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República de Angola

Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação

Instituto Superior de Administração e Finanças


Gestão Bancária e de Seguros

Tema:

Endividamento

ANO LECTIVO 2022/2023


LICENCIATURA EM: GESTÃO BANCÁRIA E DE SEGUROS

ANO: 3º

TURMA: M1

INTEGRANTES DO GRUPO:

 Adriana João, Nº 208530


 Nunes João, Nº203653

O DOCENTE

_______________________
Yara Vilombo

ANO LECTIVO 2022/2023


II
Abreviações

LASR – Lei 18/22 de 7 de Julho, Lei da Atividade seguradora e Resseguradora

CIRE – Decreto-Lei nº 53/2004 de Portugal, Código de Insolvência e de


Recuperação de Empresas

III
Sumário
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 5
Contração de créditos subordinados .............................................................................. 6
Proibição de distribuição de dividendos ......................................................................... 7
Insuficiência das provisões técnicas, margem de solvência e fundo de garantia
............................................................................................................................................. 9
Conclusão............................................................................................................................ 11
Bibliografia .................................................................................................................... 12

IV
INTRODUÇÃO

Endividamento é contrair dívida, ou seja, ter um compromisso que deve ser


honrado e quitado no prazo acordado.
Porque endividar-se?
Geralmente as empresas endividam-se para fazer face as suas operações,
por exemplo, podem usar para fazer aquisição de equipamentos que sejam
indispensáveis para a sua instalação ou funcionamento ou a prossecução do seu
objeto social.
As seguradoras não fogem a essa regra, pois no início ou ao decorrer da sua
atividade podem contrair certas dívidas para fazer face várias despesas e manter a
margem de solvência que consiste na capacidade que uma seguradora ou
resseguradora tem de honrar com os seus compromissos financeiros assumidos no
âmbito da relação das suas operações, isto é, negócio jurídico celebrados com os
beneficiários.
De acordo a circular da Agência Angolana de Regulação e Supervisão de
Seguro (ARSEG), as operadoras de seguros e de fundo de pensões que exercem a
atividade no mercado angolano devem dispor, a partir do momento da sua
constituição, uma margem mínima de solvência que faz parte integrante de 1/3 do
seu valor, não podendo ser inferior aos limites fixados pela lei.
As empresas recorrem ao endividamento ou fundos de garantia que conferem
ao credor o direito de se fazer pagar, com prioridade ou com preferencia quaisquer
outros credores.
O fundo de garantias apresenta alguns tipos de creditos como: creditos
garantido, creditos privilegiados, creditos comuns e os creditos subordinados que
sera o nosso foco bem como, a proibicão de pagamento de dividendos, a
insuficiencia financeira e a publicidade.
Neste contexto, iremos abordar sobre as condições que uma seguradora deve
ter para contrair essas dívidas, sobre as responsabilidades que a seguradora tem
para com os seus credores e sobre as limitações que as mesmas têm caso se
encontre em estado de insuficiência financeira ou insolvência.

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Contração de créditos subordinados

Créditos subordinados, limitando-se ao artº 119º, alinea a da LASR diz que:


Os créditos subordinados são valores contraídos destinados para o cumprimento de
obrigações contratuais existentes diretamente decorrentes da realização de seguros
e resseguros, a aquisição de imóveis e bens de equipamentos que sejam
indispensáveis para a sua instalação ou funcionamento ou a prossecução do seu
objeto social.
b) diz que, A contração e emissão ficam dependentes de autorização previa
do organismo de supervisão da Atividade Seguradora.
2. Sem prejuízo do disposto no numero anterior, é permitida a contração de
empréstimos e emissão de empréstimos, desde que o montante de todos os
empréstimos contraídos por uma empresa de seguros ou resseguros,
independentemente da sua forma, não ultrapasse 25% dos capitais próprios.

3. Os descobertos bancários são, para efeito na presente lei, equiparados a


contração de empréstimos.
4. As empresas que, após a contração de um empréstimo, deixa de dar
cumprimento ao disposto nos números anteriores, deve, no prazo máximo de 12
meses a contar da data de verificação do incumprimento, executar integralmente o
necessário aumento de capital social, sob pena de se constituir em situação
financeira insuficiência tal como definido na presente lei.
Os créditos subordinados também designados por dívida júnior por
contraposição à dívida sénior. A dívida sénior é aquela que é graduada e paga
primeiro que a dívida júnior. Divida junior é aquela que é paga em último lugar
no processo de insolvência. Neste caso, só pode ser paga após terem sido
satisfeitos todos os créditos comuns, se saldo ainda subsistir.
Bancos e mercados obrigacionistas sao duas opcões para as empresas
contrairem estes emprestimos.

