Você está na página 1de 3

Libras – Língua Brasileira de Sinais

 A- A A+

O ensino de Libras como primeira e como segunda língua

Você sabia que seu material didático é interativo e multimídia? Isso significa que você pode interagir com o conteúdo de diversas formas, a
qualquer hora e lugar. Na versão impressa, porém, alguns conteúdos interativos
ficam desabilitados. Por essa razão, fique atento: sempre
que possível, opte pela versão digital. Bons estudos!

O profissional docente de Libras

Para começarmos os nossos estudos, é importante compreendermos que o Decreto nº 5.626/05 determinou que,
após um ano de sua publicação, as instituições de ensino de educação básica e educação superior deveriam incluir
o professor de
Libras em seu quadro profissional de magistério. De acordo com esse decreto, há dois perfis de
professores de Libras:

Primeiro perfil: é destinado ao espaço da educação infantil e anos iniciais do ensino


fundamental. A formação exigida para ministrar a disciplina de Libras nesse contexto
consiste no curso de
Pedagogia ou normal superior em que a Libras e a língua portuguesa
tenham constituído línguas de instrução, ou seja, que a educação tenha sido ofertada de
 forma efetivamente bilíngue (esses cursos são conhecidos
como Pedagogia Bilíngue). 
Aceita-se ainda como formação mínima o curso normal de nível médio que tenha sido
ofertado sob as mesmas condições bilíngues mencionadas anteriormente (BRASIL, 2005).

A formação do instrutor de Libras é prevista na legislação por meio de cursos de formação profissional ou
continuada promovidos por instituições de ensino superior ou instituições credenciadas por secretarias de
educação (BRASIL,
2005). Portanto, esse é um profissional de nível médio que pode ensinar Libras no campo da
educação não formal, mediante cursos de formação profissional ou continuada ou ainda se for certificado por
meio do exame de proficiência
para ensino da Libras (Prolibras).

Vale salientar que o docente graduado, responsável pelo ensino da Libras, e que tem autorização para atuar
na educação formal (dentro das escolas regulares no ensino da disciplina curricular Libras), é considerado
professor
(e não instrutor) de Libras.

O ensino de Libras como primeira língua

O ensino da Libras pode ocorrer sob duas condições: primeira ou como segunda língua. O ensino de Libras como
primeira língua é destinado aos surdos e seu aprendizado inicial ocorre de forma interacional
com parceiros
fluentes em língua de sinais, e, como muitas crianças surdas ingressam na escola sem o domínio da Libras, caberá
a essa instituição seu ensino.

A maioria dos surdos nascem em famílias ouvintes que desconhecem a Libras e por essa razão criam entre si
formas particulares de comunicação, as quais temos chamado de línguas de sinais caseiras (KUMADA, 2012). Essas
línguas de
sinais caseiras não devem ser discriminadas, bem como os surdos que as utilizam não devem ser
chamados de “sem língua”, pois são formas de comunicação funcionais nos ambientes familiares.

Uma estratégia inicial profícua é consultar os pais sobre esse sistema de comunicação e partir dele para o
ensino da Libras, sem negar ou desvalorizar a língua que a criança traz de casa, mas proporcionando a ela a
ampliação de suas possibilidades linguísticas.

Segundo Quadros (1997), quando a criança é surda e


filha de pais surdos fluentes em Libras, o
desenvolvimento linguístico ocorrerá naturalmente e
ela terá um repertório linguístico na Libras constituído
ao ingressar
na escola. Entretanto, assim como ocorre
com os ouvintes, será necessário que a escola também
promova a esses alunos o avanço na sua primeira
língua, pois é através dela que os surdos se
desenvolvem linguisticamente
e cognitivamente.

Fonte: Shutterstock.

Seja para alunos que dominam ou não a Libras, a O ensino da Libras como L1 deve ser projetado de
contratação de um profissional para o seu ensino será maneira natural através do uso funcional da língua
indispensável. De acordo com Quadros (1997), é como forma de comunicação. Assim, será preciso que
importante que este docente seja surdo, pois a as trocas interlocutivas sejam contempladas por meio
presença desse no ambiente
escolar é essencial para dessa língua. Se para
aprender a língua a criança
que a aquisição de linguagem da criança ocorra de precisa usá-la de forma efetiva, por sua vez isso
forma natural. Além disso, permitirá ao aluno surdo ser demanda uma variedade de parceiros linguísticos
recebido por um membro de sua comunidade com (crianças, adultos etc). Por essa razão, a defesa da
quem poderá construir a sua identidade, acessar
a sua comunidade surda reside nas escolas e classes
cultura e desenvolver a língua de sinais.
bilíngues, ou seja, pela riqueza das comunicações que
emergem desse contexto.

O ensino de Libras como segunda língua

Pensando que a criança surda pode estar imersa em famílias e escolas com sujeitos ouvintes, uma das estratégias
de programas bilíngues é o ensino da Libras como L2 para ouvintes. Algumas escolas bilíngues também adotam
essa medida,
ofertando cursos de Libras aos familiares de crianças surdas e aos profissionais que as atendem.
Apesar de, desde 2002, a legislação prever a inclusão obrigatória da disciplina de Libras em todos os cursos de
formação de professores,
em nível médio e superior, e nos cursos de graduação em fonoaudiologia, sabemos que
o domínio de uma língua não se efetivará em uma carga horária reduzida.

A formação continuada em Libras é essencial para todos os profissionais que lidam com o contexto da
educação de surdos, tenham eles sido ou não inseridos nesse aprendizado durante sua formação inicial.

Evidentemente, quando ingressam no aprendizado da


Libras como L2, os ouvintes levam consigo todo um
arcabouço linguístico já construído a partir de sua
experiência com a língua oral e escrita. Assim, a
aquisição da
segunda língua perpassa os
conhecimentos prévios do sujeito na primeira língua.
Nesse processo, as comparações entre sistemas
linguísticos podem ser adotadas, pois geram efeitos
positivos, uma vez que estabelecem
relações entre a
língua do aprendiz e a língua alvo.

Fonte: Shutterstock.

Gesser (2012) e Choi et al. (2011) enfatizam que, durante muito tempo, o ensino de Libras como segunda língua foi
(e ainda é) ministrado sob grande ênfase no código da língua, por meio da memorização do alfabeto manual e de
listas
de vocábulos, para associá-las, posteriormente, às regras morfológicas e sintáticas da língua alvo. Essa forma
mecanicista de ensino de línguas também já foi adotada no contexto da aquisição de línguas orais, sendo bastante
criticada e, consequentemente, cedendo a preferência à abordagem comunicativa, cujo objetivo é ensinar o aluno
a se comunicar através da língua.

Sob a abordagem comunicativa de ensino de segunda O ensino da Libras, L1 ou L2, deve contemplar também
língua, são valorizadas as situações discursivas nas o modo como essa língua se organiza. O professor de
quais a língua é aprendida em funcionamento. Libras deve saber dosar esse ensino, pois, segundo
Exercícios repetitivos, de memorização ou com grande Gesser (2012), a ênfase excessiva na gramática pode
ênfase na gramática compõem
um modelo tradicional fazer com que os
alunos se sintam pressionados a
de ensino de línguas, ao qual a abordagem monitorar demasiadamente a estrutura da frase,
comunicativa se opõe.
bloqueando sua produção comunicativa.

Nesta webaula, compreendemos o perfil do profissional docente de Libras e diferenciamos o ensino


de Libras como primeira e como segunda língua.

Fonte: Shutterstock.

Para visualizar o vídeo, acesse seu material digital.

Você também pode gostar