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Boletim da SBNp - Atualidades em Neuropsicologia

06/07.19
www.sbnpbrasil.com.br

Ótica
Neuropsicológica
da TCC
Sociedade Brasileira de Neuropsicologia (SBNp)

Presidente Leandro Malloy-Diniz Membros da SBNp Jovem


Deborah Amaral de Azambuja José Neader Abreu Alberto Timóteo (MG)
Paulo Mattos Alexandre Marcelino (MG)
Vice-presidente Ana Luiza Costa Alves (MG)
Rochelle Paz Fonseca Conselho Fiscal André Ponsoni (RS)
Fernando Costa Pinto Emanuelle Oliveira (MG)
Tesoureira Geral Lucia Iracema Mendonça Érika Pelegrino (RJ)
Andressa Moreira Antunes Marina Nery Giulia Moreira Paiva (MG)
Luciano Amorim (PA)
Tesoureira Executiva SBNp Jovem Maila Holz (RS)
Beatriz Bittencourt Ganjo Marcelo Leonel (RJ)
Presidente Mariana Cabral (MG)
Secretária Geral Victor Polignano Godoy Mariuche Gomides (MG)
Katie Almondes Patrícia Ferreira da Silva (RS)
Vice-presidente Priscila Corção (RJ)
Secretária Executiva Thais Dell’Oro de Oliveira Waleska Sakib (GO)
Luciana Siqueira
Secretário Geral
Conselho delibetarivo Lucas Matias Felix
Annelise Júlio Costa

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Expediente

Editora-chefe Revisores desta edição


Giulia Moreira Paiva
Lucas Matias Félix
Editoras assistentes Mestre em Psicologia: Cognição e
Mariuche Rodrigues Gomides Comportamento (UFMG). Docente
Thaís Dell’Oro de Oliveira substituto do IMS/UFBA. Pesqui-
sador colaborador do Laboratório
Coordenador editorial de Avaliação e Intervenção na
Alexandre Marcelino Saúde (LAVIS) e membro da SBNp
Jovem.
Projeto gráfico e editoração
Luciano da Silva Amorim Victor Polignano Godoy
Psicólogo, mestrando em Medici-
Equipe de revisores na Molecular (UFMG). É colabo-
Alina Todeschi rador da Sociedade Brasileira de
Camila Bernardes Neuropsicologia (SBNp) desde e
Emanuel Querino Presidente da SBNp Jovem.
Giulia Moreira Paiva
Isabela Guimarães
Lucas Matias Félix
Thaís Dell’Oro de Oliveira
Victor Polignano Godoy
Editada em: novembro de 2019
Última edição: maio de 2019
Publicada em: novembro de 2019

Sociedade Brasileira de Neuropsicologia

Sede em: Avenida São Galter, 1.064 - Alto dos Pinheiros


CEP: 05455-000 - São Paulo - SP
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Sumário

05 REVISÃO HISTÓRICA
O diálogo entre a neuropsicologia e a TCC no TDAH

11 REVISÃO ATUAL
A intersecção entre neuropsicologia e a terapia cognitivo com-
portamental

19 RELATO DE PESQUISA
Medo da matemática: como intervir?

27 ENTREVISTA

30 HANDS ON!
A metacognição como uma ferramenta para mudança em psi-
coterapia

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REVISÃO HISTÓRICA

O Diálogo entre a
Neuropsicologia e a
TCC no TDAH
Mariana Cabral Valente e Silva

A Psicologia possui teorias que se diferem quanto aos métodos de in-


vestigação, a aplicação do conhecimento e a filosofia de Homem. Com
o objetivo de favorecer a compreensão da Neuropsicologia na contem-
poraneidade, há que se fazer um retorno histórico a respeito de como se
deu a aproximação entre Psicologia e Neurologia na metade do século
XX.

Segundo Kristensen, Almeida e Gomes (2001), o século XIX é marcado


pela tentativa de se explicar o intelecto por meio da fisiologia dos sen-
tidos. Nesse contexto, em que se consagrou a Psicologia Experimental
de Wundt, se almejava que a Psicologia adquirisse status de ciência,
lançando mão dos conceitos da psicologia fisiológica. Ainda sobre os
estudos do século XIX, Pinheiro (2005) aponta que também neste pe-
ríodo, houve a descoberta de que o córtex cerebral, que anteriormente
tinha seu funcionamento como homogêneo, possuía áreas anatomi-
camente definidas, o que favoreceu o entendimento de que distintas
funções mentais estariam relacionadas a diferentes porções do córtex
(Localizacionismo). A esse respeito, cabe mencionar que Franz Joseph
Gall (Alemanha, 1758 - 1828) foi além quanto à ideia de fornecer a loca-
lização cerebral das funções mentais, correlacionando de forma direta
a anatomia do crânio com o desenvolvimento das habilidades mentais,

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concepção fundadora da Frenologia.

Já no século XX, Karl Spencer Lashley (Estados Unidos, 1890 - 1958)


investigou se a localização das funções mentais era tão restrita como a
visão Localizacionista propunha, lançando mão de experimentos que
demonstraram que a destruição de uma porção do córtex de um ani-
mal não implicava na perda desta função devido a compensação pelo
recrutamento de uma parte intacta do córtex (Kristensen et al., 2001).
Apesar dos estudos e avanços à época, o termo Neuropsicologia só
veio a ser utilizado pela primeira vez em 1913 (Pinheiro, 2005). Foi na
Inglaterra, diante das publicações dos distúrbios da escrita provocados
por lesão cerebral que se deu, de fato, o encontro da Neuropsicologia
com a Psicologia Cognitiva (Kristensen et al., 2001).

Para que seja facilitado o entendimento sobre os estudos da Psico-


logia Cognitiva, se faz necessário um breve retorno ao Behaviorismo.
De acordo com Strapasson (2012), John Broadus Watson (Estados
Unidos, 1878 - 1958) defensor da Psicologia enquanto ciência natu-
ral e disciplina aplicada, baseou-se na observação direta do compor-
tamento, considerada por ele como o único método seguro para pro-
duzir conhecimento realmente científico. Foi responsável por fundar
o movimento behaviorista. Já Skinner (1982), citado por Moreira e De
Medeiros (2007) era defensor do Behaviorismo enquanto filosofia da
ciência do comportamento, ideia que, posteriormente recebeu o nome
de Behaviorismo Radical. A possibilidade da auto-observação e auto-
conhecimento, bem como a consideração de sentimentos e sensações
em relação à conduta humana são fatores que diferenciam as ideias
de Skinner das de Watson. Assim, é possível dizer que para Skinner, os
pensamentos, sentimentos e emoções também eram tidos como com-
portamentos (Moreira & De Medeiros, 2007).

Em oposição às ideias trazidas pelo Behaviorismo, surge, nos Estados


Unidos, a Psicologia Cognitiva (Kristensen, Almeida & Gomes, 2001).
Na década de 60, Aaron Beck foi responsável por identificar que pa-
cientes depressivos possuíam cognições negativas e distorcidas como
características primárias do quadro. Diante disso, um tratamento de
curta duração, que recebeu a denominação de “Terapia Cognitiva” foi
desenvolvido. (Beck, 2013). De maneira geral, o modelo cognitivo en-
tende que pensamentos disfuncionais são capazes de afetar o humor
e os comportamentos sendo, portanto, relacionados com os transtor-
nos psicológicos. A partir disso, desenvolve-se a concepção de que ao

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controlar e analisar os pensamentos disfuncionais, seria possível obter


melhorias quanto ao estado emocional e ao próprio comportamento do
indivíduo (Beck, 2013).

