permite associar variáveis em grupos adimensionais.
Quando o teste experimental em um protótipo em tamanho real é impossível ou caro, utiliza-se modelos reduzidos representativos.
Pelo procedimento chamado análise dimensional, o fenômeno pode ser formulado como uma relação entre um conjunto de grupos
adimensionais das variáveis.
Quando se realiza um trabalho de laboratório, desejamos: o maior número de informações e o menor número de ensaios.

VASOS COMUNICANTES

Um sistema de vasos comunicantes é um conjunto de vasos abertos à atmosfera, que são postos em comunicação entre si de maneira
que ao colocarmos um líquido em um dos vasos do conjunto, o líquido se distribuirá por todos os demais vasos do conjunto. Como todos os
pontos do liquido colocado nos vasos comunicantes em contato com a atmosfera estarão a mesma pressão, segue que eles deverão estar
à mesma altura, ou seja, o líquido subirá em todos os ramos à mesma altura h, sendo então como mostra a figura 1 a seguir:

Na figura 1, através de vasos comunicantes é possível perceber que a pressão depende apenas da profundidade e não de outras
características, como a forma do vaso.

Por exemplo, se o óleo e a água forem colocados com cuidado num recipiente, o óleo fica na parte superior porque é menos denso que
a água, que permanece na parte inferior. Caso os líquidos imiscíveis sejam colocados num sistema constituídos por vasos comunicantes,
como um tubo em U (Figura 2), eles se dispõem de modo que as alturas das colunas líquidas, medidas a partir da superfície de separação,
sejam proporcionais às respectivas densidades.

Na Figura 2, sendo d1 a densidade do líquido menos denso, d2 a densidade do líquido mais denso, h1 e h2 as respectivas alturas das
colunas, obtemos:

d1h1 = d2h2

TRANSMISSÃO E TRANSMISSORES PNEUMÁTICOS E ELETRÔNICOS

O transmissor determina o valor de uma variável no processo através de um elemento primário (sensor), tendo o mesmo sinal de saída
(pneumático ou eletrônico), cujo valor varia apenas em função da variável do processo.

374
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO III

O transmissor transporta a informação medida por um instru- Devido ao atraso que ocorre na transmissão do sinal, este não
mento de um ponto a outro no processo industrial para fins de pro- pode ser enviado à longa distância, normalmente a transmissão é
cessamento e controle da planta industrial pois o centro de controle limitada a aproximadamente 100 m. Vazamentos ao longo da linha
da planta industrial chamado de sala de controle fica distante da de transmissão ou mesmo nos instrumentos são difíceis de serem
unidade de produção industrial (forno, caldeira, etc). detectados e não permite conexão direta aos computadores e CLP’s.
O transmissor elétrico utiliza sinais de corrente e tensão. O si-
nal é linearmente modulado em uma faixa padrão de 4 a 20 mA.
Ele permite transmissão a longa distância sem perda sendo de fácil
conexão, fácil instalação e pode com o mesmo transmissor realizar
a leitura em mais de um equipamento.
O transmissor Pneumático utiliza variação da pressão alterada
linearmente de acordo com um faixa requisitada (0,2 a 1 kgf/cm2
ou 3 a 15 psi), sinal de transmissão analógico geralmente acima do
valor zero e utiliza o ar comprimido ou nitrogênio e tem como van-
tagem operar com segurança em atmosfera explosiva.

