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SUMÁRIO

Direito Tributário ............................................................................6


Contribuição Social............................................................................6
Direito Administrativo.....................................................................9
Administração Pública Indireta.............................................................9
Direito Constitucional.................................................................... 11
Controle de Constitucionalidade.......................................................... 11
Direito Constitucional ................................................................... 13
Organização do Estado...................................................................... 13
Direito Constitucional ................................................................... 14
Controle de Constitucionalidade.......................................................... 14
Direito Processual Civil.................................................................. 16
Auxiliares da Justiça......................................................................... 16
Direito Constitucional.................................................................... 19
Direitos e Garantias Fundamentais...................................................... 19
Direito Constitucional.................................................................... 21
Controle de Constitucionalidade.......................................................... 21
Direito Constitucional.................................................................... 24
Ordem Social................................................................................... 24
Direito Administrativo................................................................... 26
Servidores Públicos........................................................................... 26
Direito Constitucional.................................................................... 30
Direitos e Garantias Fundamentais...................................................... 30
Direito Processual Civil.................................................................. 32
Depósitos Judiciais............................................................................ 32
Direito Constitucional.................................................................... 35
Organização do Estado...................................................................... 35
Direito Administrativo................................................................... 37
Servidores Públicos........................................................................... 37
Direito Processual Penal................................................................ 39
Competência.................................................................................... 39
Apresentação Gran Juris Informativos do stf 

Olá, queridos alunos do Gran!

Sabemos que cada vez mais os concursos exigem do candidato o conhecimen-


to dos informativos de jurisprudência dos tribunais superiores. Independentemen-
te da banca, a cobrança é sempre certa!

Assim, saber como estudar informativos jurídicos é muito importante para


aqueles que estão prestando concursos públicos.

Com a ajuda do Gran Cursos Online, vamos demonstrar que não tem mistério
para estudar informativos! Vejamos algumas dicas rápidas.

1) Que informativos estudar?

Os concursos exigem o conhecimento tanto da jurisprudência do STF, quan-


to do STJ.

2) Como estudar os informativos?

Quanto aos informativos do STF, primeiramente verifique se não houve pe-


dido de vista de algum Ministro – esses julgados não foram concluídos e, por-
tanto, não serão usados pelos examinadores do concurso.

Diferentemente, os informativos divulgados pelo STJ já estão concluídos e a


conclusão do julgado vem em uma frase em negrito, logo no início do extrato.
Esses trechos em destaque são bastante utilizados em provas objetivas
e destacados nas nossas compilações de julgados. Nas provas subjetivas e
orais faz-se necessário entender também o raciocínio que levou o tribunal àquela
conclusão, pois esse aprofundamento é necessário para melhor fundamentar suas
respostas.

3) Crie hábito de revisão

Nós sabemos que o volume de matéria é bastante significativo e, por esse mo-
tivo, fazer revisões frequentes é imprescindível para a aprovação.

Com isso, tenha o hábito de revisar os estudos dos informativos para que você
tenha uma clara compreensão acerca do posicionamento dos tribunais superiores.
Aproveite o Gran Informativos para auxiliá-lo na revisão!

Com essas dicas, é certo que você terá um proveitoso estudo.

Boa leitura!

Professor Renato Borelli

RENATO BORELLI
Juiz Federal Substituto do TRF1. Foi Juiz Federal Substituto do
TRF5. Exerceu a advocacia privada e pública. Foi servidor público
e assessorou Desembargador Federal (TRF1) e Ministro (STJ).
Atuou no CARF/Ministério da Fazenda como Conselheiro (antigo
Conselho de Contribuintes). É formado em Direito e Economia,
com especialização em Direito Público, Direito Tributário e
Sociologia Jurídica.

Obs.: Esse material é distinto àquele elaborado pelos professores dos informativos, sendo o

contéudo retirado dos sites oficiais.


GRAN JURIS INFORMATIVOS – Informativos do STF
Mês de novembro de 2020

*Informativos: 997,998,999

*Informativo: 997

*Data de divulgação: 5 de novembro de 2020

DIREITO TRIBUTÁRIO
CONTRIBUIÇÃO SOCIAL
PIS e Cofins: alíquota diferenciada e princípios da isonomia, da

capacidade contributiva e da livre concorrência.

É constitucional o § 9º do art. 8º da Lei 10.865/2004 (1), a esta-


belecer alíquotas maiores, quanto à Contribuição ao PIS e à Cofins,
consideradas empresas importadoras de autopeças não fabricantes
de máquinas e veículos.

A adoção de alíquotas diferenciadas de contribuição social para diferentes


setores da economia não afronta o princípio da isonomia, tendo em vista a
possibilidade de tratamento diverso no campo da política fiscal.
O art. 195, § 9º, da Constituição Federal (CF) (2) permite a gradação de
alíquotas, a partir do porte da empresa, direcionada às bases de cálculo pre-
vistas no inciso I do dispositivo (folha de salários, receita ou faturamento e
lucro). Dessa forma, a adoção de alíquotas distintas não vulnera o princípio
da capacidade contributiva.
A simples intersecção entre as atividades econômicas de agentes de mer-
cado pertencentes a categorias diversas mostra-se insuficiente a caracterizar
ausente liberdade de negociação considerado o ramo de atuação. Enquanto
as montadoras vinculam a oferta de autopeças à marca que representam,
as importadoras comercializam modelos de variados fabricantes. Inexistem

