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ISSN 1982 - 1913

2008, Vol. II, nº 1, 1-7


www.fafich.ufmg.br/mosaico

O trauma, o tempo e a perlaboração*

The trauma, the time and the working-through

Lucas de Avelar Vaz Rodrigues


Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas,
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte-MG, Brasil

Resumo
Este artigo propõe uma discussão a partir dos termos trauma, tempo e
perlaboração, tratando-os pelo viés do aspecto econômico, o que permite
operar a articulação entre eles. Ainda nos valemos do caso de um paciente
atendido no SPA (Serviço de Psicologia Aplicada – FAFICH – UFMG) para
abordar tal temática. Desta forma, retomamos as noções de etiologia traumática
das neuroses e neurose traumática, visando a possibilidade de interlocução
entre elas para se pensar o ofício do psicanalista.

Palavras-chave: Trauma, Tempo, Perlaboração

Abstract
This article issues a discussion from the terms trauma, time and working-through,
treating them through the economic aspect. A patient’s clinical case from SPA
(Psychologist Applied Service – FAFICH – UFMG) has been the orientation of
the approached theme. Therefore, we recover the notions of traumatic etiology
of neurosis and traumatic neurosis, aiming an interlocution possibility between
them to reflect regarding the analyst work.

Key-words: Trauma, Time, Working-through

*Trabalho apresentado na V Jornada Clínica do SPA, 2007, que sofreu algumas modificações devido à evolução clínica do paciente
A. e a outras formulações teóricas que se fizeram importantes para a publicação neste periódico.


Lucas de Avelar Vaz Rodrigues

No presente artigo, pretende-se ção dos seus atos, que indicavam sua for-
trabalhar os três termos – trauma, tempo e ma particular de lidar com esta perda que
perlaboração –, assim como a relação en- se fazia presente. Nas primeiras sessões, A.
tre eles. Para tanto, iremos iniciar com a chegou a dizer que não chorou a morte da
apresentação do caso A., que atualmente mulher e que havia resolvido fazer o “luto
se encontra em tratamento no SPA (Serviço em um dia” (sic.), que “não esperaria um
de Psicologia Aplicada – FAFICH – UFMG), ano para poder seguir...” (sic.). Porém, ape-
passando posteriormente pela articulação sar das mudanças que foi obrigado a fazer
entre os termos citados e as noções de etio- em seu cotidiano, principalmente com rela-
logia traumática das neuroses e neurose ção aos cuidados para com o filho, sua vida
traumática. Assim, lançamos mão do aspec- se manteve parada, estancada em um dis-
to econômico como elemento que possibi- curso que não trazia a representação deste
lita tal junção. novo estado de sua vida, estado no qual uma
ausência se fazia presente. Em sua fala, era
saliente a evocação de uma fase na qual a
Caso A. mulher ainda estava viva, principalmen-
te quando comentava seu relacionamento
A. procurou o SPA em agosto de 2007, amoroso atual, no qual a figura da ex-mulher
com a intenção de conseguir um auxílio psi- era sempre convocada para dizer acerca de
cológico para o filho, que havia perdido a suas semelhanças com a atual parceira.
mãe no início do ano. Nesta ocasião, ele tam- Aos poucos, com o andamento do
bém se inscreve para um tratamento, com o tratamento, o significante “morte” parecia
propósito de se cuidar para ajudar o filho insistir em sua escrita da sessão e, por nos
naquele momento. Em sua ficha de triagem, chamar atenção, era sempre pontuado, mes-
um fato nos chamava atenção além desta mo quando parecia não tratar de algo rela-
justificativa pouco fundamentada para ini- cionado à ex-mulher. Para exemplificar: A.
ciar sua análise: não havia menção alguma passou uma sessão toda discursando sobre
sobre a relação que A. mantinha ou manteve as “línguas mortas” (sic.) que não teriam
com a “mãe do filho”. mais lugar em nossa sociedade, a não ser
No primeiro atendimento, A. é convo- para quem estudaria o passado, ou as pro-
cado a dizer sobre o que o trazia à clínica, duções do passado.
tornando claro o movimento que ele fazia, Assim, com o tempo, A. parecia co-
até então, para lidar com esta perda que, cer- meçar a se movimentar e a reconhecer o es-
tamente, não era apenas do filho. A. também tado de paralisação no qual se encontrava.
havia perdido sua esposa, e sem dúvida esta Neste momento, um tom queixoso parecia
morte se deu, no mínimo, de maneira trági- colorir algumas sessões. A., então, contava
ca. Esta veio a falecer após ter sido atropela- sobre alguns de seus hábitos que se sen-
da por um caminhão, que invadiu a calçada tia impossibilitado de fazê-los por evocar
onde ela se encontrava utilizando um telefo- lembranças da esposa falecida: gostava de
ne público para combinar um encontro com escrever histórias e poemas – “que sempre
o marido. Vale salientar que o paciente não saíam com tom agressivo e triste”; e gostava
se alterou muito para descrever esta cena de assistir a filmes de suspense.
e, com o decorrer das sessões, foi possível Ainda neste momento do tratamen-
perceber que esta dissociação afetiva foi a  É necessário ressaltar que, após algumas pontuações do
maneira pela qual A. pôde se manter estru- analista, certas diferenças também foram salientadas.
turado após este acidente.  Para exemplificar isso, A. relatou duas histórias: uma que
ele havia escrito há algum tempo – antes da morte da mulher
No discurso do paciente era possível – sobre um homem que vingava o assassinato da esposa, e
verificar claramente traços de racionaliza- outra sobre um filme a que havia assistido no qual um grupo
de amigas morre.

