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1º EXEMPLO COMENTADO UA4

Exemplo 1 – (Schmal E4.1.10, p.264 - modificado)


Uma reação

A→R+S

se dá em fase gás num reator PFR. Introduz-se o reagente A com 30% de inerte (molar), operando
isotermicamente a 300°C e a pressão ambiente. A reação é de 1ª ordem e a constante cinética é dada:
= 110 + 0,8 − 200 . 10 s-1 e T(K).
O tempo espacial é de 6,7 s.
a) Calcule a conversão e o tempo de residência.
b) Se a reação fosse feita num CSTR e nas mesmas condições, qual seria a conversão?
Compare os dois casos.

RESOLUÇÃO:
Passo 1: Leia o problema:
É importante ler completamente todo o problema, antes de iniciar a resolução, para se pensar numa
estratégia de solução.

Passo 2: Releia o problema, extraindo todas as informações dadas direta e indiretamente e


entendo o que se deseja calcular:
Informação:
Reação dada A → R + S (1ª ordem)
Reator PFR Processo contínuo; operando isotermicamente a pressão
ambiente
Tempo espacial do PFR τ = 6,7 s
Fase gasosa Reação homogênea com densidade variável (ρ ≠ cte)
Condições de alimentação: 30% de inerte (molar)
yA0 = 0,70
yI0 = 0,30
T0 = 300oC
Pressão ambiente (P0 = 1 atm)
Constantes de velocidade de reação: = 110 + 0,8 − 200 . 10 e T (K)
Pede-se: XA PFR = ?
τR=?
XA CSTR = ?
Passo 3: Desenhe e visualize o problema
30% de inerte A→R+S
(molar) τ = 6,7 s
yA0 = 0,70 = 110 + 0,8 − 200 . 10
yI0 = 0,30
T0 = 300oC
P0 = 1 atm XA (PFR)= ?
τR=?
XA (CSTR)= ?

Passo 4: Uniformize as unidades das informações do problema


T0 = 300oC = 573,15 K

Passo 5: Escreva a equação química da reação envolvida, faça o balanceamento estequiométrico


e classifique a reação
A→R+S
Sendo uma equação algébrica contendo coeficientes estequiométricos, pode-se supor que está
balanceada. Conforme dados, trata-se de uma reação gasosa homogênea, simples, de volume e
densidade variáveis, irreversível e de primeira ordem, portanto, é elementar.

Passo 6: Escreva a tabela estequiométrica para a reação em função da variável de interesse (no
caso, XA)
A → R + S (em reatores contínuos, trabalha-se com fluxos molares)
Espécies Fluxo molar Fluxo molar Fluxo molar na saída do PFR
químicas inicial (na que reage
entrada)
A FA0 (-a/a).FA0.XA FA = FA0 - FA0.XA = FA0.(1-XA)
I FI0 - FI = FI0
R FR0 (+r/a).FA0.XA FR = FR0 + (+r/a).FA0.XA = FA0.(FR0/FA0 +r/a.XA)
S FS0 (+s/a).FA0.XA FS = FS0 + (+s/a).FA0.XA = FA0.(FS0/FA0 +s/a.XA)
Total FT0 ((+r+s-a)/a). FT = FT0 + ((+r+s-a)/a).FA0.XA
FA0.XA FT = FI0 + FA0.((FA0+FS0 + FR0)/FA0 + ((+r+s-a)/a).XA)
Passo 7: Escrever a lei de velocidade da reação
Neste caso, trata-se de uma reação elementar irreversível de primeia ordem:
− =
CA é a concentração de A na saída do PFR; pode ser estimada da tabela estequiométrica do passo 6,
lembrando que para sistemas gasosos:

= = =

Então, a lei de velocidade fica:


− = = . .

Passo 8: Obter todas os parâmetros cinéticos necessários, caso não estejam informados
A constante de velocidade foi informada como
= 110 + 0,8 − 200 . 10
Para 573,15 K, temos:
= 0,4084

Passo 9: Análise das informações


a) Como a reação é em fase gasosa e não equimolar (1A: 2mols produtos), seu volume e densidade
são variáveis e a vazão volumétrica de entrada e saída não são as mesmas: ≠ e < ;
logo já se pode inferir que τ > τR

b) Vale lembrar as equações que relacionam os fluxos molares nos reatores contínuos:

Na entrada do PFR: = . ; = .
Na saída do PFR: = . ; = .

c) Pela tabela estequiométrica e grau de conversão, podemos conhecer a composição de saída do


PFR:
=
Onde;
FA = FA0.(1-XA)
FT = FI0 + FA0(1 +((r+s-a)/a)XA = FI0 + FA0.(1+XA), pois a = r = s = 1 e FR0 = FS0 = 0

Logo
1−
=
! + 1+

d) Pela tabela estequiométrica também podemos escrever o FI0 em termos de FA0 e simplificar a
expressão anterior:
Como
" "
= "#$ e ! = " &$
%$ %$

!
=
!