Ressalta-se que o termo “Psicologia Cognitiva” é frequentemente uti-


lizado como sinônimo de “Terapia Cognitivo-Comportamental” (Beck,
2013). Segundo Wright, Basco & Thase (2009) desde a década de
1960 houve uma tentativa de unificação das ideias cognitivas e com-
portamentais no que se refere ao contexto da Psicoterapia. Embora al-
guns teóricos ainda privilegiem o uso isolado da abordagem cognitiva
ou comportamental, há terapeutas que defendem a unificação dos mé-
todos cognitivos e comportamentais enquanto técnica e teoria.

Após o breve paralelo histórico é preciso retomar a questão que diz


respeito ao encontro da Neuropsicologia com a Psicologia Cognitiva.
Conforme exposto por Pinheiro (2005), a Neuropsicologia surgiu com
o objetivo de estudar as modificações do comportamento diante de le-
sões cerebrais. Na contemporaneidade, essa ciência é situada como
uma interface entre as Neurociências e as Ciências do Comportamento,
tendo como foco de estudo as relações entre sistema nervoso, compor-
tamento e cognição. Assim, é possível dizer que a Neuropsicologia se
ocupa do estudo das capacidades mentais mais complexas, tais como:
a linguagem, a memória e a consciência. Kristensen et al. (2001) aponta,
ainda que a Neuropsicologia se apresenta como um modelo de estudo
que pode facilitar compreensões mais integradas da Psicologia. Diante
disso, o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) pode
ser abordado enquanto exemplo de quadro clínico utilizando-se inter-
venções derivadas da Neuropsicologia e da Psicologia Cognitiva.

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V),


classifica o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)
como um transtorno do neurodesenvolvimento, que apresenta como
critério diagnóstico a existência de um padrão persistente de desaten-
ção e/ou hiperatividade-impulsividade que interfere no funcionamen-
to e desenvolvimento do indivíduo. Tais sintomas de desatenção e hi-
peratividade devem persistir por pelo menos seis meses, em grau que
seja incompatível com o nível de desenvolvimento, impactando de for-
ma negativa e direta as atividades sociais e acadêmicas/profissionais.
Ademais, há que se verificar se os sintomas se manifestam antes dos
doze anos de idade e se estão presentes em dois ou mais ambientes
diferentes.

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A respeito do prejuízo funcional nas pessoas com TDAH, Graeff & Vaz
(2008) assinalam que estes não afetam apenas o desempenho acadê-
mico. Assim, cabe ao profissional responsável pelo diagnóstico aten-
tar-se para aspectos sociais, familiares, físicos e da história de vida, rea-
lizando assim uma avaliação mais abrangente. Outro ponto que merece
atenção e avaliação adequada, refere-se aos quadros que podem estar
associados ao TDAH, já que frequentemente existem comorbidades.
Portanto, a necessidade de uma avaliação que contemple múltiplos as-
pectos é primordial e, para que isso ocorra efetivamente, não se pode
prescindir do uso conjunto de instrumentos e técnicas, tais como: entre-
vistas clínicas, uso de escalas, testes psicológicos e neuropsicológicos.

Um estudo realizado por Gonçalves et al. (2013) com meninos diagnos-


ticados com TDAH forneceu os seguintes resultados: as crianças com o
transtorno, tanto com apresentação desatenta ou combinada, apresen-
taram como grupo desempenho inferior em todas as medidas neurop-
sicológicas. Já no que se refere às habilidades atencionais, foram veri-
ficadas diferenças quanto à atenção concentrada e seletiva. Segundo
Santos & Francke (2017), as pessoas com TDAH possuem alterações
neurobiológicas que estão relacionadas ao córtex pré-frontal que, por
sua vez, são responsáveis pelo controle dos impulsos, concentração,
memória, atenção, organização, planejamento e aprendizagem.

Nos últimos anos, a Neuropsicologia do TDAH, vem apresentando mo-


delos que incluem déficits múltiplos, haja vista que os estudos têm de-
monstrado a prevalência de um perfil neuropsicológico heterogêneo
entre os indivíduos com esse transtorno (Penington, 2005; Willcutt et
al., 2005 citado por Peterson & Wainer, 2011). Diante do exposto, co-
nhecer e mapear o perfil neuropsicológico do paciente diagnosticado
com TDAH será um diferencial quanto a escolha das estratégias tera-
pêuticas a serem utilizadas. Além disso, deve-se levar em conta a ne-
cessidade da adequação das diferentes técnicas aos perfis neuropsico-
lógicos de cada paciente (Peterson & Wainer, 2011). A partir dos fatores
supracitados, a Neuropsicologia deve ser valorizada como importante
instrumento, fundamental para a compreensão dos transtornos mentais
e de extrema relevância quanto ao processo de estruturação das inter-
venções terapêuticas mais diretivas para os déficits observados (Ro-
zenthal, Laks & Engelhardt, 2004).

Sobre as principais intervenções em pacientes com TDAH, Andrade et

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al. (2013) ressaltam a Psicoterapia, Psicopedagogia e o uso de Psico-


fármacos. A Psicoterapia mais indicada é a Terapia Cognitivo-Compor-
tamental (TCC), que visa a mudança da cognição e do comportamento
disfuncional (D Silva, Moreira & Della Méa, 2005).

A Reabilitação Neuropsicológica, conforme assinalado por Feliciano e


Moretti (2015) é responsável por remediar os déficits cognitivos, além
das alterações comportamentais e emocionais, em busca da melhoria
da qualidade de vida do paciente. Assim, é possível dizer que o obje-
tivo primordial da reabilitação é tornar o paciente mais eficaz no uso
das capacidades preservadas por meio de estratégias compensatórias,
aquisição de novas habilidades e adaptação diante das perdas. Nesse
sentido, a TCC irá proporcionar ainda, a reunião de técnicas de interven-
ção, focalizadas na cognição, comportamentos e emoções. Ambas as
estratégias pretendem atuar de forma complementar.

Diante do exposto é possível reconhecer a importância da avaliação


neuropsicológica quanto ao fornecimento de diretrizes e direcionamen-
tos para o planejamento de uma intervenção baseada nos pressupostos
teóricos advindos da Neurociência, Psicologia Cognitiva e da TCC.

REFERÊNCIAS

American Psychiatric Association. (1996). DSM-IV: Manual de diagnóstico e estatísti-


ca das perturbações mentais.

Andrade, A. M. (2013). Adaptação e implementação do programa de intervenção pre-


coce sobre o funcionamento executivo para crianças e adolescentes com TDAH.
Beck, J. S. (2013). Terapia cognitivo-comportamental. Artmed Editora.

da Silva, V. S., Moreira, D. D. L., & Della Méa, C. P. (2015). Terapia cognitivo-comporta-
mental para crianças com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). In
IX Mostra de Iniciação Científica e Extensão Comunitária e VIII Mostra de Pesquisa de
Pós-Graduação da IMED 2015.

