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Morfossintaxe Da Língua Inglesa
Morfossintaxe Da Língua Inglesa
Sumário
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4
ALGUNS TÓPICOS EM MORFOLOGIA DA LÍNGUA INGLESA ........................................... 4
WORD FORMATION ............................................................................................. 7
INFLECTION .......................................................................................................... 16
ANÁLISE MORFOLÓGICA EM LÍNGUA INGLESA ................................................................ 19
PHRASES ................................................................................................................. 23
CLAUSES ................................................................................................................ 27
SENTENCES ........................................................................................................... 28
RESUMO............................................................................................................................. 29
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 31
INGLÊS PADRÃO E INGLÊS NÃO PADRÃO (STANDARD ENGLISH AND NON-
STANDARD ENGLISH) ......................................................................................................... 31
VARIAÇÃOLINGUÍSTICA: A HETEROGENEIDADE DA LÍNGUA
............................................................................................................................................ 35
VARIAÇÃO E PRECONCEITO LINGUÍSTICO NA LÍNGUA INGLESA .......................... 37
RESUMO............................................................................................................................. 41
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NOSSA HISTÓRIA
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento,
aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da
sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de
conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e
comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação.
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ANÁLISE MORFOSSINTÁTICA
INTRODUÇÃO
Na Unidade 1 estudamos a análise linguística no nível fonológico, ou seja, analisamos os
sons da língua e os aspectos da oralidade a ela relacionados. Na Unidade 2 trataremos da língua
no âmbito de sua estrutura, de sua forma e das variações dessas formas. Neste tópico,
especificamente, estudaremos a análise linguística no nível morfológico e sintático.
A morfologia e a sintaxe são as áreas de estudo que se relacionam, por isso optamos por
abordá-las no mesmo tópico. A seguir, vejamos as contribuições de cada um desses campos do
conhecimento e como a análise nesse nível linguístico auxilia o usuário da língua a desenvolver
habilidades comunicativas e refletir sobre os usos e funções dos termos nas sentenças.
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FONTE: Aulete Digital. Disponível em: <http://www.aulete.com.br/morfologia>. Acesso em: 30 jun.
2017.
morphology
Definition of MORPHOLOGY
1 a : a branch of biology that deals with the form and structure of animals and plants
b : the form and structure of an organism or any of its parts * amphibian
morphology * external and internal eye morphology
Em comum nas definições encontradas nos dois dicionários está o fato de que a
morfologia, em diversos campos do conhecimento, se refere ao estudo da forma e estrutura do
objeto de estudo. No caso da morfologia nos estudos linguísticos, trata-se, portanto, do
estudo da forma e da estrutura das palavras, ou seja, como as palavras são formadas e quais
as estruturas que as compõem. A morfologia estuda a palavra isoladamente, sem se atentar
para sua participação na frase.
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Quando você procura no dicionário uma palavra, por exemplo, o verbo walk, você
encontrará apenas essa forma do verbo, no infinitivo. Você não encontrará walks, walked,
walking, por exemplo. Em alguns dicionários você até encontra essas formas, mas dentro do
verbete walk. Em outros, elas não aparecerão, pois subentende-se que o usuário da língua já
conheça essas formas, visto que outras palavras seguem o mesmo padrão de flexões
ATEN
(inflections).CAO
Assim, temos o lexema (lexeme), que é a noção de palavra em um sentido abstrato,
e as palavras concretas, como usadas nas sentenças – walk, walks, walking, walked – do lexema
walk. Essas palavras concretas são chamadas word forms (BOOIJ, 2005).
Booij (2005) descreve a relação entre as palavras, ou seja, as word forms walk, walks,
walking e walked seguem um padrão de flexões que pode ser observado em outras palavras
dessa categoria. Assim, esse padrão de flexões que as palavras seguem tem natureza
sistemática e relaciona as palavras em suas formas e significados. A subdisciplina da linguística
que estuda esses padrões, como denomina Booij (2005), é a morfologia. A morfologia também
lida com os constituintes internos das palavras, ou seja, as partes em que uma palavra pode ser
segmentada. Por exemplo: walked – walk (lexema) + -ed (partícula que indica que o verbo está no
passado).
