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TCC MATEUS - Completo
TCC MATEUS - Completo
Diamantina – MG
Julho de 2014
MATEUS DE SOUZA FERREIRA
Diamantina – MG
Julho de 2014
MATEUS DE SOUZA FERREIRA
______________________________________________________
Prof. Dr. Marcelo Fagundes (UFVJM) – Presidente/Orientador.
______________________________________________________
Prof. Dr. Marcelino dos Santos Morais (UFVJM) – 2º membro.
______________________________________________________
Profa. Dra. Danielle Piuzana Mucida (UFVJM) – 3º membro.
______________________________________________________
Profa. Dra. Ana Cristina Pereira Lage (UFVJM) – Suplente
Diamantina - MG
Julho de 2014
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por ter me concedido o dom da vida, por ter me
dado sabedoria e inteligência e me guiado para o mundo da Arqueologia, por me ajudar a
sempre escolher o melhor caminho a ser seguido.
Um agradecimento especial à minha família, meu querido pai Sr. Antônio
Marcos, minha querida mãe Dona Elzi e meu irmão Marco Antônio, que mesmo estando longe
(Aracruz-ES), sempre me apoiaram em todas minhas decisões, me concedendo todo suporte
necessário para realizações dos meus sonhos.
Com carinho especial agradeço ao Amigo/Professor/Orientador Prof. Dr.
Marcelo Fagundes por acreditar em mim e me fazer acreditar do que sou capaz e que nada é
impossível, desde que se tenha amor pelo que faz. Obrigado por me mostrar o mundo da
Arqueologia e me ajudar a fazer parte dele.
Aos meus familiares residentes em Diamantina, um agradecimento especial para
os meus tios e tias, Prof. Dr. Miguel Brant Ferreira, Maria José, Marília Ferreira e Mércia
Ferreira por terem me acolhido o tempo necessário até que eu pudesse caminhar com minhas
próprias pernas.
A República Farrapos agradeço o companheirismo e o convívio sadio que
desfrutei por aproximados dois anos, em especial agradeço a todos moradores: Daniel, Diego
Alves (Bebezinho), Diego Almeida (Maradona), Diego Neris (Januária), Diego Veloso,
Neudson (Nelson), Jonathan (Cabessa), José Jhones (Jhow), Júnior, Marcus, Marcos (Molejo),
Luiz (Balottin) e Bruno. E é claro, a Cida, que desde a criação da República esteve junto
conosco, nos ajudando na organização da casa, sem ela essa República não seria nada.
Agradeço ao LAEP/NUGEO/UFVJM por ser minha segunda casa e pelo espaço
cedido tanto nos dias letivos, quanto nos feriados e finais de semana.
Ao grande Lucas Lara, muito obrigado pelo companheirismo nos inúmeros
trabalhos de campo e pela elaboração cartográfica impecável.
Valdiney Amaral Leite obrigado por me ajudar sempre nos meus trabalhos
arqueológicos, pela “co-orientação” simbólica, você sempre será um exemplo a ser seguido,
futuro Dr. Ney do Vale Jequitinhonha o meu muito obrigado.
Aos amigos Manuel Dimitri, Gilson Junio, Lucas Lara, Janderson Tameirão,
Fernanda Tameirão, Thaísa Macedo Petherson Piauí, João Piauí, agradeço pela paciência nos
trabalhos de campo e por me ensinarem diversas práticas relacionadas à arqueologia de
contrato.
Aos inesquecíveis amigos que fiz dentro do LAEP, Arkley, Janderson, Fernanda,
Gilson, Manuel, Atila Perillo, Thaísa, Ney, Ilziane, Rosi, Marcela, Luísa, Tatielly, Lucas T.A,
Eliane, Kelly, Marcelo Souza, Lidiane, Isadora, Ana Karine (Naka), Bira, Marcelo Fagundes,
Jorge, Priscila, Regiane, Landerson, Gambassi, Bruna, Lukas DJ, Lucas Santana, Milena,
Douglas do garimpo, Maíra, Carlos Henrique, Silvinha, Marlene, Kevelly, Thiago, Wellington
(calouro), Shirla e Hallan.
Em especial gostaria de agradecer à Silvinha, Milena, Lukas, Douglas e Maíra
pela paciência em me aturar todos os dias no Laboratório pelo apoio nos momentos importantes
de minha vida, pelas diversas discussões arqueológicas em busca de melhor entendimento sobre
o assunto, pela amizade durantes os campos e por inúmeras lembranças que guardarei para
sempre, vocês sempre serão eternos em minhas lembranças. Espero que um dia sejamos
companheiros de trabalhos por esse mundão da Arqueologia.
A equipe da Fronteiras Arqueologia, Sergio Bruno, Janderson Tameirao,
Samanta Mondini, Dayane Oliveira e Wanderson Esquerdo, Marcos (Baiano) e Seu Paulo,
agradeço pelas inúmeras oportunidades de campo no ramo da arqueologia de contrato.
Aos amigos e colegas da quinta turma do Bacharelado em
Humanidades/Geografia agradeço pelo companheirismo.
Aos professores do Bacharelado em Humanidade/Geografia Hernando Baggio,
Danielle Piuzana, Marcelino, Lúcio, Marcelo Fagundes e Maria Nailde meu muito obrigado
pelos ensinamentos que levarei por toda minha vida.
Aos meus amigos do Espirito Santo em especial Renan Cunha, Adelmo Cunha,
Tobias Guzzo, Jaques Ricatto, Mirelli Meirelles, Macelli Meirelles, Marcell Meirelles, Zikus
Meirelles e Marco Antônio agradeço por fazerem parte da minha vida.
As pessoas que fizeram parte de minha vida desde que cheguei em Diamantina
agradeço a Sandy, Dani Marx, Kelly, Barbara Barros, João Henrique, Jonathan (Cabessa),
Thiaguin, Hallan, Ilziane, Herbert (Dodó), Francisco (Chicão), Cleberty (Bibi), Pedro Sampaio
(Bel) muito obrigado por terem feito esses anos de Diamantina os melhores.
