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CONSELHO EDITORIAL Ana Paula Torres Megiani Eunice Ostrensky Haroldo Ceravolo Sereza Joana Monteleone Maria Luiza Ferreira de Oliveira Ruy Braga Imprensa, livros e politica no Oitocentos Tania Bessone Gladys Sabina Ribeiro Monique de Siqueira Gongalves Beatriz Momesso (Organizadoras) [eo ‘alameda Copyright © 2018 Tania Bessone/ Gladys Sabina Ribeiro/ Monique de Siqueira Gongalves/ Beatriz Momesso (orgs.) Grafia atualizada segundo o Acordo Ortogréfico da Lingua Portuguesa de 1990, que entrow em vigor no Brasil em 2008. digo: Harold Ceravolo Sereza Editor assstnte: Daniell de Jesus Teles Projet grifico, diagramagio e capa: Daniely de Jesus Teles Assstente académiex: Bruna Marques Revisfo: Alexandra Callontini Imagens da capa: Leisure, 1910, Oleo sobre tela de William Worcester ‘Churchill. Ese obra contou com 0 apoio da FAPERI. scacho ‘prene Lnot ple ootacetoe/ ogee Tana Semone. [eval e580 Pao: Adee. Int bog ‘suas Heron Ste XI. Los rena uaa -Hisran-Si, XK 3, Bas» Wa vreucreaL ‘Ste XD L Pra, Ta Masa BESONEDAC, (ANA Mama Bese Cz) 4p = covert) ALAMEDA CASA EDITORIAL Rua 13 de Maio, 353 ~ Bela Vista CEP 01327-000 ~ S40 Paulo, SP ‘Tel. (11) 3012-2403 wwwalamedaeditorial com.br Sumario Apresentacao z Cultura musical e palavra impressa no Brasil oitocentista ‘Avelino Romero Pereira 5 © tempo dos almanaques: imprensa e cotidiano na Belle Epoque carioca Joana Monteleone st Reflexses sobre a producio e a publicagao de periddicos de ciéncia médica no Brasil Oitocentista Monique de Siqueira Gongalves Ba A questiio do Acre na imprensa: os métodos do Baro do Rio Branco para a construgio da opiniao piiblica ~ 1903-1904 Vanessa da Siva Albuquerque 105 8 Tanla Bessone + Gladys Sabina Ribeiro + Monique de Siqueira Goncalves» Beatriz Momesso (orgs) TOCANTIS, Leandro. Formacdo hist6rica do Acre, Rio de Janeiro: Conquista, 1961. 3vols. VERGARA, Moema de Resende. Luiz Cruls ea delimitagio de fron- teiras na Primeira Republica: 0 caso Brasil-Bolivia. In: BORGES, Aimprensa religiosa como espaco Luiz C. DOMINGUES, Heloisa Maria Bertol; FAULHABER, de afirmacio da identidade do Priscila (Ongs.). Ciéncias e Fronteiras. Rio de Janeiro: Museu de ; ; Astronomia e Ciéncias Afins, 2012, p. 131-146. protestantismo nacional: VIANA FILHO, Luis. A vida do Bardo do Rio Branco, Sio Paulo: a missao presbiteriana e o jornal Editora UNESP, 2008. I. Imprensa Evangélica Pedro Henrique Cavalcante de Medeiros! ‘As décadas de 1860 1870 foram um periodo efervescente em questdes politicase religiosas no Brasil e no mundo, Diversos jornais religiosos foram fundados, dentre os quais destacamos a Imprensa Evangélica, da missdo presbiteriana no Brasil, em 1864, eo jornal 0 Apéstolo, representante do catolicismo ultramontano, em 1866. A Imprensa Evangélica foi um importante instrumento utili zado pelos missiondrios para demonstrar sua identidade e marcar presenga nas principais discussoes politico-religiosas da segunda metade do Oitocentos. Pretende-se discutir 0 papel desse periddico no contexto politico do Segundo Reinado, a partir da andlise dos principais temas discutidos no jornal nesse periodo, 1 Mestre e doutorando em Histéria pelo PPHR-UFRRL 0 ‘Tania Bessone « Gladys Sabina Ribeiro « Monique de Siqueira Goncalves » Beatriz Momesso (orgs) Fundagao do jornal Imprensa Evangélica A Imprensa Evangélica, primeiro jornal evangélico publicado 1no Brasil, foi langada em 5 de novembro de 1864, O jornal fi funda- do por Ashbel Green Simonton (1833-1867), tendo a cooperagao de Alexander Latimer Blackford (1829-1890), José Manoel de Concei- eto (1822-1873), Domingos Manoel de Oliveira Quintana’ ¢ Anté- no José dos Santos Neves (1827-1874). Simonton era missionério norte-americano enviado >ela Jun- ta de Missdes Estrangeiras da Igreja Presbiteriana dos Estados Uni- dos da América. Chegou ao Rio de Janeiro em 1859. Ele esteve & frente da organizagao da primeira Igreja Presbiteriana no Brasil, em 1862, ¢ da formacao do primeiro seminério teolégico presbite- riano do pais, em 1867." Blackford era cunhado de Simonton; chegou a0 Rio de Janeiro em 1860, enviado pela mesma Junta de MissGes. Ao chegar a0 Brasil, istribuindo Biblias da Sociedade Biblica Americana. Além disso, também ocupou brevemente o cargo de Charge diaffuires da legacio americana. organiza¢io da primeira Igreja Presbiteriana do Brasil e na fundagio iniciou sua atividade missionéri ‘le também foi atuante na do primeiro seminério teol6gico.* ‘Sua atividade missionéria esteve voltada principalmente para interior de Sao Paulo. Em 1863, em Rio Claro, ele apresenta a men- 2 Nio temos muitasinformagbes sobre este personagem: sabe-se apenas que cle tornoa-se membro daIgreja Presbiteriana do Rio de Janeiro em 6 denovernbro de 1864, no domingo apés a primeira publicagio do jornl. IGREJA PRESBI- ‘TERIANA DO RIO DE JANEIRO. Centro de Documentazio: CENDOC. Livro de Registro de Membros da Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro: Inicio 12 de janeiro de 1862, Fim 2 de ulho de 191, fs. 4, Rio de Janeiro, 6 nov. 864, 3. SIMONTON, Ashbel Green. Diirio, In: MATOS, Alderi Souza de (rg). Odid- riode Simonton 1852-1866, 2d, So Palo: Editora Cultura Crist, 2002, p. 168 4 Biden, p. 42-46, 5 VIEIRA, David Gueros. protstantiona, a maronaria ea questa weligosa no Brasil. Brasilia: Editora Universidade de Brasilia, 1980, p. 138-139, Imprensa livros e politica no Oitocentos inp sagem evangélica para 0 padre José Manoel da Conceicao. Em 1864, Conceigdo se converte ao presbiterianismo ¢ logo em seguida se tor- ‘na o primeito pastor presbiteriano nacional. Conceigéo expandiu 0 protestantismo para o interior do Brasil, alcangando individuos e familias inteiras* Anténio José dos Santos Neves se converteu ao presbiterianis- ‘mo em 1863; era poeta, trabalhava como taquigrafo do Senado e era funciondrio do Ministério da Guerra. Foi membro do Partido Libe- ral ¢, em 1863, fundou o jornal O Locomotivo Intelectual, que teve curta duragio. Vieira destaca que Santos Neves via 0 protestantismo