Uma palavra pode ser segmentada em partículas menores, que chamamos de morfemas
(morphemes). Morfemas são as unidades mínimas linguísticas que contenham algum
significado semântico ou gramatical (BOOIJ, 2005). Por exemplo, consideremos a palavra
painter. Temos o lexema paint (que será representado por V, por ser um verbo) + o morfema -er
(um sufixo que indica “a pessoa que V”, ou seja, a pessoa que pratica a ação expressa pelo V –
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verbo – neste caso, paint, ou pintar).
Na seção a seguir trataremos dos processos de formação das palavras na língua inglesa
(word formation).
WORD FORMATION
As palavras em inglês, assim como em português, são formadas por um lexema e por
partículas mínimas de significados, as quais chamamos de morfemas. Os processos de formação
das palavras podem ser por derivação (derivation) ou composição (compounding) (BOOIJ, 2005).
Nos processos de composição, as palavras são formadas pela junção de dois lexemas (por
exemplo: girlfriend – girl + friend), que pode resultar ou não em alterações na grafia da palavra. Já
nos processos de derivação, são acrescentados afixos às palavras (prefixos e/ou sufixos).
Derivation
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Prefixes
Os prefixos são afixos acrescidos no início de alguma palavra e que
modificam ou complementam seu significado. Este processo normalmente não
altera a classe gramatical da palavra (como acontece em muitos casos com os
sufixos, conforme veremos adiante). Os prefixos podem expressar diversos
sentidos, conforme o quadro a seguir:
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tele- at a distance television, telepathic
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Quanto ao uso de prefixos, veja a tirinha a seguir:
Suffixes
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QUADRO 12 – SUFIXOS QUE ORIGINAM SUBSTANTIVOS (NOUN SUFFIXES)
philosophies)
xion
12
No Quadro 13 podemos encontrar sufixos que originam adjetivos:
13
Os sufixos que originam verbos são apresentados no Quadro 14:
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Compound words
Compound words referem-se a combinações de dois ou mais lexemas.
Em várias línguas, esse processo de formação de palavras é utilizado por
causa de sua clareza de significado e versatilidade (BOOIJ, 2005). Essa
composição resulta em uma nova palavra, com um novo significado. Na língua
inglesa, algumas dessas palavras são grafadas ligadas, como toothbrush,
outras são separadas, como car park.
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INFLECTION
São as variações das palavras, ou as flexões delas de acordo com o
contexto gramatical (CARSTAIRS-MCCARTHY, 2002). Por exemplo, as flexões
de número (singular e plural, no caso dos substantivos – book/books) e as
flexões dos verbos (passado, terceira pessoa do singular, gerúndio –
love/loved/loves/loving). Carstairs- McCarthy (2002) postula, no entanto, que o
número de flexões possíveis no inglês não é demasiado grande, conforme
podemos observar no quadro a seguir:
QUADRO 17 – INFLECTION
given, give
Part of speech =
classe gramatical.
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• Child – children
• Man – men
• Person – people
• Foot – feet
• Tooth – teeth
• Mouse – mice
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John is more intelligent than Richard. (comparativo de superioridade)
Por fim, os advérbios também possuem três formas: grau normal (soon),
comparativo de superioridade (sooner) e superlativo (soonest). Veja outros
casos em que o advérbio é flexionado:
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ANÁLISE MORFOLÓGICA EM LÍNGUA INGLESA
Veja este roteiro para se fazer uma árvore morfológica, uma maneira de
se representar a análise morfológica de uma palavra:
1 2 3
Re privat ( e ) ise
Private
Break word down
(Root)
into morphemes
Identify the root
and label it
19
V
V
Re V
Privat ( e ) ise
Privat ( e ) ise
Root s
Base
P Root s
Join the suffix to the
Join the prefix to
root to form the base
the base
Reprivatise - Verb Re – preffixe (P) Privat(e) – root (R) Ise – suffixe (S)
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A letra (e), na raiz da palavra analisada foi representada entre parênteses, pois
com o acréscimo do sufixo ela foi suprimida.
