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Nicolas Guardia

- Nulidade deve ser reconhecida por qualquer pessoa, não


Assuntos da Prova de Parte Geral do Direito Civil
somente pelas partes interessadas. Maior espectro de
1 - Validade dos Negócios Jurídicos [pressupostos de validade] intervenção.
2 - Graus de Invalidade [Anulabilidade / Nulidade]
3 - Extinção da Invalidade [Sanação / Convalidação / Conversão] - Anulabilidade só pode ser reconhecidada por manifestação
4 - Forma e Prova dos Negócios Jurídicos
5 - Modalidade dos Negócios Jurídicos [Condição / Termo / Encargo] judicial; a Nulidade pode ser reconhecida por qualquer um, até
6 - Prescrição e Decadência por um funcionário da administração.
7 - Ato Ilícito
- Proxima aula: eficácia da Nulidade e Anulabilidade
ANOTAÇÕES DAS AULAS DE PARTE GERAL - Aula passada: Nulidade (caderno)

- Há três grupos de Anulabilidade: o primeiro está relacionado à

ANULABILIDADE
manifestação de vontade (a vontade não declarada é
irrelevante p/ o direito), que para que produza seus efeitos
depende de uma série de pressupostos (espontaneidade,
perfeição...). Ainda estamos analisando aspectos de
capacidade e legitimação do agente.
a) Falta de assentimento de outrem - assistencial / resguardativo
b) Defeitos do negócio jurídico - erro / dolo / coação / fraude
- Quando o agente é absolutamente incapaz, sua declaração de
contra credores / estado de perigo / lesão - arts. 138/165 do
vontade não está apta para constituir um elemento nuclear do
CCB
suporte fático; quanto a declaração de vontade de um
c) Anulabilidade por imposição legal - art. 550 CCB; art. 45, CCB
relativamente incapaz, ela não é suficiente para que o negócio
jurídico seja considerado completamente válido - ela necessita
Continuação das anotações - 2º caderno geral
da declaração de vontade de outra pessoa, seu assistente, e
esta não substituí a vontade do relativamente incapaz, ela qualquer outra pessoa que tenha por disposição legal ou
complementa - logo ela é elemento complementar do suporte contratual a atribuição de promover esse assentimento,
fático (falta atua no campo da validade). Sem o assistente o manifestar essa concordância). O ato existe mesmo sem o
ato será invalido (mas em menor gravidade do que no caso do assentimento, mas é inválido (em um grau menos ofensivo a
absolutamente incapaz - um caso de nulidade) e frente a isso ordem jurídica).
estamos em uma hipótese de anulabilidade.
- Então, agente relativamente incapaz sem declaração de - O segundo grupo se concentra no que é denominado de
vontade do assistente gera uma situação de anulabilidade (art. defeitos do negócio jurídico - Art. 138 até o Art. 165. São 6
171 do CCB). Esse é o caso Assistencial. casos: erro, dolo, coação, fraude contra credores, estado de
- Esta não é a única situação em que a declaração de vontade perigo e lesão. No Código antigo as hipóteses eram 5
precise de outras manifestações de vontade para ser válida: (incluíndo a simulação, que agora é caso de nulibilidade).
art. 1647 do CCB diz que: “ressalvado o (...) nenhum dos Todos esses casos estão relacionados com a ausência de
conjugues pode, sem o consentimento do outro, (um monte de perfeição da declaração de vontade (já que a ausência da
coisa). Ou seja, para um ato ser válido precisa da declaração acarretaria na inexistência do negócio jurídico).
concordância do outro conjugue (elemento complementar do
suporte fático). Não é caso de incapacidade (conjugue não é - Erro (ou ignorância): há erro quando se constata uma noção
relativamente incapaz em relação ao outro). Esse é o caso de inexata sobre pessoa ou objeto de quem declara a vontade. Eu
assentimento resguardativo. Há outros casos na lei que há declaro a vontade de comprar o livro “x” em relação a alguma
esse tipo de dependência (pode ser inclusive, o assentimento pessoa - entretanto, eu posso estar errado: posso pensar que
do juiz, ou nos casos de necessidade de aprovação do estou me dirigindo a o livro “x” mas me dirijo a outro objeto, o
conselho). mesmo vale para a pessoa. Nem toda noção inexata é causa
- Resumindo: primeira hipótese de anulabilidade - ausência de de anulabilidade, somente quando houverem erros
assentimento de outrem (que pode ser o assistente, ou substanciais, reconhecíveis e real. Substancial é quando o erro
é sobre qualidades substanciais do objeto ou da pessoa erro em relação ao conjugue). O prazo para pedir a anulação é
(compro um bem que eu acredito que tenha determinadas de 4 anos a partir do dia que se realizou o negócio.
qualidades e na realidade o bem não serve) e deve ser um erro
que outra pessoa praticaria em condições de dirigência normal - Dolo: o erro é uma noção inexata que o sujeito (que declara a
(não posso esperar de cada um dos agentes que declaram a vontade) pratica por si só. No dolo é uma espécie de “erro
vontade que sejam um expert) - esse erro é desculpável, provocado, induzido”, pois o dolo envolve a existência de um
tolerável. O direito não deve ser um instrumento dos panacas, artifício, alguem gera elementos que me induzem a uma
que poderiam anular qualquer negócio. E um terceiro aspecto declaração de vontade que não existiria sem esses
é que ele seja real, se houve um esclarecimento prévio do erro, mecânismos. Há sempre um agente doloso, o responsável
e se a pessoa ainda assim continuou, já não é mais erro. pelo dolo, que pode ser aquele para quem declaro a vontade
Falamos de pessoa, pois a característica da pessoa é (ex: vendedor desonesto) ou um terceiro que é diferente do
relevante. O motivo (causa subjetiva), via de regra, não tem que se beneficia da declaração de vontade. São anuláveis por
relevância p/ o direito, mas pode ter (como motivo ilícito, que dolo quando este for sua causa. Dolo substancial ou essencial
causa nulidade, ou falso - declaro que quero comprar a casa é de tamanha relevância que sem ele não haveria declaração
para morar e depois resolvo alugar - isso pode ser causa de de vontade. Dolo acidental é quando outro esquema também