Transmissão Pneumática
Nesse tipo é utilizado um gás comprimido, cuja pressão é al-
terada conforme o valor que se deseja representar. Nesse caso a
variação da pressão do gás é linearmente manipulada numa faixa
específica, padronizada internacionalmente, para representar a
variação de uma grandeza desde seu limite inferior até seu limite
superior. A grande vantagem em seu utilizar os instrumentos pneu-
máticos está no fato de se poder operá-los com segurança em áreas
onde existe risco de explosão (centrais de gás, por exemplo).
Em geral, os transmissores pneumáticos geram um sinal pneu-
mático variável, linear, de 3 a 15 psi (libras força por polegada ao
quadrado) para uma faixa de medidas de 0 a 100% da variável. Esta
faixa de transmissão foi adotada pela SAMA (Scientific Apparatur
Makers Association), Associação de Fabricantes de Instrumentos,
e pela maioria dos fabricantes de transmissores e controladores Transmissão Eletrônica
dos Estados Unidos. Podemos, entretanto, encontrar transmissores Os transmissores eletrônicos geram vários tipos de sinais em
com outras faixas de sinais de transmissão. Por exemplo: de 20 a painéis, sendo os mais utilizados: 4 a 20 mA, 10 a 50 mA e 1 a 5 V.
100 kPa. Nos países que utilizam o sistema métrico decimal, ado- Temos estas discrepâncias nos sinais de saída entre diferentes fabri-
tam-se as faixas de 0,2 a 1 kgf/cm2 que equivalem, aproximada- cantes, porque tais instrumentos estão preparados para uma fácil
mente, de 3 a 15 psi. mudança do seu sinal de saída.
O alcance do sinal no sistema métrico é cerca de 5% menor que A relação de 4 a 20 mA, 1 a 5 V está na mesma relação de um
o sinal de 3 a 15 psi. Este é um dos motivos pelos quais devemos sinal de 3 a 15 psi de um sinal pneumático.
calibrar os instrumentos de uma malha (transmissor, controlador, O “zero vivo” utilizado, quando adotamos o valor mínimo de 4
elemento final de controle etc.), sempre utilizando uma mesma mA, oferece a vantagem também de podermos detectar uma avaria
norma. Note-se que o valor mínimo do sinal pneumático também (rompimento dos fios), que provoca a queda do sinal, quando ele
não é zero, e sim 3 psi ou 0,2 kgf/cm2. Deste modo, conseguimos está em seu valor mínimo.
calibrar corretamente o instrumento, comprovando sua correta ca- Esse tipo de transmissão é largamente usado em todas as indús-
libração e detectando vazamentos de ar nas linhas de transmissão. trias, onde não ocorre risco de explosão pois permite transmissão
Percebe-se que, se tivéssemos um transmissor pneumático de tem- para longas distâncias sem perdas e que o mesmo sinal (4~20mA)
peratura de range de 0 a 200 graus celcius e o mesmo mantivesse o seja “lido” por mais de um instrumento. Porém, exige utilização de
bulbo a 0 C e um sinal de saída de 1 psi, este estaria descalibrado. instrumentos e cuidados especiais em instalações localizadas em
Se o valor mínimo de saída fosse 0 psi, não seria possível fazer- áreas de riscos, além de cuidados especiais na escolha do encami-
mos esta comparação rapidamente. Para que pudéssemos detec- nhamento de cabos ou fios de sinais.
tá-lo, teríamos de esperar um aumento de temperatura para que
tivéssemos um sinal de saída maior que 0 (o qual seria incorreto). O
gás mais utilizado para transmissão é o ar comprimido, sendo tam-
bém o NITROGÊNIO e em casos específicos o GÁS NATURAL.
As desvantagens do uso de transmissão pneumática é que ne-
cessita de tubulação de ar comprimido (ou outro gás) para seu su-
primento e funcionamento; necessita de equipamentos auxiliares
tais como compressor, filtro, desumidificador, etc, para fornecer aos
instrumentos ar seco, e sem partículas sólidas.

375
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO III

4-Em relação à filtração em superfície, com queda de pressão


constante e formação de torta compressível, analise as afirmati-
vas a seguir.

I - A filtração ocorre no regime permanente.


II - A vazão cresce continuamente durante a filtração.
III - É possível eliminar-se a colmatação da torta com a adição
de um auxiliar de filtração à suspensão a ser filtrada.
IV - Nas filtrações que requerem auxiliar de filtração, o auxi-
liar mais comumente empregado é a terra diatomácea, também
conhecida como diatomita ou Kieselguhr.

São corretas APENAS as afirmativas


Alternativas
(A) I e II.
(B) I e IV.
QUESTÕES (C) II e III.
(D) III e IV.
(E) I, II e IV.
1-Assinale a alternativa que NÃO faz parte dos elementos
constituintes de um fluxograma de processo (representação do 5-Flotação é a operação unitária que emprega bolhas de ga-
projeto básico do processo)? ses na separação de partículas em suspensão em dado líquido.
Alternativas Nessa operação, a eficiência de separação das partículas NÃO é
(A) Instrumentação e malhas de controle. afetada pelo(a)
(B) Sequenciamento dos principais equipamentos do processo. Alternativas
(C) Vazões, composições, temperaturas e propriedades das cor- (A) ângulo de contato bolha-gás medido no meio líquido.
rentes envolvidas. (B) tamanho das partículas e das bolhas de gás.
(D) Ligações entre os diferentes equipamentos do processo. (C) dureza do sólido que constitui as partículas.
(E) Condições operacionais dos equipamentos representados (D) tensão interfacial gás-líquido.
no fluxograma. (E) densidade das partículas.