E, assim,

! = ! = 0,43

1− 1−
= =
1,43 + 1,43 +

e) Os dados das condições iniciais do sistema permitem conhecer a concentração total da mistura
reacional na entrada do PFR:
P0 = 1 atm
T0 = 573,15K
4 ()*
= = = 0,021 mol/L
()*. +
0,082 873,15.
*,-. .

Lembrando que para sistemas gasosos isotérmicos (T = constante) com pressão constante:
= = 0,021 mol/L

f) A fração molar na entrada do PFR também permite conhecer a concentração do reagente:


yA0 = 0,7
= .
= 0,7. 0,021 = 0,0147 mol/L
PARA O PFR:
Passo 10: Escrever a equação de balanço de massa do reator em função da variável desejada
Numa reação elementar, simples, de primeira ordem:
6
= −
67
Em termos do grau de conversão, XA:
68 1− 9
=
67
6
= −
67

Passo 11: Combinar a equação de projeto do reator com a lei de velocidade de reação
− = = . .

6
= . .
67

Observe que o sinal negativo do consumo de reagente da lei de velocidade é multiplicado pelo sinal
negativo do equacionamento na substituição do −

6 1−
= . .
67 1,43 +

Como o valor de e V não são conhecidos, fazemos substituições convenientes na equação:


= .
7
:=

. .6 1−
= . .
67 1,43 +

.6 1−
= . .
6τ 1,43 +
Separando as variáveis:
6 .
= . 6τ
1−
1,43 +

Os limites de integração são:


Quando τ = 0 ;( <;) (6( 6, <(), , 7 = 0 , =0
Quando τ = 6,7 ;( (í6( 6, <(), , )<* − < 7 , =?
Obs.: o volume V do reator é fixo, constante; o que varia é o volume da mistura reacional, portanto,
a vazão volumétrica! Assim ≠ .

A
6 . B
@ = . @ 6τ
1−
1,43 +

. A
6
.τ = @
1−
1,43 +

Passo 11: Fazer as substituições numéricas e os cálculos


k = 0,4084 s-1
τ = 6,7 s
CA0 = 0,0147 mol/L
CT = 0,021 mol/L

= 0,87

Passo 12: Análise do resultado numérico e conclusão do problema

O sistema PFR atinge 87% de conversão. À medida que a reação ocorre, o volume da mistura reacional
expande até a vazão volumétrica de saída (pois é função de XA):
Para conhecer a relação =C , podemos usar a lei dos gases ideais para sistemas contínuos, na
entrada e saída do PFR:
7 E )
D . = . . F/
7 E )
D . = . F

A P e T constantes:

Pela tabela estequiométrica:


= 1,43 +
1,43 + 1,43 + 1,43 +
= = =
! + 1,43 1,43

Na saída, XA = 0,87
= 1,61.

Calcula-se, assim, o tempo de residência:

7 7 :
:G = = = = 4,16 <H
1,61. 1,61

E verifica-se que o tempo de residência é menor que o tempo espacial, dada a expansão do volume da
mistura reacional.

PARA O CSTR:
Passo 10: Escrever a equação de balanço de massa do reator em função da variável desejada
Numa reação elementar, simples, de primeira ordem:

Passo 11: Combinar a equação de projeto do reator com a lei de velocidade de reação
− = = . .

= . = . =
Reorganizando a equação de projeto do CSTR em termos de V e substituindo os termos − e CA:

7=
. .

Observe que o sinal negativo do consumo de reagente da lei de velocidade é multiplicado pelo sinal
negativo do equacionamento na substituição do −

= .
1−
= =
1,43 +

Como o valor de e V não são conhecidos, fazemos substituições convenientes na equação:


= .
7
:=

. .
7=
1−
. .
1,43 +

.
τ=
1−
. .
1,43 +

Passo 11: Fazer as substituições numéricas e os cálculos


k = 0,4084 s-1
τ = 6,7 s
CA0 = 0,0147 mol/L
CT = 0,021 mol/L

= 0,65
Passo 12: Análise do resultado numérico e conclusão do problema
O sistema CSTR atinge 65% de conversão operando nas mesmas condições do PFR. Se ambos têm o
mesmo tempo espacial e a mesma vazão volumétrica de alimentação, significa que têm o mesmo
volume. Logo, tem-se a maior conversão por unidade de volume no PFR, como esperado.

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