invalidação se for razão determinante do negócio, ou seja, teria induzido a declaração de vontade, ou seja, o negócio iria
expresso no negócio). Se for erro de cálculo (op. matemáticas), ocorrer de qualquer jeito - e este não viabiliza da invalidade do
não é anulável, mas é passível de retificação. O erro não negócio, só pedidos de compensação por danos causados
prejudica a validade do negócio jurídico quando o destinatário pelo dolo. Dolo também se dá por omissão de um dado
da declaração de vontade “conserta o erro”. A teoria de erro é (incluindo o silêncio intencional) por parte de um dos agentes.
base para uma série de outros institutos do direito, Tudo isso deve ser provado, e quem tem o ônus da prova é
extrapolando os negócios jurídicos (“teoria do pagamento” do quem alega. No caso de dolo por terceiros, se o vendedor sabe
direito das obrigações, ou da anulação do casamento por um do esquema, então, provado o dolo, o negócio será invalidado
e ambos respondem solidariamente. Se o beneficiário não ser a sua pessoa, a sua família ou aos seus bens (em
tivesse como saber ou não sabe do vício do negócio, nesse terceiros, cabe ao juiz determinar se houve ou não dolo).
caso o negócio não é invalidado, mas se tem uma pretensão Exercício regular do direito não é coação (ameaça de
indenizatória em relação ao terceiro, que deverá responder por processo), também não é coação o temor reverencial (por
todos os danos causados aquele a quem foi prejudicado. membros da família ou da comunidade, por exemplo, a ação
- Desconstituir o negócio é mais seguro que entrar com uma do patriarca ou do padre), mas hoje ninguém tem mais temor
ação de indenização por quem causou o dolo. de nada. Coação também pode ser exercida por terceiros, e a
- No direito penal, dolo é a busca intencional de um resultado - solução é idêntica do caso do dolo (no antigo Código de 16
toda figura penal é dolosa (algumas também são culposas). A não era assim, havia invalidade sempre).
intenção é o que une o dolo do dir. penal do dir. civil.
- Estado de Perigo e Lesão: há uma semelhança entre esses
- Coação: situação que atinge a espontaneidade a liberdade da institutos, e em ambos os casos, envolvem uma participação
vontade. Se alguém pratica sua vontade sobre coação importante da atividade judicial. Num ou noutro caso, em
(situação de ameaça a vida ou a integridade física sua ou de grande medida que decide se há ou não é o juiz, já que este
outras pessoas), essa situação gera uma vontade imperfeita, e ganha maior liberdade.
o ato pode ser invalidado. Vis Absoluta (violência absoluta)
onde não há vontade (alguém com um revólver na nuca, por - Estado de Perigo: quando alguém, com o objetivo de salvar a
exemplo) e portanto há inexistência e a Vis Relativa (violência si ou a outro de sua família, assume, por exemplo, uma dívida
relativa) onde há ameaças (assine ou coisas ruins acontecerão extraordinária. Salvar o patrimônio não conta. Essa situação de
contigo). O professor não acredita na divisão, pois em ambos perigo deve ser conhecida pelo prestador de serviço, por
há declaração de vontade (imperfeita), mas há. Essa coação exemplo. Portanto, há elemento oneroso e outro subjetivo. Um
tenta evitar os paranóicos, através da aceitação dos “temores exemplo dado a doutrina é o caso do filho se afogando e o pai
fundados”, de danos iminentes e consideráveis e o dano deve
aluga o bote mesmo quando o dono do bote cobra um valor créditos) por devedor insolvente, ainda que o devedor ignore
absurdamente alto se aproveitando do caso. isso (intenção irrelevante). Esta é uma presunção absoluta.
Esses esquemas podem ser anulados pelos credores. Serão
- Lesão: se dá quando uma pessoa, em premente necessidade igualmente anuláveis os contratos onerosos do credor
ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestadamente insolvente: quando a insolvência for notória (mais dívidas que
desproporcional ao valor da prestação oposta. Este instituto patrimônio), nesse caso, quando os contratos são onerosos, eu
deve ser visto como complementar ao instituto de revisão dos terei que demonstrar que aquele para quem eu supostamente
contratos por prestação proporcional. Há a possibilidade de, transferi patrimônio tinha conhecimento da fraude (consilium
mesmo com a desproporção, não houver possibilidade a fraudis: acordo para fraude). No caso de transmissão gratuíta,
anulação - isso quando há a possibilidade de superação da isso é presumido; se a transmissão for onerosa, a possibilidade
desproporção. Quando há “manifesta desproporção”? Depende de quem adquiri não saiba sobre isso é levado em conta, e a
da avaliação judicial. Lembrando que há algumas relações no anulação não ocorrerá, e, portanto, azar dos credores. A prova
mercado que são naturalmente desproporcionais, ainda mais deve ser feita pelos credores, que deverão provar que os
em um sistema capitalista. endividamentos eram conhecidos; e isso é muito difícil de
provar, pois neste caso os devedores tomam cuidados
- Fraude contra Credores: quando alguém tem dívidas, deve necessários. Há alguns atos de transmissão patrimonial que
responder com seu patrimônio, ou seja, sem o pagamento das fazem parte da rotina do devedor, e, portanto, não constituí
dívidas, o credor pode buscar o valor no patrimônio do numa fraude: por exemplo, num caso de um vendedor de
endividado. Entretanto, o devedor pode pensar em “esquemas” legumes, que vende legumes para sobreviver e precisa vender.
maliciosos para frustrar os credores, como fazer “desaparecer” - Vocabulário: Permitir (perdoar) -> Remissão Remir (forma de
o patrimônio. A fraude contra credores ocorre com: transmissão pagar) -> Remição Credores Quirografários são credores sem
gratuíta de bens e remissão dos credores (com o objetivo de garantias Hipoteca -> Bens Imóveis Penhor -> Bens Móveis
acabar com o patrimônio se desfazendo dos bens e dos
Penhora -> (...) Anticrese -> previsto no CCB, Art. 1506 até o
1510