2-Assinale a afirmativa INCORRETA em relação ao projeto e ao 6-As bombas centrífugas são largamente utilizadas para bom-
desempenho de ciclones. bear líquidos tanto em residências quanto em instalações indus-
Alternativas triais. Considere as afirmativas a seguir relacionadas com os con-
(A) O projeto do ciclone depende da densidade do material a ceitos básicos de bombas centrífugas.
ser removido.
(B) Para partículas maiores que 200 020.jpg (diâme- I - As bombas centrífugas são de deslocamento positivo, au-
tro esférico equivalente), deve-se considerar a possibilidade de mentando a pressão até estourar a tubulação industrial caso ocor-
abrasão no interior do ciclone. ram restrições totais nas suas linhas de descarga.
(C) A viscosidade do gás não afeta o tamanho teórico da partí- II - Uma das exigências básicas para uma operação perfeita de
cula removida pelo ciclone. bombas centrífugas é que nenhuma cavitação ocorra ao longo da
(D) O tamanho teórico da partícula removida pelo ciclone de- grande faixa operacional da bomba.
pende da velocidade do gás. III - Para evitar problemas em bombas centrífugas, um fluxo
(E) Ciclones podem ser empregados para a remoção de sólidos contínuo mínimo do fluído de processo deve sempre ser mantido
ou líquidos de gases. durante a sua operação.

3-Assinale, dentre os equipamentos a seguir, aquele que NÃO Está correto o que se afirma em
está relacionado à remoção de material particulado em efluentes Alternativas
gasosos. (A) II, apenas.
Alternativas (B) III, apenas.
(A) precipitadores eletrostáticos (C) I e III, apenas.
(B) filtros de mangas (D) II e III, apenas.
(C) filtro rotatório (E) I, II e III.
(D) scrubbers
(E) ciclones

376
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO III

7-Com referência aos rotores de bombas centrífugas assinale 11-Em relação aos permutadores casco e tubos, considere as
a alternativa em que o tipo de rotor NÃO é classificado para bom- afirmativas a seguir.
bas centrífugas. I - São os trocadores de calor mais comumente encontrados
Alternativas na indústria e contêm um número de tubos paralelos envoltos por
(A) Rotores radiais e axiais. uma carcaça.
(B) Rotores do tipo difusor em caixa espiralada. II - Quando ambos os fluidos (quente e frio) fluem na mesma
(C) Rotores semiabertos e abertos com três canais. direção, o trocador tem escoamento contracorrente.
(D) Rotores fechados de dois canais com passagem larga. III - Na prática, os trocadores de calor casco e tubos são do-
tados de chicanas segmentadas instaladas no interior da carcaça,
8-Em relação às bombas centrífugas utilizadas em estação que têm como objetivo evitar que o fluido tenha passagens prefe-
elevatória. Assinale a alternativa correta que corresponde a uma renciais por fora dos tubos, o que causaria pequeno contato com
característica de bomba centrifuga de rotor fechado: a área de troca térmica.
Alternativas É(São) correta(s) a(s) afirmativa(s)
(A) Possui apenas um disco onde as palhetas são afixadas. Alternativas
(B) Grande recirculação de água. (A) I, apenas.
(C) Usado para bombeamento de líquidos limpos. (B) I e II, apenas.
(D) Usado para o bombeamento de líquidos sujos. (C) I e III, apenas.
(D) II e III, apenas.
9-Permutadores de calor casco-tubo são utilizados em dife- (E) I, II e III.
rentes aplicações industriais. Nesse tipo de permutador, a troca
térmica é feita através de 12-As válvulas são dispositivos destinados a estabelecer, con-
Alternativas trolar e interromper o fluxo em uma tubulação. Em geral, são os
(A) mistura direta entre os dois fluidos, quente e frio. acessórios mais importantes existentes nas tubulações. Sobre os
(B) injeção de vapor aquecido, fluido quente, em uma placa mi- diversos tipos de válvulas empregadas em tubulações industriais,
croporosa que está em contato direto com o fluido frio. é correto afirmar:
(C) uma superfície que separa os compartimentos dos fluidos Alternativas
quente e frio. (A) As válvulas de bloqueio costumam ser sempre do mesmo
(D) um meio fluidizado, como areia, por exemplo. diâmetro nominal da tubulação e têm uma abertura de passa-
(E) injeção de vapor, fluido quente, em orifícios circulares con- gem de fluido com seção comparável com a da própria tubu-
tendo o fluido frio. lação.
(B) As válvulas de regulagem são aquelas destinadas especifica-
10-De modo a efetuar transferência de calor e a garantir um mente para controlar o fluxo, não devendo, por isso, trabalhar
melhor aproveitamento energético, nas plantas industriais, faz-se em posição de fechamento parcial.
uso de permutadores, também conhecidos como trocadores de (C) As válvulas de borboleta e diafragma não podem trabalhar
calor. Os permutadores mais comuns são os do tipo casco/tubo.
como válvulas de bloqueio.
(D) As válvulas de gaveta são bastante apropriadas para tra-
Sobre esse tipo de permutadores, observe as afirmativas que
balho com líquidos com sedimentos sólidos ou em suspensão.
seguem.
(E) As válvulas de globo causam, em qualquer posição, peque-
nas perdas de cargas, porém não apresentam boa vedação.
I – Normalmente, a corrente fria passa pelos tubos, e a cor-
rente quente passa pelo casco.
13-Em instalações industriais, as tubulações para ar compri-
II – Devido à sua construção, nos trocadores casco/tubo, não
mido devem ser pintadas na cor
há contato direto entre as correntes frias e quentes.
III – A temperatura de saída da corrente fria é maior que a Alternativas
temperatura de saída da corrente quente. (A) preta
IV – A quantidade de calor trocada é inversamente propor- (B) verde
cional à diferença de temperatura e diretamente proporcional ao (C) azul
fluxo das correntes. (D) amarela
(E) cinza claro
É correto APENAS o que se afirma em
Alternativas 14-Considerando as definições usuais de pressão para o ar at-
(A) I e II mosférico, assinale a opção correta.
(B) I e III Alternativas
(C) II e IV (A) A pressão manométrica é obtida por meio da leitura direta
(D) I, III e IV de um manômetro de mercúrio.
(E) II, III e IV (B) Pressão absoluta corresponde a uma pressão medida por
instrumento rastreado pelo INMETRO e classificado por esse
órgão como absoluto.
(C) Pressão barométrica é um termo utilizado sempre que se
refere à pressão medida por um barômetro, ao nível do mar.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS - BLOCO III