Agradeço a todos que contribuíram direta ou indiretamente para o sucesso deste
trabalho, muito obrigado a todos e desejo sucesso na vida de cada um de vocês.
(...) a prática da arqueologia é
extremamente complexa, e o arqueólogo
depende da colaboração de vários
especialistas (biólogos, geomorfólogos,
físicos, etc.). Por outro lado, ele dispõe
apenas de fragmentos da realidade do
passado – sobretudo o lixo, e ainda por cima
selecionado pelos agentes de degradação
natural. (PROUS, 2006/2007).
RESUMO
The site Amaros 01 is located in Black Mountain Archaeological Area, Complex Ambrose in
land in the municipality of Itamarandiba, MG. This is a borderline area between the
Jequitinhonha Valley (Upper River Valley Araçuaí), and the Rio Doce Valley, on the eastern
edge of the Espinhaço, where seventy-five archaeological sites were identified. This whole area
has archaeological potential, especially regarding the presence of sites with rock panels, shows
great variability when compared to sites in the Diamantina region, for example. This work aims
to present a study of cronoestilístico figurations Site Amaros 01 in order to understand the use
and occupancy of this room. The site presents several Amaros 01 rock panels, the most common
being affiliated figurations Tradition Plateau, however one of them presents four typical
figurations of Tradition Wasteland (anthropomorphic more than two meters long), common in
northeastern Brazil. The methodology consists of several campaigns at the archaeological site,
regional literature review, creation of explanatory boards for better overall understanding of the
site, analysis of natural and anthropogenic interference of the website. The results show us that
the rock panels Amaros Site 01 are very rich in information, since it presents figurations in
different styles of most regional sites. This work will form the database PAAJ (Archaeological
Project of the High Jequitinhonha), providing pre-historical information from the region
Itamarandiba cronoestilísticas main characteristics of the rock paintings that site, thereby
cooperating in the understanding of regional rock art, allowing for a better understanding the
association between traditions, since their authors respect the space, and there was no visible
overlapping traditions.
Keys word: Archaeology, Rock Art, Jequitinhonha High Valley, Rock traditions,
archaeological complex.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 14
JUSTIFICATIVA ................................................................................................................... 17
OBJETIVOS GERAIS ........................................................................................................... 18
OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................................................ 18
PROBLEMATIZAÇÃO DA PESQUISA............................................................................. 19
HIPÓTESES ........................................................................................................................... 19
LINHA DE PESQUISA E ATUAÇÃO................................................................................. 19
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (TCC) ................. 20
CAPÍTULO 01 - ASPECTOS TEÓRICOS ......................................................................... 22
1.1 - HISTÓRICOS DAS PESQUISAS EM ARTE RUPESTRE NO BRASIL .............................. 22
1.2 - A ARTE RUPESTRE EM MINAS GERAIS .......................................................................... 24
1.3 - CONCEITOS DE TRADIÇÕES NA ARQUEOLOGIA E NA ARTE RUPESTRE ............... 25
1.4 - AS TRADIÇÕES RUPESTRES............................................................................................... 26
1.5 – AS DIFERENTES INTERPRETAÇÕES E ANÁLISES DA ARTE RUPESTRE ................. 42
CAPÍTULO 02 - AMBIENTAÇÃO DA PESQUISA .......................................................... 45
2.1 - LOCALIZAÇÃO GEOAMBIENTAL ..................................................................................... 45
2.2 - CARACTERIZAÇÕES DO MEIO AMBIENTAL .................................................................. 46
2.3 - CARACTERIZAÇÃO DO SÍTIO ARQUEOLÓGICOS AMAROS 01 .................................. 56
CAPÍTULO 03 - PROCEDIMENTOS METOLÓGICOS ................................................. 59
CAPÍTULO 04 - RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................ 63
4.1 - REFLEXÕES TEÓRICAS ....................................................................................................... 63
4.2 - ANÁLISE DAS FIGURAÇÕES DO SÍTIO AMAROS 01 ..................................................... 64
4.3 - OS PAINÉIS RUPESTRES DO SÍTIO AMAROS 01 ............................................................. 69
4.3.1 – FIGURAÇÕES DO PAINEL 01...................................................................................... 70
4.3.2 - FIGURAÇÕES DO PAINEL 02 ...................................................................................... 73
4.3.3 - FIGURAÇÕES DO PAINEL 03 ...................................................................................... 75
4.3.4 - FIGURAÇÕES DOS PAINÉIS ISOLADOS ................................................................... 77
4.4 – RESULTADOS E ANÁLISES DOS PAINÉIS DO SÍTIO AMAROS 01 .............................. 79
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 89
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 91
REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS ....................................................................................... 95
APÊNDICES E ANEXOS ..................................................................................................... 96
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1. Localização da Área Arqueológica da Serra Negra. Fonte: LAEP, 2011. ............... 16
Figura 2. Mapa da distribuição das tradições de arte rupestre no Brasil. Fonte: GASPAR, 2006.