como uma “fonte de ‘progresso”?” Simonton teria ficado impressionado com a leitura de perié- dicos da época sobre a religiosidade no Brasil, em que se atacava constantemente o catolicismo ultramontano. Alguns fatos especifi- cos teriam chamado sua atengo, Em 1863, publica-se o artigo “Os Fariseus’, possivelmente escrito por Tito Franco de Almeida (1829- 1899), num periédico fluminense. Em 1864, o deputado Pedro Luiz Pereira de Souza (1839-1884) profere um discurso contra 0s jesuitas, nna Camara dos Deputados. Para Simonton, se os estadistas hesita- ‘vam em visitar os cultos protestantes, ao menos poderiam ser alcan- . Acesso em: 7/01/2013. RIBEIRO, Boaner- 8 José Manoel da Concego ea reforma evangéic, Sio Paul: O Semeador, 1985p. 43-4 10 CORREIO MERCANTIL. Rio de Janeiro: Typographia do Corteio Mercantil de Munis Barreto, Mendes Campos ¢ Comp, 1 306, 5 nov. 1864, p. 1. CRU- ZEIRO DO BRASIL. Rio de Janeiro: Typ. de Quitino & Irma, ano 1.n. 6, 6 nov. 1864, p. 4 n. 7,13 nov. 1864, p. 1. CONSTITUCIONAL. Rio de neo: ‘Typ. do Constitucional, ano 3,n, 124, 5 now. 1864, p. 4, DIARIO DO RO DE JANEIRO. Rio de Janeiro: Typographia do Diario do Riode Janeiro, anc 44,n. 304, nox. 1854, p. 1. Imprensa, livros e politica no Oitocentos ‘A Tipografia Universal Laemmert imprimin apenas o primeiro rimero. A Tipografia Perseveranca passou a publicar o jornal a pat tir da segunda edigdo. Segundo Silvestre, essa tipografia s6 aceitou publicar 0 jornal porque estava ligada & magonaria, pois os macons tinham boas relagbes com os protestantes.”* O editorial, no prospecto da primeira edicdo, esclarece que a intengéo era alcangar aqueles que no estavam indiferentes as ques- ‘Ges religiosas. As publicagdes tinham por objetivo a propagacio do cevangelho, contribuindo para o trabalho evangelistico dos missio- narios, orientando a pratica do culto doméstico, incentivando as pe- quenas comunidades do interior, carentes de pastores, contribuindo para a uniformidade e homogeneidade nas comunidades nascentes. Seus artigos forneciam @ visio protestante sobre os problemas po- liticos do pais, embora inicialmente tenham declarado o desejo de no se intrometerem em questdes politicas. Em questdes sociais, 0 jornal manteve relativa neutralidade, com excecio daqueles assuntos {que interessavam aos protestantes naquele momento, tais como: 0 . Acesso em: 7/01/2013; SILVESTRE. Op. Gt, p. 21-23, FEITOZA, Pedro Barbosa de Souza. ‘A imprensa Evan- 3 14 ‘Tania Bessone + Gladys Sabina Ribeiro « ‘Monique de Siqueira Gongalves + Beatriz Momesso (orgs.) Assuntos tratados no jornal Divulgagiio da mensagem evangélica reformada e confronto aos dogmas catélicos ‘Ao analisarmos as publicagées propriamente religiosas, per- cebemos que o jornal refletia 0 pensamento calvinista conservador norte-americano do século XIX. Segundo Velasques Filho, 0 conser- vadorismo protestante refleti a filosofia empirista de Francis Bacon (1561-1626) e a filosofia do senso comum de David Hume (1711- 1766) e de Thomas Reid (1710-1796). A aplicacio da flosofia dosenso comum na religido foi feta por John Witherspoon (1723-1794), sexto presidente do Colégio de New Jersey, futura Universidade de P-ince- ton, nos seguintes pontos: a universalidade da verdade, considerada ‘a mesma em todo o tempo e lugar, independente das circunstncias; a capacidade da linguagem de expressar 0 mundo real ou transmitir fielmente a realidade; e a capacidade da meméria em conhecer obje- tivamente o passado, mantendo-se 0 registro dos fatos de forme inal- terada. Esses pressupostos aplicados a teologia podem ser enunciados ‘como universalidade, linguagem e meméria, A verdade biblica tinha de ser considerada universalizante, revelacio perfeita e fonte exciusiva do conhecimento sobre Deus, portanto, inerrante, néo sendo pessivel de revisio a partir das ciéncias naturais. A interpretacdo deveria ser literal. Nao havia oposigdo entre a Biblia e a ciéncia, pelo menos nio com a verdadeira ciéncia. A fungdo da teologia era expressar a racio- nalidade da fé, pois nao havia féirracional:” telicl como estratégia para insergo do protestantsmo no Bra ImperIn Encontro Regional da ANPUH-Rios Meméris ePariméni, 14,2010 io de Janeio. ANAIS ELETRONICOS. Rio de Janeiro: ANPUH, 2010, Disponvel em: . Aces em: 7/0/2013. 13 entre as idelas centais da doutina da inrrincla bila, pode-se destca: Somente os manaseriosbiblicos original so inerantes; relatos bibles apa- Imprensa, livros e politica no Oitocentos seminério teolégico do Colégio de New Jersey foi o princi- pal centro de formagio e influéncia dos missionérios. Sua teologia ere reformada,fiel & Confissio de Fé de Westminster e a0s seus dois Catecismos, baseada na ideia dos dois pactos, 0 das obras, feito en- tre Deus € Adio, eo da graca, feito com a humanidade a partir de Jesus Cristo, Para os professores de Princeton, como Charles Hodge (1797-1878), a verdadeira doutrina biblica havia sido redescoberta ¢ sistematizada por Calvino. Os tedlogos deveriam apenas expor € explicar a teologia calvinista." Uma das caracteristicas da teologia conservadora foi a discus- ‘fo milenista. Os milenistas se dividem em pré e p6s-milenistas. O primeiro grupo entende que Jesus Cristo retornard para estabelecer co seu reino, visivel e literal, na Terra, iniciando um perfodo marcado pela justica universal, precedido pelo aniincio do Evangelho a toda a humanidade. © segundo grupo procurava defender a formagio de uma civilizagdo crista a partir do esforgo missionério, somente apés o desenvolvimento dessa civlizagdo ocorrera o retorno de Jesus Cristo para o juizo final. A histéria politica ¢ religiosa dos Estados Unidos também foi marcada por dois grandes avivamentos. © primeiro, iniciado em 1734, teve como principal pregador Jonathan Edwards (1703-1758) € foi marcado pela doutrina calvinista da eleiclo, pela soberania ab- soluta de Deus, pelo apelo ao arrependimento de pecados e f em Jesus Cristo. Em seguida, com George Whitefield (1714-170), 0 ‘movimento teve novo impulso, mas manteve o foco calvinista das rentemente contraditérios sto, na verdade, complementares; a doutrina diz respeito apenas a0 cardterespirtual da Biblia e no as informagdescientiicas ‘0u geogrificas. MENDONCA, AntOnio Gouvéa; VELASQUES FILHO, Pré- oro. Inredugdo ao protestantismo no Brasil 2 ed Sao Paul: Bdigdes Loyola, 2002, p. 112-127 14 Tbidems, p. 119. 