Você está na página 1de 25

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

DIABETES GESTACIONAL

Profa. Danielle Góes da Silva


Disciplina Nutrição Materno-Infantil
DIABETES GESTACIONAL

• Definição:
É a intolerância glicose, em variados
graus de intensidade, diagnosticada
pela primeira vez durante a
gestação, e que pode ou não
persistir após o parto
Epidemiologia

• Prevalência em mulheres atendidas no SUS= 7,6%

• Aumento da incidência nos EUA = 12%

• Reversibilidade alta dos níveis glicêmicos após o parto

• 40 a 60% pode desenvolver DM tipo II após 20 anos


CLASSIFICAÇÃO DO DIABETES
ASSOCIADO A GRAVIDEZ

1) DIABETES PRÉ-GESTACIONAL
Diabetes com diagnóstico prévio a gravidez

2) DIABETES GESTACIONAL
Com início ou reconhecimento durante a gravidez
ALTERAÇÕES METABÓLICAS DA GRAVIDEZ
QUE FAVORECEM O DIABETES

• Elevação dos hormônios antagonistas da insulina


(estrógênio, progesterona, cortisol, prolactina,
lactogênio placentário) - reduz eficácia da insulina
• Degradação placentária da insulina
• Maior resistência a ação periférica da insulina (no 2
trimestre de gestação)
• Elevação dos níveis séricos de glicocorticoídes
(estímulo a gliconeogênese)
Aspectos etiológicos do DG

• Redução na secreção pancreática de insulina

• Redução no número de receptores de insulina

• Diminuição da relação molar insulina/glucagon

• Aumento dos hormônicos antagonistas a


insulina (progesterona, estrogeno, HPL, cortisol)
ALTERAÇÕES METABÓLICAS DA GRAVIDEZ
QUE FAVORECEM O DIABETES

• 1o trimestre da gestação: tendência a hipoglicemia → ↓


necessidade de insulina

• 2o trimestre de gestação: rápido ↑ da necessidade de


insulina, menor eficácia da insulina pós-prandial e >
resistência periférica tecidual

• 3o trimestre de gestação: atuação dos fatores


hiperglicemiantes e anti-insulínicos → ↑ glicemia e
necessidade de insulina

• Após o parto: ↓ níveis de hormônios antagônicos com a


eliminação da placenta → ↓ necessidade de insulina
Hiperglicemia + Hiperinsulinismo + Insensibilidade
tecidual a ação da insulina

Estado de diabetes gestacional


ALTO RISCO PARA DIABETES
GESTACIONAL
• Idade maior que 25 anos;
• Obesidade ou ganho excessivo de peso na gravidez atual;
• Deposição central excessiva de gordura corporal;
• História familiar de diabetes em parentes de 1º grau;
• Baixa estatura (≤ 1,50cm)
• Crescimento fetal excessivo, poliidrâmnio, hipertensão ou
préeclâmpsia na gravidez atual;
• Antecedentes obstétricos de morte fetal ou neonatal, de
macrossomia ou de diabetes gestacional.
REPERCUSSÕES DO DG

• COMPLICAÇÕES MATERNAS: abortamento, toxemia


gravídica, poliidrâminios.

• COMPLICAÇÕES FETAIS: macrossomia, anomalias


congênitas, sindrome da angústia respiratória,
hipoglicemia, hiperbilirrubinemia, hipoxia, hipocalcemia,
mortalidade perinatal.
RASTREAMENTO DO DG
– 1a consulta pré-natal: alteração glicemia de jejum pode sugerir
diabetes pré-gestacional.
– Após 20a semana gestacional: investigação do DG
Rastreamento positivo (glicemia > 85mg/dL) indica a
necessidade de teste diagnóstico.

Formas de confirmação do diagnóstico por:


-Teste de glicemia em jejum: glicemia ≥ 110 mg/dL = DG

-Teste de Tolerância a Glicose (50g de glicose em 1 h) –


no dia da consulta : glicemia > 140mg/dL

-Teste de Tolerância a Glicose (75g de glicose em 2 h)


(preconizado pela OMS e ADA) no dia da consulta
glicemia > 140mg/dL
ASSISTÊNCIA A GESTANTE
DIABÉTICA

OBJETIVO: garantir adequada evolução da gravidez


e o controle do diabetes (glicemia de jejum <
95mg/dL e pós-prandial <120mg/dL), reduzindo a
possibilidade de riscos.

