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Estimativa de Carga e Tensao Admissivel A Partir de Ensaio de Placa Solo Arenoso
Estimativa de Carga e Tensao Admissivel A Partir de Ensaio de Placa Solo Arenoso
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
NATAL-RN
2021
Arthur Tauan da Fonseca
Natal-RN
2021
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede
___________________________________________________
Prof. Dr. Yuri Daniel Jatobá Costa – Orientador
___________________________________________________
Eng. Me. Pedro Henrique dos Santos Silva – Coorientador
___________________________________________________
Prof. Dr. Leonardo Flamarion Marques Chaves – Examinador interno
______________________________________________________
Eng. Me. Duílio Assunção Marçal de Araújo. – Examinador externo
Natal-RN
2021
RESUMO
O presente trabalho foi elaborado na análise dos métodos teóricos e semi-empíricos utilizados
para estimar a capacidade de carga e tensão admissível do sistema solo-fundação a partir de
ensaios de prova de carga em placa em solo arenoso. Foram realizados ensaios de sondagens à
percussão com medida do índice de resistência à penetração (NSPT) em cada base destinada a
construção de uma sapata circular. Empregou-se os métodos teórico de Terzaghi (1943) e
semiempírico do Architectural Institute of Japan (2001) e de Teixeira (1996) para estimar a
capacidade de carga e a tensão admissível do sistema solo-placa. Utilizou-se o método de Van
Der Veen (1953) para determinar a tensão de ruptura, visto que nenhuma das provas de cargas
diretas apresentou ruptura nítida ou física. A análise dos resultados ocorreu a partir dos valores
obtidos, comparando-se a capacidade de carga e a tensão admissível estimada pelos métodos
estudados com os valores observados nos ensaios de prova de carga em placa. Notou-se que os
métodos de Terzaghi (1943) e do Architectural Institute of Japan (2001) tenderam a subestimar
a capacidade resistente do solo, embora apresente diferenças percentuais menos dispersos em
relação aos ensaios de prova de carga em placa. O método de Teixeira (1996), por sua vez,
apresentou o melhor comportamento, estimando valores próximos aos observados em campo,
não obstante, foi o método com maior variabilidade, dificultando estabelecer quais as condições
ideais para sua aplicação.
ABSTRACT: The present work was based on theoretical and semi-empirical methods analysis
used to estimate the bearing capacity and allowable stress of the soil-foundation system from
plate load tests in sandy soil. It carried out standard penetration test with the measurement of the
soil penetration resistance index (NSPT) on each base intended for the construction of a circular
footing. The theoretical methods of Terzaghi (1943) and semi-empirical methods from the
Architectural Institute of Japan (2001) and Teixeira (1996) were used to estimate the bearing
capacity and the allowable stress of the soil-plate system. It used the Van Der Veen (1953)
method to determine the bearing capacity since none of the direct load tests showed clean or
physical failure. The analysis of the results occurred from the obtained values, comparing the
bearing capacity and the allowable stress estimated by the studied methods with the values
observed in the plate load tests. It notices that the methods of Terzaghi (1943) and the
Architectural Institute of Japan (2001) tended to underestimate the resistance capacity of the
soil even when they present less dispersed percentage differences about the plate load tests. The
method of Teixeira (1996), in turn, showed the best behavior, estimating values close to those
observed in the field. The method showed the greatest variability, making it difficult to establish
the ideal conditions for its application.
Keywords: Bearing capacity. Allowable stress. Plate load test. Sandy soil.
5
1. INTRODUÇÃO
2. REVISÃO DE LITERATURA
3. METODOLOGIA
O presente trabalho utilizou dados obtidos a partir de ensaios de campo para calcular a
capacidade de carga e a tensão admissível de uma placa circular com diâmetro de 80 cm assente
sobre solo arenoso. Os ensaios foram realizados em duas regiões (B33 e B61) destinadas à
construção de fundações diretas para suporte de aerogeradores. O programa de investigação foi
composto por 32 sondagens à percussão com medida do índice de resistência à penetração
(NSPT) e 32 ensaios de prova de carga em placa (PCP), sendo 16 pares em cada região e um par
para cada fundação de aerogerador. As sondagens foram realizadas antes da escavação do local
e as provas de cargas foram realizadas no fundo da cava em que as fundações estariam assentes.
O subsolo local nas duas regiões é composto por uma areia siltosa com granulometria e
compacidade variáveis. No momento da investigação do subsolo, o nível de água não foi
encontrado e a profundidade das sondagens variou entre 25 m e 35 m.