Esta é uma palavra com muitos afixos e não tão comum de se ouvir na
língua inglesa, não é mesmo? No entanto, escolhemos essa palavra
justamente para ilustrar que, ao conhecer os processos de formação das
palavras e as funções e significados dos afixos, aprimoramos nossa capacidade
de compreender palavras que nunca havíamos ouvido ou lido antes. Desta
forma, desenvolvemos nossa performance no uso da língua.
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casos, existe uma hierarquia para a formação de palavras. Os afixos
derivacionais atacam antes dos morfemas flexionais, portanto, na análise, os
afixos devem ser identificados antes. Vejamos, como exemplo, o verbo
misunderstands. Nesta palavra, temos a raiz understand, que significa
compreender, entender. A ela foi acrescido inicialmente o prefixo mis-, que
significa incorretamente, de maneira errada. Assim, formou-se o verbo
misunderstand, que significa compreender de maneira equivocada, ou não
compreender. Somente depois de se ter formado esse verbo é que ele pôde ser
conjugado, no caso do nosso exemplo, acrescentando o morfema flexional -s,
que indica que o verbo está na terceira pessoa do singular do presente,
misunderstands.
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acordo com a definição de Huddleston (1984) apresentada anteriormente,
estudaremos a relação que as palavras estabelecem entre si e as funções dos
termos na sentença.
Algo que apresente essas características pode ser descrito como algo que
tenha estrutura. Nesse caso, cada constituinte também é complexo e também
pode ser dividido em partes menores, o que significa ainda que a estrutura
obedece a uma hierarquia. Ainda é necessário analisar as funções dos
constituintes na sentença.
PHRASES
Phrases são um pequeno grupo de palavras que formam uma unidade
significativa em uma oração (OXFORD DICTIONARY, 2017a). Poderíamos
chamá-las, em português, de locuções. Há várias categorias de phrases, que
são descritas por Carter et al. (2011):
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Noun phrases: são formadas em torno de um substantivo (noun) ou
pronome (pronoun), que se constituem em núcleos (head). Podem exercer a
função de sujeito ou objeto. Alguns termos podem ser ligados a eles para dar
uma descrição mais detalhada (determiners), como artigos, pronomes
demonstrativos ou possessivos etc.
1 2 3 4 5
must be
must be must be
followed must be followed
followed followed by -
by base by - ing form
by -ed form ed form
form
Prices rose.
1 2 3 4 5
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must be
must be must be
followed must be followed
followed followed by -
by base by - ing form
by -ed form ed form
form
Have
Temperatures been rising.
Cold: head
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We usually have dinner
together. Adverb phrase:
usually
at: preposition
with: preposition
me: pronoun
From: preposition
here: adverb
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Preposition + adverb phrase: Until quite recently, no one
knew about his paintings.
Until: preposition
for: preposition
at: preposition
CLAUSES
Subject: I
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Complement: yesterday
SENTENCES
Uma sentença não é apenas uma sequência de palavras soltas. Ela é
constituída por palavras, mas que são ordenadas de uma determinada maneira
e que desempenham funções específicas. Sentence, de acordo com o Oxford
Dictionary (2017b), é um grupo de palavras que tem sentido completo, contém
um verbo principal e começam com letra maiúscula. É uma unidade gramatical,
que pode ser de três tipos: simple, compound ou complex. Vejamos a descrição
e exemplos de cada uma delas de acordo com Carter et al. (2011):
Simple: sentences que têm apenas uma main clause (oração principal).
