‘Trabalho de Campo | ~ Profa. Dra. Valeria de Marcos ‘Fexte 2~ item 1.4 aula 1 JOSE DE SOUZA MARTINS | ‘Uivessipave pe Sio PAULO i SOBRE O MODO CAPITALISTA DE PENSAR Terceira Edicdo Sobre o modo capitalista de pensar. So Paulo: Hucitec, Giprany gX — 5 : Ze ) EF EDITORA HUCITEC = ri Sao Paulo, 1982 Apresentagio Qs quatso estudos reunidos neste pequeno livro podem ser classificados na érea da sociologia do conhecimento, Embora os trés primeiros. sejam srabathos de divulgagio, esta marcados pela mes- ma preocupagio que articula o dltimo: a de valo- F uma das izes mais proficuas do conhe- cimento sociolégico, aquela que mostra o vinculo da pritica © do saber no processo histérica. Entendo que 0 modo capitalista de produgdo, na sua acepgdo cléssica, é também modo capitalista de pensar ¢ deste ndo se separa. E verdade que essa pers nos textos de Marx e que tal ‘no chegou a ser formulado por ele. Sur- ‘ge aqui ainda de forma difusa, mais como premissa destes textos, resultado da sinha prépria leitura das suas obras sempre ricas ¢ estimulantes, Estou de- senvolvendo essa nogdo em outros trabalhos, para que amadureca devidamente. © modo capitalista de pensar, enquanto modo de produglo de idéias, marca tanto 0 senso comum quanto o conhe: ientifico. Define 2 produ- ‘so das diferentes modslidades de idéias necessd- rias & produgdo das mercadorias nas condi¢des da da coisificagdo das relacdes sociais ¢ da desumanizagéo do homem. Nfo se re- fere esttitamente 20 modo come pensa o capitalis- ta, mas a0 modo de pensar necessdrio A reprodu- Go do caj 10, Feelaborago das suas bases de sustentagdo — ideologicas ¢ sociais. O modo 1-08 & woo ojuodeNuoD wn zy “sopianer mbe sop -mys0 so ussediad onb vonyo euin ‘ojuenod ‘pp ‘ey20av0 wit OPE 2 wIDuRID eUIR ¥ISOIOIDOS ep JozEy pod ‘oyuata{sayuos O eUOIONJoxds apod ape ~uno9} ap S905Ipuo> Ura) © 9S “epundoy voRUD vw B OWOUSsyUOD 0 dJouIgns 2s opuENb ouyssoou 9 9 OphUDs Wa} ooL9a OPIDI0x9 O “soup oy-resneo ules sgndinq-ouanbad op von dysse ajuou Bu anouad vjso anb wed soo5:pucs opuep y20is9 “epn9s ape asso ered “(soudoud 1s v9 eos) Budoid B oss) WD opueuoysueN ‘spepreat e semsojseen 9 Jopuaqua vexed spout -o1d iasezej 0 ap No cougay overede oO woxeZmNN ‘ap spauy 08 ‘ogSnpoid ap pow ap 0 ouod *,2y>uIR -suy,, vuln ap ‘oyI90u09 wn ap opbedassip y epIA awofpap wesayo1d anb so yy) Sooki99) “o1veuerout sorsforoxe sop opSeqimsem ¥ ‘sozerd jaapSzejsip “ul woo ‘9s-UreutZ0JU0D anbiod ovzes ‘ovSeoydxa vain 9 vuonbso wn ogur g aidwos 10) uresizord ‘osst weg “e1OpeNses 9 waytNIse1 Bloquia — w0P -vsusdui0aai ‘Jaapyiojueo ‘etmixg:d oF) oxse; uss sod seueoud opuexjep 8 Oya ‘sasandinq-ou. -onbad ‘esa ap BIA ‘Saja uIgquiey ‘SOT0IQI905 5, “wa8ii0 9p Sopepmdiquie sens se 2 ooiB9jo190s Jaqes op sasanZing sossiuroxduios so opurznpoides 2 opuepunjoide ‘sazen seyinu ‘equoe ceproosujase viSojojsos,, epeumeys ev oWlsour “es “anfing-vuonbad ep sagsn{f se wos ossuiosdusoo assop O19u 10g “pla wp-os!oYo 0 eNIUOD sgnilinq-ou cnbod zie op sojqond any ou aiusueUdjd eu -tojsuesy as & eYUaA efo ‘Osst Hod ‘onb owe, “Ut -o1 8 anb opunu o aigos sejurisse 2 s1znposd apod eysanding-euanbad & anb ojtausayuoD op e:>UQ] ~20x9 Jod seulio} sep eunU OpuININSUOD as Tea BIH -o100s y “vfas steut wanb ap no wistwouoss op ‘10p -euoysty op ‘oonsiod wisnuain op ‘o8oj9o\sd op ‘03 ~ojgdonue op, ‘oZoj9!905 op 0110903 0 was EpIA Ep siete s¥sj0> sv 3opuayus anBasuoo ovu' yf ‘epuaA 28 opm 9 vidwoo 2s opm) anb we opunus ou op -eyjnBrou ‘epruyapuy asseja ap oBSIpuoD ens ep op ~eptuajso jad opruensuoa ‘sen8inq-ouonbsd © eaisape viougio etunu ‘esanBing-euanbad wp 2}900 to mu OpUEWO;sUEN 95 Yea ‘SOB0IOID0s sop OBE no oyssiuto Jog “opSens essa 10d epeoreus ofoy yase anb 20qes ap apeprepout eum 9 eIHoIOID0s V ‘sepeSuese seup sogdisod awnsse opuenb om “Soul 9ye Sazaa se “elsondang-euonbod vjad aquou -Pojseq optiunsuos 9 opejnSai ‘oprznpoad 3 owisife) 2 Op Joqus o afofy “sassejo sep euNoe exTed op -uooored ‘ajuvunuop assejo y aiueureyzeqe opeinoutA 3189 2p EXIOp Joqes O onb oyuIUTED asso od g ~eonyad e 9 ages O Is onuD opuodenuos 2 opuejnoussep ‘epeuoysuen pep -afoos @ aInnsuos eLasap anb opse y eHPuOIOEAI 9 ‘wsopeazesu0o ogSanp euin optep 2 Opunu op-opn -uos 0 opuayioaur “eistjeydes 9 Ogu wionb winfqns anb ogSeuae ep asuo wo ogdnpoidex 2 opSupoid eu epyssez0u opsempaur e 9 sesuad ap vis\jenides op -oW! 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Mas, isso somente poderi ocorrer se esse instrumento de transformacio for utilizado para transformar 0 so- cidlogo no homem que, em comum com outros homens, transforma, Através dessa critica na pro- pria agdo € possivel fazer frente 0 modo capita- lista de pensar, abrindo passo por entre as contra s que ele expressa € contém no rumo de uma sociedade transformada. O primeiro estudo, Patinhas no centro do universo”, resultou das dificuldades que encont para introduzir os meus alunos no mundo da re- flexdo critica, num certo momento do meu trabalho docente. E uma ponte para colocar o k con- tato com a discussiio de Marx sobre o fetichismo dx mercadoria ¢ com a critica do conhecimento que daf decorre. Essa colocacio é essencial para a and- lise dos problemas da alienagio na sociedade ca talista ¢ para situar os compromissos da ciéncia € sobre 0 fe- to do modo capitalisia de pensar, tanto em seus efeitos no co nhecimento cientitico quanto 110 senso comum xi Os dois trabalhos seguintes tém por objetivo situar a milittmcia a que me seferi antes, ca questionamento prético desse modo de pensar, in- dicando alguns fatores que perturbam a clareza de tal concepgio na experiencia de vide universitaria @ no exercicio profissional. Finalmente, 0 Ghtimo estudo € uma tentativa de situar as bases do conbecimento dualista e de sua critica, Trata-se de uma reflexio sobre a sociologia no seu compromisso com a realidade histérica que a produz, Af procuro indicar as bases do conserva- dorismo do conhecimento sociiégico e seus refle- xos no trabalho pritico do socidlogo. Em suma, hé um personagem presente nestes estudos, as vezes dissimulado, as vezes abertamen- te revelado, as vezes socidlogo, as vezes piblico interessado na sociologia, que € 0 pequeno-burguts em crise, dividido entre a adesio ¢ a transforma- Go, dividido entre a vigilia que reprime e 0 sonho que liberta, Tenho alguns débitos a registrar nesta oportuni: dade. A Oriowaldo Queda, companheiro ¢ amigo, devo a indicagao da obra de Nisbet, que eu ainda ngo_conhecia, amplamente utilizada nas _minhas consideragées criticas do Gltimo capitulo. Em con- seqléncia dessa indicageo eu jd a havia incorpora- do criticamente em outros trabalhos, embora no tenha tido oportunidade de registrar, entio, os meus agradecimentos, Creio que aqui ¢ agora esse registro adquire um sentido mais amplo. José Vi- conte Tavares dos Santos, com a amizade de sem- pre, incentivou-me a reeditar 0 trabalho sobre Tio Patinhas, ressaltando para mim a sua importancia pedagégico-politica, Heloisa Rodrigues Fernandes ¢ Paulo Silveira, dois amigos sempre generosos, in- teressaram-se pelo segundo ¢ pela tiltimo capitulos, fazendo observagdes pertinentes que me ajudaram UI£ 6-9 “ld “9201 9p