- Os casos acima se relacioanam à imperfeição de vontade, e


podem ser anulados no prazo de 4 anos, e no caso da coação,
a partir do dia do fim da coação. Passados os 4 anos, há a
convalidação.

- Além dos casos do citados acima, há ainda alguns casos


pontuais na legislação que o negócio é anulável por que a lei
diz que é. Como exemplo, o caso do Art. 45 do CCB, e do Art.
550 também do CCB.
Consequências da Invalidade uma obrigação de servidor, juiz, etc. É frequente a “eficácia ex
tunc”.

a) Desconstituição:
- Eficácia ex tunc: eficácia retroativa Anulabilidade: precisa de requerimento de alguém legitimado a
- Eficácia ex nunc (Excepcional) invocar a anulabilidade. E ela só se declara a partir de uma
b) Convalidação decisão judicial. É frequente a “eficácia ex nunc”.
Extinção da Invalidade
c) Sanação
Eficácia ex tunc: eficácia retroativa, ou seja, se retira todos os
d) Conversão - art. 170 CCB efeitos do negócio inválido, pois o que ingressa erroneamente
no mundo jurídico deve ser eliminado.
Forma e Prova dos Negócios Jurídicos
(arts. 2121/232, CCB; arts. 332/443, CPC)
Agora, há casos que se preservam certas consequências: como
#) Confissão um casamento nulo, mas que deixou efeitos em termos de

#) Documentos fornecimento de alimentos. É mais razoável anular do momento


da decisão para a frente, é a “eficácia ex nunc”, que é uma
#) Testemunhas
exceção, entretanto, ocorre.
#) Presunções