Exemplo: They are going to the party this Saturday.
Exemplo: I invited them for the party, but they didn’t come.
Complex: são sentences que têm uma main clause e também uma ou
mais subordinate clause (oração subordinada). As subordinate clauses iniciam
com uma conjunção subordinativa.
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Subordinate clause: if you have any problems.
RESUMO
Neste tópico, você viu que:
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Fazer uma análise morfológica em linguística significa analisar a
estrutura das palavras, considerando os processos de formação das palavras
e/ou a classe gramatical a que pertencem. Na análise morfológica,
diferentemente da análise sintática, a palavra é considerada isoladamente, sem
considerar sua função na sentença.
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NORMA CULTA, VARIAÇÃO LINGUÍSTICA E PRECONCEITO LINGUÍSTICO
INTRODUÇÃO
A linguagem culta e a linguagem coloquial são expressões de uma mesma língua que
servem a necessidades e situações próprias de comunicação. Compreender essas diferenças
e as situações em que cada uma é requerida é o que pretendemos neste tópico. Ademais,
vamos refletir também sobre o preconceito linguístico a que são sujeitos os falantes de
algumas variedades da língua.
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Esta adequação e transição de estilo também perpassa o uso da linguagem. Modulamos
a maneira de nos comunicarmos levando em consideração determinados fatores, com maior
ou menor monitoramento da língua.
Oliveira (2003, s. p.) atenta para uma necessária distinção entre língua padrão e língua
culta:
Língua culta é um termo mais amplo que língua padrão, uma vez
que abrange não só o padrão, que é suprarregional, mas também as
variedades cultas informais de cada região. Entendam-se como cultos
os dialetos sociais das pessoas acima de determinado grau de
escolaridade. Desse modo o termo adquire objetividade e nos
desvencilhamos do ranço de preconceito de que está impregnado.
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A língua culta informal, portanto, não é padrão. A variedade
padrão da língua “lidera” um conjunto de códigos que se influenciam
mutuamente, a saber: (a) as variedades orais cultas informais das diversas
áreas geográficas; (b) a língua escrita culta informal; (c) as variedades
literárias do idioma, que se baseiam no padrão, mas, no caso do Brasil, nem
sempre correspondem fielmente a ele.
Non-Standard English.
Acesse: <https://www.youtube.com/watch?v=hGg-2MQVReQ>.
De acordo com Carter et al. (2011), existem várias formas do Standard English no mundo,
como inglês norte-americano, inglês australiano, inglês britânico etc. Cada uma dessas
diferentes formas de inglês representa a linguagem culta utilizada oficial e institucionalmente
em determinado país. Variam em alguns aspectos na pronúncia, mas não há muita variação
nos aspectos gramaticais.
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conversas informais em nosso cotidiano, seja na modalidade oral, ou ainda na escrita,
em mensagens de celular, por exemplo, ou outras formas de comunicação em que a norma
culta não seja requerida. Tanto a linguagem culta formal quanto a informal são formas
legítimas de comunicação, uma vez que ambas são reconhecidas pelos usuários e
possibilitam a interação dos interlocutores.
Apesar de o foco das aulas de língua inglesa nas escolas normalmente ser a
linguagem padrão, você também pode explorar a linguagem culta informal com seus alunos.
Afinal, a linguagem coloquial é largamente utilizada nas interações de diversas naturezas, por
exemplo, em filmes, em vídeos do YouTube, em chats, blogs, músicas, determinadas revistas
etc., além de contribuir para a fluência no idioma. Leia este artigo da Revista Nova Escola,
escrito por Caroline Ferreira. Nele é descrita uma atividade realizada com alunos dos anos
finais do Ensino Fundamental sobre coloquialismos em inglês. Confira!
Acesse: <https://novaescola.org.br/conteudo/2149/expressoes-coloquiais-em-ingles>.