Feliciano, M. F. C., & Moretti, L. H. T. (2015). Depressão, suicídio e neuropsicologia:


Psicoterapia cognitivo comportamental como modalidade de reabilitação. Portal dos
psicólogos. Disponível em: http://www. psicologia. pt/artigos/textos A, 857.

Gonçalves, H. A., Mohr, R. M., Moraes, A. L., Siqueira, L. D. S., Prando, M. L., & Fonse-
ca, R. P. (2013). Componentes atencionais e de funções executivas em meninos com
TDAH: dados de uma bateria neuropsicológica flexível. J Bras Psiquiatr, 62(1), 13-21.

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Graeff, R. L., & Vaz, C. E. (2008). Avaliação e diagnóstico do transtorno de déficit de


atenção e hiperatividade (TDAH). Psicologia USP, 19(3), 341-361.

Kristensen, C. H., Almeida, R. M. M. D., & Gomes, W. B. (2001). Desenvolvimento histó-


rico e fundamentos metodológicos da neuropsicologia cognitiva. Psicologia: reflexão
e crítica, 14(2), 259-274.

Moreira, M. B., & de Medeiros, C. A. (2018). Princípios básicos de análise do compor-


tamento. Artmed.

Petersen, C., & Wainer, R. (2009). Terapias Cognitivo-comportamentais para crianças


e adolescentes. Artmed Editora.

Pinheiro, M. (2005). Aspectos históricos da neuropsicologia: subsídios para a forma-


ção de educadores. Educar em Revista, (25).

Rozenthal, M., Laks, J., & Engelhardt, E. (2004). Aspectos neuropsicológicos da de-
pressão. Revista de Psiquiatria, 26(2), 204-12.

Santos, P. T., & Francke, I. D. A. (2017). O transtorno déficit de atenção e os seus as-
pectos comportamentais e neuro-anatomo-fisiológicos: uma narrativa para auxiliar o
entendimento ampliado do tdah.

Strapasson, B. A. (2012). A caracterização de John B. Watson como behaviorista me-


todológico na literatura brasileira: possíveis fontes de controle. Estudos de Psicologia,
17(1).

Wright, J. H., Basco, M. R., & Thase, M. E. (2009). Aprendendo a terapia cognitivo-
-comportamental. Artmed Editora.

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REVISÃO ATUAL

A Intersecção entre
Neuropsicologia e Terapia
Cognitiva Comportamental
Patrícia Ferreira da Silva

As neurociências surgem na década de 70 através da união de estudos


de neurobiologia e psicologia experimental, tornando assim os estudos
do sistema nervoso central mais sofisticados, com o entendimento de
que os correlatos neurais estariam ligados a psicopatologias (Callega-
ro & Landeira-Fernandez, 2007; Stock, Barbosa & Kristensen, 2014).
Em meados do século XX, com o surgimento de psicofármacos con-
sagra-se o dualismo entre mente e cérebro, com a forte tendência de
dissociação dos aspectos biológicos aos emocionais. Esses achados
perdem as forças somente no final do século com o advento das téc-
nicas de neuroimagem funcional, que comprovaram mudanças nas
estruturas neurais após intervenções psicoterápicas (Callegaro & Lan-
deira-Fernandez, 2007). Nos últimos anos, houveram avanços impor-
tantes nos métodos de neuroimagem, com o aperfeiçoamento das téc-
nicas de tomografia computadorizada (TC) e ressonância magnética
nuclear, chega-se mais perto de entender a interação existente entre
comportamento, cognição, anatomia e funcionalidade do encéfalo (Paz
& Sanches, 2015).

Em um estudo de revisão de literatura Stock e colaboradores (2014)


verificaram alterações no Sistema Nervoso Central (SNC) associadas
aos transtornos mentais. De uma maneira geral, os resultados indicaram
que técnicas comportamentais e cognitivas impactam no funcionamen-

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to encefálico, notando-se que a mudança de sintomatologia observada


pelos clínicos também pode ser percebida em exames de neuroima-
gem. Os correlatos neurais estão associados em identificação de trans-
torno mentais em ansiedade (Messina et al., 2013), depressão (Grimm
et al., 2008; Disner et al., 2011), transtorno do estresse pós-traumático
(Tractenberg et al., 2016) e também, associados a mudanças provoca-
das pela terapia cognitivo comportamental em quadros de depressão
(Ritchey et al., 2011), transtorno de ansiedade generalizada (Maslowsky
et al., 2010) e transtorno do pânico (Kircher et al., 2013).

Em um estudo de meta-análise recente, Marwood e colaboradores


(2018) investigaram a relação dos mecanismos neurais e a predição de
respostas a terapias, sendo a Terapia Cognitivo Comportamental a de
maior impacto. Os achados sugerem diminuição significativa das áreas:
giro cingulado anterior, giro frontal inferior e ativação da ínsula após o
tratamento terapêutico. Esses achados sugerem que a terapia melhora
da reatividade emocional através da alteração dessas estruturas neu-
rais.

A Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) se refere a um grupo de


abordagens terapêuticas com a premissa central que os transtornos
mentais são mantidos por fatores cognitivos. Ela teve seu início na dé-
cada de 60 com o psiquiatra Aaron Beck (Knapp, 2004; Knapp & Beck,
2008). Os principais pressupostos da TCC são: (1) a atividade cognitiva
influencia o comportamento; (2) a atividade cognitiva pode ser monito-
rada e alterada; (3) o comportamento desejado pode ser influenciado
mediante a mudança cognitiva (Knapp, 2004).

A neuropsicologia é uma subárea das neurociências com caráter inter-


disciplinar que se objetiva a compreender as relações entre cognição,
comportamento e emoção com correlatos neurais, e a influência de
padrões individuais como idade, escolaridade e hábitos, como leitura,
práticas de exercícios físicos e alimentação (Haase et al., 2012). Para
isso, usa como recurso a avaliação neuropsicológica que pode ser um
forte aliado para diversas demandas, como nas terapias cognitivo com-
portamentais.

A avaliação neuropsicológica pode ser de grande ajuda no proces-
so de terapia cognitivo comportamental, uma vez que pode ajudar a
formulação de hipóteses diagnósticas, ou seja, o uso da perspectiva
neuropsicológica aumentará a habilidade do terapeuta cognitivo com-

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portamental de fazer uma análise mais acurada sobre a etiologia dos


comportamentos do paciente (Pontes & Hubner, 2007). Estudos suge-
rem que pacientes com psicopatologias com comportamentos de risco,
como dependentes químicos, demonstram prejuízos em funções exe-
cutivas (Carvalho et al., 2012) e paciente com diferentes transtornos de
humor apresentam prejuízos cognitivos, como atenção dividida e sus-
tentada, tomada de decisão e velocidade de processamento (Godard et
al., 2011; Cotrena et al., 2016). Compreender as diferenças, a natureza
e a gravidade desses prejuízos podem contribuir para processos de re-
abilitação e terapias mais eficazes.