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Mês de novembro de 2020

parâmetros a evidenciarem o prejuízo concorrencial. Assim, não se observa


ofensa à livre concorrência.
Não há incompatibilidade da contribuição social com seu uso extrafiscal.
A tributação que recai sobre importação revela importante instrumento de
equilíbrio da balança comercial, no que direcionada a nivelar a carga fiscal de
bens nacionais com importados e induzir comportamentos quanto ao consu-
mo de determinados produtos. Dessa forma, é razoável a medida que, além
da equalização dos tributos incidentes sobre bens produzidos no mercado
interno em relação àqueles adquiridos no exterior, estimula a instalação de
montadoras de veículos no território nacional, visando, sobretudo, à geração
de empregos.
No caso, empresa importadora de autopeças, mas não fabricante de má-
quinas e veículos, alegava que a diferenciação de alíquotas prevista no § 9º
do art. 8º da Lei 10.865/2004 violaria os princípios da isonomia, da capacida-
de contributiva e da livre concorrência.
Com base nesse entendimento, o Plenário, ao apreciar o Tema 744 da re-
percussão geral, negou provimento ao recurso extraordinário.
(1) Lei 10.865/2004: “Art. 8º As contribuições serão calculadas mediante
aplicação, sobre a base de cálculo de que trata o art. 7º desta Lei, das alí-
quotas:
I – 1,65% (um inteiro e, sessenta e cinco centésimos por cento), para o
PIS/PASEP-Importação; e II – 7,6% (sete inteiros e seis décimos por cento),
para a COFINS-Importação. (...) § 9º Na importação de autopeças, relaciona-
das nos Anexos I e II da Lei n. 10.485, de 3 de julho de 2002, exceto quando
efetuada pela pessoa jurídica fabricante de máquinas e veículos relacionados
no art. 1º da referida Lei, as alíquotas são de:
I – 2,3% (dois inteiros e três décimos por cento), para o PIS/PASEP-Im-
portação; e II – 10,8% (dez inteiros e oito décimos por cento), para a CO-
FINS-Importação.”

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(2) CF: “Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade,
de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes
dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
e das seguintes contribuições sociais:
I – do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma
da lei, incidentes sobre: a) a folha de salários e demais rendimentos do tra-
balho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste
serviço, mesmo sem vínculo empregatício; b) a receita ou o faturamento; c)
o lucro; (...) § 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste
artigo poderão ter alíquotas diferenciadas em razão da atividade econômica,
da utilização intensiva de mão de obra, do porte da empresa ou da condição
estrutural do mercado de trabalho, sendo também autorizada a adoção de
bases de cálculo diferenciadas apenas no caso das alíneas ‘b’ e ‘c’ do inciso I
do caput.”
RE 633345/ES, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento virtual finalizado em
3.11.2020. (RE-633345)

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DIREITO ADMINISTRATIVO
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA
Fundação pública com personalidade jurídica de direito privado e

regime jurídico

É constitucional a legislação estadual que determina que o regime


jurídico celetista incide sobre as relações de trabalho estabelecidas
no âmbito de fundações públicas, com personalidade jurídica de di-
reito privado, destinadas à prestação de serviços de saúde (1).

A fundação pública, com personalidade jurídica de direito privado, é do-


tada de patrimônio e receitas próprias, autonomia gerencial, orçamentária
e financeira para o desempenho da atividade prevista em lei [art. 1º da Lei
Complementar (LC) 118/2007 do estado do Rio de Janeiro (2)]. Nessa confi-
guração, o Estado não toca serviço público na área da saúde. Ele se utiliza de
pessoa interposta — de natureza privada — que, então, adentra o mercado
de trabalho e contrata.
Assim, havendo uma opção do legislador pelo regime jurídico de direito
privado, é decorrência lógica dessa opção que seja adotado para o pessoal
das fundações autorizadas o regime celetista.
No caso, trata-se de ação direta de inconstitucionalidade ajuizada em face
da LC 118/2007, e do art. 22 da Lei 5.164/2007 (3), ambas do estado do Rio
de Janeiro, que dispõem sobre a criação de fundações públicas, com persona-
lidade jurídica de direito privado, destinadas à prestação de serviços de saú-
de, observado o regime jurídico da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Com esse entendimento, o Plenário julgou improcedente o pedido forma-
lizado. Os ministros Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes, Alexandre de
Moraes, Rosa Weber, Luiz Fux e Ricardo Lewandowski acompanharam o rela-
tor com ressalvas apenas para agregar fundamento específico acerca da dis-

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tinção entre fundação pública de direito público e fundação pública de direito


privado, nos termos do que decidido no RE 716.378, submetido à sistemática
da repercussão geral.
(1) LC 118/2007 e Lei 5.164/2007 do estado do Rio de Janeiro.
(2) LC 118/2007: “Art. 1º. Fica a atividade de saúde enquadrada, para
os fins do art. 37, inciso XIX, da Constituição Federal, como área de atuação
passível de exercício por fundação pública de direito privado.”
(3) Lei 5.164/2007: “Art. 22. O regime jurídico que regerá as relações de
trabalho das Fundações, mencionadas nesta Lei, será o previsto na Consoli-
dação das Leis de Trabalho, disciplinado no Decreto-lei 5.452, de 1º de maio
de 1943 e demais normas pertinentes.”
ADI 4247/RJ, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento virtual finalizado em
3.11.2020. (ADI-4247)

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DIREITO CONSTITUCIONAL
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
Imposição de obrigações às concessionárias de telefonia e com-

petência privativa da União

São inconstitucionais normas estaduais que imponham obrigações


de compartilhamento de dados com órgãos de segurança pública às
concessionárias de telefonia, por configurar ofensa à competência
privativa da União para legislar sobre telecomunicações [Constitui-
ção Federal (CF), arts. 21, XI, e 22, IV (1).

Consagrado, na Carta de 1988, o monopólio da União sobre os serviços


públicos de telecomunicações — ainda que a atividade seja delegada a parti-
culares mediante autorização, concessão ou permissão — somente a ela cabe
dispor acerca do seu regime de exploração. A matéria foi disciplinada pela
União nos arts. 3º, V, VI, IX e XII, e 72 da Lei 9.472/1997.
No caso, mesmo sendo necessária e importante a devida instrumentação
dos órgãos de segurança pública para viabilizarem a repressão de atos ilíci-
tos, a definição de obrigações e procedimentos, no âmbito da prestação de
serviços públicos, não se pode dar de forma não integrada, desvinculada do
sistema como um todo. Nesses termos, inclusive medidas bem-intenciona-
das, ao desconsiderarem o funcionamento do sistema no nível mais amplo, se
revelam ineficazes e, também, verdadeiramente contraproducentes na con-
secução dos fins a que se propõem.
Trata-se de ação direta de inconstitucionalidade ajuizada contra a Lei
6.336/2013, do estado do Piauí, que impõe às operadoras de telefonia móvel
que operam naquela unidade federativa a obrigação de fornecer aos órgãos
de segurança pública os dados necessários para a localização de telefones