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VARIAÇÃO LINGUÍSTICA: A HETEROGENEIDADE DA LÍNGUA
Como vimos na seção anterior, a língua apresenta variações que podem ser
determinadas por diversos fatores. A língua está relacionada com a identidade dos povos,
portanto, as variações da língua também representam traços identitários de comunidades de
fala, que são observados em grupos que partilham uma mesma cultura, seja um grupo social,
um grupo regional ou diversas outras segmentações possíveis.
As línguas são dinâmicas, evoluem, modificam-se, todas elas, no mundo todo. Essas
mudanças são impulsionadas por diversos fatores: sociais, regionais, históricos, culturais, e
podem afetar diferentes níveis linguísticos: fonológicos, semânticos, sintáticos ou outros. Veja
o caso do /r/ em posição de coda, descrito por Alves e Battisti (2014, p. 294-295):
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Neste caso apresentado pelos autores, a mesma variação na produção do fonema foi
motivada por fatores diversos e denota traços que diferenciam, no primeiro caso (de falantes
do inglês britânico e de falantes do inglês americano) grupos de usuários da língua separados
geograficamente, ou seja, neste caso a evolução da língua ocorreu de forma diversa em
regiões diversas. Já no segundo caso (variação presente em grupos sociais diversos), o traço
de variação diferencia os usuários de acordo com o grupo social ao qual pertencem. Ora, se a
língua é parte da identidade de um povo, como afirmamos na Unidade 1, nada mais natural
de que cada grupo social, geográfico, histórico, produza e utilize sua própria variedade,
moldada de acordo com suas necessidades e características. Ter consciência de que essas
variedades existem e saber lidar com elas é importante para o falante se comunicar em
diferentes situações e contextos. Para tanto, Rajagopalan (2009, p. 45-46) postula que, como
professores de língua inglesa,
[...] é nosso dever preparar nossos alunos para serem cidadãos do mundo
novo que se descortina diante dos nossos olhos. [...] Para atuar nesse admirável
mundo novo, os nossos alunos têm de aprender a lidar com todas as formas de falar
inglês. Isso requer um bom “jogo de cintura”, ou seja, uma habilidade de se adaptar
às maneiras mais diferentes de falar inglês. [...] Cabe ao professor do World English
expor a seus alunos a um grande número de variedades de ritmos e sotaques, pouco
importando se eles são “nativos” ou não.
Alguns denominam essas variedades de dialeto, mas optamos por não utilizar
esse termo, tendo em vista as representações que o acompanham.
Utilizamos o termo variedades e não o termo dialeto, pois esse último, conforme
pontua Calvet (2002), carrega uma visão pejorativa, que qualifica de forma inferior algum modo
de falar. Já o termo variedades refere-se a um “sistema de expressão linguística que pode ser
identificado pelo cruzamento de variáveis linguísticas (fonéticas, morfológicas, sintáticas etc.) e
de variáveis sociais (idade, sexo, região de origem, grau de escolarização etc.)” (CALVET, 2002,
p. 157). Acreditamos que nenhuma variedade é inferior a outra, todas têm igual valor.
Sabemos, no entanto, que algumas são variedades de prestígio e outras são variedades
utilizadas por minorias (não no sentido numérico da palavra minoria, mas no sentido social).
Precisamos lembrar que as variedades não são línguas diferentes, mas formas
diferentes de se utilizar uma mesma língua. As variedades, em geral, não impossibilitam a
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comunicação entre os falantes de uma língua, seja qual for a variedade que utilizam no
seu cotidiano. No entanto, socialmente, é atribuída uma carga valorativa diferente a cada
variedade, e assim como a roupa que usamos, a variedade linguística da qual fazemos uso
está sujeita a avaliações positivas ou negativas. Assim, o falante que utiliza uma variedade de
menor prestígio sofre o que chamamos em sociolinguística de preconceito linguístico, termo
do qual trataremos na seção a seguir.