Empréstimos subordinados são empréstimos secundários que são pagos


depois que todas as primeiras garantias forem pagas em caso de inadimplência. Por
serem secundários, muitas vezes têm taxas de juros mais altas para compensar o
maior risco assumido pelo credor subordinado em comparação com os credores
primários.

Os titulares destes créditos para além de serem aqueles que estarão em


último lugar na nossa graduação de créditos, estando, já à partida, numa posição de
maior fragilidade e de maior risco quanto à satisfação dos seus créditos, serão

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também aqueles que ficarão sujeitos às diversas consequências, de não serem
pagos ou de atos de má fé na contratação desse empréstimo.

Entende-se por má fé o conhecimento, à data do ato, de qualquer das


seguintes circunstâncias:

a) De que o devedor se encontrava em situação de insolvência;


b) Do carácter prejudicial do ato e de que o devedor se encontrava à data em
situação de insolvência iminente; (art. 120° do CIRE).

São também créditos subordinados os créditos por suprimentos. Os créditos


por suprimentos são aqueles que resultam de um contrato de mútuo (empréstimo)
através do qual o sócio empresta dinheiro à respetiva sociedade com caráter de
permanência. Considera-se que existe caráter de permanência sempre que o prazo
para o reembolso do dinheiro emprestado for superior a 12 meses.
Os créditos por suprimentos estão em último lugar na graduação e ordem de
pagamento, dentro da categoria dos créditos subordinados. Só podem ser pagos
depois de terem sido pagos todos os outros créditos, incluindo todas as outras
espécies de créditos subordinados. Os créditos subordinados são, por isso, os
«últimos dos últimos» a serem pagos. Por outro lado, os créditos subordinados não
permitem ao respetivo credor requerer, pelo incumprimento desses créditos, a
insolvência da sociedade.

Proibição de distribuição de dividendos

É proibida a distribuição de dividendos enquanto não estiverem integralmente


liquidadas todas as obrigações resultantes do aumento de capital previstos no nº 4
do art. 119º da LASR. (Art 120º LARS)
Neste caso, as Segurados e ressegurados só fazem a distribuição de
dividendos quando elas cumprirem com as suas obrigações sobre o aumento de
capitais.

Mesmo existindo sócios com ações preferenciais (que não dão direito a voto,
mas que são os primeiros a receber) ou as ordinárias (que dão direito a voto e que
são os últimos a receber), não podem determinar ou exigir o pagamento de
dividendos em caso de insuficiência financeira.
A não distribuição de dividendos deve-se ao fato da não existência de
suficiência financeira das seguradoras e resseguradora.

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Insuficiência Financeira

As empresas de seguro e de resseguro encontram-se em situação de


insuficiência financeira quando há insuficiência de provisões técnicas, insuficiência
da margem de solvência e insuficiência do fundo de garantia. E é necessário que as
empresas de seguro e de resseguro disponham dessas garantias financeiras para
fazer face aos seus compromissos.
As provisões técnicas permitem à empresa cumprir compromissos
decorrentes dos contratos celebrados, a margem de solvência consiste na
capacidade de honrar seus compromissos financeiros assumidos no âmbito da
realização das suas operações, e o fundo de garantia serve para satisfazer os
credores nos momentos mais críticos do mercado.
Segundo o artigo 168º da Lei da Actividade Seguradora e Resseguradora
18/22 de 7 de julho, quando uma empresa de seguro se encontra em situação
financeira insuficiente, o Organismo de Supervisão da Actividade Seguradora, tendo
em vista a protecção dos interesses dos segurados e beneficiários e a salvaguarda
das condições normais de funcionamento do mercado segurador, pode determinar
prazos a fixar, a aplicação de alguma ou de todas as seguintes providências de
saneamento e recuperação:
a) Recuperação das provisões técnicas ou apresentadas no plano de
financiamento, nos termos dos artigos 169º, 170º e 171º;
b) Restrições à comercialização de novos produtos ou operações de seguros
e à aceitação de resseguro;
c) Restrições à aceitação de créditos e ao investimento em determinados
activos, em especial no que respeite a operação realizadas com filiais,
com entidade que seja empresa-mãe da empresa ou filiais desta ou em
relação estreita com esta, bem como as entidades sediadas em jurisdição
offshore;
d) Restrições à renovação, à prorrogação, ao resgate ou reembolso
antecipado dos contratos ou operações de seguros existentes, ou à
elevação dos respectivos capitais;
e) Realização de uma auditoria à totalidade ou a parte da actividade da
empresa, por entidade independente designada pelo Organismo de
Supervisão da Activivdade Seguradora, e selecionada de acordo com as
regras aplicáveis nos concursos públicos, às expensas da empresa;