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celulares e cartões “SIM” que tenham sido furtados, roubados, obtidos por
latrocínio ou utilizados em atividades criminosas.
Com esse entendimento, o Plenário, por maioria, julgou procedente o pe-
dido formulado na ação.
(1) CF: “Art. 21. Compete à União: (...) XI – explorar, diretamente ou
mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de telecomuni-
cações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a
criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais; (...) Art. 22.
Compete privativamente à União legislar sobre: (...) IV – águas, energia, in-
formática, telecomunicações e radiodifusão;”
ADI 5040/PI, rel. Min. Rosa Weber, julgamento virtual finalizado em
3.11.2020. (ADI-5040)

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DIREITO CONSTITUCIONAL
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO
Direito do Consumidor e normas sobre a exposição de produtos

orgânicos

É constitucional norma estadual que disponha sobre a exposição


de produtos orgânicos em estabelecimentos comerciais.

A regulamentação da matéria está relacionada ao Direito do Consumidor,


o que atrai a competência concorrente da União, dos estados e do Distrito
Federal [Constituição Federal (CF), art. 24, V (1)].
Além disso, não caracterizada, na espécie, violação à livre iniciativa. Veri-
fica-se, ao contrário, o efetivo cumprimento do dever de informar o consumi-
dor, princípio igualmente essencial para garantia da ordem econômica.
À vista disso, o Plenário julgou improcedente a ação direta de inconstitu-
cionalidade.
(1) CF: “Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legis-
lar concorrentemente sobre: (...)
V – produção e consumo;”
ADI 5166/SP, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento virtual finalizado em
3.11.2020 (ADI-5166)

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DIREITO CONSTITUCIONAL
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
Responsabilidade do Estado: direito à indenização e prisão por

motivo político

É constitucional a Lei 5.751/1998 do estado do Espírito Santo, de


iniciativa parlamentar, que versa sobre a responsabilidade do ente
público por danos físicos e psicológicos causados a pessoas detidas
por motivos políticos.

Isso porque a norma impugnada está em consonância com o disposto no


art. 37, § 6º (1), da Constituição Federal (CF), que prevê a responsabilidade
do Estado por danos decorrentes da prestação de serviços públicos. Além dis-
so, por não se tratar de matéria de iniciativa exclusiva do Poder Executivo (CF,
arts. 61, § 1º, e 165), não caracterizada a ocorrência de vício formal.
No caso, a norma questionada dispõe sobre o pagamento de indenização a
pessoas presas ou detidas por motivos políticos, ou que tenham sofrido maus
tratos, que acarretaram danos físicos ou psicológicos, quando se encontra-
vam sob a guarda e responsabilidade ou sob poder de coação de órgãos ou
agentes públicos estaduais. A norma estabelece, ainda, o pagamento de pen-
são especial a pessoas que tenham perdido a sua capacidade laborativa nas
mesmas circunstâncias.
O Plenário, por maioria, julgou improcedente o pedido formulado em ação direta.
(1) CF: “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obede-
cerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte: (...) § 6º As pessoas jurídicas de direito
público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão

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pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, asse-
gurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.”
ADI 3738/ES, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento virtual finalizado em
3.11.2020. (ADI-3738)

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL


AUXILIARES DA JUSTIÇA
Atribuições dos oficiais de justiça

É constitucional norma que inclui, entre as incumbências dos ofi-


ciais de justiça, a tarefa de “auxiliar os serviços de secretaria da vara,
quando não estiverem realizando diligência.”

Não havendo, na norma atacada, transformação de cargos, alteração de


funções nem ocupação de carreira diversa, bem como evidenciada a aderên-
cia do dispositivo questionado às atividades atinentes aos oficiais de justiça,
não há falar em violação dos princípios da investidura, da legalidade e da
moralidade, e, em consequência, em ofensa aos artigos 37, caput e II (1), e
39, § 1º, I, II e III (2), da Constituição Federal (CF).
A exigência de realização de novo concurso público por aqueles já nome-
ados em determinado cargo, a teor do art. 37, II, da CF, tem lugar nos casos
de alteração das funções do servidor, de modo a configurar mudança no en-
quadramento de seu ofício, o que não ocorre no caso.
Por outro lado, deflui do preceito impugnado que o seu escopo é o aumen-
to da celeridade e da eficiência na prestação de serviços públicos, majorando
sua qualidade no âmbito do Poder Judiciário, mediante a distribuição de tare-
fas entre os servidores competentes. Além disso, dispõe o Código de Processo
Civil [CPC, arts. 154 (3) e 149 (4)] que a competência para a realização de
atos auxiliares ao juízo é intrínseca ao cargo de oficial de justiça, como evi-
dencia a análise das suas atribuições, bem como a natureza de auxiliar da
Justiça desses servidores.
Com base nesse entendimento, o Plenário julgou improcedente ação dire-
ta de inconstitucionalidade ajuizada em face do disposto no art. 94, VIII, da

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Lei Complementar 14/1991 do estado do Maranhão, na redação dada pela Lei


Complementar 68/2003.
(1) CF: “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obede-
cerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte: (...)
II – a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação
prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com
a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei,
ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre
nomeação e exoneração;”
(2) CF: “Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
instituirão conselho de política de administração e remuneração de pessoal,
integrado por servidores designados pelos respectivos Poderes. § 1º A fixação
dos padrões de vencimento e dos demais componentes do sistema remune-
ratório observará:
I – a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos cargos
componentes de cada carreira;
II – os requisitos para a investidura;
III – as peculiaridades dos cargos.”
(3) CPC: “Art. 154. Incumbe ao oficial de justiça:
I – fazer pessoalmente citações, prisões, penhoras, arrestos e demais di-
ligências próprias do seu ofício, sempre que possível na presença de 2 (duas)
testemunhas, certificando no mandado o ocorrido, com menção ao lugar, ao
dia e à hora;
II – executar as ordens do juiz a que estiver subordinado;
III – entregar o mandado em cartório após seu cumprimento;
IV – auxiliar o juiz na manutenção da ordem;
V – efetuar avaliações, quando for o caso;

