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— ERICK
TENSÃO SEXUAL
Parnaíba, Piauí.
O pai dela tenta abrir a porta do quarto, a maçaneta se move, mas está
trancada, graças a mim. Sorte nossa.
— Não... — sussurra Shirley.
— Sim — insisto, devasso, libidinoso.
Assim, continuo fodendo-a gostosinho, adorando vê-la lutar para não
gemer, com o meu corpo pesando sobre o seu. Seus seios estão apertados
contra o meu peitoral, volto a beijá-la, como forma de abafar os nossos
ruídos.
— Shirley, meu amor? Dormiu? — O seu pai continua falando,
aumentando a nossa tensão sexual, o perigo, a adrenalina, a imoralidade!
Uma força poderosa passa a se concentrar em mim, acelero as estocadas,
inchando dentro da gostosa, sentindo o gozo subir, as veias pulsantes. A
fenda da cabeça do meu pau abre e fecha, ejaculo bastante, explodindo,
potente, abrindo a boca, louco pra soltar um rugido de prazer. Da mesma
forma está a professora, tentando controlar a respiração. Jogo-me ao seu lado,
fazendo barulho.
— Shirley, você está aí ou não?
— Oi pai, estou sim..., desculpa..., eu estava dormindo. Já vou sair.
Sorrio descaradamente para ela, notando a sua exaustão e satisfação.
Logo depois, vou embora, pulando a janela do seu quarto, tomando cuidado
para não ser visto, voltando feliz para o meu carro. Como diria Roberto, são
tantas emoções!
Agora sigo rumo a Luís Correia, a 14 km de Parnaíba, cerca de 20
minutos ou menos de carro. As duas cidades fazem parte dos quatro
municípios litorâneos do Piauí, Luís Correia é composta por várias praias
cujos nomes são os mesmos dos povoados, além disso, é o município com
maior extensão de litoral do estado, com um clima tropical maravilhoso.
Em pouco tempo, chego em casa, ao pequeno povoado do Coqueiro,
cercado dos mais variados tipos de casa, as de luxo, as simples, e várias
outras para alugar em alta temporada. Aqui temos bares, restaurantes, hotéis à
beira mar, é um dos points mais badalados da região. O lugar apresenta lindas
paisagens dominadas por coqueiros, praia tranquila de ondas pequenas, que é
muito procurada por praticantes de kitesurf, por ter ventos fortes durante todo
o ano.
A praia possui uma barreira de corais em parte de sua extensão, que só
fica visível durante a maré baixa, formando piscinas naturais de águas
transparentes. Posso dizer que é um cantinho do paraíso para quem gosta de
tranquilidade e diversão, e também um dos lugares mais caros para os
turistas, o nosso alvo. É uma área mais luxuosa, fica a leste do centro da
cidade, um lugar de gente bonita e jovem!
O Hotel Algas é lindo, localizado à beira-mar. A infraestrutura é
formada por chalés de um andar, distribuídos pelo espaço que ao todo contém
quarenta e dois apartamentos e suítes, duas delas com hidromassagem.
Também há dois restaurantes, estacionamento sombreado, três bares, salão de
jogos, três piscinas (duas delas com minis-tobogãs), área de lazer com campo
de voleibol, futebol, frescobol de praia, espaço para a prática de slackline, o
lounge na praia e, por fim, a minha casa.
Os chalés são construídos de pedras aparentes, na cor creme, mesclada
com colunas de madeira escura. Os apartamentos são totalmente equipados
para dar o máximo de conforto à clientela, com frigobar, som ambiente, ar-
condicionado, telefone com discagem direta, TVs, tudo com um toque de
elegância e luxo casual. As suítes ficam de frente para o atlântico.
Tenho muitas histórias para contar sobre estes apartamentos, foi em um
deles que anos atrás perdi a virgindade, com uma hóspede. Desde então as
hóspedes são o meu foco, vivo com uma ali e aqui, porque não posso perder a
chance!
Pelo fato de todo o Resort ser enorme, há ruelas ladrilhadas dentro dele
por onde estão distribuídos os chalés, um deles, menor, é o escritório da
minha mãe. O verde se encontra por toda parte, a natureza é formada de
jardins, palmeiras, coqueiros, flores e gramado, que perfuma o ambiente.
Os restaurantes ficam em pontos estratégicos para atender todo mundo,
em locais diferentes do Hotel, mas são iguais, compostos por um salão aberto
com várias mesas, espaço para banda, cozinha e banheiros. A estrutura
também é formada por pedras aparentes, mesclada com colunas e piso de
madeira escura.
O lounge é um espaço na praia, com barracas guarda-sóis de lona branca
espalhadas pelo piso de madeira escura sobre a areia branca, tudo ao ar livre,
mais barzinho, cozinha, e espaço para DJ.
A minha casa fica próxima a um dos restaurantes, um pouco escondida,
com mais privacidade. É feita de pedras aparentes escuras, um rústico
misturado a uma elegância praiana. Nela a minha mãe não trabalha, é
proibido, pois casa para ela é casa, e trabalho é trabalho.
Ao chegar na portaria, buzino para o Maicon, o porteiro, que está na
cabine tirando sua velha soneca. Ele acorda espantado com o meu barulho,
abaixo o vidro do carro já gargalhando. O senhor de uns cinquenta anos de
idade, vestido em seu uniforme com o símbolo do Hotel, resmunga da sua
janela:
— Tu quer me matar do coração, menino?! Se a sua mãe não fosse a
minha patroa, eu te dava uma surra, viu!
— Pois vem agora! — O desafio, entrando na brincadeira. — ‘Tá
pensando que tenho medo de velho, é? Velho eu jogo é no museu, viu!
— Ah, moleque! — Ele gargalha, e abre os portões.
— MAAAICON! — Grito, zoando.
— EEERICK! — Ele faz o mesmo.
Dirijo pela rua até o escritório da minha mãe.
POM! POM!
Buzino, Eduardo o secretário, aparece na porta, um homem louro com
cara de bonzinho.
— Minha mãe se encontra, Eduardo?
— Não, acho que está na sua casa — responde, vermelho do sol, tem
cerca de trinta anos.
— ‘Tá bom; ei Edu!
— Fala, Erick — diz, desgostoso, talvez já esperando uma piada minha.
Adoro encher o seu saco — Você não é mais apaixonado pela minha mãe,
não, né?
— Olha, me respeite! Quantas vezes terei que dizer que essa história é
mentira, e que... — ele fica alterado, me arrancando gargalhadas. Saio
disparado, deixando-o falar sozinho.
Troco algumas mensagens com Felipe, afirmando que logo o encontro, e
estaciono na porta de casa. Entro, já chamando por minha mãe.
— Mãe! — Corro para a cozinha, não a encontrando, subo a escada. —
Dona Helen! O primeiro quarto é o dela, abro a porta de uma vez, a encontro
se levantando da escrivaninha, assustada, fechando o notebook.
— Erick! — Briga. — Quantas vezes vou te dizer que não gosto quando
entra no meu quarto sem bater?
— Ah mãe, foi mal, eu esqueci — me justifico, estranhando o seu
comportamento — O que foi? O que a senhora tem?
— Nada, só fiquei um pouco perturbada com o seu susto — tenta
desconversar.
— A senhora estava falando com quem neste notebook, hein? —
Pergunto, desconfiado, brincalhão.
— Com ninguém, meu filho; Cadê? Já fez a sua prova final? E aí?
Faço uma cara triste, mirando o chão.
— Ah não, não vai me dizer que reprovou, Erick! Tudo menos isso.
Olha...
— EU PASSEI! — Grito, a abraçando forte, tirando-a do chão com
facilidade, rodando-a, sorrindo. Minha mãe parece uma marionete em meus
braços.
— Para! Me põe no chão! — Ordena, séria. — Você não fez mais do
que a sua obrigação! Aliás, a sua obrigação era ter passado de primeira, e não
ter ido fazer prova final, em pleno início de janeiro, na véspera do seu
aniversário. Estou muito magoada, viu!
— Ah mãe, eu passei, meu. O importante é isso. Foi só um vacilo que
dei em matemática, mas já corrigi. Seu filho aqui é superinteligente, tirei dez,
pode confiar! — Vanglorio-me, tentando tirar a sua chateação.
— Sei..., e nem pense que porque amanhã é seu aniversário, você vai
sair hoje, nem pense! Ainda está de castigo.
— Mãe, como assim?! Eu passei! — Já fico nervoso.
— Repito, não fez mais do que a sua obrigação, mas está proibido de
sair do Hotel — responde, enquanto se olha no espelho da parede, arrumando
o cabelo louro. Ela usa um lindo vestido azul.
— Mas amanhã é o meu aniversário.
— E...?
— Ah, quero curtir com os meninos!
— Curtir como? Aonde?
— Ah..., na casa de um deles...
— Está mentindo, se quer curtir, curte aqui, sob as minhas vistas, você
já me aprontou muito, Erick, não vai fazer merda de novo.
— Mãe, só ficarei com meus amigos — insisto, fazendo cara de
cachorro pidão.
— Não, se quiser os traga para cá.
— Posso pelo menos ir lá falar com eles sobre vir para cá, então?
— Onde?
— Na Atalaia — respondo.
— ‘Tá bom, mas não demore.
— O.K. — Saio rápido, antes que ela mude de ideia.
Entro no meu quarto, que fica ao lado, e é uma zorra, todo bagunçado,
roupa pelo chão e em todos os cantos. Sento-me na cama, retiro os tênis, e
troco de roupa, pondo uma bermuda. Em seguida, corro, descendo as escadas,
e antes de vazar, ouço o grito da minha mãe:
— Não demore, hein!
— ‘Tá bom, mãe! — Reviro os olhos, chateado! Droga, ela e seus
castigos! Só por causa dessa maldita prova final, aliás, maldita nada, bendita,
bendita prova final.
Em minutos, chego à praia de Atalaia, que lembra aquelas de novelas,
com águas verdes revoltosas, de ondas fortes e espumantes. A margem é
repleta de barracas de palha, lotadas de turistas, com banhistas para todo lado.
Luís correia possui muitas praias, e a conurbação delas forma o município.
Encontro os gêmeos na grande e lotada barraca do nosso parceiro
Pedrão, eles, assim como eu, usam camisa regata, bermuda e chinelos, a
típica roupa de praia.
— Olha aí o homem! — Diz Felipe, sentado numa mesa com Thiago,
me esperando.
— Não queria vir mais não, é? — Indaga Thiago, emburrado.
— Estava enrolado com a minha mãe. E aí, cadê as cervejas? —
Pergunto, em tom baixo.
— Estão só esperando você chegar para levarmos pro carro — responde
Felipe.
Assim, pegamos as caixas de cerveja e colocamos no porta-malas, e
mais outras duas no banco de trás.
— Falta só mais uma caixa, meninos. — Informa Pedrão.
— Thiago, vai pegar com ele — digo.
Em resposta, ele me mostra o dedo, dizendo:
— Olha aqui para você, vá tu! Eu passei o resto da manhã toda
entregando os teus convites enquanto você comia alguém por aí. Vá
trabalhar, folgado!
Felipe gargalha comigo, adoro aborrecer os meus amigos.
— E vai logo, mano, que não podemos ficar dando bandeira aqui.
Ninguém pode nos ver com esse tanto de cerveja, senão estamos lascados —
avisa ele, parando de rir.
— Isso é verdade — confirma Pedrão. — E que ninguém fique sabendo
que eu a forneci a vocês, hein.
— Calma, Pedrão, vai dar tudo certo, vamos para longe, ninguém vai
ficar sabendo. E o senhor como sempre será bem recompensando.
— Então vamos logo.
O carro está parado bem atrás da barraca dele, no calçadão, ao lado da
avenida que divide a cidade do mar. Ao passar entre as mesas, esbarro sem
querer numa garota que parece surgir do nada, que me chama a atenção. Ela
me cativa de cara, com seus olhos azuis fascinantes. Retiro até os óculos
escuros para contemplá-la melhor.
Ficamos aqui, nesta troca de olhar intensa e quente. Ela me seduz com o
seu rosto perfeito, felino, selvagem, de lábios carnudos e rosados, nariz
pequeno, de olhar que me enfeitiça a cada segundo. O seu cabelo loiro e
molhado, para trás, denuncia que ela vem do mar, sua pele ainda está
molhada, coberta apenas pelo biquíni tentador. Quanta beleza numa pessoa
só, meu Deus!
A garota abre seu sorriso encantador, me fazendo engolir em seco, é
tudo rápido e ao mesmo tempo devagar. Finalmente ela desvia do meu
caminho, os meus olhos seguem o seu caminhar, vejo sua bunda durinha
rebolar naturalmente até a mesa onde se encontra sozinha. Sozinha? Um
mulherão desses não pode estar sozinha, ela parece ter no máximo uns
dezoito anos, senão menos. Será?
Respiro fundo, preparando-me para atacar. Meu corpo já está quente,
vendo-a vestir sua saída de praia transparente, curta, deixando suas belas
pernas à amostra, a cinturinha perfeita, toda uma delícia, um pecado. Ela me
vê chegar, rodeando a sua mesa, até que paro em sua frente.
— ‘Tá sozinha? — Pergunto, a encarando profundamente, jogando o
meu charme.
— Agora não mais — responde, sua voz é doce, agradável.
— Eu sou o Erick.
— Kelly — ela ri novamente. Não consigo explicar este tipo de atração
que sinto agora, meu peito palpita, a minha respiração pesa, mas me controlo,
não quero transparecer nenhum tipo de ansiedade.
— O que vai fazer hoje à noite?
— Não sei, ouvi dizer que aqui a noite é um pouco parado.
— Mas a de hoje não será — pego a carteira no bolso traseiro da
bermuda e lhe entrego um convite, um cartão preto, com um endereço.
— O que vai ser lá?
— Uma festa muito boa, se você for será melhor ainda.
— Eu vou pensar.
— Se for não vai se arrepender. Estarei te esperando.
POM!
Os gêmeos buzinam o carro do calçadão, chamando a minha atenção
— Meus amigos estão me chamando, tenho que ir — informo.
— Aquele é o seu carro? — Hum, ela gosta de carros. Legal.
— Sim — me despeço.
Minutos depois, dirijo para a praia de Macapá, o local da festa, onde
tenho uma casa de praia. É o lugar perfeito para fazer muito barulho, já que é
mais afastado de tudo.
— Convidaram turistas gatas? — Pergunto aos gêmeos. Felipe está
sentado ao meu lado, Thiago atrás, segurando as caixas de cerveja para não
caírem.
— Um monte de gata, mano, e quando falamos que a cerveja era livre,
elas ficaram muito interessadas — conta Felipe, animado.
— Tomara que venham todas, era cada delícia! — Lembra Thiago,
animado, e todos sorrimos.
Chegamos em Macapá, um lugar calmo e bucólico, em sua maior parte
deserto, de águas verdes e boas para a prática do kitesurf. Aqui também é um
paraíso, na maré baixa os bancos de areia parecem dunas conectadas pela
água.
Paramos em uma casa de praia bonita, de pedras brancas aparentes e
algumas paredes em amarelo, com alpendres ao redor de colunas em madeira
erguidas sobre a calçada. O imóvel possui um andar, é cercado por muros
altos, coqueiros e grama verdinha. Possui piscina, e as janelas são em vidro.
Há uma cancela de madeira como portão de entrada.
— É nessas horas que agradeço por ter esse meu amigo rico, meu Deus!
Erick, cara, essa sua casa de veraneio é show! — Thiago não reduz a
empolgação, sorridente.
— Toda vez que viemos aqui você diz isso, Thiago. E para de me
chamar de rico. — Peço.
— Mas se tu é rico, porra! — Reitera.
Da minha galera, sou realmente o que possui maiores condições, vida
boa, mas nem sempre foi assim. Quando criança, o Hotel ainda era apenas
uma pousada, cresci com os meninos do povoado, minha família cresceu nos
negócios, hoje temos dinheiro, contudo, nunca larguei os meus amigos. Tudo
que tenho e vivo acabo compartilhando com eles, porque só tem graça assim,
não gosto de ficar sozinho, adoro gente, alegria, curtição e festa!
Os gêmeos pertencem a uma família de pescadores. A família do Eliseu
trabalha no ramo das pousadas, a do Ramon com barracas na praia. Todos
somos amigos desde sempre, mas somente com Ramon divido as minhas
histórias mais secretas.
— Sorte nossa que ninguém alugou ela até agora, e olha que ainda
estamos em alta temporada — observo, me referindo à casa.
A minha mãe aluga o imóvel em época de alta temporada, que é julho,
agosto, dezembro, até metade de janeiro, período de férias ou feriado
prolongado, quando Luís Correia enche de turistas. Como o meu aniversário
é no início do mês, ainda dá tempo de chamar uma mulherada imensa para o
evento. Buzino para Eliseu e Ramon, que saem da casa.
— Ah, pensei que vocês não chegariam mais! — Diz Eliseu, mirando o
relógio de pulso.
— Bora, zé do bode, para de reclamar e vamos trabalhar, que hoje à
noite aqui vai encher de mulher, papai! — Abro o porta-malas. — Mas a
minha mãe não pode sonhar que estou usando esta casa pra fazer aniversário.
— Por quê? Achei que depois que você falasse que passou de ano, a tia
iria amansar — comenta Ramon.
— Que nada, ainda estou de castigo, vou ter que fugir de casa, mas vai
dar certo.
— Mas também, lembram da festa de aniversário do Erick do ano
passado? Quase tocamos fogo no Resort — lembra Eliseu, todos rimos.
— Agora vamos trabalhar, galera! — Comando, assim partimos para
colocar a mão na massa!
Nos dividimos em duplas, carregamos as caixas de cerveja para os
frízeres espalhados pela casa, que por sinal, ficam lotados. O DJ e sua equipe
chegam e montam todos os equipamentos de som, eu quero ver esse chão
tremer com o paredão enorme que consegui. Também há jogos de luzes com
efeitos especiais para criar um estilo meio balada. Montamos tudo e
terminamos às 17h.
Há um momento em que Ramon me chama num canto.
— E aí, comeu a professora de novo? — Sussurra, curioso.
— Claro, mano, o Erick aqui não brinca em serviço. Finalizei!
— Aaah moleque! É por isso que eu te amo, tu é demais, cara! — Ele
me abraça, rindo.
Após deixar tudo pronto, volto para casa sob as ligações da minha mãe,
que hoje está insistindo em pegar no pé. Que saco!
— E aí, filho, seus amigos vão vir pra cá? — Ela pergunta, assim que
entro em casa. Está deitada no sofá, assistindo.
— Só amanhã, hoje todos estão ocupados — minto, me aproximando.
— Amanhã eu faço um bolinho pro meu neném.
— Ah, dona Helen, agora lembrou que sou seu filho? Só me tratou mal
hoje — faço drama.
— Não lhe tratei mal, só te lembrei que está te castigo.
— O que a senhora está fazendo aqui a essa hora? — Pergunto,
surpreso, pois normalmente ela estaria trabalhando.
— Estou exausta, muito trabalho hoje, me dei folga. A Maria e o
Eduardo cuidarão de tudo.
— Ah tá.
— Vem cá, dá um beijo na sua mãe — pede, a obedeço, com muito
carinho, lhe abraçando também e caindo em cima dela como uma árvore
desaba sobre uma formiga. — Sai... que não te aguento mais, está muito
pesado esse meu bebêzão, Jesus.
Sento-me no chão, encostando no sofá, sorrindo. Olho para a TV, vejo
uma cena da novela, de pai e filho.
— Mãe, a senhora já imaginou como seria se meu pai estivesse vivo? —
Pergunto, um pouco sonhador. É sempre assim, todo ano lembro do pai que
nunca tive, que morreu antes de eu nascer.
— Meu filho... — minha mãe não gosta de falar sobre o assunto.
— Eu sei que a senhora não gosta de falar dele.
— Não é que eu não goste, é que... é como lembrar do seu avô..., me
deixa triste — a sua voz fica um pouco abalada, e começo a acariciar o seu
cabelo.
— Eu sou mesmo parecido com ele? — Tento imaginá-lo, já que
também não existe nenhuma foto sua.
— Sim, diria que até demais, menos os olhos, você tem...
— Os seus olhos, eu sei — completo, sorrindo.
— E vocês não são parecidos só por fora, por dentro também. Seu pai
era muito safado quando se tratava de mulher, ele nunca foi só meu — conta,
tristonha, reflexiva. — Que fique claro que isso não é uma coisa boa, não
gosto de ver você com as cinquenta namoradas que tem na cidade, isso não é
certo, não se faz. Não quero mais receber reclamação da mãe de ninguém,
como eu já disse, se você aparecer com um bebê aqui...
— Eu me protejo, mãe, me protejo. Estou solteiro, não sou
comprometido com ninguém, não consigo ser de uma só — a provoco, pois
sei que ela odeia esses tipos de comentários.
— Safado! — Recebo um tapinha no ombro, aproveito o momento para
partir para cima dela, a beijando várias vezes no pescoço, fazendo cócegas.
— Para, menino! — Paro, a olhando nos olhos com amor. — Eu te amo,
meu filho, te amo muito.
— Também te amo, mãe — a abraço.
Mais tarde, estou pronto para a minha festa, de calça jeans rasgada,
tênis, camisa polo branca, relógio caro no pulso, a carteira cheia da grana e
camisinhas. São exatamente 23:00h e a minha mãe continua na sala, lá
embaixo, sem dormir, assistindo TV. Tento fugir três vezes, mas não rola.
Agora tentarei outra vez. Entretanto, mal saio do quarto e já entro novamente
ao vê-la subir pela escada, em seguida escuto seus passos até o seu quarto, o
trancar da porta, esta é a minha chance!
Em segundos, estou do lado de fora, dirigindo depressa. Recebo uma
ligação do Ramon.
— CARALHO MANO, ONDE ESTÁ VOCÊ? A FESTA ESTÁ
BOMBANDO! — Grita, com a voz de bêbado.
— Tô chegando, já chegando! — Fico empolgado.
Acelero até chegar na festa, que está lotada de gente bonita, jovem, a
maioria desconhecida, mas não me importo, esse era o objetivo! Passo pelas
pessoas que dançam loucamente ao som do paredão, me aproximo da piscina,
chamando a atenção de vários olhares. Thiago, que dança perto do DJ, sorri
de orelha a orelha ao me fitar, sobe no pequeno palco e pede para baixarem o
som, tomando o microfone.
— Agora sim, galera! Chegou o dono da festa, recebam com aplausos:
ERICK! — Grita, apontando para mim.
Todos batem palmas, recebo uma garrafa de cerveja. Várias músicas
eletrônicas tocam, Felipe, Thiago e Ramon já estão com suas gatas, menos
Eliseu que, como sempre, não tem coragem de chegar em ninguém.
Quando o álcool sobe, até parece que conhecemos todos aqui, vira uma
festa de amigos de infância que dançam juntos e brincam na zoação. É muita
diversão e loucura. O DJ passa a tocar um pouco de funck, tenho umas três
gostosinhas sarrando em mim, descendo até o chão enquanto seco mais
garrafas de cerveja, pois adoro beber e me esbaldar!
Próximo da meia-noite, todos começam a fazer uma contagem
regressiva para me parabenizar, em frente à piscina, os parceiros estão ao
meu lado, recebo milhares de parabéns. Eu sou o rei da minha cidade, das
mulheres, do mar, de tudo! E isso me basta.
No meio da mulherada que me cerca, avisto Kelly, a loiraça linda que
encontrei hoje de manhã na praia. Ela me observa sedutora, está
simplesmente maravilhosa! Saio de perto das outras, vou em sua direção, a
perdendo de vista por alguns instantes até encontra-la se afastando de todos,
saindo pela cancela.
A encontro encostada no muro, magnífica, em um vestido tubinho, de
saltos, com o cabelo loiro solto, bem maquiada, o que a deixa ainda mais
linda. Essa boca de batom vermelho acaba comigo! Paro em sua frente, bebo
até o último gole de cerveja e jogo a garrafa na areia, enquanto encosto o meu
rosto no seu. Nossos corpos se colam, transpassando calor, gerando uma
química potente!
— Te encontrei — diz, sorrindo.
— Você é um sonho? — Indago, hipnotizado por sua beleza extrema.
— Não... eu sou a mais pura realidade.
A garota coloca sua língua saliente e gostosa entre os meus lábios
carnudos, invadindo a minha boca, me fazendo fechar os olhos. Que
tentação! A correspondo, a agarrando pela cintura, pressionando seu corpo
contra o meu, fazendo-a me sentir duro e forte enquanto nos beijamos. Quero
muito essa gata, e irei tê-la, agora!
PESADELOS
Nosso beijo é quente e avassalador, parece até que nossas bocas foram
feitas uma para outra. Esse corpinho delicioso dela pressionado contra o meu,
seu perfume gostoso que me invade. Kelly está me fazendo delirar, e quero
mais! Muito mais.
Ela vira o rosto, desgrudando as nossas bocas, ofegante. Ficamos sem
ar!
— Eu não sabia que era uma festa de aniversário, no convite só dizia ser
uma festa, com bebida livre — comenta, mudando de assunto.
— Essa era a intenção. Eu e meus amigos achamos que se colocássemos
“festa de aniversário”, a galera não iria querer vir.
— Inteligentes — elogia. — Quantos anos você ‘tá fazendo?
— Dezessete.
— Eu tenho dezoito. Bem, vamos curtir seu aniversário então.
Kelly me puxa pela mão e nos leva de volta à balada. A observo dos pés
à cabeça de novo, a gata sabe se vestir, tem estilo, usa um daqueles colares
tipo coleira, brincos e pulseira. Com certeza é a mais bonita da festa, gostosa,
e de um sorriso encantador, sedutor, que me enfeitiça a cada momento que
passamos juntos.
Dançamos com as luzes e efeitos especiais nos iluminando na escuridão
gostosa. Ela se diverte, esfregando o corpo no meu sensualmente,
gargalhando. De onde veio? Quem é? Há algo de diferente nesta garota, que
ainda não consigo explicar. Ela é como uma sereia, me carregando até um
mar de emoções. Não sinto apenas vontade de possuí-la, mas de conhecê-la
melhor. Ela emana uma energia boa e excitante que unida à minha parece nos
fazer voar em pensamento.
Kelly continua me provocando, me seduzindo, mas também não facilito
as coisas para ela, esfrego suavemente as mãos por seus braços, com o rosto
colado ao seu, sentindo seu perfume. Alguns diriam que fazemos a dança do
acasalamento, porque está quente e sensual! Seco mais uma garrafa.
Ramon aparece de repente, me abraçando, acompanhado de uma
menina.
— ERICK MANO, ESSA FESTA ESTÁ DEMAIS! — Grita no meu
ouvido, devido ao som alto.
— DEU TUDO CERTO, COMO PLANEJAMOS — o respondo.
— Quem é essa gata, mano?
— Linda, né, vai ser minha; cadê os meninos?
— Sei lá daqueles veados, vou ali satisfazer as minhas necessidades.
Tchau, negão! — Ele se vai, volto para a loira que me abraça.
— Fazia um bom tempo que eu não vinha para uma festa boa assim —
comenta, em meu ouvido.
— ‘Tá gostando? — Pergunto.
— Muito. Estou curtindo bastante. — Ela busca um novo beijo, por mim
tão esperado. A tomo em meus braços, nossos lábios voltam a ter contato
constante, se tocando, esquentando um ao outro.
— Que tal curtir agora só nós dois? — Proponho.
Recebo seu olhar de danada e concordância, puxo-a pela mão, a levo
para o primeiro andar. No meio do caminho, a gata pega uma garrafa de
cerveja. Subimos a escada, encontro dois casais ficando no corredor, mas o
quarto continua trancado, a chave está comigo, pois não sou otário, o reservei
para mim. Destranco, entramos.
— Essa casa é linda, esse quarto. Tudo aqui é seu? — Pergunta, indo até
a janela, vendo a galera dançar e se divertir lá embaixo. A abraço por trás,
beijo o seu ombro nu, molhando a sua pele com a língua. A loira fecha os
olhos, se excitando.
— Sim — respondo. — A minha família também é dona de um hotel à
beira-mar, na praia do Coqueiro.
— Nossa — diz, impressionada.
— De onde você é? Nunca te vi por aqui. — Ela vira, segurando o meu
rosto entre as mãos.
— Dos seus sonhos — responde.
Sorrio, voltamos a nos beijar com fogo. O nosso toque parece um sonho,
possuindo uma química perfeita. Desço as mãos para sua bunda apertada
nesse vestidinho, puxo-a para o meu colo, tirando-a do chão, sustentando seu
corpo no meu. Suas pernas laçam o meu quadril, ouço o seu gemido ao sentir
a minha força, minhas pegadas em sua bunda e coxas.
Nos beijamos com gosto, selvagens, nossas bocas nos transformando em
um só. Sento na beira da cama, Kelly remexe a bunda em cima do meu
cacetão, o sentindo duro sob a calça. Levanto seu vestido, aperto as suas
nádegas quentes, espalmando uma delas com muita força.
— Aaai! — Ela geme, mordendo o meu lábio carnudo.
A gata sai do meu colo, se ajoelhando à minha frente. Ah, não acredito
que ela quer me chupar! E sem eu precisar pedir! Que maravilha! Ajudo-a a
abrir a minha calça, colocando o meu membro para fora, decido tirar tudo
logo, não gosto de nada me prendendo neste momento, fico despido da
cintura para baixo.
Noto a surpresa dela ao ver o meu pau chocolate, extremamente duro e
forte em sua frente, gigantesco, viril. Kelly engole em seco, parece
intimidada, suas bochechas até coram, o que me excita ainda mais, me
abrindo um sorriso de satisfação e orgulho. Mas ela começa o boquete
devagar, perdendo a timidez aos poucos, pondo a cabeça da minha rola
dentro da sua boquinha, lambendo-a lá dentro de todas as formas possíveis,
me deixando louco, me fazendo revirar os olhos em gemido.
Ela sabe chupar, me afundando garganta abaixo, seus lábios esfolam ao
se esfregarem no corpo do meu membro, recebendo essa massa negra e
volumosa, me fazendo pirar, latejando de tesão!
Em um momento, sinto necessidade de assumir o controle, enrolo a mão
em suas madeixas douradas, passando a controlá-la e fodê-la, fazendo-me ir e
vir, pressionando sua língua, deixando-a sem espaço, tocando o céu da sua
boca, roçando em seus dentes. Ela afasta o rosto, ofegante, não é fácil me
aguentar. Mas quero mais!
Levanto, trago o seu rosto de novo para o meu pau, esfregando-o na sua
face, brincando, lambuzando-a, dando batidinhas em suas bochechas
vermelhas, devasso, libidinoso, imoral. Em seguida, enfio o máximo que
posso outra vez, bem devagar, entrando e saindo, bombando, Kelly
novamente pede arrego, tossindo, babando.
— Vem cá, vem! — A puxo pelo cabelo para um beijo molhado, me
surpreendo quando sou masturbado. Sua mãozinha se perde em mim, queimo
com o seu toque apertado. Novamente pressiono a sua bunda, dou-lhe mais
uma tapa, a jogo na cama com brutalidade.
