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A ARTE DE SER MAÇOM - DO STATUS A LAPIDAÇÃO

Escrito por Mateus Corrêa Leite

Não é raro vermos, ouvirmos ou até mesmo nos depararmos com histórias de
profanos que procuram o ingresso na sublime ordem pelo simples de fato de se
tornar e poder dizer "Sou Maçom". Chamo isso de busca por status, que em uma de
suas definições quer dizer a busca da honra ou o prestígio anexados a posição de
ser um alguém na sociedade.

A busca por esse "tal" status muitas vezes podem deixar marcas irreparáveis na
índole e caráter de um ser humano, sendo ele maçom ou não. Mas no caso do
aprendiz maçom, acredito eu, merece algumas profundas reflexões para que chegue
ao fato, sólido e concreto, do que realmente é "a arte de ser maçom".
Acredita esse que vos fala, que qualquer que tenha sido o motivo que tenha
levado um irmão ainda que aprendiz, ou não, a ingressar na nossa Sublime
Instituição, que os acolheu fraternalmente como um de seus membros, certamente
ainda não entenderam, assim como eu, em toda sua amplitude, a importância dessa
decisão e todas as suas possibilidades de progresso moral, espiritual e
intelectual que se abriram no momento de sua iniciação.

Percebo que a doutrina maçônica se revela efetivamente só a quem se dedica com


sinceridade e fervor, absoluta lealdade, firmeza e perseverança no estudo e na
prática da Maçonaria.

Isso se consegue por meio de provas. As provas simbólicas da Iniciação e as


provas posteriores de desalento e decepção. Aquele que se deixa vencer por essas
provas assim como o que ingressou na Ordem com espírito superficial, não
conhecerá tudo o que a Maçonaria pode oferecer no sentido do aperfeiçoamento
humano.

Daí, podemos chegar ao denominador comum que dá o tema a esse trabalho. Por mais
que o Aprendiz tenho sido iniciado com o simples fato de buscar tal status em
sua sociedade, perceberá que o tesouro maçônico se acha profundamente escondido
na terra, que subliminalmente, quer dizer dentro dele mesmo.
Somente escavando-se muito, ou seja, buscando debaixo da aparência, poderemos
encontrá-lo. Quem passa pela Instituição como se fosse uma sociedade qualquer ou
um clube profano, jamais pode alcançar conhecê-la. Só persistindo nela com
vontade inalterada, esforçando-se para ser verdadeiramente maçom e tendo
consciência clara dessa qualidade, o irmão encontrará seu real valor. É nesse
contexto que inicia-se tal lapidação. A lapidação de ser humano, do eu em
primeira pessoa.
Por um exemplo, seria simples para qualquer aprendiz estudioso, ler uma, duas,
três, ou até mesmo decorar o preâmbulo da maçonaria, os significado simbólico
dos trajes, vestimentas, marchas, jóias da loja, ou realizar 20, 30, 40 visitas
em lojas irmãs. Para ser um pouco mais profundo, e simples, seria até mais fácil
tomar um conhecimento superficial sobre um pouco do que prega e estuda a
maçonaria, para dizer "ou maçom", mas na verdade, para que se aprenda a arte de
ser maçom, é preciso se lapidar.

Ser um bom Aprendiz, um Aprendiz ativo, que se esforça por ir na direção da Luz
da Verdade e da Virtude, pondo em prática a doutrina iniciática contida no
simbolismo do grau, é sem dúvida melhor que ostentar graus mais elevados
permanecendo na odiosa ignorância dos sublimes princípios e fins de nossa
maçonaria.
A condição de aprendiz se refere à nossa “capacidade de aprender”. Somos
aprendizes enquanto nos fazemos receptivos, nos abrindo interiormente e
dirigindo nosso empenho no sentido de aproveitarmos construtivamente todas
nossas experiências de vida e todos os ensinamentos que, pelas mais variadas
formas, nos são passados.
Nossa mente aberta, livre de preconceitos, e a intensidade do desejo de
progredir, determinam essa capacidade.
O esforço individual é condição “sine qua non”, para os mais entendidos ou “sem
o qual não pode deixar de ser” para esse progresso.
O Aprendiz não deve se contentar em receber passivamente as idéias, conceitos e
teorias que lhe são apresentadas, tem que se lapidar. Há que trabalhar todo esse
material e assim formar opinião própria sobre ele.

Uma das coisas mais importantes que caracterizam nossa Instituição é a perfeita
compreensão da existência harmônica dos princípios de Liberdade e Autoridade.

Cada qual deve aprender a progredir por meio de suas próprias experiências e
compreensão e, claro, seus próprios esforços, ainda que aproveitando, mediante
seu critério, as experiências de irmãos que o precederam no mesmo caminho.

A autoridade dos Mestres, na minha humilde opinião, é simplesmente guia para o


Aprendiz enquanto ele não puder caminhar por si mesmo.

Essa autoridade não será nunca resultado de imposição ou coerção. Ela pode
existir sim, mas será produto de um progresso espiritual por estar o Mestre mais
adiantado no caminho que todos temos de percorrer. Haverá de ser uma autoridade
natural que se terá logrado através do conhecimento da Verdade e da prática da
Virtude, ou seja, da lapidação, não a que os outros, ou conceitos pré definidos
farão nós aprendizes, mas aquele que nós mesmo teremos de fazer em nós mesmos.

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