Assim a compreensão de como as intervenções psicoterápicas intera-
ge com os correlatos neurais em última instância pode determinar os
entendimento dos mecanismos de memória, funções executivas e de
aprendizagem. A TCC tem como objetivo a na mudança da cognição,
que envolve alterar os padrões de pensamento, as crenças, e alterar os
comportamentos, como ativação comportamental. Conforme essas al-
terações mediadas pela terapia vão acontecendo e se tornando hábitos,
o paciente aprende uma nova forma de pensar e se comportar, o que
envolve as memórias e a aprendizagem. (Callegaro & Landeira-Fernan-
dez, 2008). Sabe-se que as funções executivas são um termo amplo
e complexo que se referem a um conjunto de habilidades que juntam
regulam e direcionam o comportamento para alcançar uma meta, en-
volvendo a resolução de problemas, controle inibitório, planejamento e
flexibilidade cognitiva (Chan, Shum, Toulopoulou, & Chen, 2008; Dia-
mond, 2013).

Thompson e colaboradores (2015) avaliaram idosos com Transtorno
Depressivo Maior (TDM) através de ressonância magnética funcional
(fMRI) durante a tarefa Wisconsin Card Sorting (WCST) e, posterior-
mente, foram submetidos a 12 sessões de Terapia Cognitivo Comporta-
mental. O estudo é um dos pioneiros em associar as funções executivas
como preditoras de desfechos positivos em tratamentos com TCC. O
funcionamento executivo corresponde a um conjunto de habilidades,
as quais, de forma conjunta, permitem ao indivíduo direcionar seus
comportamentos a metas, avaliar a eficiência e a adequação desses
comportamentos, modificar estratégias ineficazes para outras mais efi-
cientes e, desse modo, resolver problemas imediatos, de médio e longo
prazo (Fuentes, Malloy-Diniz, 2014; Diamond, 2013; Lezak, Howieson
& Loring, 2012) e parece ter importante relação com a previsão de res-
posta ao tratamento.

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Outro estudo Goodkind e colaboradores (2015) tiveram como objetivo
avaliar as funções executivas utilizando Stroop, Wisconsin e Fluência
Verbal Semântica como preditoras de resposta à TCC em idosos com
Depressão. O WSCT prediz significativamente melhor resposta à TCC,
enquanto o Stroop e a Fluência Verbal Semântica não se mostraram
significativas. O funcionamento executivo novamente mostrou-se um
preditor para melhores desfechos após tratamento com TCC e também
um maior impacto sob a adesão ao tratamento farmacológico no início
do tratamento, apresentando menores taxas de recaídas e recorrência
de depressão.

Reineche e Harmer (2016) em um estudo de revisão demonstraram
que o uso de terapias combinadas, farmacológicas, TCC e estimulação
neurocognitiva podem trazer resultados benéficos aos pacientes com
transtornos de ansiedade. A avaliação neuropsicológica pode ser uti-
lizada para verificar a preservação dos processos atencionais e mne-
mônicos para nortear quais técnicas cognitivas e comportamentais o
paciente pode se beneficiar mais.

Crianças com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade


(TDAH) também podem se beneficiar de avaliação neuropsicológica,
pois é comum nesses transtornos a manifestação mais acentuada de
um sintoma do que de outro. Percebe-se assim que essas discrepân-
cias são fundamentais para entender os subtipos existentes dentro de
um mesmo quadro desenvolvimental. Dessa forma, conduzir uma ava-
liação neuropsicológica também é importante para entender a seve-
ridade do TDAH em cada paciente (Petersen & Wainer, 2011). Avaliar
quais sintomas são mais presentes em cada caso, desatenção, hiperati-
vidade e/ou impulsividade, disfunção executiva favorecem um entendi-
mento melhor e direcionam o terapeuta no foco de intervenções, como
treinamento de pais, terapia cognitivo comportamental, estimulação
cognitiva, entre outros (Young & Amarasinghe, 2010; de la Guía, Lozano
& Penichet, 2015; Tourinho, Bonfim & Alves, 2016). Percebe-se que os
subtipos mais desatentos apresentam mais sintomas de retração social,
por exemplo, o que aponta o uso de técnicas de Treino de Habilidades
Sociais como técnica mais adequada (Petersen & Weiner, 2011). Can-
tiere e colaboradores (2018) desenvolveram um protocolo de interven-
ção neuropsicológica com o objetivo de treinar habilidades verbais e
executivas em crianças com sintomas de desatenção e hiperatividade.
O protocolo incluiu atividades como caça-palavras, sete erros, labirinto,

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conto e reconto de histórias.

Como vimos até aqui, a neuropsicologia pode auxiliar no mapeamento


de funções cognitivas em diversas psicopatologias, em casos de Defi-
ciência Intelectual e no Transtorno do Espectro Autista, por exemplo, em
que o acesso a cognição e pensar sobre os pensamentos (metacogni-
ção) podem diferenciar as emoções e a capacidade de abstração que
podem ser indicativos de déficits (Oathamshaw & Haddock, 2006).
Com a condução de uma avaliação neuropsicológica é possível avaliar
quais funções estão preservadas, em alerta e quais estão prejudicadas.
Esse mapeamento auxilia o terapeuta cognitivo comportamental a ela-
borar uma conceitualização mais acurada, aliando técnicas que podem
ser mais eficazes em cada caso focando nas dificuldades funcionais e
o impacto delas na vida do paciente e das pessoas a sua volta. Assim
como entender o porquê uma abordagem terapêutica não está surtindo
efeito como desejado e assim alterar para outras mais eficazes, como
remediação cognitiva (ou reabilitação cognitiva) e psicoeducação (Pe-
tersen & Wainer, 2011).

A reabilitação neuropsicológica foca na melhora e na adaptação cogni-


tiva, comportamental, psicossocial e emocional prejudicadas após um
insulto neurológico. Sabe-se ainda que a estimulação neuropsicológi-
ca e as intervenções precoces-preventivas têm como intuito trabalhar
as dificuldades cognitivas o antecipar a estimulação do aparecimento
de déficits. Assim o trabalho realizado em conjunto com profissionais,
paciente e familiar, para definição de quais metas e da identificação de
quais são os prejuízos mais importantes para cada caso são fatores pri-
mordiais para o início de um tratamento. Para isso é necessário compre-
ender o ambiente do paciente, seu estilo de vida pré-mórbido e quais
são suas condições atuais (Wilson, 2008; Silva, 2012)

A psicoterapia cognitivo comportamental tem aspecto fundamental na


reabilitação neuropsicológica (RN), pois via de regra pacientes pós-le-
são adquirida tem reações emocionais frente à nova condição. Ajudar o
paciente e o familiar a entenderem as dificuldades provenientes dessa
nova condição pode determinar o sucesso da reabilitação. Adotar pos-
turas mais adaptativas e ter consciência dos déficits e também, do que
está preservada ajuda tanto paciente, quanto familiar (Silva, 2012). Wil-
son (2008) enfatiza que embora os prejuízos cognitivos sejam o princi-
pal foco da RN, aspectos emocionais precisam estar presentes no pro-
cesso de tratamento, uma vez que a cognição afeta como nos sentimos

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e nos comportamos (Knapp, 2004). Alterações cognitivas exacerbadas


podem interferir ainda mais no quadro emocional e comportamental do
paciente.

