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Anotações Sobre A Parte Geral
Anotações Sobre A Parte Geral
ANULABILIDADE
manifestação de vontade (a vontade não declarada é
irrelevante p/ o direito), que para que produza seus efeitos
depende de uma série de pressupostos (espontaneidade,
perfeição...). Ainda estamos analisando aspectos de
capacidade e legitimação do agente.
a) Falta de assentimento de outrem - assistencial / resguardativo
b) Defeitos do negócio jurídico - erro / dolo / coação / fraude
- Quando o agente é absolutamente incapaz, sua declaração de
contra credores / estado de perigo / lesão - arts. 138/165 do
vontade não está apta para constituir um elemento nuclear do
CCB
suporte fático; quanto a declaração de vontade de um
c) Anulabilidade por imposição legal - art. 550 CCB; art. 45, CCB
relativamente incapaz, ela não é suficiente para que o negócio
jurídico seja considerado completamente válido - ela necessita
Continuação das anotações - 2º caderno geral
da declaração de vontade de outra pessoa, seu assistente, e
esta não substituí a vontade do relativamente incapaz, ela qualquer outra pessoa que tenha por disposição legal ou
complementa - logo ela é elemento complementar do suporte contratual a atribuição de promover esse assentimento,
fático (falta atua no campo da validade). Sem o assistente o manifestar essa concordância). O ato existe mesmo sem o
ato será invalido (mas em menor gravidade do que no caso do assentimento, mas é inválido (em um grau menos ofensivo a
absolutamente incapaz - um caso de nulidade) e frente a isso ordem jurídica).
estamos em uma hipótese de anulabilidade.
- Então, agente relativamente incapaz sem declaração de - O segundo grupo se concentra no que é denominado de
vontade do assistente gera uma situação de anulabilidade (art. defeitos do negócio jurídico - Art. 138 até o Art. 165. São 6
171 do CCB). Esse é o caso Assistencial. casos: erro, dolo, coação, fraude contra credores, estado de
- Esta não é a única situação em que a declaração de vontade perigo e lesão. No Código antigo as hipóteses eram 5
precise de outras manifestações de vontade para ser válida: (incluíndo a simulação, que agora é caso de nulibilidade).
art. 1647 do CCB diz que: “ressalvado o (...) nenhum dos Todos esses casos estão relacionados com a ausência de
conjugues pode, sem o consentimento do outro, (um monte de perfeição da declaração de vontade (já que a ausência da
coisa). Ou seja, para um ato ser válido precisa da declaração acarretaria na inexistência do negócio jurídico).
concordância do outro conjugue (elemento complementar do
suporte fático). Não é caso de incapacidade (conjugue não é - Erro (ou ignorância): há erro quando se constata uma noção
relativamente incapaz em relação ao outro). Esse é o caso de inexata sobre pessoa ou objeto de quem declara a vontade. Eu
assentimento resguardativo. Há outros casos na lei que há declaro a vontade de comprar o livro “x” em relação a alguma
esse tipo de dependência (pode ser inclusive, o assentimento pessoa - entretanto, eu posso estar errado: posso pensar que
do juiz, ou nos casos de necessidade de aprovação do estou me dirigindo a o livro “x” mas me dirijo a outro objeto, o
conselho). mesmo vale para a pessoa. Nem toda noção inexata é causa
- Resumindo: primeira hipótese de anulabilidade - ausência de de anulabilidade, somente quando houverem erros
assentimento de outrem (que pode ser o assistente, ou substanciais, reconhecíveis e real. Substancial é quando o erro
é sobre qualidades substanciais do objeto ou da pessoa erro em relação ao conjugue). O prazo para pedir a anulação é
(compro um bem que eu acredito que tenha determinadas de 4 anos a partir do dia que se realizou o negócio.