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to, A., tornando ainda mais chocante a cena acúmulo e ao arrombamento pela energia
do acidente, conta algo que ainda não havia interna” (Laplanche, 1988, p.86). Assim po-
dito: sua ex-mulher estava grávida de qua- demos entender como a retroação é impor-
tro meses no momento do atropelamento e, tante para esse mecanismo, uma vez que
previsivelmente, o bebê também não resis- é necessário um tempo 2 para ativar essa
tiu. bomba de retroação, esse espinho interno.
Outro ponto que gostaríamos de citar Na “Carta 52”, Freud (1950 [1886]
antes da discussão teórica, é sobre um so- /1980) nos apresenta um modelo de apare-
nho que A. teve com a ex-mulher que se en- lho psíquico que contém uma “tendência ao
contrava “cabisbaixa”, com uma “expressão ajustamento quantitativo” (p.319) e a pos-
de desânimo” e dizia para ele: “eu desisto” sibilidade de retirada da excitação através
(sic.). Não foi feita nenhuma interpretação das sucessivas traduções. A partir desses
deste sonho, mas A., ao ser convocado a di- pressupostos e deduções lógicas, o recalca-
zer sobre ele, relatou um sentimento de cul- mento seria uma falha ou uma recusa de tra-
pa que se localizava, de maneira não muito dução, o que provocaria conseqüências, ou
certeira, em relação ao que “os outros” (sic.) seja, neurose. Certamente essa recusa não
pensavam sobre o fato de já estar namoran- seria um capricho, mas seria para o sujeito
do. Deixemos, então, salientado este vago da ordem da impossibilidade, uma vez que
sentimento de culpa. se colocaria como um perigo para o próxi-
Após essa exposição, passemos à mo registro.
discussão teórica. A relação desta idéia com o mode-
lo do trauma se dá pela possibilidade de
representação dos indícios de percepção.
O trauma e a lógica dos tempos Uma vez que estas primeiras inscrições se
prestam a serem traduzidas, alguma prote-
Como nos indica Laplanche e Pon- ção contra o exterior, contra essa fonte de
talis (1982/2001), a psicanálise em seu iní- excitações, é possível. Porém, esse meca-
cio localizou as experiências traumáticas nismo de defesa gera um outro problema –
na base da etiologia das neuroses. Neste por sua vez já apontado anteriormente: por
ponto, podemos nos referir ao ‘caso Emma’, fazer sinal às outras representações, essa
discutido por Freud (1950[1885]/1980), no associação entre elas entrega o aparelho ao
qual a noção de a posteriori é apresentada, arrombamento interno, o que impossibilita
defendendo-se a idéia de que foram neces- a defesa.
sários dois tempos para que a primeira cena Aqui se percebe, então, o tempo
– na qual o confeiteiro deu um beliscão na implicar nas construções do sujeito. Cer-
genitália da paciente – tivesse o caráter de tamente, se não fosse assim, o trauma não
trauma. teria essa estrutura. Se não houvesse ne-
Há um aspecto econômico do trauma nhuma falha, nenhuma sobra, nenhuma
que se relaciona com essa lógica dos tem- possibilidade de fazer novas conexões que
pos. Segundo Laplanche (1988), a noção de dariam novos sentidos, dominando essas
arrombamento é essencial no pensamen- excitações provindas deste mundo exter-
to freudiano, na medida em que entrega o no/interno, não haveria trauma. O homem,
corpo ao excesso abrupto. Neste sentido, o por estar nesta lógica de tempos entre o
autor nos informa que “Freud jamais assimi- “cedo demais” e o “tarde demais”, está fa-
la (...) a castração a um trauma. É preciso dado a claudicar e ser entregue a esse mal-
aí um intermediário essencial: a castração estar que é seu destino, mas também, não
só é um trauma na medida em que entre- esqueçamos, seu fundamento.
ga o organismo, doravante sem exutório, ao