Tiro os seus saltos e puxo o seu vestido, delícia! Jogo a minha camisa
longe, ficando nu por completo, Kelly me admira, observando cada pedaço
meu, principalmente o meio das pernas, assim como faço com ela,
contemplando seu corpinho feminino que me deixa alucinado de luxúria.
Caio em cima dela, esfregando minha pele quente na sua, arrastando o pau
em brasa por sua bocetinha, pressionando-o contra o seu abdômen.
— Ooh, Erick! — Mia, adoro quando chamam o meu nome.
— Gata gostosa do caralho — Rosno, apertando os seus seios delicados,
fazendo-os estufar entre os meus dedos. Chupo cada bico delicioso que se
perde dentro da boca e possuem um sabor inigualável. Giro a língua várias
vezes em volta deles, me alimentando, me satisfazendo.
Kelly roça as unhas no meu cabelo, arfando ao mesmo tempo em que
roça as pernas entre o meu corpo, me laçando, louca para me dar! Volto a
beijá-la, meus lábios carnudos são consumidos de forma voraz, ela gostou
deles, é perceptível, pois me toma como se precisasse disso para viver.
Escorrego uma das mãos por seu corpo, passo os dedos por dentro da sua
calcinha, sentindo a sua intimidade molhada vibrar ao meu toque instigante e
provocante. Afundo a língua em sua boca, sou sugado imediatamente, em um
contato que abafa os nossos gemidos.
Esfrego o dedo médio entre seus lábios internos e sensíveis, em
movimentos de vai e vem, excitando o seu clitóris, deslizando entre suas
carnes íntimas, criando ondas de energia sexual, fazendo-a queimar. Retiro a
sua calcinha, escorregando a peça por suas coxas douradas, ansioso, chocado
com tanta perfeição. Quando vejo sua xoxotinha apetitosa aparecer brilhando
do seu mel, sorrio, faminto, arrastando a língua enorme e pontuda em volta
da boca, como um lobo, sedento. Nunca vi uma tão maravilhosa, parece até
falar comigo, me chamando, vem Erick, me chupa, me come, e a respondo
mentalmente, já vou, coisa linda da minha vida.
Arreganho as coxas da gata, abrindo-a até o limite, deixando seu monte
de Vênus completamente disponível, para o meu bel prazer. O beijo gostoso,
delicadamente, devagarinho, intenso.
— OOOH — Kelly quase grita, enquanto recebe a minha língua
saliente, ávida.
Lambuzo seus lábios vaginais de lado a lado, fazendo a garota perder os
sentidos e gemer cada vez mais alto, apertando os próprios seios, uma
imagem que me fascina e faz meu cacete pulsar, batendo contra a barriga,
querendo foder. Porém, preciso ter paciência, porque adoro fazer uma oral de
tirar o fôlego.
Sugo a sua vulva, desço em movimentos circulares até o seu cuzinho
rosado. É tudo lindo aqui, o verdadeiro significado de perfeição! Uma boceta
toda rosinha, inchada, de lábios acentuados, leves, lembrando pétalas de uma
flor cheirosa e necessitada. Kelly então me surpreende, erguendo os quadris,
fazendo-se mover na minha boca para cima e para baixo. Entro nesta dança,
arrastando a língua em todas as direções possíveis e impossíveis, lambendo e
chupando com gosto. Como é bom! Obrigado meu Deus por estas xoxotas!
Dessa vez não posso esperar, tenho que me sentir dentro dessa garota o
quanto antes, estou louco por ela! Levanto, começo o meu ritual, balançando
o quadril, sacudindo o caralho de lá para cá, quente pelando. A língua está
para fora, como um lobo sedento, o cacho de coco cresce, escuro, volumoso.
Visto a camisinha, pairando sobre Kelly, abrindo as suas pernas com as
minhas, abaixando o meu quadril num molejo veloz, penetrando suas
entranhas macias sem precisar usar as mãos. Gememos juntos quando meu
saco quase bate contra o seu orifício.
Sinto o pau afundar com dificuldade por suas paredes vaginas. Ela me
aperta e contrai, enquanto latejo e cresço ainda mais, a possuindo, a
dominando, a tomando para mim, viril, forte. Chego ao seu limite, Kelly
arranha as minhas costas, possuída pelo desejo. Nossa união proporciona um
prazer imenso, entretanto, noto um traço de dor na expressão dela, já que sou
grande e grosso. Seus olhos até brilham, me encantando.
— Você é muito grande para mim — geme, inflando o meu ego, me
deixando doido. Fico alucinado, com o coração palpitando.
— Sua boceta é tão apertada..., tão gostosa, gata — murmuro, rouco. —
Eu vou arregaçar você — rosno.
Soco o pau nela em um desce e sobe lento, para não machucá-la, indo
somente até onde pode aguentar, mas a cada estocada, aprofundo-me um
pouco mais, atolando-a enquanto chupo o seu pescoço. A loira põe as mãos
no meu peitoral, tentando de alguma forma controlar as penetrações para que
não doam, grunhindo de prazer, observando-me arrombá-la devagarinho.
Após alguns minutos nesse vai e vem moderado, acelero as estocadas,
metendo com força e rapidez, do jeito que adoro. Quando ela geme mais
forte, me torno menos intenso, variando os golpes, sempre entre a potência e
a leveza, a fodendo com bastante tesão.
Tanto eu como ela parecemos sofrer uma espécie de tortura do prazer,
chegando ao limite da volúpia. É uma conexão imensurável, algo surreal, que
não lembro de ter sentido com outra pessoa, está sendo fantástico porque
Kelly sabe contribuir e mexer com o meu psicológico, retribuindo tudo de
volta, em uma atração explosiva.
Continuo arregaçando-a, fodendo-a como uma máquina, mas tentando
ser cuidadoso, descendo a madeira, metendo, golpeando, enterrando numa
pressão sem igual, libidinoso, lascivo, delirante! Os gemidos dela crescem, as
veias da sua garganta aparecem.
Percebo que Kelly vai gozar, não paro, continuo batendo o saco contra
seu cu, fazendo barulho e, de repente, acontece um fenômeno: o corpo da
loira fica todo vermelho em segundos, mudando de cor literalmente, ela
explode, esguichando pelas brechas existentes entre a nossa união, nos
molhando! Fico chocado, pois nunca vi uma mulher esguichar na minha vida,
até paro com os movimentos, a contemplando, acariciando o seu rosto.
A garota ofega, de olhos fechados.
— O que foi? — Pergunta, notando um Erick abobado.
Respondo com um beijo intenso, voltando a comê-la gostosinho, logo
sua pele muda de cor outra vez, me deixando perplexo por perceber que a
gata vai para o segundo orgasmo! É um seguido do outro! É uma experiência
até então desconhecida para mim. Aproveito o momento para descarregar
todo o meu tesão também, o poder sexual do meu corpo segue fulminante
para a cabeça do pau, a fenda dela pisca, explodo junto com Kelly, em um
frenesi avassalador!
— AAH! — Urro, gozando muito, ejaculando em grande quantidade,
descarregando toda essa energia para fora do corpo através da rola,
enfraquecendo logo em seguida. A minha respiração quebra várias vezes, sou
tomado por milhares de sensações prazerosas, o coração bate em ritmo
acelerado, os olhos fechados mostram o quanto sinto o orgasmo.
Afundo o rosto no pescoço da loira, ofegando, com os músculos ainda
vibrando. Ela parece destruída, exausta, incrivelmente impressionada
comigo. Aos poucos a sua pele volta ao tom normal. Sinto as últimas gotas
do meu leite preencherem a camisinha dentro da sua boceta nervosa.
— Essa foi... a melhor transa da minha vida — confesso, me jogando ao
lado, e ela ri.
— Foi a minha melhor também..., não esperava por isso..., meu Deus.
Retiro a camisinha lotada de porra, jogando-a para longe.
— Vamos de novo? — Convido.
— Mas já? Quer me matar?
— Talvez — sorrio, acariciando o seu rosto. — Você é linda demais —
a elogio, a beijo carinhosamente.
— Você é perfeito com essa boca e estes olhos. Nunca me senti assim
com um garoto..., foi especial — confessa.
— Vai ser especial a noite inteira.
— E o seu aniversário?
— Foda-se, aniversário eu faço todo ano, agora você, nem sei quando
vou te ver outra vez. Isso se... eu te deixar ir.
— Não pode me impedir de sumir.
— Não duvide de mim, gata.
Ela ri, corando, e por algum motivo se cobre com o lençol.
— Tu seria um ótimo namorado, sabia? — Indaga.
— Hoje sou seu namorado, então. Você é minha e eu sou seu, só seu.
— Nossa, aprendeu essas frases prontas com quem? Com o seu pai?
— Meu pai morreu quando eu era pequeno, nem lembro do seu rosto —
conto.
— Ah, me desculpa.
— Tudo bem. Mas respondendo a sua pergunta, acho que é genética.
Ela gargalha.
— Pode ser, ou você copiou de algum lugar.
— A minha mãe assiste algumas novelas, sabe...
— Ah, te peguei! — Ela dá um tapinha em meu ombro, voltamos a nos
beijar em meio às gargalhadas. Me excito, partimos para o segundo round!
Abro os olhos devagar, a bagunça à minha volta é grande. Estou no
quarto da minha casa de praia, jogado na cama de bruços, totalmente nu e
sozinho. Sozinho? Minha cabeça ainda está zonza da bebedeira e putaria da
noite anterior.
Pelo chão há roupas espalhadas de mais de uma pessoa, litros secos de
cerveja, e manchas de bebida. A luz do sol invade o cômodo pela janela de
onde também sopra a conhecida brisa marítima.
— Ai... minha cabeça — gemo, rouco, virando sobre os lençóis que
cheiram a sexo selvagem. Olho para o teto, de braços abertos, a ressaca me
tomando.
Apalpo o colchão, procurando minha cueca, mas não a encontro. Sento
devagar, pondo os pés no piso sujo. Levanto ainda tonto, mas fico parado por
alguns instantes para me equilibrar. Sigo até o espelho na parede, olhando o
meu rosto, os olhos bem vermelhos, as olheiras bem marcadas, cara de
ressaca braba.
Observo meu corpo negro e másculo um pouco murcho por causa do
álcool que corre por ele, vejo o sinal que possuo no ombro esquerdo, uma
pinta mais escura que a minha pele chocolate, é a minha “marca de gostoso”,
assim a chamo. Tenho uma tatuagem em cada braço, miro o meu membro,
surpreendendo-me por ele ainda estar com a camisinha, tiro-a, jogando no
chão.
Estou meio confuso, tentando lembrar direito do que aconteceu. Acho
minha cueca boxer branca em um canto e a visto. Imagens da noite passada
vêm como flashes na mente, da loira incrível comigo neste quarto. Cadê ela,
hein?
Caminho até o banheiro, pisando sobre uma calcinha e uma cueca, abro
a porta, encontrando Thiago jogado no chão com uma menina. Eles transaram
aqui? Os dois estão peladões.
— Thiago — o chamo, com a voz cansada. — Thiago.
— Hum — ele geme, ainda com os olhos fechados, virando o rosto para
o lado.
— Cadê a gata que dormiu comigo, mano?
— Foi embora ontem — responde, sonolento.
— E como é que não vi isso?
Thiago abre os olhos, percebe como está e reclama:
— Porra véi, dá licença, cadê a privacidade? Sai daqui, negão, estou
pelado!
Fecho a cara pra ele, a porta também. Idiota. Está na minha casa e me
expulsa do meu banheiro! Folgado. Mais flashes com a gatinha surgem, a
gente dançando na festa, se beijando loucamente.
— Cadê o meu celular? — Indago, procurando, não o encontrando. —
Minha carteira — também não a encontro, percebendo que a coisa é séria. —
A chave do meu carro! — Fico em pânico, esbugalhando os olhos. — Droga!
Ela me roubou! É isso! Saio do quarto apressado, desço a escada
correndo e quase caio para trás quando chego na sala de estar, vendo o
tamanho da bagaceira! Uma galera inteira dormindo por todos os cantos. Está
tudo uma verdadeira zorra, bebida para todos os lados, um caos!
Ponho as mãos na cabeça, chocado!
— Eu tô lascado — murmuro, tentando medir mentalmente o tamanho
desse estrago.
A que ponto chegou essa festa? Onde eu estava quando tudo chegou a
esse nível? Cadê a ladra que me roubou? Ela vai pagar caro por isso.
Ele me agarra com violência, tentando me submeter à sua vontade,
querendo me estuprar! Não! Grito, e me desvencilho dos seus braços. Corro
um pouco, mas caio na areia da praia. Está escuro, é noite, e as ondas fazem
barulho. Alonso senta sobre mim, segurando meus pulsos afoitos, ele é mais
forte.
— Não lute, Helen. Não consigo mais esperar, vai ser gostoso, você vai
ver! — Sinto nojo dele e em seguida o meu vestido é rasgado.
— Não Alonso! PARA! NÃO! — Berro, amedrontada. Ninguém vai me
socorrer, a praia está deserta. Uma sucessão de coisas acontece em flashes de
terror, e tudo termina com o som do tiro!
Pow!
Acordo do pesadelo gritando e chorando, dando de cara com Maria,
apavorada, entrando no quarto, vindo em meu socorro.
— Helen, calma! — A mulher me abraça, sentando ao meu lado. — Foi
só um pesadelo.
— De novo Maria, de novo voltei a ter esse pesadelo! — Choramingo.
— Por que isso voltou a me assolar, meu Deus?
— Helen se controla, o Erick pode ouvir! — Ela levanta, olha para fora
do quarto por alguns segundos e tranca a porta. — O quarto dele está em
silêncio, acho que ainda dorme.
Maria é um anjo em minha vida, uma grande amiga e empregada fiel
desde que papai morreu, que me ajudou a criar o Erick, é madrinha dele, e
acompanhou a minha luta para crescer o negócio da família e transformar no
que é hoje. Ela tem quarenta e cinco anos de muita alegria e resiliência, a pele
morena e os cabelos pretos. Mora comigo, e é a chefe de cozinha dos dois
restaurantes do Algas.
— Já fazia tanto tempo que eu não tinha esses pesadelos, e agora eles
voltaram, assim, do nada — reflito, quase murmurando.
— O seu pai diria que isso é um mal pressentimento — ressalta Maria.
— E eu concordaria com ele. Ai Maria, sinto tanta falta do papai.
— Eu também sinto falta do velho Matheus. Parece que faz tanto tempo
que estamos sem ele, mas só faz um ano.
— Pois é — uma lágrima escorre por minha face.
— Já que ele se foi, você não acha que passou da hora de contar ao
Erick toda a verdade, sobre a outra família dele?
— Mas prometi ao papai que não faria isso.
— A verdade é que o seu Matheus foi muito infantil em te pedir essa
promessa estúpida. Você sabe que eu nunca concordei com essa mentira. No
início até que tudo bem, ele era uma criança, mas agora Erick está quase um
adulto, vai conseguir entender todos os seus motivos.
Sento-me, apreensiva só de cogitar essa possibilidade.
— Não será todo esse mar de maravilhas. Essa mentira se tornou uma
bola de neve... O Erick pensa que o pai está morto, imagina se descobrir que
está vivo... ele iria me odiar e se afastar de mim.
— Não se disser os seus motivos, tudo o que passou, como a vida te
trouxe até aqui. Sem contar a felicidade do meu afilhado em descobrir que
tem um pai, você sabe mais do que ninguém que ele sempre sentiu falta
disso.
— Eu sei..., mas não é só isso. O Erick não foi um filho desejado pelo
Victor, e, além disso, o irmão do Erick — sussurro — é o seu primo. Entende
isso, Maria? Eu e a minha irmã tivemos filhos do mesmo homem! — Ponho
as mãos no rosto, destroçada ao lembrar dessa história.
Maria respira fundo.
— Pelo menos o pai do Erick não era um louco feito o Alonso, e nem
um ambicioso como o Alex — ela lembra dos outros dois homens do meu
passado.
— Não, o Victor não era nada disso, ele era um menino-homem cheio de
vida, feliz, sedutor, intenso, diferente de todos que já namorei. Eu, ele e a
minha irmã, Laura, éramos três inconsequentes naquela época, essa é a verde.
Erramos tanto, e acho que a única coisa em que acertamos foram os nossos
filhos. Às vezes fico imaginando como seria se o Erick conhecesse o irmão
dele, sabe, o meu sobrinho, Apolo — sorrio, pensando. — Eu já conversei
com ele algumas vezes por vídeo-chamada, e ele é um amor, e assim como o
Erick se parece muito com o pai.
— Então, Helen, olha como isso faria maravilhas na vida do Erick, conta
pra ele.
— Não, ainda não. Mesmo depois de todos esses anos, ainda não estou
preparada. Nunca vou esquecer de tudo que ouvi e vi antes de deixar aquela
família.
Respiro fundo e enxugo os olhos.
— Vamos esquecer esse assunto, por favor — peço. — Hoje é
aniversário do meu filho, precisamos fazer um bolo antes que ele acorde.
— Tudo bem, vou tomar um banho e correr para o restaurante — a
mulher vai embora e me deixa sozinha no quarto. Olho o relógio que ainda
marca 05:30h, e decido levantar.
Mais tarde, caminho por meu lindo resort, até o restaurante, onde uma
mesa com várias gostosuras me aguarda. Troco sorrisos e cumprimentos com
os hóspedes que chegam para tomar café, e meu peito se enche de alegria
com o sucesso do meu negócio. Algas é um sonho realizado de papai, o
ajudei a construir cada pedaço desse paraíso, e jamais trocaria o que tenho
hoje por minha vida antiga, pela época em que ainda me chamava Lorrana.
Enquanto como um delicioso bolo de milho, vejo Eduardo passando, e o
chamo. Ele ajeita os óculos, e vem. O convido para sentar e conto-lhe sobre o
aniversário do Erick enquanto nos alimentamos.
— Ah, hoje é o aniversário dele? — Indaga o homem magro, alto, de
barba feita, louro de olhos castanhos, vestido no uniforme do hotel.
— Sim, Maria já está terminado de assar o bolo — informo.
— Que bom, adoro tudo o que a Maria faz.
Penso em algo, e digo:
— Edu, é..., eu quero aumentar o seu salário, o que acha?
— Por quê? — Ele estranha.
— Porque... você é um ótimo funcionário, está conosco há tanto tempo
e...
— E...
— Voltei a ter pesadelos com o Alonso nesta madrugada — confesso,
cabisbaixa.
— Helen, a gente já conversou tanto sobre isso.
— Eu sei, mas... não consigo esquecer tudo o que você fez por mim, e
acho que nunca vou poder pagar o suficiente por isso.
— Tudo o que fiz foi por... — Vacila, e engole em seco — Pelo seu pai.
Devia muito ao seu Matheus, e era a única solução.
— Será? Às vezes penso que não, que havia outras saídas.
— A gente não precisa reviver essa história, Helen. Esquece, ficou para
trás — a voz dele é mansa, mas percebo que o toquei na ferida.
Edu é um homem sério e reservado, com um ar misterioso de quem
sofreu muito na vida, e foi por minha causa. Essa culpa permanece em mim
todos os dias.
— Obrigada novamente, por tudo — peço, pondo a mão sobre a dele, o
deixando meio nervoso.
— Eu já... vou indo para o escritório — o homem foge como o diabo
foge da cruz, me deixando confusa.
Teresina, Piauí.
Apolo sorri enquanto eu, sua mãe, seu avô e a empregada cantamos
parabéns para ele. Como amo esse garoto. É o meu único filho, meu amado
primogênito.
FANTASMA
Maldita hora em que aceitei fazer essa merda! Olho para trás
arrependido, mas os meninos no carro fazem um sinal com a mão, me
instigando a continuar. Ainda bem que o local está meio deserto. Essa meia
no rosto está me impossibilitando de respirar direito, pareço um touro
encapuzado.
Paro às costas da loira e grito com a voz grossa:
— MOÇA, PASSA A MALA!
— AAAAH — ela berra ao me ver, assustada, e me assustando também,
eu não esperava por isso!
— Não, não, não precisa gritar, moça — abaixo o tom, e em seguida
lembro de voltar ao papel — É SÓ PASSAR A MALA, EU NÃO VOU TE
MACHUCAR...
— AAAH, SOCORRO! — Ela começa a me bater, e resolvo tomar a
mala dela.
— MOÇA, FACILITA, SOLTE!... AAAI — grito com a dor dos seus
tapas fortes
— SOLTA A MINHA MALA, BOLA DE FOGO!
— Bola de fogo?... AI, NÃO ME BATE! — Grito, nervoso, correndo
em direção ao carro, amedrontado, com ela me perseguindo.
Sinto a garota pular em minhas costas, juntos vamos ao chão.
— ERICK! ERICK SOCORRO! — Peço ajuda, não há outra saída, a
mulher está endemoniada.
Que estranha essa proposta do meu pai. Ele está tentando de tudo
mesmo para me ver normal outra vez, para me fazer esquecer do inferno que
vivi. Só que o problema é que não consigo esquecer de nada. Sei que sou o
culpado de tudo de ruim que aconteceu, e ninguém me convencerá do
contrário. O que mais quebrou meu coração foi perder minha namorada, a
garota que amo, Tati.
Continuo na sala de jogos, largado no sofá, pensando em tudo isso.
Kenai abusou a minha tristeza e saiu, me deixando sozinho. Meu celular
chama.
— Alô? — Atendo.
— Apolo, sou eu, sou eu, a Tati! — Ouço a sua voz aflita, levanto,
surpreso. É como um soco de emoção se espalhando por todo o meu corpo.
— Oi, meu amor, tudo bem? Como você está? — Pergunto,
emocionado, os olhos já enchendo de lágrimas.
— Não estou nada bem, preciso de você, estou com muita saudade,
penso em você todos os dias — revela, chorando, acabando comigo.
— Também penso em você todos os dias, meu amor. Tentei te ligar
várias vezes, mas seu número antigo não chama.
— Foi a minha mãe, ela tomou meu celular por todo esse tempo, e
tentou me convencer a te esquecer, mas não consigo... eu te amo, Apolo.
— Também te amo, Tati, te amo muito — me declaro.
— Só agora consegui entrar em contato, e não posso demorar, senão
minha mãe vai desconfiar. Estou na casa dos meus avós, viemos para cá
desde que papai morreu. Quero muito te ver — ela implora, me deixando
aflito. — Prometeu que iria dar um jeito de me ver...
— E irei cumprir! Agora me diz onde você está.
Minutos depois, entro no quarto do meu pai, ele está na cama com o
notebook.
— Pai, aceito a sua proposta, aceito viajar com o senhor e a minha mãe
— confirmo, sorrindo.
— Mas já? — O homem ri de volta.
— Ah, eu estive pensando... a gente precisa mesmo respirar outros ares,
e já tenho um lugar para onde podemos ir.
— Qual?
— É aqui mesmo no nosso estado, Luís Correia.
VERDADES SECRETAS
Acordo um pouco zonza, a minha visão se ajusta até que tudo fica claro.
Estou no quarto, pela janela percebo que já amanheceu. Erick está sentado na
poltrona em frente à cama, observando-me, um sorriso surge em seu rosto ao
me ver despertar.
— Que bom que acordou, mãe. Está se sentindo bem? — Ele pergunta.
— Sim, estou... mas o que houve? — Não lembro bem das coisas.
— Depois que o desgraçado do Alex foi embora ontem, a senhora
desmaiou. Chamamos o médico, ele te analisou e lhe deu um sedativo. Disse
que a senhora precisava repousar.
— Precisava mesmo — sento-me na cama. — Chame a sua madrinha,
quero conversar com ela.
— Mas antes deve conversar comigo; que história é essa do Alex
comprar o hotel? — Ele estava só esperando eu acordar para saber desse
assunto.
— Erick, por favor, não quero falar sobre isso... — tento desconversar.
— Ele está lhe ameaçando? — Sinto a raiva apossando-se do seu corpo,
conheço o meu filho, raiva o transforma num inconsequente sem medidas.
Não consigo respondê-lo, é difícil enganá-lo, prefiro ficar calada.
— Então aquele filho da mãe está lhe ameaçando! — Exclama, andando
de um lado a outro, fumegando.
— Erick, para! Não quero que se envolva nesta história, eu vou resolver.
— O que ele tem contra a senhora? Não pode ser nada, você nunca fez
nada — ele nem imagina o quanto o meu passado é sujo. — E não vou
permitir que venda o hotel! — Garante, adoro sua proteção, contudo, preciso
controlá-lo.
Alguém bate na porta, Eduardo entra.
— ‘Tá tudo bem? — Pergunta ele, preocupado, posso ver o quanto se
preocupa comigo.
— Ainda estou..., vou ficar bem, se Deus quiser.
Maria aparece e vem me abraçar. Troco olhares com ela e com Edu, nós
sabemos que precisamos conversar.
— Erick, saia e feche a porta — ordeno. — Preciso conversar com Edu
e sua madrinha.
— Como é que é? A senhora vai contar a eles e não vai me contar? —
Meu filho fica indignado. Ele é difícil de domar.
— Não há nada para contar, é só uma conversa...
— Para de mentir, eu te conheço! O que o Alex tem contra a senhora
que fará o hotel ser dele?
— Erick, para! — Exclamo, estressada. — Sai do quarto e fecha a droga
dessa porta, agora!
Ele me olha com muita raiva misturada a decepção, vai embora
fumegando, batendo a porta com toda a sua força, quase quebrando a parede.
— Ele vai descobrir tudo — caio em pranto, pondo as mãos na cabeça.
— Helen... Edu tranca a porta — pede Maria, acariciando o meu rosto.
— Erick vai descobrir tudo, ele é muito inteligente — repito, desolada.
— O que está acontecendo? O que aquele bandido te falou? — Pergunta
Eduardo.
— Ele sabe o que fizemos no passado, Edu. Sabe que quem atirou no
Alonso foi eu e que você assumiu a culpa em meu lugar — conto,
desesperada.
— Mas como ele descobriu? — Eduardo ajeita os óculos, surpreso.
Falamos aos sussurros.
— O desgraçado roubou meu diário... um antigo, que joguei no fogo
para esconder o passado. Ele o pegou das chamas antes que todas as páginas
se queimassem, ainda naquela época em que papai o expulsou do Algas.
— Mas você contou no diário a verdade, não foi? — Indaga Maria. —
Contou que Alonso tentou te estuprar, que você pegou a arma dele e atirou
para se defender.
— Maria, a questão é que no processo ficou como homicídio doloso, lá
consta os dois tiros, e o pior é que Edu assumiu tudo quando a polícia
chegou.
— Mas você não me pediu para assumir nada, cheguei antes da polícia,
vi a situação e decidi assumir o crime por causa de... por causa do seu pai, ele
estava tão feliz com você e o Erick — sua voz vacila.
— Gente, isso não importa mais! A verdade é a que está no processo! Se
isso vier à tona, eles irão reabrir o caso, investigar, ver o meu diário, e vou
parar na cadeia!
— Mas já faz dez anos que tudo isso aconteceu. Erick ainda era uma
criança, Alex nem trabalhava no hotel. Além disso, Eduardo já cumpriu a
pena, já acabou, você não pode mais ser acusada de nada, pode? — Pergunta
Maria, em dúvida.
— Teoricamente sim — Edu raciocina. — Não sou advogado, mas...
quando a gente é preso aprende muita coisa de Direito e... o crime após a
sentença ainda está longe de prescrever. Acho que... se a polícia ou o
Ministério Público ficarem sabendo desse diário da Helen, ela corre sim risco
de ser presa, e... eu também... de novo — ele entende a gravidade da situação.
— Você por que, Edu? — Maria quer entender.
— É crime assumir um crime no lugar de outra pessoa.
— Não quero que o meu filho ache que sou uma assassina... — volto a
chorar, arrasada. — E não quero mais prejudicar nenhum de vocês,
principalmente você Edu.
— Claro que não, você foi vítima daquele vagabundo, agiu em legítima
defesa — Maria me defende.
— Mas agora não se trata só disso, imagina o escândalo que vai ser se a
verdade for exposta — Eduardo mede os danos.
— Eu estaria acabada, o Algas estaria destruído, Alex quer o hotel.
— Mas esse homem é um capeta que voltou do inferno para infernizar a
nossa vida, só pode! — Maria toma ódio.
— Ele quer se vingar, Maria, Alex sempre quis o Algas por conta do
caso da mãe dele com papai.
— Ele é um louco! — Afirma Dudu.
— Eduardo, me deixa ficar a sós com a Helen um pouco, por favor.
Ele assente, e vai embora.
— Helen... eu estou aqui pensando, se o Alex pegou o seu diário, ele
também não ‘tá sabendo da Lorrana, não? — Maria lembra de outro
problema.
— Ao que parece não. Ele chegou me chamando de Lorrana, me
assustando, mas descobriu mesmo foi sobre o Alonso. Nem lembro se no
diário havia algo sobre a Lorrana, acho que não. O que ele sabe da Lorrana
está apenas no meu antigo RG, que também encontrou parcialmente
queimado.
— Graças a Deus! Menos mal! Se Alex quer o hotel, imagina só o que
iria querer se descobrisse que você tem uma família podre de rica.
— Nem quero pensar. Alex sempre foi ambicioso, sempre quis ter o que
não podia e agora parece ter dinheiro, mesmo assim quer o hotel por
vingança.
— E aquela tal filha dele? Que estranho, de filha dele ela não tem nada
— comenta.
— Não é possível ele ter uma filha daquela idade. Há dois anos
trabalhava aqui, e nunca ouvimos nada sobre isso. Porém não duvido, Alex é
mentiroso nato. O que me surpreende é ele estar com dinheiro, pois nunca
teve nada, nem queria trabalhar.
— Mas e agora Helen, o que vamos fazer? Você não pode vender esse
hotel pra ele, não pode!
— Eu não sei... papai jamais me perdoaria se me desfizesse do Algas.
Preciso pensar. Só de uma coisa tenho certeza, não permitirei que vocês
saiam prejudicados novamente por minha causa. Dessa vez não.
Mas que droga! Estou com vontade de berrar de raiva! Odeio quando
minha mãe me trata como criança, tenho quase o dobro do seu tamanho, será
que não enxerga isso? Preciso descobrir de que forma Alex está lhe
ameaçando, e se ela me esconde o jogo é porque a treta é séria pra caramba.
Eduardo passou aqui mudo como sempre, agora minha madrinha aparece do
mesmo jeito.
— A senhora precisa me dizer o que esse vagabundo tem contra a minha
mãe — exijo.
— Ele não tem nada, para de caçar coisa aonde não existe, Erick. O
Alex só... fez uma proposta de comprar o hotel, e... sua mãe recusou, só isso
— ela mente.
— Já que insistem em me esconder a verdade, descobrirei sozinho, e a
senhora sabe que irei conseguir!
Ela começa a brigar comigo, mas não lhe dou ouvidos, regresso para o
meu quarto. Jogo-me na cama e faço uma vídeo-chamada para os meus
amigos, todos atendem. Conto a eles o que está rolando.