Nesse sentido, não existe correto ou incorreto quando se descreve a língua materna de
um falante. A variedade utilizada por um falante em sua comunidade cumpre suas funções de
comunicação e apresenta uma organização gramatical e lógica, ainda que difira em alguns
aspectos da língua padrão, seja em aspectos fonológicos, morfológicos, sintáticos, lexicais ou
outros ainda. Essa diferença pode ser vista por alguns como errada, como variedade
incorreta.
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falantes de cada variedade. Como qualquer tipo de preconceito, o linguístico é decorrente
de um pré-julgamento e de um desejo de unificar algo que sempre será diverso, por acreditar que
uma variedade é superior às demais e mais importante que elas. Nos Estados Unidos existe um
grupo de pessoas conhecido como language mavens (ou especialistas da linguagem), que
apontam um declínio do “bom inglês” no linguajar de jornais e outras publicações que não utilizam
o inglês que denominam de “real”.
Diante disso, podemos nos perguntar: o que é o “inglês real” para estas pessoas? E o que
é um “bom inglês”? Para este grupo, apenas a variedade padrão da língua é a correta, sendo as
demais variedades formas ilegítimas de se utilizar a língua inglesa. Esta concepção, porém, não
considera a diversidade decorrente de fatores geográficos, sociais, culturais, identitários e tantos
outros que influenciam no surgimento e utilização de uma variedade linguística.
A escola deve respeitar os dialetos, entendê-los e até mesmo ensinar como essas
variedades da língua funcionam, comparando-as entre si; entre eles deve estar incluído o
próprio dialeto de prestígio, em condições de igualdade linguística. A escola também deve
mostrar aos alunos que a sociedade atribui valores sociais diferentes aos diferentes modos de
falar a língua e que esses valores, embora se baseiem em preconceitos e falsas
interpretações do certo e do errado linguísticos, têm consequências econômicas, políticas e
sociais muito sérias para as pessoas.
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Assista ao filme “My Fair Lady”, de George Cukor, que aborda, entre outros
aspectos, a questão da variação linguística, especialmente a variação decorrente de classes
sociais diferentes. O filme, de 1964, é um clássico dos cinemas e nos faz pensar sobre
preconceito linguístico e outras questões, abordadas já na década de 1960.
Veja a sinopse:
Audrey Hepburn nunca esteve tão maravilhosa quanto neste show musical de tirar
o fôlego, que ganhou oito Oscars da Academia em 1964, incluindo Melhor Filme. Nesta
adorável adaptação do sucesso da Broadway, Hepburn interpreta uma espevitada
vendedora de rua em Londres, a qual um arrogante professor (Rex Harrison) tenta
transformar em uma dama sofisticada, depois de um rigoroso treinamento. Mas, quando a
humilde florista conquista a elite londrina, seu professor vai aprender mais do que uma lição.
A atuação de Hepburn, com seu estilo doce e espirituoso, fez de My Fair Lady um clássico
de todos os tempos.
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RESUMO
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Todas as variedades de uma língua são sistemas complexos e completos
que permitem a comunicação eficiente entre seus falantes. Essas variedades
caracterizam a identidade de seus falantes e atendem às suas necessidades de
comunicação. Como acontece com a Língua Portuguesa, as variedades na Língua
Inglesa também sofrem preconceito, são discriminadas. É preciso considerar o
contexto social de produção pelos falantes de cada variedade. Como qualquer tipo
de preconceito, o linguístico é decorrente de um pré-julgamento e de um desejo de
unificar algo que sempre será diverso, por acreditar que uma variedade é superior
às demais e mais importante que elas.
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REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
PENNINGTON, M. C. Phonology in English language teaching: an international
approach. London and New York: Longman, 1996.
43
SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de linguística geral. Tradução Antônio Chelini,
José Paulo Paes e Izidoro Blikstein. 27. ed. São Paulo: Cultrix, 2006.
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