Os ensaios de PCP foram realizados em placas circulares de aço rígidas com diâmetro
de 80 cm, segundo as recomendações da NBR 6489 (ABNT, 2019). As áreas dos ensaios
consistem no fundo da cava em que a base do aerogerador estaria assente, a uma profundidade
de 2,5 m da superfície do terreno. Para a montagem dos ensaios, nivelou-se o fundo da cava e,
em seguida, posicionou-se a placa, o cilindro hidráulico e uma rótula para a conservação da
normalidade dos carregamentos. Os ensaios realizados nesse estudo foram do tipo lento (SML
- slow maintained load) (FELLENIUS, 1975).
As tensões foram aplicadas com o auxílio de um cilindro hidráulico com capacidade de
500 kN, alimentado por uma bomba manual, e medidas a partir de um manômetro analógico.
Os recalques da placa foram medidos por meio de quatro relógios comparadores analógicos
com resolução de 0,01 mm e curso de 30 mm. Os relógios foram instalados diametralmente
8
B33-V
1 B33-VI
B33-VII
B33-VIII
2
B33-IX
B33-X
3 B33-XI
B33-XII
B33-XIII
4
B33-XIV
B33-XV
5 B33-XI
Fonte: Elaborado pelo autor.
B61-V
2 B61-VI
B61-VII
B61-VIII
4 B61-IX
B61-X
6 B61-XI
B61-XII
B61-XIII
8 B61-XIV
B61-XV
10 B61-XVI
Fonte: Elaborado pelo autor.
As curvas tensão-recalque (Figuras 02 e 03) mostraram que nenhum dos ensaios de PCP
apresentou uma ruptura física. Por esse motivo, o método de Van der Veen (1953) foi aplicado
para determinar as tensões de ruptura. O método se baseia na obtenção da tensão de ruptura
9
𝜎 = 𝜎𝑟 (1 − 𝑒)−𝛼𝜌 (1)
1 (2)
𝜎𝑟 = 𝑐𝑁𝑐 𝑆𝑐 + 𝑞𝑁𝑞 𝑆𝑞 + 𝛾𝐵𝑁𝛾 𝑆𝛾
2
̅𝑆𝑃𝑇
Φ′ = 28° + 0,4𝑁 (3)
onde 𝑁̅𝑆𝑃𝑇 é o valor do índice de resitência à penetração dentro do bulbo de tensões.
A sobrecarga efetiva foi definida a partir da camada de solo acima da cota de
assentamento. Calculou-se o 𝑁 ̅𝑆𝑃𝑇 da camada e se determinou o peso específico conforme
10
Godoy (1972). O valor da sobrecarga foi obtido mediante a multiplicação do peso específico
pela espessura da camada. Por se tratar de um solo predominantemente arenoso, a coesão foi
desprezada e a condição de ruptura foi considerada drenada. Os fatores de capacidade de carga
e os fatores de forma foram determinados segundo Vesic (1975). A Tabela 01 apresenta os
parâmetros adotados para o cálculo das tensões de ruptura nas regiões B33 e B61.
1
𝜎𝑟 = 𝑖𝑐 𝑐𝑁𝑐 + 𝑖𝑞 𝑞𝑁𝑞 + 𝑖𝛾 𝛾𝐵𝜂𝑁𝛾 (4)
2
1⁄
𝐵 − 3
𝜂=( ) (5)
𝐵0
onde B é a dimensão da fundação e B0 é uma largura de referência igual a 1,0 m segundo Araújo
(2016).
Para a determinação da capacidade de carga, empregaram-se os mesmos parâmetros
apresentados na Tabela 01. Vale destacar que, embora o método do AIJ (2001) utilize os fatores
de capacidade de carga de Prandtl (1921) e Meyerhof (1963), nesta pesquisa se optou por se
espelhar em Araújo (2016) e adotar os fatores de capacidade de carga e de forma 𝑁𝑞 e 𝑁𝛾 , e 𝑆𝑞
e 𝑆𝛾 conforme Vesic (1975).
A tensão admissível a partir do método do AIJ foi determinada a partir da adoção de um
fator de segurança global igual a 2 com base na NBR 6122 (ABNT, 2019).
̅ 𝑆𝑃𝑇 + 15°
Φ′ = √20𝑁 (6)
𝑁𝑆𝑃𝑇
𝜎𝑎𝑑𝑚 = 0,05 + (1 + 0,4𝐵) (𝑀𝑃𝑎) (7)
100
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
1500
1250
1000
750
500
250
0
Base
Fonte: Elaborado pelo autor.