qualidades e na realidade o bem não serve) e deve ser um erro
que outra pessoa praticaria em condições de dirigência normal - Dolo: o erro é uma noção inexata que o sujeito (que declara a
(não posso esperar de cada um dos agentes que declaram a vontade) pratica por si só. No dolo é uma espécie de “erro
vontade que sejam um expert) - esse erro é desculpável, provocado, induzido”, pois o dolo envolve a existência de um
tolerável. O direito não deve ser um instrumento dos panacas, artifício, alguem gera elementos que me induzem a uma
que poderiam anular qualquer negócio. E um terceiro aspecto declaração de vontade que não existiria sem esses
é que ele seja real, se houve um esclarecimento prévio do erro, mecânismos. Há sempre um agente doloso, o responsável
e se a pessoa ainda assim continuou, já não é mais erro. pelo dolo, que pode ser aquele para quem declaro a vontade
Falamos de pessoa, pois a característica da pessoa é (ex: vendedor desonesto) ou um terceiro que é diferente do
relevante. O motivo (causa subjetiva), via de regra, não tem que se beneficia da declaração de vontade. São anuláveis por
relevância p/ o direito, mas pode ter (como motivo ilícito, que dolo quando este for sua causa. Dolo substancial ou essencial
causa nulidade, ou falso - declaro que quero comprar a casa é de tamanha relevância que sem ele não haveria declaração
para morar e depois resolvo alugar - isso pode ser causa de de vontade. Dolo acidental é quando outro esquema também
invalidação se for razão determinante do negócio, ou seja, teria induzido a declaração de vontade, ou seja, o negócio iria
expresso no negócio). Se for erro de cálculo (op. matemáticas), ocorrer de qualquer jeito - e este não viabiliza da invalidade do
não é anulável, mas é passível de retificação. O erro não negócio, só pedidos de compensação por danos causados
prejudica a validade do negócio jurídico quando o destinatário pelo dolo. Dolo também se dá por omissão de um dado
da declaração de vontade “conserta o erro”. A teoria de erro é (incluindo o silêncio intencional) por parte de um dos agentes.
base para uma série de outros institutos do direito, Tudo isso deve ser provado, e quem tem o ônus da prova é
extrapolando os negócios jurídicos (“teoria do pagamento” do quem alega. No caso de dolo por terceiros, se o vendedor sabe
direito das obrigações, ou da anulação do casamento por um do esquema, então, provado o dolo, o negócio será invalidado
e ambos respondem solidariamente. Se o beneficiário não ser a sua pessoa, a sua família ou aos seus bens (em
tivesse como saber ou não sabe do vício do negócio, nesse terceiros, cabe ao juiz determinar se houve ou não dolo).
caso o negócio não é invalidado, mas se tem uma pretensão Exercício regular do direito não é coação (ameaça de
indenizatória em relação ao terceiro, que deverá responder por processo), também não é coação o temor reverencial (por
todos os danos causados aquele a quem foi prejudicado. membros da família ou da comunidade, por exemplo, a ação
- Desconstituir o negócio é mais seguro que entrar com uma do patriarca ou do padre), mas hoje ninguém tem mais temor
ação de indenização por quem causou o dolo. de nada. Coação também pode ser exercida por terceiros, e a
- No direito penal, dolo é a busca intencional de um resultado - solução é idêntica do caso do dolo (no antigo Código de 16
toda figura penal é dolosa (algumas também são culposas). A não era assim, havia invalidade sempre).
intenção é o que une o dolo do dir. penal do dir. civil.
- Estado de Perigo e Lesão: há uma semelhança entre esses
- Coação: situação que atinge a espontaneidade a liberdade da institutos, e em ambos os casos, envolvem uma participação
vontade. Se alguém pratica sua vontade sobre coação importante da atividade judicial. Num ou noutro caso, em
(situação de ameaça a vida ou a integridade física sua ou de grande medida que decide se há ou não é o juiz, já que este
outras pessoas), essa situação gera uma vontade imperfeita, e ganha maior liberdade.
o ato pode ser invalidado. Vis Absoluta (violência absoluta)
onde não há vontade (alguém com um revólver na nuca, por - Estado de Perigo: quando alguém, com o objetivo de salvar a
exemplo) e portanto há inexistência e a Vis Relativa (violência si ou a outro de sua família, assume, por exemplo, uma dívida
relativa) onde há ameaças (assine ou coisas ruins acontecerão extraordinária. Salvar o patrimônio não conta. Essa situação de
contigo). O professor não acredita na divisão, pois em ambos perigo deve ser conhecida pelo prestador de serviço, por
há declaração de vontade (imperfeita), mas há. Essa coação exemplo. Portanto, há elemento oneroso e outro subjetivo. Um
tenta evitar os paranóicos, através da aceitação dos “temores exemplo dado a doutrina é o caso do filho se afogando e o pai
fundados”, de danos iminentes e consideráveis e o dano deve
aluga o bote mesmo quando o dono do bote cobra um valor créditos) por devedor insolvente, ainda que o devedor ignore
absurdamente alto se aproveitando do caso. isso (intenção irrelevante). Esta é uma presunção absoluta.