aiquisze 2p y ‘aiBoty ouog “(0009 op non] equsuinjdes) opoqys ep ousopo ou 8 dd ‘S261 @P erqIBS “wD ep of wresoy onb wo owsyigow! op ape| avye8aa wapuayid anb wd oussa) Op Fy seouewop weyodss ‘eougSijauI vssou vu sop -efojy “ousojo2 wos oyurues wn efos syuoW essou 2 Soujo sossou sor faded ap seyjos Sepuojo> op ‘ajUaWeAlyeonpa Bag] so onb oyuTWED o anb op v9 21¥a ap soptfen soyed op eipurey Joatzour essop souquiat Sop Wn peo .,ap,, vSueiedss apuezs Y {oydse “9p opyy osino op soy “joure #071) ssaidep soul sozan senp “souaur ojad ‘322109 awn onno wed 3p sa: ssmnb 9g “se80j ousour ow 3vay avd apod a5 anb nein 0 Joo) osteoid 9 ‘Sgn LUO ‘HibD “ON, “yuyey © tynbaoqor +, jowaay.oymus syod win ‘que; 191209 ap sjodop — suflny onno e Say vues os srw o,, ‘oque#2o oonod wn yf ‘sony emp ‘,sjed” ossou ou onb 9 ‘weg, - OSI@ATUN Op ONUaD ou seyUNeG OL — T Ane LLGI 9p oxquisson op 1 SNILW Yznog 3a 3s0¢ “sopquos imbe vista 9p sowuod. zeny ap v sur-merep -nfe ‘sogSeSeput sens moo ‘nb soue s03se sopo1 ap sounfe snotr soe opisapeife nos ‘juou[eULy “OA fqo seus opow wn 9p soj-p8roxuo v ow-opuep ‘someqen sojso ouamEaH YD nojuawos 2 nol ‘sianpard exoyo] equi 4 RUDI ESO Ibe enxo) ov wresazy anb ‘sagisa8ns 2 svontso ‘sopyyneuos sojed oproapesfe nos eIysezg ap pep “ISIPAIUA ep TeIMY ENSo[OID0g wo cRSenpesd-sod 2 osm op sounje 9 saiossojord soy ‘ofnery op 3S0f Z0IG ap 9 lULeDVeU “Y 3Us9D 950 Op J9zID Ossod ousow © ‘ouuysap apued ap soqoufoul Wo exp anbiod ozjsojea opowieigos anb eavjed ‘inbe oupor anb so owos ‘saiouow someqen op uyeN 9s opuenb owsou ‘onwpsa op vsrwe viavred ens v woo opeyyey wo} ou ogU OUpEcomprometerem-se com a vida do mundo que os produz, Seu modo de ser impie que, nesse plana, um par de aspas seja, por prudéncia, colocado nos extremos da palavra “educativamente”. E que a * existéncia autoritdria dos personagens € condigéo da itadura dos quadrinhos. A teflexio critica consti- inequivoca manifestagio subversiva, pois de- mocratiza a educagio, transformanda ¢ hospedeiro- objeto de coisa passiva em pessoa. Nesse pequeno mundo fantasioso néo é apenas cada personagem uma coisa plada, mas o pr6prio leitor € coisa, reposit6rio passivo que nele se integra para abrigar sem reflexio cada membro da sociedade centrada nessa fami ‘cujos personagens sio os habitantes , figuras criadas pela empresa de Walt Disney. Procuro descrever as relagdes sociais que vinculam 0s vérios personagens e, através do seu contetido, mostrar que elas hierar politanos’ por meio de uma escala imp) lores fundada na figura do capit escala de valores é que se pretende educativa, por meio da definigéo do gosto do leitor, procurando tit nefe as nogdes morais de bom, ridiculo, de- qliente © louco, entre outras. i spossivel sem a constatagio pi cada personagem é, antes de tu. 0s varios tipos e a posigao passiva do leitor “educando”. Torna-: sivel, desse modo, a-leitura sociolégica das historietas, ‘uma vez que a substincia das relag6es sociais no esta primeiro los entre os personagens, mas sim na re- da empresa que produz e vende a histéria -ma- tiza o universo simbélico que suporta ¢ explica a relagao entre produtor-vendedor ¢ 0 comprador de 4 | hist6ria em quadrinhos, projetando-o, no entanto, para todas as outras relagdes, como’ se substani vamente fossem uma tnica relagdo ¢, em decorrés cia, os personagens se reduzissem a um'. Tio Patinhas, além das suas rico, tem parentes, amigos ¢ inimi possuido por suas préprias caracteristicas, s6 con- segue definir-se, no entanto, contraponteando com ele, Patinhas ¢'0 tinico personagem que serve de referéncia