15: Bbidem, p. 124-125 56 nia Bessone * Gladys Sabina Ribeiro © “Monique de Siqueira Goncalves « Beatriz Momesso (orgs) ‘mensagens. No entanto, 0 contetido dos avivamentos teve signifi cativa mudanga a partir do crescimento do metodismo. O metodis- mo ganhou espaco nos Estados Unidos apés a morte de Jonathan Edwards, em 1758, durante a conquista e colonizagio do sudoes- te american, Esse grupo religioso teria conseguido se adaptar as condigSes sociais de fronteira, pois sua estrutura estava baseada em. reunides informais, com pregadores leigos, semianalfabetos eitine- rantes. Esse movimento enfatizava mais a conversio emocional do aque o batismo, a experiéncia religiosa a0 invés do pertencer a uma igreja e a certeza da salvacio pela rentincia dos prazeres socials, pelo desejo da perfeicao cristi. Sua teologia era arminiana, baseada na decisto do crente em aceitar ou rejeitar a salvacao; puritana, devido 420 ativismo religioso; e pietista, ao defender 0 constante progress0 espiritual, evitando as disputas teolégicas e a cultura popular.* A partir do segundo grande avivamento, ocorrido apés a Re- volugdo Americana, os avivalistas passaram a vincular a teologia da alianga com o racionalismo iluminista e o pensamento politico e so- cial radical da Revolugao Inglesa do século XVII. A ideia da incapa- cidade total do homem para cooperar com sua salvacio, tradicional ‘na doutrina calvinista da eleigdo, passou a ser nuangada pela 20¢0 arminiana da decisio e responsabilidade do homem com relacdo & sua salvagdo, Isso foi um contraponto ao elitismo calvinista. Durante osavivamentos, reforgou-se aideia da construgéo de uma civilizagio cristi no mundo. A partir dessa idela, houve uma cooperagdo entre as diversas denominagdes protestantes, que “dispunham-se ¢ coo- perar para a reforma do mundo a partir da visio de uma populacdo. religiosa, livre, letrada, industriosa, honesta e obediente as leis 16 bidem, p. 83, 94-98. MENDONCA, Antonio Gouvéa. O Celeste Porvin a in sergto do protestantimo ro Brasil. 3* ed. Sho Paulo: Editora da Universidade de Sto Paulo, 2008, p. 47,85. 17 MENDONCA. Op. Cit, p. 92. CE BAILYN, Bernard. As origens ideoigleas da Imprensa, livros e politica no Oitocentos ‘Com essa cultura os missionérios presbiterianos vieram trabalhar 1no Brasil. A doutrina do pacto, o combate ao cientificismo materialista 0 evolucionismo, a ideia da inerrancia biblica, a valorizagdo da ver- sito biblica de Jodo Ferreira de Almeida, a ideia pietista de “perfeicio ctista’ ea ideia de experigncia emocional de conversio estiveram pre- sentes ao longo das publicagdes de a lmprensa Evangéica. A reacio catélica ao jornal é a melhor forma para podermos verificar a repercussdo das publicagbes." Ao analisarmos os debates entre o jornal O Apéstoloe a Imprensa Evangélica, podemos verificat avalidade do argumento de Pierre Bourdieu ao dizer que no campo religioso sempre hd uma concorréncia entre 0 novo e o dominante monopolizador da gestdo do sagrado, Nessa luta, 0s detentores do ‘monopélio tendem a stir do siléncio para produzirem um discurso defensivo de sua ortodoxia. ® (© primeiro grande debate entre os dois jornais ocorreu quando a Imprensa Evangélica publicou 0 artigo “O culto de imagens e a sen- sualidade’, em 3 de margo de 1866, Para o editorial, a imorelidade se- xual era gerada pelo “culto de imagens” do catolicismo, por priorizar 0s sentidos ao invés do culto espiritual. A tese proposta pelo editorial era que “o culto de imagens deixa 0 espirito em jejum e favorece © predominio dos sentidos”, Em outro momento diz: “todo o povo dado ao culto de imagens tem forte propensio para costumes rela- xados. A sombra de templos em que se veneram objetos visiveis com tum culto todo simbdlico e exterior, esmorece o que hé no homem de spiritual, eas suas paixdes mais igndbeis reinam infrenes”* ‘Revolugdo Americana, Bauru: EDUSC, 2003, p. 38-51, 65.67, 85-86. 18 IMPRENSA EVANGELICA. Rio de Janeiro: Typographia Perseveranga, 1866, .A2, 57,63; 1867, p,5-6,52, 62 89, 94, 109-111, 19 VASCONCELOS, Op. Cit, p. 345. 20 BOURDIEU, Pierre. QuestOes de Sociologia. Lisboa: Fim de Século Edie, 2008, p. 120-121. 21 IMPRENSA EVANGELICA, Op. Ci 1866, p. 33, 8 ‘Tinka Bessone « Gladys Sabina Ribeiro « Monique de Siqueira Goncalves « Beatriz Momesso (orgs) Nas publicagdes, os presbiterianos se identificavam como em- piristas e biblicos contra os catdlicos escoldsticos. Para 0 editorial evangélico, era necessério haver boa exegese biblica para se com- preender que santificacéo de objetos na Biblia estava relacionada & separagdo para o servico sagrado e nao para prestagao de culto. Os catélicos eram acusados de nao compreenderem a ordem biblica de prestar culto apenas a Deus e de condenar a idolatria. Além disso, para a maior parte do povo, a Biblia era desconhecida. A Biblia de- vveria ser interpretada combinando a letra com o espirito da Lei”? Para o editorial catélico, simbolizar o invistvel ndo era substitul- lo pelo visivel. No entanto, 0 espirito necessitava do sensivel para Gesenvolver a razio suprasensivel. © protestantismo era quictista, ‘maniqueista, pelagianista ¢ socinianista.* trabalho do artista religioso deveria ser valorizado. A imoralidade estava relacicnada a0 clima e nio ao culto imagético. O editorial se assumia escoléstico ‘eacusava os protestantes de nao seguirem as orientagbes de Francis Bacon. Nio havia dados suficientes para demonstrar a maior moralidade dos povos catélicos ante 08 protestantes. Caso isso fosse fato, nao havia como provar a relacio da incontinéncia com o culto 40s santos. Embora 0 culto aos santos nao estivesse expresso, estava no espirito da lei da Biblia, pois toda a natureza pode ser constituida por Deus como meio de santificagio, sem haver pureza ou impareza inata as coisas. Os protestantes precisavam entender a polissemia da palavra culto, aplicada também a veneragio ou reveréncia. 