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ÍNDICE

ÍNDICE ............................................................................................................................................................... 1
SUMÁRIO ........................................................................................................................................................... 2
INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................... 2
ENQUADRAMENTO TEÓRICO ............................................................................................................................. 2
1. Necessidades Energéticas ....................................................................................................................... 2
2. Necessidades em micronutrientes – A necessidade de suplementação ................................................... 3
3. Anemia na gravidez e alimentação ......................................................................................................... 3
4. Hipertensão na gravidez e alimentação .................................................................................................. 3
5. Outras Recomendações – para prevenir problemas na gravidez ............................................................. 4
METODOLOGIA .................................................................................................................................................. 5
1. Recolha de dados ................................................................................................................................... 5
2. Determinação da composição corporal................................................................................................... 5
3. Determinação das necessidades energéticas .......................................................................................... 5
4. Elaboração do plano alimentar ............................................................................................................... 5
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS............................................................................................... 6
CONCLUSÃO ...................................................................................................................................................... 6
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................................................................... 7
ANEXOS ............................................................................................................................................................. 8
Anexo 1 - PROCESSO DIETÉTICO ................................................................................................................. 8
ANEXO 2 - CARACTERIZAÇÃO DA GRAVIDEZ ............................................................................................... 8
ANEXO 3 – ANAMNESE ALIMENTAR ........................................................................................................... 8
ANEXO 4 - COMPOSIÇÃO CORPORAL .......................................................................................................... 9
ANEXO 5 - CÁLCULOS NUTRICIONAIS.......................................................................................................... 9
ANEXO 6 - CONSTRUÇÃO DE DIETA COM BASE NO FOOD EXCHANGE SYSTEM .......................................... 10
ANEXO 7 - PLANO ALIMENTAR ................................................................................................................. 11
SUMÁRIO
Este estudo teve como objectivo a elaboração de um plano alimentar adequado às características de uma
participante grávida de 23 semanascom valores de hemoglobina sanguínea baixos e uma história de pressão
arterial elevada numa gravidez anterior. Para isso foi realizada uma revisão bibliográfica sobre nutrição na
gravidez e, mais especificamente, sobre as necessidades nutricionais de uma grávida com anemia e hipertensão.
A metodologia incluiu uma entrevista individual e a realização de cálculos nutricionais para obter os valores de
necessidades nutricionais necessários à elaboração do plano alimentar. Este foi realizado considerando os
hábitos alimentares e gostos da participante e as suas reais necessidades nutricionais. Foi também elaborado um
documento de recomendações gerais e uma prescrição de suplementação.

INTRODUÇÃO
A promoção de um estado nutricional equilibrado na mulher grávida é fundamental para o desenvolvimento de
uma gestação saudável e, consequentemente, para o crescimento e desenvolvimento adequados do bebé. Assim,
a dieta da grávida, através dos alimentos e/ou suplementos, deverá fornecer todos os nutrientes necessários ao
equilíbrio daquele organismo em gestação, considerando a especificidade de cada organismo e as necessidades
fisiológicas e psicológicas que caracterizam esta fase da vida. Este estudo teve como objectivo a elaboração de
um plano alimentar adequado às características da participante cujo caso clínico é apresentado de seguida.
Apresentação do caso clínico Indivíduo do sexo feminino com 32 anos, com uma actividade profissional
sedentária e praticante de actividade física 3 vezes por semana (Pilates e Localizada). A praticante encontra-se na
23ª semana de gestação, sendo esta a sua 2ª gestação. A gestação anterior correu bem, no entanto, a praticante
apresenta uma tendência para valores baixos de hemoglobina sanguínea e, na primeira gestação apresentou
valores de pressão arterial elevados no 3º trimestre de gravidez e no período peri.-natal. Neste momento a
praticante apresenta valores de Hemoglobina sanguínea (Hb) de 10,5 mg/dl e pressão arterial de 110/70.
(Processo dietético em anexo: Anexo I)

ENQUADRAMENTO TEÓRICO
Mesmo que a dieta pré-gestacional seja equilibrada, durante a gravidez, dadas as necessidades nutricionais
específicas da mulher nesta fase da vida e do bebé em gestação, é necessário alterar a dieta da mulher para que
esta contribua para uma gravidez saudável e bem sucedida. Evidências médicas sugerem que bebés que têm que
se adaptar a um fornecimento de nutrientes limitado durante a gestação, estão constantemente a alterar a sua
fisiologia e o seu metabolismo basais, o que pode estar na origem de doenças degenerativas ao longo da vida. Da
mesma forma, gestantes nutricionalmente debilitadas, apresentam um maior risco de desenvolver problemas de
saúde durante e depois da gravidez (1,2).