#) Perícias Há situações em que a invalidade é extinta. Ou seja, temos uma


negação da negação, que gera uma afirmação. É, então,
possível validar o negócio. Em que casos ocorrem a extinção da
Aula 7
invalidade?
Nulidade: desconstituição do negócio jurídico pode ser realizada
por qualquer interveniente e pode ser feito em ofício, e isso é
-> Convalidação: A passagem do tempo (e apenas isso) se invalidade, é um ato de confirmação, o negócio é mantido e não
encarrega de impedir a invalidação. Isso só ocorre em relação mudado.
aos negócios anuláveis, pois o art. 169 diz que o negócio
jurídico nulo não é passível e convalidação, é nulo para sempre -> Conversão: Somente se aplica aos negócios nulos (art. 170:
(no tempo). Os atos anuláveis (anulados por decisão judicial, ou Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos,
seja, através de uma ação), exigem prazos variáveis. Passado subsistirá este quando o fim que visavamas partes permitir
esse prazo, o ato inválido torna-se válido, já que a ação não supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade).
pode ser mais proposta, pois o direito de invalidar é extinto com Se os elementos contidos no negócio nulo permitirem a
o tempo (decadência; passagem do tempo extinguindo o próprio realização de outro negócio; mesmo que o negócio nulo não
direito, e não só a pretensão). seja válido, posso ter outro negócio, com menor impacto,
validado. Por exemplo, uma escritura feita por meios
-> Sanação: É instituto que somente se aplica aos negócios particulares, feitas com total consentimento das partes, não será
anuláveis; os negócios nulos não são passíveis de anulação registrada num cartório pois o negócio é nulo (escrituras devem
(art. 169). Sanar, remediar, tornar são, implica em trazer para o ser públicas); mas pode ser que as partes tenham feito uma
negócio aquilo que estava faltando, e que era responsável pela promessa de venda (feita no passado com uma promessa de no
hipótese de anulabilidade. Os casos mais comuns são a futuro fazer uma escritura de compra e venda); e essa
ausência de assentimento de outrem, ou seja, a manifestação promessa-negócio pode ser feita por um escrito particular.
de vontade de outra pessoa além da que pratica o negócio Então, essa escritura inválida contém em si uma promessa de
(negócios de incapazes que dependem da autorização do venda, além da venda em si; portanto, é possível converter a
guardião ou a concordância do conjuge). Se esse assentimento, venda inválida em uma promessa de venda, que é menos que a
essa confirmação é trazida para o negócio, o ato se torna são. proposta inicial. Isso não cria uma nova manifestação de
Agora, a única pessoa que era legítima para a invalidação some, vontade, nem é uma situação de convalidação, é uma terceira
e o ato torna-se válido. O contrato não muda, só perde a sua espécie, que não ocorre em todos os caso (só é possível
quando for possível extrair da declaração de vontade um outro escritura pública para transferência de imóveis. E isso repercute
negócio que se supõem que as partes teriam admitido se não no plano da validade (mas há casos, raros, em que a forma
houvesse a ausência do elemento que compromete a validade). repercute no plano da existência ou no plano da eficácia/prova).
Outro exemplo é um contrato de depósito que exige a forma A forma pode ser, nos negócios jurídicos, irrelevante, ou ser
escrita; mas há controvérsia das partes não é possível afirmar a elemento complementar do suporte fático atingindo o plano da
existência do depósito já que não há a parte escrita; mas pode- validade. As consequências da inobservância da forma variam.
se supor o comodato, e o problema da forma escrita do depósito Quando a forma é da essência do negócio, sua inobservância
é substituido. Materialmente é um negócio diferente. Há uma traz a invalidade (art. 166, IV para solenidade formal - escritura
outra, a chamada conversão formal, quando o negócio particular para transf. de imóveis, e o V para solenidade
permanece o mesmo, só muda a forma, mas não é substancial - office boy assinando escritura pública).
propriamente o caso do art. 170 do CCB (que, aliás, é novidade Como forma e prova se conectam? Elas não expressam a
no código, mas antigo na doutrina). mesma situação. A prova se faz necessária quando preciso
trazer para o presente algo ocorrido no passado; envolve
Agora vamos falar de forma e prova dos negócios jurídicos. demonstrar, trazer evidências que possam ser aceitas
objetivamente sobre um fato que já aconteceu, e é evidente que
Todo negócio jurídico tem forma, pois ela é a maneira que a o meio, a técnica está relacionado à forma que foi utilizada para
manifestação de vontade se exterioriza (e essa é a que a prática desse mesmo ato. Se a forma foi a escrita, o meio de
interessa o direito; o elem. nuclear do suporte fático é a prova é a exibição do documento; em forma verbal, a prova será
declaração de vontade): pode ser falada, pode ser escrita, pode por testemunhas; ou seja, a forma define o meio adequado de
nem ser expressa (o silêncio como não vontade, ou, prova - daí o fato de, quando se estuda a forma, se estuda a
excepcionalmente, como declaração, no caso do art. 111); as prova - e quando se fala de prova, da maneira da qual se obtem
vezes o direito exige uma determinada forma, mesmo que temos conhecimento do negócio jurídico a terceiros, nos podemos
a liberdade de forma garantida - e um exemplo é a exigência de entende-la do ponto de vista dos elementos materiais ou do
ponto de vista dos elementos processuais - e isso explica a Paulo, preciso de uma gravação com Paulo confirmando); e
existência de artigos sobre provas no CCB e mais de 100 artigos terceiro, deve ser contundente, ou seja, conduzar, indique aquilo
no CPC, e não há redundância nisso. O direito material define que deve ser provado. Por exemplo: Paulo viajou para São
os meios de prova; no direito processual se estuda como os Paulo, portanto não podia assinar o documento - isso não
meios de prova do direito material serão recebidos pelo juiz; ou significa que estava incapacitado para assinar o contrato; logo,
seja, são aspectos complementares. sozinho, esse argumento não constituí uma prova contundente.
No nosso sistema jurídico, a valoração da prova não obedece
Há 5 meios de prova - há uma discussão sobre se essa lista é um critério pré-estabelecido, pois obedecemos o princípio da
exaustiva, mas a doutrina reconhece que não. Há algumas livre convicção do juiz (o juiz não precisa dar mais importância
regras sobre prova; para ser eficaz, para produzir o efeito que se para uma prova em detrimento da outra, que define os pesos é o
pretende produzir, ela deve ser uma prova admitida. Se costuma juiz: por exemplo, entre um documento comprovando a posição
dizer que em princípio os fatos podem ser provados pelos mais A e uma testemunha afirmando a posição B, quem estabelece
diferentes meios, mas nem toda a prova é admissível (por qual a melhor prova é o juiz). A valoração da prova, portanto, é