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O Trauma e a Repetição nos permite explicar esta compulsão. Em


“Além do princípio do prazer” (1920/1980),
Nos textos “Recordar, Repetir e Elabo- Freud faz uma longa construção para apre-
rar” (Freud, 1914/1980) e “Fixação em Trau- sentar uma mudança na sua concepção do
mas” (Freud, 1917/1980), Freud começa a se conflito psíquico. Segundo ele, “(...) a dis-
dar conta de algo que se repete, que obe- tinção entre os dois tipos de pulsões, que
dece a outra ordem que não a de recordar era originalmente considerada, de certa
– o que era um dos objetivos da análise até maneira, como qualitativa, deve ser hoje di-
o momento. O autor diz: “As neuroses trau- ferentemente caracterizada, ou seja, como
máticas dão uma indicação precisa de que topográfica.” (Freud, 1920/1980, p.72). Des-
em sua raiz se situa uma fixação no momen- ta maneira, o conflito se daria entre ‘pulsões
to do acidente traumático. Esses pacientes de vida’ e ‘pulsões de morte’. As primeiras
repetem a situação traumática, em seus so- englobariam as pulsões sexuais e as pul-
nhos (...)”, nos quais ocorre “(...) uma com- sões do ego, e seriam responsáveis pela li-
pleta transportação do paciente para a situ- gação. Já as pulsões de morte teriam como
ação traumática.” (Freud, 1917/1980, p.325). função o desligamento, levando o organis-
É como se o trauma fosse vivido como situ- mo ao antigo estado das coisas.
ação imediata no inconsciente, e é tratado Ainda neste texto, Freud insiste vá-
por ele “como tarefa ainda não executada” rias vezes na idéia de que a compulsão à
(Freud, 1917/1980, p.325). Assim, o termo repetição remete ao “primitivo”, justamen-
‘traumático’ necessita ser visto, novamente, te por deixar o organismo em um tempo
no sentido econômico. Nessa perspectiva, caracterizado pela pura excitação e puro
Freud considera o trauma como: desligamento. Na explicação biologicista
de Freud, o além do princípio do prazer re-
“uma experiência que, em curto período mete o sujeito ao estado inicial das coisas,
de tempo, aporta à mente um acréscimo de ao inorgânico. Deixando de lado essa teori-
estímulo excessivamente poderoso para ser
manejado ou elaborado de maneira normal,
zação “lógica” de Freud, talvez este “primi-
e isto só pode resultar em perturbações per- tivo” nos remeta justamente ao tempo 1 do
manentes da forma em que essa energia trauma e não a um tempo de re-significação,
opera” (Freud, 1917/1980, p325). ou seja, a um tempo em que o que existe
é puro desprazer devido ao excesso desli-
É importante salientar que, para gado que envolve o aparelho. Assim, exige-
Freud, as neuroses traumáticas são causa- se a resolução de um problema, que seria
das por acontecimentos que envolvam ris- o “de dominar as quantidades de estímulo
co de vida; o que é diferente da idéia de que irromperam, e de vinculá-las, no senti-
que as neuroses possuem os traumas em do psíquico, a fim de que delas se possa en-
sua etiologia. tão desvencilhar” (Freud, 1920/1980, p.45).
Percebe-se nesses casos que não se É função de Eros tornar as catexias
trata de um retorno do recalcado, que exi- livres em catexias quiescentes, ou seja, li-
giria uma solução de compromisso, mas de gadas, em descanso. E é aqui que encontra-
algo que se encontra desligado, sem repre- mos um gancho para tratar do nosso último
sentação e que impõe ao sujeito a repetição. termo que é a perlaboração
Cabe então questionar sobre o por quê da
necessidade do aparelho impor ao sujeito
esta re-atualização da situação traumática a Perlaboração
todo momento.
Verifica-se ainda, nestes textos, uma Retornemos à “Carta 52”, na qual
inconsistência metapsicológica que não a idéia de tradução se apresenta sobre os

