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HD, 2009, Texto 2, Antiguidade 1, Revisto
HD, 2009, Texto 2, Antiguidade 1, Revisto
Faculdade de Direito
Departamento de Direito Privado e Processo Civil
________________________________________
UFRGS Av. João Pessoa, 80 - Centro - CEP 90040-000
Porto Alegre/RS
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82
André Castaldo, Introduction historique au droit. 2. ed. Paris: Dalloz, 2003, p. 1-42. Jean-Louis Thireau. Introduction
historique au droit. 2. ed. Paris: Flammarion, 2003, p. 17-93.
83
Nas cidades gregas e em Roma, se dá a invenção da política, vislumbrada como arte de governar um grupo social.
Política (politeia), deriva do termo grego polis (cidade), equivalente ao termo latino civitas, do qual deriva o substantivo
cidadão e o adjetivo cívico. Sob o signo da res publica, os romanos designaram a coisa pública, fonte da noção de
república. O desenvolvimento das concepções de forma de governo, a partir da monarquia (vivenciada na Grécia e em
Roma), atribuindo um poder hereditário, com ascendência política, religiosa, militar e judiciária, ainda que, em diferentes
níveis, compartilhado com os membros das grandes famílias e com as assembléias populares. Posteriormente, afirmam-se
os governos aristocráticos (séculos VIII-VI a.C.) na Grécia. Em algumas cidades gregas, com ênfase para Atenas,
desenvolve-se um regime democrático, não vislumbrado em Roma. Em distintas proporções, os princípios do direito
público, de forma mais ou menos nítida, se afirmam (Jean-Louis Thireau, Introduction..., cit., p. 18-19).
84
John Gilissen, Introdução histórica ao direito, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2ª ed.,1995, p. 51. Federico
Lara Peinado e Federico Lara Gonzáles, Los primeros códigos de la humanidad, Estudio preliminar, Madrid: Tecnos,
1994, p. IX.
85
Federico Lara Peinado e Federico Lara Gonzáles, Los primeros códigos de la humanidad, cit., p. IX-X.
86
John Gilissen, Introdução Histórica ao Direito, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2ª ed.,1995, p. 51.
87
Justino Adriano Farias da Silva, “Notas ao código de hammurabi”, in Estudos Jurídicos, v. 26, nº 68, set./dez., 1993, p.
100.
absolutamente distintos da experiência histórica, como será observado a partir da análise de textos legais das civilizações
mesopotâmicas.
89
A completude poderia ser sintetizada, de forma ampla, como a busca, para muitos ‘utópica’, dos sistemas jurídicos no
sentido de regular todas as condutas existentes no âmbito social. Ao aceitarmos que o sistema não é completo, estaremos
diante de lacunas, mas dependendo da nossa concepção, poderemos dizer que a supressão de lacunas é uma forma
regulada ou regulável pelo sistema.
90
Como bem alerta Jayme de Altavila, seria impróprio considerar que o Código de Hammurabi ‘é tão bom quanto
aqueles dos modernos estados europeus’, mas não há dúvida que ele está direta ou indiretamente relacionado com o
desenvolvimento de tais sistemas (Origem dos direitos dos povos, São Paulo: Ícone, 1997, p. 37).
Com relação aos povos sem escrita, deve-se também ter presente
que não se trata de um elemento historicamente datado, se é certo que há
técnicas de aferição de usos e costumes de uma sociedade, ainda que não
existam relatos escritos, não é menos verdade que ainda hoje são observados
grupos sociais que não desenvolveram a escrita.
91
John Gilissen, Introdução Histórica ao Direito, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2ª ed.,1995, p. 31.
92
John Gilissen, Introdução Histórica ao Direito, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2ª ed.,1995, p. 37.
93
Idem, p. 38.
94
John Gilissen, Introdução Histórica ao Direito, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2ª ed.,1995, p. 52.
95
Idem, ibidem.