0 22 idem, p. 79-80, 91-92, 13-114. 23. O quietismo dava énfase &contemplacdo passiva, numa fé pura acima das cren- ‘ase teologss, O maniqueismo era um sistema que dualista que entendia ser 0 muda formado por dols principios eternoseantagonicos, Deus representando ‘bem absolut eo diabo representando o mal absoluto.O pelagianismonega Ideia de pecado originale defende a liberdade do homem para aleangar salva ‘20 por seus prdprics meios,O sociansmo negava a divindade de Cristoeare- Slidade da trindade, ANDRADE, Claudionor Corréa de. Dicionério Telgio. Eaigdo revista eampliada, Rio de Janeiro: CPAD, 1998, p. 210, 248, 236,266. Imprensa, livros e politica no Oitocentos editorial da Imprensa Evangélica era racionalista, a0 defender que santificagdo de objetos era apenas 0 ato de separé-los para o servigo de Deus, quando na verdade santidade é a relagio intima e direta de algo com Deus, coneluia* Percebe-se nesse debate uma série de recursos retéricos para fundamentar os argumentos. Conceitos teolégicos ¢ filoséficos fo- ram usados em abundancia. Enquanto um se assumia tomistae, por- tanto, conservador,tridentino e ultramontano; o outro se dizia baco- niano, logo, conservador protestante norte-americano. A referéncia {ita a seitas ¢ heresias combatidas por ambas as religides serviu para esvalorizar os dogmas da religido adverséria. Durante a gestio de Blackford e Francis Joseph Christopher Schneider (1832-1910), a partir de 1868; uma série de alteragées sgrificas ¢ feita no jornal, Cria-se um logo, uma ancora rodeada por ‘um lago, no qual estava inscrito: “a qual esperanca nés temos como ancora da alma, firme e inabalivel. Heb VL19". A imagem aparecia sobre o nome Jesus. Segundo o editorial de 18 de janeiro de 1868, 0 logo simbolizava a proposta do evangelho para o homem, a esperan- aera a salvagdo da alma operada pelo Espirito Santo pela graca de Deus em Jesus Cristo 24 0 APOSTOLO. Rio de Janelo: Typographia de N. L. Vienna & Filhos, 1866, 1 11,p.2-3:1 36,p.2:0.21,p.2:m.23,p. 3:n. 25, .2. 25 BLACKFORD, Alexander Latimer, Relatorio de A. L, Blackford, from Julho 1867 até Agosto 1868. IGREJA PRESBITERIANA DO RIO DE JANEIRO, ‘CENDOC. Relatérios Pastoras (1859-1875). Schneider foi o terceiro missio. rio presbiteriano avr para o Brasil pela Junta de Missbes da IgrejaPresbite- ‘lana dos Estados Unidos. Sua intenco era tabalhar com os coloncs alemaes de Sio Paulo, sem resultados. A partir de 1863 passou a trabalhar na Igreja {do Rio de Jancro, Seu trabalho esteve voltado principalmente para o preparo {de candidatos ao ministrio pastoral. MATOS, Os pioneros presbiteianas do Brasil (1859-1900): missiondros, pstores ¢ legos do século XIX, Séo Paulo: (Cultura Crist, 2004, p. 42-46, 26 IMPRENSA EVANGELICA. Op. Cit, 1868, p.9. 159 160 Tinia Bessone + Gladys Sabina Ribeiro « “Monique de Siquelta Goncalves « Beatriz Momesso (orgs) Para Santos, neste momento jé havia condigdes para fazer criti- cas sociais e politicas no jornal e para lutar mais incisivamente pela liberdade religiosa. O jornal manteve-se fie aos prinefpios origina, isto é, divulgar a mensagem evangélica e contribuir para a expansdo do protestantismo no Brasil. Além disso, o jornal continuou a con- tribuir para a unidade do presbiterianismo, como se pode ver pela publicagao em série da Confissdo de Westminster.” esse periodo, as ideias milenistas também estiveram muito ppresentes nas publicagdes. © combate ao catolicismo foi fundamen- tado nessa ideia, como pode ser visto nas virias publicagSes sobre a histéria da Igreja, cuja intengio era levar o leitor a compreender 0 verdadeiro caréter da igreja romana e a restauragao do cristianismo a partir da Reforma Protestante, O catolicismo era tido como um. cristianismo corrompido pelo desenvolvimento da hierarquia, pela criagdo dos titulos de papa e de cardeal, pelo dominio temporal do papa romano, pela imoralidade do clero e pela formulacio de dog- ‘mas nao biblicos, desde Constantino (272-337), no século IV. ‘A Reforma demonstrara a ligagdo da religiio com a liberdade a unitio entre a razio e a verdade, Martinho Lutero (1483-1546) hhavia tentado reformar a igreja internamente, mas como respos- ta havia sido excomungado pelo poder intolerante € despétizo do ontificado. O “papismo” ou “romanismo” era a besta e a prostituta apocaliptica e nao a Roma gentilica, como defendia Anténio Pereira de Figueiredo (1725-1797). Uma forte evidéncia disso havia sido a comparacio entre Jesus Cristo eo Papa que ojornal O Apéstolohavia feito. Textos biblicos escatolégicos faziam referéncia ao “progresso do papismo”, Desde o século VI até o século XVI muitos haviam so- frido por combater a “Babilénia” romana. A Reforma Protestarte era a “ferida que a besta recebeu”, Mas isso teria sido s6 0 inicio, o fim 27 SANTOS, Op. Cit, p. 77-81. IMPRENSA EVANGBLICA Op. Cit, 1871, p. 106, LImprensa, livros politica no Oitocentos seria a destruigao da apostasia pela brilhante vinda de Cristo, ou até «que 0 Evangelho fosse pregado a todas as nagées do mundo. A perda de dominio politico papal, com nagSes que antes apoiavam 0 papa se voltando contra ele, e a ofcializago do dogma da infalibilidade papal eram sinais da instauragao do reino milenar de Cristo sobre a ‘Terra, concluia.