1000
750
500
250
Base
Fonte: Elaborado pelo autor.
Os valores de tensão de ruptura obtidos mediante os ensaios de PCP estiveram entre 410
kPa e 1144 kPa para a região B33 e 490 kPa e 950 kPa para a região B61. O método teórico de
Terzaghi (1943) estimou valores de tensão de ruptura entre 21 kPa e 672 kPa na região B33 e
21 kPa e 337 kPa na região B61. Faixas similares foram observadas com o método
semiempírico do AIJ (2001), que estimou valores entre 22 kPa e 724 kPa na região B33 e 22
kPa e 363 kPa na região B61. Diferentemente dos métodos de Terzaghi (1943) e do AIJ (2001),
o método semiempírico de Teixeira (1996) apresentou tensões de ruptura mais próximas aos
resultados dos ensaios de PCP, com valores variando entre 321 kPa e 1618 kPa na região B33
e 313 kPa e 1118 na região B61.
Bezerra (1990) comparou valores de tensão de ruptura estimados pelo método teórico
de Terzaghi (1943) com valores obtidos a partir de ensaios de prova de carga e concluiu que o
método de Terzaghi (1943) tende a subestimar, em cerca de 3 vezes, a capacidade de carga do
sistema solo-fundação, mostrando-se um método conservador, como também observado por
Souza (2018). Araújo (2016) estimou tensões de ruptura usando o método semiempírico do AIJ
(2001) para uma placa de 80 cm de diâmetro, obtendo valores próximos aos obtidos a partir de
13
ensaios de PCP. Oliveira e Amancio (2016) observaram que o método semiempírico de Teixeira
(1996) estimou valores de tensão de ruptura similares aos valores obtidos através de ensaios de
PCP, como também foi observado no estudo de Alexandre (2021).
As diferenças percentuais entre os valores de tensão de ruptura estimados pelos métodos
estudados em relação aos valores obtidos pelos ensaios de PCP foram analisadas. Os valores de
diferenças percentuais foram calculados usando a Equação (8):
|𝜎𝑟,𝑝𝑙𝑎𝑐𝑎 − 𝜎𝑟,𝑒𝑠𝑡 |
𝐷(%) = × 100 (8)
𝜎𝑟,𝑝𝑙𝑎𝑐𝑎
onde 𝜎𝑟,𝑝𝑙𝑎𝑐𝑎 é a tensão de ruptura obtida pelo ensaio de PCP e 𝜎𝑟,𝑒𝑠𝑡 é tensão de ruputura
estimada a partir dos métodos analisados.
Os métodos de Terzaghi (1943) e do AIJ (2001) possuem comportamento similares. As
diferenças percentuais calculadas apontam que o método de Terzaghi (1943) apresentou médias
de 84% em ambas as regiões, enquanto o método do AIJ (2001) exibiu médias de 82%. No
tocante ao desvio-padrão, o método de Terzaghi (1943) e do AIJ (2001) obtiveram desvios-
padrão de 18% e 19% para a região B33 e 11% e 12% para a região B61. O método de Terzaghi
(1943) e AIJ (2001) apresentaram valores de coeficiente de variação de 22% e 23%,
respectivamente, para a região B33, e 13% e 14% para a região B61. Não obstante, o método
de Teixeira (1996) apresentou erros médios de 36% para a região B33 e 42% para a região B61.
Os valores de desvio-padrão obtidos foram de 25% na região B33 e 19% na região B61. Por
fim, determinaram-se coeficientes de variação de 69% para a área B33 e 46% para B61.
A média tende a representar o centro do conjunto dos dados analisados. Assim, a partir
dos valores obtidos, pode-se afirmar que os métodos de Terzaghi (1943) e AIJ (2001) são
caracterizadas por apresentar elevadas divergências entre os valores de tensões de ruptura
estimados por ambas as metodologias e aqueles obtidos através da prova de carga direta.
Todavia, o método de Teixeira (1996) apresenta menores diferenças percentuais, podendo-se
inferir que os valores de tensão calculados a partir deste método diferem menos da prova de
carga em placa.
O desvio-padrão indica a dispersão dos dados em relação à média. Assim, observa-se
que o método de Terzaghi (1943) e do AIJ (2001) possuem baixa variabilidade, fato este que
decorre da baixa influência que as características do terreno exercem sobre as referidas
metodologias. O método de Teixeira (1996) exibe maiores magnitudes de desvio-padrão nas
duas regiões, o que abre discussão para o fato de que o método possui uma maior variabilidade
em função do terreno, certamente devido à dependência direta dos valores do índice de
resistência (𝑁𝑠𝑝𝑡 ).