96
Jean-Louis Thireau, Introduction historique au droit, Paris: Flammarion, 2e. ed., 2003, p. 16.
97
Idem, ibidem.
98
Justino Adriano Farias da Silva, “Notas ao Código de Hammurabi”, in Estudos Jurídicos, vol. 26, nº 68, 1993, p. 101-
102.
21) Direito no Egito - Como ponto principal do Direito no Egito, devemos ter
ciência de que a evolução jurídica daquele povo está estreitamente ligada à
evolução política. De forma simplificada e como forma de exemplo, podemos
concluir que quando o faraó tinha o poder (período imperial), o Direito ascendia e
quando este o perdia (períodos intermediários), a evolução jurídica decaía.
99
100
John Gilissen, Introdução Histórica ao Direito, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2ª ed.,1995, p. 53.
101
John Gilissen, Introdução Histórica ao Direito, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2ª ed.,1995, p. 53.
102
Idem, ibidem.
103
Idem, ibidem.
104
Idem, p. 54.
105
Idem, ibidem.
106
Idem, pág. 55.
107
Idem, ibidem.
108
Idem, ibidem.
109
Idem, ibidem.
110
Idem, ibidem.
111
Idem, pág. 56.
Imagens: www.smith.edu
O Código de Hammurabi, hoje exposto no Louvre, é um bloco de 2,25 m de altura e 1,90 de circunferência na
base, na parte superior está a imagem de Hammurabi, na parte inferior está o texto, com 46 linhas e 3.600 linhas.
Embora não seja o texto legal mais antigo de sua época, como já
demonstramos, o texto do reinado de Hammurabi é representativo de uma
perspectiva transformadora113.
112
O conteúdo e outros elementos referentes ao Código de Hammurabi podem ser observados no seguinte site:
http://paginas.terra.com.br/arte/hammurabi/prologo.html.
imagem: www.ucm.es
113
Há uma tradução disponível na internet: http://paginas.terra.com.br/arte/hammurabi/index.html.
114
Emanuel Bouzon, O Código de Hammurabi, Introdução, Petrópolis: Vozes, 8ª. ed., 2000, p. 15 et seq.
115
Jayme de Altavila menciona que tal realidade é preservada inclusive em Portugal, como se observa através do
‘Prólogo e Lei de Confirmação’ das Ordenações do Reino, em 1643, por D. João IV (Origem dos direitos dos povos. São
Paulo: Ícone, 1997, p. 38.
116
“Quando Anu o Sublime, Rei dos Anunaki, e Bel, o senhor dos céus e da terra, decretaram o destino da terra,
assinalaram a Marduk , o todo-poderoso filho de Ea, deus de tudo o que é direito, o domínio sobre a humanidade,
fazendo dele grande entre os Igigi. Eles chamaram a Babilônia por seu nome ilustre, fizeram-na grande na terra, e
fundaram nela um reino perene, cujas fundações são tão sólidas quanto as do céu e da terra. Então Anu e Bel chamaram
por meu nome, Hammurabi, o príncipe exaltado, que temia a deus, para trazer a justiça na terra, destruir os maus e
criminosos, para que os fortes não ferissem os fracos; para que eu dominasse os povos das cabeças escuras como
Shamash, e trouxesse esclarecimento à terra, para assegurar o bem-estar da humanidade.
Hammurabi, o príncipe de Bel sou eu, chamado por Bel sou eu, fazedor e promotor de riquezas, que favorece Nipur e
Dur-ilu, sublime patrono do E-kur; que restabeleceu Eridu e purificou a adoração do E-apsu; que conquistou os quatro
quadrantes do mundo, que fez grande o nome da Babilônia, que alegrou o coração de Marduk, seu deus a quem
diariamente presta suas devoções em Sagila; descendente real de Sin, que enriqueceu Ur, o humilde e reverente que leva
riquezas ao Gish-shir-gal; o rei branco, escuta de Shamash, o poderoso, que fez novamente as fundações de Sipar; que
revestiu de verde as pedras tumulares de Malkat; que fez grande o E-babar, que é tal qual os céus, o guerreiro que
guardou Larsa e renovou o E-babar, tendo a ajuda de Shamash.