na definig&o e constituigéo de todos os outros. Donald, seu sabrinto, vem pri circunstantes. Um dos herdeiros da for tinhas, persegue dolorosamente a existénc la de rico potencial, cuja vida oscila entre o desem- prego € os empregos que o Tio Ihe oferece. Quando empregado pelo Tio vive, entre irado ¢ apavorado, rio miserdvel até as artimanhas ¢ engenhos dos para manté-lo desperto e ativo conforme as I. Com este aitigo nfo tenho a descabida pretensio do parafrasear o surpreendente e timo estudo de Ariel Dornan e Armand” Matteart (Dorfman 0. Mattla 1972) sobre © conjunto dos personagens das historietas industriaizadas de Walt Disney. Apenas retomo uma and- lise que fiz em 1970, como recurso didético, em cursos de Sociologia para alunos de curticules diferentes do de Citacias Soci eebi_ de diversas pessoas, especi mente ex-alunos, a sugestio para as minhas formulagdes de entéo, algum tempo, arrisco-me a fazé-lo agora por varias razbes, a principal das quals & a de que, fundandose 0 trabalho na mesma perspective que orientou aqueles autores — decorrendo dai varios pontos de contsto — guard: fentanto, uma identidade prépria que sugere a ex] de outros aspectos do mesmo tema, como notardZ op ounp ounfo! oF ayamigns O eppedseyy epezoureH eng “FOY|NU! 701 wos OpHEU Wi9quIE) 9 Preuog “outepiay op ap -uptoiuioo vjad opfoasnasqo 9 Jopeyjeqen op euresp © ‘Spensesop aywaumeotwoo apepiane wo ‘vont -99 opSeyunt we opefardwasap-pjevog 9 iopeqteq eN-plevog ep ojapesod o semojsues) vsed epend -epe OpSejnonse & 9 Ess “EpefoNUoDeP oBSE) ep Joaju o ered epeoose ‘eossad ogSeuBipur siuswepeoynst{ 2 audues 9 opSeudipur ens ¥ ‘ossi Jog “opSeio[dxa ep onyloyjouaq ap vi 9 as onbiod ‘opesojdxa 2p oySipuos eu os-194 apod OEN “e)-rznp -oad ap wyatt) eu ogdedtonied euonbad ens @ [etoIo -sodoxdsap oyua 9 anb 9 soqaoe1 w1odso. onb sag ap PSSEL & {nisUOD BIO anbsod ‘oujequst nas op 2arsnjaui ‘oyreqen op oinpord © ezanbyr eu 30a apod ogni “e301 ep sopepsasap so autua F1s9 OBN, ‘ropeyjeqen op o¥Sypuoo wns e sosinosqo Ol1p <1] op OBSipuod wns onb J “[u9ISe 9 opepiane Ens % anbiod sapuayua vied jeyuowepuny opeproedvout eun ap Sort ogs vi ap sanbeye snag “wnije JoJo wos — sey saved oyutzos ‘preuog esed ojopesed wn un “oj-tanpoidas vied sew © aznposd vied wieiooseu Opn “sequned 2p OsiaK ~jun 0 wrexe1s9 anb Sore souisau $0 2 sorsad somsour so ‘se1avjed semsour se ajuawepezyenprAipur mn -odox Bred wiaysixe Ogu rexe[o 9 opSents & Sa[9 Beg ‘sopein@waa wn op assora 98 ottloo ‘zapides woo opep no wsodsar Jonbjenb xaqavar apod os jenb op 2 faasssod x9q8s 0 opoy a3qoo anb saoseuoy 2p JPAMORSoUt a1U0y *,o2!5}0959 op jeNUEYY,, 0 1 win BY OEU OBSEMIS LAOH BPOI Lied [qo wessoy ogu opsertd -sut & 9 ojuouesuad o sojo waed as ‘selgpt ap opuer “BN 98 wo “jexopered eLs9s Oss] ‘oxJaru} 10d sep) st — ojajosqo 9 pf anb o wy preuog ouenbus | 9 wSuaquas ewn efins anb wed oxno op ¥ 2 onNe op exaged ¢ tiun{ 2s anb esarjed worn fiw B PyUN] 9S WIN Uped sozaA sep sIeUI ON ‘oV2Id ~woa owowesuad win ap JoYUeS 9 Sajp win -epes RoUNNY “syudUIEpeUDpIODD wae ‘Oss} 10g “eIONISE 1d 9p sesBou se Opunos weztear as Oey ap sar epure o-opueisaidap ‘anb sajo ous “plewod ap ‘ug. “SoijuLsqes S911 Sop sompne 9 S00) 3B ap wapadumr o owtos waq toperssed oul o6-s209qUoDa1 Ip ou-wepaduy ‘woeuiqns o sequned ap slaarxaijut seaneyoodxa se anb v zedeo 328 ap 9pepisssoau epsiadsosop v ‘oouaA op OBSeU 1u9}ep Ung “vse WO no ofasdws OU ‘seIoUEISUND sv welsqo 0 onb v sapepiane sep oped soreur tp oytedwosop o wed preuog ap erougraduoour ® epol ‘oynpe opow op ‘Ieyuedwose Wopod “ojop -tsad win 9 