exemplo, prova obtida por meios ilícitos, é a chamada feita no caso concreto e pelo juiz.
contaminação da prova); segundo, ela deve ser pertinente (a Costuma-se dizer que a prova testemunhal é a mais fraca das
idéia é de que, para provar um fato, o meio de prova deve estar provas, e na prática é verdade; ninguém desconsiderará um
ligado ao fato, imaginemos a gravação de uma conversa de documento ou uma perícia frente a um depoimento de uma
telefone autorizada; João e José conversam e dizem que paulo testemunha, ou mesmo de várias testemunhas, mas caso os
se comprometeu a uma determinada conduta; a conversa de depoimentos forem convincentes, pode-se por em dúvidas os
João e José, sozinha, não é pertinente para provar o documentos. Agora, também é verdade que há uma técnica
compromisso de Paulo. Agora, se vier outros elementos que entre os operadores do direito que ajuda a evitar mentirosos no
possam provar esse compromisso, talvez seja possível usar a grupo das testemunhas, por isso os depoimentos não perdem
gravação como prova, mas para vincular essa declaração ao completamente sua importância.
O que o código diz sobre cada meio de prova? é resultante de uma disposição legal. Fora disso, não há
confissão, e a pessoa não pode nem ser convocada para a
-> Confissão: reconhecimento do direito de outra parte (em confissão.
matéria cível); uma pessoa entra em ação contra mim por causa
de uma dívida, e o réu assume os fatos alegados pela outra -> Documentos: Há os públicos e os particulares. Há regras
parte. Pode haver confissão da matéria de fato (isso realmente para os documentos públicos (art. 15) e há uma regra sobre o
ocorreu), mas discordância no enquadramento jurídico dos valor probatório das certidões (documento fornecido por uma
fatos: A e B acham que o fato é Z, mas A acha que Z leva a Y e autoridade que tem o poder de certificar), mas certidões e as
B acha que Z leva a X. O ato de confissão é um ato de pessoas que podem certificar são as mais variadas. Na
disposição, e só podem ser praticados por quem tem faculdade, podemos certificar através da secretaria certas
capacidade e legitimação para isso, é o que diz o art. 213. Diz o situações da faculdade. Essas certidões fazem a mesma prova
artigo 214 que a confissão é irrevogável, ou seja, não se volta que os originais; assim como os translados ou traduções feitas
atrás; entretanto, há a possibilidade de invalidação (por erro, pelos tabeliães. A veracidade do conteúdo do documento não
invalidação; mas também por outras como dolo, etc). No código devem ser atribudos a terceiros (documento assinado por X e Y
de processo civil, e no código civil, se encontram algumas não comprovam que H assumiu um compromisso). O código
limitações, e esses dizem tanto a respeito de impedimentos civil, quando fala de documento, não especifica um tipo de
objetivos ou subjetivos. Ninguém deve ser obrigado a se documento. Em relação ao documento eletrônico, a uma
confessar, o que existe são presunções resultantes de fotografia ou uma gravação, os requistios de aferição se fazem
determinadas circunstâncias fática e entre elas algumas de forma particular. Um documento escrito em papel e assinado,
acarretam a confissão. O réu que devidamente citado não a questão está em provar que a assinatura é real, e há formas
contesta a ação, e entende que ela não pode mais discutir os comprovadas para se fazer isso. O documento eletrônico, o
fatos (mesmo que ela possa entrar no processo para discutir as elemento será a assinatura eletrônica, portanto o conceito de
consequências do direito) - essa não é uma confissão real, mas documento, embora associado ao papel, não exige que seja
assim. É claro que as exigências variam de acordo com os apelo ao consenso, como, por exemplo, nos acidentes de
meios. São documentos os livros e fichas (livros fiscais ou livros transito quem bate atrás é sempre culpado (e isso não está
contáveis) são documentos usados somente contra a empresa, contido no código de transito, mas a jurisprudência usa e abusa
nunca contra outros - e como a contabilidade é quase toda disso); mas como toda presunção humana pode ser afastada
eletrônica, isso também se estende ao meio eletrônico. por outras provas (entretanto, essa prova fica com o acusado).
No caso da presunção legal, há certas presunções que não
-> Testemunhas: Não se prova negócio jurídico exclusivamente admitem prova em contrário, mas no direito civil, pelo visto, não
por testemunha se o negócio supera o valor de 10 salários ocorre esse caso. Presunção é um recurso lógico pelo qual eu
mínimos, somente podendo admitir testemunhas para auxiliar na imbuo conhecimentos sobre o fato que me permitem a prova de
comprovação. Não podem ser admitidos como testemunhas: determinados fatos. É um recurso técnico para evitar a demora
menores de 16 anos, retardados mentais, cegos e surdos da prova usando o bom senso.
quando a ciência do fato depende desses sentidos, interessado
no litígio (diferentemente do dir. norte americano), conjuges -> Perícias: São dispositivos inovadores no CCB. Negar uma
ascendentes, ou descendentes ou colateral; mas se abrem perícia traz a presunção (com exceção do teste do bafometro e
exceções, por exemplo, em casos familiares, entretanto, não outros, pois fatos identificados como crime, pelo direito penal,
serão testemunhas, e sim, informantes do juiz (e o juiz garantem o direito de recusa contra a criação de prova contra si
estabelece a importância que dará aos depoimentos, já que não mesmo).
“juraram falar a verdade”).
A inspeção judicial é prova em processo.
-> Presunções: Ver art. 230. Há 2 tipos de presunções: as
legais e as humanas (presunptio mominis). As presunções legais
são impostas pela lei; as presunções humanas são retiradas da
experiência de vida das pessoas, um recurso de lógica, um
Modalidades dos Negócios Jurídicos cláusula para cessar os efeitos do contrato já em andamento;
Arts. 121 a 137 do CCB ou seja, os efeitos se produzem e deixam de se produzir pela
Elementos Acidentais verificação do evento
- Condição não é elemento essencial, mas existindo ela, atua
- Somente em negócios de conteúdo patrimonial nos efeitos do negócio, não em sua existência ou validade - é,
- Ocorre apenas em Negócios portanto, um elemento acidental, condição é um elemento do
- Submissão dos efeitos (da eficácia) de um Negócios Jurídico a negócio, e não externo a ele
um evento futuro e incerto (incerteza quanto a própria incerteza - Qualquer evento futuro e incerto podem ser condição, mas o
da ocorrência do evento) direito veta cláusulas meramente contestativas (coloca o
- Portanto, elementos acidentais atuam exclusivamente na negócio totalmente ao arbítrio de uma das partes) - como, por
eficácia exemplo: “esse contrato só surtirá efeitos se o inquilino quiser”
- As pessoas fixam condições, pois queremos que esses - essa condição meramente contestativa é vetada, mas as
elementos incertos do futuro tenham ou não efeitos parcialmente contestativas são válidas: “fulando, doarei este
- Um exemplo é alugar o apartamento somente se sair a bolsa apartamento se você se casar” - é contestativo, mas não é