OBS: Gestante com diabetes pré-gestacional =


controle metabólico rigoroso
Assistência a Gestante Diabética

1) Verificar controle da glicemia

- Glicemia de jejum < 95mg/dL e pós-prandial


<120mg/dL

- Insulinoterapia é recomendada nos casos de


glicemia de jejum ≥ 105mg/dL e pósprandial (2hs)
≥ 120mg/dL e macrossomia fetal
2) Avaliar alguns sinais e sintomas clínicos
- Sintomas como náuseas, vômitos, azia, salivação excessiva,
fraqueza e desmaios, obstipação intestinal e flatulência
hemorróidas.
- Sinais específicos de carência de nutrientes
- Pressão arterial

3) Monitorar o ganho de peso


Se abaixo ou acima do recomendado= atenção especializada
4) Avaliar criteriosamente a dieta habitual

- No de refeições, horários e intervalos


- Variedade dos grupos alimentares
- Verificar ingestão abusiva de alimentos diet e de alimentos
muito calóricos
- Tabus, alergia e/ou intolerância alimentar.
- Ingestão de substâncias não alimentares (malácia ou pica)

** Aplicação do questionário de freqüência semiquantitativo


fornece boas informações
5) Verificar a ingestão energética

A necessidade energética deve ser feita


preferencialmente de acordo com a adequação do
peso da gestante.
PRESCRIÇÃO DA DIETA PARA
GESTANTES COM DG
-Dieta Individualizada e normocalórica

30 a 35kcal/kg de peso ideal


Gestantes com sobrepeso e obesas (24kcal/kg peso ideal):
sugere-se redução de 30% da NEE e ingestão energética com até 1800
kcal/dia + monitoramento da cetonúria e do ganho de peso

ou

ADA (2000) – considerar o peso do imc de eutrofia


como 100% e encontrar a adequação do peso
Calcule o peso adequado com
base no IMC adequado. Considerando
a tabela de IMC por idade gestacional.

Valores sugeridos pelo ADA (2000)


-Distribuição calórica:

50 a 60% de carboidratos (mínimo de 175g)

CHO simples máximo de 10 a 15% da qtde de CHO total

10 a 20% de proteínas (60g/dia)

< 30% de lipídeos

< 10% saturado, ≤ poliinsaturados, colesterol<200 mg/dia)


- Fibras: 20 a 35g/dia

- Atenção com nutrientes como ferro, ácido fólico e vitamina A

- Observar o índice glicêmico dos alimentos nas refeições

- Distribuição energética por refeições (ADA, 1995)


Desjejum= 10 a 15%
Colação= 5 a 10%
Almoço = 20 a 30%
Lanche da tarde = 10 a 15%
Jantar = 30%
Ceia= 5 a 10%

- Conduta para hiperglicemia matinal – reduzir alimentos com


alto IG, limitar os carboidratos da dieta (10 a 30g), preferir
alimentos ricos em proteínas, modificar a dose de insulina
OBS: Nos casos de uso de insulina, programar as
maiores refeições nos horários de pico de ação

• Limitar consumo de frutas (2unid/dia ou até 300g)

• Não consumir com frequência sucos de frutas, e quando


consumir estes devem ser diluídos em água

• Utilizar com moderação edulcorantes (acessulfame-K,


sucralose, aspartame, steviosídeo, neotame) e produtos
dietéticos. Ciclamato é o de maior restrição. Sacarina
deve ser restrito o uso (placenta é permeável a
sacarina).
• Incentivar prática de atividade física (caminhada,
hidroginástica, natação) – observar a freqüência
cardiaca (máximo 140 bpm).

• Não é recomendado uso de antidiabéticos orais


(metformina...) – efeito teratogênico

• No pós-parto:
- Estímulo ao aleitamento materno
- Pode ou não haver necessidade da insulina

Você também pode gostar