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VI – certificar, em mandado, proposta de autocomposição apresentada por


qualquer das partes, na ocasião de realização de ato de comunicação que lhe
couber. Parágrafo único. Certificada a proposta de autocomposição prevista
no inciso VI, o juiz ordenará a intimação da parte contrária para manifestar-
-se, no prazo de 5 (cinco) dias, sem prejuízo do andamento regular do pro-
cesso, entendendo-se o silêncio como recusa.”
(4) CPC: “Art. 149. São auxiliares da Justiça, além de outros cujas atribui-
ções sejam determinadas pelas normas de organização judiciária, o escrivão,
o chefe de secretaria, o oficial de justiça, o perito, o depositário, o adminis-
trador, o intérprete, o tradutor, o mediador, o conciliador judicial, o partidor, o
distribuidor, o contabilista e o regulador de avarias.”
ADI 4853/MA, rel. min. Rosa Weber, julgamento virtual finalizado em
3.11.2020. (ADI-3050)

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*Informativo: 998

*Data de divulgação: 12 de novembro de 2020

DIREITO CONSTITUCIONAL
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
Auditor independente e rotatividade

São constitucionais as restrições impostas aos auditores indepen-


dentes pelo art. 31 da Instrução 308/1999 da Comissão de Valores
Mobiliários (CVM) (1).

A rotatividade dos auditores independentes, prevista pelo art. 31 da Ins-


trução 308/1999 da CVM, não inviabiliza o exercício profissional, mas o re-
gula com base em decisão técnica, adequada à atividade econômica por ela
regulamentada, mostrando-se medida adequada para resguardar a própria
idoneidade do auditor, resguardando a imparcialidade do trabalho de audito-
ria e protegendo os interesses dos investidores, do mercado de capitais e da
ordem econômica.
A competência atribuída à CVM pela legislação de regência, especialmente
no que tange ao exercício do poder de polícia, legitima a restrição, promovida
pelo referido art. 31, a direitos fundamentais referentes à livre iniciativa, à
livre concorrência e ao exercício profissional.
Ademais, a prestação de serviços de auditoria para um mesmo cliente, por
um prazo longo, pode comprometer a qualidade desse serviço ou mesmo a
independência do auditor na visão do público externo.
No caso, trata-se de ação direta proposta em face do aludido art. 31 da
Instrução 308/1999 da CVM, que restringe a atividade profissional dos au-
ditores independentes, de forma a vedar a prestação de serviços para um

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mesmo cliente, por prazo superior a cinco anos consecutivos, exigindo um


intervalo mínimo de três anos para a sua recontratação.
Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, julgou improce-
dente o pedido.
(1) IN 308/1999 da CVM: “Art. 31 – O Auditor Independente — Pessoa Fí-
sica e o Auditor Independente — Pessoa Jurídica não podem prestar serviços
para um mesmo cliente, por prazo superior a cinco anos consecutivos, conta-
dos a partir da data desta Instrução, exigindo-se um intervalo mínimo de três
anos para a sua recontratação.”
ADI 3033/RJ, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento virtual finalizado em
10.11.2020. (ADI-3033)

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DIREITO CONSTITUCIONAL
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
Compra de votos de parlamentares e inconstitucionalidade formal de EC

Em tese, é possível o reconhecimento de inconstitucionalida-


de formal no processo constituinte reformador quando eivada de
vício a manifestação de vontade do parlamentar no curso do de-
vido processo constituinte derivado, pela prática de ilícitos que
infirmam a moralidade, a probidade administrativa e fragilizam a
democracia representativa.

O devido processo constituinte reformador não tem apenas aquelas restrições


expressas no art. 60 da Constituição Federal (CF) (1), submetendo-se também
aos princípios que legitimam a atuação das casas congressuais brasileiras.
Inclui-se, no devido processo legislativo, a observância dos princípios da
moralidade e da probidade, voltados a “impedir que os dispositivos constitu-
cionais sejam objeto de alteração através do exercício de um poder consti-
tuinte derivado distanciado das fontes de legitimidade situadas nos fóruns de
uma esfera pública que não se reduz ao Estado”.
Nesse sentido, o vício de corrupção da vontade do parlamentar e de seu
compromisso com o interesse público subverte o regime democrático e deli-
berativo adotado pela CF e ofende o devido processo legislativo por contrariar
o princípio da representação democrática que deve, obrigatoriamente, norte-
ar a produção de normas jurídicas.
Demonstrada a interferência ilícita na fase de votação pela prevalência de
interesses individuais do parlamentar, admite-se o reconhecimento de incons-
titucionalidade formal de emenda constitucional ou norma infraconstitucional.
Entretanto, de acordo com o princípio da presunção de inocência e da
legitimidade dos atos legislativos, há de se comprovar que a norma tida por
inconstitucional não teria sido aprovada, se não houvesse o grave vício a

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corromper o regime democrático pela “compra de votos”. Sem a demons-


tração inequívoca de que sem os votos viciados pela ilicitude o resultado
do processo constituinte reformador ou legislativo teria sido outro, com a
não aprovação da proposta de emenda constitucional ou com a rejeição do
projeto de lei, não se há declarar a inconstitucionalidade de emenda consti-
tucional ou de lei promulgada.
Diante desses argumentos, não há inconstitucionalidade formal por vício
de decoro parlamentar a ser declarada, por não estar evidenciado que as
Emendas Constitucionais 41/2003 e 47/2005 foram aprovadas apenas em
razão do ilícito “esquema de compra de votos” de alguns parlamentares no
curso do processo de reforma constitucional.
(1) CF: “Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
I – de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do
Senado Federal; II – do Presidente da República; III – de mais da metade das
Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada
uma delas, pela maioria relativa de seus membros. § 1º A Constituição não
poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa
ou de estado de sítio. § 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa
do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver,
em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. § 3º A emenda
à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do
Senado Federal, com o respectivo número de ordem. § 4º Não será objeto de
deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I – a forma federativa
de Estado; II – o voto direto, secreto, universal e periódico; III – a separação
dos Poderes; IV – os direitos e garantias individuais. § 5º A matéria constan-
te de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser
objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.”
ADI 4887/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento virtual finalizado em
10.11.2020. (ADI-4887)
ADI 4888/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento virtual finalizado em
10.11.2020. (ADI-4888)

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ADI 4889/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento virtual finalizado em


10.11.2020. (ADI-4889)

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DIREITO CONSTITUCIONAL
ORDEM SOCIAL
Benefício social e vinculação ao salário mínimo

É inconstitucional norma de iniciativa parlamentar que preveja a


criação de órgão público e organização administrativa.