O senhor que garantiu nova vida a Uruk, que trouxe água abundante para seus habitantes, que levantou o topo de Eana,
e assim aperfeiçoou a beleza de Anu e Inana; escudo da terra, que reuniu os habitantes espalhados de Isin; que colocou
muitas riquezas ao E-gal-mach; o rei protetor da cidade, irmão do deus Zamama; que com firmeza fundou as fazendas
de Kish, coroou de glória o E-me-te-ursag, dobrou os grandes tesouros sagrados de Nana, administrou o templo de
Harsag-kalama; a cova do inimigo, cuja ajuda sempre traz a vitória; que aumentou o poder Cuthah; adorado do deus
Nabu, que dá alegria aos habitantes de Borsippa, a Sublime; o que não se cansa por E-zida; o rei divino da cidade; o
Claro, o Sábio, que ampliou os campos de Dilbat, que fez as colheitas por Urash.
O Poderoso, o senhor a quem o cetro e a coroa foram destinados, e que se cobre com os trajes da realeza; o eleito de
Ma-ma; que fixou os limites do templo de Kish, que bem dotou as festas sagradas de Nintur; o provedor solícito que
forneceu alimentos e bebidas para Lagash e Girsu, que ofereceu grandes oferendas de sacrifício para Ningirsu; que
capturou o inimigo, o Eleito do oráculo que cumpriu a predição de Hallab, que alegra o coração de Anunit; o príncipe
puro, cuja prece é aceita por Adad; que satisfez o coração de Adad, o guerreiro, em Karkar, que restaurou os vasos de
adoração no Eudgalgal; o rei que deu vida à cidade de Adad; o guia de Emach; o rei principesco da cidade, o guerreiro
irresistível, que deu vida aos habitantes de Mashkanshabri, e trouxe abundância ao templo de Shidlam.
O Claro, Potente que penetrou na caverna secreta dos bandidos, salvou os habitantes de Malka da desgraça, e fixou os
lares deste povo na abundância; que estabeleceu presentes de sacrifício puros para Ea e sua amada Dam-gal-nun-na,
que fez seu reino grande para sempre; o rei principesco da cidade, que sujeitou os distritos do canal sobre o Ud-kib-nun-
na Canal à vontade de Dagon, seu Criador; que poupou os habitantes de Mera e Tutul; o príncipe sublime que faz a face
de Nini brilhar; que apresentou refeições sagradas à divindade de Ninazu, que cuidou de povo e das necessidades deste,
que deu a eles um pouco da paz babilônica; o pastor dos oprimidos e dos escravos; cujos feitos encontram favor frente
aos Anunaki no templo de Dumash no subúrbio da Acádia; que reconhece o direito, que governa pela lei, que devolveu à
cidade de Assur seu deus protetor; que deixou o nome de Ishtar de Nínive permanecer em E-mish-mish.
O Sublime, que reverentemente se curva frente aos grandes deuses; sucessor de Sumula-il; o poderoso filho de Sin-
muballit; o escudo real da Eternidade; o poderosos monarca, o sol da Babilônia, cujos raios lançam luz sobre a terra da
Suméria e Acádia; o rei, obedecido pelos quatro quadrantes do mundo, adorado de Nini sou eu. Quando Marduk
concedeu-me o poder de governar sobre os homens, para dar proteção de direito à terra, eu o fiz de forma justa e
correta... e trouxe o bem-estar aos oprimidos”. (http://paginas.terra.com.br/arte/hammurabi/prologo.html).
117
Justino Adriano Farias da Silva, “Notas ao Código de Hammurabi”, cit., p. 104.