Por fim, a neuropsicologia e a terapia cognitivo comportamental com-


partilham diversas características, como o foco nas funções cogniti-
vas, flexibilidade e reestruturação cognitiva, em prol da adesão de um
comportamento mais funcional e adequado dentro das expectativas,
limitações pessoais e ambientais do paciente. Lançar mão da avalia-
ção neuropsicológica e o entendimento da relação cérebro e compor-
tamento podem ser muito úteis na conceitualização cognitiva da TCC,
no acompanhamento da evolução e rendimento do tratamento. O uso
concomitante dessas teorias também é fundamental para o processo
de reabilitação neuropsicológica com vista para a melhora de aspectos
cognitivos, comportamentais, funcionais e emocionais.

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RELATO DE PESQUISA

Medo da Matemática:
como intervir?
Amanda Paola Lobo

Ainda não se sabe ao certo porque a matemática gera tanto medo em


comparação com as outras disciplinas. Mas há uma crença geral entre
os alunos de todos os anos escolares que a matemática é matéria mais
difícil do currículo acadêmico (Mazzoco, Hanich, & Noeder, 2012). Os
motivos podem ser diversos, talvez o fato de só existir uma solução cer-
ta para o problema ou a habilidade de abstração exigida na disciplina.
O fato é que quanto mais difícil uma matéria, maiores as chances de
alcançar notas baixar, as quais podem suscitar sentimentos negativos
por parte dos estudantes.

Estes sentimentos negativos, de preocupação, tensão, medo ou apre-


ensão, podem na realidade, prejudicar as chances de obter um bom
desempenho. O nome dado a este fenômeno é ansiedade matemática
(AM). A AM é considerada uma fobia, porque tem como principal carac-
terística o medo persistente diante à exposição de um objeto específico,
no caso, a matemática (Barbosa, 2015).

A AM pode se manifestar em três componentes: (1) cognitivo: pensa-


mentos intrusivos ou ruminativos, do tipo “eu não vou conseguir fazer”
ou “eles vão rir de mim”; (2) fisiológico: reações somáticas relacionadas
à ansiedade, isto é, taquicardia, tremor, sudorese; (3) comportamental:
fugir ou evitar o estímulo aversivo, como fazer a prova de matemática
rapidamente, chutando as questões, para poder se livrar logo da avalia-
ção (Guimarães & Annelise, 2017).

A ansiedade matemática pode atingir desde crianças a adultos, e como

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outros tantos medos, este também é normalmente infundado, uma vez


que a matemática não representa um perigo autêntico contra a vida.
Mesma assim, a exposição à disciplina pode gerar uma reação bastante
desagradável, incluindo a liberação de hormônios como o cortisol, típico
de situações de alerta (Mattarella-Micke, Mateo, Kozak, Foster, & Beilo-
ck, 2011).

As reações vão além dos hormônios, um estudo analisando ressonân-


cias cerebrais, mostrou que as crianças que se sentiam particularmente
ansiosas em relação à matemática não só demonstravam uma grande
atividade na região das amídalas (região que processa ameaças), como
também, mostravam atividade reduzida no córtex pré-frontal (área rela-
cionada ao processamento abstrato) e no córtex parietal posterior, en-
volvido no raciocínio matemático (Young, Wu, & Menon, 2012).

Ao que parece, a ansiedade matemática reduz temporariamente a me-


mória de trabalho, ao desviar a atenção para os pensamentos intrusivos
e reações fisiológicas típicos da ansiedade. Isto prejudica a capacidade
de se concentrar e resolver problemas matemáticos mentalmente. Com
isso, é possível concluir que a AM atrapalha efetivamente o desempe-
nho matemático (Ashcraft & Kirk, 2001).

As consequências deste prejuízo impactam diariamente na rotina, seja


ao contar as horas para ir para casa depois do trabalho, planejar o orça-
mento para as férias ou simplesmente conferir o troco após comprar al-
gum lanche. A simples ideia de contar as moedas na catraca do ônibus,
pode gerar pânico em algumas pessoas. As consequências podem ser
mais graves: pessoas com ansiedade matemática têm menos chances
de entender estatísticas sobre os riscos de fumar ou comer em excesso,
por exemplo.

Além disso, as áreas de matemática, ciências e tecnologia estão cada


vez mais importantes e associadas a melhores empregos e salários
mais altos (Parsons & Bynner, 2005). O domínio de tecnologias, que
está diretamente relacionado à matemática, pode ser considerado uma
forma de capital mental ou ativo econômico de um país. Assim, o de-
sempenho ruim em matemática de uma nação pode representar uma
ameaça para a segurança nacional e para a competitividade econômica
do país no cenário internacional.

Portanto, é de suma importância fazer com que a resolução de proble-

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mas lógicos e matemáticos não traga para as crianças e adolescen-


tes sentimentos de tensão e insegurança. Isto porque frequentemente
a origem da ansiedade matemática está relacionada a passar por um
constrangimento público em classe relacionado à matéria. Além desta
situação, o baixo desempenho na disciplina acaba por gerar crenças no
indivíduo de que ele não serve para a matemática e que é menos capaz
e inteligente em relação aos pares no assunto. Assim, as tarefas ma-
temáticas são emparelhadas ao sentimento de fracasso e isto geraria
ansiedade em relação à disciplina (Haase, Guimarães, & Wood, 2019).

A percepção da apreensão sentida com a AM, bem como, o contato


com possíveis fracassos na matemática, são concebidos como uma
ameaça à auto-estima, impactando na autoeficácia do indivíduo quanto
à disciplina (Bursal & Paznokas, 2006). O conceito de autoeficácia foi
criado por Bandura (1986) e descreve a crença de uma pessoa em sua
própria capacidade para completar com sucesso uma determinada ta-
refa ou atividade (Haase et al., 2019).

A autoeficácia está negativamente correlacionada com a AM e é de-


terminante para a propensão do indivíduo de se envolver, se esforçar e
persistir em tarefas matemáticas (Jain & Dowson, 2009; Akin & Kurba-
noglu, 2011). Quanto pior a autoeficácia de uma criança, maior a proba-
bilidade de que ela tenha experiências de fracasso escolares, reduzindo
ainda mais sua autoeficácia. O papel da crença na própria habilidade
em matemática é tão importante, que a autoeficácia chega a ser tão
preditiva do desempenho matemático quanto a inteligência (Pajares &
Kranzler, 1995).

O desempenho ruim gera a ansiedade matemática, mas o inverso tam-


bém é verdadeiro. Por exemplo, uma criança pode ter um transtorno de
aprendizagem da matemática (discalculia), o que acarreta em experi-
ências de fracasso e causa ansiedade. Em contrapartida, outra criança
pode ter um perfil mais ansioso, que como vimos, irá prejudicar seu de-
sempenho matemático. Como a influência entre a ansiedade matemá-
tica e o desempenho é bidirecional, eles funcionam como um círculo
vicioso (Barbosa, 2015).

A ansiedade matemática, assim como outros transtornos de ansiedade,


pode ser conceitualizada dentro de um modelo cognitivo-comporta-
mental. De acordo com esse modelo, a causa da ansiedade é atribuída
às diferenças individuais na tríade cognitiva, isto é, nas crenças sobre

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eu, o futuro e o mundo. Tais crenças estão ligadas a pensamentos dis-


funcionais que geram a ansiedade e levam aos comportamentos de es-
quiva, típicos destes transtornos (Beck, Emery, & Greenberg, 2005).