Isso porque caracterizada afronta à iniciativa privativa do Chefe do Exe-


cutivo, nos termos dos arts. 25 e 61, § 1º, II, b e e, da Constituição Federal
(CF). Essa regra é linear e encerra observância ao princípio da separação dos
Poderes, aplicável, por simetria, aos estados.
O reconhecimento de vício formal dos dispositivos alusivos ao Conse-
lho Gestor não inviabiliza a consecução do programa social instituído. Nos
termos do art. 18 da Lei 1.598/2011, do estado do Amapá, compete ao
governador a regulamentação, voltada à operacionalização do pagamento
do benefício social, sendo inviável cogitar-se de declaração de inconstitu-
cionalidade por arrastamento.

Inviável atrelar-se ao salário mínimo o valor alusivo a benefício


social e os respectivos critérios de admissão.

No caso, contudo, é possível identificar, nos dispositivos impugnados, sen-


tido que se coaduna com a Carta da República. Visando resguardar a conti-
nuidade do programa social, cumpre adotar técnica de controle a ensejar a
declaração de insubsistência constitucional da norma apenas quanto a de-
terminado enfoque, emprestando ao preceito interpretação conforme à Lei
Maior. Nesse sentido, é possível compreender os preceitos para tomar-se o
salário mínimo como parâmetro de fixação de valor unitário, em pecúnia, no

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instante em que editada a lei, a fim de alcançar-se o montante referente ao


benefício, condicionados os reajustes futuros a disciplina própria.
A elogiável iniciativa do programa de transferência de renda a integrantes
de classes sociais desfavorecidas, no que observados o princípio da dignidade
da pessoa humana e o objetivo maior de erradicação da pobreza e da margi-
nalização encerrado no artigo 3º, inciso III, da CF, dá concretude ao que se
pode denominar espírito da Carta de 1988.
Trata-se de ação direta de inconstitucionalidade ajuizada em face de dis-
positivos da Lei 1.598/2011, do estado do Amapá, de iniciativa da assembleia
legislativa, que instituiu o “Programa Renda para Viver Melhor” objetivando
reduzir desigualdades sociais e pobreza por meio da transferência de renda
mínima a cidadãos em situação de vulnerabilidade.
Com base nesse entendimento, o Plenário julgou parcialmente procedente
o pedido para declarar a inconstitucionalidade formal dos artigos 3º, 10 a 13
e 16 do referido diploma legal, bem como conferir interpretação conforme à
Constituição aos artigos 5º, c, 9º, e, 14 e 17, assentando a necessidade de
serem as alusões ao salário mínimo entendidas como reveladoras do valor
vigente na data da publicação do diploma, afastada vinculação futura.
ADI 4726/AP, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento virtual finalizado em
10.11.2020. (ADI-4726)

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DIREITO ADMINISTRATIVO
SERVIDORES PÚBLICOS
Policiais civis: paridade e integralidade dos proventos de aposentadoria

É inconstitucional norma que preveja a concessão de aposentadoria


com paridade e integralidade de proventos a policiais civis.

A Constituição Federal (CF) garantia, até o advento da Emenda Consti-


tucional (EC) 41/2003, a paridade entre servidores ativos e inativos, o que
significava exatamente a revisão dos proventos de aposentadoria, na mesma
proporção e na mesma data, sempre que se modificasse a remuneração dos
servidores em atividade, sendo também estendidos aos aposentados e aos
pensionistas quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente concedidos
aos servidores em atividade.
O § 8º do art. 40 da CF (1), na redação que lhe conferiu a EC 41/2003,
substituiu a paridade pela determinação quanto ao reajustamento dos be-
nefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme
critérios estabelecidos em lei.
De igual modo, a integralidade, que se traduz na possibilidade de o servi-
dor aposentar-se ostentando os mesmos valores da última remuneração per-
cebida quando em exercício no cargo efetivo por ele titularizado no momento
da inativação, foi extinta pela mesma EC 41/2003.

É inconstitucional norma que preveja a concessão de “adicional de


final de carreira” a policiais civis.

O art. 40, § 2º, da CF, na redação dada pela EC 41/2003, dispõe que os
proventos de aposentadoria e as pensões, quando de sua concessão, “não
poderão exceder a remuneração do respectivo servidor, no cargo efetivo em
que se deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a concessão da

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pensão”. Assim, a remuneração do cargo efetivo no qual se der a aposenta-


doria é o limite para a fixação do valor dos proventos.
Policiais civis e militares possuem regimes de previdência distintos e, por-
tanto, o fato de alguns deles conterem previsão quanto à possibilidade de
aposentadoria dos militares em classe imediatamente superior à que ocu-
pava, quando em atividade, não é fundamento legal para a extensão dessa
vantagem aos policiais civis.
No caso, trata-se de ação direta de inconstitucionalidade proposta pelo go-
vernador do estado de Rondônia em que se discutem as alterações legislativas
promovidas pela Lei Complementar estadual 672/2012. Essa lei complementar
estabeleceu regras próprias para a concessão e manutenção dos benefícios
previdenciários a serem concedidos para a categoria dos policiais civis.
Com o entendimento acima exposto, o Plenário, por maioria, declarou a
inconstitucionalidade do § 12 do art. 45 (2) e dos §§ 1º, 4º, 5º e 6º do art.
91-A (3) da Lei Complementar estadual 432/2008, na redação que lhes con-
feriu a LC 672/2012. Não houve modulação de efeitos da decisão, porquanto
a manutenção das aposentadorias concedidas com base na lei declarada in-
constitucional resultaria em ofensa à isonomia em relação aos demais ser-
vidores civis do estado de Rondônia não abrangidos pelas regras que lhes
seriam mais favoráveis.
(1) CF: “Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores
titulares de cargos efetivos terá caráter contributivo e solidário, mediante
contribuição do respectivo ente federativo, de servidores ativos, de aposen-
tados e de pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio fi-
nanceiro e atuarial. (...) § 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios
para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios
estabelecidos em lei.”
(2) LC 432/2008: “Art. 45. No cálculo dos proventos de aposentadoria dos
servidores titulares de cargo efetivo, salvo as hipóteses de aposentadoria dos
artigos 46, 48 e 51, será considerada a média aritmética simples das maiores

