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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

ANA CLAUDIA SCAPINELLO


DOUGLAS JOSÉ MEIER
MARIA EDUARDA BLEICHVEL

RELATÓRIO – BALANÇO DE ENERGIA EM UM TUBO VENTURI

CURITIBA
2023
ANA CLAUDIA SCAPINELLO
DOUGLAS JOSÉ MEIER
MARIA EDUARDA BLEICHVEL

RELATÓRIO – BALANÇO DE ENERGIA EM UM TUBO VENTURI

Trabalho apresentado na disciplina


fenômenos de transporte experimental I,
turma EQD, Setor de Tecnologia,
Universidade Federal do Paraná.
Professora: Alessandra Cristina

CURITIBA
2023
SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................. 4
2.OBJETIVO ......................................................................................................................................................................... 4
3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ....................................................................................................................... 5
4.DISCUSSÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS .......................................................................................................... 6
5.CONCLUSÃO ..................................................................................................................................................................11
1.INTRODUÇÃO

O medidor Venturi, inventado pelo engenheiro americano Clemens Herschel (1842-1930) e


batizado por ele em homenagem ao italiano Giovanni Venturi (1746-1822) pelo seu trabalho
pioneiro em seções cônicas de escoamento, é o medidor de vazão mais preciso, mas também, o
mais caro. Sua contração e expansão gradual evita a separação do escoamento e a turbulência, e
ele sofre perdas apenas por atrito nas superfícies da parede interna. Os medidores Venturi
causam perdas de carga muito baixas, portanto, devem ser escolhidos para aplicações que não
permitem grandes quedas de pressão. A perda de carga irreversível dos medidores Venturi
devido ao atrito é de apenas cerca de 10%.

Todavia, o tubo de Venturi é um medidor de vazão por restrição, essa restrição é dada pela
diminuição do diâmetro que causa um aumento na velocidade e diminuição da pressão, e ao
medir a variação de pressão é possível saber o quanto o fluido está escoando. Isso pode ser
explica do pelo princípio de Bernoulli: se o fluxo de um fluido é constante e sua área de
escoamento diminui então necessariamente sua velocidade aumenta, e pelo teorema a
conservação da energia: se a energia cinética aumenta, parte da energia antes em forma de
pressão se transformou nessa cinética, diminuído assim a de pressão.

E ainda, o tubo de Venturi é comumente utilizado em aplicações industriais e laboratoriais para


medir o fluxo de líquidos ou gases. Baseia-se na relação entre a velocidade do fluido e a pressão
na garganta para calcular o fluxo volumétrico. Também é utilizado em sistemas de injeção de
combustível em motores de automóveis para fornecer a mistura adequada de ar e combustível.

Imagem ilustrativa do tubo de Venturi

2.OBJETIVO

Nessa prática utiliza-se um tubo de Venturi para analisar as transformações de energia que
ocorrem em seu interior, e por meio de gráficos determina-se como se dão essas
transformações. Para isso analisa-se 8 pontos ao longo do equipamento com o auxílio de um
manômetro de água para cada um destes pontos, e são plotados os gráficos da variação de
energia cinética e da energia de pressão, depois disso podemos observar se as curvas
resultantes são simétricas.
3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Nessa prática foi utilizado um soprador de ar com um tubo do tipo Venturi acoplado em
sua extremidade superior, a fim de diminuir a pressão em determinados pontos e,
consequentemente, aumentar a velocidade do fluído de trabalho (ar). Antes de tudo, foram
medidas as constantes pressão e temperatura ambientes. Em oito pontos foram determinadas
as pressões a partir de mangueiras ligadas a oito tubos em forma de 𝑈 (cada um para seu
respectivo ponto) com a outra extremidade aberta para a atmosfera. Dessa forma, foi possível a
notar as medidas da diferença da coluna de água formada (Δℎ) nos tubos em 𝑈 com o auxílio de
uma régua e, assim, calcular a pressão manométrica em cada ponto. Esse processo foi feito com
3 vazões diferentes.
Sendo o ponto 1 o início do tubo e o ponto 8 o fim, é possível fazer um balanço de
energia entre um ponto x qualquer (entre 1 e 8) e o ponto de entrada 1, segundo a equação:

(1)

Sendo Δ𝑉 a diferença de velocidade entre os pontos (m/s2), 𝜌 a densidade (kg/m3), 𝑔Δ𝑧 a


variação da energia potencial (𝐽) e ℎ𝐿𝑇 a perda de carga (m). Para esse caso, não se pode
desprezar a dependência da densidade com a pressão (escoamento compressível), ou seja, a
densidade varia de acordo com as pressões em determinados pontos. Entretanto, é possível
desprezar a perda de carga e a variação da energia potencial, levando a seguinte equação:

(2)

Considerando que o escoamento ocorre de forma isentrópica, a densidade no ponto x


pode ser avaliada da seguinte forma:

(3)

Onde 𝛾 = para gases ideais.