Ҥ 1
Se um awîlum acusou um (outro) awîlum e lançou sobre ele (suspeita de) morte mas não pôde
comprovar: o seu acusador será morto”.
§2
Se um awîlum lançou contra um (outro) awîlum (uma acusação de) feitiçaria mas não pôde
comprovar: aquele contra quem foi lançada (a acusação de) feitiçaria irá ao rio e mergulhará
no rio. Se o rio o dominar, seu acusador tomará para si sua casa. Se o rio purificar aquele
awîlum e ele sair ileso: aquele que lançou sobre ele (a acusação de) feitiçaria será morto e o
que mergulhou no rio tomará para si a casa de seu acusador.
(...)”
“Sin embargo, los bancos de la Antigüedad sólo excepcionalmente eran empresas privadas. Éstas tenían
que sufrir uma ruda competencia por parte de los templos y de los bancos del Estado.
Los templos antiguos funcionaron al principio como cajas de depósito. Ésta era su primordial misión
como bancos; en cuanto cajas de depósitos de los templos eran bienes sagrados, y quien ponía la mano
sobre ellos cometía un sacrilegio. El templo de Delfos era un lugar de custodia de tesoros para numerosos
particulares y especialmente la caja de ahorros típica de los esclavos. Abundantes inscripciones
atestiguaban que el dios había comprado la libertad de los esclavos; en realidd, la manumisión se había
logrado com los ahorros de los esclavos, quienes los habían confiado al templo para su custodia y para
sustraerlos a la codicia del dueño. Exactamente la misma función de cajas de depósito desempeñaron
otros varios templos en Babilonia, Egipto y Grecia, mientras que en Roma volvieron a perder muy
pronto la condición de cajas de depósito. Por esta razón los templos de la Antigüedad fueron también
grandes prestamistas particulares. El prestamista en gran escala se encontra ya sin duda en el Código de
Hamurabí. Pero, en general, el templo era el lugar oficial de custodia de dinero y el otorgante de
préstamos particulares y empréstimos públicos. Desempeñan este papel: en Babilonia, el templo del dios
solar en Sippar; en Egipto, el de ammon; la caja de Estado de la Liga marítima griega era el templo de
Atenea. La banca privada tenía otros competidores en los bancos del Estado. La nacionalización de
la banca, cuando se produjo, no debió su origen, como en la Edad Media, a la mala administración
(quiebras) de los banqueros particulares, sino que se debió a razones fiscales. Las operaciones de cambio
se habían convertido en uma actividad muy lucrativa, y, además, por razones políticas, se consideraba
ventajoso controlar el mayor número posible de depósitos de particulares. En casi todas las ciudades
helenísticas, y muy especialmente en las de los Tolomeos de Egipto, existió, por este motivo, un monopolio
bancario ral. sin embargo, estas fundaciones nada tenívan que ver com las funciones de los modernos
bancos del Estado: emisión de billetes, regulación del patrón monetario, política monetaria; eran pues,
istituciones puramente fiscales. Revélase el poder extraordinario de la clase capitalista de los caballeros
romanos, por la circunstancia de que éstos lograron impedir que el Estado implantase en la banca un
monopólio semejante” (grifamos).
118
MAXIMILIAN WEBER (1864-1920) – Economista político e sociólogo alemão, fundador dos estudos modernos de
sociologia e pesquisador da administração pública. A obra citada é: Historia Económica General, México: FCE, 1997, p.
223-224.
Ҥ 23
Se o assaltante não foi preso, o awîlum assaltado declarará diante de deus todos os seus
objetos perdidos; a cidade e o rabiãnum, em cuja terra e distrito foi cometido o assalto o
indenizarão por todos os objetos perdidos.
§ 24
Se foi uma vida (o que se perdeu), a cidade e o rabiãnum pesarão uma mina de prata para a
sua família”.