de estudo para o exterior. Coloca-se como uma cláusula no meramente contestativo
contrato de locação um evento futuro (bolsa) e incerto (sim ou - Também não se admitem eventos que sejam contrários ao
não); esse evento condiciona os efeitos da locação (concessão próprio objetivo do negócio - é uma condição perplexa (ou
da bolsa, produz efeitos; não concessão, não produz) contraditória)
- O evento pode suspender os efeitos até que se verifique o - Fora dessas hipóteses (meramente contestativa / perplexa),
evento (exemplo acima), a chamada condições suspensiva; em princípio qualquer espécie de condição é possível. Às
mas podemos colocar a condição como resolutiva: posso estar vezes, dependendo do tipo, a condição atua no plano da
alugando o apartamento e estar na espectivativa de receber a validade
bolsa; daí após o recebimento da bolsa, posso pedir uma
- Quando temos um negócio jurídico submentido a uma validade, se a condição é ilícita macula todo negócio; se for
condição (principalmente a suspensiva), temos uma situação perplexa, também
incomum: o negócio existe, mas temos uma condição - Art 124: se a condição é resolutiva, e é impossível, o efeito é
pendente - isso cria um “direito eventual”, que goza de certa diferente - eu quero que os efeitos se produzam imediatamente
proteção jurídica, mas diferente da proteção de um direito já (efeitos se produzirão mesmo sem condição), mas a condição
incorporado ao patrimônio do titular é impossível - ou seja, o fato de ser impossível equivale a
- Também é possível que a condição se frustre (evento não se inexistência da condição. O contrato cessará por outros
verificou e nem se verificará) - mas atinge exclusivamente o motivos, mas o contrato continuará
plano da eficácia - O intérprete não consegue avaliar a importância de uma
- Art 121: não existe condição que não decorra da vontade das condição, portanto, caso seja uma condição suspensiva
partes; não existe condição legal (ou não seria condição) impossível, mesmo que não pareça algo muito importante, o
- Quanto a incerteza ser sobre a própria verificação do evento, negócio inteiro será suspenso
isso não é consenso doutrinário - Art 125: a condição suspensiva impede a aquisição de um
- Morte não é considerada como condição, é considerada um direito - se digo que estou transferindo A para uma pessoa X
termo incerto (isso por que certamente a pessoa morrerá) sobre uma condição Y, e durante o tempo que se aguarda para
- Art 122: são ilícitas condições que vão contra a lei, ou a ordem verificar a condição Y houverem novas disposições
pública ou aos bons costumes relacioandas a outros eventuais beneficiários, mas se essas
- Art 123: condição é elemento acidental, mas que possuí disposições forem incompativeis com a anterior, verificada a
importância; no caso da condição suspensiva, a relevência é condição original extingue os efeitos das condições novas (?) -
ainda maior. Com condições impossíveis (físicamente ou não é um problema de validade, mas sim é um problema de
juridicamente), o negócio todo é afetado e acarreta a eficácia (o código diz que não terá valor; mas devemos
invalidade do negócio jurídico; como também atua no plano da entender pensando em validade). Se for resolutiva, enquanto
não se realizar, vigorará o negócio
- Art. 126: a lei cria uma presunção absoluta: se a parte que se - Quando temos um negócio a termo, é importante saber como
beneficiaria da não verificação da condição impedir se faz a contagem do tempo; o Art. 132 trata isso: excluí o dia
maliciosamente (ou o contrário), ou seja, o evento incerto é do início e conta o do final (somente o vencimento conta, e se
manipulado, o evento será distorcido e em função disso a cai em um dia não útil, o prazo é prorrogado - com exceção de
condição será considerada ao contrário (se não se verificou a obrigações de natureza tributária, que antecipa o vencimento)
condição por causa da intervenção, a condição será - “Meados” é até o dia 15 do mês
considerada cumprida; e vice-versa) - “Um Ano” significa que se o contrato for iniciado dia 2 de
- Tudo isso vale para a condição, o segundo elemento acidental janeiro, e só ter validade a partir de um ano, o vencimento será
é o Termo no dia 2 de janeiro do próximo ano (com excessão do ano
- Termo é um evento certo quanto a sua ocorrência, sei que vai bissexto)
acontecer. O que é incerto é quanto ao momento em que - Trinta dias e um mês não significam a mesma coisa
ocorrerá - um exemplo é uma condição que estabeleça uma - Os prazos são estabelecidos em favor do devedor, como regra
data (termo inicial), que se assemlha a uma condição geral (e nos testamentos, em favor do herdeiro) - se digo que
suspensiva. O termo final funciona como uma condição fulano tem 30 dias para pagar, o prazo é a favor dele (pode
resolutiva (efeitos desde o início, efeitos cessam com a pagar a dívida em qualquer um dois dias do prazo). Há casos,
condição) no entanto, em que o prazo não está estabelecido somente em
- Uma data futura é sempre um termo certo; agora, a morte, por favor do devedor
exemplo, é um termo incerto (ocorrerá, mas não se sabe - As regras da condição são aplicadas aos termos iniciais e
quando) finais
- Em qualquer caso, o termo tem uma distinção significativa em - Para encerrar, dois dispositivos sobre o Modo ou Encargo
relação a condição, pois segundo o Art. 131, o termo inicial faz - Modo / Encargo: é um ônus, dever, que se estipula para o
com que o direito seja adquirido, não é um direito eventual, beneficiário do negócio, não é uma contraprestração (ou seja,
desde que o negócio é iniciado não é de valor do benefício, pois isso desvirtuaria a natureza
benéfica - por exemplo, dizer que doará um guarda-chuva, mas
exigir um valor equivalente) - um exemplo é doar um terrero
para a Universidade desde que lá funcione uma Faculdade de
Direito. Encargo é essa tarefa que se incumbe ao beneficiário;
por exemplo: deixo minha fortuna de 15 milhões desde que
fulando deixe um buquê de rosas amarelas em meu túmulo
- O encargo é uma tarefa, condição é um evento futuro incerto.
O encago só depende do beneficiário, e não deve ser
proporcional
- Só ocorre em negócios jurídicos benéficos (gratuítos); e ocorre
frequentemente em testamentos ou doações
- Art. 136: não suspende a aquisão ou o exercício do direito
- E se o encargo não for cumprido? Isso autorizará o
“testamenteiro”, por exemplo, usar meios jurídicos de proteção
da vontade do “testamentador”; e poderão pedir a revogação;
mas é uma possibilidade, não atua imediatamente; o encargo
só abre a possibilidade de se adotar iniciativas
- Em caso de dúvida (condição suspensiva X encargo), aplicam-
se as regras da condição.
- Art. 137: por fim, não se consideram encargos ilícitos ou
impossíveis; com exceção se forem motivos determinantes, e,
nesse caso, se invalida o negócio - mas isso depende de
prova, do exame do caso
Prescrição e Decadência (Caducidade) alteração de status, como, por exemplo, o direito de
Arts. 189 a 211 do CCB reconhecer a paternidade).

