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*A ANÁLISE DA CONSTITUIÇÃO DE ANDERSON*

Ir. Newton Pontes

A legislação tradicional maçônica é constituída por:

1. A Constituição compilada por James Anderson, em Londres, e publicada em 1723,


englobando os antigos usos e costumes da Fraternidade, acrescidos de normas
administrativas, necessárias após a fundação da Primeira Grande Loja - a
Obediência Maçônica primordial - em 1717. Essa Constituição de 1723 é o
instrumento jurídico básico da moderna Maçonaria.

2. A Constituição elaborada por Laurence Dermott - publicada em 1756 - para a


chamada Grande Loja dos "Antigos", fundada em 1751, para combater as inovações
introduzidas pela Primeira Grande Loja, chamada por aquela, de "Moderna". Sob o
título "Ahiman Rezon", essa Constituição pouco diferia da de Anderson, a não ser
na parte das concepções metafísicas e religiosas.

3. A Constituição de Anderson reformada, em 1815, para servir de instrumento


jurídico para a Grande Loja Unida da Inglaterra, surgida, em 1813, da fusão da
Primeira Grande Loja, a dos "Modernos", com a Grande Loja dos "Antigos". Essa
reforma prendeu-se, mais, à parte religiosa e metafísica, para acomodar as
idéias dos "Antigos" e concretizar a união das duas Obediências.

4. Os landmarques, que são os antigos costumes, tão antigos que são imemoriais -
não se sabe quando foram criados - tão consensuais, que são espontâneos - ou
seja, não foram criados por ninguém, em particular, mas surgiram coletivamente -
e tão importantes, que são universalmente aceitos. Nunca antes escritos, os
landmarques começaram a surgir, no século XIX, em diversas classificações,
dezenas delas, todas com número variável de landmarques e, geralmente, com dados
conflitantes. Tudo o que tem muitas descrições diferentes, não é confiável; e é
isso o que acontece com a imensa maioria dessas classificações, amplamente
vulneráveis porque incluem conceitos que não são verdadeiros landmarques, mas
sim, normas administrativas, situáveis no tempo, não espontâneas e nem
universalmente aceitas.

5. Os oito Princípios de Regularidade, para conhecimento de Obediências e de


Lojas, divulgados pela Grande Loja Unida da Inglaterra, em 1929, e largamente
baseados na Constituição de Anderson. Como a Grande Loja Unida da Inglaterra é
resultado da fusão da Primeira Grande Loja com a Grande Loja dos Antigos, sendo
considerada a Grande Loja Mãe do mundo o seu reconhecimento é o mais importante
do universo maçônico e, por isso, esses oito Princípios são aceitos
mundialmente, pelas Obediências regulares.

Evidentemente, considerando-se a evolução racional do Homem, nenhum desses


textos está acima de qualquer análise crítica, dentro do contexto histórico e
filosófico, havendo mesmo, alguns deles - principalmente certas classificações
de landmarques - que não resistem à mais elementar análise dentro de um
raciocínio lógico e absolutamente imparcial.

Estabelecer essa análise histórico-filosófica, com comentários sobre as diversas


correntes do pensamento, presentes na Maçonaria contemporânea, mas sem tomar
partido a favor de nenhuma delas, é a meta deste trabalho, realizado por dois
autores, irmanados nas idéias e no apelo intelectual que sempre estimula o
honesto buscador, mas, cada um, com seu raciocínio crítico particular e com sua
própria visão lógica do tema, que devem ser inerentes a um trabalho cultural
conjunto, para que seja respeitada a liberdade de consciência, dom maior do
intelecto humano.

E esse enfoque da tradicional legislação maçônica, nesta obra, acaba se tornando


universalista, porque cada um dos autores pertence a uma Obediência regular
diferente, tendo, atrás de si, toda uma estrutura doutrinária, cujo embasamento
foi sendo construído, às vezes, por caminhos diferentes, aparentemente
conflitantes, mas sempre convergentes na busca das metas básicas da Instituição
Maçônica.

Por isso, este trabalho, mais do que a tentativa de ser apenas uma pedra polida
a mais, no edifício intelectual maçônico, é um alerta ao bom senso e um
chamamento à razão, para que os Maçons compreendam, por fim, que a cultura é o
caminho mais curto para a aproximação das Obediências e o traço de união mais
sólido para que todas as Maçonarias sejam uma só Maçonaria.
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Fonte: ANÁLISE DA CONSTITUIÇÃO DE ANDERSON, de José Castellani e Raimundo
Rodrigues.

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