119
“§ 22. Se um awîlum cometeu um assalto e foi preso: esse awîlum será morto”.
c) Direito Hebraico
Abrahão foi sucedido por seu filho Isaac e posteriormente por seu
neto, Jacob, que teve 12 filhos, dentre os quais José, vendido ao faraó egípcio
como escravo, que com base no seu talento se tornou Governador e homem de
confiança do faraó, incentivando o comércio com os hebreus e o desenvolvimento
do seu povo.
120
GILISSEN, John. Introdução Histórica ao Direito. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2ª ed., 1995, pág. 66.
Sobre o assunto: “Elle doit retenir l’attention car, grâce à la diffusion de la Bibble, cette monarchie va donner beaucoup
plus tard, au haut Moyen âge, des références dans tout l’Occident chrétien. On en reiterera deux leçons: d’une part, le
caractère trés religieux do pouvoir royal, qui fournira aux Caroligiens le modèle d’une societé véritablement
théocratique (quoique l’exemple de Melchisédech, roi et prêtre, soit exceptionnel) et, d’autre part, et comme le montre la
rouauté de David, l’idée qu’un pacte lie le roi et le peuple: cette référence contractuelle aura un gran écho” (André
Castaldo, Introduction historique au droit, Paris: Dalloz, 2e. ed. 2003, p. 2).
121
GILISSEN, John. Introdução Histórica ao Direito. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2ª ed., 1995, pág. 66.
122
20 OS DEZ MANDAMENTOS - 1Então Deus pronunciou todas estas palavras:2"Eu sou o Senhor teu Deus, que te
fez sair do Egito, da casa da servidão. 3Não terás outros deuses diante de minha face. 4Não farás para ti escultura, nem
figura alguma do que está em cima, nos céus, ou embaixo, sobre a terra, ou nas águas, debaixo da terra.* 5Não te
prostrarás diante delas e não lhes prestarás culto. Eu sou o Senhor, teu Deus, um Deus zeloso que vingo a iniqüidade dos
pais nos filhos, nos netos e nos bisnetos daqueles que me odeiam, 6mas uso de misericórdia até a milésima geração com
aqueles que me amam e guardam os meus mandamentos. 7"Não pronunciarás o nome de Javé, teu Deus, em prova de
falsidade, porque o Senhor não deixa impune aquele que pronuncia o seu nome em favor do erro. 8Lembra-te de santificar
o dia de sábado.* 9Trabalharás durante seis dias, e farás toda a tua obra. 10Mas no sétimo dia, que é um repouso em honra
do Senhor, teu Deus, não farás trabalho algum, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem teu servo, nem tua serva, nem
teu animal, nem o estrangeiro que está dentro de teus muros. 11Porque em seis dias o Senhor fez o céu, a terra, o mar e
tudo o que contêm, e repousou no sétimo dia; e por isso, o Senhor abençoou o dia de sábado e o consagrou. 12Honra teu
pai e tua mãe, para que teus dias se prolonguem sobre a terra que te dá o Senhor, teu Deus. 13Não matarás.* 14Não
cometerás adultério.* 15Não furtarás. 16Não levantarás falso testemunho contra teu próximo. 17Não cobiçarás a casa do teu
próximo; não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem seu escravo, nem sua escrava, nem seu boi, nem seu jumento, nem
nada do que lhe pertence."* 18Diante dos trovões, das chamas, da voz da trombeta e do monte que fumegava, o povo
tremia e conservava-se à distância. 19E disseram a Moisés: "Fala-nos tu mesmo, e te ouviremos; mas não nos fale Deus,
para que não morramos." 20Moisés respondeu-lhes: "Não temais, porque é para vos provar que Deus veio e para que o seu
temor, sempre presente aos vossos olhos, vos preserve de pecar". 21E o povo conservou-se à distância, enquanto Moisés
se aproximava da nuvem onde se encontrava Deus. 22O Senhor disse a Moisés: "Eis o que dirás aos israelitas: vistes que
vos falei dos céus. 23Não fareis deuses de prata, nem deuses de ouro para pôr ao meu lado. 24Tu me levantarás um altar de
terra, sobre o qual oferecerás teus holocaustos e teus sacrifícios pacíficos, tuas ovelhas e teus bois. Em todo lugar onde eu
fizer recordar o meu nome, virei a ti para te abençoar.* 25Se me levantares um altar de pedra, não o construirás de pedras
talhadas, pois levantando o cinzel sobre a pedra, tê-la-ás profanado. 26Não subirás ao meu altar por degraus, para que se
não descubra a tua nudez."