Esses esquemas podem ser anulados pelos credores. Serão
- Lesão: se dá quando uma pessoa, em premente necessidade igualmente anuláveis os contratos onerosos do credor
ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestadamente insolvente: quando a insolvência for notória (mais dívidas que
desproporcional ao valor da prestação oposta. Este instituto patrimônio), nesse caso, quando os contratos são onerosos, eu
deve ser visto como complementar ao instituto de revisão dos terei que demonstrar que aquele para quem eu supostamente
contratos por prestação proporcional. Há a possibilidade de, transferi patrimônio tinha conhecimento da fraude (consilium
mesmo com a desproporção, não houver possibilidade a fraudis: acordo para fraude). No caso de transmissão gratuíta,
anulação - isso quando há a possibilidade de superação da isso é presumido; se a transmissão for onerosa, a possibilidade
desproporção. Quando há “manifesta desproporção”? Depende de quem adquiri não saiba sobre isso é levado em conta, e a
da avaliação judicial. Lembrando que há algumas relações no anulação não ocorrerá, e, portanto, azar dos credores. A prova
mercado que são naturalmente desproporcionais, ainda mais deve ser feita pelos credores, que deverão provar que os
em um sistema capitalista. endividamentos eram conhecidos; e isso é muito difícil de
provar, pois neste caso os devedores tomam cuidados
- Fraude contra Credores: quando alguém tem dívidas, deve necessários. Há alguns atos de transmissão patrimonial que
responder com seu patrimônio, ou seja, sem o pagamento das fazem parte da rotina do devedor, e, portanto, não constituí
dívidas, o credor pode buscar o valor no patrimônio do numa fraude: por exemplo, num caso de um vendedor de
endividado. Entretanto, o devedor pode pensar em “esquemas” legumes, que vende legumes para sobreviver e precisa vender.
maliciosos para frustrar os credores, como fazer “desaparecer” - Vocabulário: Permitir (perdoar) -> Remissão Remir (forma de
o patrimônio. A fraude contra credores ocorre com: transmissão pagar) -> Remição Credores Quirografários são credores sem
gratuíta de bens e remissão dos credores (com o objetivo de garantias Hipoteca -> Bens Imóveis Penhor -> Bens Móveis
acabar com o patrimônio se desfazendo dos bens e dos
Penhora -> (...) Anticrese -> previsto no CCB, Art. 1506 até o
1510
a) Desconstituição:
- Eficácia ex tunc: eficácia retroativa Anulabilidade: precisa de requerimento de alguém legitimado a
- Eficácia ex nunc (Excepcional) invocar a anulabilidade. E ela só se declara a partir de uma
b) Convalidação decisão judicial. É frequente a “eficácia ex nunc”.
Extinção da Invalidade
c) Sanação
Eficácia ex tunc: eficácia retroativa, ou seja, se retira todos os
d) Conversão - art. 170 CCB efeitos do negócio inválido, pois o que ingressa erroneamente
no mundo jurídico deve ser eliminado.
Forma e Prova dos Negócios Jurídicos
(arts. 2121/232, CCB; arts. 332/443, CPC)
Agora, há casos que se preservam certas consequências: como
#) Confissão um casamento nulo, mas que deixou efeitos em termos de
- O tempo afeta as relações jurídicas, e isso ocorre pois o - O exercício dos direitos potestativos pode depender apenas da
direito, na sua dimensão sociológica, tem como propósito de declaração do titular ou pode depender de uma ação além da
regulação / pacificação social, forma civilizada de resolução de declaração (e isso ocorre quando há resistência de algum
conflito; e esse propósito de regular a vida social faz com que o titular / ação é supletiva). Por fim, há outros que só cumpridos
direito tenha como foco principal a idéia básica da justiça; em juízo (somente com ação judicial)
entretanto também devemos ter segurança e estabilidade da - Frente a direitos de uma prestação e frente a necessidade de
relação jurídica - e que essas produzam efeitos dentro de um propor uma ação, a ação se torna condenatória (alguém será
prazo razoável. Se as relações não chegam a seus objetivos, condenado a me prestar). Nos direitos potestativos, se eu
isso cria uma instabilidade, um dessosego social - por isso a precisar de uma ação, elas ganham natureza constitutiva
ordem jurídica, em alguns casos, finalizar o tema para afastar a (constitutiva de direito - criar, modificar ou extinguir direito).