- O tempo afeta as relações jurídicas, e isso ocorre pois o - O exercício dos direitos potestativos pode depender apenas da

direito, na sua dimensão sociológica, tem como propósito de declaração do titular ou pode depender de uma ação além da

regulação / pacificação social, forma civilizada de resolução de declaração (e isso ocorre quando há resistência de algum

conflito; e esse propósito de regular a vida social faz com que o titular / ação é supletiva). Por fim, há outros que só cumpridos

direito tenha como foco principal a idéia básica da justiça; em juízo (somente com ação judicial)

entretanto também devemos ter segurança e estabilidade da - Frente a direitos de uma prestação e frente a necessidade de

relação jurídica - e que essas produzam efeitos dentro de um propor uma ação, a ação se torna condenatória (alguém será

prazo razoável. Se as relações não chegam a seus objetivos, condenado a me prestar). Nos direitos potestativos, se eu

isso cria uma instabilidade, um dessosego social - por isso a precisar de uma ação, elas ganham natureza constitutiva

ordem jurídica, em alguns casos, finalizar o tema para afastar a (constitutiva de direito - criar, modificar ou extinguir direito).

instabilidade. - Muitas vezes as ações são declaratórias (declaração do juiz),

- Alguns direitos (como o da personalidade), não são afetados sem constituir nada

pelo tempo; enquanto outros (direito à herança), são afetadas. - Nos casos de direito de prestação, o que causa intranquilidade

- Do ponto de vista prático, recentemente a prescrição e a social é a possibilidade do credor de poder exigir. Enquanto

decadência perderam suas grandes diferenças. A diferenciação isso não é feito, temos algo em aberto. Estabelecer um prazo

está nos efeitos. para propor a ação serve para evitar tempos longos de

- Os direitos subjetivos (incoporados ao patrimônio) são de duas instabilidade. Se submetem a prazos prescricionais (não se

naturezas: à uma prestação (titular pode pretender de outros) extingue o direito); se eu quiser indenizar os danos de um

ou os potestativos (formativos geradores; direito que o titular acidente de carro após 15 anos, posso fazer

tenha que interferir na esfera do outro sem ganhos mas com - Já nos casos de direitos potestativos, para acabar com a
instabilidade é necessário acabar com o próprio direito.
Assinala-se um prazo para a ação e, após o prazo, extingue-se - Com a curiosa lei 11.280/06, revogou o Art. 194 do CCB,
o direito introduziu no código de Processo Civil um parágrafo no Art.
- Esta é a distinção entre prescrição (direito de ação) e 219, permitindo que o juiz decrete a prescrição (todo tipo) em
decadência (direito) ofício, sem necessidade de declaração das partes, o que era
- Ações condenatórias sempre corresponderão a prazos exclusivo da decadência estabelecida em lei (o que é
prescricionais incoerente, pois a decadência decretada por cláusula de
- Ações constituívas podem ou não ter prazos decadenciais, se contrato deve ser declarada pela parte)
tiver, esgotado o prazo, perco o direito (exemplo: convalidação - A prescrição ordinária é de 10 anos, e é válida se nada for dito
de um negócio feito sobre coação depois de passado o tempo em lei
determinado em lei) - Ações anulatórias é de 2 a 4 anos
- Quando a lei não diz o prazo, precisamos descobrir (exemplo: - Há causas que suspendem ou impedem a prescrição (Art. 197,
Art. 441, sobre vícios ocultos em um objeto quando o contrato 198, 199) - as causas de caráter objetivo e de caráter subjetivo
envolve a transferência desse bem - isso autoriza o comprador unilaterais, a doutrina diz que elas também se aplicam à
a exercer duas pretensões diferentes: pode enjeitar a coisa, ou decadência (mesmo que esses, teoricamente, não se
seja, devolver; ou pode reclamar abatimento do preço - para interrompem)
essas duas ações, tem prazo, no caso, de 30 dias para móveis - Exemplo: ocorre um acidente, as partes se casam, o prazo é
e 1 ano de imóveis; entretanto, uma delas é condenatória) suspenso; quando o casal se separa, o prazo recomeça - mas
- Os prazos prescricionais podem ser suspensos ou essa interrupção só pode ocorrer uma vez
interrompidos - Podemos renunciar a prescrição, mas não a decadência
- Como a prescrição atinge somente a pretenção, verificada a
prescrição, nem por isso o direito deixa de existir - a dívida não
deixa de existir, o que cessa é o direito de cobrar
- Em decadêcia, essas coisas não existem
Atos Ilícitos
(Arts. 186, 187 e 188 do CCB) Outro equívoco frequente é de dizer que toda situação de
- Ilicitude Subjetiva e Objetiva indenizabilidade são raízes de ilicitude, pois é possível criar
- Ilicitude e a obrigação de indenizar (Art. 927, CCB) indenização para atos lícitos. Isso mostra que, apesar da
- Excludentes
indenização e da ilicitude estarem quase sempre juntas, nem
sempre isso será verdadeiro. Observe, há Resp. Civíl sem
As relações jurídicas não são estruturadas somente em
ilicitude, e há ilicitude sem Resp. Civil (strito sensu).
conformidade com o direito - há as que se dão onde o elemento
nuclear é a contrariedade à lei.
Agora, a distinção entre ilicitude Subjetiva e Objetiva.
Ato Ilícito é onde, no suporte fático, há a contrariedade à lei.