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f) Restrições ao exercício de determinado tipo de actividade,
designadamente à exploração de determinados ramos ou modalidades de
seguros ou tipos de operações;
g) Restrições à aplicação de fundos em determinadas espécies de activos;
h) Imposição da suspensão ou da destituição de titulares de órgãos sociais
da empresa;

Insuficiência das provisões técnicas, margem de solvência e fundo de garantia

Se o Organismo de Supervisão da Actividade Seguradora verificar que as


provisões técnicas são insuficientes ou se encontrem incorretamente constituída ou
representadas, a empresa de seguros deve proceder imediatamente à sua
retificação, de acordo com as instruções que lhes forem dadas. Se se verificar que
que as provisões técnicas não se encontrem totalmente representadas, a empresa
de seguros no prazo que a entidade lhe fixar, submeter à sua aprovação um plano
financeiro a curto prazo, fundamentado num adequado plano de actividade, que
inclui contas previsionais. O Organismo de supervisão da Actividade Seguradora
define, caso a caso, as condições específicas a que deve obedecer ao plano de
financiamento, bem como o seu acompanhamento, podendo, nomeadamente,
determinar a prestação de garantias adequadas, o aumento e redução do capital e a
alienação de participações sociais e outros activos. (Artigo 169º LASR).

Se o Organismo de Supervisão da Actividade Seguradora verificar a


insuficiência, mesmo circunstancial ou previsivelmente temporária, da margem de
solvência de uma empresa de seguros, esta deve, no prazo que lhe vier a ser fixado
pela entidade se supervisão, submeter à sua aprovação um plano de recuperação,
com visa ao restabelecimento da sua situação financeira. (Artigo 170º LASR).

Se o Organismo de Supervisão da Actividade Seguradora verificar que o


fundo de garantia não atinge, mesmo circunstancial ou temporariamente, o limite
mínimo fixado, a empresa de seguros, deve, no prazo que lhe vier a ser fixado pela
entidade se supervisão, submeter à sua aprovação um plano de financiamento a
curto prazo.

Caso a empresa de seguro não apresente os planos de recuperação ou de


financiamento e a não aprovação, por duas vezes consecutivas, ou o não
cumprimento destes planos nos prazos fixados, pode originar, por decisão do
Organismo de supervisão, a suspensão da autorização para a celebração de novos
contratos e ou a aplicação de várias medidas, bem como a decisão de revogação
total ou parcial da autorização para o exercício da actividade seguradora, consoante
a gravidade da situação financeira da empresa de seguros

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A gravidade da situação financeira da empresa de seguros, afere-se
nomeadamente, pela sua viabilidade económico-financeira, pela fiabilidade das
garantias de que dispõe, pela evolução da sua situação líquida, bem como pelas
disponibilidades necessárias ao exercício da sua actividade corrente.
Outras medidas que podem ser adoptadas são:
1. Impedimentos de comercialização de novos produtos de seguros, ou
seja, o organismo de supervisão dá a ordem de impedimento já que esteja em
fase de execução de um plano de recuperação ou de um plano de
financiamento, enquanto a empresa de seguros não lhe fizer prova de que
dispõe de uma margem de solvência suficiente, de um fundo de garantia, pelo
menos, igual ao limite mínimos exigido.
2. Designação de administradores provisórios, são designadas tais
entidades no caso de a empresa se encontre num desiquilíbrio financeiro que,
pela sua dimensão, constitua ameaça grave para a respectiva solvabilidade,
se não oferecer garantias de gestão sã e prudente, colocando em sérios
riscos os interesses dos segurados e credores em geral;
3. Designação de comissão de fiscalização, o organismo de supervisão pode
ainda também designar uma comissão de fiscalização junto ou não dos
Administradores provisórios.

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Conclusão

O endividamento é um meio que as empresas de seguro podem utilizar para a


elaboração de um plano de financiamento, e assim não comprometerem as suas
operações quando se verificar que há insuficiência financeira, ou possível
insuficiência, e deste modo manter os interesses dos segurados bem como dos seus
credores.
Por isso os prospectos, anúncios, títulos e quaisquer outros documentos relativos
a empréstimos contraídos pelas empresas de seguros ou de resseguros, devem
constar, de forma explícita, o privilégio de que os credores específicos de seguros
gozam sobre o seu património em caso de liquidação ou falência.

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Bibliografia

(Lei da Actividade Seguradora e Resseguradora nº 18/22 de 7 de Julho, 2022)

(Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas - CIRE, 2023)

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