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Centro Universitário Estácio de Santa Catarina

Disciplina: Processo Penal – Parte Geral

Docente: Douglas Galiazzo

Discente: Alana Duarte Nunes – 201902441974

Resenha Crítica: A prisão em flagrante e o estado de flagrância em tempos de


cólera.

No texto, o autor Cezar Roberto Bitencourt, chama atenção para a


questão da prisão em flagrante e o estado de flagrância em tempos de cólera,
classificando e definindo os crimes que possuem maior relevância que
implicam o estado de flagrância.
A composição textual é analítica e descritiva, e utiliza-se de artigos do
Código de Processo Penal e citações doutrinárias, bem como entendimentos
do Supremo Tribunal Federal para basear as reflexões da temática, que
demonstram quais crimes são admissíveis à prisão em flagrante e até onde,
quando e como há a possibilidade de dar-se a prisão em flagrante.

De regra, a detenção física do indivíduo pressupõe a existência de


sentença penal condenatória com trânsito em julgado. Isso significa que,
somente depois de esgotados todos os meios de defesa constitucionalmente
garantidos, o Estado tem o direito de obrigar o condenado a cumprir a sanção
penal imposta pela prestação jurisdicional.

Atuando como mais um mecanismo de autodefesa da própria sociedade,


materializada na privação de liberdade de locomoção, a prisão em flagrante
tem natureza processual de medida cautelar.
A palavra flagrante, na linguagem jurídica, é um atributo dado ao delito,
é a infração sendo cometida, ou que acabou de se cometer, consagrando-se a
prisão do agente mesmo sem autorização judicial em face da certeza visual do
crime, em consonância com o artigo 301 do CPP, que determina que "qualquer
do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender
quem que seja encontrado em flagrante delito".
Como implicação, de outro lado, tem-se que, caso não manifestada a
situação de flagrância, configura-se ilegal a prisão decretada sob tal
fundamento.
Dado o exposto, são consideramos especialmente relevantes para a
prisão em flagrante, aqueles definidos como crimes: instantâneo, permanente e
com efeitos permanentes.
Ressalte-se que em caso de delito permanente, o estado de flagrância
ocorre enquanto não cessar a permanência do ato delituoso. Como podemos
exemplificar no caso do crime de sequestro (art. 148 do Código Penal),
enquanto o sequestrado estiver em poder do sequestrador poderá ocorrer à
prisão em flagrante.
A princípio, o flagrante pode ser próprio, impróprio ou presumido. Sendo
próprio quando o agente está em pleno desenvolvimento dos atos executórios
da infração penal ou quando ele acabou de concluir a prática delitiva (incisos I
e II do art. 302 CPP). Já o impróprio, ocorre quando o agente consegue fugir e,
portanto, não é preso no local do delito, mas há elementos que em faça
presumir ser o autor da infração (inciso III do art. 302 CPP). Enfim, o flagrante
presumido, nessa hipótese o agente é encontrado logo após o crime, portando
instrumentos, armas, etc, que demonstrem que ele seja o possível autor da
infração penal (inciso IV do art. 302 do CPP).
Em tese, a prisão em flagrante, tem as seguintes funções: evitar a fuga
do infrator; auxiliar na colheita de elementos informativos; impedir a
consumação do delito, no caso em que a infração está sendo praticada, ou de
seu exaurimento, e preservar a integridade física do preso, diante da comoção
que alguns crimes provocam na população, evitando-se, assim possível
linchamento.
Em suma, no Estado Democrático de Direito que é exaltado na
Constituição de 1988, a liberdade é a regra, ao passo que a prisão é exceção.
Por esta razão, a flagrância, em qualquer de suas formas, apoia-se na imediata
sucessão dos fatos, não comportando, dentro da relatividade dos juízos
humanos, dúvidas sérias quanto à autoria dos fatos, realizando-se dentro dos
limites impostos pelos princípios da ampla defesa e da legalidade.
Por fim, faz-se oportuna a crítica de David Alves Moreira ao trazer a
seguinte reflexão sobre o tema: “quando a mesma servir ao sistema,
indiscriminadamente, como justificativa às cobranças de um povo que se vê
sempre ameaçado e sem segurança, deixará de atender sua finalidade e, por
consequência, perderá sua utilidade.”

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