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CÓLERA

O que é cólera

A cólera é uma doença infecciosa que pode ser adquirida por meio do consumo de
água e alimentos contaminados pela bactéria Vibrio cholerae. Este tipo de infecção é
mais comum e causa surtos mais facilmente em locais que não têm água encanada ou
com saneamento básico inadequado, em que não há coleta de lixo ou que há esgoto a
céu aberto, por exemplo.

Apesar de nem sempre causar sintomas, algumas pessoas infectadas podem


desenvolver um quadro mais grave, o que depende da quantidade de bactérias ingeridas
e do estado de saúde da pessoa contaminada, podendo manifestar-se desde uma leve
diarreia a uma diarreia intensa e potencialmente fatal.

Sintomas

Em alguns casos, a cólera pode ser assintomática ou demorar 2 a 5 dias após o


contato com á água ou alimento contaminado para os primeiros sintomas aparecerem, e
estão relacionados com a produção de toxinas pela bactéria, o que acaba por provocar
inflamação das células intestinais, favorecendo o desenvolvimento dos sinais e
sintomas, sendo os principais:

 Diarreia intensa, mais de 1 vez por hora, uma vez que as toxinas
produzidas pela bactéria promove aumento da produção de fluidos pelas
células que revestem o intestino;
 Fezes líquidas de cor branca, semelhante a leite ou água de arroz;
 Náuseas e vômitos constantes;
 Ausência de produção de urina;
 Cansaço e fraqueza excessivos;
 Desidratação, com excesso de sede, e boca e pele secas; 
 Aumento dos batimentos cardíacos e redução da pressão arterial.

É importante que a cólera seja identificada e tratada rapidamente para evitar que
ocorram complicações, como por exemplo a desidratação severa, necrose renal,
hipoglicemia e choque hipovolêmico, podendo resultar em óbito em menos de 24 horas,
por exemplo.
A bactéria permanece nas fezes durante 7 a 14 dias, podendo ser um meio de
contaminação para outras pessoas, especialmente quando não se lava as mãos após ir ao
banheiro, por exemplo. Por isso é importante continuar o tratamento conforme a
orientação do médico mesmo que os sintomas não estejam mais presentes.

Causas

Uma bactéria chamada Vibrio cholerae é a responsável por causar a infecção de


cólera. Essa bactéria, conhecida popularmente como Vibrião colérico, libera uma toxina
chamada CTX, que se liga às paredes intestinais, onde ela interfere diretamente no fluxo
normal de sódio e cloreto do organismo. Essa alteração faz com que o corpo secrete
grandes quantidades de água, levando à diarreia e a uma rápida perda de fluidos e de
sais importantes, os chamados eletrólitos.

Transmissão

A transmissão da bactéria responsável pela cólera acontece através do consumo de


água ou alimentos contaminado, já que esse microrganismo pode ser eliminado através
do vômito e da diarreia, podendo ser facilmente espalhada. Assim, é comum que a
infecção seja transmitida entre pessoas que convivem no mesmo ambiente, como
moradores da mesma casa ou pessoas que frequentam a mesma escola e local de
trabalho, por exemplo.

Além disso, o consumo de peixes e crustáceos de água doce ou de água do mar


contaminados também pode causar a doença, isso porque a bactéria faz parte do
ambiente aquático. Rios, açudes e lagoas contaminadas podem causar epidemia em
determinadas regiões e, por isso, é importante só ingerir água filtrada ou fervida.

Uma vez que a bactéria presente nas fezes se multiplica facilmente entre 5 e 40ºC,
sendo também resistente ao congelamento, é comum ocorrer epidemias de cólera em
áreas populacionais superlotadas, com más condições de higiene e falta de saneamento
básico.