1. Necessidades Energéticas

Idealmente, a mulher deveria iniciar uma gravidez com um estado nutricional óptimo ganhando peso, ao longo
deste período, de forma adequada à promoção da sua saúde e do bebé. Desta forma a energia necessária, nesta
fase, será aquela que permite a manutenção de uma gravidez activa. De acordo com a análise de Abrams et al,
as recomendações relativas ao ganho de peso na gravidez do Institute of Medicine são as que se associam a
melhores resultados tanto para a mãe como para o bebé. São elas de 12,5 a 18 Kg e de 11,5 a 16 Kg, para
mulheres com IMC baixo e normal respectivamente, correspondendo ao peso do bebé e estruturas que o
suportam, dos tecidos e fluídos aumentados da mãe e dos depósitos de gordura. O aumento de peso deverá
ocorrer essencialmente durante o 2º e 3º trimestres de gravidez (11%, 47% e 42% no 1º, 2º e 3º trimestres
respectivamente).(3) Como resultado deste aumento de tecidos, o organismo tem que utilizar mais nutrientes
necessários ao crescimento e manutenção destes, pelo que as necessidades nutricionais, nomeadamente as
energéticas, aumentam durante a gravidez. Este aumento da taxa de metabolismo basal (TMB) acontece
principalmente durante a segunda metade da gravidez, tendo sido estimado (para um aumento de peso total de
12 Kg) em 375, 1200 e 1950 Kj/dia para o 1º, 2º e 3º trimestres respectivamente (3).
2. Necessidades em micronutrientes – A necessidade de suplementação

As vitaminas e os minerais são fundamentais para o correcto funcionamento do organismo. A deficiência nestes
nutrientes traduz-se no funcionamento pouco eficiente do organismo e pode afectar o crescimento fetal.(1,4) Os
estudos indicam que, mesmo consumindo uma dieta saudável e equilibrada, a maioria das pessoas não recebe a
quantidade de micronutrientes necessária ao correcto funcionamento do organismo. Isto contece porque, por um
lado, à partida já não é fácil cumprir as recomendações diárias (RDA) de todos os micronutrientes e, por outro
lado, existem vários factores que diminuem a qualidade nutricional dos alimentos que consumimos hoje. Solos
cansados e, por isso, desmineralizados, o processamento a que os alimentos são sujeitos, o tempo que os
alimentos levam a chegar da sua origem ao consumidor, o tempo de prateleira, as condições de conservação,
entre outros, são alguns destes factores.(1,4) Como se sabe, e de acordo com a recomendação da OMS, a
suplementação em ácido fólico e ferro é fundamental para uma gravidez saudável. Os estudos comprovam que a
suplementação desta vitamina antes e durante a gestação minimiza o risco de malformações no bebé, e o Ferro
torna-se muito importante dadas as necessidades aumentadas pelo aumento do volume sanguíneo. A deficiente
ingestão de alimentos ricos em Ferro, em conjunto com a baixa biodisponibilidade deste nos alimentos devido à
presença de outras substâncias inibidoras da sua absorção, são factores responsáveis pela deficiência em Ferro
do organismo. (5) Mas os outros micronutrientes (vitaminas e minerais) são também necessários em quantidades
superiores ao habitual e, por vezes, é necessário suplementar. Nomeadamente no caso do zinco, existem mais
estudos que comprovam a necessidade de suplementação deste mineral durante a gravidez do que de qualquer
outro micronutriente. Por outro lado, se as vitaminas B12 e B6 não estiverem presentes em quantidade
suficiente, o papel do ácido fólico fica comprometido.(1) A suplementação com fórmulas multivitamímicas e
multiminerais durante a gravidez tem vindo a ser associada a uma maior redução do risco de baixo peso à
nascença do que a tradicional suplementação com ferro e ácido fólico.(4) A suplementação com
multimicronutrientes pode ter desvantagens como interacções adversas entre os micronutrientes, a promoção ou
inibição da absorção de uns por outros, efeitos indesejáveis por excesso de algum dos componentes e o custo
(4).