* © editorial catdlico respondeu dizendo que Figueiredo jé ha- via demonstrado que a Babildnia e a prostituta faziam referéncia a Roma gentilica. Se a referéncia fosse & Igreja Catdlica, 0 escritor bi- blico nao utilizariaa figura de uma prostitutae sim de uma addiltera. © papa, na verdade, era um “cordeiro entre mil lobos’” Liberdade religiosa, casamentos civis e secularizagao de cemitérios Em diversas publicagies de a Imprensa Evangélica podemos constatar referéncias aos politicos oitocentistas e a seus discursos, rincipalmente com relagio & liberdade religiosa e aos seus temas riticos congéneres, isto &, 0 casamento civil e a secularizagao dos cemitérios, Essas referencias eram feitas ou para endossar o discurso esses politicos ou para crticé-los. © matriménio foi uma preocupagéo constante para Estado imperial, principalmente devido & imigragio, e aos conflitos com a Igreja. Para a Igreja, essa era uma questio espiritual e moral. Para o Estado, era uma questio legislativa e politica. As concessdes da Santa Sé para os casamentos mistos, principalmente o Breve dos 25 anos, nio resolviam a demanda dos dissidentes, pois era limitada e exigia a educagio da prole no catolicismo. A solugio era o contrato civil 28 IMPRENSA EVANGELICA, Op. Cit, 1868, p28, 110-111, 106-107, 115-116, 126-127, 142-143, 163,172 29.0 APOSTOLO. Op. Cit, 1868, n.8,p. 58 x61 162 "Tania Bessone * Gladys Sabina Ribeiro © ‘Monique de Siqueira Gongalves + Beatriz Momesso (orgs) Diante disso, uma série de projetos foi apresentada para dar garan- tias legals ds familias nao catdlicas e mistas.” © projeto de casamento civil de Nabuco de Araijo (1813-1378), quando era ministro da Justiga do gabinete conciliador do Marqués do Parané, foi formulado em 1856. O projeto tinha a intengao de dar garantias civis tanto para os casamentos evangélicos quanto mistos, distinguindo o contrato civil do sacramento. Dessa forma, as farni- lias dos imigrantes protestantes teriam reconhecimento legal e se submeteriam a jurisdigao do Estado.” Nabuco de Araijo pode ser considerado um catélico liseral do século XIX. Beatriz. Momesso destaca a matriz europeia do pen- samento liberal desse politico, principalmente de catélicos liberais como Charles de Montalembert (1810-1870) ¢ Hughes Lamennais (1782-1854). Nabuco de Araujo teria combinado de forma singular essas ideias com o pensamento catélico eas estruturas de Beneplici- toe Padroado, Para ele, liberdade. sio do governo e ser limitada pelo catolicismo. Ele era um emprega- do pubblico fiel ao Estado. A Igreja Catélica no Brasil nao poderia ser considerada live, sua estrutura deveria estar submissa a0 Estaco no josa deveria ser uma conces- intuito de se manter a ordem politica e administrativa.” 30 Por exemplo, os projetos de Nicolau de Campos Vergueiro (1778-185), em 1829, de Joio Maaricio Wanderley (1815-1889), em 1847, e de José Tomis [Nabuco de Araijo Filho (1813-1878), em 1856 SI SILVA, Rafuela Albuquerque. No labirinto das liberdades: Gonslho de Estadio, dipits civis e associatvismo religiaso nao-catilico no Brasit imperial (1850- 1883), Dissertagio (mnestrado em Histria Polttice) Universidade do Estado «do Rio de fanero, Rio de Janeiro, 2012, p. 73-76 32, MOMESSO, Beatriz Piva. A rligiio no Império compreendida a pair de ‘manuscrtos pessoas. Revista Maracanan,n, 12, jul 2015, p. 63-72. Dispo- nivel em: . Acesso em: 16/03/2017. 4 tiulo de comparagao, em 1857, José Anténio Pimenta Bueno (1803-1878), Marqués de Sio Vicente, dizia que a ‘consciéncia deveria ter liberdade absoluta, mas as manifetagbes piblias de ceulto deveriam ser regulamentadas pelo Estado para manter a ordem € 08 intereses da sociedade. PEREIRA, Rodrigo da Nébrega M. A primeza das Imprensa livros e politica no Oitocentos Ao ser discutido no Consetho de Estado, o projeto recebeu um substitutivo propondo o casamento civil apenas para nao catdlicos, pois 0 aparato religioso era necessério para manutengio da ordem. O projeto resultou na Lei n° 1.144, de 11 de setembro de 1861, re- gulamentada pelo Decteto n° 3.069, de 17 de abril de 1863. Mas a ‘burocracia do Estado nao estava preparada para por em pritica a lei, por isso ela s6 foi cumprida eficazmente na Repiiblica. Segundo Gugliota, mesmo com a oposicio de liberais, alguns conservadores, associagbes secretas e os protestantes, a Igreja Catélica manteve o controle sobre 0 matriménio durante todo 0 Império, © Estado ndo centrava em confronto direto com a Igreja para nao ver minada sua autoridade na sociedade e nas provincias. Para politicos como Ta- vares Bastos (1839-1875), 0 principal entrave para as reformas ne- cessérias, inclusive a da liberdade religiosa, era a centralizagdo do Estado. Além disso, a Lei de 1861 era incompleta por exigir 0 ato religioso e o registro do pastor celebrante:* © editorial de a Imprensa Evangélica publicou uma série de artigos tratando da questio dos registros civis. Naqueles assinados por Calvino, denunciava-se a dificuldade ¢ resistencia dos oficiais cartordtios em fazer os registros nos respectivos livros. Iss0 ocorria porque muitos desses oficiais tinham receio das autoridades ech ticas e nao confiavam em leis que as contrariassem, As reclamagbes dos requerentes eram ignoradas. A solugdo era fazer com que 0s re- gistros civis nos cartérios fossem tanto para catdlicos quanto para liberdades:o debate politico sobre a iberdade rellgiosa no Brasil imperial DDesigualdade & Diversidade: Revista de Ciéncias Socais da PUC-Rio, Rio de Janeiro, n. 1 . 1, jul/de2. 2007, p. 107, Disponive em: . Acesso em: 2103/2014. 33 GUGLIOTA, Alexandre Carlos, Entre tabathadores migrants e nacionas: Tava- res Bass e seus projetas para a nagto. Dissertaio (mestrado em Histria Socal) Universidade Federal Huminense, Nitro, 2007, p39, 9. SILVA. Op. it, 63 164 “ina Bessone + Gladys Sabin Ribeiro + Monique de Siqueira Goncalves» Beatriz Momess (or) no catdlicos, O direito de fazer o registro civil era do Estado, algreja tinha esse direito por usurpagio.