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remunerações, utilizando como base para as contribuições do servidor aos re-


gimes de previdência a que esteve vinculado, correspondente a 80% (oitenta
por cento) de todo o período contributivo desde a competência julho de 1994
ou desde o início da contribuição, se posterior àquela competência. (...) § 12.
Os proventos e outros direitos do Policial Civil do Estado Inativo e Pensionista
serão calculados de acordo com o disposto no artigo 91-A e seus parágrafos e
artigo 30, inciso III e, revistos na mesma proporção e na mesma data, sem-
pre que se modificar a remuneração ou subsídio do Policial Civil da ativa.”
(3) LC 432/2008 do estado de Rondônia: “Art. 91-A. Os benefícios previ-
denciários da Categoria da Polícia Civil, de aposentadoria e pensão por morte
aos seus dependentes, dar-se-ão em conformidade com o disposto no inciso
II, do § 4º do artigo 40, da Constituição Federal e o disposto na Lei Comple-
mentar Federal no 51, de 20 de dezembro de 1985. § 1º O Policial Civil do Es-
tado de Rondônia passará para a inatividade, voluntariamente, independente
de idade mínima, com proventos integrais e paritários ao da remuneração ou
subsídio em que se der a aposentadoria, aos 30 (trinta) anos de contribuição,
desde que conte com 20 (vinte) anos de tempo efetivo de serviço público de
natureza estritamente policial, a exceção da aposentadoria por compulsória
que se dará aos 65 (sessenta e cinco) anos. (…) § 4º O Policial Civil do Esta-
do de Rondônia fará jus a provento igual à remuneração ou subsídio integral
da classe imediatamente superior, ou remuneração normal acrescida de 20%
(vinte por cento) para o Policial Civil do Estado na última classe, nos últimos
cinco anos que antecederam a passagem para a inatividade, considerando a
data de seu ingresso na Categoria da Polícia Civil e desde que: I – ao servi-
dor da Categoria da Polícia Civil do Estado fazer opção formal na Instituição
Previdenciária pela contribuição sobre a respectiva verba de classe superior
ou verbas transitórias, atendendo o prazo de carência efetiva a ser cumpri-
da, devendo ser comunicado a Coordenadoria Geral de Recursos Humanos –
CGRH, para registro funcional na pasta do servidor, sendo da obrigatoriedade
do Instituto de Previdência do Estado de Rondônia – IPERON, o entabulamen-

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to dos cálculos dos valores a ter a incidência do percentual previdenciário,


conforme a opção do serventuário; e II – ao Instituto de Previdência do Esta-
do de Rondônia – IPERON incumbe a responsabilidade do cálculo do resíduo
de contribuição eventualmente devido e a ser custeado para cumprimento do
interstício de 5 (cinco) anos de contribuição incidente sobre a classe superior
ou sobre as verbas de caráter transitório para possível reflexo nos proventos
de inatividade. § 5º Os proventos da aposentadoria de que trata este artigo
terão, na data de sua concessão, o valor da totalidade da última remuneração
ou subsídio do cargo em que se der a aposentadoria e serão revistos na mes-
ma proporção e na mesma data, sempre que se modificar a remuneração ou
subsídio dos servidores em atividade, considerando sempre a data de ingres-
so do servidor na Categoria da Polícia Civil em virtude das variáveis regras de
aposentação e da legislação em vigor. § 6º Serão estendidos aos aposentados
quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente concedidos aos servidores
em atividade, incluídos os casos de transformação ou reclassificação do cargo
ou da função em que se deu a aposentadoria aos servidores da Categoria da
Polícia Civil que tenham paridade e extensão de benefícios de acordo com a
legislação em vigor.”
ADI 5039/RO, rel. Min. Edson Fachin, julgamento virtual finalizado em
10.11.2020. (ADI-5039)

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DIREITO CONSTITUCIONAL
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
Liberdade de expressão e restrição à difusão de produto

audiovisual em plataforma de “streaming”

Retirar de circulação produto audiovisual disponibilizado em pla-


taforma de “streaming” apenas porque seu conteúdo desagrada par-
cela da população, ainda que majoritária, não encontra fundamento
em uma sociedade democrática e pluralista como a brasileira.

Por se tratar de conteúdo veiculado em plataforma de transmissão parti-


cular, na qual o acesso é voluntário e controlado pelo próprio usuário, é pos-
sível optar-se por não assistir ao conteúdo disponibilizado, bem como é viável
decidir-se pelo cancelamento da assinatura contratada.
Além disso, é de se destacar a importância da liberdade de circulação de
ideias e o fato de que deve ser assegurada à sociedade brasileira, na medida do
possível, o livre debate sobre todas as temáticas, permitindo-se que cada indiví-
duo forme suas próprias convicções, a partir de informações que escolha obter.
Há diversas formas de indicar descontentamento com determinada opi-
nião e de manifestar-se contra ideais com os quais não se concorda — o que,
em verdade, nada mais é do que a dinâmica do chamado “mercado livre de
ideias”. A censura, com a definição de qual conteúdo pode ou não ser divulga-
do, deve-se dar em situações excepcionais, para que seja evitada, inclusive,
a ocorrência de verdadeira imposição de determinada visão de mundo.
Nesse contexto, atos estatais de quaisquer de suas esferas de Poder prati-
cados sob o manto da moral e dos bons costumes ou do politicamente correto
apenas servem para inflamar o sentimento de dissenso, de ódio ou de pre-
conceito, afastando-se da aproximação e da convivência harmônica.