.................................................................................................................................................. 27
Figura 3. Antropomorfos. Fonte: LINKE, 2008, p.72. ............................................................ 28
Figura 4. Grafismos policrômicos da Tradição São Francisco. Fonte: GASPAR, 2003......... 30
Figura 5. Gravuras de figurações antropomórficas da Tradição Amazônica. Fonte: MELO
VAZ, 2005 apud LEITE, 2012, p. 47. ...................................................................................... 31
Figura 6. Gravuras da tradição Litorânea Catarinense. Fonte: PROUS, 1992. ....................... 32
Figura 7. Gravuras associadas a tradição Meridional. Fonte: MELO VAZ, 2005 apud LEITE,
2012. ......................................................................................................................................... 33
Figura 8. Diferentes formas de gravuras da tradição Meridional. Fonte: PROUS, 1992. ....... 33
Figura 9. Gravuras associadas à tradição Geométrica Central. Fonte: PROUS, 1992. ........... 34
Figura 10. Gravuras associadas à tradição Geométrica Meridional. Fonte: PROUS, 1992. ... 34
Figura 11. Figurações atribuíveis a Tradição Nordeste em Minas Gerais. Fonte: LINKE, 2008,
p.71. .......................................................................................................................................... 35
Figura 12. Primeiro conjunto da tradição Planalto em Diamantina e região. Fonte: LINKE,
2008, p.66. ................................................................................................................................ 38
Figura 13. Fluidez nas representações dos detalhes anatômicos. Fonte: LINKE, 2008, p.68. 39
Figura 14. Preenchimento das figurações do segundo conjunto Planalto. Fonte: LINKE, 2008,
p.67. .......................................................................................................................................... 40
Figura 15. Preenchimento das figurações do terceiro conjunto Planalto. Fonte: LINKE, 2008,
p.69. .......................................................................................................................................... 41
Figura 16. Representações das figuras do conjunto estilístico da Tradição Planalto. Fonte:
LINKE, 2008, p.70. .................................................................................................................. 42
Figura 17. Mapa Hipsométrico da Serra do Ambrósio. Fonte: LAEP, 2011. ......................... 47
Figura 18. Domínios litológicos dos Complexos Arqueológicos. Fonte: LAEP, 2012. ......... 48
Figura 19. Localização da Área Arqueológica da Serra Negra. Fonte: LAEP, 2012. ............. 50
Figura 20. Localização Hipsométrico do Sítio Amaros 01. Fonte: LAEP, 2014. ................... 51
Figura 21. Litologia da região do Sítio Amaros 01. Fonte: LAEP, 2014. ............................... 52
Figura 22. Bacia Hidrográfica próxima ao Sítio Amaros 01. Fonte: LAEP, 2014.................. 53
Figura 23. Bacias Hidrográficas da Serra dos Ambrósio. Fonte: LAEP, 2012. ...................... 54
Figura 24. Classificações climáticas de acordo com Koppen. Fonte: clictempo.clicrbs.com.br,
2014. ......................................................................................................................................... 55
Figura 25. Classificação da Vegetação no Brasil. Fonte: Simielli, 2007. ............................... 55
Figura 26. Vegetação típica da Mata Atlântica (Floresta estacional Semidecidual). Fonte:
LAEP, 2013. ............................................................................................................................ 56
Figura 27. Localização do sítio Amaros 01 na bifurcação. Fonte: LAEP, 2013. ................... 57
Figura 28. Cobertura vegetacional do sítio Amaros 01. Fonte: LAEP, 2013. ......................... 58
Figura 29. Análise das figurações. Fonte: FERREIRA, 2014. ................................................ 62
Figura 30. Estilo das figurações no Sítio Amaros 01. FERREIRA, 2014. .............................. 68
Figura 31. Figurações associadas à tradição Agreste. FERREIRA, 2014. .............................. 71
Figura 32. Pichações realizados no sítio Amaros 01. FERREIRA, 2014................................ 71
Figura 33. Primeira campanha antes da abertura da estrada. LAEP, 2012. ............................ 72
Figura 34. Segunda campanha após abertura da estrada. LAEP, 2013. .................................. 73
Figura 35. Figurações do painel 02, do sítio Amaros 01. FERREIRA, 2013. ........................ 74
Figura 36. Figurações do painel 03, do sítio Amaros 01. FERREIRA, 2014. ........................ 76
Figura 37. Liquens sobre as figurações do sítio Amaros 01. FERREIRA, 2014. ................... 77
Figura 38. Figurações dos painéis isolados do sítio Amaros 01. FERREIRA, 2014. ............. 78
Figura 39. Figurações praticamente não identificáveis do sítio Amaros 01. FERREIRA,
2014. ......................................................................................................................................... 78
Figura 40. Figurações do sítio Amaros 01. FERREIRA, 2014. .............................................. 79
Figura 41. Metodologia das medições das figurações. FERREIRA, 2014. ............................ 86
ÍNDICE DE QUADRO
O sítio Amaros 01, objeto de estudo desta monografia, está implantado na Área
Arqueológica de Serra Negra, Complexo do Ambrósio, na Formação Serra Negra (com
quartzitos abundantes), em terras do distrito de Amaros, município de Itamarandiba, MG.
Trata-se de uma área limítrofe entre o Vale do Jequitinhonha (Alto Vale do rio
Araçuaí), e o Vale do Rio Doce, na borda leste da Serra do Espinhaço, sendo que até o momento
foram identificados sessenta e cinco sítios arqueológicos, a grande maioria com grafismos
rupestres filiados à Tradição Planalto, mas, como será discutido, tanto a Tradição Nordeste,
quanto a Agreste se fazem presentes em muitos dos painéis, principalmente na porção oriental
da área arqueológica (LEITE & FAGUNDES; FAGUNDES, 2013).
Logo, como apresentado por Fagundes (2013), trata-se de uma região com alto
potencial arqueológico (figura 1), sobretudo no que tange os sítios com presença de painéis
rupestres, estes exibindo grande variabilidade quando comparada aos sítios da região de
Diamantina, por exemplo.
Figura 1. Localização da Área Arqueológica da Serra Negra. Fonte: LAEP, 2011.
Os abrigos rupestres encontrados na Área Arqueológica da Serra Negra (todos
constituídos por quartzitos) se caracterizam pela diversidade de grafismos, apresentando
diferentes estilos gráficos e, possivelmente, se enquadrando em diferentes tradições ou, como
apresentado por Baeta (2011), sofrendo influências de tradições arqueológicas diferentes.
Dos sítios componentes dos Complexos, a grande maioria são abrigos sob rocha
(quartzítica), com presença de painéis com mais variadas figurações rupestres, como será
discutido a frente. Os sítios a céu aberto, que devem existir, ainda não foram evidenciados.
Contudo, parte-se do princípio que o ápice de ocupações regionais deve estar relacionado aos
grupos de caçadores-coletores nômades, porém, por enquanto se trabalha no nível de hipótese.