Antigamente, somente a ilicitude subjetiva era levada em conta -


Imputabilidade (Fator de Imputação) é quando é contrario ao
esta aceitava um elemento vinculado à análise da conduta do
direito, e pode cujos resultados podem ser atribuidos a algum
agente que pratica o ato. A prática do ilícito depende de ação ou
sujeito de direito.
omissão voluntária, negligência ou imprudência - de culpa. Isso
engloba o ato intencional (propósito deliberado de causar dano a
Podem existir também fatos jurídicos ilícitos (stricto sensu /
outro) e atos não intencionais são causadores de dano pelo
acontecimento fenomênico, natural) - por exemplo, o art. 1261
agente os ter praticado por negligência, imprudência ou
do CCB. Entretanto, a maior parte da doutrina não aceita isso:
imperícia. Portanto, Culpa pode ser dividida em Dolo (intenção)
dizem que na ilicitude há um elemento valorativo. O ilícito seria
e Culpa (stricto sensu). A culpa existe mesmo sem dolo (no Dir.
algo que não deveria ser praticado - são coisas humanas, não
Civil, pois no Penal isso é relevante). A obrigação de indenizar
podemos avaliar o valor da natureza, já que esta não se
surge em ambas situações, porque elas são atos ilícitos. A
submete às nossas normas. Portanto, somente atos podem
voluntariedade exigida não é a de obter resultado, é a de
sofrer essa a avaliação.
vontade ou de praticar o ato. A distinção entre imprudência,
negligência e perícia determina as formas de culpa. Imprudência no direito ambiental, no direito de trabalho... Entretanto, a
é a falta de cuidados na própria prática do ato (excesso de ilicitude objetiva precisa ser mostrada na legislação, não pode
velocidade na direção); negligência é a falta de cuidados prévios ser deduzida.
ao ato (é negligente o motorista que não faz check up do carro);
e imperícia diz respeito à ausência de cuidados técnicos O art. 187 contempla uma situação sem precedente no antigo
(imperícia só ocorre com quem deveria ter perícia). código, e que nos oferece uma cláusula geral de
responsabilidade ilícito-objetiva. A teoria que orienta o 187 é a
É possível também uma ilicitude objetiva, que é uma construção “Teoria do abuso de direito” que diz que qualquer direito está
recente em termos de extensão (já existia no direito romano). limitado a uma estrutura de fins, boa fé objetiva ou bons
Era comum o problema prático de realizar a prova de mostra costumes.
que a conduta foi inadequada, já que há ausência de elementos
de provas. Muitos casos, sem prova, ficavamos sem A importância da caracterização da ilicitude está na medida que
indenização. Em certos casos, consatava-se que, independente determina se devemos ou não indenizar.
da conduta ou culpa, deveria ter indenização - mudava-se o
fator de imputação (antes era a culpa), que agora seria a Há elementos que excluem ilicitude: praticados em legítima
chamada “teoria do risco”, que atende a maior parte dos casos. defesa ou em exercício regular de direito conhecido, ou para
Certas atividades envolvem riscos à terceiros, e sendo esas remover perigo iminente (estado de necessidade).
atividades “atividades de risco”, capacita argumentar que a
exposição ao risco e o dano causado tornam ilícito - eles tem O fato de ser lícito, não constituí ilicitude, mas podem gerar
como referência a violação de um dever absoluto. São casos de indenizações. Ilicitude não é condição para indenizabilidade.
ilicitude objetiva, por exemplo, relações de consumo (se o Isso resolve também o problema de indenizar sem a verificação
produto causa dano ao consumidor, não se discute a culpa dos da ilicitude de determinado ato. A desapropriação feita pelo
responsáveis solidários, pois existe ilicitude na hora do dano),
Estado é um direito constitucionalmente assegurado, mas que
exige indenização.

Nem toda doutrina entende que o 187 trata de teoria de abuso


do direito. Há posições respeitáveis (Revista da AJURIS, Vol 97.
pp 143/170) - a professora Judith Martins Costa entende que a
teoria que sustenta o 187 é a do exercício contraditório do
direito.

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