(D) A pressão absoluta é obtida da pressão manométrica sub- É correto o que se afirma em
traída da pressão atmosférica local. Alternativas
(E) A pressão diferencial é definida como aquela resultante da (A) I, apenas.
diferença entre as pressões medidas entre dois níveis de pres- (B) III, apenas.
são quaisquer. (C) I e II, apenas
(D) II e III, apenas.
15-A respeito dos fluidos newtonianos e não newtonianos, (E) I, II e III.
verifica-se que o(s) fluido(s)
Alternativas
(A) não newtoniano dilatante tem como exemplo o plástico de
Bingham. GABARITO
(B) não newtoniano tem, na viscosidade aparente, uma pro-
priedade constante que identifica cada fluido.
(C) reopéticos mostram um decréscimo da viscosidade aparen-
te com o tempo quando submetidos a uma tensão cisalhante 1 A
constante.
(D) dilatantes mostram um aumento da viscosidade aparen- 2 C
te com o tempo quando submetidos a uma tensão cisalhante 3 C
constante.
4 D
(E) nos quais a viscosidade aparente decresce, conforme a taxa
de deformação aumenta, são chamados pseudoplásticos. 5 C
6 D
16-A equação de Bernoulli é usada para calcular a queda de
pressão de um fluido incompressível que escoa em regime perma- 7 B
nente em uma tubulação horizontal de diâmetro uniforme. 8 C
Se representarmos por Δp5 e Δp10 as quedas de pressão pre- 9 C
vistas para, respectivamente, 5 m e 10 m de tubulação, então, Δp5
será igual a 10 A
Alternativas 11 C
(A) 0,025 Δp10 ≠ 0
12 A
(B) 0,25 Δp10 ≠ 0
(C) 0,50 Δp10 ≠ 0 13 C
(D) Δp10 = 0 14 E
(E) Δp10 ≠ 0
15 E
17-Os transmissores pneumáticos 16 A
Alternativas 17 A
(A) têm como principal vantagem a possibilidade de uso em
ambientes explosivos, como em uma central de gás. 18 B
(B) são utilizados para linhas de grande comprimento, por não
apresentarem atraso de sinal.
(C) são mais utilizados em linhas onde é necessário gerar tor-
ques elevados nos comandos de válvula.
(D) dispensam tratamento prévio do ar da linha.
(E) podem ser conectados diretamente aos computadores de
vazão.

18-No controle de processos, são muito importantes os trans-


missores de sinal. Os principais transmissores são pneumáticos e
eletrônicos.
Considere as seguintes afirmações sobre tipos de transmis-
sores:

I - Os transmissores pneumáticos e eletrônicos têm seu sinal


mínimo em zero.
II - Os transmissores eletrônicos são ideais para locais onde
possa haver vazamento de gases inflamáveis.
III - Os sistemas eletrônicos de transmissão são mais seguros
e permitem facilmente perceber avarias.

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