™ Para a Imprensa Evangélica, as regras para os casamentos mis- tos eram uma agressio & consciéncia do dissidente, e até mesmo de ‘outros grupos como os macons. Além disso, 0 casamento misto nao poderia ser considerado um sacramento, ja que 0 dissidente néo po- dia receber sacramentos do catolicismo. Caso este tipo de casemen- to fosse legitimo, o sacramento no seria essencial, logo nao havia impedimentos para regulamentar os casamentos civis. Nem os te- ‘logos catdlicos entravam num acordo sobre a matéria, a forria eo momento da instituigéo do sacramento. Isso 86 servia para justificar a burocracia eclesiéstica estender o dominio espirituale financeiro da Igreja Catdlica, tendo por consequéncia a imoralidade do povo pobre que ndo podia pagar as taxas exigidas. Durante o Império, conforme Ana Marta Rodrigues Bastos, ha- via uma aglutinacéo entre o catélico € o cidado em um tinico cen- tro: a paréquia. A Igreja era responsivel canonicamente por registrar toda a vida civil dos fis, ¢ essa estrutura era aproveitada pdo Es- tado, A identidade religiosa fundamentava a cidadania politica dos brasileiros. A partir do Segundo Reinado, o Estado foi adquirindo burocritica e administrativa, mas nao deu autono- autossuficie mia para a Igreja controlar as questes que a subordinavam ao Es- tado, As atribuigdes burocriticas dos pérocos foram gradualnente sendo repassadas com dificuldades para os juizes de paz, No entanto, ‘mesmo os registros dos casamentos mistos que continuaram sendo feitos pela Igreja tinham dificuldades, pois muitos parocos nao os cenviavam, ou 0s enviavam incompletos para o Estado. 34 IMPRENSA EVANGELICA. Op Cit, p. 131-132. 135. BASTOS, Ana Marta Rodrigues. A Igrjae a leislagdo eetoral no Imps. Rio de Janeiro: Lamem Juris, 1987, p. 12-13, RODRIGUES, Claudia. Nas fomteiras do Ald: a secularizagao da morte no Rio de Janira,sécuos XVII ¢ XIX. Rio Imprensa, livros e politica no Oitocentos Essas dificuldades eram claras para o governo. Até o imperador entendia que 0 cédigo francés era o melhor sobre legislacio de ca- samento civil, mas ser possivel aplicé-lo no Brasil." Orgios ‘como 0 Instituto da Ordem dos Advogados Brasileiros deveriam se ‘empenhar e cooperar para que o Estado se libertasse do jugo do ca- tolicismo, pois isso impedia o desenvolvimento do Brasil. Além dis- so, falta de regulamentacdo gerava escdndalos como no caso de um. padre de Santa Leopoldina/ES, que casara duas senhoras alemaes jé casadas e nao divorciadas dos primeiros maridos protestantes.” O conceito de liberdade religiosa também gerou diversos discur- 0s e publicagdes na década de 1860. O Partido Progressista, criado «em 1864, ndo se pronunciou sobre a liberdade religiosa, apenas sobre a educagio e a regeneracio do clero, No entanto, Aureliano Candido ‘Tavares Bastos (1839-1875), que integrava o partido junto com Na- bbuco de Araujo, também foi um defensor da imigragio e dos direitos civis dos néo catSlicos, Ele era um admirador dos Estados Unidos. em sua concepao evolucionista com relagio ao progress, o nivel ideal de civilizagao seria aquele que garantisse a maxima liberdade individual, 0 respeito pela diversidade e 0 incentivo das potencialidades particu- lares, um padrao representado pelos Estados Unidos.* de Janeieo: Arquivo Nacional, 2014, p. 235-244. CE ROCHA, Maia As catas pastas de d. Carlos Lais DAmour ede d. Aquino Correa asecalrizagio dos ‘emits publics dacdade de Culabnolminar do século XX. Revista Bras ier de Hsia das Relies, Maing, m8, ¥. 3a. 201, p. 3. Disponivel em: htpiewwdhi.uem.eigteligio/pubhtl>.Aceso em: 2/03/2014. 36 SANTIROCCHI, alo. mateimdnio no Impéro do Bras uma questao de Estado Revista Brasileira de Hiséria das Relies, Mang n. 12 v. 4, jan. 2012, , 62-121. Disponivel em: . Acesso em 2/03/2014. 51 MEDEIROS. Op. Cit, p. 93. 52, ROCHA. Op. Cit, p.3, m ‘Tania Bessone « Gladys Sabina Ribeiro « Monique de Siqueira Goncalves Beatriz Momesso orgs.) ‘conselheiros orientavam constantemente & hierarquia catdlica sobre a necessidade de reservar um espago nos cemitérios piblicos pera os ndo catélicos. editorial da Imprensa Evangélica destacava 0 empenko do Consetho de Estado, em 1870, a0 reclamar sobre a falta de tolerincia, civil e religiosa e sobre a falta de caridade crista de uma autcrida- de eclesidstica ao recusar o sepultamento de um imigrante suicida, morto em 1869, dentro dos muros do cemitério. Todos tinham 0 direito de serem enterrados dentro do cemitério, pois todos paga- ‘vam impostos e a Constituiglo garantia a liberdade de consciéncia, nio sendo permitida a perseguicdo religiosa observada ao impedir © sepultamento de um nao catélico suicida. No entanto, diferente do pensamento de Candido Mendes de Almeida, 0s protestantes se diferenciavam dos catdlicos néo porque esses acreditavam na ressur- reigio do corpo e aqueles nfo, mas sim porque os protestantes nio temiam o sepultamento ao lado de racionalistas e pagios, pois isso no poderia perturbar 0 sono dos crentes. A questdo era pratica, de- veria haver a separacio imediata dos cemitérios em area benta e nto benta. Essa medida era necesséria para o progresso do pais e fara o bem estar religioso e social do povo, principalmente apés a recusa de sepultura ao general Jodo Inécio de Abreu e Lima (1794-1869). A. ‘medida desagradaria aos parocos, mas acabaria com os abusos de se negar sepultura aos desvalidos. Essa regulamentagdo também seria, importante para a evangelizagdo protestante, pots desqualificaria as, ameagas da hierarquia catdlica de negar sepultura aos leitores da Bi- blia, como jé ocorria. Por fim, salientava-se o fato de as divergéncias. entre os consclheiros do Estado e a hierarquia catélica demonstra- rem a falta de unidade da Igreja Catdlica e ainconveniéncia de uma Igreja do Estado.** 158 SILVA. Op. Cit, p. 112-136. ‘54 IMPRENSA EVANGELICA Op. Cit, 1869, p 1-4, anexo; 187, p. 84-86 1873, Imprensa, livros e politica no Oitocentos Para a editoria da Imprensa Evangélica a secularizacio dos ce- mitérios era uma necessidade do mundo moderno, o espirito brasi- leiro ndo suportava mais a mentalidade medieval da Igreja romana. ssa questio era importante nao s6 para garantir 0 direito do estran- geiro, mas também para se conservar a prépria vida social no Brasil io havia harmonia entre o sistema catdlico e o desejo de progresso ‘expresso pelos politicos, nao bastava criticar os bispos ultramonta- nos, eta necessirio dar fim ao regime de unio do Estado com a lgre- ja. A religito oficial e suas implicagées cooperavam para formacio cde homens catélicos apenas por conveniéncia, para nao terem seus direitos civis negados. As leis de Roma prevaleciam sobre as leis do pais toda vez que um dissidente tinha sua sepultura negada.