𝑃𝑥 é pressão absoluta (Pa) no ponto x calculada a partir das alturas medidas no início do
experimento Δh com a equação:
(4)

Antes de ser possível resolver a equação (3), obtemos a densidade inicial do ar (no
ponto 1), medida pela equação dos gases ideais:

(5)

Assim pode-se obter as densidades de cada ponto x.


Levando em conta que 𝑀𝑀 é massa molar média do ar (kg/mol), 𝑅 é a constante universal dos
gases ideias (J/mol.K) e 𝑇 a temperatura medida antes do início do experimento (𝐾). Assim
então, temos os valores de 𝜌1, 𝑃𝑥, 𝑃1 e 𝛾. Usando a expressão (5) na integral, obtém-se:

(6)

Tendo os valores das variáveis acima já pré-definidos é possível, então, calcular a


variação da energia de pressão entre o ponto 1 e x desejado, obtendo assim os pontos das
curvas de energia de pressão.

A velocidade em qualquer ponto do sistema é uma função da vazão mássica, da


densidade e da área transversal naquele ponto:

(7)

Sendo a pressão em cada ponto 1 já medida anteriormente pela equação (4), tendo a 𝜌1
calculada considerando ar um gás ideal e a 𝜌𝑥 para cada ponto. A área no ponto x (𝐴𝑥) é
encontrada pela área de um círculo ( ). Enfim, a vazão mássica no ponto x é dada por:

(8)

Tendo essas variáveis, são obtidas as velocidades do ponto 1 ao 8 a partir da equação (7)
e, voltando à relação (7) obtém-se, finalmente, a variação da energia cinética. Para o cálculo da
variação na energia cinética, temos que:

(9)

4.DISCUSSÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS

Inicialmente, obtivemos a pressão e temperatura do ambiente, sendo 17,5ºC e 695


mmHg (92659,1 Pa). Em seguida, foi possível realizar as medidas de 3 diferentes vazões no tubo
de Venturi, medimos em 8 pontos suas respectivas alturas manométricas, representadas na
tabela abaixo:
Vazão 1 Vazão 2 Vazão 3
ponto hman(m) ponto hman(m) ponto hman(m)
1 0,085 1 0,081 1 0,034
2 0,082 2 0,076 2 0,031
3 0,028 3 0,031 3 0,011
4 -0,087 4 -0,084 4 -0,047
5 -0,332 5 -0,312 5 -0,160
6 -0,088 6 -0,086 6 -0,046
7 -0,059 7 -0,057 7 -0,034
8 -0,040 8 -0,035 8 -0,021

Com esses valores medidos, podemos encontrar, pela equação (4), a pressão
manométrica de cada ponto nas 3 vazões. Utilizamos ,
a Patm ambiente e as alturas medidas aplicadas na equação:

Pressão
Vazão 1 Vazão 2 Vazão 3
ponto P(Pa) ponto P(Pa) ponto P(Pa)
1 93491,02 1 93451,87 1 92991,87
2 93461,66 2 93402,93 2 92962,51
3 92933,14 3 92962,51 3 92766,76
4 91807,61 4 91836,97 4 92199,10
5 89409,73 5 89605,47 5 91093,14
6 91797,82 6 91817,40 6 92208,89
7 92081,65 7 92101,23 7 92326,33
8 92267,61 8 92316,55 8 92453,57

Para calcular a densidade em cada ponto, é preciso encontrar a densidade no ponto 1,


pois as outras estão em função desta. Considerando o ar como gás ideal, sua massa molar média
= 0,02866 kg/mol, T = 290,5 K, R = 8,314 J/mol.K, aplicando na equação (5) e, logo em seguida
com o resultado de ρ1 na equação (3), sendo γ=1,4

