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Periculosidade para Eletricista (não eletricitário)

"A exposição a condições de risco equiparado ao dos eletricitários - que operam sistema
elétrico de potência - foi o que garantiu a um eletricista o direito a receber o adicional de
periculosidade sobre todas as parcelas de natureza salarial e não apenas sobre o seu salário
básico.

A decisão é da Seção Especializada em Dissídios Individuais I (SDI-1) do Tribunal Superior do


Trabalho, que aplicou a um operador de bombas da Companhia de Abastecimento d Água e
Saneamento do Estado de Alagoas (Casal) a mesma norma especial destinada aos
eletricitários.

O direito a receber o adicional de periculosidade se estende ao eletricista exposto ao risco de


choque elétrico, mesmo que o trabalhador não atue em distribuidora de energia elétrica. No
entanto, a base de cálculo do adicional é um tema polêmico: o pagamento para o eletricista não
eletricitário deve ser feito apenas sobre o salário básico ou sobre o conjunto de parcelas de
natureza salarial, como outros adicionais? Para o ministro Augusto César Leite de Carvalho,
relator dos embargos, apesar das inúmeras controvérsias a respeito do tema, envolvendo
cabistas, instaladores e reparadores de linhas e aparelhos de empresas de telefonia, a
jurisprudência do TST, conforme a Orientação Jurisprudencial 324 da SDI-1, "assegurou o
mesmo direito ao adicional de periculosidade a esses empregados desde que, no exercício de
suas funções, fiquem expostos a condições de risco equivalente ao do trabalho daqueles que
operam sistema elétrico de potência".

A decisão da SDI-1 recupera a sentença de primeira instância, que deferira o pedido ao


trabalhador, retirado posteriormente pelo Tribunal Regional do Trabalho da 19ª Região (AL),
com entendimento no mesmo sentido da Quarta Turma do TST. Diante desse resultado, o
eletricista recorreu à Seção Especializada, alegando, entre outras razões, violação do artigo 1º
da Lei 7.369 /85 e contrariedade à Súmula 191 do TST, motivo, pelo qual, o ministro Augusto
César entendeu que procedia o inconformismo do trabalhador. O relator informa que o artigo 1º
da Lei 7.369 /85 estabelece, como um dos requisitos para se caracterizar o direito ao adicional,
as condições de periculosidade em que são exercidas as atividades. Esclarece, ainda, que a
Casal expressamente confessou ser devido o adicional de periculosidade à base de 30%,
admitindo, inclusive, que o empregado exerceu função de operador de bombas na companhia.
Além disso, o relator agrega à sua fundamentação a jurisprudência quanto ao artigo 1º da Lei
7.369 /85, que vem, segundo ele, interpretando-o no sentido de não restringir o adicional de
periculosidade aos empregados que trabalham no setor de energia elétrica.

Diante disso, o ministro Augusto Cesar entendeu "razoável aplicar o mesmo tratamento com
relação à base de cálculo, não havendo porque negar a base de cálculo prevista no mesmo
texto legal, sob o argumento de que se está diante de empregado eletricista que labora em
empresa que não seja de distribuição de energia elétrica". Seguindo o voto do relator, a SDI-1
deu provimento aos embargos para determinar que a base de cálculo do adicional de
periculosidade é o salário-base do eletricista, acrescido das demais verbas de natureza
salarial."
E-RR - 250500-33.2005.5.19.0010 
Fonte: Assessoria de Comunicação Social Tribunal Superior do Trabalho
ELETRICISTA DE BAIXA TENSÃO OBTÉM ADICIONAL DE PERICULOSIDADE

A Parmalat Brasil S.A., apesar de não ser uma


empresa geradora, transmissora ou
distribuidora de energia elétrica, foi
condenada a pagar o adicional de
periculosidade a um funcionário que fazia
instalações e manutenção na rede de baixa
tensão.

A empregadora interpôs recurso ordinário contra sentença oriunda da 1ª Vara do


Trabalho de Itaperuna, alegando ser apenas consumidora de energia
elétrica. Argumentou, ainda, que o eletrotécnico não fazia jus à percepção do
adicional, já que não se submetia à alta tensão e lidava com a rede elétrica comum,
de 220/380 volts, sujeitando-se, assim, ao risco de qualquer pessoa ao manusear
um interruptor ou uma tomada.

O laudo pericial produzido nos autos também foi contrário à concessão do adicional,
pelo fato de as instalações da empresa não pertencerem ao chamado “sistema
elétrico de potência”, cujas atividades e áreas de risco estão descritas no Decreto
nº 93.412/1986.