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No caso, trata-se de reclamação constitucional contra julgados do Tribunal


de Justiça do Rio de Janeiro que, ao restringirem a difusão de conteúdo audio-
visual em que formuladas sátiras a elementos religiosos inerentes ao Cristia-
nismo, teriam ofendido o decidido por esta Corte na ADPF 130 e na ADI 2.404.
Com esse o entendimento, a Turma julgou procedente a reclamação para
cassar as decisões reclamadas.
Rcl 38782/RJ, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 3.11.2020.
(Rcl-38782)

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*Informativo: 999

*Data de divulgação: 19 de novembro de 2020

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

DEPÓSITOS JUDICIAIS

Fundo especial do Poder Judiciário e fontes de receitas

São inconstitucionais as fontes de receitas de fundo especial do


Poder Judiciário provenientes de rendimentos dos depósitos judiciais
à disposição do Poder Judiciário do Estado, através de conta única.

A matéria relativa aos depósitos judiciais, ainda que se trate dos seus
rendimentos financeiros, é de competência legislativa privativa da União, nos
termos do art. 22, I, da Constituição Federal (CF) (1).
Além disso, à hipótese, aplicam-se as limitações atinentes ao regime jurí-
dico de direito público, próprias de uma relação juridicamente relevante entre
o Poder Judiciário e o particular que deduz pretensão em juízo. A custódia de
patrimônio alheio pelo ente estatal não permite a este desvirtuar a finalidade
do liame jurídico, para fins de custear suas despesas públicas. Caso contrário,
estar-se-ia diante de verdadeira expropriação, mesmo que temporária, dos
direitos relativos à propriedade dos jurisdicionados, situação expressamente
repudiada pela normatividade constitucional.

É igualmente inconstitucional a incorporação de receitas extraor-


dinárias decorrentes de fianças e cauções, exigidas nos processos cí-
veis e criminais na justiça estadual, quando reverterem ao patrimônio
do Estado; e percentual sobre os valores decorrentes de sanções pe-
cuniárias judicialmente aplicadas ou do perdimento, total ou parcial,

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dos recolhimentos procedidos em virtude de medidas assecuratórias


cíveis e criminais.

Essas normas possuem natureza penal e processual, logo, são matérias de


competência privativa da União.

É constitucional a previsão, em lei estadual, da destinação ao fun-


do especial do Poder Judiciário de valores decorrentes de multas apli-
cadas pelos juízes nos processos cíveis, salvo se destinadas às partes
ou a terceiros.

Isso porque a norma vai ao encontro do que atualmente dispõe o Código


de Processo Civil, no sentido da possibilidade de destinação desses recursos
aos fundos do poder judiciário estadual.

São inconstitucionais as fontes de receitas de fundo especial do


Poder Judiciário provenientes de bens de herança jacente e o saldo
das coisas vagas pertencentes ao Estado.

Há ofensa à competência legislativa privativa da União para legislar sobre


direito civil, também prevista no art. 22, I, da CF. Ademais, tais bens são
pertencentes aos municípios (ou ao Distrito Federal) ou à União, não cabendo
aos estados federados sobre eles disporem.

É inconstitucional a norma estadual que atribui personalidade ju-


rídica ao Fundo Especial do Poder Judiciário e prevê que o presidente
do Conselho da Magistratura será o ordenador de despesas e seu re-
presentante legal.

Nos artigos 165, § 9º, II da CF (2) e 71 da Lei 4.320/1964 (3), não há a


atribuição de personalidade jurídica aos fundos públicos. Ademais, o art. 95,

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parágrafo único, I, da CF (4), prevê que é vedado ao magistrado exercer ou-


tro cargo ou função, salvo uma de magistério.
Com esses fundamentos, o Plenário, por maioria, julgou parcialmente pro-
cedente o pedido formulado na ação direta e declarou a constitucionalidade
do art. 3º, X, e a inconstitucionalidade dos arts. 3º, VIII, IX, XI e XVII e 5º
da Lei 297/2001, do estado de Roraima.
(1) CF: “Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I – direito
civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico,
espacial e do trabalho;” (2) CF: “Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Execu-
tivo estabelecerão: (...) § 9º Cabe à lei complementar: (...) II – estabelecer
normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta e indireta
bem como condições para a instituição e funcionamento de fundos.”
(3) Lei 4.320/1964: “Art. 71. Constitui fundo especial o produto de recei-
tas especificadas que por lei se vinculam à realização de determinados obje-
tivos ou serviços, facultada a adoção de normas peculiares de aplicação.”
(4) CF: “Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias: (...) Parágrafo
único. Aos juízes é vedado: I – exercer, ainda que em disponibilidade, outro
cargo ou função, salvo uma de magistério;”
ADI 4981/RR, rel. Min. Edson Fachin, julgamento virtual finalizado em
14.11.2020. (ADI-4981)

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DIREITO CONSTITUCIONAL

ORGANIZAÇÃO DO ESTADO

Postagem de boleto de cobrança e competência legislativa concorrente

Os estados-membros e o Distrito Federal têm competência legis-


lativa para estabelecer regras de postagem de boletos referentes a
pagamento de serviços prestados por empresas públicas e privadas.

Isso porque a prestação exclusiva de serviço postal pela União não englo-
ba a distribuição de boletos bancários, de contas telefônicas, de luz e água e
de encomendas, pois a atividade desenvolvida pelo ente central restringe-se
ao conceito de carta, cartão-postal e correspondência agrupada (ADPF 46).
A competência privativa da União para legislar sobre serviço postal, esti-
pulada no art. 22, V, da Constituição (CF), circunscreve-se à regulação desse
serviço prestado de modo exclusivo pela União (CF, art. 21, X) que, por envol-
ver a comunicação em todo o território nacional, serve aos interesses de toda
a comunidade como instrumento integração e coesão nacional.
Além das competências privativas, a Constituição brasileira adotou a com-
petência concorrente não cumulativa ou vertical, de forma que a competên-
cia da União está adstrita ao estabelecimento de normas gerais, devendo os
estados e o Distrito Federal especificá-las, por meio de suas respectivas leis.
É a chamada competência suplementar dos estados-membros e do Distrito
Federal (CF, art. 24, § 2º).
Ademais, o princípio da predominância do interesse norteia a repartição
de competência entre os entes componentes do Estado federal brasileiro. Isso
se dá não apenas para as matérias cuja definição foi preestabelecida pelo
texto constitucional, mas também na hipótese de abranger a interpretação
de diversas matérias.