Como base nestas informações preliminares, esta monografia tem como objetivo
apresentar os resultados da monografia em Pré-História Geral, que teve como foco os painéis
rupestres do sítio Amaros 01, localizado em terras do município de Itamarandiba, MG.
A intenção foi classificar as figurações rupestres por meio de diferentes
metodologias, em campo e laboratório, de modo que se pudesse compreender as técnicas
utilizadas pelo “pintor”, tintas, disposição das figurações nos painéis, escolha do abrigo, bem
como suas relações sincrônicas e diacrônicas.
JUSTIFICATIVA
Neste sentido, a análise dos painéis rupestres dos sítios Amaros 01 se justifica
pela diversidade estilística presenciada, que indicam a possível existência de duas tradições
rupestres descritas na literatura: Planalto e Agreste.
OBJETIVOS GERAIS
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
PROBLEMATIZAÇÃO DA PESQUISA
Neste estudo por meio das figurações rupestres e dos vestígios arqueológicos
presentes no sítio Amaros 01, busca-se compreender a forma do uso e ocupação deste abrigo,
uma vez que, há diversos momentos de ocupação, representados pelas sobreposições visíveis
nos painéis rupestres. Além disso, partiu-se da hipótese de duas tradições rupestres.
HIPÓTESES
São várias as hipóteses possíveis que podem ser levantadas para sistematização
do estudo da arte rupestre. No sítio Amaros 01 estas perspectivas não são diferentes, dentre as
hipóteses levantadas as principais são:
i. Que o sítio por ter servido de abrigo temporário ao longo de sua história de ocupação,
abrigando pequenos bandos de caçadores coletores que habitaram a área durante o
Holoceno e deixaram suas evidências e transformando o local em marcos
paisagísticos (FAGUNDES, 2009).
ii. O sítio Amaros 01 foi ocupado por diversos grupos culturais, desta forma explica-se
a sua grande variabilidade estilística.
O trabalho foi dividido em cinco capítulos e uma introdução onde será abordado
a justificativa deste trabalho, objetivos gerais e específicos, problematização da pesquisa,
hipóteses, linha de pesquisa e atuação.
Para a realização da pesquisa foram utilizados dos mais variados métodos para
obtenção do resultado. No capítulo 03, em específico, será abordado de forma sistemática todos
os passos que foram dados e sua metodologia para que fosse realizado o estudo das figurações
rupestres.
ASPECTOS TEÓRICOS
Foi por volta de 1964 foram realizadas as primeiras pesquisas sistemáticas tendo
como foco os sítios arqueológicos de arte rupestres aconteceram, sendo intensificados na
década de 1970 pela missão franco-brasileira. Essas pesquisas se espalharam pelo centro do
país até a região Nordeste, sendo umas das áreas onde as pesquisas mais sobressaíram em
questões metodológicas e de dados1.
1 Um exemplo foram as pesquisas realizadas pela Dra. Niède Guidon e equipe na Serra da Capivara, Piauí, onde foram
cadastrados a maior concentração de sítios de arte rupestre no Brasil, com cronologias a partir de 26.000 A.P. Segundo Gaspar
(2006) essas datações tão antigas têm causado uma grande polêmica internacional, uma vez que coloca em questão o período
da chegada do Homem às Américas.
pesquisa, “(...) mas dentro de uma nova ótica, procurando, sobretudo, definir unidades
estilísticas e sequências cronológicas” (PROUS, 1992, p.146).
No início dos anos oitenta, em 1981, foi criada a SAB – Sociedade de Arqueologia
Brasileira, que reúne arqueólogos de todo o Brasil. Quando de sua fundação, a SAB
adotou as configurações/classificações culturais estabelecidas pelos arqueólogos
ligados ao PRONAPA e seus seguidores (em termos teórico-metodológicos). Esse
fato transformou em verdades absolutas – em uma ortodoxia, os postulados e
caracterizações estabelecidas pela Arqueologia Processualista no Brasil, difusionista,
unilinear, multilinear e com poucas escavação e analogia etnográficas (ALVES, 2002,
p. 26 apud LEITE, 2012).
Segundo Ribeiro (2006), foi a partir dos anos de 1970 que ocorrem as principais
pesquisas com arte rupestre no Brasil, especificamente em Minas Gerais por meio da Missão
Arqueologia no Brasil, que tinham como principal pressuposto de estabelecer as características
estilísticas e crono-geográficas, além das definições de temas e composições gráficas. Assim,
poderia configurar uma interpretação para a arte rupestre por meio do sítio arqueológico.
André Prous (1999) propõe a criação de Tradições por regiões, pois cada lugar
possui sua particularidade. Ele acredita que antes de se iniciar uma pesquisa deve-se buscar a
separação dos registros rupestres, a princípio dividido por temas gráficos isolados por grandes
temas como: antropomorfos, zoomorfos e geométricos. Essa maneira não se tornou muito
eficiente, afinal era uma forma muito abrangente, portanto cada grande área foi dividida em
grupos de classificações menores, como por exemplo, zoomorfos dividiu-se em mamíferos,
peixes entre outros.
Figura 2. Mapa da distribuição das tradições de arte rupestre no Brasil. Fonte: GASPAR, 2006.
Os animais mais retratados por essa tradição são, em grande parte, de quelônios
e aves de pernas grandes e com asas abertas.
Essa tradição foi inicialmente divulgada por Pe. Rohr e analisada por Prous e
Piazza (1977).
Seus sítios rupestres são os únicos até agora conhecidos no litoral brasileiro. Os
painéis, todos gravados e de acesso difícil, por vezes perigoso, estão localizados
exclusivamente em ilhas até 15 km distante do continente, e se orientam para alto mar.
Nem todas as ilhas do litoral centro-Catarinense foram decoradas, mas somente
algumas, regularmente separada por distâncias de 20-25 km, como se cada uma delas
correspondesse ao ponto “ritual” marítimo de uma etnia continental (PROUS, 1992,
p.153).