ourojed ofivous wn ojo vied unnuasoid -23 ‘SOUULIGoS sani Se ‘ayurZN'] 2 oYurZeZ ‘oyna on ‘Souls Jo} -ulos Jed g “osuoM 9 eMIEIP Nog “epepan 9 oy] apepijeas eu onb ezonbu v xe) =nyjsop 9p OYUOS O dALA “Ens 25S0} oLSediaIUE 10d 28 0wl0d ‘syowosdwiod 9s U2 WD ‘1908019 & epnfe ‘anb wzenbus ep so‘iauag sop opinjoxg “opeprosap Jos og vied FUUOJUOD O26 Jenb ov seu “aqoated odse sayyavo Ofna ‘sezanbys arenpoad 2p sedad sep vuinu o-euLoysuEN ‘UL Op oxayuip op erstanuInuoe ouyep o anbsod sOIeW 9 opSoyjmny eng “oBNed op seaneioadys | | |parceiro de cama e mesa, sem 2s vantagens do tat- 0, transformado no perene carregador de pacotes ¢ fazedor de servigos. Margarida nio Ihe oferece us penas célidas e macias para que recoste a cabega atormentada. Ela também o submete a0 duco re gime da exploracdo doméstica. De Margarida nao Se ouve ou vé uma palavra ou atitude de amor, de afeto desinteressado. Para el: centre 05 sexos ¢ assexuada e ela estabelece com Donald uma relagio que amy a sua esterilidade: nfo se acasalam nei proc Margarida € a fémea fatil & espera da doacio e da rendigdo incondicional ¢ material dos patos. Nao trabalha. Afora o trato das trés sobrinhas (Lal, Lelé € Lili), resumido no adestramento que, por contraposigéo aos sobrinhos de Donald, as trans- formard em novas Margaridas, esgota o seu tempo, acompanhada da galinha Clara, nas festinhas da sociedade, vivendo vicariamente a condigio de con- sumidora, no se sabe a partir de que. Para ela Donald é importante apenas enquanto é ser Para manter Donald subjugado aos seus capri- hos, néo hesita em aceitar a corte de outros patos, enciumando-o. O primo de Donald, Gastio, pat0 de vida fil, de caracteristicas mais préximas as de Margarida, sistematicamente empenhiado em cor- tejéla, pode satisfazé-la em seu afa de consumo, representando sempre um desafio a mais para que Donald se empenke na luta para preservar ou ganhar aquilo que deseja e nunca alcanga: dinhei- ro ou companhia feminina, $6 Margarida nao perde — com Donald ou Gastio ela € herdeira virtual de uma parcela da fortuna de Patinhas. ‘Mas, Gastio € dotado de um dom: ele tem sorte, que Ihe é dada por um infalfvel pé-de-coelho, desde que o tenha sempre consigo. Para ele, tudo se resolve gracas aos eflavios desse ialismd, supotte 8 extemo que legitime seu modo de ganhar a vid. até a futura heranga de (Parte da riqueza de Pati- has. O como que a fonte de entiquecer. J4 que todos trabalhat trabalha, Hugui- aha, Zezinho ¢ Luizinho trabalham ¢ varios outros plicar porque uns tém a Esse componente magico interna fundamental no univ ados e escolhidos tou aqui troca ", usando-a ao mesmo tempo sentido de moeda ¢ de dom) ¢ ha os demais que so servos nem bons nem de tal modo josa entidade sobrenatural neles no contia. A sorte representa, portanto, um chamamento ma- sco, apoiado em sfmbolos externos. Com isso, nem Gastéo nem Patinhas parecem senhores de si mes- mos, pois ambos esto subjugados pelos objetos mégicos que hes garantem a sorte e a riqueza. ra, a excepcional riqueza de Patinhas legitima em face, por exemplo, da modesta existéncia de Donald. O componente magico instau- ra a otdem do universo, pois, do contrério, o Pato Donald subversivamente declararia guerra a sett Tio, dando estrutura © dirego 8 va irritagéo pe- rene, efetivando, pois, a profecia de que no fim dos tempos filhos lutariam contra pais, itmaos contra irmios. Aparentemente, a sorte de Gastfo & destinada a contrabalancar as adversidades de Dos de um contraste que torna a este wiltimo mais iferenciagao de Patinhas: bé os jos talentos se