— Mano, mas o que será que Alex tem contra a tia Helen que pode fazê-
la vender o hotel pra ele? — Indaga Ramon.
— É exatamente o que quero saber, mas todos aqui estão me
escondendo o jogo, não posso esperar a boa vontade deles enquanto Alex nos
ameaça. Jamais deixarei que fique com a minha casa, com o sonho do meu
avô!
— E o que pretende fazer, negão? — Indaga Eliseu.
— Primeiro tenho que descobrir onde ele está com a filha, e para
encontrá-lo, preciso da ajuda de vocês.
— Você disse “filha”? — Pergunta Felipe, que divide a tela com o
irmão.
— É, ele apareceu com uma, é uma gordinha gostosa. Vocês me ajudam
a procurá-lo?
— Mas é claro, zé do bode.
— Deixa com a gente!
— Vai dar certo!
Eles confirmam ao mesmo tempo, encerro a ligação. Jogo o celular para
longe, ponho as mãos atrás da cabeça, respirando fundo, tentando ficar um
pouco mais calmo. Observo a mala da Kelly, sinto curiosidade em abri-la, é o
que faço. A primeira coisa que vejo são várias calcinhas, que me abrem um
sorriso safado. Não resisto, pego uma fio dental, minúscula, rosinha,
invadindo a minha mente de flashes da nossa transa maravilhosa. Cheiro a
peça íntima, sugando todo o perfume, suspirando, excitado, lembrando.
— Ah, que xoxota cheirosa, meu pai..., mas é uma xoxota má, ladra! —
Rapidamente lembro do que ela me fez, jogo a calcinha para longe, limpando
a mão na camisa como se tivesse tocado em algum tipo de vírus. — Afastai,
Senhor, estas xoxotas más, afastai — murmuro, de olhos fechados, com a
cabeça erguida.
Encontro um álbum de fotografias da loira com a família, ela, o pai e a
mãe, deduzo. Algumas notas de cinquenta e mais nada, só produtos de
higiene pessoal. Não há nada de grande valor.
Nem acredito que Victor está vindo aqui em casa! Na ligação ele disse
que preferia falar pessoalmente, que não é nada com o que me preocupasse,
que passaria aqui antes de ir para a boate. Mesmo assim, estou empolgada,
teremos um momento a sós.
Procuro o melhor vestido, ele sempre gostou de me ver de vestido, dizia
que sentia muito tesão na época em que éramos casados. Morgana está certa,
preciso reconquistá-lo, preciso do seu perdão e dele na minha vida, pois
sempre o amei. Tentei me enganar, mas isso só aumentou a minha dor. Sei
que errei feio, mas todos merecem uma segunda chance.
Fico pronta, sinto-me lindíssima. A campainha toca, meu coração
palpita, é ele! Borrifo um pouco de perfume no pescoço, caminho depressa
para a sala. Ao abrir a porta, deparo-me com Victor, lindo como sempre,
perfeito, maravilhoso. Ele é um negro chocolate muito atraente, de lábios
carnudos e vermelhos, rosto de lobo, com cara de mau. Tem olhos
profundamente castanhos, escuros, o cabelo sempre bem cortado, em nível
baixo, a barba cerrada.
Seus olhos vasculham meu corpo de cima abaixo, assim como faço com
ele, o convido para entrar. Sinto seu delicioso perfume ao passar por mim. É
um gigante musculoso e gostoso.
— Oi, Victor — sorrio.
— Oi, Laura, boa noite — ele tem o sorriso mais perfeito da Terra.
Nos sentamos no sofá, lado a lado. Trocamos um breve olhar desviado
por ele. Jogo o cabelo para o lado, fazendo charminho, tentando atraí-lo, mas
Victor se mantém firme.
— Fiquei surpresa com sua ligação, dizendo que precisava falar comigo,
e também curiosa — digo.
— Pois é, eu vim te fazer um convite.
— Um convite?
— Sim, pensei em algo além do psicólogo para reanimar o Apolo. Fiz a
proposta e ele aceitou, o que me deixou muito feliz, pois foi a primeira vez
que o vi sorrindo de verdade depois de tudo.
— E o que é?
— Uma viagem à praia, já escolhemos até o lugar, Luís Correia.
Fico completamente surpresa com o convite, feliz, viajar com eles seria
incrível!
— Nossa Victor, adorei a ideia — nem consigo disfarçar a felicidade. —
Isso vai ser ótimo pro Apolo, tenho certeza. Com o nosso apoio unido,
podemos fazê-lo superar tudo de ruim.
— Sim, acho que ter o pai e a mãe por perto será bom para ele.
— A última vez que fui à praia, foi com vocês... ainda estávamos
casados — lembro, me arrependo em seguida, não quero tocar nesse assunto
chato.
Victor prende a voz.
— Desculpa, falei sem pensar — peço.
— Não, tudo bem, eu disse a mesma coisa a ele.
— E por que Luís Correia? Nada contra, tenho visto muitas notícias do
litoral do nosso estado, uma melhor que a outra, inclusive estive lá quando
menina, papai possuía uma casa de praia no local.
— Apolo que escolheu, disse que quer conhecer, acabei ficando
interessado também, nunca fui ao nosso litoral. Acho que temos que conhecer
a nossa terra, o nosso Piauí, já viajamos muito para fora e nos esquecemos
daqui.
— Isso é verdade. Pois eu aceito, e estou muito feliz por terem lembrado
de mim. — Trocamos sorrisos, sinto uma imensa vontade de beijá-lo.
— Bem, já que aceitou, agora quero te fazer outro pedido, que procure
um lugar para nos hospedarmos, de preferência, à beira-mar. Você sempre foi
boa em escolher os melhores locais, eu não sei fazer isso.
— Sem problemas. Mas para quando é a viagem?
— Para esta semana.
— Esta semana? — Fico surpresa, ficarei louca para organizar tudo.
— Temos que aproveitar as férias do Apolo, então quanto antes melhor.
— Entendi..., tudo bem, pesquisarei um lugar o mais rápido possível.
Victor levanta, se preparando para ir embora, me deixando frustrada.
— Bom, então eu já vou — se despede.
— Já? — Indago, sem jeito.
— Já, o trabalho me chama.
— Não quer... ficar um pouco mais? — O convido, esperançosa. — Um
vinho, talvez?
Victor percebe as minhas segundas intenções.
— Não, Laura. Realmente preciso ir, mas agradeço o convite — a sua
educação me dilacera.
O acompanho até a porta, voltando à imensa solidão.
Pela manhã, saio de fininho do quarto, tentando não acordar o meu pai
que dorme como uma pedra. Olho para o quarto ao lado, deduzo que a minha
mãe também deve estar em sono profundo, ainda repondo as energias de tudo
o que fizemos ontem. Troco mais algumas mensagens com Tati, e caminho
pelo resort, procurando alguma forma de ir encontrá-la na praia de Atalaia,
como combinamos.
De repente, sou surpreendido por Erick, que para o carro ao meu lado.
Ele está acompanhado de uma loira maravilhosa.
— E ai cara, vai ou não vai? — Pergunta ele, chamando-me, sorridente e
feliz.
— Mas é claro! — Respondo, e entro no Jeep, sentando no banco
traseiro.
Logo saímos do hotel e seguimos pela estrada.
— Qual o seu nome mesmo? — Ele já esqueceu?
— Apolo
— Eu sou a Kelly — diz a loira, ela é linda. Retira os óculos escuros,
fitando meu rosto com atenção — Nossa... você e o Erick se parecem
bastante. Será que são irmãos? — Brinca, nos fazendo rir. Troco olhares com
ele pelo retrovisor, ambos constatando que o que ela disse é mesmo verdade,
temos uma certa semelhança.
JOGO PERIGOSO
“Tudo vale a pena se for para ficar com ela, meu coração e
meu corpo dizem isso agora.”
— Quem dera, sempre quis ter um irmão, mas minha mãe nunca
encontrou um homem que preste depois do meu pai — conto.
— Também queria um, mas meus pais, não — revela Apolo.
— De onde você é? — Pergunta Kelly.
— Teresina.
— A minha mãe nunca me deixou ir a Capital — afirmo
— É mesmo, por quê? — Ele fica curioso.
— Não sei, todos os meus amigos já foram lá, menos eu, só vejo fotos e
notícias.
— Ah tá.
— Vai conhecer a Atalaia?
— Não, irei ver a minha namorada, faz algum tempo que não nos
vemos.
— Ai, que lindo — comenta Kelly.
— ‘Tá certo, vai matar a saudade. Namoram a distância?
— Não, ela morava em Teresina, mas a família dela se mudou para cá
— conta Apolo. — E vocês?
— Vamos fazer um jogo perigoso — sou sarcástico, sorrindo sagaz.
Deixo Apolo na parte menos movimentada da praia, longe das barracas,
como ele pediu. Nos despedimos, e sigo viagem com Kelly até a barraca do
Pedrão. Estacionamos longe, Ramon vem ao nosso encontro, apertando
minha mão pela janela do carro.
— E aí, parceiro — ele me cumprimenta.
— E aí, cadê o otário? — Indago.
— Na barraca.
Olho para Kelly, ansioso.
— É agora — falo.
A gata respira fundo, um pouco apreensiva.
— ‘Tá nervosa? — Pergunto.
— Estou... mas vai passar — ela responde, levemente apreensiva.
— Eu sei que vai conseguir, conseguiu comigo — comparo, sorrindo.
— Porque talvez você seja uma presa mais fácil — brinca.
Nossos olhos se encontram, e ficamos um pouco mais sérios. Puxo-a
pelo queixo e a beijo carinhosamente, sentindo seu doce sabor. Ramon se
afasta, nos dando privacidade.
— Então já vou — a loira se despede, fazendo menção à porta. A seguro
pelo braço.
— Não precisa..., você sabe, né? — Fico sem jeito, sentindo uma coisa
me incomodar. Kelly me olha sem entender.
— Não precisa o quê?
— É... — Coço a cabeça, fazendo uma careta. — Sabe como vai abordar
o cara?
— Acho que... sim.
— ‘Tá — falo, sem jeito. Não sabendo lidar com o que está
acontecendo. Esse não sou eu.
— Quer falar alguma coisa, Erick? — Kelly parece desconfiada.
Respiro fundo, mordendo o lábio.
— É só..., não precisar beijar o Alex — digo. Ela sorri, encantada.
— ‘Tá bom — concorda. — Ah, já que entramos neste assunto. Você
vai mesmo ver a tal Suzy?
— Claro, eu trabalho numa ponta e você em outra, vamos tentar de tudo,
preciso chegar nesse cofre.
— Então, sem beijos também — determina. — Combinados?
— O.K. — levanto as mãos, em sinal de rendido, fazendo bico.
Kelly desce do automóvel, linda, maravilhosa, usando a saída de praia
que comprei para ela.
— Me beija também, gostoso! — Ramon me provoca, nos fazendo rir.
— Cai fora, veado!
Ele acompanha a loira até a barraca, sumindo do meu campo de visão.
Imagino Alex tentando beijá-la, e já fico meio irritado. Por que estou
sentindo vontade de ir até lá e observar de perto? É só para fiscalizar e
constatar que dará tudo certo. Nada além disso, mas não posso, tenho que ir
atrás da Suzy.
Chego na casa dela, e outra vez sou recebido de cara feia.
— Você de novo? — Indaga, desconfiada.
— E aí! — Digo, invadindo a casa.
— Ei! Onde pensa que vai?! — Retruca ela.
— Eu vim te buscar.
— Me buscar? Enlouqueceu? Não vou a lugar nenhum com você, agora
saia da minha casa ou ligarei para o Alex!
— Ah, qual é! Olha, eu briguei com o seu pai, não contigo. Relaxa, para
de me tratar mal, vim chamá-la para sair, para nos divertir, só isso. Não te
cansa ficar aqui o dia inteiro presa? — Indago.
— Vai embora Erick, se meu pai me ver contigo, não vai gostar nem um
pouco — me expulsa, educada.
— E quem disse que ele precisa saber?; já foi no Delta do Parnaíba? É
pra lá que quero te levar, tenho certeza que vai adorar ver aquela maravilha, é
lindo demais.
— Já vi fotos, lá é muito bonito mesmo — Suzy parece tentada.
— É bem melhor do que ficar presa aqui, te garanto — jogo pesado para
persuadi-la
— Por que não chama outra? Por que eu?
— Porque gostei de você, já disse isso na outra vez que vim aqui.
— Você não tem chances comigo, Erick — ela é sincera.
— Tudo bem, considere o meu convite como um passeio de amigos.
— Eu não vou — ela nega, abrindo a porta, esperando que eu saia.
Deito no sofá com as mãos atrás da cabeça, folgado, me esparramando
de boa.
— Sai daí garoto, vai embora! — Pede ela, um pouco nervosa.
— Só vou sair se vier passear comigo, do contrário ficarei até o seu pai
chegar e vamos ver no que vai dar — sorrio, na cara de pau.
— Tu é louco! — Parece que deixei a linda sem saídas.
— Ah, vamos! Sei que vai gostar! Não ‘tá fazendo nada aqui mesmo,
vamos! — Insisto, piscando para ela.
Estou sentado na areia, olhando para o mar, esperando Tatiana aparecer.
Ligo para ela pela quinta vez, mas não sou atendido.
— Cadê você, Tati? — Me pergunto, ansioso.
Estou longe das barracas, numa parte menos movimentada da praia da
Atalaia. Sou invadido por lembranças de momentos com Tati, Aline e Érica,
até terminar naquela terrível tragédia. Recordo das palavras de meu pai, que é
melhor me manter afastado da minha namorada, mas a questão é que a amo,
descobri isso tarde, mas a amo, passei todo esse tempo de afastamento só
pensando nela.
Não gosto de mentir para o meu pai, não posso mais fazer isso, devia ter
contado a ele, mas temo que me impeça de ver o meu amor. As imagens
daquele jantar do caos vêm à mente novamente, e depois o acidente da Érica.
Será mesmo que estou fazendo a coisa certa? Será que não estou reabrindo
uma ferida?
— Apolo! — Ouço a voz dela gritando às minhas costas.
Meu coração acelera as batidas enquanto levanto e olho para trás, para
ela! A minha namorada está aqui! Trocamos sorrisos, olhares emocionados, e
corremos em direção ao outro, de braços abertos, como se fôssemos atraídos
por uma força magnética incontrolável. Nossos corpos se unem, nos
abraçamos com muita força, tentando afagar tamanha saudade.
Choramos, é como se hoje fosse o último dia das nossas vidas, e este o
nosso último momento, ou o início de todos eles. Sinto seu perfume, seu
abraço apertado, trata-se de uma troca intensa de sentimentos por longos
segundos, corpo a corpo, com medo de não ser real.
— Meu amor, meu amor — falo.
— Eu te amo, Apolo! Te amo tanto! — Ela se declara.
— Também amo você, muito! — Seguro seu rosto entre as mãos, a beijo
várias vezes seguidas, são beijos misturados a lágrimas.
Dou-me conta de que não importa toda a cagada que fiz e continuo
fazendo, tudo vale a pena se for para ficar com ela, meu coração e meu corpo
dizem isso agora. Nos acalmamos com o passar do tempo, nossa respiração
volta ao normal, e trocamos beijos apaixonados. Enxugo as lágrimas na sua
face, ela é minha.
— Por que não me atendeu? — Pergunto. — Achei que tinha desistido.
— Esqueci o celular na casa da minha prima, a casa dela é o único lugar
que a minha mãe me deixa ir. Desde que chegamos aqui, sinto-me uma
prisioneira! — Ela denuncia.
— Mas por que sua mãe faz isso? — Pergunto algo que acho já saber a
resposta.
— Ela sabe que te amo e que não te esqueci, acho que... tem medo de eu
fugir para Teresina, para te ver, como já prometi uma vez. As primeiras
semanas aqui foram horríveis, a gente discutiu muito e ainda discute, não sei
por que ela proíbe o nosso namoro. Depois que papai morreu a minha vida se
tornou um inferno, eu só tenho você! — Choraminga, me abraçando outra
vez.
— Calma, eu estou aqui — falo, preocupado, pois sei o real motivo da
Aline não querer mais o nosso relacionamento. Também me envolvi com ela,
envolvi-me com mãe e filha sem saber do laço de parentesco que as envolvia,
tudo manipulação da Érica, uma maldita que me usou para realizar sua
vingança. Volto a lembrar das palavras de meu pai, mas é mais forte do que
eu.
— Minha prima está esperando a gente no carro — Tati avisa.
— Vamos pra casa dela, né?
— Sim.
Seguimos abraçados até o carro, sou apresentado a tal prima mais velha,
e em instantes chegamos na casa vazia, onde recebemos total privacidade e
liberdade para ocupar um dos quartos. Fecho a porta, miro a beleza da minha
amada, sentindo um misto de culpa com desejo. Quero lhe contar toda a
verdade, preciso.
— O que foi, meu amor? — Tati toca o meu rosto, enquanto uma
lágrima molha a minha face.
— Eu... preciso te contar... uma coisa — minha voz treme, meu coração
acelera.
— O quê? — Ela acaricia os meus braços, tento buscar a coragem para
lhe contar tudo o que aconteceu, mas minha voz não sai.
Meus lábios são beijados docemente, sou envolvido pelo aroma dela,
aos poucos vou me entregando, sentindo meu pau crescer forte e viril dentro
da calça. Puxo Tatiana para os meus braços, espremendo-a contra meu corpo
quente, sou um gigante perto dela, estou morrendo de saudade. Nosso beijo
se torna intenso, são muitos sentimentos envolvidos, mas minha tristeza é
queimada aos poucos por esse fogo avassalador que emana do nosso contato.
Aperto sua coxa nua com força, erguendo sua saia, esmagando sua carne
com os dedos, apalpando sua bunda com pressa, com ansiedade, faminto. Ela
geme, oferecendo o pescoço aonde arrasto a língua, molhando a sua pele.
Nosso amasso vira algo forte e tentador, até que não resisto mais e a jogo na
cama, de bruços. Mordo o lábio de tesão ao ver seu bumbum cor do leite,
arrebitado, esperando por mim. Lapeio suas nádegas, abrindo-as em seguida,
vendo toda sua intimidade enquanto as mãos dela agarram os lençóis,
movidas pela libido.
Chupo minha namorada todinha, tirando-lhe cada peça de roupa,
molhando-a com a língua que devora cada parte do seu corpo esbelto. Transo
com ela como um animal feroz, selvagem, fodendo-a intensamente, viril,
matando a saudade, exalando um amor bruto e apaixonado, até restar apenas
nossas almas, satisfeitas e exausta com mais de 1h de sexo.
Levo Suzy para o Porto dos Tatus, na cidade de Ilha Grande, cerca de 9
km de distância de Parnaíba, onde todos os dias barcos e lanchas levam
turistas para conhecer o santuário ecológico Delta do Parnaíba, o único em
mar aberto das américas e o terceiro maior do mundo.
Guardo o carro em um dos estacionamentos, vou com Suzy até a beira
do rio, perto dos vários píeres que dão acesso às barcas de passeio, que
carregam cerca de setenta a oitenta pessoas. O local está cercado de gente, a
maioria entrando nos barcos, guias dão instruções pelo microfone, há placas
com avisos em cada canto. O sol brilha forte sobre nós, Suzy está toda
equipada, com seu look praiano, linda, é a gordinha mais bonita que eu já vi.
Ela sorri encantada, observando cada detalhe.
Compro nossas pulseiras, alugo uma lancha incrível, recebemos os
coletes salva-vidas do Capitão, e logo estamos navegando pelo imenso e
poderoso rio Parnaíba, cortando a água escura que faz ondas ás nossas costas.
O vento sopra gostoso, deixando o clima mais do que agradável.
— Nesta época do ano a água do rio Parnaíba é barrenta, como estamos
vendo agora, mas no verão se torna clara — conto.
— Este lugar é lindo — comenta Suzy, maravilhada, observando os
paredões de mangue cercando as margens do rio. A vegetação esverdeada e
intocada possui um santuário natural com fauna e flora riquíssimas. O rio
deságua no mar atlântico em cinco grandes braços, desenhando a letra grega
Delta, daí o nome Delta do Parnaíba.
— Você ainda não viu nada, o Delta é um arquipélago com 2.700 Km
quadrados de área, formado por mais de setenta ilhas.
— É maravilhoso.
— Uma paisagem exuberante, né. Daquele lado é Maranhão, e desse
Piauí — informo.
— Você vem muito aqui?
— Até que não, moro aqui perto, não é mais novidade pra mim. Mas
sempre que venho, fico maravilhado.
— Por que me trouxe aqui?
— Imaginei que não conhecia, queria que conhecesse — minto.
— Por que me trouxe aqui, Erick? — Ela repete a pergunta, essa morena
não é boba. Estamos de óculos escuros.
— Porque quero ser seu amigo.
— Tu não tem cara de ser amigo de meninas como eu — trocamos
sorrisinhos irônicos.
— Mas estamos aqui como amiguinhos, não foi essa a sua imposição?
Além disso, acho que você tem namorado.
— Tenho mesmo — confirma ela, fitando a paisagem enquanto a brisa
passeia por seus cabelos...
— Me admira.
— Por quê?
— Seu papai parece ser muito ciumento — toco na ferida. — Ele sabe
desse seu namorado?
— Claro que sabe... e ele não é tão ciumento assim. Além disso, Alex na
verdade é o meu padrasto — conta, sem jeito.
— Ah é? Bem que desconfiei, pois quando ele morava aqui, nunca falou
em filha alguma, e você já é bem crescidinha — comento, dando corda.
— Minha mãe o conheceu quando eu tinha dezesseis, vivíamos os três
juntos... mas ela morreu há três meses — sua voz embarga, parece triste de
verdade. Ainda assim é muito difícil acreditar em você, bebê, penso.
— Que pena..., sei como é — sou sincero.
— Você tem a sua mãe.
— Mas não tenho o pai..., ele morreu antes do meu nascimento —
conto, sentindo uma certa tristeza invadir o meu peito.
— É diferente, você jamais sentirá falta dele como sinto da minha mãe,
porque convivi com ela.
— Mas sinto falta como se ele estivesse vivo, entende. A vida inteira foi
assim..., é difícil ver todo mundo com um pai, menos você.
— Agora só me sobrou o Alex — ela fica cabisbaixa. — É por causa
dele que me trouxe aqui? Quer provocá-lo?
— Eu odeio o seu pai, mas estou nem aí pra ele agora — acaricio a mão
dela, a deixando desconcertada. — Te trouxe aqui porque quis trazer, porque
quero te conhecer melhor, ficar perto — minha é intensa, penetrante.
— Você é bom, sabia? Estou impressionada — ela desfaz o nosso toque.
— Mas lembre-se do que te disse antes de sairmos de casa.
Continuamos navegando pelo rio imenso, lindo, caldoso, paradisíaco,
passando pelos igarapés, pelo manguezal verde e deslumbrante que está por
todos os lados, é a natureza viva e intensa. Paramos bem próximos do
mangue, contemplamos vários caranguejos saindo de suas tocas, gargalhamos
com a figura do homem-lama, um cara com o corpo todo melado de barro
negro, mostrando-nos os caranguejos que capturou. A argila no corpo é para
protegê-lo contra os mosquitos.
O passeio continua, a lancha é veloz. Paramos no chamado Morro
Branco, uma duna de trinta metros de altura no meio do rio. Há duas barcas
ancoradas por perto, e turistas explorando o local. Ajudo Suzy a subir na
areia, chegamos ao topo de mãos dadas, observando o paraíso lá de cima.
Andamos pela ilha, encontrando uma piscina natural incrível onde
mergulhamos e nos divertimos por vários minutos, ela de biquíni, eu de
sunga.
A garota aos poucos para de ser hostil e se entrega à diversão. Não tento
nada com ela, primeiro porque fiz um combinado sem sentido com a Kelly, e
segundo porque se eu atacar, Suzy irá recuar. Quando nos cansamos, chamo-
a para continuar com o passeio.
— Ainda tem mais? — Pergunta, sorrindo.
— Claro — afirmo. — Vou te levar à ilha dos Poldros agora, que fica na
fronteira entre o oceano atlântico e o rio Parnaíba.
— Sério?
— Sério! Vamos! — Corremos pela areia, recebendo as fortes brisas do
vento no corpo, sob o sol maravilhoso.
Retornamos à lancha, navegamos até a ilha dos Poldros, um paraíso
entre o mar e o rio. É nítida a divisória das águas, a coloração destacada na
fronteira entre a água doce e salgada. É basicamente um lindo pedaço de areia
branca no meio do nada. Há diversas barcas ancoradas por perto e muitos
turistas.
— Meu Deus, isso é o paraíso! — Diz a morena, sorrindo, com os olhos
brilhando.
Suzy me surpreende, ela é uma mistura de inocência com esperteza, de
anja com diabinha, já que se relaciona com o próprio padrasto. Mas se eu não
soubesse desse detalhe, a definiria como uma menina doce, divertida,
sorridente, sonhadora, e totalmente ingênua quanto ao Alex. Apesar dela
saber dos planos dele sobre o hotel, percebo que não o conhece de verdade,
não sabe do seu caráter podre, acha que o bandido é um príncipe.
Seguimos para a costa da ilha, entramos no misto de mar com rio, onde
ondinhas vêm constantemente, com pouca força. Acontece um momento mais
íntimo entre nós naturalmente, quando pego a garota pelo quadril largo,
trazendo-a mais para o fundo. Nossos rostos ficam bem próximos, contudo,
ela engole em seco e foge.
— Agora me diz se isso aqui não é melhor do que ficar naquela casa? —
Pergunto, há mais banhistas ao nosso redor.
— O.K., você venceu — responde Suzy. — Mas falando em casa, já
estamos a horas por aqui, o Alex vai...
— Shhh — faço sinal de silêncio. — Não pense nisso agora, só curta o
momento. Do que adianta vir ao litoral do Piauí e ficar trancada em casa? —
Ela se cala, acho que consegui persuadi-la outra vez. — Onde você morava?
— Puxo assunto.
— Teresina — responde.
— E por que vieram para cá?
— Você sabe, o Alex quer comprar o hotel da sua mãe.
— Por quê?
— Porque ele quer nos dar uma vida mais estável, manter um negócio é
uma opção.
— Mas por que ele quer comprar justamente o meu hotel?
Suzy revira os olhos e respira fundo, não gostando do assunto,
entretanto, não posso mais enrolar, preciso atacar. Estamos com mais da
metade do corpo coberto pelo mar, de braços abertos, pairando na água. Ela
não me responde.
— Tu sabe que ele ameaça a minha mãe com alguma coisa, não sabe?
A garota foge, saindo da água, a sigo.
— Aonde você vai? — Pergunto, sério.
— Acho que você até resistiu muito tempo sem tocar neste assunto,
quase acreditei que só queria sair comigo.
Caminhamos pela areia, abandonando o mar ela na frente.
— E por que não quer tocar no assunto?
— Porque não é da minha conta, isso é o Alex que está resolvendo, é
entre ele e a sua mãe! — Retruca.
— Você sabia que ele quase se casou com a minha mãe? Ele te contou
isso?
Suzy para de caminhar e me olha nos olhos chocada, incrédula.
— Que história é essa? — Fica curiosa.
— Ele trabalhava no Algas antes de conhecer a sua mãe, era nosso
funcionário, e seduziu a minha mãe para tentar casar com ela e ter direitos
sobre o hotel. Quase conseguiu, mas dias antes do casamento, o peguei no
flagra transando com a nossa secretaria. Descobrimos todo o seu plano, a
secretária era sua cúmplice.
— Isso é mentira..., o Alex jamais faria isso!
— Ah, não? O que espera de um cara que ameaça outra pessoa para
conseguir o que quer? Ele não presta, está te enganando como um dia
enganou a minha mãe...
— Para! — Ela exclama, confusa, chorando. — Não quero ouvir mais
nada que venha de você, até porque não vou acreditar! Só quero... que me
leve pra casa, agora! De onde eu nunca deveria ter saído.
Tenho vontade de explodir, mas me controlo e sigo a garota até a lancha.
Mais tarde, chegamos na sua casa. Ela não me deixa falar mais nada e desce
do carro, indo embora. Soco o volante, puto! Merda! Vou embora frustrado,
torcendo para Kelly ter se saído melhor que eu.
Que ideia idiota essa de sair com esse menino! Foi a pior coisa que já fiz
na vida! Saímos às 9h e agora já são 12h, Alex com certeza ficará puto se
descobrir. Torço para que ele ainda não tenha chegado. O pior de tudo foi
ouvir Erick falando do Alex com a mãe dele! Estou morrendo de ciúmes,
confusa, pois não sabia desse detalhe.
Entro em casa vendo a figura sombria do homem sentado no sofá, de
pernas cruzadas, me aguardando
— Onde diabos você estava? — Pergunta, entre dentes, intimidando-me.
A vida não está sendo fácil depois da morte do Cláudio, meu marido, e
do afastamento de Teresina. Não se trata de problemas financeiros, pois meu
sogro me ajuda com as crianças, meus pais também. O problema é familiar,
pois Tatiana, minha filha mais velha, está em constante conflito comigo,
brigamos quase que diariamente depois que viemos morar com os meus pais,
ela reclama da ausência da nossa antiga casa, dos amigos que tinha em
Teresina e principalmente da saudade do namorado, Apolo.
Tudo isso me fez entrar em uma espécie de depressão. Jamais esquecerei
do maldito dia em que abri aquela porta e dei de cara com Apolo, meu ex-
amante, que chegava para o jantar de namoro com a minha filha. Toda essa
loucura foi armada friamente pela Érica, uma psicopata que queria vingança
do meu marido! Ela e seu comparsa acabaram morrendo, o que me deixa
mais em paz, com menos medo.
Por outro lado, não consigo sentir tristeza pela morte de Cláudio, não
mesmo. Passei anos da minha vida doando-me a um homem que não me
merecia, sendo enganada por ele, traída inúmeras vezes. Mas o pior de tudo,
foi ele ter guardado dinheiro criminoso em casa para bandidos, pondo a mim
e aos nossos filhos em risco. Como pude me deixar enganar tanto?
Fui uma burra! Uma idiota! Deixei a minha carência falar mais alto,
envolvendo-me imoralmente com Apolo! Ele apareceu na minha vida com
uma intensidade que não pude controlar. Agora só o que me resta é
sofrimento, uma depressão que tento esconder de mim mesma, tomando
remédio controlado às escondidas, sem receita médica.
O pior é não ter alguém para conversar, para desabafar. Não contei a
verdade aos meus pais, escondo tudo deles e dos meus filhos, para eles o pai
foi um exemplo. Agora sinto-me mais morta do que antes, não estou viva,
não estou bem, e cada dia pareço pior para enfrentar as adversidades da vida.
Tati dificulta as coisas, me jogando coisas na cara todos os dias, culpando-me
por tudo! Se ela souber da verdade sobre o pai, talvez me olhe com outros
olhos, porém, se souber da verdade quanto a mim e Apolo, irá me desprezar
friamente. Só quero reconstruir a nossa vida, mas está tão difícil!