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O trauma, o tempo e a perlaboração

signos (Zeichen), que fazem sinal, chaman- senta sempre deixa um resto que não pôde
do às traduções futuras. Segundo Freud, ser subjetivado.
“o material presente em forma de traços Com isso, “a análise, como uma ex-
de memória estaria sujeito, de tempos em periência de resignificações, vai permitir
tempos, a um rearranjo segundo novas cir- diversas interpretações do mesmo evento,
cunstâncias – a uma retranscrição” (Freud, ou seja, diversos outros significantes po-
1950[1886]/1980). Como já foi indicado, dem ser associados ao evento(...)” (Quinet,
essa seria a forma pela qual o aparelho lida 2005, p.54). Desta maneira, de tempos em
na contenção das excitações provindas de tempos, esse trauma poderá ser represen-
fora ou de dentro. tado de formas diferentes, em uma tentativa
Em alguns momentos deste texto, de recobrir esse real, que é resto desta ope-
utilizamos a idéia de que o trauma se apre- ração de nomear, possibilitando mudanças
senta, o que vai ao encontro das proposi- de posição do sujeito frente a isso que o
ções sobre a insistência da repetição, como marca. Para facilitar esse processo de perla-
se o acontecimento traumático estivesse boração, cabe ao analista recusar saber so-
ocorrendo no momento. Nessa perspectiva, bre as verdades do sujeito, pois desta forma
ao impor essa atualização, o aparelho psí- possibilita diferentes traduções desse enig-
quico coloca para si mesmo a possibilidade ma que está colocado e deve ser mantido
de contenção deste excesso através da sua em tensão em análise. Talvez possamos ser
representação. E a proposição das pulsões radicais e recusar também, em certo nível,
de vida daria o substrato teórico para dizer qualquer estatuto de verdade sobre o saber
sobre essa energia que se presta a ligar, a construído pelo próprio analisante, uma vez
conter, em oposição ao que é puro desliga- que há a impossibilidade estrutural de re-
mento. cobrir o real, e ficaria a cargo do analista
Na lógica do trauma, a intensidade fazer trabalhar esse resto que não cessa de
da excitação é tanta, devido à força desrup- operar. Talvez encontra-se aqui, como cor-
tiva trazida por ele e ativada no aparelho, relato, a importância, ou melhor, a não-im-
que antes mesmo de tentar expulsá-lo, o portância que o analista dá à concordância
aparelho precisa limitá-lo de todas as for- ou discordância do paciente para com suas
mas possíveis (Laplanche, 1980/1998, p.54). interpretações, pois o que efetivamente im-
Fazê-lo retornar repetidas vezes como algo porta nessas intervenções seria se elas per-
atual, ou seja, passível de ser circunscrito mitiram o sujeito a evoluir em suas associa-
por uma representação e, portanto, contido, ções, em seu trabalho de ligar, ou seja, em
não seria uma delas? Talvez isso indicasse sua perlaboração.
mais claramente como este não pode ser
um retorno do recalcado, pois somente se
apresenta – e não está representado! Para concluir
É somente após essa primeira con-
tenção, conseguida a partir do trabalho da É certo e, também, almejado que a
repetição, essa inscrição no registro incons- clínica nos traga mais enigmas do que cer-
ciente e esse primeiro passo de perlabora- tezas. Talvez esteja aí a sustentabilidade da
ção, pois, como indica Laplanche (1988), o teoria psicanalítica, que se recusa a saber
per é ligar, que o sujeito em análise pode sobre o sujeito, não incorporando ao seu ar-
tratar de algo parecido com um sintoma, cabouço qualquer manual que dê conta dos
mas que traz algo de desruptivo, já que, enigmas da existência.
como sabemos, o significante que o repre- Retornemos ao caso A. para algumas
Cf. LAPLANCHE (1988), p.94. Neste texto, o autor propõem considerações. Antes de tudo, não é nossa
uma nova tradução para o termo, utilizado por Freud, “Wahrn intenção diagnosticá-lo como um caso de
ehmungszeichen”(Wz), no caso: signos de percepção.