Na ansiedade matemática, os pensamentos disfuncionais característi-


cos compreendem dois conteúdos principais: a minimização da capa-
cidade do próprio indivíduo para a manipulação de números e o exagero
da dificuldade da tarefa matemática. Estes pensamentos disfuncionais
promovem o sentimento de ansiedade e o comportamento de evitação
de tarefas relacionadas à matemática (Wangsiriwech, Pisitsungkagarn,
& Jarukasemthawee, 2017).

A evitação, além de acarretar no problema de acesso ao conhecimen-


to, como já falado, mantém os indivíduos ansiosos longe dos estímu-
los ansiogênicos, o que faz com que estes indivíduos tenham menos
oportunidade de aprender a lidar de forma mais eficaz com a ansiedade
(Borkovec, Alcaine & Behar, 2004) ou de perceber que as crenças são
frequentemente falsas ou exageradas.

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é um dos métodos mais


eficientes para o tratamento da ansiedade (Donovan, Cobham, Wa-
ters, & Occhipinti, 2015). A TCC trabalha com um tripé representado
por pensamento, emoção e comportamento, para esta abordagem psi-
coterapêutica, pensamentos são capazes de alterar nossas emoções e
influenciam diretamente nas ações que vamos tomar. Assim, identificar,
questionar e modificar pensamentos disfuncionais, provoca mudanças
nos comportamentos e sentimentos relacionados a eles (Knapp & Beck,
2008).

A literatura traz relatos satisfatórios da utilização de técnicas da TCC


com o objetivo de diminuição dos níveis de ansiedade ligada ao con-
texto acadêmico. Um estudo com adolescentes no Irã propôs uma
intervenção para manejo de estresse na aula, com base em técnicas
cognitivo-comportamentais. Os resultados obtidos apontam para uma
diminuição na percepção de estresse, ansiedade e depressão (Emam-
jomeh & Bahrami, 2015). Para universitários, o desfecho foi semelhante.
Intervenções cognitivo-comportamentais e mindfulness foram eficazes
na diminuição do estresse, ansiedade, depressão e níveis de cortisol
(Regehr, Glancy & Pitts, 2013).

Estudos específicos de intervenção para ansiedade matemática utili-

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zando técnicas cognitivo-comportamentais são escassos e bem anti-


gos, mas apresentam resultados promissores. Hendel e Davis (1978),
propuseram uma intervenção para redução da AM em mulheres adultas
que estavam voltando para a escola, utilizando de reestruturação cog-
nitiva, meta semanal, autobiografia na matemática, exercícios de rela-
xamento e dessensibilização. Já em crianças, Kamann e Wong (1993)
ensinaram técnicas para controlar pensamentos perturbadores resul-
tantes da AM. Ambos os estudos tiveram êxito na redução da ansieda-
de e melhora no desempenho aritmético.

Além disso, Hembre (1990) em uma metanálise comparou diferentes


intervenções para ansiedade matemática, das quais, as intervenções
mais efetivas foram cognitivo-comportamentais. A dessensibilização
sistemática foi a técnica comportamental mais efetiva. Já a técnica cog-
nitiva que se destacou foi a reestruturação cognitiva, a qual produziu
uma redução moderada na ansiedade matemática. Os indivíduos com
alta AM, após participarem dessas intervenções, melhoraram seu de-
sempenho até próximo à média dos indivíduos com baixos níveis de
AM. Visto que não fazia parte da intervenção o treino da matemática, a
melhora do desempenho sugere que indivíduos com alta AM apresen-
tam resultados aquém de sua própria capacidade. Ou seja, reduzir a AM
eliminou um impedimento para um desempenho adequado nos testes
de aproveitamento.

Estudos mais recentes exploram outras técnicas que demonstraram ser


interessantes. Um deles consistiu em um exercício de respiração focada
antes de uma tarefa de alta pressão, os resultados mostraram que esta
técnica melhorou o desempenho de alunos com altos níveis de ansie-
dade matemática. A respiração focada, segundo os autores, controla
o viés atencional, deslocando-o dos sentimentos de angústia para as
operações matemáticas (Brunyé et al., 2013). Outros estudos revela-
ram que escrever sobre as preocupações acerca do desempenho aca-
dêmico antes de um exame, melhorou significativamente o desempe-
nho na tarefa, em comparação com a escrita sobre algum outro tópico.
A explicação para isso é que escrever o que está se pensando libera os
recursos da memória de trabalho consumidos pelos pensamentos in-
trusivos, os quais podem ser mobilizados na realização do exame (Park,
Ramirez, & Beilock, 2014).

Para uma intervenção mais global na ansiedade matemática, é interes-


sante que se abarque os três níveis de resposta à ansiedade: o cogniti-

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vo, o fisiológico e o comportamental (Stallard, 2010). No nível cognitivo,


técnicas como reconhecimento e manejo de emoções, identificação e
questionamento de pensamentos automáticos, bem como, elaboração
de pensamentos alternativos podem ser de grande auxílio. Em relação
ao nível fisiológico, técnicas de relaxamento e de respiração podem aju-
dar a retomar o controle em um momento de nervosismo (taquicardia e
suor nas mãos, p. ex.). Para o elemento comportamental, trabalhar no
aumento do repertório de respostas do paciente pode evitar que ele te-
nha atitudes de esquiva e de fuga. Portanto, pensar em estratégias de
enfrentamento, com posterior, exposição do paciente às situações são
de grande valia para sua melhora (Stallard, 2010).

Sobre os mecanismos metacognitivos relacionados diretamente aos


níveis de ansiedade, como a autoeficácia, a autorregulação e a moti-
vação, pode-se pensar no método da aprendizagem sem erro (Feeney
& Ylvisaker, 2006), a fim de promover experiências de sucesso com o
objetivo de fomentar a motivação dos estudantes e melhorar a crença
em sua própria capacidade. A autorregulação pode ser trabalhada atra-
vés da elaboração de metas e organização dos meios para cumpri-las,
como, por exemplo, estabelecer um tempo adequado de estudo e pen-
sar em objetivos que estejam dentro da realidade do estudante, além de
recompensar após as conquistas.

A ansiedade matemática é um assunto extremamente relevante a ser


discutido na área educacional, devido às suas consequências gerais
na aprendizagem da matemática, bem como na evitação de tarefas re-
lacionadas. Apesar de todo o conhecimento adquirido, boas técnicas
de intervenção ainda precisam ser elaboradas e testadas. A TCC é um
caminho promissor, entretanto, adaptações que possam ser feitas em
ambiente escolar, em grupos, ainda precisam ser pesquisadas.