123
Algumas regras básicas podem ser verificadas nos capítulos 21 et seq. do Êxodo, e.g.: “211"Estas são as leis que
exporás (aos israelitas):2quando comprares um escravo hebreu, ele servirá seis anos; no sétimo sairá livre, sem pagar
nada. 3Se entrou sozinho, sozinho sairá; se tiver mulher, sua mulher partirá com ele. 4Mas, se foi o seu senhor que lhe
deu uma mulher, e esta deu à luz filhos e filhas, a mulher e seus filhos serão propriedade do senhor, e ele partirá
sozinho. 5Porém, se o escravo disser: æEu amo meu senhor, minha mulher e meus filhos; não quero ser alforriadoÆ,
6
seu senhor o levará então diante de Deus e o fará aproximar-se do batente ou da ombreira da porta, e furar-lhe-á a
orelha com uma sovela; desta sorte o escravo estará para sempre a seu serviço.* 7Se um homem tiver vendido sua filha
para ser escrava, ela não sairá em liberdade nas mesmas condições que o escravo. 8Se desagradar ao seu senhor, que a
havia destinado para si, ele a fará resgatar; mas não poderá vendê-la a estrangeiros depois de lhe ter sido infiel. 9Se a
destinar ao seu filho, tratá-la-á segundo o direito das filhas. 10Se tomar outra mulher, não diminuirá nada à primeira,
quanto à alimentação, aos vestidos e ao direito conjugal. 11Se lhe recusar uma destas três coisas, ela poderá partir livre,
“A lei de Moisés, primeira lei escrita no direito hebraico, remonta à época da constituição
nacional do povo de Israel, a qual se inicia com o êxodo do Egito e a revelação mosaica (cerca
de 1500 anos antes da era cristã). Ela não trouxe inovações radicais, antes aceitou e
sancionou uma parte dos costumes e das leis que devem ter vigorado entre os hebreus nas
épocas anteriores, naquela fase incipiente da civilização hebraica, quando ainda não existia o
conceito de povo ou nação, mas sim o de família (Abraão) e de tribo, quando a vida era
simples, cingida às atividades agropastoris e à forma mais rudimentar do comércio. Essa
simplicidade se reflete poderosamente na lei mosaica, cuja virtude principal reside no fato de
ter transformado num verdadeiro código as normas não escritas da primitiva sociedade de
nômades. Em artigos simples, breves e precisos, estabelece o Pentatêuco normas de conduta
para uma sociedade que já tem uma sede territorial e uma ordem estatal, ao menos em
formação. São normas que regulam a legislação do trabalho (a escravidão ou servidão, o
repouso semanal obrigatório), a propriedade, o homicídio, o furto, a lesão corporal, o incêndio,
gratuitamente, sem pagar nada." 12"Aquele que ferir mortalmente um homem, será morto. 13Porém, se nada premeditou,
e Deus o fez cair em suas mãos, eu lhe fixarei um lugar onde possa refugiar-se.* 14Mas, se alguém, por maldade, armar
ciladas para matar o seu próximo, tirá-lo-ás até mesmo do meu altar, para matá-lo. 15Aquele que ferir seu pai ou sua
mãe, será morto. 16Aquele que furtar um homem, e o tiver vendido, ou se este for encontrado em suas mãos, será morto.