Não posso deixar a minha filha continuar namorando com Apolo, pois
mesmo que ele tenha sido manipulado, sempre soube o que estava fazendo, a
enganou também. Além disso, a união deles seria cruel demais para mim!
Como eu conseguiria encarar essa situação? Como poderia vê-lo com a
minha filha e não lembrar de tudo que vivemos?! Definitivamente não há
condições disso acontecer!
Nesse momento já passa das 14h, estou deitada na cama, local que se
tornou a minha morada quase o dia inteiro. O quarto está escuro, janela
fechada, luz desligada. Decido finalmente levantar, pego um remédio tarja
preta sobre a escrivaninha, sigo rumo à cozinha.
Passo pela sala, avisto meu filho Rafael assistindo TV com o avô. Chego
na cozinha, abro a geladeira, pego uma jarra d’água de vidro, coloco sobre o
balcão, olho para os lados, verificando se estou sozinha, não quero que
alguém saiba que estou me automedicando. Nunca quis ir ao médico também,
não quero que pensem que estou maluca, ponho os comprimidos na boca, a
água vem em seguida.
Minha mãe aparece de repente, pela porta dos fundos, assustando-me,
pois agora me assusto com qualquer coisa. O copo escorrega da minha mão,
espatifando-se em cacos. Mamãe tenta me ajudar a limpar, pedindo calma,
mas acabo discutindo com ela e corto o dedo, o que me deixa ainda mais
atordoada, tudo parece demais, catastrófico. Ao tentar lavar o ferimento na
pia, abro a torneira com força, causando um vazamento, que me deixa em
pânico, simultaneamente lembrado do terror que Érica me fez passar.
Minutos depois, estou deitada no colo da minha mãe, no quarto. Ela
acaricia meus cabelos, cuidando de mim enquanto miro meu dedo agora com
um curativo.
— Por que todo aquele pânico? Lembrou do assalto em sua casa, não
foi? — Pergunta mamãe.
— Sim — respondo.
— Você precisa procurar alguma ajuda, minha filha...
— Já disse que não vou a médico nenhum, mamãe! — Retruco, seca.
— Tem que superar tudo e esquecer o passado.
— Mas para esquecer não preciso ir ao psiquiatra!
— Estou muito preocupada, o seu pai está, os seus filhos...
— Só o Rafael se preocupa comigo, mamãe, a Tati me odeia.
— Ela é só uma adolescente rebelde que te culpa por tudo o que
aconteceu, mas isso vai passar!
— Será que vai, mamãe? Onde ela está?
— Ainda tá na casa da prima...
Ouvimos o som de porta batendo com força, e constatamos que ela
chegou.
Minutos depois, vou ao quarto dela, Tati está tomando banho. Avisto
seu celular na escrivaninha, o pego, vejo uma notificação de mensagem
enviada por “A”. Fico desconfiada, só pode ser o Apolo! Ela aparece de
repente, saindo do banheiro furiosa, enrolada na toalha, tomando o aparelho
da minha mão.
— Mas o que você está fazendo, aqui?! — Exclama. — Quem mandou
mexer no meu celular?!
— Quem é esse “A” que te enviou mensagem agora? — Pergunto,
nervosa.
— Isso não te interessa! — Retruca.
— Olha como fala comigo, não esqueça que eu sou sua mãe!
— Mãe? Que tipo de mãe só quer o mal da filha?! Você me afastou da
minha cidade, do meu lar, dos meus amigos, do meu namorado!
— Quando você vai entender que foi para o seu próprio bem? Para o
nosso bem? — Retruco.
— Para o seu bem, você quer dizer! Você nem pensou em mim e no
Rafael!
— Como pode falar isso?
— Se o meu pai estivesse vivo tudo seria diferente, ele sim saberia lidar
com essa situação, foi só um roubo, todo mundo pode ser roubado em
qualquer lugar do mundo!
— Não se trata só disso, Tatiana...
— E do que se trata, então? Você não sabe ser mãe! O meu pai sim sabia
ser pai, um ótimo pai, ele era maravilhoso, perfeito! Pensava em mim e no
meu irmão, muito diferente de você. Você nem mesmo chorou no enterro
dele! Que tipo de esposa não chora no enterro do próprio marido...?
— O TIPO QUE ERA TRAÍDA! — Berro, nervosa. Ela se cala,
pensando em minhas palavras. Não aguento mais servir de saco de pancadas!
— O quê?
— Acha que seu pai era perfeito? — Choramingo. — Ainda não havia
falado nada porque queria preservá-lo para você e seu irmão, mas quer saber
da verdade?! O Cláudio era um cafajeste! Me traiu a vida toda!
— Isso é mentira... — ela não quer acreditar.
— Aguentei tudo calada, sendo desrespeitada dia após dia, sabe por
quê? Porque pensava em você e no seu irmão! Por causa da droga dessa
família que carreguei e carrego nas costas até hoje!
— MENTIRA! — Tati grita. — Você não vai conseguir manchar a
imagem do meu pai!
Pego o celular do Cláudio no bolso da roupa e entrego a ela.
— Está duvidando? Olha o celular do seu pai, o WhatsApp dele, e tire
suas próprias conclusões.
Ela vê algumas fotos, chorando.
— Não, não vou acreditar nisso! — Tati arremessa o celular para longe.
— O quê?! — Fico indignada e ainda mais magoada.
— Chega! Sai daqui! Odeio você, odeio! — Fico sem chão, saio do
quarto, indo para o meu, sofrendo.
Convenço Tati por mensagem que não posso sair de casa neste horário, é
loucura. Saí do quarto para conversarmos melhor, sem perigo de acordar o
meu pai, para poder consolá-la direito. Se ela ficou arrasada com o que
descobriu do pai, imagina quando descobrir o fundo desse poço. Mas a
verdade terá que vir à tona, não dá para fugir dela. Amo Tati, e por amor
tenho que ser verdadeiro, sincero, tenho que contar a verdade e deixá-la
decidir se depois disso ainda existirá nós dois.
Acordo com as carícias de Kelly que está deitada sobre o meu corpo,
sorrindo lindamente, apaixonada. Na noite passada ela definitivamente
cuidou de mim, conseguiu me acalmar como nunca antes alguém conseguiu,
e isso me deixa mais encantado por ela. A cada minuto que passamos juntos,
descubro sua outra face, até chego a acreditar que nem toda ladra é bandida.
O mais assustador, é que só estamos juntos há apenas três dias, nunca antes
uma química com uma gata deu tão certo.
— Bom dia, furioso — diz ela, deslizando a ponta dos dedos pelo meu
rosto.
— Bom dia — sorrio, lhe fazendo cafuné.
— Está melhor agora?
— Sim, bem melhor, ainda mais agora com você do meu lado, cuidando
de mim.
Ela gosta muito das minhas palavras, não consegue disfarçar, me
beijando. Agarro sua bunda, transamos bem gostoso, é o melhor café da
manhã: chá de boceta. Tomamos banho, e após nos vestirmos, puxo conversa.
— Então, o seu encontro com o Alex ficou marcado para hoje à noite,
certo? — Pergunto.
— Sim — ela responde.
— E como foi o encontro na praia? Foi fácil chamar a atenção dele?
— Sim, foi. A gente conversou, ele me disse que era um empresário, que
está aqui investindo em um novo empreendimento que se resume em comprar
um hotel.
Baixo os olhos por um instante, Kelly já sacou tudo.
— Erick — a loira toca o meu rosto. — Foi melhor eu ter entendido o
porquê de estarmos fazendo tudo isso, agora sinto-me mais motivada por
saber que é para ajudar a sua mãe e proteger o seu lar. Pode não ser a forma
mais correta... mas não somos corretos mesmo, né — ela dá de ombros.
— Não, ser correto pra mim sempre foi chato. Gosto de ser bagunçado
— afirmo.
— Eu não te definiria como bagunçado, mas sim como rebelde e...
intenso.
A agarro pela cintura, grudando nossos corpos.
— Olha só..., até que gostei — sorrio.
— E se o Alex está jogando baixo com a sua mãe, faremos o mesmo
com ele.
— Obrigado, gata — a beijo gostoso, aliviado. — Você disse a ele o que
combinamos?
— Sim, falei que era uma estudante de medicina que estava aqui de
férias, que era uma menina de família rica, que gostava de viajar sozinha.
Acho que ele acreditou, sou boa nisso — ela ergue uma das sobrancelhas, me
provocando.
— Sei muito bem o quanto é mesmo.
— Você tinha que ver como os olhos dele brilharam quando falei que
era de família rica.
— O filho da mãe é ambicioso.
— Sim, e gosta de beber, vou fazer um “batizado” pra ele, e vamos
descobrir a senha desse cofre hoje à noite — a loira está decidida,
determinada — Mas preciso leva-lo a algum lugar, não dá para deixa-lo
dopado no restaurante onde marcamos o encontro.
— A família do Elizeu, meu amigo, aluga casas na cidade, vamos
conseguir uma bem cara de estudante de medicina pra você — adoro meu
sarcasmo.
— Ai, eu vou adorar! — Kelly sorri maliciosamente e me beija.
— E o que mais rolou no encontro? — Estou curioso.
— Nada, ah, ele tentou me beijar — conta, faço uma careta. — É
mentira! — Ela gargalha da minha cara, porém lhe dou umas lapadas na
bunda em resposta, depois nos beijamos outra vez. — E o seu passeio com a
tal Suzy, hein? Pode me contar tudo! — Exige, dando uma de Sherlock
Holmes.
— Ah, foi legal, nos divertimos muito! Ela é linda só de biquíni, e eu
mais ainda só de sunga — Kelly me empurra, de cara fechada, me arrancando
gargalhadas.
— Você não sabe brincar, seu ridículo!
O celular dela recebe uma mensagem.
— Olha aqui, o trouxa acabou de mandar uma mensagem, querendo
saber se o nosso encontro vai acontecer!
Agarro-a pelas costas, mirando a tela do seu aparelho.
— Responde — digo.
— Calma, para quê a pressa? Deixa ele ficar um pouco ansioso.
— Sua diaba!
Estou na cama, com um band-aid acima da sobrancelha, onde aquele
moleque me machucou ontem. Mas ele irá me pagar, semana que vem esse
hotel será meu, não há para onde a mãe dele correr!
Suzy entra no quarto, trazendo-me uma bandeja com o café da manhã.
Ela é demais, perfeita, a amo mais que tudo. Apesar de eu sempre andar
pisando na bola, tenho essa garota como a pessoa mais importante da minha
vida, após a morte da minha mãe, ela é a única a quem consegui amar de
verdade. Sou servido, e ganho um beijo de bônus.
— O machucado parou de doer? — Ela pergunta, me olhando não tão
feliz.
— Parou, você sempre consegue me curar de qualquer mal, meu amor
— a elogio, mas ela não se deixa encantar por isso. Como um pedaço de bolo
de milho — E essa carinha? Ainda está chateada comigo?
— Claro que sim, você não devia ter ido caçar briga com o Erick, não
aconteceu nada entre a gente, eu jamais iria te trair.
— Sei disso, Suzy, não foi esse o motivo que me fez ir atrás dele, mas
sim a afronta que ele me fez, querendo pôr você contra mim, por ter se
aproximado de ti — a seguro carinhosamente pelo queixo. — Não quero que
nenhum outro homem se aproxime de você além de mim, entende isso? —
Ela é minha, sou e sempre serei o seu único homem.
— Sim — responde, cabisbaixa.
— Mas não gostei de saber que você aceitou o convite e caiu na rede
dele, estou magoado — declaro.
— Também estou magoada, Alex. Saí apenas para ver um pouco das
maravilhas da região, não suportava mais ficar presa! Não gostei de saber que
você já teve um caso com a mãe do Erick, tu nunca me disse que a compra
desse hotel fazia parte de uma vingança pessoal sua; ela ainda mexe com
contigo?
— Claro que não, Suzy, claro que não! — Defendo-me. — A Helen
nunca significou nada pra mim, e a minha vingança não é exatamente contra
ela, mas sim contra tudo o que o pai dela fez à minha mãe. Ela serviu aquele
velho por anos, o amou, ganhou esperanças, e depois foi jogada na sarjeta.
Prometi a ela que não deixaria isso barato, a Helen era só um degrau para que
eu chegasse aonde queria, ainda continua sendo.
— Eu também sou só um degrau para você, Alex? — Ela indaga,
deixando uma lágrima fugir, pondo-se no lugar da outra.
Seguro seu rosto com as mãos.
— Claro que não, meu amor, claro que não! — A acaricio. — Você é a
coisa mais importante da minha vida, a primeira mulher que amei além da
minha mãe, eu faria tudo por você, tudo! Quantas vezes já te disse isso? Não
vou te perder, não posso te perder, eu te amo! — A beijo docemente.
— É que você sempre conta as coisas pela metade, às vezes tenho a
impressão de que não te conheço — confessa Suzy.
— ‘Tá vendo como aquele moleque mexeu com a sua cabeça? — Tenho
raiva, porém uma ideia surge. — Quer me conhecer? Pois bem, estamos no
lugar certo, te levarei ao meu passado.
Chego com Suzy nas ruínas da minha antiga casa de taipa, o lar
miserável onde vivi com a minha mãe metade da minha vida, que fica num
cantinho pobre e esquecido de Luís Correia. Não há vizinhos por perto, o
imóvel fica no meio do matagal, está completamente abandonada.
— Você morava aqui? — Pergunta Suzy, embasbacada, enquanto
andamos pelo espaço pequenino.
— Sim — respondo, nunca mais quis voltar aqui, mas foi necessário
para provar o meu amor a ela.
— Meu Deus.
— Nem sei como essa casa ainda está de pé após tantos anos, mas foi
aqui que vivi metade da minha vida miserável. Aqui vi minha mãe morrer
apaixonada pelo pai da Helen. Agora você me entende? Quero fazer justiça!
— Rosno.
— Oh, meu amor! — Suzy me abraça forte, acalentando o meu ódio.
Saímos do casebre, entramos no carro, mas antes de partirmos, recebo
uma mensagem de Kelly confirmando o nosso encontro.
Entro no escritório aliviada por não ter dado de cara com nenhum dos
meus parentes no caminho de casa até aqui. Tranco a porta, tiro os óculos de
sol e o chapéu de praia, encontrando Eduardo me olhando desagradado.
— Você ainda não me contou o que está acontecendo, Helen, está me
enrolando; eu não sou de confiança? — Ele pergunta, de braços cruzados,
encostado à mesa.
— Não é isso, Edu — estou encurralada novamente.
— Então o que é? Se vamos ter um relacionamento tem que ser baseado
na verdade, chega de mentiras e de segredos.
— Eu estava procurando as palavras certas para te contar, tenho medo
de como vai me olhar depois que souber da verdade — confesso.
— Te olharei com estes mesmos olhos, mas preciso saber por que anda
se escondendo daqueles hóspedes?
— Porque eles são a minha família — revelo, de olhos fechados.
— O quê?
— Antes de vir para cá... eu tinha outra família e outro nome..., me
chamavam de... Lorrana — Assim, conto tudo a ele. — E foi isso — concluo,
entristecida
— Helen..., não sei o que dizer — diz ele, mirando o chão, boquiaberto.
— Nem sempre fui essa pessoa equilibrada que você conhece hoje, Edu.
— Conto, não tenho mais lágrimas para chorar. — Fui movida pela vingança,
pelo ódio, irresponsabilidade e imaturidade.
— Então quer dizer que... aquele hóspede, o tal de... Victor, é o pai do
Erick?
— Sim.
— A loira é a tia dele e o menino é o irmão?
— Sim.
— Enrolei para te contar a verdade, confesso. Nós acabamos de começar
o nosso relacionamento, não queria soltar essa bomba logo de início, mas o
entendo se quiser terminar — meu peito se aperta só de pensar nesta hipótese.
Eduardo respira fundo.
— Você ainda... gosta dele?
— De quem? Do Victor? Não, claro que não! Ele foi uma aventura da
minha juventude, muito forte, muito intensa, confesso, mas não sinto mais
nada por ele, porém temos um filho junto. Hoje ele está casado com a minha
irmã, ele sempre a amou e não imagina que o Erick existe. O meu filho... —
vacilo, deixando as lágrimas tomarem de conta — nasceu de uma vingança
minha, mas hoje... é a coisa mais preciosa da minha vida.
Eduardo parece bastante abalado.
— Eu não sei... tenho que pensar — diz, indo embora.
Chamo Apolo para jogar futebol em uma das áreas de lazer do Algas,
estamos apenas de calção de praia, suados, driblando a bola na areia
descalços. Há mais hóspedes ao redor, em outras áreas, jogando vôlei,
frescobol. Laura foi para a casa de massagem, um espaço construído em
madeira entre os coqueiros.
— Ah não! — Reclama Apolo, enquanto sorrio, correndo ao seu redor,
feliz pelo gol.
— Preste atenção, cara, já é o terceiro gol que faço! Não vou facilitar pra
você — brinco.
— Olha pai, é o cara que conheci aqui, que me levou até a praia, o
Erick! — Observamos o rapaz passando.
— Chama ele para jogar uma bolinha com a gente — sugiro.
— Erick! — Grita Apolo.
O rapaz vem até nós, é um garanhão bonito, da nossa cor, tem a altura
do Apolo, sou apenas um pouco maior que os dois. Erick tem os lábios
carnudos, um sorrisão que me parece familiar, olhos intensamente verdes,
cabelo bem cortado, em nível baixinho, como o nosso. Trocamos apertos de
mão, e, estranhamente, sinto que já o conheço.
— E aí cara, tudo bem? ‘Tá curtindo o Algas? — Ele pergunta a Apolo.
— Sim, bastante. Olha, esse aqui é o meu pai, Victor.
— Prazer, eu sou o Erick.
— Está hospedado aqui também? — Indago.
— Não, moro aqui, a minha família é dona desse paraíso — responde,
me passando uma energia boa, há uma felicidade natural o cercando.
— Ah, que legal — não consigo identificar o que acho de tão diferente
nele. Sinto-me incomum, não sei explicar.
— Quer bater uma bolinha conosco? — Apolo convida.
— Só se for agora! — Diz ele, tirando a camisa.
A bola volta a rolar pela areia, sob o sol radiante, no calor gostoso, entre
as brisas da praia. Nos divertimos bastante, Erick sabe jogar muito bem, até
consegue me driblar e fazer alguns gols. Logo parecemos íntimos, trocando
provocações saudáveis, brincando, gargalhando, desafiando um a outro. Por
algum motivo desconhecido, esse garoto consegue me encantar, isso nunca
aconteceu antes.
— Que foi, cansou? Tão rápido? — Ele me provoca.
— Você é bom, cara — o elogio, ofegando.
— Vamos tomar alguma coisa, o calor já está demais — Apolo nos
chama.
Seguimos para a lanchonete mais próxima, à beira-mar.
— Um suco, por favor — pede meu filho.
— Manda uma cerveja gelada, Rodrigão — pede Erick, me
surpreendendo com o pedido, mas prefiro não dizer nada. Ele dá o primeiro
gole, sorrindo, gelando a goela. — Espero que vocês estejam se divertindo
muito por aqui, esse hotel é tudo de bom, e cheio de gatas — diz as últimas
palavras mirando uma gostosa que passa de biquíni. Sorrio, lembrando que
fazia muito isso na sua idade.
— E então, Apolo, viu sua namorada? — Pergunta Erick.
— Sim — ele responde de forma vaga, desviando o olhar por um
momento, tocar no assunto deixa o clima chato devido ao que aconteceu
ontem.
— Vejo que já são amigos, trocaram até segredos — observo, dando
continuidade ao assunto.
— Olha, só não é meu amigo quem não quer — declara Erick. — Eu sou
um cara muito de boa. Contudo, minha mãe diz que tenho dom para
confusão, que herdei isso do meu pai, que gosto do perigo como ele gostava.
— Ah, seu pai morreu? — Fico curioso.
— Sim, assim que eu nasci, fui criado só pela minha mãe.
— Meu pai também — conta Apolo.
— Sério, Victor? — Pergunta Erick.
— Sério, não foi fácil, mas consegui sobreviver.
— Não é fácil mesmo, apesar de nunca ter convivido com o meu, me faz
uma falta danada. Sempre imagino como seria nossa convivência. Se ele
estivesse vivo, daria glória por ter um filho como eu, eu seria “o filho” sabe,
o filhão, o motivo de todo o seu orgulho. Ele me amaria, logo que sou um
comedor de xereca nato!
Gargalhamos com suas palavras, é hilário.
— Ele olharia para mim e diria: “meu filho, eu te amo porque você
seguiu os passos do seu pai, é um supercomedor de xereca”.
Rimos alto, não acredito que estou ouvindo isso.
— Nem te conheço, mas já gosto de você, garoto — afirmo para ele.
Decidimos voltar a jogar, depois corremos até o mar no pôr do sol,
mergulhamos nas ondas. Em um momento, noto que Apolo e Erick se
parecem fisicamente, consequentemente parecendo comigo, a diferença é que
Erick tem cara de safado, enquanto Apolo tem carinha de anjo, só que de anjo
sabemos que ele não tem nada.
Alex acaricia meu ombro, termina de tomar todo o seu vinho, sorri para
mim, e quando investe em um beijo, seu celular chama, graças a Deus, pois já
estava pensando como fugiria de mais uma tentativa.
— Só um momento — ele levanta, se afastando para atender a ligação.
Pergunto-me quando o efeito do “batizado” surgirá — Oi filha... o quê?...
como assim?... calma... Suzy tenha calma, estou indo!
Fico atônita, não estava nos planos Alex ir embora tão cedo! O remédio
com certeza surtirá efeito em alguns minutos.
— Vai embora? — Pergunto.
— Infelizmente sim, a minha filha teve um acidente doméstico, cortou a
mão, está precisando de mim — diz, está realmente preocupado.
— Ah, que pena — penso no que fazer — Logo agora que estávamos
nos conhecendo melhor — minha voz é sensual, numa tentativa de fazê-lo
ficar.
— Teremos outra oportunidade — ele acaricia minha face, encantado,
buscando outro beijo.
— Quem sabe na próxima, se você não for embora — nego.
— Tudo bem — concorda, e vai embora.
Ligo para os amigos do Erick, eles vêm me pegar, levando-me de volta
ao hotel.
— Quer dizer que você não conseguiu passar cinco minutos com o
Alex? — Pergunta Elizeu, me provocando. — Tá fraquinha, hein neném.
Achei que esse cabelo loiro valia alguma coisa.
Ele ri com Ramon, tirando sarro da minha cara.
— Nem vou te responder, bola de fogo! — Retruco, enojada. Elizeu
fecha a cara ao ouvir seu apelido, enquanto seu amigo continua gargalhando
feito uma hiena.
Kelly me conta o que aconteceu e fico frustrado, não com ela, mas com
o acontecido.
— Droga — bufo, enquanto vejo-a se despir.
— Pois é, a filha dele ligou bem na hora que ele terminou de tomar o
“batizado”, agora ela que vai aguentar o pai bem grogue — conta a loira.
— Ela não é filha dele, é a namorada.
— Sério?
— Sim; tomara que não descubra que o Alex foi drogado — reflito,
coçando o queixo.
— Há essa possibilidade, mas vamos torcer para que tanto ele como ela
pensem que é apenas o efeito do álcool.
Kelly veste seu baby-doll, percebendo a minha preocupação, senta ao
meu lado, fazendo-me carinho.
— Calma, vai dar tudo certo.
— Se o Alex descobrir que foi drogado, está tudo perdido, ele não vai
mais querer se aproximar de você — uma certa tensão passa a se apossar de
mim.
— Vai dar tudo certo, Erick — repete Kelly, me beijando, distraindo-
me.
Mas o que não sabemos, é que ainda nesta madrugada, receberei uma
ligação que mudará tudo.
— Alô? — Falo, com a voz sonolenta, é um número desconhecido,
Kelly continua dormindo ao meu lado.
Kelly fica sumida do quarto por algum tempo, só vejo a cama, o guarda-
roupas, a janela entreaberta, a cortina sendo soprada pelo vento. Enfim ela
reaparece, agora com Alex, que é puxado pela gravata, ambos seguram sua
taça de vinho, bebendo.
— Hmm, você se vestiu assim especialmente pra mim, foi? — Ele
pergunta, safado. Faço uma careta, há uma súbita raiva me incomodando por
ver a loira nessa roupa tão curta com esse desgraçado! Sei que faz parte do
plano, mas a minha vontade agora é de mandar tudo pra puta que pariu! Eles
sentam na cama.
— Sim — responde Kelly, sensual.
— Você é uma delícia, sabia? — Vou matar esse cara!
— É?
— Vem cá, me dá um beijo! — Ele tenta agarrá-la, mas Kelly o faz
parar quando meu coração está quase saindo pela boca. Percebo que não
estou psicologicamente preparado para esta merda!
— Só se der um virote — ela o desafia, é para que o “batizado” faça
efeito logo. — Se conseguir beber tudo de uma vez, deixo você me beijar —
o provoca.
— Eita garotinha difícil.... — Alex, está meio bêbado, otário!
Ele aceita o desafio e bebe tudo, em seguida busca pelo prometido.
Kelly o beija, a sensação é como arrancar o meu braço!
— PUTA QUE PARIU, KELLY! — Soco a cama, nervoso, com o
sangue quente, bufando feito um animal.
O desgraçado tenta intensificar as coisas, mas Kelly foge, pegando as
taças.
— Ah, o que foi? Volta aqui! — Ele chama, manhoso.
— Eu vou pegar mais vinho — Ela sai do quarto.
— Não, chega de vinho, vem cá, estou louco por você — Alex tenta
puxá-la de volta para os seus braços asquerosos.
— Calma..., eu já volto — ela ri, sumindo, essa bandida maldita! Que
ódio!
Alex fica sozinha, pondo as mãos na cabeça, parece não se sentir bem,
acho que é a droga fazendo efeito. Mais alguns segundos e ele cai para trás,
na cama, tonto. Assisto tudo bem sério agora, isso aqui está ficando melhor
que BBB. A loira retorna com as taças cheias, colocando-as no criado-mudo
após ver Alex tombado.
— Alex? Tudo bem com você? — Ela senta ao lado dele.
— Ah, não sei, de repente... fiquei meio tonto... — diz ele, com a voz
mole.
— Está conseguindo me ver?
— Tudo está um pouco... embaçado
— Quer mais vinho? — Kelly pega a taça, levando-a à boca de Alex.
— Não..., não quero — geme, indefeso, vulnerável. A taça volta para o
mesmo lugar após Alex dar alguns goles.
— Agora me conta, Alex, qual é a senha do cofre? — É agora! Ele tem
que dizer!
— Senha? — O homem está devidamente grogue, esse é o momento!
— Sim, a senha do seu cofre, qual é? Me diz
— Eu não... posso dizer— sua voz é confusa, a língua parece enrolada.
— Qual é a senha, Alex? Diz pra mim — a loira insiste.
— Saia de perto dele, sua vagabunda! — Uma terceira voz surge no
quarto, ainda não consigo ver de quem é, Kelly olha para trás.
Suzy surge na imagem, com uma faca enorme na mão, deixando Kelly
assustada, que levanta da cama. Fico assustado também. O que essa louca vai
fazer?
— Caralho! — Engulo em seco.
— Quem é você? Como entrou na minha casa? — Pergunta Kelly.
— Então é você que anda se encontrando com ele, eu sabia que tinha
alguém! — Suzy chora, erguendo a lâmina.
— Garota, abaixa essa faca, abaixa, vamos conversar! — Kelly está
nervosa, com as mãos na frente do corpo em sinal de defesa.
— Não tenho nada para conversar com você! NADA! — Suzy fica
transtornada, se aproximando da minha gata, chorando. — Desgraçada...
pegando o meu namorado!
— Olha..., NÃO! — A loira grita quando Suzy investe nela com a
lâmina, as duas vão ao chão, saindo do meu campo de visão.
Salto da cama com a cena, chocado, ouvindo os gritos da loira!
— Caralho! Pura que pariu! — Saio correndo, desesperado, tenho que
socorrê-la!
Parece que estou acordando de um pesadelo em que ouvi a voz da Suzy
e os gritos da Kelly. Sento-me, ainda um pouco tonto, dando de cara com
Suzy no chão, encostada na parede, em posição fetal, chorando, com as mãos
sujas de sangue, a faca ao seu lado, ensanguentada.
— Suzy... — a chamo, sem entender o que está acontecendo. — O que
você fez? — Indago, temeroso, os olhos esbugalhados, prevendo o pior.
A garota chora sem parar, deixando-me ainda mais nervoso.
— Eu matei ela — responde, chorando, amedrontada, assustando-me. —
Eu matei.
Os olhos dela desviam em uma direção, os sigo, vejo o corpo enrolado
em um tapete, o cabelo dourado para fora, ensanguentado, assim como o chão
que está banhado em sangue. É uma cena horrorosa, de filme de terror!
GAROTAS SELVAGENS
Meu coração acelera diante dessa cena, jamais imaginaria que Suzy seria
capaz de uma coisa dessas, ela não! A minha garotinha é pura e inocente,
como isso aconteceu?! Engulo em seco, levantando, saindo da tontura que
ainda me cerca um pouco. Agacho-me e toco no tapete, melando a ponta do
dedo de sangue.
— Não toca nela! — Exclama Suzy, ficando de pé, largando a faca. —
Não quero mais ver o rosto dela, não quero — geme, em pranto.
— Tem certeza que ela está morta? — Pergunto.
— É claro que tenho, seu idiota, fiquei transtornada! — Ela leva as mãos
à cabeça, pensando na catástrofe.
— Por que você fez isso, Suzy? — Pergunto, com a voz mansa, a
segurando pelos braços.
— Por sua causa, seu imbecil! Traidor! Traidor! — Exclama, com ódio.
— Não fala assim, meu amor...
— Não me chama de "meu amor", eu sabia que você estava aprontando,
senti o cheiro dessa vagabunda por perto! Te segui até aqui...
— Não pode ter feito isso, você jamais faria, cadê a minha garotinha
pura e inocente, a minha menina?
Suzy se afasta, dando-me as costas, chorando arrasada.
— Devia... ter matado você e não ela! Fiquei com tanto ódio quando vi
os dois na cama! Que merda! Agora... eu vou pra cadeia por sua causa! A
minha vida acabou, meu Deus... — A garota fica desesperada, deixando-me
compadecido, não irei permitir que meu amor fique longe de mim!
— Jamais deixarei você ser presa, jamais! Nunca vou permitir que te
afastem de mim, meu amor!
— PARA DE ME CHAMAR DE “AMOR”! — Ela grita, me
empurrando, manchando a minha camisa de sangue — Você não me ama,
estava me traindo com essa vagabunda! E agora... eu me ferrei — Suzy está
apavorada com a hipótese de ir parar na cadeia, mas sei como resolver isso.
— Acalme-se, iremos contornar esta situação, ninguém irá saber deste
crime — seguro seu rosto entre as mãos, beijando sua testa carinhosamente,
tentando lhe passar segurança — Podemos enterrá-la no fundo do quintal e
dar o fora daqui!