à
Densidade
Vazão 1 Vazão 2 Vazão 3
ponto ρ(kg/m³) ponto ρ(kg/m³) ponto ρ(kg/m³)
1 1,1210 1 1,1205 1 1,1150
2 1,1208 2 1,1201 2 1,1148
3 1,1162 3 1,1164 3 1,1131
4 1,1066 4 1,1067 4 1,1082
5 1,0858 5 1,0874 5 1,0987
6 1,1065 6 1,1065 6 1,1083
7 1,1089 7 1,1090 7 1,1093
8 1,1105 8 1,1108 8 1,1104

Para o cálculo das vazões mássicas, sabemos que , dessa forma precisamos das
áreas de cada ponto. Os diâmetros (D) nos foram fornecidos.

ponto D(m) Área(m)


1 0,053 0,00220613
2 0,049 0,00188571
3 0,039 0,00119451
4 0,031 0,00075478
5 0,025 0,00049084
6 0,033 0,00085529
7 0,036 0,00101786
8 0,040 0,00125667

Podemos considerar um regime permanente, pois tudo que sai é igual ao que entra.
Portanto, escolhendo dois pontos diferentes, por conveniência 1 e 5, para encontrar a v1 através
da equação abaixo, obtida por :

Vazão 1 Vazão 2 Vazão 3


Ponto v(m/s) ṁ(kg/s) ponto v(m/s) ṁ(kg/s) ponto v(m/s) ṁ(kg/s)

1 15,864887 0,03923651 1 15,388498 0,0380423 1 10,7780208 0,0265136


Com as 3 vazões mássicas calculadas, aplicando na equação (7) temos as velocidades em
todos os pontos.

Vazão 1 Vazão 2 Vazão 3


ponto v(m/s) ponto v(m/s) ponto v(m/s)

1 15,8648847 1 15,388498 1 10,77802048


2 18,5649566 2 22,5971725 2 12,61236546
3 29,424972 3 35,5509197 3 19,93945903
4 46,9787926 4 55,7799219 4 31,69737353
5 73,6131062 5 84,273408 5 49,15981359
6 41,4601082 6 49,2161099 6 27,96957437
7 34,7612709 7 41,4464769 7 23,48085302
8 28,1160839 8 33,6276889 8 19,00079114

Tendo as pressões, densidades e velocidades nos 8 pontos em 3 vazões, por meio das
equações (6) e (9) calculamos, enfim a energia de pressão e a energia cinética.

Vazão 1 Vazão 2 Vazão 3


ponto ponto ponto
1 0,000 0,000 1 0,000 0,000 1 0,000 0,000
2 -26,195 46,482 2 -43,680 136,913 2 -26,336 21,453
3 -498,714 307,067 3 -437,537 513,531 3 -202,059 140,708
4 -1511,437 977,656 4 -1450,151 1437,297 4 -713,158 444,279
5 -3698,921 2583,597 5 -3484,280 3432,601 5 -1715,411 1150,261
6 -1520,282 733,623 6 -1467,840 1092,710 6 -704,327 333,066
7 -1264,048 478,326 7 -1211,614 740,502 7 -598,406 217,592
8 -1096,476 269,410 8 -1017,612 447,008 8 -483,767 122,432

Com esses dados, montamos um gráfico para cada vazão da variação das energias ao
decorrer dos pontos:
Como as vazões 1 e 2 são muito próximas uma da outra tanto os valores da variação de
energia, quanto os gráficos são extremamente similares, a vazão 3 obteve valores um pouco
mais distantes. No entanto, em todas as vazões pode se analisar pelos gráficos que com o
aumento da energia cinética a energia de pressão diminui, e ao final com a diminuição da
energia cinética a energia de pressão retorna, não se encontrando novamente devido a perda de
carga (energia térmica) que desconsideramos nesse experimento.
5.CONCLUSÃO
Pode se concluir que os resultados obtidos e o gráfico gerado são consistentes com o
balanço de energia, já que podemos observar que as linhas de variação ficam opostas uma da
outra, que de acordo com a teoria a soma desses valores deveria se anular, o que condiz. Então,
a variação de energia cinética é inversamente proporcional à variação de energia de pressão. No
entanto, é importante levar em conta possíveis erros experimentais, como imprecisões nas
medições.
E ainda, ao observar as linhas no fim do gráfico elas não apresentam tanta proximidade,
isso se deve a transformação em energia térmica, causando perda de carga.

6.REFERÊNCIAS
BENNET, C.O; MYERS, J.E. Fenômenos de Transporte. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil,
1978.

ÇENCEL, Y.A.; CIMBALADA, J.M. Mecânica dos Fluídos. São Paulo: McGraw-Hill, 2007.

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