- Alguns direitos (como o da personalidade), não são afetados sem constituir nada
pelo tempo; enquanto outros (direito à herança), são afetadas. - Nos casos de direito de prestação, o que causa intranquilidade
- Do ponto de vista prático, recentemente a prescrição e a social é a possibilidade do credor de poder exigir. Enquanto
decadência perderam suas grandes diferenças. A diferenciação isso não é feito, temos algo em aberto. Estabelecer um prazo
está nos efeitos. para propor a ação serve para evitar tempos longos de
- Os direitos subjetivos (incoporados ao patrimônio) são de duas instabilidade. Se submetem a prazos prescricionais (não se
naturezas: à uma prestação (titular pode pretender de outros) extingue o direito); se eu quiser indenizar os danos de um
ou os potestativos (formativos geradores; direito que o titular acidente de carro após 15 anos, posso fazer
tenha que interferir na esfera do outro sem ganhos mas com - Já nos casos de direitos potestativos, para acabar com a
instabilidade é necessário acabar com o próprio direito.
Assinala-se um prazo para a ação e, após o prazo, extingue-se - Com a curiosa lei 11.280/06, revogou o Art. 194 do CCB,
o direito introduziu no código de Processo Civil um parágrafo no Art.
- Esta é a distinção entre prescrição (direito de ação) e 219, permitindo que o juiz decrete a prescrição (todo tipo) em
decadência (direito) ofício, sem necessidade de declaração das partes, o que era
- Ações condenatórias sempre corresponderão a prazos exclusivo da decadência estabelecida em lei (o que é
prescricionais incoerente, pois a decadência decretada por cláusula de
- Ações constituívas podem ou não ter prazos decadenciais, se contrato deve ser declarada pela parte)
tiver, esgotado o prazo, perco o direito (exemplo: convalidação - A prescrição ordinária é de 10 anos, e é válida se nada for dito
de um negócio feito sobre coação depois de passado o tempo em lei
determinado em lei) - Ações anulatórias é de 2 a 4 anos
- Quando a lei não diz o prazo, precisamos descobrir (exemplo: - Há causas que suspendem ou impedem a prescrição (Art. 197,
Art. 441, sobre vícios ocultos em um objeto quando o contrato 198, 199) - as causas de caráter objetivo e de caráter subjetivo
envolve a transferência desse bem - isso autoriza o comprador unilaterais, a doutrina diz que elas também se aplicam à
a exercer duas pretensões diferentes: pode enjeitar a coisa, ou decadência (mesmo que esses, teoricamente, não se
seja, devolver; ou pode reclamar abatimento do preço - para interrompem)
essas duas ações, tem prazo, no caso, de 30 dias para móveis - Exemplo: ocorre um acidente, as partes se casam, o prazo é
e 1 ano de imóveis; entretanto, uma delas é condenatória) suspenso; quando o casal se separa, o prazo recomeça - mas
- Os prazos prescricionais podem ser suspensos ou essa interrupção só pode ocorrer uma vez
interrompidos - Podemos renunciar a prescrição, mas não a decadência
- Como a prescrição atinge somente a pretenção, verificada a
prescrição, nem por isso o direito deixa de existir - a dívida não
deixa de existir, o que cessa é o direito de cobrar
- Em decadêcia, essas coisas não existem
Atos Ilícitos
(Arts. 186, 187 e 188 do CCB) Outro equívoco frequente é de dizer que toda situação de
- Ilicitude Subjetiva e Objetiva indenizabilidade são raízes de ilicitude, pois é possível criar
- Ilicitude e a obrigação de indenizar (Art. 927, CCB) indenização para atos lícitos. Isso mostra que, apesar da
- Excludentes
indenização e da ilicitude estarem quase sempre juntas, nem
sempre isso será verdadeiro. Observe, há Resp. Civíl sem
As relações jurídicas não são estruturadas somente em
ilicitude, e há ilicitude sem Resp. Civil (strito sensu).
conformidade com o direito - há as que se dão onde o elemento
nuclear é a contrariedade à lei.
Agora, a distinção entre ilicitude Subjetiva e Objetiva.
Ato Ilícito é onde, no suporte fático, há a contrariedade à lei.