Para a 5ª Turma do TRT/RJ, entretanto, o fato de a recorrente não exercer o


manejo da energia elétrica como uma atividade fim e ser apenas consumidora não
constitui óbice para a percepção do adicional de periculosidade pelo empregado,
entendimento esse já pacificado no Tribunal Superior do Trabalho, que editou,
através da Seção de Dissídios Individuais I do TST, a Orientação Jurisprudencial nº
324.

O relator do recurso, desembargador Antonio Carlos Areal, ressaltou que a referida


jurisprudência confere o direito ao adicional a quem trabalhe com equipamentos e
instalações elétricas similares aos do “sistema elétrico de potência”, como
observado no caso concreto.

“No caso dos autos, a perícia demonstrou que o autor exercia na ré a função de
eletricista, fazendo a implantação, manutenção e reparo de equipamentos e redes
elétricas de baixa tensão, trabalhando sob o risco de eletrocussão, de forma
habitual e com exposição intermitente, sem a utilização de equipamentos capazes
de neutralizar o risco do contato com condutores e equipamentos energizados”,
concluiu o desembargador.

Clique aqui e leia o acórdão na íntegra.

Ex-empregado do McDonald s
receberá adicional de periculosidade

Um ex-empregado da Arcos Dourados Comércio de Alimentos S.A,


detentora de uma franquia da rede de lanchonetes McDonald's, deverá
receber o adicional de periculosidade relativo ao período em que
trabalhou na empresa como assistente de manutenção. A Quinta Turma
do Tribunal Superior do Trabalho, ao não conhecer, por maioria, do
recurso da empresa, manteve entendimento do Tribunal Regional do
Trabalho da 9ª Região (PR) pela condenação ao pagamento.

O empregado, que trabalhou para a lanchonete entre 2003 e 2007,


ingressou com reclamação trabalhista logo após a dispensa pleiteando o
pagamento de verbas que não teriam sido pagas, como horas extras,
equiparação salarial. Sobre o adicional de periculosidade, narrou em sua
inicial que, durante o procedimento de manutenção das máquinas, ficava
exposto à eletricidade.

A empresa, em sua defesa, sustentou que os serviços executados pelo


funcionário não o teriam colocado em risco, pois não havia contato com
energia elétrica. Segundo o empregador, na função de assistente de
manutenção o empregado apenas auxiliava na manutenção corretiva e
preventiva de equipamentos elétricos, cuja tensão não ultrapassava 220
Volts. No primeiro ano do contrato de trabalho, ele teria trabalhado no
atendimento ao público, sem exposição a riscos, logo após passando a
função de manutenção de equipamentos.

O laudo pericial entregue à 5ª Vara do Trabalho de Londrina (PR)


constatou que, no local, havia presença de energia elétrica em baixa
tensão (220 a 380 volts), e que uma tensão a partir de 50 volts pode, em
corrente alternada, causar danos ao corpo humano. Com as informações
obtidas, o juízo de primeiro grau condenou a empresa ao pagamento do
adicional. Segundo a sentença, ao passar a atuar efetivamente como
assistente de manutenção o operário passou também a ficar exposto à
ação de agentes perigosos á sua saúde (rede energizada), e, portanto
tinha direito ao adicional de periculosidade, no valor de 30% sobre o
salário contratual.

O Regional manteve a condenação, por entender que a empresa não


trouxe ao processo argumentos suficientes para contestar a conclusão
do laudo pericial. Para o Regional, o "fator risco" que origina o
pagamento do adicional de periculosidade está presente tanto nos
sistemas elétricos de potência, tais como postes de luz, quanto nas
unidades consumidoras de energia elétrica (fritadeiras, por exemplo).
Para o TRT-PR, em ambos os casos o empregado fica exposto a risco
de choques elétricos "potencialmente letais".
No TST, o recurso da lanchonete não foi conhecido. Para a relatora,
ministra Kátia Magalhães Arruda, ficou comprovado nos autos a
similitude entre o sistema no qual o empregado trabalhava (sistema
elétrico de consumo) e aquele de que trata a Lei 7369/85, que assegura
o adicional aos trabalhadores do setor de energia em condições de
periculosidade. Dessa forma, a decisão contrária esbarraria na Súmula
nº 126 do TST, que impossibilita o reexame de fatos e provas. Ficou
vencido o ministro João Batista Brito Pereira.

Processo: RR-915200-18.2008.5.09.0664

FONTE: TST

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