A Tradição Meridional recebe esse nome por ocorrer na região sul do Brasil e
outros países de fronteiras, caracteriza-se por gravuras geométricas lineares não figurativas,
incluindo traços retos paralelos ou cruzados e as vezes curvos, que combinam três traços
partindo de um vértice (Tridáctilo).
Figura 7. Gravuras associadas a tradição Meridional. Fonte: MELO VAZ, 2005 apud LEITE, 2012.
Figura 10. Gravuras associadas à tradição Geométrica Meridional. Fonte: PROUS, 1992.
Figura 11. Figurações atribuíveis a Tradição Nordeste em Minas Gerais. Fonte: LINKE, 2008, p.71.
Essa tradição é caracterizada pela presença marcante de zoomorfos com destaque para
o “veado” associado a peixes, os quais possuiriam alguma “importância” para os pré-
históricos, em oposição a uma sugestiva ausência total de “emas” e “cobras”. Esse
conjunto rupestre havia sido observado particularmente “nos relevos ligados a serra
do Espinhaço”, apesar da possível dispersão ampla, o foco principal parecia estar no
centro mineiro, indicando vários sítios importantes desta tradição como na região da
serra do Cabral, vizinha a Jequitaí e um estilo particular aquela região: o Estilo Cabral
(PROUS, 1980, apud TOBIAS Jr., 2010).
As figurações da tradição Planalto são identificadas desde o norte do Paraná até
o estado de Tocantins, sendo que a região de maior ocorrência corresponde aos Cerrados e às
regiões serranas do Centro de Minas Gerais, onde suas figuras são, a princípio, as mais antigas,
possivelmente as mais antigas expressões gráficas no Carste de Lagoa Santa e Serra do Cipó
(BAETA, 2011).
Ocupam localidades diferenciadas nos abrigos, desde o contato com o piso até alturas
que podem chegar a 6 metros. Em regra, a maioria situa-se entre 50 cm e 2 metros de
altura em paredes planas ou pouco inclinadas, como também em suportes menos
rugosos, em tetos baixos ou altos, nichos e patamares. As dimensões das figurações
zoomorfas, por exemplo, variam entre 10 cm a 1,5 metros de comprimento, sendo que
a grande maioria se encontra entre 20 e 45 cm. Em regra, as figurações geométricas e
antropomorfas são menores, mantendo-se entre 15 e 40 cm.
Figura 12. Primeiro conjunto da tradição Planalto em Diamantina e região. Fonte: LINKE, 2008, p.66.
Contudo, há uma característica, que até agora aparece exclusivamente neste conjunto,
quanto à composição gráfica das figuras, que nos permite reunir, a princípio, figuras
tão distintas (grandes com detalhes e pequenas sem detalhes) a este mesmo conjunto.
Trata-se de uma flexibilidade em compor o contorno e o preenchimento dos animais
e antropomorfos. O contorno, nestas figuras, não é composto por uma única linha que
circunda o preenchimento (as figuras deste momento são preenchidas com traços, ou
pontos, sendo que os traços muitas das vezes são compostos de forma ritmada). É
comum ver o traço do contorno virar preenchimento, e vice-versa (LINKE, 2008)
Figura 13. Fluidez nas representações dos detalhes anatômicos. Fonte: LINKE, 2013.
Do mesmo modo em que é comum ver que as pernas não são compostas de traços que
começam ou terminam no contorno do corpo, mas que saem de traços utilizados antes
como preenchimento. Ainda neste repertório gráfico é possível ver traços que
engrossam o dorso ou pescoço do animal, parecendo ter sido feitos para a proporção
do volume do corpo seja “concertada”, ou se torne mais agradável (harmônica) aos
olhos autor ou de um observador (LINKE, 2008, p. 66-67).
Figura 14. Preenchimento das figurações do segundo conjunto Planalto. Fonte: LINKE, 2008, p.67.
Nas pesquisas iniciais houve diversas classificações para a arte rupestre, uma
dessas classificações colocava as pinturas e gravuras como apenas obras artísticas, e foram
julgados segundo critérios estéticos, deixando de lado o valor êmico, simbólico de cada
população sem ao menos levar em consideração a cultura local.
Segundo Tobias Jr. (2010), na análise da arte rupestre dois aspectos devem ser
levados em consideração, ambos associados à posição do arqueólogo considerando-o como um
observador no presente, a saber:
Alguma forma do gosto e da sensibilidade dos autores pode ser percebida: vontade de
aparecer através do espetacular da Tradição São Francisco; gosto pela representação
do movimento na Tradição Nordeste; ordenação lógica nas gravuras da fácies
Montalvânia, exuberante confusão aparente na Tradição Planalto (PROUS, 1999).
Desta forma, fica claro que a interpretação da arte rupestre não pode ser dada de
forma etnocêntrica, avaliando apenas o que se acha, ou que se pensa, precisa-se posicionar de
forma ampla e abrangente, tentando aproximar ao máximo da maneira em que eles viviam,
levando em consideração fatores indispensáveis para poder chegar a uma conclusão. É claro
que não se consegue deixar de lado a nossa interpretação, mas é necessário um distanciamento
e deixar com que o painel fale por si.
A Arqueologia aborda questões que precisam ser estudadas. Logo, alguns
questionamentos podem ser elaborados para que se possa refletir acerca dos resultados da
pesquisa, a saber:
1. Será que as semelhanças e diferenças vistas por nós hoje eram vistas por eles na época?
2. As classificações (Tradições) criadas por nós pesquisadores em Arqueologia tem
validade?
AMBIENTAÇÃO DA PESQUISA
Assim, o sítio arqueológico está localizado no Vale do Rio Doce, na borda leste
da Serra do Espinhaço, na face oeste da Serra do Ambrósio (figura 17), em um local onde a
Floresta Estacional Semidecidual é marcante. Em toda Área Arqueológica de Serra Negra,
atualmente, foram identificados sessenta e cinco sítios arqueológicos (FAGUNDES, 2013).