— Não... aqui é muito perto, ela morava aqui! Não dá certo... temos que
pensar em outro lugar.
Ficamos em silêncio, pensando, tenho que protegê-la, não permitirei que
algum mal lhe aconteça.
— Meu bem, eu quero que saiba que ela era... apenas uma diversão, não
significava nada pra mim...
— Cala a boca, Alex, o problema agora é muito mais sério do que nós
dois.
— Não... nada é mais importante que nós dois. Eu te amo, você é a
única pessoa que importa na minha vida.
— Você é um doente... e eu também... — Suzy está desesperada, parece
perdida. — Temos que nos livrar desse corpo... que tal a sua antiga casa?
Aquela casinha onde me levou, fica no meio do nada, tem mato, está tudo
abandonado.
— Sim, é verdade! Lá é um ótimo lugar para descartá-la. Farei isso,
levarei o corpo antes que alguém que a conheça sinta a sua falta!
— E eu? — Choraminga Suzy, amedrontada, arrependida pelo que fez,
sem saber como agir.
— Você fica aqui, limpa essa bagunça, esse sangue, se livra de tudo que
possa nos culpar, e depois me encontra em casa. Vamos embora hoje mesmo.
— Embora? Mas como assim "embora"? E o Hotel?
— A gente vê isso depois, deixamos a poeira baixar, porque vão notar o
desaparecimento dessa menina, ela era de família rica...
— Então era por isso que estava ficando com ela?! Porque ela era de
família rica?! — Suzy me bate, enciumada.
— Para, Suzy, para! Não podemos brigar agora, temos que nos
concentrar no que vamos fazer, e devemos ficarmos unidos! — A seguro
pelos pulsos, em seguida lhe abraço carinhosamente.
— Estou com medo, Alex..., não quero ir pra cadeia... — choraminga.
— Vai ficar tudo bem, só precisamos... agir com calma. Agora faça o
que eu disse, limpe tudo, não deixe nenhuma prova, e vá para casa me
esperar. Levarei Kelly para aquele casebre, lá realmente é um ótimo lugar
para me livrar dela.
Suzy concorda, e nos separamos como planejado. Dirijo pela cidade,
indo para a minha antiga casa, logo estou cercado pelo matagal, na escuridão
profunda da noite, aqui não há nada e nem ninguém a não ser as ruínas do
local que um dia foi o meu lar. Pego o rolo do tapete com o cadáver no banco
traseiro, caminho até os fundos do casebre, ouvindo os grilos cantando,
coloco Kelly no chão e procuro por uma pá, preciso fazer a cova.
Estou ofegante, suado. De repente, sou surpreendido com a luz intensa
de faróis de carros bem na minha frente, que me iluminam na escuridão!
Quem é? Quem pode ser? Quem está neste lugar esquecido?! Protejo os olhos
da luz intensa com o antebraço. Três homens mascarados saem dos
automóveis com cassetetes, vindo em minha direção. Tento correr, mas
tropeço em algo, caindo com violência.
Os mascarados me batem com muita força! Grito para eles pararem, mas
é inútil.
Acordo zonzo, sem entender o que está acontecendo direito, até me dar
conta de que estou preso a uma cadeira, de pés e mãos amarradas, sem poder
me mover. Levo mais alguns segundos para assimilar minha atual situação,
ainda meio zonzo, ouvindo vozes por perto:
— Ela morreu mesmo? — Alguém pergunta.
— Sim, está morta — outra pessoa confirma. — O que faremos com o
corpo?
— Enterra lá atrás, não há outra opção.
Finalmente consigo erguer o rosto, vendo nada mais nada menos que
Erick, maldito moleque! Ele termina de dar instruções a um cara que ainda
continua de máscara, e vem até mim, furioso, sentando na cadeira à minha
frente. Ainda não consigo acreditar que ele teve a ousadia de me prender
aqui, dentro da minha antiga casa.
— O que está pretendendo com isso, garoto? Como me encontrou aqui?
— pergunto, sem conseguir juntar as peças.
— Viu o que a sua cachorrinha fez?! Ela matou a Kelly, é uma
assassina! — Rosna, me surpreendendo.
— Você... conhecia a Kelly — concluo.
— A missão dela era te seduzir e te drogar esta noite, para saber...
— A senha do meu cofre — lembro da loira me pedindo isso minutos
antes de eu apagar. Droga... caí feito um patinho. — Seu desgraçado! Mas
como descobriu que tenho um cofre?
— Invadi a sua casa um dia desses, sou bom nisso, saí sem deixar
rastros. Tenho certeza que lá encontrarei algo que você usa para ameaçar a
minha mãe.
— Não vai encontrar nada! — Retruco, a raiva aos poucos me consome,
como pude ter sido tão tolo diante dele? Eu o subestimei! — Lá não há nada
do seu interesse, moleque vagabundo!
Erick levanta, soca o meu rosto violentamente e volta a sentar,
acariciando a mão que usou para me golpear. Cuspo sangue, possesso, o
odiando com todas as minhas forças.
— Você vai pagar por isso, garoto — prometo. — Pode me bater o
quanto quiser, jamais saberá a senha — zombo. — A Kelly quase conseguiu,
pena que morreu. Olha o que você fez com ela..., acabou com a vida da
garota, a culpa é sua — tento mexer com o seu psicológico, vendo uma
lágrima de dor e culpa descer por sua face enraivecida.
— A culpa é da Suzy e você sabe muito bem disso, do contrário não
tentaria esconder o corpo da loira neste fim de mundo.
— Como sabe de tudo isso? — Estou agoniado por dentro só de pensar
que esse infeliz está por traz dessa história toda.
— Acontece que a Kelly estava com uma câmera escondida no quarto,
que filmou tudo, inclusive o seu próprio assassinato, a prova do crime, que
vai levar sua filhinha pra cadeia — ele me mostra o vídeo no celular. Fico
gelado, não há como negar que é a minha Suzy cometendo o ato. — O
objetivo era eu assistir tudo de camarote, mas... não contei com a
possibilidade daquela doente chegar de surpresa e acabar com a vida da
minha namorada! — Ele abaixa a cabeça, deixando as lágrimas caírem.
— Não pode ser — sussurro, sem chão, estou em suas mãos.
— Isso só me deu mais um motivo para acabar com a tua raça. Aqui tem
tudo, até vocês combinando de esconder o cadáver neste inferno — então foi
assim que ele soube me encontrar aqui. — Não era pra Kelly morrer... —
choraminga, com ódio. — Mas não deixarei que a morte dela seja em vão. Ou
você me diz a senha do cofre agora, ou... envio esse vídeo para a polícia,
deixando você e Suzy serem levados direto para a delegacia.
Fico encurralado, não posso de modo algum chamar a atenção da
polícia, já tenho passagem por lá. Da mesma forma, não posso correr o risco
de perder Suzy, a minha menina, o meu amor, a minha neném.
— Nunca, me ouviu bem? Nunca! — Falo, entredentes. — Mas posso
te oferecer outra possibilidade.
Erick ri, debochado.
— Tu não está em condição de exigir absolutamente nada! — Afirma,
mas não lhe dou ouvidos.
— Se me deixar sair daqui, prometo ir embora da cidade com a Suzy e
nunca mais você ou sua mãe nos verão outra vez.
— Até que essa proposta é tentadora, mas... prefiro não correr o risco.
Agora diz a senha! — Exige, me deixando puto!
— Vai pro inferno! — Exclamo, tentando avançar nele, desejando matá-
lo.
Erick respira fundo, controlando a fúria e faz uma ligação.
— Bota a garota na linha — ordena, sério, colocando a ligação no viva
voz.
— Alex..., Alex... — É a Suzy! DROGA!
— Meu amor! — A respondo, aflito com sua voz desesperada.
— Há dois deles aqui, estão mascarados e armados..., eu não quero
morrer — ela geme, chorando. Fico sem chão!
— Calma, Suzy, eu vou resolver tudo... — miro Erick, ele está se
divertindo, sorrindo, maléfico. — VOU ACABAR COM VOCÊ, SEU
FILHO DA PUTA!! — Berro, ouvindo suas gargalhadas. — Manda eles
saírem de perto dela!!
— Uma vida por outra, o que acha? Já que ela tirou a Kelly de mim,
posso muito bem tirá-la de você — ele ameaça, me fazendo ofegar, meu
coração bate forte.
— Você não teria coragem — afirmo, duvidoso.
— Bota o cano pra fazer barulho — ele ordena, um tiro é disparado,
Suzy grita em seguida, deixando-me atordoado!
— Maldito!
— A senha, Alex, bora! — Exige.
— Alex, vem logo — minha garota geme, fico de coração na mão. Não
saídas, esse garoto é pior do que eu imaginava!
Respiro fundo, tomando coragem.
— Cinco, nove..., seis, quatro, oito, zero — falo, pensando em toda a
minha grana que está no cofre, mas a vida de Suzy é mais importante.
— Ouviram? — Erick pergunta aos comparsas.
— Eu vou pegar todos vocês, irei destruí-los — prometo, furioso.
Ele gargalha, debochando, sem me dar qualquer crédito.
— Foi bom fazer negócios com você, Alex — diz, levantando. — Seu
celular e notebook ficarão comigo, vai que tenha mais alguma coisinha neles,
né. Agora você não tem mais nada contra a minha mãe, mas eu tenho tudo
contra você e Suzy, é bom que se lembre bem disso. Agora vou embora, e
espero que esta seja a última vez que esteja te vendo, pro seu próprio bem... e
não inventa de aprontar nada, não, que vai ser pior, bem pior. Procura ir
embora de Luís Correia! Vai pro inferno, OTÁRIO! — Ele mostra os dedos e
a língua, sumindo de vista, deixando-me sozinho.
Ouço os carros saírem, levando toda a luz embora, fico no breu,
sofrendo de ódio, derrotado, humilhado. Após passar a madrugada inteira me
mexendo, chegando a cair no chão, no raiar do dia, finalmente consigo me
libertar das cordas. Saio exausto do casebre, com dores pelo corpo inteiro,
arrastando-me até o carro. Chego em casa pensando na minha garota, procuro
por ela desesperadamente, mas não a encontro!
Chamo por seu nome, olhando em cada canto do imóvel, mas ela não
está em lugar nenhum! Fico aflito, correndo para o quarto. Retirando o
espelho da parede, encontrando o cofre aberto, com apenas um envelope
dentro. Abro-o, retirando a carta, reconhecendo as letras da Suzy.
Alex, depois que o Erick veio aqui e pegou o diário, finalmente consegui
acessar o cofre que ficou aberto, o lugar que você jamais me deixou ver ou
disse a senha, e agora sei o porquê. Lá, além do dinheiro, havia um vídeo
gravado pelas câmeras de segurança da nossa antiga casa, mostrando você
matando a minha mãe!
Jamais esperava por isso, percebi que fui enganada durante todo este
tempo! Você destruiu a única família que eu tinha, a minha mãe. O que sente
por mim não é amor, é doença. Eu não devia ter matado aquela garota, mas
sim você. Nós somos dois monstros, e devemos ficar distantes um do outro,
para sempre! Esqueça-me!
Essa noite foi a pior de todas em muitos dias. Senti bastante falta da
Kelly, todo o quarto parece bem maior e triste sem ela. Desço a escada,
encontrando minha mãe, Eduardo e minha madrinha conversando na sala
sobre o que fazer com Alex.
— Filho, já conversei com o Edu e a Maria, nós vamos tentar fazer uma
proposta significativa para o Alex, para que ele desista de comprar o Algas
— ela me informa, tadinha, nem imagina quantas águas já rolaram.
— Não precisa — digo, lhe entregando o diário, deixando a ela e aos
outros boquiabertos. — O Alex não tem mais nada contra a senhora, já
resolvi tudo.
— Erick... esse é o meu...
— Diário, isso mesmo. Tomei do Alex, apaguei todas as cópias que
existiam, ele não pode mais fazer nada.
— Meu filho, como você fez isso? — Minha madrinha está em choque.
— Não importa — sou frio, só consigo pensar na Kelly.
— Importa sim, Erick! E você... leu o que...
— Li, mãe, eu li tudo, não me aguentei de curiosidade, queria saber o
que a senhora estava me escondendo. Não se preocupe, não estou com raiva,
entendi que apenas se defendeu do desgraçado do Alonso quando ele tentou
te estuprar. Ele teve o que mereceu. Quanto a você, Edu, agora o admiro
muito mais do que antes, obrigado por ter deixado a minha mãe me criar.
Eduardo sorri, feliz com as minhas palavras, todos estão surpresos e
felizes comigo.
— Ah, meu filho, eu não acredito... — ela me abraça forte, com os olhos
brilhando — Tive tanto medo de você me julgar se soubesse de toda essa
história.
— A senhora tem que confiar mais em mim, mãe — digo, forçando um
sorriso.
— Agora nos conte como conseguiu pegar isso do Alex — minha
madrinha insiste, preocupada.
— Não adianta vocês ficarem me perguntando, eu não vou dizer nada.
Dei meu jeito e pronto! E quanto ao Alex, acho que ainda hoje ele vai embora
da cidade.
Edu gargalha.
— Garoto, você não existe! — Ele diz.
— Por que você está com essa carinha triste? Onde está a Kelly? —
Minha mãe me conhece.
— Ela foi embora, e... não vai mais voltar, nunca mais — digo,
cabisbaixo, voltando pro quarto.
Recebo mensagem dos gêmeos, avisando que Alex foi embora de Luís
Correia, o que me conforta.
O dia passou rápido, mas consegui encontrar o local perfeito para ficar a
sós com Laura. Com a ajuda do hotel, viajamos para outra praia, Barra
Grande, na cidade de Cajueiro da Praia, onde chegamos com o pôr do sol.
Apolo continua no Coqueiro, sozinho, feliz com a nossa reconciliação, era
tudo que ele queria.
Estacionamos num chalé à beira-mar, todo em madeira, com varanda,
belíssimo, e pronto para nós.
— Que casa é essa? — Laura está encantada, sorrindo para o vento.
— É um dos chalés que o Algas aluga para os hóspedes nesta praia.
— Adorei, é lindo.
— Só não viemos mais cedo porque eles passaram o dia organizando e
limpando tudo. — A abraço pelas costas. — Agora somos só nós dois.
Nos beijamos intensamente.
— Já que é assim... quero que seja inesquecível — seus olhos
provocantes avisam que ela irá aprontar alguma.
Após estarmos acomodados, chega o momento que tanto esperávamos.
Estou nu na sala, com os braços sobre a cabeça, os pulsos presos à uma
argola de ferro fixada na parede, com o caralho duro feito aço, latejante,
observando Laura surgir do quarto, incrível, na sua roupa de dominatrix, com
uma chibata na mão. É agora, eu e ela, a noite toda!
Ela me olha sexy e poderosa com sua máscara cobrindo metade do seu
rosto, trouxe brinquedinhos de Teresina, isso quer dizer que tinha esperanças
de me reconquistar nessa viagem, já prevendo que faríamos um sexo quente.
Como sempre, é precavida. A observo tomado pelo desejo, meu pau pulsa de
tesão, imenso, erguido, a cabeça enorme, veias latejantes, sedento, negro,
quente.
A gostosa desfila até mim como uma deusa, a chibata em couro
deslizando em sua mão, as meias apertadas em suas coxas torneadas, o
espartilho emoldurando seu corpo esbelto, estufando seus seios voluptuosos,
a tanga de renda escondendo sua boceta protuberante, maravilhosa, que me
chama. Todo o seu look é em tom de preto e vinho, um tesão absurdo que me
deixa louco só de olhá-la. Mordo os lábios, sedento, está sendo como nos
velhos tempos, adoro tudo isso!
— Estava com saudade de mim, baby? — Pergunta, com a voz sensual,
enquanto escorrega a ponta da chibata entre o meu peitoral.
— Mui... — recebo uma leve chibatada na bochecha, abro meu sorriso
sacana, lembrando que não devo falar, somente balançar a cabeça positiva ou
negativamente para responder às suas interrogações, assumindo devidamente
o meu papel de submisso, e assim faço, assentindo.
— Você está tão duro... — o couro alcança a cabeça do meu cacete que
vibra ao senti-lo — tão grande e forte.
Laura encosta seu corpo no meu, nos fazendo pegar fogo, pressionando
meu pau entre nós dois, lambendo minha bochecha como uma gata, onde me
golpeou. Sua língua arrasta em minha pele, molhando a minha face, ela
mordisca meu lábio inferior, fazendo de mim seu brinquedo, seu objeto
sexual para fazer o que quiser. Gosto desse papel de ser usado e abusado, foi
uma das coisas que me fez se apaixonar por ela no passado: sua forma única
de foder.
Sou beijado com fogo, nossos lábios se atacam em uma mistura de
carnes sensual, avassaladora, é molhado, gostoso, fogoso, as línguas se
enroscam de uma maneira tão intensa que nos falta o ar. A química é perfeita,
como se nos transportasse para outro mundo. Laura se afasta, ofegante,
deixando-me com gostinho de quero mais, espero por cada passo seu, curioso
e ansioso pelo que fará a seguir.
Ela se agacha aos meus pés, arranhando as minhas coxas, descendo, me
fazendo arrepiar, sua língua molha a minha virilha com um selinho,
provocando. Desejo-a me chupando mais que tudo agora, porém a loira quer
me torturar, e está conseguindo, mexendo com a minha razão, me fascinando.
Sua mão segura meu caralho duro, quente, latejante, recebo mais alguns
beijinhos em volta dele, mas sem tocá-lo, arrancando alguns gemidos meus.
Movo o quadril para frente, encostando a ponta do cacete nos lábios
dela, recebo uma chibatada no peitoral, um aviso para que não me mexa, mas
é impossível, o meu eu dominador já grita dentro de mim, querendo sair feito
uma fera. A dominatrix fixa seus olhos esmeraldas na minha imagem quando
esfrega a língua na parte inferior do meu pau, molhando minha vasta
extensão até parar na ponta, onde ganho mais um selinho. Ergo a cabeça em
gemido, contraindo os pulsos contra as minhas amarras, a sensação é surreal!
— Oooh... — rosno, gutural.
Laura puxa meu caralho para baixo, o envergando, fazendo-me sentir
uma câimbra gostosa com este movimento. As lambidas se intensificam nas
laterais, na parte superior, molhando toda a minha massa negra, chegando por
fim na cabeça brilhante, larga e avermelhada, onde sua língua gira em volta,
no contorno, fazendo-me suspirar. Ela se mostra fogosa, sexy, provando que
quer me levar à beira da loucura, que ama me chupar, o que conta bastante.
A fenda da ponta do meu caralho é lambida, os fluídos são sugados,
descendo pela garganta da loira que engole tudo com gosto, como se
estivesse experimentando o néctar da libido. Não resisto e penetro sua boca,
dessa vez Laura não contesta, apenas aceita, empolgada, mamando seu
negão, engolindo-me mais, permitindo que eu me afunde pouco a pouco
goela abaixo, com as veias esfregando em seus lábios deliciosos que me
sugam para dentro.
— Humf... — ela geme, ao me sentir atolando sua boquinha aberta ao
máximo que pode. Seus olhos marejam ao mesmo tempo que escorrego para
o fundo, pressionando sua língua, roçando em seus dentes. Laura respira
apenas pelo nariz, em um momento relaxa a mandíbula, seus olhos
esbugalham quando me toma por inteiro, babando, a sua saliva escorrendo
entre nossa união. É incrível!
Quando não suporta mais, me cospe para fora, ofegante, vermelha. Sou
masturbado por alguns longos segundos e chupado outras vezes, com
empenho, com dedicação.
— Gosta de chupar o seu macho, gosta? — Pergunto, safado, fodendo
sua boquinha, indo e vindo com o quadril. Ela responde intensificando o
boquete, chicoteando meu caralho com a língua, judiando da minha libido,
extravasando sua luxúria.
Slup! Slup! Slup! Slup!
Vibro quando o gozo chega potente, uma certa cócega na cabeça do pau.
É forte, uma verdadeira erupção, uma explosão de jatos que percorrem por
dentro do corpo do meu cacete e explodem dentro da garganta da loira,
enchendo-a de porra em abundância. Laura não suporta e me cospe outra vez,
fazendo-me subir e bater contra meu abdômen, arremessando sêmens para
longe. Vê-la toda lambuzada é sensacional, foi um dos melhores boquetes da
minha vida! Minhas pernas até enfraquecem, a testa soa, é muita adrenalina
sexual.
A loira se ergue, retira a máscara, limpa o rosto, pega um pequeno
frasco de lubrificante sobre a mesinha ao lado e despeja o líquido quente
sobre o meu peitoral, lambuzando meu corpo, descendo a mão até o meu pau,
melando tudo. O que será que ela vai aprontar agora? Meus olhos brilham
com todo esse jogo sexual. A mulher desce a sua tanga lentamente, com a
bunda arrebitada em minha direção, fazendo eu me excitar novamente a cada
movimento vagaroso e sensual do seu bumbum, sua boceta gostosa surge,
inchadinha, perfeita, peladinha, de lábios gigantes. Oh Deus!
Ela joga lubrificante sobre a própria raba, sua pele cintila com o líquido,
provocando-me enquanto encosta o corpo ao meu outra vez, de costas,
amassando suas nádegas contra minha rola grossa, bruta.
— Aiin — ela mia gostoso, puta que pariu! Meu caralho é colocado
entre suas coxas, pressionado contra sua xoxota, começando um esfrega-
esfrega sem medidas! Laura vai e vem, prendendo-me no meio do seu corpo,
roçando as nossas carnes que escorregam na oleosidade, queimando,
excitando, instigando, nos levando à loucura! Essa mulher é uma diaba! Sua
boca busca a minha, também não fico parado, movo os quadris, para frente e
para trás, atravessando suas coxas, sarrando em sua bocetinha, abrindo
caminho entre seus lábios vaginais, tomando o controle da situação!
A carne úmida dela desliza pelo corpo do meu mastro, ondulando sobre
as veias quentes. Sugo sua língua no instante em que, num molejo saliente,
penetro em suas entranhas apertadas, afundando em sua xoxotinha sem
dificuldade, socando até meu saco bater contra seu cuzinho. A loira arfa,
sentindo-me dentro de seu corpo, pressionado por suas milhares de
contrações que transformam a nossa união na mais quente lascívia, é a prova
de que fomos feitos um para o outro.
Ela me segura pela cintura, impedindo-me de criar novos movimentos,
acostumando-se outra vez à minha longa invasão, que chega a tocar seu
útero, quase partindo-a ao meio. Ela mexe a bunda bem devagar, em
movimento circular, abrindo e fechando sua boceta, apertando-me, nos
torturando, nos levando ao limite. É tão gostoso que não consigo conter os
gemidos. O lubrificante faz suas carnes íntimas pegarem fogo, queimando-me
em seu interior enquanto suas nádegas roçam em mim, esfregando, num
ritmo sedutor.
Ela vai e vem com a bunda, retirando meu caralho centímetro por
centímetro das suas entranhas lentamente, até que somente metade da ponta
dele fica em seu interior, recebendo a pressão, levando-me à loucura! Laura
volta, enterrando metade de mim em seu corpo, gemendo, pegando fogo.
Seus músculos me apertam, não espero mais por ela e ponho-me a trabalhar,
fodendo a minha mulher! Soco tudo, fazendo barulho com a nossa união, até
que Laura goza, ensandecida, explodindo, molhando-me inteiro. Eu havia
esquecido o quanto é lindo vê-la ter um orgasmo.
Ela se afasta, esguichando pela xota, tremendo as pernas, encostando-se
no sofá para ter apoio.
— Me solta agora! — Ordeno.
A loira não pensa duas vezes e me liberta, a agarro com força,
prendendo-a em meus braços, esmagando-a contra meu corpo enquanto
devoro sua boca, com as mãos gigantes cobrindo sua bunda carnuda, onde
espalmo três vezes seguidas, mostrando quem é que manda, subjugando-a.
Laura não tem para onde fugir e geme durante nosso beijo, sentindo meu
caralho contra seu abdômen.
Jogo-a no sofá, bruto, pondo-a de quatro, ela deita a cabeça sobre o
assento, empinando o bumbum, já sabe qual é a minha preferência. Dou-lhe
mais uma lapada, sua carne está toda vermelha, marcada, não espero por mais
nada e enfio-me em sua boceta sem dó, como um animal sedento, como um
lobo feroz que eu realmente sou, fodendo, metendo, enterrando, socando,
golpeando seu corpo, mostrando a quem ela pertence.
— Você é minha.... minha! — Rujo, prendendo seus pulsos atrás das
suas costas, a dominando
— Eu sou sua... sua! — Grunhe, embevecida.
A surra de pau não para, penetro-lhe sucessivas vezes, observando nossa
mistura de cores, meu pau negro se afogando em sua bocetinha rosada que
aos poucos fica vermelha, uma delícia. Esfolo mesmo, atolando a loira sem
dó, sempre metendo até o fim, fazendo o meu saco imenso chocar contra sua
entrada. O nosso contato é quente, lubrificado, causando-me uma ardência
refrescante e deliciosa. As nádegas da gostosa tremem com o nosso impacto,
ondulando a cada estocada viril e potente.
Paro por alguns instantes, enrolo a mão em suas madeixas, puxando sua
cabeça para trás com cuidado, sem machucar, arrancando-lhe um gritinho
com o movimento brusco. Afundo o polegar grosso em seu cuzinho apertado
enquanto continuo metendo avassalador, abrindo espaço nela, tomando tudo
de si, a comendo inteira e de verdade.
Flop! Flop! Flop! Flop!
A nossa penetração é intensa e poderosa, fazendo barulho. Giro a ponta
do dedo no seu esfíncter, alargando-a, Laura goza outra vez, encharcando-me
com seu mel. Paro um pouco, respirando forte, deixando a mulher de frente,
retirando seu corpete, deixando-a apenas de meias. Deito sobre ela, entre suas
coxas que me prendem. Chupo seus seios volumosos, um de cada vez,
sugando os bicos, estufando-os entre os dedos.
Estou louco por ela, não vejo mais nada além do seu prazer, quero
consumi-la como o fogo consome as coisas, ardente, veloz e fatal! Laura é
perfeita, continua linda, exuberante, só melhorou ao longo dos anos, a quero
mais que tudo! Arrasto a língua por seu pescoço, chupo sua orelha, devoro
sua boca, fazendo mais uma enterrada delirante, invadindo-a. Cruzo as nossas
mãos, encosto os nossos rostos, mordo seu lábio inferior e continuo
trabalhando com o quadril, bombando sua boceta, faminto, ávido, tomando-
lhe todo prazer que possa me dar!
Além de toda essa luxúria, é possível enxergar que a nossa troca de
emoção é inevitável, há amor transpassando entre nossos corpos, sobre o
nosso toque. A quero para toda a minha vida.
— Eu te amo, Victor... eu te amo! — Ela declara, com lágrimas fugindo
por sua face, me encantando, levando-me ao extremo.
— Eu também te amo, meu amor! — Uno nossos lábios outra vez,
roçando em seu clitóris a cada golpe em suas entranhas.
Ponho o antebraço direito sob seu pescoço para ter equilíbrio,
acelerando o sexo, metendo sem parar, com a mão cobrindo o seu rosto,
contemplando seu semblante que fica incrível ao gemer de prazer. Então a
força vem, estremecendo todo o meu ser, concentrando-se no meu pau, me
fazendo explodir outra vez, em um orgasmo alucinante.
Saio de casa após todos estarem dormindo, dirijo para o meu destino,
observando o céu profundamente estrelado pelo para-brisas, mirando pelo
retrovisor a mala de couro preta no banco de trás. A estrada está escura, os
faróis iluminam o caminho até a minha casa de praia em Macapá.
Entro no imóvel de luzes ligadas e portas destrancadas, pondo a mala no
sofá enquanto ouço risos e barulho de água vindos da piscina. A vida é
interessante, para conseguir uma coisa, às vezes é preciso se aliar ao inimigo,
que depois pode se tornar seu amigo.
Sorrio, sacana, chegando a área externa, observando a piscina, há uma
garrafa de champanhe na beira com duas taças cheias. Da água, emerge
Kelly, vagarosamente, sensual, sorrindo maliciosa para mim, com o cabelo
loiro molhado para trás. Ao seu lado, emerge Suzy, linda do mesmo jeito,
molhada, provocante. A loira e a morena só de biquíni.
— Oi gato — diz Kelly.
— Nós estávamos esperando por você — completa Suzy.
Eu sempre consigo tudo o que quero, quando entro em movimento nada
pode me parar, e nesse meu temporal, arrastei as duas comigo, as minhas
garotas selvagens.
TRIO SELVAGEM
O céu está escuro, parece que vem uma grande tempestade, espero Tati
na praia de Atalaia, onde nos encontramos à primeira vez. Ela chega
silenciosa, abraçando-me por trás. Trocamos sorrisos, olho profundamente
em seus olhos, tomando coragem para lhe fazer a grande e catastrófica
revelação. É agora, não há mais como fugir.
— Tudo bem? — Ela pergunta, acariciando minha face. — Por que está
assim? Parece perturbado com alguma coisa — nota.
Permaneço em silêncio, buscando as palavras.
— A minha mãe... mudou, ela sabe que você está aqui, mas... não me
impediu de te ver. Isso não é fantástico? — Comemora, tão inocente. —
Apolo, meu amor, o que houve?
Uma lágrima escorre por meu rosto.
— Tati... eu te amo, mas... pra gente ficar junto, você precisa saber da
verdade — minha voz está embargada.
— Que... verdade?
— Existem muitas coisas que não sabe, muitas coisas que precisa saber
para que... possamos ter um relacionamento sincero.
— Estou ficando assustada — comenta, medrosa.
— Antes de tudo... quero que saiba que só vou te contar tudo, porque te
amo, e preciso do seu perdão.
— Perdão? — Ela não entende nada, fico em silêncio, o vento sopra
frio, ouço um trovão entre as nuvens. — Fala logo, Apolo — pede, nervosa.
Aos poucos as minhas palavras saem, conto desde o início, sobre como
conheci Érica, sobre o segredo que descobri dela, a forma que me manipulou
a fazer todas as merdas, e como cheguei a me envolver com Aline sem saber
que era a mãe de Tatiana. Gradativamente, Tati se destróis diante do que
houve, chora, leva as mãos à cabeça, horrorizada ao saber os segredos do seu
pai que era peça chave em toda essa história também.
— Não..., não... — choraminga, entrando em desespero. — Diz que é
mentira — implora.
Caio de joelhos no chão, derrotado, com o coração em pedaços.
— É verdade — quero morrer, meu sofrimento é imenso. — Me perdoa
meu amor... eu não sabia... não queria que fosse assim...
— Você é um monstro! — Exclama, decepcionada, arrasada. — Você
acabou com a minha vida, com a vida do meu pai! É tudo culpa sua!
— Não...
— Não quero te ver nunca mais, Apolo! NUNCA MAIS!