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Assim, na dúvida sobre a distribuição de competências a envolver a defi-


nição do ente federativo competente para legislar sobre determinado assunto
específico, que engloba uma ou várias matérias com previsão ou reflexos em
diversos ramos do Direito, caberá ao intérprete priorizar o fortalecimento
das autonomias locais e o respeito às suas diversidades como pontos carac-
terizadores e asseguradores do convívio no Estado federal, que garantam o
imprescindível equilíbrio federativo.
Por fim, a determinação legal de aposição de datas de postagem e paga-
mento na parte externa do documento remetido ao destinatário/consumidor
não se mostra suficientemente arbitrária a direitos fundamentais insculpidos
na CF. Ao considerar a teleologia da norma, a exposição desses dados atende
ao princípio da razoabilidade, uma vez que observadas as necessárias propor-
cionalidade, justiça e adequação entre a lei estadual e as normas constitucio-
nais protetivas do direito do consumidor.
Com base nesse entendimento, ao apreciar o Tema 491 da repercussão
geral, o Plenário, por maioria, negou provimento ao recurso extraordinário
e reconheceu a constitucionalidade da Lei estadual 5.190/2008 do estado
do Rio de Janeiro, que obriga as empresas públicas e privadas prestadoras
de serviços no estado a efetuarem a postagem de suas cobranças no prazo
mínimo de 10 dias antecedentes à data de seu vencimento, e determina que
as datas de vencimento e de postagem sejam impressas na parte externa da
correspondência de cobrança. Vencidos os ministros Gilmar Mendes (relator),
Nunes Marques e Dias Toffoli.
ARE 649379/RJ, rel. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. Min. Alexandre de
Moraes, julgamento virtual finalizado em 13.11.2020. (ARE-649379)

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DIREITO ADMINISTRATIVO
SERVIDORES PÚBLICOS
Servidores públicos: equiparação remuneratória

e lei estadual anterior à EC 19/1998

A teor do disposto no art. 37, XIII, da Constituição Federal


(CF) (1), é vedada a vinculação remuneratória de seguimentos do
serviço público.

Trata-se de ação do controle concentrado de constitucionalidade em face


dos arts. 1º e 2º da Lei 4.983/1989 do estado do Maranhão, que estabele-
cem a isonomia de vencimentos entre diversas carreiras jurídicas. No julga-
mento da ADI 304 — ocorrido antes do advento da Emenda Constitucional
(EC) 19/1998 —, o Supremo Tribunal Federal, ao examinar a mesma lei,
admitiu a equiparação remuneratória apenas das carreiras de procurador de
estado e de delegado de polícia, tendo em conta a redação então vigente de
dispositivos da CF. Nesta ADPF, a requerente argumentava, em suma, a não
recepção dos mencionados artigos pelo ordenamento jurídico constitucional
posterior à EC 19/1998.
O Plenário julgou procedente pedido formalizado em arguição de descum-
primento de preceito fundamental para assentar não recepcionados, pela CF,
os arts. 1º e 2º da Lei maranhense 4.983/1989.
(1) CF: “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obede-
cerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte: (...) XIII – é vedada a vinculação ou equi-
paração de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de remuneração
de pessoal do serviço público;”

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ADPF 328/MA, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento virtual finalizado em


13.11.2020. (ADPF-328)

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DIREITO PROCESSUAL PENAL


COMPETÊNCIA
Delação premiada e fixação de competência

A colaboração premiada, como meio de obtenção de prova, não


constitui critério de determinação, de modificação ou de concentra-
ção da competência.

Isso porque, conforme decidido por esta Corte, nos autos do INQ 4.130,
os fatos relatados em colaboração premiada não geram prevenção. Enquan-
to meio de obtenção de prova, os fatos relatados em colaboração premiada,
quando não conexos com o objeto do processo que deu origem ao acordo,
devem receber o tratamento conferido ao encontro fortuito de provas.
Destaca-se que a regra no processo penal é o respeito ao princípio do
juiz natural, com a devida separação das competências entre justiça esta-
dual e justiça federal. Assim, para haver conexão ou continência, seria ne-
cessário que, além da mera coincidência de agentes, houvesse uma conexão
fático-objetiva entre os fatos imputados em ambas ações penais. Deve-se
ter em conta que a conexão e a continência são “verdadeiras causas modifi-
cadoras da competência e que têm por fundamento a necessidade de reunir
os diversos delitos conexos ou os diferentes agentes num mesmo processo,
para julgamento simultâneo”.
Com a finalidade de viabilizar a instrução probatória e impedir a prolação
de decisões contraditórias, a alteração da competência deve-se limitar às res-
tritas situações em que houver o concurso de agentes em crime específico,
simultâneo ou recíproco, nos casos de crimes cometidos com a finalidade de
ocultar infração anterior, quando houver um liame probatório indispensável,
ou nas hipóteses de duas pessoas serem acusadas do mesmo crime (arts. 76
e 77 do Código Penal).

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No caso, o único vínculo fático-objetivo que sustentaria a tese da cone-


xão instrumental seria a citação do paciente em uma delação, no sentido de
que ele integraria a suposta organização criminosa investigada na ação que
tramita perante a justiça federal. Não obstante a coincidência parcial de réus
nas ações penais, há autonomia na linha de acontecimentos que desvincula
os fatos imputados ao paciente numa delas dos fatos descritos na outra.
Trata-se de agravo regimental em habeas corpus impetrado contra deci-
são de indeferimento de idêntica medida no Superior Tribunal de Justiça que
manteve a competência da justiça federal para julgar e processar o paciente,
promotor de justiça aposentado.
Com base no entendimento exposto, a Segunda Turma, por maioria, ne-
gou provimento ao agravo regimental interposto contra decisão concessiva
da ordem, decretou a ilegalidade da prisão preventiva do paciente, por estar
fundada em suposições e ilações, e determinou a remessa dos autos à justiça
comum estadual de primeiro grau.
HC 181978 AgR/RJ, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 10.11.2020.
(HC-181978)

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