Trata-se de uma área com alto potencial arqueológico, sobretudo no que tange
os sítios com presença de painéis rupestres, que apresenta grande variabilidade quando
comparada aos sítios da região de Diamantina, por exemplo (FAGUNDES, 2013).
2.2 CARACTERIZAÇÕES DO MEIO AMBIENTAL
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Tratamento das imagens: mudança nas matrizes de cores das figurações, de modo
que, facilite a visualização dos traços e criação de pranchas explicativas por meio
digital utilizando diversos softwares (Corel Draw, Photoshop) e até mesmo
aplicativo online próprio para arte rupestre (http://www.dstretch.com/).
Descrição e análise minuciosa dos fatores interferentes ao sítio: Neste tópico são
analisadas todas as possíveis interferências nos painéis rupestres, os aspectos mais
relevantes são os geológicos, geomorfológicos, hidrográficos, vegetação, climáticos,
biológicos, antrópicos, etc. Outras características também são analisadas como:
localização do sítio na paisagem, visão frontal do abrigo, proteção à intempéries,
insolação, área de grande diferença nas cotas altimetrias (associado ao relevo), acesso
ao abrigo, tipo do suporte e características do abrigo.
a) Localização das figurações: piso; central; pontos mais altos; pontos mais baixos.
b) Quantidade de figurações observáveis em campo.
c) Pintura mais baixa; pintura central; pintura mais alta.
d) Dimensões do painel (comprimento e altura).
e) Proximidade das figurações: conjuntos isolados; conjuntos relacionados; conjuntos
não-relacionados; conjuntos sobrepostos.
f) Ações naturais nos painéis: descamação; desbotamento; queda dos blocos; etc.
g) Estrutura do espaço utilizado: painel plano; nicho; quebra/pavimentos; etc.
h) Ações antrópicas: alterações propositais pré-contato; pichações; outro tipo de
destruição ou mutilação.
i) Eventos sincrônicos.
j) Eventos diacrônicos: diferença entre as figurações/conjuntos, sobreposições, pátinas,
níveis de descamação, recorrências intra e inter sítios.
k) Morfologia do grafismo e apresentação gráfica: figurações em perspectiva; qualidade
de figurações; movimento biomecânico (estático ou movimentação); naturalismo;
grafismos puros; figurações reconhecíveis ou não; cenas; quantidade de figurações
ou conjuntos isolados; perspectiva das figurações; tipologia das figurações; provável
filiação; cores; técnicas; dimensões dos grafismos; etc.
Por fim, para classificação dos grafismos rupestres foi criado um quadro das
figurações e suas principais características (figura 29), de modo a compará-las, procurando
semelhanças como: espessura do traço, expressão de movimento, técnica utilizada, ordenação,
diferentes tipos de tradições, agente perturbador, tonalidade das cores, localização no painel.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Na região dos Amaros foram identificados quatro sítios com registros rupestres
sendo denominados de Ambrósio 01, 02 e 03, além daquele que será retratado com maior
riqueza de detalhes: Amaros 01.
iii. Que o sítio por ter servido de abrigo temporário ao longo de sua história de ocupação,
abrigando pequenos bandos de caçadores coletores que habitaram a área durante o
Holoceno e deixaram suas evidências e transformando o local em marcos
paisagísticos (FAGUNDES, 2009).
iv. O sítio Amaros 01 foi ocupado por diversos grupos culturais, desta forma explica-se
a sua grande variabilidade estilística.
25%
20%
15%
10%
PORCENTAGEM (%)
5%
0%
Como se pode perceber o Sítio Amaros 01 possui trinta e seis figurações visíveis
(gráfico 1), dentre elas, em sua maioria identificáveis, sobretudo cervídeos e peixes, temática
normal por se tratar de um sítio com figurações associadas à Tradição Planalto que tem
principalmente em sua temática figurações zoomorfas.
Gráfico 3. Domínios das figurações em vermelho no Sítio Amaros 01. FERREIRA, 2014.
Para sistematizar o estudo dos painéis rupestres do sítio Amaros 01, foi montado
um quadro de padronização cronoestilística respeitando as particularidades de cada figuração
observando-as nos quesitos espessura do traço, tonalidade das tintas, estilo morfológico, técnica
utilizada, modo de grafar (conforme figura 30).
Para o estudo mais detalhado das figurações rupestres do sítio Amaros 01,
buscaram-se similaridades para análises dos painéis dividindo-os de forma arbitrária. Essa
divisão foi feita por grupo de figurações identificáveis e com grandes números de figurações
em um único espaço, divididos em três painéis e grupos de figurações isolados.
No que tange ao painel 02, ele localiza-se ao sul do painel 01, um pouco mais
protegido por árvores, mas da mesma forma continua exposto às perturbações naturais e
antrópicas.
Na análise das figurações rupestres se percebe que abaixo das figuras há uma
pátina no tom de vermelho claro o que pode apresentar uma preparação que antecede a execução
das pinturas (conforme figura 35).
Dos quatros cervídeos grafados neste painel como já havia dito anteriormente,
três possuem morfoanatomia incompleta, sendo apenas um deles todo completo que é a imagem
5 (quadro 5), inclusive este cervídeo encontra-se atravessado por um traço paralelo, o que
podemos inferir que seja um possível dardo, ou um provável ritual de caça.
Neste painel existem oito figurações rupestres, somente zoomorfos, sendo eles:
três cervídeos, quatro peixes e um mamífero. Todos possuem morfoanatomia incompleta, e
alguns apresentam biomecânica (movimentação), são cinco figurações estáticas e três com
expressões de movimentos.
O que faz esse painel diferente dos demais é a presença de duas figurações na
tonalidade amarela, e seis figurações na tonalidade avermelhada, o que torna o sítio
policrômicos, não é muito comum encontrar sítios policrômicos na tradição Planalto, mas as
figurações desta tradição existem na tonalidade vermelha, amarela, preta e branca.
Figura 36. Figurações do painel 03, do sítio Amaros 01. FERREIRA, 2014.