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ENTREVISTA

Nesta edição, Patrícia Ferreira da Silva entrevistou Adriana Raquel Bins-


feld Hess, psicóloga, Especialista em Neuropsicologia, Mestre em Psi-
cologia Clínica, Doutora e Pós-doutora em Psicologia pelo Laboratório
de Psicologia Experimental, Neurociências e Comportamento (LPNeC)
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Foi membro da
1ª Diretoria da Sociedade Brasileira de Neuropsicologia Jovem (SBNP_
Jovem), na gestão 2014-2015. Possui ampla experiência como pro-
fessora universitária, tanto no nível da graduação quanto da pós-gra-
duação. Atua na área clínica (psicoterapia), em consultório particular,
com enfoque Cognitivo-Comportamental (TCC), Avaliação Psicológica
e Neuropsicológica. Profissional habilitada pelo Sistema Conselhos de
Psicologia para atendimento psicológico on line e psicóloga certificada
pela Psychological Society of Ireland (PSI). É Pesquisadora Clínica do
Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre-RS.

Levando em conta a sua prática com Neuropsicologia e também


com Terapia Cognitivo Comportamental. Qual a relação que essas
duas abordagens têm e que podem contribuir para o paciente?

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) (vide Wright et al., 2019 ) e


a Neuropsicologia (vide Haase et al., 2012) são duas áreas epistemolo-
gicamente congruentes. Elas possuem uma grande interface, especial-
mente, no que tange ao construto dos processos cognitivos e mentais.
Tal intercessão contribui, na prática clínica, tanto para fins diagnósticos
quanto interventivos. Beck, considerado “pai da Terapia Cognitiva”, am-
pliou o modelo cognitivo inicialmente proposto por ele para um modelo
cognitivo expandido (vide Beck, 2008), propondo uma abordagem in-
tegrativa, a qual abarca, além do processamento cognitivo, os fatores
genéticos, neuroquímicos e neurobiológicos. Atualmente o avanço das
neurociências, bem como das técnicas de neuroimagem, têm possibili-
tado a elucidação das associações entre funções cognitivas e mentais
e circuitos neurais, bem como a comprovação científica de correlatos
neurais para vieses cognitivos.

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Como se diferencia na prática o uso das técnicas cognitivas e


comportamentais da reabilitação cognitiva?

Na TCC trabalha-se (dentre outros) com a avaliação e modificação dos


pensamentos automáticos (PA), que são as formas mais facilmente
acessíveis de cognição. Os PA resultam do processamento cognitivo e
surgem a nossa mente de forma deliberada, sem esforço. Quando os PA
são distorcidos, disfuncionais ou enviesados, originam o que chamamos
de distorções cognitivas (pensamentos com erros no processamento)
e que subjazem quadros psicopatológicos. O processo psicoterápico
de reestruturação cognitiva engloba reavaliar os PA disfuncionais e
substituí-los por PA mais funcionais. Em linhas gerais, a reestruturação
cognitiva possibilita a substituição de pensamentos disfuncionais por
outros mais funcionais e adaptativos, produzindo, consequentemente,
alterações emocionais e comportamentais. Ao mesmo passo que a re-
estruturação cognitiva modifica as cognições do paciente ela também
modifica padrões de funcionamento neural, possibilitando ao cérebro
(especialmente ao córtex pré-frontal) a reavaliação de situações, crian-
do novos hábitos.

Para quais pacientes o emprego desses métodos combinado se-


ria indicado?

Apesar da TCC e da Neuropsicologia serem duas áreas epistemologi-


camente congruentes a integração conceitual e metodológica entre elas
segue sendo um grande desafio. Na prática clínica, constata-se que a
intercessão entre elas tem contribuído para avaliação e intervenção
tanto em transtornos psicológicos/psiquiátricos quanto em doenças
neurológicas. Assim, ambas as intervenções terapêuticas (psicoterapia
e reabilitação) cooperam e tem se mostrado eficazes para melhora do
comprometimento cognitivo em pacientes com diferentes demandas.

Quando seria indicado usar avaliação neuropsicológica antes da


Terapia Cognitivo Comportamental?

A avaliação neuropsicológica pode ser requerida por diversas deman-


das e em diferentes momentos da psicoterapia. É comum solicitar a
avaliação neuropsicológica para fins diagnósticos (tanto para auxílio
em diagnósticos diferenciais, quanto na elucidação e formulação de

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hipóteses, dentre outros) e de indicações terapêuticas (delineamento


de intervenções, encaminhamentos, etc). A avaliação neuropsicológica
pode ser solicitada, ainda, para elucidação de questões pontuais antes
ou durante o processo psicoterapêutico, para auxiliar na compreensão
de aspectos neuropsicológicos que possam estar interferindo na ade-
são terapêutica, bem como para monitorar a evolução terapêutica do
paciente.

REFERÊNCIAS

Beck, A. The Evolution of the Cognitive Model of Depression and Its Neurobiological
Correlates. Am J Psychiatry 2008; 165:969–977. DOI: https://doi.org/10.1176/appi.
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HANDS ON!

A Metacognição como uma


Ferramenta para a Mudança
em Psicoterapia
Jéssica Diniz Rodrigues Ferreira e Maíssa Diniz

O conceito de metacognição, aplicado ao contexto da saúde mental,


constitui um amplo conjunto de habilidades cognitivas e emocionais
que permitem ao indivíduo identificar estados mentais, raciocinar sobre
eles e atribuí-los a si mesmo ou a outras pessoas (Semerari et al., 2012).
A aplicabilidade desse construto na prática clínica nos permite construir
um diálogo entre as perspectivas da neuropsicologia e da terapia cog-
nitivo-comportamental.

A partir de uma concepção neuropsicológica, podemos compreender


a metacognição como um aspecto do processamento de informações
que monitora, interpreta, avalia e regula o conteúdo e os processos de
sua própria organização. A regulação metacognitiva envolve aspectos
como atenção, resolução de problemas, controle inibitório e regulação
emocional. Presume-se que esses aspectos da metacognição sejam
mediados por um circuito neural envolvendo regiões cerebrais fron-
tais do cérebro (Posner et al., 2000). Segundo Flemig e colaborado-
res (2012), os processos metacognitivos se relacionam com as noções
neurocientíficas de controle cognitivo, na qual as regiões do córtex dor-
solateral e sub-regiões pré-frontais interagem com regiões interocepti-
vas (cingulado e ínsula), promovendo a precisão metacognitiva.

Estes mesmos autores também propuseram um diferente padrão de


ativação para julgamentos prospectivos e retrospectivos baseados em

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metacognição. Sendo o julgamento prospectivo anterior a execução de


uma tarefa específica e o julgamento retrospectivo após sua conclusão.
Por exemplo, avaliações relacionadas à memória, tais como julgamen-
tos de aprendizagem – “o quanto aprendi” sobre determinado material,
bem como a percepção em relação ao nível de conhecimento adquirido;
o quão bem posso realizar um teste sobre o material aprendido, ilustram
aspectos deste monitoramento. Nesses exemplos, o controle metacog-
nitivo pode ser interpretado em termos de regular o processamento de
informações, como a alocação de mais tempo de estudo ou a adoção
de certas estratégias de recuperação (Shimamura, 2000).

Nesse ponto, é válido ressaltar as diferenças entre os conceitos de cog-


nição, cognição social e metacognição. Cognição se refere ao conjunto
de capacidades mentais específicas, como memória, atenção e funções
executivas. Já a cognição social inclui os processos mentais envolvidos
na percepção de pistas sociais e na incorporação de tais pistas na infe-
rência sobre as outras pessoas. Já a metacognição, conforme discutido
anteriormente, tem o papel de avaliar o monitoramento das diversas ca-
pacidades mentais e, com base nesta avaliação, exercer controle sobre
o processamento de informações.