* Ao longo de suas edigdes 0 jornal também procurou deixar claro que a liberdade religiosa era uma questéo relacionada & civi- lizagao dos povos. Alguns pafses estavam alcangando 0 progresso a partir dessa liberdade, o reverso também era verdadeiro. A luta pelo estabelecimento da liberdade religiosa no mundo era tida como uma agdo da Providéncia Divina.** O antagonismo entre o Estado e a Igreja Catélica: questéo Religiosa A Questio Religiosa, para o editorial de a Imprensa Bvangélica, no havia sido causada pela intransigéncia de bispos ultramontanos «que haviam rompido com a harmonia entre 0 Estado e a Igreja, ‘mas resultava da propria unio. A solucdo para o conflito néo 58-59. Claudla Rodrigues destacou 0 que mais revoltava os utramontanos ‘pum enterramento civil isto, o desrespeito pelos protocoloseclesliticas ea exaltagdo dos feitos do finado em detrimento dos temas clésscos da escatolo {ia crista. RODRIGUES. Op. Cit. 206-208, 55 IMPRENSA EVANGELICA Op, Cit, 1869, p. 5751873, p. 34, 36,119, 182, 56 Ibidem, 1867, p. 127,165; 1968, p.72, 152: 1869, p. 80, 126-128, 134,160; 1871, 1p. 132-133, 156; 1872, p. 80,112,175, 183-1845 1873, p. 36,75. ™ ‘Tania Bessone * Gladys Sabina Ribeiro + ‘Monique de Siqueira Goncalves « Beatriz Momesso(orgs.) ‘estava na pena imposta aos bispos de Olinda e de Belém, mas sim na total separagio entre o Estado € a Igreja. O antagonismo entre as instituigdes era evidente para o editorial. Ao se promulgar leis, ignorava-se a influéncia da Igreja Catélica sobre a sociedsde. Os politicos reconheciam a necessidade de se garantir os direitos individuais, efavoreciam a criagio de associagdes livres promotoras: da moralidade e do progresso do pais. Mas as leis da Igreja eram_ despéticas e combatiam contra 0 desenvolvimento individual pondo-secontra toda atentativa de reforma. Nos Estados Unidos, um, pais modelo, as instituigdes politicas e religiosas eram homogéneas, No entanto, o Brasil tinha as leis ¢ as instituigdes liberais, mas néo a tradigio da liberdade. Além disso, muitos politicos, em teoria, estavam excomungados da Igreja Catélica, por serem magons.” ‘Alexandre Barata ressalta que a maconaria ndo pode ser com- preendida como um todo monolitico. A magonaria se destacava por defender o racionalismo, combater a supersti¢do, a ignorancia, a re- ligido revelada e defender a secularizacio da sociedade, a fraternida- de-ea ajuda mitua. Para os magons do Lavradio, liderados ror José Maria da Silva Paranhos (1819-1880), 0 visconde do Rio Branco, a Questo Religiosa havia sido gerada pelas divergéncias entre > ultra- ‘montanismo e 2 maronaria, isso teria rompido a harmonia entre 0 Estado ea Igreja. Para os magons do Vale dos Beneditinos,liderados por Joaquim Saldanha Marinho (1816-1895), 0 conflito s6 seria re- solvido pela separacio entre o Estado e a Igreja. Para os ult-amon- tanos, a magonaria era subversiva e perigosa para a Igreja Catélica e para o Estado. Nesse perfodo, magonaria e Igreja se mobi izaram. como nunca na imprensa, em festas piblicas, em escolas¢ em clubes literdrios para se digladiarem. 57 Bidem, 1867, p. 1-2, 17-18; 1868, p.73, 81; 1870, p. 25-26. 58 BARATA, Alexandre Mansur. Luzes sombras: a ado da magonaria oaslira (1870-1910). Campinas: Bditora Unicamp, Centro de Meméria ~ Unicamp, Imprensa, livros e politica no Oitocentos 5 Marco Morel destaca que a filantropia era o principal motor as- sociativo no Brasil imperial, criando redes de poder e lagos de clien- tela, fortalecendo o poder dos filantropos e criando um mercado de mio de obra mais especializada, contribuindo para o progresso da civilizagdo ocidental. Homens ilustrados do Império néo viam pro- blemas em serem magons e catélicos a0 mesmo tempo. Na magona- ria esses homens buscavam uma instancia de legitimidade do poder, de consolidagio de lideranga politica e de lagos entre pares.” (Os missionérios protestantes contaram com a ajuda de macons para a implantacio de igrejas no século XIX; algumas tiveram inicio em suas casas ou em suas lojas. Alguns deles foram colportores e man- tinham depésitos de Biblias. Eles cooperavam para combater a hege- monia da Igreja Catblica. No entanto, segundo Vieira, 0s missionérios 1do concordavam com 0 racionalismo magénico. A harmonia entre ‘0s dois grupos sé viria a softer um abalo a partir de 1898, com a cha- mada “questio magénica” na Igreja Presbiteriana do Brasil® (© caso da suspensio do padre José Luis de Almeida Martins, no Rio de Janeiro, por ter discursado no Grande Oriente do Lavradio em 2 de margo de 1872; a interdigao das irmandades de Olinda Belém, por nao expulsarem os confrades magons, em 1873; 0 in- diciamento, em 1873, condenacio e prisio, em 1874, dos bispos d. 1999, p 51-134, CE SANTIROCGH, alo Domingos. Quesido de Consién ie 0 utramortanos no Brasil eo reglsno do Segundo Reinado (1840-18). Belo Horizonte: Fino Tago, 2015, p. 429. MOREL, Marco; OLIVEIRA, Fran- sols Jean. O poder da maganaria:ahistra de uma socledade seca no Brasil Ri de faneio: Nova Frontera, 2008, p 160 59. MOREL. Op. Git, p. 146-167 0 VIEIRA. Op Cit, p 279, CE SOUZA NETO, Wilson Ferreira de, Preshiteria. rismo e Magonarie: wma anise dacontribuieto magdnica a presbiterianisno bras no perfado de 1859 a 1889. DissertacSo(mesrado erm Citncias da Relgio) Universidade Presbiteriana Mackenzie, So Paulo(SP 2008, p. 64.69 MATOS, Alder Souza de."A TPB e a Maponara- resolugdes dos Cons da lar’ Hiri dale Presitrianismo no Bras. Disponvel em: . Acesso em: 6/1/2013, 16 ‘Tn Bessone + Gladys Sabina Ribeiro + Monique de Squeira Goncalves «Beatriz Momesso (orgs) frei Vital (1844-1878), de Olinda, e d. Macedo Costa (1830-1891), de Belém, geraram um grande debate relacionado a unio ertre 0 Estado e a Igreja na década de 1870, No entanto, em meio aos deba- tes, e diante da prisio de d. frei Vital, muitos catélicos abjuraram da, ‘maconaria e retornaram para a Igreja, como destaca Santirocchi. ‘A questio sé foi agravada devido ao regime de uni era a separagdo dos dois poderes, mas nenhum dos dois lados acei- & solugmo tava tomar essa atitude, apenas os republicanos perceberam € qui- seram aplicar o remédio para 0 conflito, como indicado por Barros, Essa letargia do Estado em tomar a tinica decisto possivel para dar solucio ao conflito foi muito explorada pelo editorial de a Imprensa Evangélica. As igrejas protestantes se beneficiaram da situaglo. As reunides da Igreja Presbiteriana, por exemplo, teriam passado a ser frequentadas por homens ilustrados e curiosos. As assinaturas de a [Imprensa Evangélica aumentaram durante esse periodo. Para os pro- testantes, com a separagdo, muitos deixariam de ser catdlicos romi- nais e 0 campo estaria aberto a aio dos missionérios. John 3eaty Howell (1847-1924) acreditava que metade dos brasileiros deixaria a Igreja Catblica para se tornarem evangéticos.