Os painéis isolados estão espalhados por todo o sítio são figurações associadas
à tradição Planalto em sua maioria traços aleatórios não formando figurações associadas ao que
conhecemos hoje, e algumas manchas que por desgaste natural das pinturas não conseguimos
identificar os traços.
Figura 37. Liquens sobre as figurações do sítio Amaros 01. FERREIRA, 2014.
Figura 38. Figurações dos painéis isolados do sítio Amaros 01. FERREIRA, 2014.
Figura 39. Figurações praticamente não identificáveis do sítio Amaros 01. FERREIRA, 2014.
Figura 40. Figurações do sítio Amaros 01. FERREIRA, 2014.
Como se pode perceber nas figurações citadas (figura 39 e 40), com exceção de
poucas figurações, quase todas são praticamente não identificáveis.
Morfologia completa,
Com movimento Comum na
atravessado por um
5 Cervídeo nas articulações tradição Pintura Vermelho
traço no dorso e
dianteiras Planalto
chapado
Morfologia incompleta,
falta toda a parte
Comum na
traseira do zoomorfo, Com movimento
7 Cervídeo tradição Pintura Amarelo
dorso preenchido por nas patas dianteiras
Planalto
traços e cabeça
chapada
Morfologia incompleta,
falta o lado esquerdo da
cabeça e o braço Expressão de Comum na
9 Antropomorfo esquerdo, corpo movimento os tradição Pintura Vermelho
chapado e algumas braços levantados Agreste
partes preenchido por
traços
Morfologia incompleta,
falta a parte inferior do Expressão de Comum na
10 Antropomorfo antropomorfo, corpo movimento os tradição Pintura Vermelho
preenchidos por traços braços levantados Agreste
e chapado
Morfologia incompleta,
falta o braço esquerdo e Expressão de Comum na
11 Antropomorfo a cabeça, corpo movimento os tradição Pintura Vermelho
preenchido por traços e braços levantados Agreste
chapado
Morfologia incompleta,
faltam as pernas, corpo Expressão de Comum na
12 Antropomorfo preenchido por traços, movimento os tradição Pintura Vermelho
e cortado por um traço braços levantados Agreste
na horizontal
Morfologia incompleta,
faltam os detalhes
Comum na
anatômicos, faltam os
13 Antropomorfo Estático tradição Pintura Vermelho
braços, presença do
Planalto
falo, preenchimento
chapado
Morfologia incompleta,
Comum na
falta a cabeça do
14 Peixe Estático tradição Pintura Vermelho
zoomorfo, dorsal
Planalto
preenchido por traços
Morfologia incompleta,
faltam os detalhes
Comum na
anatômicos,
15 Peixe Estático tradição Pintura Vermelho
barbatanas, nadadeiras,
Planalto
cabeça, dorsal
preenchido por traços
Morfologia incompleta,
Comum na
falta a parte superior do
16 Peixe Estático tradição Pintura Vermelho
zoomorfo, dorsal com
Planalto
preenchimento chapado
Morfologia incompleta,
faltam os detalhes
Comum na
anatômicos,
17 Peixe Estático tradição Pintura Vermelho
barbatanas, nadadeiras
Planalto
e dorsal com
preenchimento chapado
Morfologia incompleta,
faltam os detalhes
Comum na
anatômicos,
18 Peixe Estático tradição Pintura Vermelho
barbatanas, nadadeiras
Planalto
e dorsal com
preenchimento chapado
Morfologia incompleta,
faltam os detalhes Comum na
19 Peixe anatômicos Estático tradição Pintura Vermelho
(nadadeiras) e dorsal Planalto
preenchido por traços
Morfologia incompleta,
Comum na
falta a parte inferior do
20 Peixe Estático tradição Pintura Vermelho
peixe, dorsal
Planalto
preenchido por traços
Morfologia incompleta,
faltam os detalhes
Comum na
anatômicos,
21 Peixe Estático tradição Pintura Vermelho
barbatanas, nadadeiras
Planalto
e dorsal com
preenchimento chapado
Morfologia incompleta,
faltam as patas, Expressão de Comum na
22 Mamífero preenchimento vazado, movimento nas tradição Pintura Vermelho
e dorso atravessado por patas Planalto
um traço
Geométricos Comum na
23 ou Não Retilíneo Estático tradição Pintura Vermelho
Identificáveis Planalto
Geométricos Comum na
24 ou Não Retilíneo Estático tradição Pintura Vermelho
Identificáveis Planalto
Geométricos Comum na
25 ou Não Retilíneo Estático tradição Pintura Vermelho
Identificáveis Planalto
Geométricos Comum na
26 ou Não Retilíneo Estático tradição Pintura Vermelho
Identificáveis Planalto
Geométricos Comum na
Formato não
27 ou Não Estático tradição Pintura Vermelho
identificado
Identificáveis Planalto
Geométricos Comum na
28 ou Não Retilíneo Estático tradição Pintura Vermelho
Identificáveis Planalto
Geométricos Comum na
29 ou Não Retilíneo Estático tradição Pintura Vermelho
Identificáveis Planalto
Geométricos Comum na
Traços verticais
32 ou Não Estático tradição Pintura Vermelho
retilíneos
Identificáveis Planalto
Comum na
Formato não
33 Mancha Estático tradição Pintura Vermelho
identificado
Planalto
Comum na
Formato não
34 Mancha Estático tradição Pintura Vermelho
identificado
Planalto
Comum na
Formato não
35 Mancha Estático tradição Pintura Vermelho
identificado
Planalto
Comum na
Formato não
36 Mancha Estático tradição Pintura Vermelho
identificado
Planalto
1 27 cm 34 cm
2 19 cm 26 cm
3 22 cm 24 cm
4 40 cm 24 cm
NÚMERO ALTURA LARGURA
5 30 cm 29 cm
6 24 cm 26 cm
7 24 cm 18 cm
8 21 cm 12 cm
9 167 cm 42 cm
10 178 cm 52 cm
11 163 cm 42 cm
12 165 cm 48 cm
13 25 cm 12 cm
14 45 cm 23 cm
15 31 cm 16 cm
16 18 cm 4 cm
17 14 cm 6 cm
18 27 cm 9 cm
19 26 cm 8 cm
20 26 cm 13 cm
21 16 cm 9 cm
22 43 cm 34 cm
23 4 cm 10 cm
24 43 cm 15 cm
25 73 cm 6 cm
26 71 cm 9 cm
27 20 cm 12 cm
28 43 cm 13 cm
29 26 cm 3 cm
30 13 cm 26 cm
31 3 cm 18 cm
32 34 cm 8 cm
NÚMERO ALTURA LARGURA
33 27 cm 31 cm
34 35 cm 42 cm
35 28 cm 35 cm
36 78 cm 21 cm
Quadro 8. Medição das figurações em altura e largura do Amaros 01. FERREIRA, 2014.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os objetivos que foram propostos para este trabalho foram alcançados em parte,
uma vez que novas pesquisas inter sítios devem ser executadas em futuro próximo, gerando
novos dados que poderão cooperar para uma compreensão mais assertiva sobre esta área
arqueológica. Além disso, a própria escavação do sítio permitirá a obtenção de dados sobre as
ocupações locais e, quiçá, até mesmo dados para a elaboração de uma cronologia.