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neurose traumática, mas verificar em que ria, mas deixá-la aberta nos permite pensar
medida essas teorizações podem nos aju- a cura a partir deste enigma do encontro
dar para outros tipos de patologias, no sen- com o real.
tido da direção do tratamento. Os casos de Tal direção se baseia na possibili-
neurose traumática, e certamente o caso A., dade de novas ligações, de produzir novos
nos chamam atenção para uma característi- sentidos, de caminhar na tensão do que se
ca do aparelho psíquico que, muitas vezes, repete e do que está sendo re-significado
deixamos esquecida: em algumas situações no momento da sessão analítica.
o aparelho parece se encontrar aberto, com Através da apresentação do caso
uma falha em seus limites, ou, pelo menos, A., pudemos perceber como aquilo que, a
possui uma estrutura aberta e não necessa- princípio, encontrava-se sem palavras foi,
riamente com falhas. aos poucos, sendo representado, permitin-
Sobre o caso A., no mínimo, não se do o trabalho de perlaboração. E, sem dú-
pode negar o estatuto traumático da origem vida, esse percurso só é possível na medi-
do seu sofrimento. Cabe, aqui, uma questão: da em que o enigma esteja presente a todo
até que ponto é possível dizer sobre o que é momento. Talvez esteja aí o verdadeiro ofí-
uma neurose traumática e o que não é? Não cio do psicanalista, manter a tensão sobre o
temos a intenção de quebrar essa catego- que não cessa de fazer enigma.

Referências bibliográficas

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Laplanche, J. (1988). Traumatismo, tradução, transferência e outros trans(es). In: Teoria da Sedução
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O trauma, o tempo e a perlaboração

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Laplanche, J. e Pontalis, J-B (2001). Vocabulário da Psicanálise. (P. Tamen, Trad.). – 4ª ed. – São
Paulo: Martins Fontes. (Trabalho original publicado em 1982).

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72) – 10ª ed. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.

Recebido em: 24/03/2008


Revisado em: 25/06/2008
Aceito em: 30/06/2008

Sobre o autor:

Lucas de Avelar Vaz Rodrigues é aluno do curso de graduação em psicologia pela Universidade Federal de
Minas Gerais. E-mail: lucasavr@yahoo.com.br

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