Ela libera um grito horrível e sai correndo, a dor que emana do seu
corpo me atinge com força. Levanto o rosto, vendo-a se distanciar numa
loucura terrível, olho para a direção oposta, avistando Aline, que parece estar
nos observando desde o início. A mulher chora, sem chão, ela sabia que isso
aconteceria, já esperava. Tati me odiará por toda a eternidade, não tem mais
volta. Aline corre atrás da filha, sinto que aqui se encerra a nossa história.
Caio na areia, chorando feito um bebê, o mar está revolto, começa a
chover com força, e tudo que quero é desaparecer, morrer para que essa dor
passe, para não sentir mais nada. Levanto, decido a pôr um fim em tudo isso,
pego um táxi de volta para o hotel, no caminho, faço a mensagem de
despedida no celular:
Entro no quarto todo molhado, pego um dos lençóis para usar como
corda. Subo em uma cadeira, prendo uma ponta no teto e a outra enrolo em
minha garganta, o mais acochado possível. Suspiro, tomando coragem, todas
as cenas terríveis do passado explodem na minha mente, chuto a cadeira,
ficando suspenso no ar, sufocando, tremendo os pés, sentindo a minha vida ir
embora, a minha visão escurecer. No último instante, lembro dos meus pais,
do quanto irão sofrer sem a minha presença, arrependo-me do que estou
fazendo em milésimos de segundos, mas já é tarde demais, apago.
Acordo com um impacto de doer todo o corpo, caí brutamente no chão,
o nó se desmanchou, devolvendo-me a vida. Busco o ar violentamente,
assustado, levando longos segundos para me dar conta do que está
acontecendo. Finalmente me recomponho, vendo a marca em volta do meu
pescoço no espelho, as lágrimas ainda descem, não sei o que fazer.
Saio do quarto, avistando uma mulher andando com uma sombrinha em
meio ao temporal. O guarda-chuva voa para longe com a força do vento, a
derrubando, meu instinto natural obriga-me a ajudá-la, já estou banhado
mesmo, um pouco mais de água não fará diferença. Corro, ajudando-a a
levantar.
— Moça, você está bem? — Exclamo, para que ela possa me ouvir,
finalmente miro seu rosto, que parece entrar em pânico ao me ver. Meu Deus,
não acredito. — Tia... Lorrana?
Um trovão ecoa estrondosamente pelo céu!
DO MESMO SANGUE
Saio de casa cedo, dando as velhas desculpas à minha mãe. Depois que a
surpreendi resolvendo seu problema com Alex, percebi que ficou mais de boa
comigo, que agora confia mais em mim. Chego à casa de praia com Ramon,
pegando Kelly e Suzy, que sentam no banco de trás, sorridentes, de biquíni,
envolvidas em saídas de praia, superamigas, todos estamos de óculos escuros.
— E aí, estão preparadas para o nosso passeio de despedida? —
Pergunto a elas, enquanto dirijo.
— De despedia? — Indaga Ramon, ao meu lado.
— É, cara, a Suzy vai embora amanhã — o informo.
— Embora? Pra onde?
— Para algum lugar fora do Brasil, onde eu possa me reencontrar.
— Legal, e você Kelly? — Ramon está curioso.
— Pergunta pro Erick — ela me provoca, trocamos olhares pelo
retrovisor. Suzy e Ramon fazem graça, zoando da gente.
— Kelly vai ficar comigo... para sempre — afirmo, é o estopim para
Ramon me tripudiar com tanta zoação, ele ri que dói a barriga.
— MEU DEUS, EU NÃO ESTOU ACREDITANDO! — Ele grita,
exagerado.
— Ai que fofinho vocês, quero ser a madrinha — Suzy se derrete,
abraçando a amiga que está pior que manteiga na frigideira.
— Chega, vamos logo pro Delta! — Acelero, tentando calá-los, mas é
impossível.
Ao chegarmos no Porto dos Tatus, que por sinal está repleto de gente
para tudo que é lado, com barcas zarpando cheias de turistas, escolho uma
lancha maravilhosa para passearmos, de grande porte, maior do que qualquer
outra aqui, de proa aberta com almofadas para deitar.
— Velho, vou ao banheiro rapidinho — avisa Ramon, enquanto ajudo as
meninas a subirem no barco.
— O.K., mas não demora — digo, vendo-o sumir de vista.
Mas os minutos se prolongam e nada dele voltar, todos ficamos
impacientes, pois queremos aproveitar o dia.
— Porra, cadê o Ramon? — Me pergunto, ligando para ele, puto com a
sua demora.
— E aí, garoto? Tenho outros clientes na fila, estou perdendo tempo —
o capitão me apressa.
— Espera só um pouco — ligo para Ramon outra vez. Será que ele viu
alguma gatinha e se distraiu?
— Erick, vem logo, o Ramon pode pegar outra lancha e nos alcançar —
Kelly está certa.
— Então vamos — confirmo, enviando uma mensagem ao Ramon. A
nossa lancha zarpa pela imensidão do rio, por suas águas amarronzadas,
caudalosas, fortes. Deito com as garotas nas almofadas da proa, batemos
papo enquanto desfrutamos da linda paisagem.
— Ah, que lugar lindo — Kelly se surpreende. — Quais são os animais
que constituem a fauna daqui?
— Macacos-prego, — respondo — guarás, jacarés-tinga.
— Ai, morro de medo de jacaré, que bicho feio.
— Kelly, passa protetor nas minhas costas, por favor — pede Suzy, elas
se protegem com o creme. Peço para Kelly passar o protetor em mim
também, Suzy se afasta para pegar um pouco de bronze, nos deixando à
vontade.
Agarro a loira, trocamos sorrisos e beijos molhados, rolando nas
almofadas.
— Quer dizer que eu ficarei com você para sempre? Você promete? —
Ela pergunta, encantada, feliz.
— Prometo. Você quer?
— Eu quero, quero muito! Amo você!
— Também te amo! — Nos beijamos outra vez, agarro ela todinha, tê-la
só de biquíni em meus braços é uma tentação. Ela sente a minha ereção,
vendo a protuberância em minha sunga, me olhando saliente, mordendo meu
lábio inferior.
— Aqui não, safado.
— Eu não consigo controlar, você me deixa louco! — Rosno, ela
gargalha, mas me controla.
Até que meu reencontro com o passado está sendo menos catastrófico do
que imaginei, Laura e Victor estão sendo maduros, no fundo eles sabem que
também contribuíram para toda essa confusão. Porém sei que a culpa maior é
minha, não estou me vitimando, só contando o que me trouxe até aqui. No
fim, a verdade está sendo libertadora.
Victor, apesar de preferir se manter calado, pensando no que dizer
enquanto observa os retratos do novo filho, não me surpreendeu tanto quanto
Laura, que mudou bastante assim como eu. Converso com ela em um
cantinho afastado, explicando-lhe os pormenores, em nenhum momento a
minha irmã se demonstra afetada com a descoberta de Erick.
— Nós sofremos tanto com o seu desaparecimento — comenta ela.
— Sinto muito, mas foi o caminho que escolhi seguir, não sei se foi o
melhor ou pior, de qualquer forma... todos sofremos. Perdão — peço,
cabisbaixa.
— Eu que te peço perdão. Sinto que tenho uma parcela de culpa em tudo
isso... foi o que me matou por dentro em todos esses anos. A dor da sua
ausência... me consumia — revela, deixando uma lágrima escapar. — A
mamãe é cruel.
— Dela eu não senti saudades, não mesmo, já de você e do papai, senti
bastante. Porque apesar de brigarmos tanto, eu te amava, você era a minha
referência — nos abraçamos outra vez. — Mas o pior ainda está por vir.
— Pior?
— O Erick... ele não vai me perdoar — reflito, arrasada.
— Talvez ele entenda.
— Não mesmo, ele sempre sonhou em ter um pai, sempre sentiu falta,
parece até que sentia que o seu estava vivo, e eu sempre mentindo.
— Vai dar tudo certo, quero muito conhecer o meu sobrinho — ela tenta
me animar.
— Laura..., você não ‘tá com raiva de mim?
Laura fica em silêncio por alguns segundos e respira fundo, desviando o
olhar marejado.
— Há alguns anos, eu e Victor nos separamos, foi armação da mamãe.
Resumindo: não acreditei nele, na sua índole, e quase o perdi. Nós voltamos
agora, aqui, nesta viagem, após saber da verdade. Não posso ficar com raiva
sabendo que no passado também não fui fácil, não quero mais brigar, já sofri
demais, todos nós sofremos. Só quero paz daqui para frente, entende? Eu te
compreendi, você agiu conforme as circunstâncias, foi uma guerreira, errou,
mas se arrependeu, assim como eu e Victor nos arrependemos.
— Obrigado por isso, minha irmã — seguro sua mão, sorrindo. — Mas
ele ainda está tentando engolir essa situação — ressalto, observando Victor
abalado.
— Victor é um pouco tinhoso, mas o coração é mole, vamos dar tempo a
ele.
Ouço meu celular chamar, o encontro em cima da mesinha, o atendendo.
— Alô?
— Tia Lorrana, é o Ramon! — O garoto parece desesperado.
— Ramon, o que houve? — Pergunto, preocupada.
— É o Alex, ele veio atrás do Erick!
— O Alex?! — Fico nervosa, chamando a atenção de Victor e Laura. —
Onde vocês estão? Cadê o meu filho?
O MONSTRO
Estou com muito medo, sinto que algo de ruim vai acontecer. Como
Alex nos encontrou? Olho ao redor rapidamente, não vejo ninguém, nenhuma
alma viva além de nós, estamos vulneráveis, à mercê deste louco armado.
Erick se interpôs em nossa frente, está protegendo a mim e à Suzy como um
escudo, sem medo algum, e isso é o que mais me preocupa, pois os poucos
dias que passei com ele foram o suficiente para conhecer seu espírito rebelde.
Meu coração bate pesado, acelerado, fico tensa assim como Suzy,
enquanto Erick parece planejar alguma coisa.
— Todo mundo pro barco! Vamos dar um passeio! Agora! — Ordena
Alex, fazendo movimentos bruscos com a arma, nos assustando, ele está
totalmente desequilibrado, tenho medo da pistola disparar de repente.
— A gente não vai a lugar nenhum contigo, Alex — responde Erick,
sério, desafiador, fazendo meu peito doer. Alex ri, sarcástico.
— Você ainda tem coragem de teimar comigo, moleque?! Foi tudo ideia
sua, né?! Tentou acabar com tudo o que eu tinha, mas hoje vou recuperar —
ele fita Suzy — Já o seu fim, Erick, será no fundo daquele rio, para ninguém
te encontrar. Então por isso, CAMINHA AGORA! — Berra, furioso.
— Erick..., vamos — sussurro, medrosa, pondo a mão em seu ombro.
Ele vira para mim sério, decidido a cometer uma loucura. Balanço a
cabeça negativamente, implorando para que não fizesse nada.
— VAMOS, PORRA! — Alex atira para o alto, assustando a todos nós.
— PARA, ALEX! — Grita Suzy, amedrontada.
— Contigo eu converso mais tarde.
Erick se afasta de mim, como se estivesse se despedindo, me fazendo
chorar.
— Não — murmuro, entrando em desespero.
— Eu já disse que não vamos a lugar nenhum, seu otário!! E abaixa a
porra dessa arma! — Grita, exigente.
Alex quase encosta o cano da arma na testa de Erick, que não demonstra
um pingo de medo.
— Eu devia ter me livrado de você há muito tempo, desde que entrou no
meu caminho pela primeira vez, moleque..., tu não tem medo da morte?
— Não tenho medo de você! — Erick agarra a mão do inimigo,
passando a travar uma batalha com ele pelo poder da arma.
— ERICK! — Grito, em pranto
— CORRAM! — Berra ele.
— Vamos, Kelly! — Suzy me puxa, desesperada enquanto meu corpo
não quer sair do lugar, temendo pelo meu namorado.
— Mas e o Erick? — Indago, amedrontada.
— A gente tem que fugir! — Ela me puxa com mais força, obrigando-
me a correr, mas antes de podermos nos distanciar efetivamente, ouvimos o
som do tiro.
— ERICK!! — Meu mundo desaba quando avisto Alex levantando,
deixando meu amor no chão, sangrando. Mais um disparo é feito, acabando
comigo, Suzy fica arrasada. — NÃOO! — Meu mundo desaba, não sei o que
fazer.
— Permaneçam onde estão, senão eu atiro! — Alex nos ameaça, vindo
em nossa direção, mesmo que eu quisesse, não conseguiria correr, é como se
meu coração tivesse parado de bater, só consigo olhar para o Erick imóvel,
distante. — Meu amor... por que você ‘tá fugindo de mim? — Alex segura
Suzy pelo rosto, ela parece com nojo dele.
— Eu não sou... o seu amor — rosna.
— Por que se envolveu com aquele moleque? Por que o ajudou contra
mim? — Uma lágrima desce por sua face, é de fato um psicopata.
— Ter matado a mãe dela não foi o suficiente?! — Retruco, com raiva,
recebo uma bofetada em resposta.
— Cala a boca, vadia! — Ele me pega pelos cabelos com violência, me
fazendo gritar de dor, acertando-me com um soco, vou ao chão, rolando na
areia quente, sentindo o sangue molhar a minha face!
— Kelly! — Suzy tenta me ajudar, mas o desgraçado não deixa.
— Chega! Vamos logo para a porra do barco!
Já no barco, o caos não cessa, Alex está disposto a nos infernizar, é a sua
vingança. O que fará conosco?
— Vai Suzy, assume o leme! — Ordena ele, a morena o obedece, me
surpreendendo — Ela não te contou que sabe conduzir lancha? Eu que
ensinei a ela, ensinei tudo! E qual foi o resultado? Traição.
— Pra onde vamos, Alex? — Suzy faz o barco se mover, enquanto
permaneço sentada, só de biquíni, chorando, lembrando do Erick, observando
o capitão desacordado e amarrado aos meus pés.
— Pra um lugar especial. Não se preocupe, conheço muito bem esse
Delta. Infelizmente aquele moleque quis morrer mais cedo, porém ainda
tenho essa vadia para me vingar — fico aterrorizada. — Quanto a você Suzy,
voltaremos a ser como antes, sei que sou capaz de fazê-la me amar outra vez
— ele a abraça, mas ela só chora em silêncio, sem corresponde-lo.
Navegamos pelo rio, nos aprofundando naquela imensidão, passando
pelos paredões de mangue. O que mais me assusta é não saber o nosso
destino, Alex demonstra que realmente conhece a região, o que me assombra,
pois sei que está com algo doentio em mente. Penso em atacá-lo de alguma
forma, mas não tenho coragem, ele está armado, pode atirar em mim antes
mesmo que eu consiga me aproximar.
— Mostra os pulsos, vagabunda — ordena, apavorante.
— Não — choramingo, ele se irrita e puxa as minhas mãos com
violência, grito, tentando lutar, mas sou outra vez.
— Alex! — Exclama Suzy, fazendo menção em nossa direção, mas
paralisa ao ter o revólver apontado para ela.
— Continua pilotando esta merda! — Ela o obedece, sofrendo por mim,
enquanto meus pulsos são presos, Alex me olha feliz, sombrio ao terminar os
últimos nós bem apertados — Está com medo, estudante de medicina? Atriz,
puta! Agora fica quietinha... Você e o Erick fizeram a cabeça da minha
menina, do meu amor.
— Eles não fizeram nada disso, Alex! — Retruca Suzy, em lágrimas,
chamando sua atenção.
— Fizeram sim, te colocaram contra mim...
— Não, você me colocou contra você! Desde que entrou na minha vida
só fez o mal, me seduziu, enganou a mim e a minha mãe, mentiu, e no final
nos separou, matando ela!
Aproveito a distração dele para cutucar o capitão com o pé,
discretamente, tentando acordá-lo.
— Eu fiz um favor para você meu amor, sua mãe te odiava, tinha inveja
de você, não queria ter tido você, te maltratava, não lembra disso?
— Apesar de tudo ela era a minha mãe, você é um doente e me infectou
com a sua doença, me fez de idiota, me deixou cega!
Finalmente o capitão acorda, se dando conta do que está acontecendo.
Ele troca olhares comigo, discretamente, notando o meu estado de
impotência, o meu desespero. Ele tenta pegar com as pontas dos dedos uma
adaga na sua cintura, mas como seus pulsos também estão presos, tem grande
dificuldade.
— Aqui, para aqui — ordena Alex a Suzy, paramos bem perto do
manguezal, onde podemos ver o barro com várias locas de caranguejos. O
capitão está quase alcançando a adaga quando recebe um tiro no coração,
Alex está completamente louco, grito apavorada. — Eu mandei você ficar
quieta — meu coração bate acelerado, minhas mãos tremem, o sangue
continuava escorrendo por meu rosto, a próxima será eu!
— Para, Alex! Para de atirar nas pessoas, seu assassino! — Exclama
Suzy, nervosa.
— Não me chama assim, meu amor... só estou tentando concertar a
merda que essa puta e aquele moleque desgraçado fizeram com a gente. Você
vai voltar a me amar, vamos esquecer de tudo isso! Mais tarde pegaremos o
nosso dinheiro e vamos embora para bem longe daqui, recomeçar — ele
parece um maníaco, forçando Suzy a beijá-lo, mas ela o empurra e lhe bate,
até que ele a segura fortemente pelos braços, indignado com a reação dela.
— Eu nunca vou te amar outra vez, nunca! Você é um monstro! —
Rosna a morena, enojada.
— Eu sou um monstro, é? — Alex acerta Suzy no estômago,
arrancando-lhe o ar, fazendo-a cair, tentando respirar direito — Então vou te
mostrar o monstro! — Ele vem em minha direção furioso, me pegando pelos
cabeços e me lançando ao lado do capitão morto.
Ele une a corda que prende meus pulsos ao corpo do morto, deixando a
distância de um metro e meio entre a gente, nos empurra para a popa da
lancha, a um passo de cair na água, fazendo-me perceber seu plano maléfico:
é assim que quer me afogar!
— Não — murmuro, amedrontada, tentando lutar, sou novamente
puxada pelo cabelo, erguendo o meu rosto à força.
— Sabe por que viemos aqui? — Indaga, me lançando seu olhar
assassino enquanto Suzy está roxa, sem respirar direito, sem conseguir
levantar e me ajudar. — Este era meu lugar favorito quando eu morava na
região, quando era um simples pescador, porque neste ponto fiz um amigo,
olha ele ali — sou obrigada a fitar o mangue, mas não consigo ver nada além
de mato e lama. — Preste atenção, ele está logo ali — aponta.
Fico horrorizada ao avistar um jacaré que parece ter uns dois metros ou
mais de comprimento, horrível, camuflado entre os galhos, nos observando
atentamente, com olhos que lembram óculos, com fendas no centro, terríveis.
— Não, não, não..., por favor..., não! — Gemo, aos prantos.
— Aaah você viu ele, né! É o jacaré do mangue!! Mas não se preocupa,
ele não costuma atacar. Algumas pessoas já foram mordidas, de fato, mas
elas o provocaram, então quando eu te jogar na água, não faça muito
escândalo, senão você pode chamar a atenção dele! Não é mesmo amigão?!
— Grita pro bicho, para deixá-lo ainda mais atento. Alex gargalha maléfico,
como um demônio, divertindo-se. — E então, vai querer morrer afogada ou
virar comida de jacaré? — Pergunta.
— Vai para o inferno, seu desgraçado! — Exclamo, pegando a adaga do
capitão e a enfiando em uma das coxas do meu opressor. Tento lhe atacar
outra vez, mas Alex segura os meus pulsos no ar, e me empurra para dentro
do rio com muita força. Inicialmente afundo, mas consigo emergir em
desespero. Olho diretamente para o jacaré que se move assustado com a
confusão, chicoteando o rabo. — SUZY!! — Estou apavorada, tossindo.
Alex empurra o capitão para a água, assim que ele afunda, a corda que
nos conecta pesa bastante, me puxando pelos pulsos violentamente, sou
levada para as profundezas escuras!
Fico calado, mirando minha mãe abobado, nem consigo processar o que
acabou de me dizer. Ela enlouqueceu? Começo a rir, gargalhando.
— Mãe..., a senhora por acaso ‘tá filmando isso? É alguma pegadinha?
— Ela abaixa o rosto, decepcionada.
— Estou falando sério, Erick — conheço esse tom de voz, é sério
mesmo. — Menti para você a vida toda, o seu pai... se chama Victor Lobo...,
o seu irmão... Apolo Cordeiro Lobo. Eles estão hospedados no nosso hotel,
você já os viu...
— Quê? — Ainda estou incrédulo, confuso. — Que porra é essa que a
senhora está me contando?
— Não xinga, meu filho — pede. — Eu vou te contar tudo..., chega de
mentiras!
A partir desse momento meu mundo desaba pouco a pouco, a cada
palavra que escuto sair da boca dela. Aqui, neste quarto de hospital, descubro
a história triste e sombria que é a minha vida, lágrimas vêm aos meus olhos
instantaneamente, não posso evitar. Minha mãe esquarteja meu coração em
milhares de pedaços.
Como ela foi capaz de tudo isso? Ela sempre foi o meu exemplo de
verdade, de mulher, de confiança! Estou arrasado, devastado, me pego
chorando feito um bebê, ela chora também, mas as suas lágrimas, os seus
motivos, não me convencem! Pelo contrário, me ferem, me dilaceram, jogam-
me no lixo! Meu peito sangra, é como se ela tivesse o arrancando, tomando a
força toda a imagem que construí dela durante toda a minha vida! Devido ao
pranto intenso, meu abdômen dói no ferimento.
— Então quer dizer que... eu sou fruto... de um estupro? — Indago,
destruído, enojado, nem consigo olhar direito a mulher diante de mim.
— Não fala assim, Erick...
— A vida toda, você... me viu sentindo a falta do meu pai, perguntando
como ele era, querendo saber das nossas... semelhanças...
— Erick...
— E sempre me dizia a mesma... coisa, que era para eu esquecê-lo, que
ele... havia morrido. Você ria... da minha cara...
— Jamais, meu filho!
— Você é fria, não tem... coração. Quem é você? — Pergunto,
abismado, sofrendo.
— Eu sou a sua mãe, Erick — ela se derrama em lágrimas. — Tudo o
que fiz foi por medo de você sofrer...
— Chega... — Imploro. — Por favor, basta.
— Meu filho... — ela tenta me tocar, mas não permito.
— Não..., sai daqui... — ordeno, sentindo o ódio subir por minhas veias.
— Não faz isso, Erick..., por favor não faz isso com a sua mãe... —
implora, de mãos cruzadas, clamando.
— Mãe? Que... mãe? — Soluço. — Sai daqui! — Exclamo, assustando-
a.
— Não grita comigo...
— SAAAAI! SAAAAI DAQUIII! SAAAAI — Berro, descontrolado,
minhas mãos tremem, fico altamente nervoso.
A mulher vai embora devastada, soluçando, gemendo em pranto
profundo como se isso fosse a pior coisa que estivesse acontecendo na vida
dela, mas na verdade é o contrário! É a minha vida! Toda a droga da minha
vida! Não quero olhar para sua cara, nunca mais!
— Mas o que está acontecendo aqui? — Pergunta uma enfermeira,
aparecendo na porta. — Eu vou fazer uma aplicação em você, um calmante...
— ela tenta se aproximar, mas a empurro com violência, fazendo-a cair.
— VOCÊ NÃO VAI FAZER PORRA NENHUMA!
— AAH! — Ela grita, assustada.
— EU QUERO SAIR DAQUI! QUERO IR EMBORA! — Arranco o
soro da veia, gemendo de dor quando a agulha sai da minha pele.
— Não faça isso! — Pede a enfermeira.
— ME DEIXA EM PAZ! SAI!! — Estou furioso, a mulher corre
assustada.
Coloco os pés no chão, mas quando tento caminhar, caio, tonto, fraco.
Tento levantar sozinho, mas sem sucesso, meu abdômen dói muito, gemo
forte, chorando. Tudo começa a embaçar, sinto medo, não quero dormir de
novo, as lágrimas descem como fogo queimando a minha face. Fui enganado,
feito de fantoche, um boneco com o qual ela brincou e fez o quis! Minha
vontade, meu querer, minha vida, tudo foi ignorado!
Passo mal, meu mundo foi destruído completamente, meu pai nunca me
desejou, nunca me quis, fui fruto de um estupro, de uma vingança, nem ela
me quis, sou um bastardo renegado, um acidente no meio do caminho, um
arrependimento, uma mentira! Quando penso que vou desmaiar, mãos firmes
me levantam pelos braços, com cuidado, erguendo-me. Abro os olhos e dou
de cara com Victor, me sustentando, olhando-me com ternura.
— Eu estou aqui..., meu filho — ele diz, com a voz acolhedora.
Ao ouvir suas palavras, meu coração parece começar a ser reconstruído.
Estou tão emocionado que nem me reconheço, são milhares de sentimentos
que me invadem de uma só vez. Não há palavras, só sei chorar, carente,
machucado, o abraço, me apoiando em seu corpo, sentindo o seu calor de...
— Pai! — Falo, sentimental, como poucas vezes fui antes.
O homem me aperta contra seu corpo, amoroso, sinto seu coração
ribombar, parece nervoso, sem saber ao certo como reagir comigo. Ofego,
tentando controlar a respiração, tentando não soluçar para não sentir tanta dor
física e mental, mas no colo dele encontro um abrigo seguro e fraternal, que
me dá paz. Entretanto, quando vejo o médico e a enfermeira aparecerem na
porta com uma bandeja que carrega uma injeção, fico apavorado.
— Não! — Gemo, em desespero. — Não quero dormir de novo, não,
não!
— Você não pode ficar de pé agora, garoto! — Resmunga o médico.
— Esperem! Me deem um tempo com ele! — Meu pai mostra a mão a
eles em sinal de pare.
— Mas...
— Assim não, ele precisa ficar calmo, não vou permitir que façam nada
com ele neste estado! — Sua voz é firme, estou às suas costas, protegido por
ele.
— Só alguns minutos — assevera o médico, fechando a porta, saindo
com a enfermeira. Volto a chorar, estou muito sensível, não me reconheço,
nunca fiquei assim.
— Ei, cara — Victor segura meu rosto, enxugando as minhas lágrimas.
—Calma..., respira..., respira devagar. Sigo os seus conselhos, não
acreditando que este momento está mesmo acontecendo, que ele está aqui
comigo, que é real! O admiro, boquiaberto, encantado. — Inspira pelo nariz e
solta pela boca. Isso... bem devagar.
As batidas do meu coração desaceleram, diminuem o ritmo, pouco a
pouco vou me acalmando.
— Vamos voltar para a cama — sua voz é calma, macia e ao mesmo
tempo grave. Sua mão segura a minha, ajudando-me a deitar. — Eu estou
aqui, Erick..., estou aqui, meu filho. Deixo as lágrimas descerem, agora mais
calmas, enquanto fungo, emocionado, cada vez que ele me chama de filho
sou arrebatado por uma chuva de emoções indescritíveis. — Opa..., calma...,
fica calmo, respira — Admiro o seu rosto, ele é bonito, mais ou menos como
eu imaginava.
— Não... me deixa sozinho — peço, com a voz fraca.
— Nunca mais — garante, sorrindo, acolhedor.
— Agora o médico precisa te analisar, ‘tá bom? Eu não vou sair daqui,
vou fica contigo. Você precisa deixar o médico fazer o trabalho dele, para
que você fique bem o quanto antes. Eu vou te ajudar.
Assinto, agora bem mais calmo. Victor levanta, indo atrás do médico,
que volta com a enfermeira, eles aplicam o soro em mim outra vez, com mais
alguns remédios. Meu pai não larga a minha mão, sentado em uma cadeira ao
lado da minha maca. De repente, me pego sonolento de novo, sentindo as
dores indo embora, mas antes de apagar, junto forças e falo:
— Pai — minha voz sai fraca.
— Oi.
— Eu juro... que vou ser o melhor... filho... do mundo.
As lágrimas avançam por sua face outra vez, apertando a minha mão.
— E eu te juro que serei o melhor pai — promete, me fazendo sorrir
antes de apagar.
RAMON
Observamos boquiabertos Erick sair dirigindo o BMW.
Pom! Pom!
Ele ainda tem a audácia de buzinar para gente, sorrindo descarado,
ostentando, enquanto se afasta.
— MAS COMO É QUE PODE UM CÃO DESSE SER TÃO
SORTUDO ASSIM NA VIDA, MANO?! — Grita Elizeu, puto, todos
gargalhamos alto.
— Né? — Indaga Thiago, também sem acreditar. — E eu continuo aqui,
pobre lascado, sabendo que meu pai é um fodido e que vou andar na porra
desse teu Celta, Elizeu, que não vale nada! Ou seja, nada muda na minha
vida, só na vida alheia!
— Tu ‘tá falando mal do meu carro, Thiago? Pois agora você vai andar
a pé, porra!
— Macho, eu vou perguntar a minha mãe se ela não pulou a cerca com
algum turista ricaço e se eu, por acaso, não sou filho dele. Mano, que vida
difícil! — Digo, aos risos, enquanto todos entramos na "máquina" do Elizeu,
que quase toca o chão com o nosso peso.
— Mano, vocês são tudo um bando de otário, véi! — Observa Filipe. —
Só sabem falar merda! Mas se o Erick não chamar a gente para andar naquele
carro, bora pegar ele e lhe dar uma surra, que nem vocês fizeram com o Alex!
— O Erick tem sorte que eu amo ele! — Observa Elizeu, ligando o
carro. — MAS EU TÔ COM UMA RAAAAIVAAA! — Grita, socando a
buzina do carro várias vezes.
— Eu também quero ser rico, Jesus! — Exclamo, mirando o céu.
Erick nos leva até o hotel, dirigindo muito bem, por sinal. Ele vai
devagar, para não agitar muito o carro e consequentemente sentir dores. Fico
feliz por vê-lo feliz com Apolo, observo os dois conversando, sorrindo, com
brilho nos olhos, são os meus meninos, estou orgulhoso por ter dois rapazes
tão lindos e gentis.
Paramos na frente da casa da Lorrana, descemos do automóvel. Apolo
ajuda o irmão a andar, abraçado a ele. Ao entrarmos pela porta, todos estão
nos esperando, Lorrana resplandece ao ver o filho que não a recebe há alguns
dias.
— Erick, meu filho! — Ela vai em sua direção, o abraçando sem ser
correspondida. Erick lhe vira o rosto, sério, sem dizer nada, o clima fica
pesado. Laura vem ao meu encontro, entrelaçando o braço ao meu. Rivaldo,
Maria e Eduardo observam a situação tristes.
— Apolo, por favor, me ajuda a chegar no meu quarto — o garoto pede,
afastando-se da mãe, que fica sem chão, não conseguindo conter as lágrimas.
— Meu filho..., deixa eu cuidar de você — ela implora, mas ele continua
andando, subindo a escada, sem se importar.
Eduardo a abraça, troco olhares doídos com Laura, é bastante
complicado esta situação.
— Lorrana, a gente pode conversar em particular? — A convido,
enquanto ela enxuga as lágrimas.
— Claro — concorda, a sigo até a cozinha. — O que foi? — Está
curiosa.