O coeficiente de variação é empregado para estudar a variabilidade de uma amostra
desconsiderando a ordem de grandeza do desvio-padrão, logo, quanto menor o coeficiente de
variação, mais homogênea é a amostra. Percebe-se que os métodos de Terzaghi (1943) e AIJ
(2001) possuem as menores dispersões de dados, sendo possível afirmar que ambos os métodos
estimaram valores de capacidade de cargas mais homogêneas e similares para as trinta e duas
situações estudadas do que o método de Teixeira (1996).
As Figuras 06 e 07 apresentam comparações entre as tensões admissíveis estimadas a
partir dos métodos de Terzaghi (1943), AIJ (2001) e Teixeira (1996) com valores provenientes
dos ensaios de PCP para as regiões B33 e B61, respectivamente. Semelhante ao comportamento
observado no estudo da capacidade de carga, observou-se que os métodos de Terzaghi (1943)
e AIJ (2001) subestimaram as tensões admissíveis do sistema solo-placa. Por outro lado, o
método de Teixeira (1996) estimou valores de tensão admissível mais próximos aos valores
14
provenientes dos ensaios de PCP, indicando que esse método pode ser um método apropriado
para estimar tensões admissíveis mais realistas.
600
500
400
300
200
100
Base
Fonte: Elaborado pelo autor.
500
400
300
200
100
Base
Fonte: Elaborado pelo autor.
Os valores de tensão admissível obtidos a partir dos ensaios de PCP variaram entre 205
kPa e 572 kPa para a região B33 e entre 245 kPa e 755 kPa para a região B61. O método de
Terzaghi (1943) apresentou, comparativamente, os menores valores de tensão admissível,
caracterizando um grande conservadorismo. Os valores variaram entre 7 kPa e 224 kPa na
região B33 e 7 kPa e 112 kPa na região B61. Semelhante ao discutido na capacidade de carga,
as tensões admissíveis estimadas a partir do método de AIJ (2001) demonstraram
comportamento semelhante às estimadas pelo método de Terzaghi (1943), com valores
variando entre 11 kPa e 362 kPa para a região B33 e 11 kPa e 182 kPa para a região B61. Em
contrapartida, o método de Teixeira (1996) estimou tensões admissíveis entre 107 kPa e 539
kPa na região B33 e 104 kPa e 369 kPa na região B61.
Oliveira e Amancio (2016) realizaram um estudo semelhante ao desta pesquisa,
estimando a tensão admissível pelo método de Terzaghi (1943), e observaram que o método
15
estimou tensões admissíveis cerca de três vezes menor que os valores provenientes dos ensaios
de PCP. Ao realizar comparativos entre a tensão admissível obtida pelo método do AIJ (2001)
com a tensão admissível de ensaios de PCP, Araújo (2016) concluiu que o método também se
caracterizou como conservador, exibindo uma diferença percentual de até 35% em relação a
PCP. Alexandre (2021) notou que a tensão admissível estimada a partir do método de Teixeira
(1996), quando comparada com valores proveniente de ensaios de PCP, apresentou uma
defasagem de cerca de 40%, como também percebido por Oliveira e Amancio (2016).
Na análise das diferenças percentuais das tensões admissíveis, nota-se novamente que
os métodos de Terzaghi (1943) e do AIJ (2001) possuem valores de magnitudes semelhantes.
Terzaghi (1943) apresenta erros médios de 89% para as duas regiões, já o método do AIJ (2001)
exibe médias de 82%. Os desvios-padrões são baixos, o método de Terzaghi (1943) possui
valores de 12% e 7% para as regiões B33 e B61 respectivamente, enquanto o método do AIJ
possui valores de 19% e 12%. Quanto aos coeficientes de variação, método de Terzaghi (1943)
mostrou porcentagens de 14% para a região B33 e 8% para B61, ao passo que o método do AIJ
(2001) demonstrou valores de 23% e 12%. O método de Teixeira (1996) se caracterizou por
erros médios de 43% para a região B33 e 24% para a região B61. Os desvios-padrões calculados
fora de 22% na região B33 e 25% na região B61. Obteve-se coeficientes de variação de 50%
para a área B33 e 104% para B61.
Comparando os valores descritos acima com os valores obtidos no estudo da capacidade
de carga, percebe-se que o método de Terzaghi (1943) exibiu um acréscimo na média, o que
representa que o método se torna mais conservador ao analisá-lo segundo as tensões admissível.