multi- hando com a palavra a secnoerética e seculatizala ‘dos sobrinhos de Do- 9ia seyuned Woo ascussvou9 eLpUI0 o¥SeinuNde EP ase} Y “sepeL -o889 opysa Bf Osiantun owsoWN 0 OAdU ap 0159 9p sapepyigissod se anb x “agduiy ezanbus ejad ona{ns, op jeossadw! assod v anb opSeziuewinsap y epure niguinons ogu wyuluag “osjayuip reo sanb seyu 1d “$0Q5SNJos v4 Jonb eyujuag “oBSeLo oMLOD jaouod 9 ossaalun assau anb op jesmeu © vied sepezijeues oxs oyu Seanvioiur svssa‘anb J, “aiuawayuesuos sejo sod opewnts 9 seAneio opewoy, “seyuned ep wadcun e ouonul cy ‘aja wos opeoynuap! aiuaweI0) 9 janpipawasst visa sfou ‘onayusp nas op eSusinBas & wos opeiusunI0Te wawoy wn 2 seyuned O88! 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Nenhum pato pode possuir mais a envergadura herdica do civilizador Patinhas Porque No momento histérico por este vivido os dons podiam ser encontrados no mesmo pato. Ji seus sobrinhos receberam fatias de um mundo espe- cializado: 0 trabalho para Donald, a sorte para Gastio, a iniciativa para Peninha. A sssociagio en- tre eles, porém, nao reconstitui o pato herdico: esto confrontados e em conflito, a espera da ranga que viré com a morte ovina € obso- eto, com suas suigas ¢ polainas & antiga. Os gos no podem ser juntados para comecar de porque cada um deles ainda esté tomado pelo do capitalista-heréi e considera, pois, que o Proprio dom € 0 dom essencial. Desse modo, fregilentes associagdes entre Donald ¢ Peni pois cada um tenta a seu mo- ividualmente a totalidade do mundo. Os pedagos podem ser juntados apenas para re produzir 0 ja produzido, como tszem Zezinho, ‘Huguinho e Luizinho. Nao pode criar de novo quem nao tem acesso & mocda n.° | e A sua tranhos em relagao a si préprios. A natureza mana 6 subvertida pela mediagao dos objetos cr dos pela atividade humana, Somente quando essa familia volta a natureza € que pode encontrar a sua paz. & na fazenda da Vovs Donalda, no retorno ao mundo natural, que Patinhas aparentemente deixa de reinar. Vovd Do- nalda o subst Ai ela € a senhora do mundo. A natureza dadivosa atenua a exploracio dos patos pelos patos. Gansolino, o empregado da fazendi, pode trangililamente tirat as suas sonecas nos mon. 12 tes de feno sem que por isso a vida animal ¢ vege- tal_do estabelecimento rural sofra grandes conse- qiiéacias. Nem por isso Vov6 Donsida deixaré de fazer as suas tortas, sempre dispontveis para todos, inclusive para o préptio Gansolino, Por essas ra- z6es, a8 inicas reunides familiares, em que todos confratemizam, sio presididas por Vov6 Donalda, apesar da completa anomalia na estrutura familiar: ela é avo sem ter tido filhos; Patinhas € tio sem- ter tido irmfos © 0 mesmo se dé com Donald; os trés sobrinhos nfo conhecem pai ¢ mae. A tragi terilidade nalda simboliza apenas a recomposigao_art do mundo natural. Ainda af, por trés das cias, é Patinhas quem reina, A unidade fai face da natureza € apenas utopia que ocasional- mente se concretiza para logo mais ser desfeita em resultado de processos substantivos que separem ag invés de unir, que conflitam ao invés de harmo- nizar. E que a unidade do universo de Tio Patinhas 1a apropriago comum das con- . Por isso, os parentes no for- dade familiar e por isso ndo formam uma familia, Os vinculos familiares mais constantemente presen- tes nfo so de parentesco por consangiiinidade ou afinidade, mas so vinculos dominados pela de heranca das riquezas. Entre um parente € interpdem-se os bens tidos ou esperados, Estio jun- tos porque a riqueza foi acumulada, foi juntada. Fim conseqiiéncia, as relagdes sociais que