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Na segunda reportagem do UFPA em Série: Água, vamos falar sobre a

energia  obtida por meio da construção de Usinas Hidrelétricas, que aproveitam


o potencial hidráulico dos rios para movimentar turbinas com a energia
proveniente da água. No Brasil, a maior parte da energia elétrica produzida,
seja para consumo interno, seja para exportação, advém da força da água. As
turbinas em movimento conectam-se a um gerador, que transforma energia
mecânica em energia elétrica. Leia a seguir.
Para gerar energia elétrica, é necessário que as usinas hidrelétricas sejam
construídas em rios que possuam elevado volume de água e apresentem
desníveis em seu curso – condições naturais que tornam inviável a produção
de energia hidrelétrica pela maioria dos países. Dessa forma, fontes de
energia, a exemplo das energias nuclear e solar, são responsáveis por cerca
de 80% da produção de energia elétrica no mundo. Quais seriam, então, as
vantagens de utilizar a energia hidrelétrica, em detrimento de fontes mais
utilizadas países afora? E quais as desvantagens?
Opiniões divididas – Uma vez que as hidrelétricas produzem energia a partir
da água, um recurso natural, não há poluição do ambiente, além de se tratar de
uma fonte de energia renovável. Em contrapartida, as usinas exigem a
construção de barragens, que demandam a inundação de uma grande área ao
redor. Sendo assim, fauna, flora e mesmo os rios da região (que sofrem
alterações no seu potencial hidráulico e perdas de espécies de peixes, por
exemplo) são afetados por esses empreendimentos, que trazem, também,
impactos sociais. Comunidades ribeirinhas e indígenas são exemplos de
populações que, freqüentemente, são obrigadas a migrar de seu local de
origem quando uma usina é construída.
O mais recente projeto hidrelétrico brasileiro está sendo construído no Rio
Xingu, no Pará, e recebe o nome de Usina Hidrelétrica de Belo Monte.
Planejada para ser a 3ª maior do mundo em matéria de potência, a usina vem
dividindo opiniões quanto aos benefícios de sua implantação e à gravidade dos
impactos ambientais e sociais causados. Também reside no Pará outro
empreendimento hidrelétrico brasileiro que figura entre os maiores em nível
mundial: a Usina Hidrelétrica de Tucuruí.
Água e energia elétrica – Pela agricultura, atividade econômica responsável
pela maior parte do consumo de água potável no Brasil, é possível visualizar a
relação direta que há entre água e energia elétrica, que vai além da utilização
da primeira para gerar a segunda. De acordo com o professor José Almir
Pereira, da Faculdade de Engenharia Sanitária e Ambiental (Faesa) do Instituto
de Tecnologia (Itec) da Universidade Federal do Pará (UFPa), locais que
possuem solo de baixa produtividade necessitam bombear água para as áreas
de cultivo. Esse bombeamento, por sua vez, demanda um consumo de energia
elétrica. Além disso, o mais utilizado transporte de água para longas distâncias
também envolve utilização de energia elétrica. “O consumo de energia elétrica
está cada vez maior na retirada e no uso da água para fins agrícolas, fins de
abastecimento público e fins industriais, por exemplo. Dessa forma, além dos já
conhecidos prejuízo que o desperdício de água ocasiona este ainda implica um
desperdício de energia, também”, afirma o professor.
Abastecimento de água: informação para eficiência hidroenergética – A
relação entre a água e a energia elétrica no sistema de abastecimento de água,
a importância da informação a respeito do saneamento básico e que medidas
devem ser tomadas para melhorar o rendimento e a eficiência do sistema em
relação ao tema hidroenergia são algumas das principais abordagens do livro
intitulado Abastecimento de água: informação para eficiência hidroenergética,
de autoria do professor José Almir, em parceria com a professora Marise Teles
Condurú, do Núcleo de Meio Ambiente (Numa) da UFPA.
“A água que chega às torneiras de nossa casa já teve energia em algum
momento. Por exemplo, para tirar água de um rio, é necessário uma bomba
que utiliza energia elétrica. Essa água vai para uma estação de tratamento, que
tem equipamentos que utilizam energia elétrica para funcionar. A água tratada
é encaminhada através de bombeamento para reservatórios (o que também
demanda gasto de energia) e, a partir daí, é encaminhado para o consumidor.
Sendo assim, a diminuição do desperdício de água está diretamente ligada à
diminuição das despesas com energia elétrica. Para beneficiar os dois
sistemas, nós temos que usar racionalmente a água e a energia”, coloca o
professor José Almir.
A parceria dos dois professores para criação do livro resulta do convite de
técnicos do Programa de Eficiência Energética em Saneamento Ambiental
(Procel Sanear), da Eletrobrás e do coordenador de um convênio entre a
Eletrobrás e a Universidade Federal da Paraíba (UFPB). A proposta da obra é
unir os trabalhos apresentados individualmente pelos professores em um
congresso na Universidade de Coimbra, em Portugal.
“Estamos na realidade da sustentabilidade, então, a temática do livro é de
interesse tanto para os profissionais e alunos da área quanto para a população
em geral. Nós precisamos utilizar os recursos naturais de forma eficiente, pois
vivemos em um país que está produzindo praticamente o que precisa consumir
de energia elétrica. Então, o Brasil não pode se permitir perder energia elétrica
em vazamentos de água, por exemplo. Nós precisamos desenvolver o país e,
para isso, precisamos cuidar bem de seus recursos. E isso significa gerenciá-
los adequadamente, planejar de forma eficiente os nossos sistemas de
saneamento”. 

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