Isso decorrente provavelmente em virtude dos fatores de segurança diferentes empregados para
Terzaghi (1943) e para o ensaio de PCP. No entanto, o método do AIJ (2001) não demonstra
mudanças, uma vez que se utilizou um fator de segurança igual a 2, o mesmo que é empregado
para determinar a tensão admissível a partir da prova de carga. O método de Teixeira (1996)
manifestou um aumento do erro médio na região B33, mas na região B61, notou-se o
comportamento inverso. A partir disso, pode-se inferir que o método é bastante impreciso se
comparado aos demais.
O método de Terzaghi (1943) apresentou uma redução nos valores de desvio-padrão, o
que significa que as tensões admissíveis estimadas pelo método apresentam uma menor
dispersão de dados em torno da média do que as capacidades de cargas, portanto, tem uma
menor variabilidade e um comportamento mais linear do que os outros métodos. O método do
AIJ (2001) manteve os mesmos valores, continuando a apresentar valores mais dispersos que o
método de Terzaghi (1943), embora a diferença notada seja pequena. O método de Teixeira
(1996) teve acréscimos de desvio-padrão nas duas regiões, mantendo-se como o método mais
variável e mais difícil de precisar os valores estimados.
Ao comparar os coeficientes de variação, reafirma-se que os métodos de Terzaghi
(1943) e AIJ (2001) tendem a apresentar valores, seja de tensão admissível ou capacidade de
carga, mais homogêneos, sendo o método de Terzaghi (1943) responsável por gerar valores de
tensões mais coesos. O método de Teixeira (1996), apesar de estimar as tensões de ruptura e
admissíveis mais próximas dos valores de campo, possui valores mais heterogêneos e dispersos,
logo, continua apresentando a maior variabilidade de resultados.
O método de Terzaghi (1943) se baseia no comportamento do solo, como areia ou argila
pura. A baixa variabilidade dos valores de tensão de ruptura estimados pelo método ocorre
devido à pequena influência que a granulometria e parcela siltosa da areia exercem nas
considerações do cálculo. Uma das parcelas que compõe o método de Terzaghi (1943) diz
respeito à coesão do solo, a qual geralmente é considerada nula em solos arenosos. Ainda assim,
visto a presença de silte, tipo de solo caracterizado por possuir coesão e atrito, percebe-se que
a desconsideração desse efeito é facilmente percebida. O método do AIJ (2001) se assemelha
ao método de Terzaghi (1943), mas se distingue ao considerar o efeito da dimensão a partir do
16
parâmetro η. O efeito dimensão diz respeito a redução do ângulo de atrito interno do solo e do
fator de carga 𝑁𝑦 devido ao aumento da dimensão da fundação, a qual provoca o acréscimo da
tensão confinante do solo.
A partir das análises feitas entre os métodos de Terzaghi (1943) e AIJ (2001), percebe-
se que o efeito dimensão não é tão proeminente para fundações de pequenas dimensões. Não
obstante, o método do AIJ (2001) foi eficaz em considerar o efeito de dimensão, o qual não
deve ser imprudentemente desconsiderado. Notou-se que o método do AIJ (2001) se comportou
de maneira similar ao método de Terzaghi (1943), embora tenha estimado valores de capacidade
de carga e tensões admissíveis superiores. As medidas de dispersão mostraram que o método
do AIJ (2001) ainda apresentou valores próximos e pouco dispersos, sendo recomendável sua
utilização quando possível.
O método de Teixeira (1996) foi desenvolvido a partir do método de Terzaghi (1943),
considerando condições específicas, e correlaciona a tensão de ruptura com a dimensão (B) da
fundação e o índice de resistência à penetração (𝑁𝑠𝑝𝑡 ) do solo. A principal dificuldade para
aplicação dessa metodologia diz respeito ao fato de que a o método proposto está
intrinsicamente ligada às condições assumidas para o seu desenvolvimento. Assim, quando
aplicada em condições diferentes, como nesta pesquisa, torna-se impossível prever o
comportamento do método e sua variabilidade.
5. CONCLUSÃO
índice de resistência à penetração (𝑁𝑠𝑝𝑡 ). Notou-se que a tensão obtida cresce à medida que o
𝑁𝑠𝑝𝑡 aumenta, no entanto, não se tornou possível determinar uma faixa ideal de valores de 𝑁𝑠𝑝𝑡
para recomendação de emprego da correlação, uma vez que para valores semelhantes,
obtiveram-se erros percentuais de magnitudes diferentes.
6. REFERÊNCIAS