produ- zem-outros personagens do universo, nae parentes — amigos e inimigos — em nada diferem das re~ ages aparentemente familiares, 13s 7 -vjnopued sogur sens wo opuyjnuinoe ‘Te00s ‘owou: coyfeqesy 9 onb 0 ‘oyow 9 onb 0 opueoiziata ‘esjoo ep epIA © opuruinsse ‘yexdeo 0 voytuosied ‘soueq -vs ‘seyuhed ‘810 ‘sequined opeureys -ideo op ogSeznojea epad epemeine “epy spyuuoisty sep euEN y seyuNe” :ovup! sad 09 stinpuos sens asyue By anb sefougdo19 -sip sep apepioyuoo ens e uemar ‘eyuiuad 9 pret -0q{ oUio9 ‘Soa1MQD solya snes So anb wa Epypout eu SepedusBua 2 sayuaRne arewso) 28 seHOISTY SY “owsrendes op sofpwe welas opepza eu, cioquia ‘\ede> op opSeuoysns op SOvfur SOP 2 Steuoroninsut seutioy sep sod ogs SoditTUT nas SO “Jedes op soBure ous seyuneg op sostwe so ‘vuns wa *(6z:9961 “opuasyeq) vanuguOs® apepjendisap ev odwor owisou oe squesed ‘eoipyinf opepjensi opunuesed ‘onb ‘epezijeuoronynsur ¥inpuoD ep eIaUgATaSqO Bad apuodsar anb vpsjod ep sgaene vpipioop aquowoy tana) ‘oSniaduroo extapepsaa etn 9 yy anb 0 sal conbe 9 a1so anua anb wensow seyuneg 10d 501 -sodiaqut ogs anb sipze sO ‘Teisesezduio 198 & eBayS ezonbu ep ogSuaigo esed eyjenoy sop oxdeztu -0310 ap nvi8 O “wsyerdes 38 9 owsteyideo op vs -109 s0yjour & anb ap soq99 OFS “01-228] op eULIOY eu Soyeyop sor ojuenb seuade opuepsoosip ‘ez -onby ep ordejnwnoe @ oiuenb wepsosuos ‘sey -Uq ¥ Sita ovs ausWesIseg “o“sUd y OpuRUIO}aT eudwios Ofsq “viopeo ep B10j vperoduiay euno seu rode aaduiss vfos eypenayy Sop ozalj epta e anb yeq 'suaq Sop Opseudoide ap sewioy svsino sv sepor wo opueusojsuen ‘erzeupd wsso nowtsey vzanbls @ Ossaoe ap syeues Sop opdezy[euoIoninisut 'y ‘orld nofoyo seyuneg onb 9 eylenioy so 3 seyuneg onu9 vuaroyip y ‘ezonbu ep epeatid of5 -epdosde ep esajep ap Sosinoa1 so aatsnjauy ‘opuntn op saiuauodwo> sosjno so wlio seyuned ap SOBW Se ered wpesad ezonbix eusour € anb ‘uigsod ‘aoeluooy a ‘opzes wg) BYTEHEW so aonb 9p ovSensUoWOP epes a}far © Wenjnsuod “seyuned 9p sosUIUL 2 sodWE ‘sojuazed ‘osiaatun op soiquiow “sono sop wn epeo ap sefougiiadxe se ‘operas EN “e[-p1q0 ered soyunueo so weipndas sel “ezonb juapas ovisa ‘seyuned OueNb olUey ‘so}- -pSuraje wed YSU) sofouk SO OU seul “euL “39898 Op sul Oe anh Sop ea!WOUe eINPUOD ¥ wiejuaseidas soja seyuneg ap osiaatun ON “epE -nuunoe gf tzanbur ep aiuautejauip as-1essode weosnq, eYLEHa SEW So ‘ezanb's ep aUo & 19s dodns uje anb op as-ressode efasap vey ouenbug oyed 0 ayjoasa onb yuistye) 0 sew ‘guistjey 0 o4j09s2 onb o1ed © 9 ODN “ezanbis ep opSejnumnoe ep Oo13guI JoigI¥D Osud}ad Oo WOpIO 2p som] sou zens wied aaias weyy ‘opuny ON, “owwa|e} ot ‘ezanbis ¥ jeanieu oyanp op oidioul:d o ss-ub0jo1 BEY OD sqns 195 ule — seyuneg aid sauouodioa Slop sonno so stod ‘jendeo o sets001 9 48149 apod ‘Ul seu ‘sazejsap 9 J9z0y apod “Sreworsdsox9 sarap -od ula} edeyy ‘Onssnjoxa 9 Ogu ‘o1syssaoou eioquia : © anb soxsow! ap taneiuat ® wequier 9 seu soyulspenb sop wiNpEP eu BUIaTUE BIDUI9I009 9p OF p¥awi9]9 wn seuade 9 O84 ezanbu ep oxSnpordes ep eorBUI opsuowIp e Hvarasoig “OsNO Op wdLsBs—p B 9 tun ap auos & :owsHendes op sroaprpuodun soos}! so ‘ev o seyuneg wed “Ie ejussezdas vu © ‘sezanbur ap somnpoides 9 s0imposd ouios He} OP [ewopusosue viougOdu eu wenp 198 SoquIY “sient ops seyuted 9 v[o ‘ound acson, ‘seyuned ap ezanbls & o1ayyauoq nos wo s1znposdas wssod ‘saapod sopeites a soiue ap agdsip ef onb ‘ej anb woo prey piusyey op assod & anb agdns 9 weanbul wp voiSeui stuoy v Is ered efasaq “| o°u ep ‘ow ep tamdeo v wied vpeyoa atuauepesdsqgo visa IAL SwepeW sod vpetjixne ‘eysfojereg vsepy 4aac tes. Portanto, cada um é