® ara o editorial, a maconaria era um exemplo de filantropia e caridade, destacada por promover a instrusdo popular com criagio de escolas e bibliotecas. Mas criticava aqueles que condenavam o ato dos bispos, pois esses apenas cumpriam com 0 seu dever; a atitude dos bispos ultramontanos era honrosa. Também nao deixaram de denunciar a incoeréncia entre os prelados ultramontanos brasilei- ros, como a neutralidade de d. Lacerda (1830-1890). © problema 61 SANTIROCCHT Op Cit, p. 45. 62 BARROS, Rogue Spencer M, de. “A Questio Religiss In: ELIS, Myriam [ARAUO FILHO, Jost R. de; LUZ, Nici Villa tal. O Brasl Mondirguia v6 Deetnioe queda do meri. Rode ano: Bertrand Bras, 2004p, 355 423 CCE. VIEIRA. Op. Cit, p. 280-287. Imprensa livros e politica no Oitocentos no estava no sacerdote, mas na Igreja a qual ele pertencia. Além disso, a Igreja Catélica s6 poderia continuar sendo religido oficial «se transigisse com as “conveniéncias’, pois se néo os bispos teriam ‘que excomungar todos os padres magons, 0 que nao foi feito. O con- flito era uma causa do povo, da nacio ¢ da humanidade. Uma luta entre a liberdade e o despotismo. Os macons também estavam sen- do incoerentes quando acusavam os bispos de estarem convivendo com excomungados, pois eles nao abriam mao de também estarem com 05 excomungadotes. Os que queriam ser magons e catdlicos a0 mesmo tempo eram homens indignos e ocupavam posigio dubia Quem quisesse continuar sendo catdlico tinha que se submeter as leis da Igreja. O editorial nutria a esperanga de que padres suspensos no conflito deixassem de uma vez a Igreja Catdlica e se tornassem -verdadeiros pastores e pregadores evangéticos, porém se ressentia de ‘que, em meio as polémicas, alguns estivessem abandonando a Igreja Catélica para se tornarem racionalistas.® O editorial destacava que o Estado tinha que tomar a decisio de separar-se da Igreja, pois caso contrario, um golpe de Estado o faria. ‘Se 0 pafs estava sendo governado por macons excomungados e para ter cargo piiblico era necessirio ser catélico, entio o pais estava em anarquia. A falta de uma agio eficaz por parte do Estado s6 agravava ainda mais a situagdo. A soberania do Estado estava vacilante ante 0 infalibilismo papal. Conclusio Os missionérios, diferente dos igrantes protestantes, tinham Por intengao alcangar a alma do brasileiro e converté-lo ao protes- 63. IMPRENSA EVANGELICA. Op. Cit, 1872 p. 8, 57-58, 65-65, 73-74, 80, 1, £88, 98-99, 106; 1873, p 23, 36, 39,41, 49, 57-58, 81-82 64 idem, p, 65-66, 73-74, 81-82, 90-91, 113-115, 130-131, 137-138, p16) v8 “Tania Bessone + Gladys Sabina Ribeiro » Monique de Siqueira Goncalves » Beatriz Momesso (orgs) tantismo. Por isso, viam que o melhor meio a ser utilizado era a dic vvulgagao do evangelho por meio da imprensa, As discussdes religiosas estavam relacionadas 20 contexto po- litico oitocentista, Diversas personalidades politicas foram citadas 1no periédico, Muitos discursos politicos sobre o tema da liberdade religiosa, do casamento civil eda secularizagio dos cemitérios orm, transcritos e comentados pelos redatores. Para eles, a solugdo para cessas questdes sempre estava baseada no pragmatismo contra todos os argumentos baseados em filosofias racionalistas. No momento da, Questo Religiosa, 0 periédico nao se eximit de expor suas op nides ¢ incentivar 0 legislativo € 0 executivo a tomarem a decisio ce por fim a unido entre o Estado ea Igreja © padroado foi considerado o principal entrave para que o pais alcangasse o progresso. Diversas publicagdes procuraram demons- trar a incompatibilidade e incoeréncia dessa unido. Além disso, por questées religiosas e politicas, 0 editorial procurou confron:ar os dogmas da Igreja Catélica, repetidamente descrita como uma insti- tuigdo retrégrada e inimiga do progresso. Jornal continuou na luta pela lberdade religiosa durante as décadas de 1870 e 1880. A partir de 1880, com o crescimento das liderangas nacionais, temas como a escravidio passaram a receber ‘melhor tratamento nas publicagées. Conforme redatores brasileiros comegaram a participar mais ativamente das publicagdes da folha € da diresao da Igreja Presbiteriana, o papel dos missiondrios estran- geiros passou a ser questionado e criticado. A vontade de nacionali- zat o trabalho missionério fez com que o jornal perdesse o patrocl- nio da Junta de Missdes da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos «,em julho de 1892, tivesse sido obrigado a encerrar as publicagdes. Encerrava-se entéo o primeiro e mais duradouro periédico protes- tante do Brasil no século XIX. 65 SANTOS. Op. Cit, p.138, Imprensa livros e politica no Oitocentos Fontes Apéstolo, O. Rio de Janeiro. Typographia de N. L. Vianna & Filhos, 1866-1893, BASTOS, Aureliano Candido Tavares. Cartas do Solitério, 3 ed. Sio Paulo: Companhia Editora Nacional, 1938. BLACKFORD, Alexander Latimer. “Relatorio de A. L. Blackford, from Julho 1867 até Agosto 1868": IGREJA PRESBITERIANA DO RIO DE JANEIRO. CENDOC. Relatérios Pastorais (1859-1875). Constitucional. Rio de Janeiro: Typ. do Constitucional, 1862-1864. Correio Mercantil, Rio de Janeiro: Typographia do Correio Mercan- tilde Munis Barreto, Mendes Campos e Comp,, 1848-1868. Cruzeiro do Brasil. 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