— O que você acha do Erick ir comigo para Teresina? — Disparo, a
deixando perplexa.
— O quê?! — Pelo visto sua resposta é “não”.
A DESPEDIDA
Hoje vou embora para Teresina, alguns dias se passaram desde que saí
do hospital. Observo o meu quarto, despedindo-me, as minhas malas já foram
levadas lá para baixo. Lembro de cada momento maravilhoso que vivi aqui
desde quando pequeno até agora mais recente com a Kelly. Abro a gaveta do
guarda-roupas, lembrando de algo muito importante, pego sua calcinha e
cheiro, sugando o perfume, apaixonado.
— Kelly..., onde você está, meu amor? — Pergunto-me, pois não
consegui me comunicar com ela.
Guardo a calcinha no bolso da calça, saindo do cômodo, miro-o uma
última vez, uma cena surge aos meus olhos como se eu estivesse assistindo à
uma tela de cinema, de quando eu tinha apenas doze anos e caí de bicicleta.
Minha mãe passava remédio no meu joelho machucado sobre a cama:
— Ai mãe, esse remédio dói, arde demais! Arde! — reclamo, vendo-a
cuidadosa com o frasco e o algodão.
— É para doer mesmo, para você aprender a não correr de bicicleta
naquela velocidade. Agora tira a mão dessa ferida! — Ordena, a minha
perna está sobre as dela.
— Não mãe, por favor! Não! — Imploro, chorando.
— Me obedeça, Erick! — Ordena. A obedeço, fechando os olhos com
força para não ver, sentindo a dor, gemendo. — Pronto, pronto, já passou —
diz, abanando o ferimento com a mão, tentando fazer a ardência cessar mais
rapidamente. — Você é um homem ou um saco de batatas?
— Um homem, oras! — Respondo, irritado.
— Ah bom, que bom — Ela sorri, acariciando o meu rosto.
— A senhora está sorrindo, né, se o meu pai tivesse vivo não ia deixar
isso acontecer! — Resmungo.
— É..., provavelmente não. Mas agora isso vai sarar, quando eu falar
pra você não fazer uma coisa, me escute, porque sou sua mãe e só quero o
seu bem — Ela me presenteia com um beijo carinhoso na testa.
Miro a porta ao lado, a porta da minha mãe, sei que ela está lá dentro,
sequer ouvi sua voz hoje, minha madrinha avisou que ela não quis sair.
Minha mão coça para bater, para me despedir dela, chego a erguer o
punho, mas desisto no último instante, sou orgulhoso demais. Desço a escada
com um certo vazio no peito, pensando nela, na dona Helen, mas talvez seja
melhor assim. Ela não quer falar comigo, também não falarei com ela.
Ao sair de casa, tenho uma grande surpresa, há uma fila de pessoas para
se despedir de mim, contendo quase todos os empregados do hotel, mais
vários amigos, principalmente meu quarteto de parceiros.
— Tchau madrinha, eu vou sentir muito a sua falta e falta da sua
comida, é claro. — Me despeço dela, a abraçando, vendo-a se derramar em
lágrimas.
— Eu sabia que um dia você iria voar daqui... só não sabia que seria tão
cedo! Oh meu Deus! — Choraminga, enxugando as lágrimas. — Olha, fiz
esse bolo pra viagem — me entrega um bacia, carinhosa, como amo essa
mulher.
— Obrigado, madrinha, eu te amo — emociono-me, é impossível ser
diferente.
— Eu também te amo, meu filho — ela me abraça forte outra vez.
O próximo da fila é Eduardo.
— Edu — aperto sua mão, mas ele me puxa para um abraço apertado
que até me surpreende, lágrimas descem por sua face.
— Você é um bom garoto, rapaz, um bom garoto — Sua voz embarga,
nunca o vi chorar antes. — Se cuida, Erick, vai fazer muita falta.
— E você cuida da minha mãe..., por favor, eu confio em ti — peço, de
coração na mão.
— Pode deixar comigo — garante, dando tapinhas em meu ombro.
Agora é a vez do porteiro.
— SEU MAAAICON! — Grito, sempre o chamei assim.
— EEERICK! — Ele me corresponde da mesma forma, trocamos um
abraço. Em seguida me despeço de mais umas dezenas de funcionários, todos
entristecidos com a minha partida. Por fim, chega a hora dos meus amigos
fiéis, eles quatro me abraçam de uma só vez, formando um bolo.
— Macho, eu vou sentir tua falta demais — Ramon é sincero.
— Também vou sentir, zé do bode — sorrio.
— Erick, me adota — Eliseu chora que nem um bezerro desmamado.
— Já te disse que o meu primeiro filho vai ser homem, Eliseu.
— Vá se foder! — Ele me mostra o dedo do meio, em seguida me
abraça outa vez.
— Véi, se um dia tu precisar de um contador, é só me chamar — avisa
Filipe.
— Você está tatuado no meu peito, mano, pior que rapariga — fala
Thiago, nos fazendo gargalhar.
Caminho até o BMW, onde meu pai, minha tia, meu irmão e meu avô
me aguardam.
— Nos vemos lá daqui a algumas semanas, quero ficar um pouco mais
com a sua mãe — Diz meu avô, nos abraçamos enquanto os outros entram no
carro. Olho uma última vez para todos os meus conhecidos, são cerca de
trinta pessoas me vendo ir embora.
— Isso não é um adeus, pessoal, é um até logo! — Exclamo.
— VALEU, EEERICK! — Grita Ramon, batendo palmas, todos lhe
acompanham, alguns gritam e assobiam, fazendo muito barulho. Meu nome é
chamado dezenas de vezes enquanto entro no automóvel. Olho para o andar
de cima, para a janela da minha mãe, nem sinal dela, meu coração se aperta,
mas agora é hora de um novo ciclo, uma nova vida!
EM FAMÍLIA
Após o show das meninas, vou ao camarim afirmando que meus filhos
estão interessados nelas, algumas negociações são feitas e elas topam. Sei que
isso é politicamente incorreto, mas eu sigo uma certa filosofia de vida onde
aprova que os filhos se divirtam enquanto podem, desde que com segurança e
responsabilidade, coisas que irei garantir. Além disso, quero agradar Erick e
entreter Apolo, ambos são muito diferentes, mas no sentido masculino são
bastante parecidos.
Levo cerca de 1h para organizar tudo, chamo um funcionário de minha
inteira confiança, entrego-lhe a chave do meu carro, afirmando que hoje ele
será motorista dos meus rapazes, que os levará até o meu apartamento. As
duas strippers entram no carro discretamente, esperando pelos garotos.
— Apolo e Erick, prestem atenção, o meu funcionário é de confiança e
cuidará de vocês, sejam responsáveis e discretos, não esqueçam que ainda são
menores, então qualquer atitude inconsequente recairá sobre mim. Apenas
divirtam-se, mas com cuidado. Vocês serão levados para um dos meus
apartamentos, lá terão privacidade, qualquer coisa me liguem.
— Pode deixar — confirma Erick.
— O.K. — confirma Apolo.
Os vejo partirem ansiosos, torço para que tudo fique bem. Retorno para
a boate, decido ficar um pouco no bar do térreo, vendo a galera na balada, a
conhecida movimentação de sempre, gente se divertindo bastante, luzes
especiais por todos os lados. Bebo um pouco de whisky, converso com
alguns funcionários, admiro a festa, até que o meu olhar bate com o dela.
Sim, lembro da mulher outra vez, está me olhando entre os demais que
pulam ao seu redor. O tempo parece ficar em câmera lenta, mas as sombras e
os lasers não me permitem reconhecer a dona dessas madeixas escuras, seu
rosto não me surge completamente.
Tenho uma sensação ruim, preciso acabar com isso! Deixo o copo no
balcão, caminhando na direção dela, a mulher foge, tentando se perder
propositalmente em meio às pessoas. Aumento a velocidade, quase
alcançando suas costas, abrindo caminho entre as pessoas, chegando a
empurrá-las com violência.
— Ei! — Exclamo, mas ela não olha para trás. — Ei! — Grito, na
tentativa de fazê-la parar, estendo a mão, segurando em seu longo cabelo, que
para a minha surpresa, é uma peruca. Fico parado, mirando a cabeleira na
mão, processando este fato, volto a procurar a farsante, mas não a encontro,
ela sumiu.
DE VOLTA ÀS AULAS
Não sei bem quando começou, mas sinto que não terá hora para acabar.
Com o BMW em movimento, eu e Apolo estamos numa pegação intensa
com as strippers no banco de trás, elas estão no meio, doando-se
intensamente para nós. Línguas rolam solta, se enroscando uma na outra,
lábios se misturam, mãos salientes tomam vida própria, o clima
gradativamente queima, sem sequer esperar chegar no AP.
O escuro nos acoberta, oferecendo a privacidade suficiente que
precisamos para a putaria, como se adivinhasse os nossos pensamentos, o
motorista põe uma música sensual para tocar, em alto volume, nos deixando
confortáveis também quanto aos sons emitidos. De repente os casais estão
chupando e sendo chupados, troco olhares com Apolo enquanto as gatas nos
fazem um boquete ao mesmo tempo, enquanto a cidade passa lá fora, prédios
e mais prédios ficando para trás.
Gemidos ecoam, tapas, puxões de cabelo, a coisa toma uma proporção
inimaginável, a química é puro fogo e adrenalina. Chegamos ao apartamento
do nosso pai, Apolo ocupa um quarto, eu o outro, o sexo não demora a
acontecer. As mulheres parecem se comunicar através dos gritos, pois
consigo ouvir a gata do Apolo daqui, e tenho certeza que ele escuta a minha
de lá. O prazer assume os nossos corpos, as mulheres se surpreendem com a
nossa ferocidade juvenil com ar de experiência.
Fodo como se não houvesse o amanhã, entregando-me ao máximo,
dando tudo de mim, e quando finalmente acaba, caio no colchão, soado, com
o caralho todo babado, com a stripper toda marcada e exausta ao meu lado,
sorrindo satisfeita, porém fico com a sensação de ainda não ser o bastante.
Uma ideia perversa e deliciosa atravessa a minha mente, levanto, visto a
cueca, saio do quarto, bato na porta do meu irmão, ele atende respirando
ofegante, de tolha, todo suado também, com os músculos inflados.
— O que foi? — Pergunta, ofegante. Sorrio, orgulhoso, percebendo que
fez um bom trabalho. — Que foi?
— Vamos trocar? — Proponho.
— Quê? — Apolo não entende.
— De mulher, vamos trocar?
O garoto franze a testa, raciocinando, entendendo as minhas intenções,
parecendo gostar delas, abrindo seu sorriso de anjo safado.
— Você não presta! — Fala.
— Bora, meu amigo! — O puxo pelo braço, jogando-o para o meu
quarto, enquanto entro no dele.
Neste fim de tarde decido fazer algo nada fácil: ir atrás da minha mãe.
Desde aquele episódio terrível em que descobri toda a tragédia que ela fez na
minha vida, nunca mais a procurei, atendi às suas ligações ou visitei a
mansão. Pelo que papai me disse por telefone, ela ainda está morando lá, e
esse "ainda" se deve ao fato de ele ter pedido o divórcio. Segundo meu pai,
mamãe será expulsa, pois lutará com todas as forças para que ela não fique
com a mansão. Não tenho dúvidas de que ele conseguirá, pois apesar da dona
Leonor ser esperta e manipuladora, meu pai sempre comandou o dinheiro, o
poder da família Cordeiro.
Desço do carro, admirando o imenso e lindo jardim em volta do palácio,
perdi as contas de quantas vezes fiz isso. Avisto uma das empregadas se
dirigindo com uma bandeja à barraca de madeira branca em meios às flores, é
a hora do chá. Adentro o local, encontrando a senhora levando a xícara aos
lábios, junto-me a ela na mesa.
— Mamãe — Ela mira as rosas, fingindo que não estou aqui. Não a
odeio, só não a compreendo, cheguei a sentir repulsa dela, mas agora,
olhando-a, só enxergo o vazio, por mais que pareça bem, com uma leve
maquiagem no rosto e roupas claras, leves, cabelo em um coque perfeito.
— Pode ir, Eliza — dispensa a jovem empregada, a novata, que se vai,
e só então traz os seus olhos à mim. — Está bronzeada, Laura, foi boa a
viagem à praia com a sua... família? — A última palavra é falada com
deboche.
— Sim. Muito boa — Confirmo, segura, não me deixarei abalar por seu
cinismo. — Até papai acabou indo, não notou?
— Juro que tentarei acreditar nesta sua paz, minha filha, aposto que ela
se manteve firme ao reencontrar aquela... — sua voz falha. — A Lorrana e o
seu... filhinho cor de carvão.
Fecho os olhos por breves instantes, respirando fundo com a atrocidade
que ela acabou de dizer.
— O nome dele é Erick, é um jovem muito bonito e simpático, seu
neto...
— Vai se relacionar com ele também?
— Como a senhora pode ser tão baixa? — Fico abismada, tento não me
abalar, mas é impossível. — Me respeite! — Exijo.
— Se ao menos você se desse o respeito...
— E a senhora nem sabe o que isso significa isso! — Rebato, tentando
manter a sanidade enquanto mamãe prossegue calma, tomando mais um gole
do chá, inabalável. Como é fria! — Você sabia que a Lorrana estava lá este
tempo todo, né? Na praia!
— Não, mas sabe que com o tempo cheguei a desconfiar? Foi o seu pai
quem me contou, ele saiu daqui na tentativa inútil de me fazer sentir medo
das suas ameaças, recebi até uma intimação para uma audiência de divórcio
ontem. Tolo..., acha que será fácil se livrar de mim — debocha.
— Quando foi que a senhora se tornou assim tão fria..., tão má? Ou será
que sempre foi desse jeito e eu que demorei a perceber?
— Defina "má", pois se for tentar sozinha carregar uma família inteira
nas costas, concertando todos os erros que ela cometeu, então sim, eu sou
má!
— “Concertar os erros” é armar para que a filha se separe do marido e
afastar a outra filha do convívio familiar? Renegar o neto...
— Que neto? Só tenho um neto, e somente o considero como tal porque
tive a chance de fazê-lo viver perto de mim. Foi uma dificuldade e tanto amar
o Apolo, mas consegui.
— A senhora não consegue mesmo enxergar todo o estrago que fez na
minha vida e na vida da Lorrana, né?
— Eu tentei salvar a nossa família daquela praga chamada Victor. Desde
que o vi pela primeira vez sabia que iria odiá-lo, um pobre bastardo, coitado,
negro, vindo do subúrbio de Teresina, que não se parecia em absolutamente
nada com o pai, sem a sua grandeza, sem a sua sabedoria. Se você tivesse um
pingo de respeito aos bons costumes e à moral jamais teria se envolvido com
o filho dele! Quando descobri tudo, tive nojo da Lorrana e pena de você...,
minha filha de sangue, achando que estava perdida, encantada pelos feitiços
daquele imundo. Jurei vingança contra ele, tentei muitas coisas, mas você
sempre foi uma cega, até que aproveitei a instabilidade no relacionamento de
vocês para contratar aquela puta.
"Mas agora, que te vi sair correndo como uma idiota atrás dele, após
saber da verdade, deixando de lado a chance de um casamento com um
homem digno, cheguei à conclusão de que você e Lorrana é que são putas, as
duas. Vocês foram uma decepção para mim tão grande, que se eu pudesse
voltar no tempo não teria engravidado de você e muito menos aceitado aquela
bastarda! — Há ódio na voz de Leonor que me encara com nojo, repulsa,
sinto o mesmo por ela, é triste!
— Vejo que realmente foi uma perca de tempo vir aqui, eu tinha
esperanças, confesso, de lhe encontrar com algum tipo de arrependimento.
Fique sabendo que tudo que a senhora fez no passado está caindo por terra
agora, papai está com Lorrana, a perdoou, eu a perdoei. Victor está com
Apolo que está adorando o novo irmão, os três juntos aqui em Teresina, e o
meu amor com Victor é tão forte que vai conseguir superar tudo isso. A
senhora está aqui, sozinha..., infeliz — Consigo atingi-la, sua face muda,
enraivecendo.
— Antes só do que mal acompanhada — rebate, amarga. — Sabe, eu
devia ter deixado Lorrana voltar de Nova York com o seu carvãozinho
naquela época, aí sim queria ver este seu "amor" resistir. Você não tem
vergonha na cara, não, sua idiota? — Levanto, caminhando rumo ao carro,
não sou obrigada a ficar aqui ouvindo isso. — Ela teve um filho com o seu
marido! — Esbraveja, saindo de si, seguindo-me. — E você vai acreditar
neste papinho de estupro só para ficar com aquele rato preto vagabundo!
— CHEGA! VOCÊ É UM MONSTRO! — Berro, enquanto Eliza, a
empregada, nos observa da porta frontal da mansão. — EU TENHO
VERGONHA DE SER SUA FILHA!!
— E VOCÊ É UMA VADIA! — Ela aponta o dedo na minha cara. —
VOCÊ E A SUA IRMÃ...
De repente, acontece algo surreal: Leonor cai para trás, desfalecendo, se
debatendo no chão, espumando pela boca, mirando-me com horror, uma cena
terrível! Meu coração quase sai pela boca, levo alguns segundos para
assimilar o que está acontecendo.
— Mamãe! — Grito, me ajoelhando ao seu lado, a segurando no colo.
— Socorro! Socorro! — Miro Eliza parada, serena, enquanto estou
desesperada. — Vá pedir ajuda, menina! Corre!
— Eu não, pois quero que ela morra — responde a empregada,
calmamente, deixando-me em choque!
Chego na Alcateia mais cedo, o sol ainda está se pondo, tenho que
resolver o que está perturbando os meus pensamentos. Ao sair do elevador e
tentar ver a hora no celular, descubro que o aparelho está descarregado.
Encontro com Everton no caminho.
— Ele já está lá? — Indago.
— Sim, lhe esperando como o senhor pediu — responde.
— Obrigado, Everton — agradeço, entrando na minha sala, encontrando
o novo segurança que achei familiar, sentado na cadeira de frente à minha
mesa, sento-me diante dele, do outro lado, o encarando. — Olá, tudo bem?
Augusto, não é mesmo? — Indago, lendo seu currículo.
— Sim — confirma o homem forte, careca, de brinco na orelha, cara de
mau, barba avantajada.
— Bem, Augusto, você está trabalhando aqui há poucos dias, mas quero
saber uma coisa: de onde te conheço? — Sou direto, deixando os papeis de
lado, cruzando as mãos.
— Não nos conhecemos — sua voz lembra um dinossauro de tão grossa,
há um ar de cinismo nele que me incomoda profundamente.
— Ah, acho que você está enganado e eu estou certo. Te acho familiar,
sabe..., e quando alguém me é familiar é porque o conheço.
— Não nos conhecemos — repete, mal-encarado.
— Bem, se é assim, também não vamos ter esta oportunidade. Está
demitido — Informo, sério.
O homem levanta rapidamente, me encarando com ódio, cerrando os
punhos, pronto para a briga. Levanto em seguida, devagar e sem medo, o
mirando olho no olho, sinto que não posso confiar nele.
— Rua — Ordeno, vendo o cara finalmente se retirar, mas isso não
acabará aqui, irei descobrir quem ele é! Coloco o rosto para fora da porta
discretamente, vendo Augusto pegando o elevador, corro até a escada de
emergência, chegando lá embaixo no momento em que ele sai pela porta da
boate.
O sigo sem ser notado, vendo-o entrar no carro, miro a placa, a
reconhecendo, é a mesma que Laura me mostrou na foto hoje de manhã, do
homem que a fotografou! Agora uma peça se encaixa, quem é este infeliz?!
Corro para o meu automóvel, seguindo o dele até a região norte de Teresina,
para uma chácara antiga distante de tudo, no meio do mato. Paro distante, em
outra rua onde escondo o carro.
Desço, corro até a esquina, observando Augusto passar pela velha
cancela de madeira, entrando na chácara, estacionando dentro do cercado, ele
é recebido por alguém encapuzado, algum comparsa! Agora que não saio
mesmo daqui, quero saber o que este filho da puta estava pretende
perseguindo a mim e a Laura, chegando a se infiltrar na Alcateia!
Após 1h de sentinela, com a escuridão já abrangente, Augusto sai com o
encapuzado no carro, deixando a chácara para trás de luzes acesas. Escondo-
me, eles passam direto, fazendo poeira. Decido investigar a casa, corro até o
cercado, rodeando a propriedade pelo mato, camuflando-me, observando
atentamente, tentando me certificar de que não há mais alguém ou câmeras.
Atravesso os arames do cercado, chegando aos fundos da residência,
entrando pela porta da cozinha após arrombá-la. Passo cuidadosamente pela
cozinha podre e fedorenta, observo o primeiro quarto de porta entreaberta,
esbugalhando os olhos ao ver algo terrível: uma mulher grávida amarrada em
uma cadeira com um saco preto cobrindo o rosto.
CHOQUE!
MEDO!
Corro até o corpo imóvel, com o coração acelerado, puxo o saco e quase
caio para trás, minhas pernas até enfraquecem de tanta indignação ao ver...
— Leda! — Murmuro, abismado, mirando a ruiva desfalecida, a minha
ex-namorada!
A FACE DO MAL
“É o fim!”
Não consigo crer que diante de mim está Leda, desacordada, bagunçada,
suja, mas sem ferimentos aparentes. Coitada! Ruiva..., meu relacionamento
mal-acabado. Será que ela está aqui durante todo este tempo de
desaparecimento, presa, sequestrada? O que fizeram com ela? Por quê?
Desgraçados! Não consigo compreender absolutamente nada, as peças não se
encaixam na minha mente. Tenho que utilizar de toda a minha força mental
para sair do estado de choque e me aproximar dela novamente.
— Leda... — chamo, dando tapinhas leves no seu rosto, tentando
acordá-la, um pouco desesperado. Desamarro-a da cadeira. — Leda, acorda!
Acorda! — Pego-a em meus braços. — Leda! Leda! — Estou muito
preocupado.
A mulher abre os olhos lentamente, me reconhecendo, sua expressão
toma um alívio imenso com a minha imagem, um sorriso de felicidade ao me
ver, mas ainda está fraca, porém me abraça forte, se tremendo, em desespero.
— Victor..., meu amor..., me perdoa..., me perdoa — murmura,
chorando.
— Te perdoar pelo quê? — Indago, sem entender.
— Por não ter te contado..., mas eles sequestraram o irmão da Gui,
queriam dinheiro..., ela me pediu ajuda e silêncio.
— Quem Leda? Quem são eles? — Estou muito curioso, um pouco
nervoso.
— A Gui não conseguiu juntar a quantia que eles pediram no prazo...,
então nos enganaram marcando um encontro para devolver o garoto, mas na
verdade queriam mais grana..., aí você apareceu do nada...
Lembro do dia em que segui as duas até o encontro com aquele cara,
sim, é ele mesmo! Augusto! Maldito! Ele que falou com elas duas, com a
mala cheia de dinheiro! Eu sabia que o conhecia de algum lugar!
— A mala caiu no chão, eles ficaram sem o dinheiro — a voz dela
fraqueja, seus olhos fecham por alguns segundos.
— Calma, depois você me conta com calma, está fraca! — Ando com
ela para fora do quarto, no colo.
— Quando fui te falar a verdade, vi... você com a Laura..., não
suportei..., ao voltar para casa encontrei a Gui morta, foram eles, então eu
fugi, fiquei com medo, vi que estava sendo procurada pela polícia..., quando
finalmente tive coragem para te achar, eles me sequestraram.
— Você está grávida? — Mudo de assunto, parando de caminhar,
olhando em seus olhos chorosos.
— De três meses..., é seu, meu amor — fico sem chão com tanta
informação. Meu Deus, que caos, ela sofreu muito, tadinha.
— Tudo bem, agora eu estou aqui, vamos embora, vou te salvar e te
proteger de agora em diante — prometo.
Antes de alcançar a porta da cozinha, um pitbull raivoso entra por ela.
MERDA! O animal rosna pra gente, latindo, preparando-se para atacar,
mostrando os dentes que podem estraçalhar qualquer coisa. Dou passos para
trás enquanto ele se aproxima devagar, nos fazendo recuar, então ataca,
correndo em nossa direção como um demônio, entro rápido em outro quarto,
fechando a porta com o pé, sentindo a força violenta dele do outro lado,
empurrando, feroz, a ruiva fica apavorada.
— Tudo bem, Leda, tudo bem — tento acalmá-la, ela controla o choro.
Estamos no escuro, procuro o interruptor de energia, o encontro, a luz
surge, tomo outro grande susto: há fotos minhas, da Laura e do Apolo
espalhadas pelas quatro paredes, por todos os lados, todas recentes!
— O que é isso?! — Indago, em terror, olhando em volta enquanto o
maldito cachorro continua latindo e atacando a porta do outro lado.
— Quando eles me sequestraram..., mudaram de alvo..., queriam você e
a Laura..., falaram em vingança — Leda desmaia.
Coloco-a numa cama de solteiro surrada, observo novamente as
imagens, agora com mais atenção, é assustador! Há fotos minhas com a Leda,
e da Laura com Henrique. A minha família está em risco! Encontro jornais e
revistas com notícias nossas, da Alcateia, dos meus avanços como
empresário, informações sobre a Laura, das entrevistas que ela deu na TV,
das suas exposições na Europa.
— Que merda! — Praguejo. Tenho que sumir daqui!
Abro a janela, o cachorro para de latir. Pego Leda no colo, saltando para
o lado de fora.
Au! Au! Au! Au!
O cão corre em nossa direção, nos perseguindo, tenho que pensar rápido,
não dará tempo de fugir. Jogo Leda no ombro direito, cato um pedaço de
madeira forte do chão, acertando-a na cabeça da fera quando pula em nós. Me
desequilibro um pouco, dando três passos para trás, quase caindo, mas sou
forte, recupero a posição, diferentemente do cachorro, que rosna, caído, com
a cabeça ferida, tremendo as patas. A pancada foi implacável!
Saio da propriedade, atento a tudo, seguindo sempre perto do mato para
caso precise me esconder, a escuridão da noite ajuda na camuflagem. Chego
ao meu carro, ponho Leda no banco do passageiro, prendendo-a ao cinto de
segurança, tomo o meu lugar, ligando o automóvel, fazendo a ré. Lembro que
há outro celular no porta-luvas, o pego enquanto entro na estrada.
— O que está acontecendo? — Pergunta a ruiva, sonolenta.
— Estou ligando para a polícia, estamos indo embora... — neste
momento, recebemos uma pancada, outro carro bate com toda a força em nós,
nos fazendo colidir contra uma árvore. Fico zonzo, minha visão turva, tudo
embaçado.
— Victor..., você está bem? — A voz da Leda está distante, minha testa
sangra.
— Vai ficar... tudo bem — asseguro, com a voz fraca, pondo a mão em
seu ombro. Desço do carro para ver o que houve, encontrando Augusto
saindo do seu automóvel e vindo feroz em minha direção, pronto para brigar.
Ele tenta me chutar, mas desvio, acertando-lhe com um soco, recebo
outro em resposta e um golpe na perna que me faz ajoelhar. Invisto contra seu
abdômen, quase lhe tirando o ar, levanto, o empurrando com violência até
fazê-lo bater contra o carro, o soco, tento lhe enforcar, mas o infeliz consegue
se livrar das minhas mãos e me acerta com uma joelhada, socos no rosto, vou
ao chão!
“Preciso de um sucessor”
Após quinze dias da morte da minha avó, minha mãe finalmente decide
voltar para Luís Correia, mas antes, meu pai produziu um almoço de
despedida para ela em sua casa. Estamos todos em volta da mesa, comendo,
felizes, conversando, sorrindo, esquecendo um pouco das dores dos dias
atrás.
Aos poucos a alegria invade o nosso meio, Eduardo também está
presente, veio há três dias para buscar dona Helen/Lorrana. Após a
comilança, chega a hora de nos despedirmos da minha mãe e do namorado.
Ela abraça a cada parente, inclusive o Victor, o que mostra que os dois estão
verdadeiramente de bem após toda a loucura.
— Victor, adorei o almoço, muito obrigada mesmo, vou presentear
todos vocês com um almoço também quando retornarem à Luís Correia, que
por sinal, espero que não demore a acontecer — Diz ela, feliz.
— Pode deixar, nós vamos voltar sim, mas cedo do que você imagina —
meu pai pisca para Eduardo, deixando todos curiosos. O que eles estão
armando?
— Meu filho — ela me abraça muito forte, a tiro do chão, como faço
sempre. — Menino, eu te mato! Olha, não quero mais ouvir falar em brigas
na escola! Se comporte! Lembre-se que de Luís Correia para Teresina é
apenas quatro horas de viagem — me avisa.
— Tudo bem, minha mãe querida!! — Abro-lhe meu sorriso descarado.
— Amo vocês, família, qualquer coisa, me liguem — Ela entra no carro
com Edu.
— Tchau, gente! — Edu buzina, sumindo de vista.
— Eu e papai também já vamos — Laura beija o meu pai, se despedindo
de mim e Apolo também, o vovô faz igual, eles saem no carro dela.
Volto com Apolo e Victor para dentro de casa, nos deparamos com Val
recolhendo os pratos sujos da mesa, noto que sobraram muitas tortas
recheadas de chantili.
— Vocês só quiseram saber do carneiro! — A mulher reclama,
caminhando para a cozinha, carregando a louça. — Nem sobrou espaço para
a sobremesa!
Tenho uma ideia perversa, melo a mão de chantili e sujo Apolo no rosto.
— Filho da puta! — Xinga ele, enquanto caio na risada até ser calado
com um pedaço de torta na cara jogado por meu pai, eles se divertem com a
cena.
— Vocês querem guerra? — Indago, logo começa a batalha, tortas são
lançadas de um lado a outro, sujando tudo e todos pela frente, mas no fim Val
nos obriga a limpar toda a baderna, terminamos com um gostoso banho de
piscina.
No dia seguinte, na escola, estou com meu mano no intervalo,
conversando e rindo à toa, até que a gostosa da Isabela aparece com aquele
seu ar de ousada, se achando a dona da porra toda, a última bolacha do
pacote. Ela olha para mim, há dias que me encara, por fim olha para Apolo,
que não lhe dá atenção.
— Vai ser hoje, gato — a garota decreta, entregando a ele um pedaço de
papel.
— Hoje o quê? — Apolo fica sem entender.
— Que você vai me pagar o que deve. Eu esperei todo este tempo em
respeito à sua avó, mas já chega de esperar — Isa vai embora, rebolando.
Troco sorrisos de choque com Apolo.
— O que tem aí? — Pergunto, fitando o papel nas mãos dele, curioso.
— O endereço dela, e o horário para visitá-la mais tarde.
— Você vai, né?
— ‘Tá doido, Erick? Eu te disse que não suporto essa garota.
— Mas a dívida tem que ser paga, Isa ainda pode nos denunciar para o
diretor
— Que se foda, quero mais é que ela me deixe em paz.
— Sendo assim..., acho que posso resolver isso para você — o olho
cafajeste.
— Safado.