17
Quem amaldiçoar seu pai ou sua mãe, será punido de morte.* 18Quando, em uma contenda entre dois homens, um dos
dois ferir o outro com uma pedra ou com o punho, sem matá-lo, mas o obrigar a ficar de cama, 19aquele que feriu não
será punido, se o outro se levantar e puder passear fora com seu bastão. Mas indenizá-lo-á pelo tempo que perdeu e os
remédios que gastou. 20Se um homem ferir seu escravo ou sua escrava com um bastão, de modo que ele morra sob sua
mão, será punido. 21Se o escravo, porém, sobreviver um dia ou dois, não será punido, porque ele é propriedade do seu
senhor. 22Se homens brigarem, e acontecer que venham a ferir uma mulher grávida, e esta der à luz sem nenhum dano,
eles serão passíveis de uma indenização imposta pelo marido da mulher, e que pagarão diante dos juízes. 23Mas, se
houver outros danos, urge dar vida por vida, 24olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, 25queimadura
por queimadura, ferida por ferida, golpe por golpe.* 26Se um homem, ferindo seu escravo ou sua escrava, atinge-lhe o
olho e o faz perdê-lo, deixá-lo-á ir livre em compensação de seu olho. 27E, se lhe deitar fora um dente, deixá-lo-á ir livre
em compensação do dente. 28Se um boi ferir mortalmente um homem ou uma mulher com as pontas dos chifres, será
apedrejado e não se comerá a sua carne; mas o dono do boi não será punido. 29Porém, se o boi era já acostumado a dar
chifradas, e o dono, tendo sido avisado, não o vigiou, o boi será apedrejado, se matar um homem ou uma mulher, e seu
dono também morrerá. 30Se, para resgatar sua vida, lhe for imposta uma quitação, ele deverá dar todo o preço que lhe
tiver sido imposto. 31Se o boi ferir um filho ou uma filha, aplicar-se-á a mesma lei. 32Mas, se ferir um escravo ou uma
escrava, pagar-se-á ao seu senhor trinta siclos de prata, e o boi será apedrejado. 33Se alguém deixar uma cisterna
aberta ou cavar uma sem cobri-la, e nela cair um boi ou um jumento, o proprietário da cisterna pagará uma
indenização: 34reembolsará em dinheiro o proprietário do animal morto, e este será seu. 35Se o boi de alguém der uma
chifrada no boi de um outro, e este vier a morrer, venderão o boi vivo e repartirão o valor: repartirão igualmente o boi
morto. 36Mas, se o boi era já acostumado a dar chifradas, seu dono, que não o vigiou, pagará boi por boi, e receberá o
animal morto."
124
GILISSEN, John. Introdução Histórica ao Direito. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2ª ed., 1995, pág. 66.
125
RÁO, Vicente. O direito..., cit., p. 169-170.
126
RÁO, Vicente. O direito..., cit., p. 170.
127
Idem, ibidem.
128
Idem, ibidem.
129
“A Michná se divide em seis partes, das quais a primeira (Zerain – sementes), a terceira (Nachim – mulheres) e a
quarta (Neziquim – danos) constituem, por assim dizer, o corpo do direito civil: a primeira compreende as leis rurais e a
Talmud
(Estudo)
imagem: http://www.talmud.de
propriedade imobiliária; a terceira ocupa-se com o direito matrimonial e com o divórcio; a quarta trata de obrigações
civis, da usura, dos danos à propriedade, da sucessão, da organização dos tribunais, do processo, dos efeitos da
decisões judiciárias” (RÁO, Vicente. idem, p. 170-171).
130
RÁO, Vicente. O direito..., cit., p. 170-171.
131
RÁO, Vicente. O direito..., cit., p. 169.
imagem: www.portalplanetasedna.com.ar
132
GILISSEN, John. Introdução Histórica ao Direito. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2ª ed., 1995, pág. 70-71.