Pesquisas iniciais em metacognição focaram na capacidade de meta-


memória - a avaliação dos processos de memória e a consciência das
estratégias mnemônicas que poderiam facilitar a evocação de infor-
mações (Nelson, 1992). Ao longo dos anos, a pesquisa metacognitiva
ampliou e incorporou uma variedade de questões e domínios, incluindo
as abordagens do ciclo de vida, a neuropsicologia cognitiva, teoria da
mente e psicologia educacional (Mazzoni & Nelson, 2014; Reder, 2014;
Metcalfe & Shimamura, 1994).

Do ponto de vista da terapia cognitivo-comportamental, a metacogni-


ção consiste na capacidade do indivíduo de reconhecer seus pensa-
mentos e emoções de forma acurada, bem como os de outras pessoas.
Além disso, envolve a compreensão da interação entre pensamentos,
emoções e comportamentos, e a capacidade de identificar os fenôme-
nos mentais como representações distintas da realidade (Irwin, 2017).
Nesse sentido, para que sejamos capazes de identificar a natureza dis-
torcida e/ou disfuncional de nossos pensamentos, é fundamental que
sejamos capazes de nos “distanciar” desses fenômenos e, com isso,
construir percepções mais acuradas do nosso ambiente, externo e in-
terno.

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A metacognição é primordial para o direcionamento de ações voltadas


para o alcance de objetivos específicos, o que, por sua vez, está intrin-
secamente relacionado à motivação. Na medida em que somos capa-
zes de compreender de forma acurada os nossos próprios pensamen-
tos e emoções, também nos tornamos aptos a identificar a função de
nossos comportamentos e, com isso, valorizar determinadas atitudes
cotidianas. Luther e colaboradores (2017) sugeriram que a metacog-
nição é um foco terapêutico condicional quando se tem como objetivo
potencializar a motivação do paciente.

Dessa forma, num contexto clínico, o desenvolvimento da metacogni-


ção é fundamental para impulsionar a motivação do paciente para as
mudanças que almeja. Algumas estratégias podem ser utilizadas como
ferramentas para operacionalizar o conceito de metacognição. Dentre
eles, a psicoeducação, que facilita a compreensão do paciente sobre o
que seria a metacognição e como utilizá-la. Tanto no processo de avalia-
ção neuropsicológica quanto psicoterapêutica, a psicoeducação pode
auxiliar o paciente a lidar com seu quadro, prevenir perdas funcionais
excessivas, assim como reduzir sintomas de ansiedade e dificuldades
de adaptação. Além disso, o acesso a essas informações pode ajudar
os membros da família a entenderem com mais precisão as deficiências
causadas pela doença, evitar concepções errôneas e facilitar a adoção
de estratégias de enfrentamento eficazes (Laaksonen & Ranta, 2013;
Finn & Tonsager, 1992).

É importante discutir sobre a relação entre a metacognição e o viés


atencional para estímulos negativos em transtornos mentais específi-
cos, como no Transtorno Depressivo Maior e nos Transtornos Ansiosos.
As ideias de que distorções cognitivas são marcadores importantes de
determinados transtornos mentais e que a correção de tais distorções
deve ser um foco terapêutico constituem pilares da terapia cognitivo-
-comportamental (Dobson, 2013). Por exemplo, segundo o modelo
cognitivo de Beck para a depressão, observa-se um padrão de pensa-
mentos negativos a respeito de si mesmo, do mundo e do futuro deno-
minado “Tríade Cognitiva” (Knapp & Beck, 2008). Da mesma forma, de
uma perspectiva comportamental, há uma menor exposição a situações
potencialmente reforçadoras, o que mantém a dificuldade do paciente
em identificar e reestruturar pensamentos distorcidos e disfuncionais.
Cartwright-Hatton & Wells (1997) propuseram o conceito de “metapre-
ocupação” ou “preocupação com a preocupação” em seus trabalhos.

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Em um quadro de Transtorno de Ansiedade Generalizada, os pacien-


tes comumente se preocupam de forma desproporcional com o futuro
e cometem inúmeros erros cognitivos; como a catastrofização, em que
interpretações negativas sobre os eventos tendem a ser maximizadas.
Esse padrão pode levar a consequências disfuncionais na vida da pes-
soa, pelo seu impacto, por exemplo, nos processos de tomada de deci-
são. O processo terapêutico na terapia cognitivo-comportamental, para
diversos transtornos, incluindo quadros depressivos e ansiosos, traba-
lha extensivamente com a psicoeducação do paciente sobre esses vie-
ses atencionais negativos, com o intuito de aprimorar sua capacidade
metacognitiva e, consequentemente, capacitá-lo a se automonitorar.

Semerari e colaboradores (2003) propuseram um instrumento para


avaliação dos déficits cognitivos durante a psicoterapia, com o objetivo
de testar se as funções metacognitivas tendem a melhorar à medida
que o tratamento psicoterapêutico alcança os resultados pretendidos.
O instrumento Metacognition Assessment Scale (MAS) estratificou as
capacidades metacognitivas em quatro diferentes componentes, sen-
do eles a “identificação” - capacidade de distinguir, reconhecer e definir
os próprios estados internos (emoções, cognições); “variáveis de rela-
ção” - capacidade de estabelecer relações entre os componentes se-
parados de um estado mental e entre os componentes de estados men-
tais e os comportamento; “diferenciação” - capacidade de reconhecer
que o conteúdo das representações é subjetivo, eventos de natureza
mental e, portanto, diferentes da realidade e sem uma influência direta
sobre ela; “integração” - capacidade de elaborar de maneira coerente
descrições dos estados mentais e processos de um indivíduo (Semerari
et al., 2003).

O desenvolvimento de instrumentos de mensuração da metacognição


possibilitou a identificação de relações entre metacognição e outros
fatores cognitivos, comportamentais e/ou emocionais. Por exemplo,
piores níveis em metacognição já foram relacionados na literatura a dé-
ficits motivacionais em indivíduos com esquizofrenia (Luther, 2016) e,
também, à menor habilidade de reconhecimento emocional (Lysaker,
2014). James (2016), enfatizou a metacognição como fator moderador
na relação entre auto-avaliação e funcionamento social.

Cada vez mais, novas estratégias em terapia cognitivo-comportamen-


tal fazem um movimento em direção ao foco em metacognição. Embora
“pensar sobre o próprio pensamento” esteja no cerne dos fundamentos

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dessa abordagem, diferentes estratégias aplicadas no contexto clínico


possibilitam o alcance desse objetivo, incluindo a psicoeducação, a re-
solução de problemas, o automonitoramento, a restruturação cogniti-
va e tantas outras técnicas. Por fim, a metacognição possibilita que o
indivíduo trabalhe através das suas próprias representações e estados
mentais, implementando estratégias efetivas para realizar tarefas cog-
nitivas ou lidar com estados mentais disfuncionais. Portanto, o fortaleci-
mento dessa habilidade no processo psicoterapêutico é um moderador
fundamental para o processo de mudança em psicoterapia.

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