ridiculo, delingiiente, génuo ou louco na medida em que a sua raza particular néo é a razi0 pela qual o capital se inst tucionalizou socialmente, E nesse tipo de contraste que o cientista também tem a sua parte na degradacéo moral que vincula cada um ao Tio Patinhas. O prof. Pardal, inventor desastrado, desespera-se na tentativa de solucionar com a sua inteligéncia, as suas pesquisas ¢ a sua incansdvel dedicagao engdo ¢ & descoberta os grandes © pequenos problemas de Pat6polis. Seu desligamento do mundo é proverbial nos quadrinhos, em que o cientista & freqiientemente apresentado como louco, ingénuo, alienado, sonhador, perigoso enfim. Por isso, Pardal no pode ter no universo de Patinhas seno a tolerdncia que piedosamente a nossa hipocrisia burguesa dedica aos alienados men- tais. Ele se preocupa com pequenas coisas (e nisso € quase infantil), como a invengio de um pula-pula que facilite o transporte das pessoas, ou de um combustivel que torne mais rdpido. os meios de transporte, ou de uma banheira voadora. Vive, en- fim, na esperanga de resolver aflitivos problemas do ia-a-dia dos patopolitanos ou na esperanga de an- tecipar e solucionar os problemas que 0s patop. tanos provavelmente enfrentarfo no futuro, Sé Pardal esquece freqiientemente de uma coisa importante no universo de P: hd lugar para a primazia da utiidade dos objetos. Cada objeto tem que ser, antes de mais na mercadotia. Por isso, as loucuras de Par saparecem quando 'sio absorvidas pelo acumulativista de Pati encomenda ou solicita uma invengio que resolva um problema crucial para o capital, como uma defesa contra os Metralha ou um équipamento que © torne mais rico. O cientista s6 deixa de ser quando trabalha para o capital, quando perde de 16 vista a perspectiva tola ¢ infantil da condigo hu- mana dos patos para atender a demanda da repro- prados e vendidos. Entre Pardal ¢ Peninha hé semelhangas ¢ dife- rengas. As semelhangas dizem respeito crenga ine- ficaz na atividade criadora, As diferengas respeito a que um se apdia no pensamento ciei fico € © outro no senso comum para por em prati- ca 0 impulso criador. Ambos sao igu: quando ignoram que tudo “ja | va em conta que a dindmica do universo € regida pela riqueza acumulada que insaciavelmente preci- sa crescer, De fato, o universo de P: valores. Diante dele as criangas e os adultos podem descobrir como sio estipides, como sio ridiculos ¢ alienados quando toleram que na sua person: dade se manifestem grotescos tragos humanos. P: um chamado & razfo: a razio que faz com que as coisas se relacionem umas com. as outras como se fossem dotadas de condigéo huma- nae que faz com que as relagdes entre os homens parecam relagdes entre coisas, conforme ja cbser- vou um sébio alemio. 1. Dahrendorf; Ralf, 1968, Sociedad y libertad. Editorial Teenos S.A., Madrid 2, Dorfman, Avlel ¢ Mattelart, Armand, 1972. Para leer al Pato Donald — Comunicacién de’ masa y. colonta- lismo, segunda edicién, Siglo XXL Argentina Edito- ror S.A., Buenos Aires, 17 3-SM.CP.“one, o¥s ‘mBojousez, © epugID ‘ousueuy ap woHp ~9hony ‘opssoiduner | “Opbipe 9° “oouufojoauatop ep o1Bojojoct ap opnieg — vseidue 9 2 o1spsoiduie 2 ‘oxzbimoyt ZpuoD “PLB “eanog 9p yol “SUNLU ‘sony Souang ~ conrgpy ‘woruigtosg, wana ap opuog “iavioy OunUsIO]g op “pull “2 ‘oyp00 vunjonuiso A qu0eL “ype “% MEO “uoIoyy “bonny ‘epuey upqey "pes, ‘eonuouoog amma 9p optog “Tppe8 uprooayfiuayd A poueqrT “pyEl “HEX “wHoyUULyy oxjouvl 9p oy aptoy eUUEIA YRSID 2 oyUNHOD LOsION so\eD ‘osoprec) opueuiag zyN"] ap “pray ‘ou19y, 9 Zeg "vinj}no © BORING “LOGL “WN “WEUEPIOD ar