Stephanie Marie
FMP - 53
MEDICINA LEGAL
livor MORTIS
LIVOR mortis
tipo de resumo: anotações do artigo disponibilizado
Quando bem explorada, a lividez pode trazer
importantes contribuições no que concerne a
constatação da realidade da morte, ao diagnóstico da
causa da morte, à cronotanotognose e a outros
aspectos relacionados a perícia da morte.
Quando a circulação do indivíduo se cessa, o sangue se
torna refém da força da gravidade, acabando por se
acumular nos vasos de áreas anatômicas que ficaram
voltadas para baixo, ou seja, para o solo. Dessa forma,
em indivíduos menos pigmentados, é possível perceber
manchas na superfície do corpo, de tonalidade cinza-
arroxeada que, com o tempo, vão aumentando de
tamanho e confluindo, formando o que chamamos de
livores. Seguindo esse raciocínio, as partes anatômicas
que ficaram “livres de sangue” aparecem em cores
mais esbranquiçadas, cor de marfim.
fatores que interferem
• calibre dos vasos: quanto maior o calibre, mais
facilmente o sangue irá migrar para áreas
associadas a maior força da gravidade
• viscosidade do sangue: quanto menor a
viscosidade do sangue, sua migração para
áreas de declive ocorre mais rapidamente
• exposição do corpo ao calor: o calor é capaz de
dilatar o diâmetro dos vasos, seguindo o
mesmo raciocínio do primeiro tópico.
Nesses principais tópicos pode-se entender por que, a
depender do tipo de morte, os livores podem aparecer
mais precocemente ou mais lentamente, em diferentes
intensidades.
Nos casos em que os livores se mostram bem
evidentes, é possível perceber facilmente o limite
natural entre as áreas com e sem livores, demarcado
quase que por uma linha divisória.
Caso o corpo permaneça por algumas horas na
mesma posição, a pressão passiva do sangue sobre os
pequenos vasos pode acabar os rompendo, gerando a
formação de petéquias pós mortem.
Modificando a posição do corpo após a formação de
livores e nas primeira horas de morte, o sangue pode
migrar para novas regiões de maior ação da
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gravidade, fazendo com que os livores mudem de lugar
– desaparecendo gradativamente da área inicial.
Os livores costumam respeitar áreas submetidas a
compressão e, dessa forma, em pontos de apoio do
corpo, os livores não tem chances de se formar.
• livores podem não se formar em áreas
corporais que se tenham formado pregas ou
dobras acentuadas da pele, como pescoço e
em regiões inferiores do abdômen
• nas cicatrizes, devido à escassa
vascularização, os livores também não surgem
ou surgem de modo tímido
O livor mortis também pode ser demonstrado através
de incisões realizadas na pele do cadáver, que, nas
áreas atingidas pelo fenômeno cadavérico, deixam
surgir sangue dos pequenos vasos incisados.
• esse é o método mais simples para detecção
de livores em corpos de indivíduos com pele
bem pigmentada
decúbitos
• decúbito ventral: livores anteriores
• decúbito dorsal: livores posteriores
• sustentado em posição vertical: livores em
membros inferiores, antebraços e mãos
livor x equimose 6
• livor: fenômeno cadavérico, ou seja, que se
forma após a morte, desencadeado pela
estase intravascular do sangue pela força da
gravidade
• equimose: é um fenômeno que ocorre durante
a vida
Na prática pericial, a distinção entre livor e equimose
não costuma representar dificuldade, porém, uma
dúvida que pode ser levantada é sobre a possibilidade
de superposição, ou seja, livores se formando onde,
anteriormente, se instalaram equimoses.
Nesse caso, mediante a incisão no local do livor,
podemos nos deparar com duas situações:
• apenas livor: sangue dentro de diminutos
vasos, em meio a um tecido “limpo”
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• precessão de equimose: tecido infiltrado por
sangue, que não se consegue remover todo,
mesmo com lavagem
possíveis colorações
Modificações na tonalidade natural do sangue
implicam em livores com cores variadas, diferentes de
sua coloração usual.
• asfixia em geral: livores tendem a ser mais
escuros (acúmulo de hemoglobina reduzida no
sangue)
• intoxicação por monóxido: tonalidade
vermelho-acarminada (alta quantidade de
carboxihemoglobina no sangue)
• cadáveres anemiados / perda sanguínea:
livores poucos intensos, quase imperceptíveis
A multiplicidade de tons que os livores podem
apresentar possui importância pericial, uma vez que
serve para auxiliar no possível diagnóstico de algumas
causas de morte.
hipóstase visceral
As hipóstases não poupam vísceras nem outros órgãos
internos, determinando modificações significativas em
sua coloração. Essas modificações devem merecer
toda a tenção do necropsista para que não sejam
confundidas com expressões de quadros patológicos
que possam conduzi-lo ao erro:
1. cadáveres que ficam em decúbito dorsal
podem apresentar manchas escurecidas que
costumam se formas na parede posterior do
coração e na metade posterior do septo
interventricular, podendo ser confundidas com
áreas de infarto do miocárdio
2. porções posteriores dos lobos pulmonares,
também em decúbito dorsal, se tornam mais
escurecidas
3. olhando contra a luz, as alças intestinais,
observa-se uma sucessão de partes lívidas e
pálidas quando se trata de um quadro de
hipóstase visceral

cronotanatognose
A cronatanatognose, baseada exclusivamente nos
livores, é temerária e deve ser evitada – uma vez que a Os livores apresentam uma significativa fonte de
avaliação do fenômeno é embasada na percepção informações que, quando bem explorada pelo perito,
visual, um critério subjetivo. pode fornecer dados de inestimável valia no cotidiano
Contudo, quando associados a outros fenômenos da prática médico-legal.
cadavéricos e a outros parâmetros, a lividez pode
agregar significativa contribuição para uma estimativa
mais aproximada do intervalo pós-mortal.

É aceitável dizer que em climas quentes de latitudes

tropicais, os livores podem ser percebidos com
facilidade já nas primeiras horas após a morte. Por
volta de seis horas após a morte, é possível notar a
fixação dos livores. Uma vez fixados, esses livores não
migram mais para outros locais quando a posição do
cadáver é modificada – o que pode ser visualizado pela
compressão digital da mancha (clareada a área
comprimida quando ainda não houver fixação).
• atualmente, a fixação dos livores é atribuída
principalmente a concentração dos eritrócitos,
em razão do extravasamento transcapilar da
fase líquida sanguínea e, secundariamente, a
hemólise e difusão da hemoglobina.

Manifestado o início da putrefação, torna-se

inconfiável qualquer apreciação tanatológica com
base no aspecto dos livores, uma vez que o cadáver
passa a apresentar alterações cromáticas, inerentes
ao fenômeno transformativo destrutivo.

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