Os resultados deste estudo, baseada nos estudos cronoestilísticos dos painéis
rupestres, demonstraram que o sítio teve diversos momentos de ocupação. Tal fato foi possível
pela observação das técnicas e temáticas entre as diversas formas de grafar a mesma figura,
assim como a existência duas tradições discutidas na literatura sobre o tema: as tradições
Planalto e Agreste.
Assim, buscou-se entender relações diacrônicas e sincrônicas das figurações,
buscando-se compreender as similaridades e diferenças nos grafismos pintados no sítio
arqueológico, bem como se buscando possíveis relações que mantinham entre si.
O sítio arqueológico Amaros 01 tem como principal fonte de discussão até o
momento os diferentes painéis rupestres evidenciados. Assim, trata-se de um importante sítio
arqueológico pré-colonial, porém que corre risco eminente de destruição em função à sua
exposição às práticas de vandalismo.
Está constituído por trinta e seis figurações rupestres, sendo que a maioria filiada
à Tradição Planalto, comum no centro mineiro e marcada, majoritariamente, pela presença de
figuras vermelhas, ocorrendo à associação clássica: cervídeos e peixes. Outros mamíferos, bem
como antropomorfos, são observados, porém em menor número.
Além disso, pode-se observar a presença de quatro grandes antropomorfos que
se caracterizam estilisticamente aos evidenciados em sítios comuns na região nordeste do
Brasil, na chamada Tradição Agreste, também descrita por outros autores em Minas Gerais
(BAETA, 2011).
Justamente a pesquisa buscou entender os diferentes estilos da arte rupestre
regional, bem como discutir se realmente há duas tradições rupestres, ou se trata de uma única,
com representações diferenciadas do que se tem observado em Minas Gerais.
Mesmo chegando ao final este estudo, há diversas inquietações pelos
pesquisadores do Laboratório de Arqueologia e Estudos da Paisagem (LAEP/UFVJM), há uma
gama de novas pesquisas envolto deste sítio, como, por exemplo, a possibilidade de escavar o
local, uma vez que, possui um pacote sedimentar favorável e poderia fornecer novas
informações sobre o assentamento.
Confirma-se, também, a hipótese de duas tradições pintadas neste sítio, tradição
Planalto e tradição Agreste, esta certeza parte do embasamento teórico científico já publicado
sobre as principais características destas tradições.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Rupestre do Alto Jequitinhonha, Planalto de Minas, MG. Diamantina:
LAEP/NUGEO/UFVJM, Trabalho de Conclusão de Curso, 2011.
GASPAR, M. A Arte Rupestre no Brasil. Rio de Janeiro: 2.ed. Jorge Zahar, 2006.
LINKE, Vanessa; ISNARDIS, Andrei. Concepções estéticas dos conjuntos gráficos da tradição
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43, 2008.
LINKE, Vanessa. Paisagens dos sítios de pintura rupestre da região de Diamantina - Minas
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da Região de Diamantina (Minas Gerais) e o Mundo Envolvente. Revista Espinhaço,
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MELO VAZ, Ludimília Justino. Memória da Pedra Talhada: arte rupestre de Niquelândia
– GO. Universidade Federal de Goiás, Dissertação de Mestrado, 2005.
PROUS, André. Arte Rupestre Brasileira: Uma Tentativa de Classificação. Revista de Pré-
História. 1989 7: 9-33.
PROUS, André. Arqueologia Brasileira. Brasília: Editora UnB, 1992.
RUBINGER, Marcos Magalhães. Pintura Rupestre: algo mais que arte pré-histórica. Belo
Horizonte. Ed: Interlivros, 1979.
SEDA, P. A questão das interpretações em arte rupestre no Brasil. Recife: Revista Clio – Série
Arqueológica. UFPE, v. 12, pp. 139-167, 1997.
http://viajeaqui.abril.com.br/materias/serra-da-capivara-origem-do-homem-pre-historia-das-
americas acessado em maio de 2014.
Números 8 57%
Estrela 1 7%
Números
Estrela
Não Identificados
Vermelho 1 7%
Preto 13 93%
Vermelho
Preto
ANEXOS 01
SITIO____________________________________ MUNICIPIO_________________________
UTM:_____________________________________________DATUM____________________
DATA DA ANÁLISE: _____/_____/_____
PAISAGEM REGIONAL
1. Geologia
a. Domínio
b. Rocha dominante
c. Rochas secundárias
d. Minerais
2. Geomorfologia
3. Hidrografia
a. Bacia
b. Rio principal
c. Curso d’água próximo sim não _______________________
4. Vegetação (descrição)
9. Suporte
a. Tipo de rocha __________________________
b. Características
10. Descrição do perfil topográfico