Prevenção

O Vibrio cholerae, que é o agente infeccioso da doença, não resiste a temperaturas


acima de 80ºC, por isso, para prevenir a cólera é recomendado beber água
filtrada, ferver a água encanada antes de a ingerir, assim como consumir alimentos
preparados e servidos quentes, evitando comidas cruas como saladas ou sushi. 
Ao preparar os alimentos, é importante lavar as mãos e ter atenção com os
alimentos, principalmente as frutas que possuem casca fina, que devem ficar de molho
em água com um pouco de cloro para que seja desinfectadas. Além de lavar as mãos
antes de preparar os alimentos, é recomendado lavar as mãos com água e sabão sempre
que utilizar o banheiro e sempre que estiver com vômito e diarreia. Dessa forma é
possível prevenir a transmissão da bactéria.

Além das medidas preventivas, outra forma de evitar a cólera é por meio da
vacinação, que é disponibilizada nos países que possuem alto risco de cólera e para
viajantes ou trabalhadores que irão para regiões endêmicas.

Tratamento

Não é necessário nenhum tipo de tratamento especial para a cólera, sendo apenas
recomendado manter a ingestão de líquidos ou soro para evitar a desidratação causada
pela diarreia severa. O soro de reidratação oral, comprado em farmácias, ou o soro
caseiro, são também interessantes para prevenir e tratar a desidratação, repondo a
quantidade de líquidos e sais minerais que são perdidos na diarreia e vômito.

O uso de remédios para parar a diarreia e os vômitos não são recomendados, pois
pode impedir que as toxinas produzidas pelos microrganismos sejam eliminados. No
entanto, casos surjam sintomas que podem ser desconfortáveis para a pessoa, o médico
pode indicar o uso de remédios para enjôo, para dor e para repor a microbiota intestinal.

Nos casos mais graves, quando a desidratação provoca sintomas como tonturas ou
cansaço extremo, pode ser necessário ficar internado no hospital para fazer soro
diretamente na veia e avaliar os sinais vitais. Além disso, embora os antibióticos não
sejam necessários para eliminar a cólera, o médico pode recomendar em casos mais
graves, principalmente quando é observada diarreia grave com sangue, o uso de
Sulfametoxazol-Trimetoprim, Doxiciclina ou Azitromicina com o objetivo de reduzir a
transmissão da bactéria.

A origem

A cólera é originaria da Índia, onde ela é uma doença endêmica, principalmente


na região de Bengala. Existem notícias desde 500 a.C., escritas em sânscrito e em grego,
relatando doenças parecidas com a cólera. Gaspar Correa, que participou da viagem de
Vasco da Gama à Índia, anotou a ocorrência de uma fulminante doença na região do
Malabar. Desta forma, Gaspar Correa descreveu uma doença fulminante, uma forte dor
de barriga que matava as pessoas em oito horas.  

Entretanto, quem mais fez para que a cólera virasse uma pandemia foi o Exército
Inglês. Pode-se dizer que a cólera foi a primeira grande pandemia imperialista. Viajando
em modernos vapores, os soldados ingleses, os “red coats”, espalharam a doença a partir
da Índia para quase todos os portos em que fizeram escala no Oceano Índico, até que
chegaram às ruas sujas e fétidas da Londres oitocentista. De Londres, a cólera pegou o
trem e espalhou-se rapidamente por todo o Reino Unido. De lá, o vibrião colérico
atingiu toda a Europa e, pouco mais tarde, as Américas.

Diagnóstico

Os sintomas clínicos e exames laboratoriais de cultura de fezes para identificar a


presença do vibrião são elementos essenciais para o diagnóstico da cólera. É sempre
importante estabelecer o diagnóstico diferencial com outros tipos de diarreia para
identificar e isolar o vibrião colérico.

Forma da bactéria

 As cerca de 30 espécies incluídas nesse gênero são bastonetes gram-negativos,


anaeróbios facultativos, móveis, curvados em forma de vírgula, possuindo de 1,4 a
2,6 micrômetros de comprimento.

O V. cholerae pode ser encontrado naturalmente em diversos ecossistemas, na


forma de vida livre ou aderido a superfícies de plantas, algas verdes
filamentosas, zooplâncton, crustáceos e insetos. A espécie também pode ser encontrada
dentro de comunidades multicelulares conhecidas como biofilmes, estruturas embebidas
por uma matriz extracelular polissacarídica que as defendem das agressões ambientais.

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