— Enquanto isso, você bem que podia visitar outra pessoa, né —
miramos Vanessa, distante, lendo um livro, ela também é uma delícia, boa
gente, louca pelo Apolo de verdade.
— Eu já pensei nisso muitas vezes, mas..., não sei, não quero garotas
apaixonadas por mim agora, acho que criei uma espécie de trauma — Ele fica
reflexivo.
— É só jogar limpo, diz quais são os seus reais interesses, no caso sexo,
vai que ela está afim.
— Erick, a Vanessa não é safada como a Isabela.
— Eu sei, não estou dizendo isso, mas de sexo todo mundo gosta, cara.
Já ouviu falar em "amigos de foda"?
Mais tarde, às 20h em ponto, bato na porta do apartamento de Isabela,
que atende só de baby-doll, uma perfeição! Meus olhos se enchem ao mirar
seu corpinho apertadinho, sinto o seu perfume, ela está pronta pro abate. Eu
também, modéstia à parte, estou um gato, mais ainda do que antes, pois agora
malho todos os dias com os lobos, vai ser xeque-mate!
— O que você está fazendo aqui? — Ela estranha a minha presença,
como esperado. Invado sua residência. — Ei! Enlouqueceu? Eu não deixei
você entrar! — Reclama, fechando a porta, vindo atrás de mim. Hummm,
fechou a porta, hein, penso.
Sento no sofá imenso e luxuoso, estirando os braços, todo folgado,
olhando para ela com meu sorriso matador.
— O Apolo não pôde vir, então vim em seu lugar, vou pagar a dívida no
lugar dele — sorrio com a minha cara de pau. A garota ri alto, bem sarcástica,
cruzando os braços.
— Muito engraçado, agora dá o fora! Pensa que eu sou idiota??
— Claro que não, você é muito inteligente. Mas quer saber o que penso
sobre você de verdade?
— Hum?
— Que é uma garota que acha que vive em uma disputa constante com
as pessoas ao seu redor, querendo sempre ser superior, a melhor, mas que na
verdade está disputando contra si mesma, e isso gata, não faz bem pro
coração — ponho a mão no lado esquerdo do peito, vendo a expressão no
rosto dela mudar, o deboche vai embora completamente. — Você não gosta
do Apolo, pode até estar atraída, mas eu sei que só quer ficar com ele para
provar à sua ex-amiga, Vanessa, que é a "melhor" e que todos os garotos
beijam os seus pés. Mas deixa eu te falar, gata, você não precisa provar nada
a ninguém, e esse tipo de comportamento só faz as pessoas te odiarem. A
cada dia você está mais sozinha naquela sala por conta do seu ego, não acha
que ‘tá na hora de mudar isso?
Os olhos dela enchem de água, mas sem deixar cair lágrima alguma.
— Vem cá, aproveita que eu estou aqui e vamos conversar —
estendendo-lhe a mão direita — Você pode sentar aqui — com a mão
esquerda dou dois tapinhas no sofá, no espaço ao meu lado. — Ou aqui —
dou dois tapinhas na minha coxa. — Você escolhe.
MINHA PARA SEMPRE
Está claro que surpreendi Isabela ao mostrar que sei quem ela é de
verdade por dentro e quais são as suas reais intenções, o motivo do seu
comportamento tão ridículo com todos na escola. Ela abaixa o rosto por
alguns segundos, desestabilizada, mira a minha mão esperando pela sua, a
segura, vem até mim sensualmente, deixando-me com água na boca, e
quando menos espero, como um furacão, me esbofeteia com tanta força que
devo ter ficado marcado.
— Quem é você para falar essas coisas de mim?! — Exclama, furiosa.
— Vai sonhando que algum dia sentarei nas suas pernas, otário. Só que não!
Vai ficar só na vontade!
— Ah, mas eu não vou ficar mesmo! — Retruco, levantando e
agarrando-a com toda a minha força. Prendo a gata feroz em meus braços
com um lace inquebrável, beijando sua boca com raiva, ela luta contra mim,
tentando se soltar, gemendo dentro da minha boca onde tenta rejeitar meus
lábios nos seus. Mas, como eu desconfiava, aos poucos ela se rende, seus
gemidos de fúria se enchem de lascívia, entregando-se.
Nosso beijo deixa de ser agressivo, a coisa se intensifica cada vez mais a
ponto de nossos corpos pegarem fogo e ficarmos sem fôlego. Trocamos
olhares de desejo, desço a mão para a sua bunda escondida no shortinho
curto, a apertando com força entre os dedos, ouvindo os seus gemidos. A
garota cede, entrando num caminho sem volta, a jogo no sofá, onde
transamos com fogo, gostoso, mais do que eu esperava.
No dia seguinte, converso com Apolo em seu quarto.
— E aí, como foi? — Ele está curioso, lançando-me seu sorriso safado.
— Ótimo, consegui domar a fera, que é mais gostosa do que eu pensava
— digo, satisfeito.
— Sério? Que bom, então, agora sei que ela me deixará em paz.
— Pode apostar que sim. E tu? Foi ver a Vanessa?
— Fui.
— E...?
— Você estava certo, eu fui sincero com ela.
— Vocês transaram?
— Aham, foi ótimo — revela, me fazendo rir de orelha a orelha.
— É por isso que eu te amo, maninho, você é foda! — Pulo em cima
dele, o abraçando, caímos na cama.
— Sai, maluco! — Ele me afasta, aos risos. Ouvimos o som do ronco de
uma máquina incrível, que nos leva até a janela, de onde avistamos nosso pai,
nos esperando em seu Lamborghini.
— Querem dar uma volta? — Nos convida, em segundos estamos com
ele. Victor me cede a direção, Apolo senta ao meu lado, estou muito excitado
ao sentir o poder deste superesportivo vibrando sob meus pés.
— Erick, você já escutou tudo o que eu te disse sobre este carro, né? —
Pergunta meu pai, na janela, nervoso por me deixar dar uma voltinha no seu
bebê.
— Sim, pai! — Confirmo, acelerando um pouco, ouvindo o ronco que
me dá vontade de gritar.
— Ele tem mais de 700 cavalos e chega de 0 a 100km/h em menos de
três segundos, entendeu? — Informa o homem, vagarosamente, mas mal
consigo escutá-lo, quero saber mesmo é de sair em disparada.
— Sim, posso sair agora? — Peço permissão, ansioso, de olhos
arregalados, Victor recua, preocupado.
— Não esqueça, vá o mais devagar possível, e só ande dentro do
condomínio.
— Sim, pai.
— Filho, preste atenção, você tem que tomar muito cuidado, pois
sempre tem algum vizinho andando pelo condomínio...
— UOOOU! — Grito, emocionado, saindo o mais veloz que posso,
deixando meu pai para trás quase em pânico. É uma adrenalina indescritível
dirigir um Lamborghini, estou voando.
— PORRA, ERICK, VAI DEVAGAR! — Apolo está se cagando de
medo ao meu lado enquanto o vendo bate em nós com força.
Piso no acelerador, surtando, feliz, gritando, indo além dos limites, até
que avisto Sabrina, passando por ela como um raio. Desacelero, dando a ré.
— Você quer matar a gente? — Meu irmão está tremendo, até engole
em seco.
— Mano, como assim você não sentiu essa emoção? Meu Deus, este é o
carro da minha vida, que lindo! — Estou excitado, paro ao lado de Sabrina,
que tira os fones de ouvido ao nos ver. — Oi, delícia — pisco para ela,
abrindo-lhe um sorriso — Quer dar uma voltinha com a gente?
— Eu não, já ando no do meu pai — responde, fazendo bico.
Miro Apolo que revira os olhos, esqueci que aqui todo mundo é rico.
— Mas duvido que você ande com dois irmãos gatos como a gente —
brinco.
— A modéstia mandou lembranças, e mesmo que eu quisesse ir, não
tem espaço para mim aí.
— Você pode sentar nas minhas pernas, se quiser — convida Apolo,
safadinho.
A garota balança a cabeça negativamente, rindo da nossa cara de pau,
mas aceita o convite. Logo estamos os três rindo, nos divertindo, andando no
imenso e esverdeado condomínio, descendo e subindo na estrada, vendo
alguns vizinhos, passando pelas casas luxuosas até voltar à nossa, onde
encontramos nosso pai na porta, preocupado ao nível do caralho master.
— Olá Victor, estou adorando conhecer seus filhos — Sabrina desce do
automóvel, nos dando tchau, indo embora contente, rebolando. Tchau,
pedaço de maravilha, penso.
— Mas tu é demais! — Victor reclama, querendo me matar.
— Pai, eu juro que foi o meu pé que pesou, não tive culpa. Além disso,
o Apolo mandou eu acelerar, esse menino não é de Deus! — Tento me
defender.
— Eu mandei acelerar?! ‘Tá doido?! — Exclama Apolo, emburrado
com a mentirinha, passamos a discutir.
Estou na minha boate, Alcateia, numa noitada daquelas, onde a casa fica
cheia com tanta clientela. Isso é maravilhoso, mais dinheiro para o meu bolso
e mais renome. Já sou bastante conhecido não só no meio feminino, mas
também no meio empresarial, como um dos empresários mais destacados do
Brasil.
A Alcateia oferece diferentes serviços para clientes diferenciados, numa
mistura de prazer e diversão, há anos é puro sucesso! Mas para tudo isso
render e fazer acontecer, é necessário muito trabalho, e sou eu quem faço a
coisa girar.
Neste momento, ando de um lado a outro, resolvendo pendências pelo
prédio, onde no térreo acontece as baladas, no primeiro andar temos fetiches
sadomasoquistas sendo realizados por dominadores e dominadoras, além de
strippers no palco. No segundo andar fica o escritório.
— Protejam aquela entrada de trás porque eu não quero mais cliente vip
reclamando que não foi bem recebido pela nossa boate. Agora se for cliente
que nem aquele velho pau no cu da semana passada, manda tomar no cu.
Entendido? — Indago a dois seguranças, estou conversando com eles na
minha sala. Eles assentem e se vão, me deixando sozinho.
Pego alguns papéis que tenho que analisar, mas antes que eu possa
perder alguns minutos neles, meu rádio transmissor chama.
— Erick falando, câmbio.
— Mano, você tem que vir aqui no camarim — fala Thiago, um velho
amigo meu, agora gerente da Alcateia.
— O que foi que houve, Thiago?
— Aquelas strippers brigando de novo, e dessa vez trancaram a porta,
não estão me ouvindo!
— Chama os seguranças e arromba! — Me pergunto por que ele ainda
não fez isso.
— Se fosse para causar B.O., eu não estava te chamando!
— O.K, estou indo aí!
Saio da minha sala bufando, pego o elevador, desço até o primeiro
andar, que é estilo um cabaré clássico, mas na era moderna. Uma cantora
gostosa entoa uma música sensual no palco, enquanto os clientes servem de
submissos para dominadores e dominadoras de fetiche, que brincam com
eles, os humilham, e fazem outras coisinhas a mais, tudo dentro da fantasia,
nada de sexo, nem aqui, nem nas salas íntimas, o máximo que pode rolar é
um nude. Só eu que não preciso obedecer a essas regras.
Encontro Thiago na porta de um dos camarins, dá para ouvir as garotas
discutindo lá dentro. Bato com muita força, exclamando:
— É o chefe de vocês, abram esta porra! — Exijo, sério. O silêncio
surge de repente, dois segundos depois abrem. Entro com Thiago às minhas
costas, dou de cara com quatro dançarinas, duas de um lado, duas do outro,
todas com os nervos à flor da pele. — O que está acontecendo aqui?
— É essa recalcada que fica falando mal de mim pelas costas! Invejosa!
— Acusa uma.
— Invejosa é você! Tem inveja porque rebolo melhor, porque tenho a
bunda maior! — Acusa a outra, me fazendo revirar os olhos. Logo percebo
que a briga é entre duas, as outras defendem suas amigas.
— Chega! — Dou um basta. — Você, lá pra fora com o Thiago, as
outras duas acompanham — ordeno, três saem, fico só com uma das
barraqueiras, que chora, de braços cruzados, puta da vida. — Como é que tu
me explica isso? De novo brigando com ela?
— É ela que é uma invejosa, chefinho! — Choraminga, arrasada. Antes
que possa falar mais, a envolvo em meus braços, cuido dela como se fosse
uma criança.
— Eu sei, eu sei. Mas sabe por quê? Porque quem tem talento incomoda
mesmo, e você é uma pessoa talentosa — digo, acariciando a cabeça dela.
— Eu sou — repete, fungando.
— A mais talentosa de todas, e pessoas talentosas não andam batendo
boca por aí, pega mal, se continuar assim eu serei obrigado a te mandar
embora — falo como se não quisesse fazê-lo.
— Não chefinho, eu não quero ir! — Ela retira o rosto do meu peitoral,
em um leve desespero só de pensar nesta hipótese.
Passo os dedos cuidadosamente por seus olhos, enxugando as suas
lágrimas, continuando a atuar:
— Também não quero que vá, você sabe que te adoro — dou um selinho
na sua boca. — Que é a minha preciosidade aqui — dou outro, enquanto a
mulher aos poucos se derrete.
— Eu sei — diz, manhosa, me puxando pela gola da camisa, me
beijando com mais vontade. — Também te adoro, você é o melhor chefe do
mundo.
— Então comporte-se, está bem? Hoje quero que esqueça todas as
mágoas, suba naquele palco e faça aqueles homens babarem por você. Quero
que arrase, que dê um show! Pode fazer isso por mim?
Pergunto, enquanto aperto a sua bunda na saia minúscula, deixando-a
doida.
— Sim — murmura, excitada, se esfregando em mim, me sentindo duro
batendo contra o seu abdômen. — Ai chefinho, quero tanto chupar o seu pau
de novo.
— Mais tarde. Agora retoca essa maquiagem, e chega de brigas, O.K.?
— ‘Tá! — Confirma, um pouco mais animada.
Desgrudo dela com dificuldade, saio do camarim, passando a mão na
boca para me livrar do seu batom. Vejo Thiago conversando com as outras,
puxo a segunda barraqueira pela mão, a levando para um canto onde não
podemos ser vistos.
— O que aconteceu? — Pergunto.
— Ela que tem inveja do meu brilho, chefe! Aquela garota me detesta
porque sabe que eu sou a melhor! — Ela fala, inconformada.
— Quem disse que é a melhor?
— Você.
— Então por que não acredita em mim? Eu digo e repito, você é a
estrela desse lugar, a atração principal — acaricio o seu rosto, distribuindo
beijos por sua face enquanto falo.
— Desculpa, chefe, devia ter te escutado — ela passa a me
corresponder, se derretendo.
— Devia mesmo, porque se continuar assim, não vou poder fazer nada,
vai ser justa causa...
— Não chefinho, não me demite, não! — Geme na minha boca,
manhosa, enquanto aperto a sua bunda, afundando meus dedos enormes em
sua carne fofa.
— Estou falando sério — desgrudo dela, olho-a com seriedade. — Não
quero mais que isso se repita. Agora suba naquele palco e mostre seu brilho
para o público. Quero te ver alçando voo!
— Tudo bem, chefe! Até por que eu sou uma profissional, né?
— Claro, e profissionais não batem boca por aí. Você é a estrela! —
Garanto, vendo o brilho crescer em seus olhos.
— Obrigada, chefe. Mas estou com saudades — ela acaricia o meu
braço.
— Depois resolvemos isso — pisco, cachorro.
Minutos depois, eu e Thiago observamos todas elas se apresentarem no
palco, juntas, como se fossem melhores amigas.
— Elas ainda vão nos enlouquecer, vamos tomar umas lá embaixo — o
chamo.
— Bora, patrão! — Thiago me acompanha, ele não nega uma.
Chegamos ao térreo, onde acontece uma rave incrível, a casa está lotada
de gente jovem e bonita que se esbalda ao som do DJ. Falo com várias
pessoas que me cumprimentam até sentar no bar com Thiago. Pedimos
nossos drinks e passamos a beber, nos divertindo. Após algumas taças, vejo
uma loira passando no meio da multidão, meu coração quase para. Esbugalho
os olhos, levantando, caminhando em sua direção, hipnotizado.
— Kelly! — A chamo. É ela! A minha primeira namorada! A minha
primeira paixão, o grande amor da minha vida! — Kelly!
Consigo alcançá-la, mas ao tocar em seu ombro e ver seu rosto, meu
mundo desaba ao perceber que se trata de outra pessoa. A mulher me olha
sem entender nada, a deixo ir, decepcionado. Passo as mãos na cabeça, ainda
pensando sobre isso, percebendo o quanto estou fodido sem Kelly em minha
vida! Volto para o bar.
— O que foi, mano? — Thiago pergunta, notando que estou diferente.
— Cuida de tudo aí, eu preciso ir embora — digo, dando tapinhas no seu
ombro e me afastando, confuso, abalado.
— Como assim, cara? O que houve? — Ele me segue, preocupado.
— Nada! Preciso ir!
Saio da boate, pego meu Lange Rover Velar e sigo para casa. Durante o
percurso, enquanto passo pelas ruas iluminadas da noite de Teresina, lembro
de quando eu tinha dezessete anos, quando ainda morava na praia, quando
Kelly entrou na minha vida.
Respiro fundo, enquanto dirijo, tristonho, lembrando agora do momento
em que Kelly saiu da minha vida. Quando levei dois tiros de um louco que
queria se vingar da gente e ela teve que fugir com Suzy para se salvar.
Acordei no hospital, com a notícia de que estavam sendo procuradas pela
polícia, de que tinham ido embora, mas para onde eu nunca soube! Ainda
tenho esperanças de um dia reencontrá-la, de um dia voltarmos a viver o
nosso amor.
CONTINUA...
Nova York, Estados Unidos.
Os sons dos tiros ecoam por meus ouvidos, vejo o amor da minha vida,
Erick, na areia, sangrando, morrendo, o rosto feliz do assassino. O meu
sofrimento é agonizante, depois o barco, a água me tirando o fôlego, tiros, um
jacaré feroz, e finalmente a fuga. Tudo passa por minha cabeça em flashes
descontrolados, ao abrir os olhos, pisco, voltando à realidade.
Estou numa festa de gente poderosa e rica, numa mansão moderna e
gigantesca, na área externa, no vasto jardim onde o evento acontece. É noite,
convidados andam luxuosos de um lado a outro, uma banda de requinte entoa
uma música clássica dominada por um maravilhoso saxofone, que combina
com o ambiente sofisticado. É o aniversário de sessenta anos das indústrias
automobilísticas Foxhill.
Uso um vestido branco, justo, que deixa bem à amostra todas as minhas
curvas, o coque prende os meus cabelos loiros de maneira fina, destacando os
brincos caros, os últimos que me restaram.
Estou parada sozinha em uma mesa estratégica, a metros das paredes de
vidro que cercam o quarto do anfitrião, vejo ele sair do local, momento em
que as luzes se desligam. Levo a minha taça à boca, bebendo mais um pouco
do meu espumante. Volto a ficar atenta mesmo após ser invadida por
lembranças do passado, fito o poderoso Hector Foxhill sair pela porta da
frente, escoltado por seus dois seguranças, sendo um deles uma mulher,
passando a conversar socialmente com os convidados.
Olho discretamente para a direita, faço um sinal de positivo com o rosto
para Suzy, a minha amiga, que está distante. Em seguida, vejo-a sumir de
vista, preparo-me para mudar de lugar, mas bato em alguma coisa, caindo
sentada sobre as pernas de alguém, assim, de repente! Minha taça se quebra
no chão, levo alguns milésimos de segundos até perceber que estou nas coxas
de um cadeirante.
Levanto-me completamente sem jeito, desnorteada.
— Oh meu Deus, me desculpe! — Peço, olhando para o homem que ri
lindamente. Rapidamente noto o quanto ele é bonito, ainda mais sob esse
terno, os cabelos de um castanho louro, lisos, penteados para trás, os olhos
cor de mel, o rosto tão perfeito quanto de um anjo.
— Está tudo bem — ele diz, calmamente, ao mesmo tempo em que
percebo que chamei a atenção de algumas pessoas com o incidente, tudo que
eu menos queria.
— Não, não está. Eu não te vi, me desculpe mesmo.
— Já estou acostumado, as pessoas geralmente não veem um
paraplégico — ele baixa os olhos por um segundo, fico compadecida.
— Não sei os outros, mas eu geralmente vejo sim, e tenho grande
respeito. Isso foi realmente um aci...
— Já disse que está tudo bem, relaxa — ele estende a mão para mim, a
qual aperto. — David — se apresenta.
— Kelly — trocamos sorrisos. Logo procuro por Hector, mas não o vejo
em lugar algum. Também não vejo sinal de Suzy. Droga! — Ah..., eu preciso
ir.
— É, seu namorado já deve estar preocupado.
— Ah não, eu estou sozinha.
— Até qualquer dia — David se despede, me afasto, lhe deixando com
um sorriso. Nossa, isso não podia ter acontecido, não devia me distrair!
Caminho entre as pessoas, passando por algumas mesas, olhando para
todos os lados discretamente, mas nada do anfitrião com seus seguranças.
Pego o celular da bolsa, envio uma mensagem para a minha amiga:
KELLY: Está tudo bem aí? Perdi o cara de vista!
Continuo cercando a casa, tentando ver algo pelas janelas, andando entre
risos e garçons. As batidas do meu coração aceleram, começo a ficar
preocupada, aflita, até que a minha mensagem é respondida:
SUZY: Se quer ver a sua amiga viva, é melhor vir agora ao escritório do
Dr. Foxhill.
Paraliso, em choque com este texto. E agora? O que farei? Não há para
quem pedir socorro, é só eu e ela!
Respiro fundo, processando este chamado até me dirigir para dentro da
casa, não posso abandoná-la! Não posso fugir. Um segurança me acompanha
em silêncio até o escritório, todo o imóvel é um luxo, em tons escuros. A
porta me é aberta, entro com coragem e medo, vendo Hector Foxhill parado,
de costas para mim, olhando a festa lá fora pela vidraça. A luz está desligada,
o ambiente é iluminado apenas pelas luzes da parte externa, me pergunto o
porquê.
— Era isso que você e sua amiguinha queriam? — O homem ergue a
mão, mostrando a gargantilha em diamantes.
— Onde ela está? — Pergunto, com medo.
— Eu perguntei primeiro — a sua voz é gélida, grossa, com um toque de
ódio.
— Eu... não sei do que está falando...
Ele gargalha, sua risada sinistra corta o ar, me arrepiando.
— Amadoras — diz, com desprezo. — Mas confesso que estou
impressionado com a audácia. Se infiltraram em minha festa sem serem
convidadas, invadiram a minha casa e tentaram roubar uma das joias mais
importantes para mim...
— Eu...
— Isso tudo terá um preço, senhorita, e posso lhe garantir que será
muito caro — o homem finalmente se vira, mostrando-me sua face
ameaçadora, com o maxilar cerrado, e seu olhar parece que vai me destruir.
Olho para a porta às minhas costas, estou nervosa, mas não quero demonstrar.
Ele faz deboche. — Desista, a partir de hoje não há mais como fugir de mim.
Agora você e a outra ladra estão em dívida comigo, e irão me pagar de um
jeito ou de outro.
— Onde está a Suzy? — Repito a pergunta, sentindo o perigo.
— Ela ficará comigo, será minha propriedade, e você se casará com o
meu filho — afirma, em plenitude, como se fosse a coisa mais normal do
mundo, enquanto acende um charuto.
— O quê? — Estou incrédula, assustada.
— Ele gostou de você, há muito tempo uma mulher não chama a sua
atenção — Hector volta a mirar a vidraça, despreocupado, fumando,
enquanto a fumaça se dissolve no ar.
— Não sei o que está pretendendo com isso, mas...
— Quero um neto, um herdeiro saudável, após isso, te devolvo sua
amiguinha, viva, e deixo vocês em paz, se... você fizer exatamente tudo o que
eu mandar e não sair da linha, pois meu filho não pode saber de nada.
Meus olhos se enchem de água, mas não quero chorar diante dele,
porém estou desesperada!
— Você... não pode fazer isso! — Tento retrucar, há ódio em minha
voz. — É sequestro! Cárcere privado!
Hector ri, maléfico.
— Blábláblá..., garota, não sabe mesmo com quem está lidando. A sua
sorte e da sua amiguinha é que são bonitas, do contrário... — ele não conclui,
isso me deixa aterrorizada.
— Eu vou chamar a polícia...
— Faça isso, e a Suzy... morre. Deixe de me obedecer pelo menos por
algum segundo e você morre também, ou... posso colocá-las em um de meus
leilões.
Me sinto indefesa, incapaz, sem saídas! Minha mão está tremendo, meu
coração quase saindo pela boca. Engulo em seco, chego a pensar que vou
desmaiar a qualquer segundo. Estou em pânico!
— Estamos de acordo? — Ele solta baforadas no ar, é incrível a sua
frieza, a maneira como conversa comigo, como se suas imposições fossem
pedidos comuns. Uma lágrima desce, não sei o que fazer. — Perguntarei só
mais uma vez: estamos de acordo? — Sua voz grave corta o ar novamente.
— Sim — digo, sem chão.
— Agora venha aqui — fico imóvel, não quero me aproximar deste
homem, sou um misto de fúria e medo, quero acabar com a raça dele, porém
o temo. Ele é um dos homens mais poderosos de NY, detentor de uma
imagem impecável, jamais imaginei que pudesse se submeter a este tipo de
coisa, isso é coisa de... criminoso, mafioso, de gente inescrupulosa. — Venha
agora! — Ordena, finalmente o obedeço, parando ao seu lado. — Lá está o
meu garoto. Não vai ser difícil, ele até que é bonito, uma vez recebeu convite
para modelar, seu único defeito é não andar — percebo que ele está se
referindo ao cadeirante no qual esbarrei minutos atrás, fico chocada! — Você
já o conhece..., David.
— Eu não o conheço, só tive um esbarrão com ele ali fora, isso é
loucura! — Rosno.
— Loucura ou não, ele gostou de você, eu vi como a olhava, e será mais
fácil assim, pois David é um jovem tolo, precisa gostar para foder alguém.
Patético. — Foxhill olha para mim, sarcástico, impiedoso com o meu
sofrimento. — Você precisará conquistá-lo, quero que se casem, pois essa
gestação terá que acontecer perto de mim, apesar que... a partir de hoje, meu
pessoal irá vigiá-la 24 horas.
— Por favor, me deixe ir embora com a Suzy, não conseguirei fazer
isso, você está enganado... — imploro, desesperada.
— Shhh — Hector faz sinal de silêncio. — Veja pelo lado bom, você
terá uma vida que com certeza nem chegou perto de possuir algum dia.
Depois que meu herdeiro nascer, poderá ir para onde quiser, receberá uma
pequena comissão se for uma boa menina — ele tenta acariciar a minha face,
mas me afasto, enojada, porém Hector segura meu queixo com força,
esbugalhando os olhos, aterrorizante, aproximando o rosto do meu. — É
melhor você ser uma boa menina — diz em meu ouvido, entredentes, em
ameaça, enquanto mantenho os olhos fortemente fechados.
Sou jogada para longe como uma coisa qualquer. Desgraçado! Hector
volta a fumar seu charuto, envolto do seu terno preto, odeio admitir que nele
agora vejo uma imagem não só de poder, mas também de maldade absoluta.
— Agora vá e faça o meu querido David se apaixonar por você. E
lembre-se: a partir de hoje eu sou a sua sombra, estou com a Suzy — diz, de
costas para mim, definitivamente não sei o que fazer. Caminho rumo à porta,
pensando em um milhão de coisas, todas ruins.
Preciso protegê-los!
É a única coisa que grita na minha mente! O segurança me acompanha
até a saída da casa, enquanto caminho, busco algum sinal de Suzy,
esperançosa, mas sem sucesso. Meu Deus, por que tudo isso?
De volta ao jardim, sigo para o banheiro mais próximo, choro feito uma
criança. Levo alguns minutos para me recompor. Enxugo as lágrimas, dou
um retoque na maquiagem, e regresso para o evento, vendo os seguranças
pelos cantos me observarem.
Miro David Foxhill à distância, solitário, em sua cadeira de rodas
moderna. Um garçom passa ao meu lado, tomo-lhe uma taça de espumante na
qual dou um virote para criar coragem. Respiro fundo, sigo até o meu
inesperado objetivo, com a plena consciência de que este inferno está só
começando.
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Mário Lucas é piauiense, mora em Teresina, cidade dos seus
personagens. É advogado, aventureiro e sonhador. Começou a escrever aos
quinze anos, e agora não quer mais parar. “Victor” é o seu primeiro e-book
publicado, e já possui mais dois romances da série concluídos.
VICTOR: SÉRIE
ALCATEIA - LIVRO I
Livro recomendado para maiores de 18 anos.
Apolo Lobo, é um lindo jovem que apesar do rosto de anjo, possui a mente
pervertida e os sentimentos à flor da pele. Ele é obrigado a voltar a morar
com o pai, Victor, o qual culpa pela dissolução da família. E em meio a
conflitos familiares e traumas que ressurgem, uma nova vizinha, Érica, chega
ao condomínio atraindo o garoto de forma ardente.
Movido pelo desejo e curiosidade, Apolo acaba descobrindo um segredo de
Érica, dando início a um jogo quente e perigoso onde a vingança é a cartada
final. Ele é desafiado, treinado, e fará de tudo para sentir o maravilhoso sabor
de ter uma mulher sob seu corpo, provando que não é de falar, mas sim de
fazer, mas talvez o preço a ser pago seja alto demais.
Victor Lobo, viveu anos se sentindo o homem mais feliz e realizado de todos,
entretanto, a vida lhe mostrou que pode ser cruel arrancando-lhe a mulher
amada e o respeito do filho por uma mentira perversa. Agora, solteiro, tem a
sua carreira em ascensão e as mulheres que quer para satisfazê-lo apenas
carnalmente, pois não consegue esquecer o amor do passado.
Contudo, o que importa nesse momento é reestabelecer seu laço paterno com
Apolo, e quem sabe o destino lhe traga uma nova paixão.
Neste segundo volume da série Alcateia, pai e filho terão que redescobrir o
amor familiar e verão que possuem muita coisa em comum, principalmente
no quesito mulheres. Amor, sexo, traição e vingança se unem a cada capítulo
tentadoramente.
OBS1: Este é o segundo livro da série, antes é preciso ler o primeiro, Victor.
OBS2: Esta história não se trata sobre lobos, não é uma fantasia! “Lobo” é
visto aqui no sentido figurado.
Table of Contents
Sinopse
Agradecimentos
Prólogo
Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII
Capítulo VIII
Capítulo IX
Capítulo X
Capítulo XI
Capítulo XII
Capítulo XIII
Capítulo XIV
Capítulo XV
Capítulo XVI
Capítulo XVII
Capítulo XVIII
Capítulo XIX
Capítulo XX
Capítulo XXI
Capítulo XXII
Capítulo XXIII
Capítulo XXIV
Capítulo XXV
Capítulo XXVI
Capítulo XXVII
Capítulo XXVIII
Capítulo XXIX
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