3. Anemia na gravidez e alimentação

A anemia continua a ser, hoje, um problema de saúde pública. De acordo com a Organização Mundial de Saúde
(OMS), a anemia pode atingir cerca de 52% das grávidas nos países em desenvolvimento. Esta condição é, na
maioria das situações, resultado de deficiência em Ferro na hemoglobina, embora também possa acontecer por
deficiência em vitamina B12, ácido fólico, manganésio ou vitamina B6, que resultam de uma alimentação
desequilibrada, infecções recorrentes, perdas de sangue na menstruação e gravidezes consecutivas. (1, 5) A
deficiência em Ferro durante os dois primeiros trimestres de gravidez aumenta o risco de parto prematuro, baixo
peso à nascença e mortalidade infantil e é um indicador que pode predizer de deficiências em Ferro na criança
após os 4 meses de idade. Assim é muito importante diagnosticar e tratar a anemia de forma a promover uma
boa saúde da mãe e do bebé. (5) A suplementação em Ferro durante a gravidez é especialmente importante
porque as necessidades da mulher e do feto aumentam ao longo deste período, não sendo possível responder-
lhes sem a referida suplementação.(5) Geralmente, a suplementação com 20mg de Ferro (no estado ferroso) é
suficiente para aliviar este problema que se manifesta através de sintomas como palidez, cansaço, ardor na
língua e sensação de peso nos ombros. (1) Ocasionalmente, de acordo com as análises bioquímicas realizadas ao
longo da gravidez, poderão ser necessárias suplementações maiores (40mg), no entanto, é preciso ter cuidado
de forma a não colocar em causa a absorção de outros minerais essenciais como o zinco. Por outro lado, os
estudos têm demonstrado que a suplementação com maiores quantidades de Ferro não se traduz,
necessariamente, num aumento do seu valor na hemoglobina. A ingestão de alimentos ricos em Ferro e ricos em
vitamina C, que promove a absorção do Ferro, em simultâneo, tem resultados mais benéficos. (1)

4. Hipertensão na gravidez e alimentação


A pressão arterial alta na gravidez, ainda mais quando associada a edema dos tornozelos, pode ser um dos
primeiros sintomas de pré-eclâmpsia, que afecta entre 2% a 7% das grávidas, e é a principal causa de
morbilidade e mortalidade materna e factor de risco para o desenvolvimento de doença cardiovascular tanto na
mãe como no bebé, nomeadamente hipertensão na idade adulta.(1,6,7) De acordo com o estudo de Mistry et al,
as mães e bebés que sofrem desta patologia apresentam níveis aumentados de stress oxidativo, estando a
actividade da glutatião peroxidase reduzida na placenta. Isto pode dever-se a deficiências nutricionais que
afectam o mecanismo antioxidante, nomeadamente, relacionadas com a disponibilidade de selénio. A redução
daqueles enzimas pode implicar o aumento da produção de lipoperoxidases tóxicas, contribuindo, assim, para a
disfunção endotelial e hipertensão características da pré-eclâmpsia (6,7).

5. Outras Recomendações – para prevenir problemas na gravidez

É necessário ter atenção a determinados alimentos e confecções que normalmente não representariam qualquer
problema mas, na grávida, promovem o aumento do risco de infecções (e.g. toxoplasmose) e intoxicações
alimentares (e.g. salmonela) com consequências graves para o bebé em desenvolvimento.
METODOLOGIA

1. Recolha de dados

Foi elaborado um documento (Processo Dietético em anexo – Anexo I) onde foram registados os dados recolhidos
em entrevista individual com a participante no estudo. Os dados foram organizados em diferentes categorias de
informação: Identificação; Estado de saúde geral e Estratificação de Risco; Caracterização da Gravidez;
Anamnese Alimentar; Composição corporal/Medidas Antropométricas.

2. Determinação da composição corporal

Para a determinação da composição corporal da participante antes da gravidez foram utilizadas as fórmulas de
Jackson & Pollock (1980) (18-55 anos) e de Jackson, Pollock & Ward (1980) (18-55 anos) para o cálculo da
densidade corporal (DC) e a Formula de Siri para a população geral para o cálculo da percentagem de massa
gorda (MG) e massa livre de gordura (MLG). (8) Foi também determinada a composição corporal expectável para
as 37 semanas de gravidez através da fórmula de Paxton et al (1998)(9). Os cálculos encontram-se em anexo.
(Anexo II)

3. Determinação das necessidades energéticas

As necessidades energéticas foram calculadas através de várias fórmulas: American Heart Association,
FAO/UNU/WHO (1985), Harris-Benedict (1919), Cunningham (1991); tendo sido aplicados os factores de
correcção com base no nível de actividade física (2 – entre o muito ligeiro e ligeiro – dadas a diminuição da
actividade física realizada pela participante) acrescido o gasto energético correspondente ao período de
gravidez em causa (Cálculos em anexo: Anexo II).

4. Elaboração do plano alimentar

Construiu-se um plano alimentar com base no Food Exchange System, procurando encontrar várias sugestões de
refeições equilibradas respeitando os hábitos da participante e atendendo às suas necessidades nutricionais,
determinadas anteriormente (Anexos III e IV).
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A participante do estudo, tem 32 anos, encontra-se na 23ª semana de gestação, e antes da gestação tinha uma
vida activa que tenta manter. Dado o historial da gravidez anterior, verificou-se que a sua pressão arterial
(111/77 mmHg) se encontra dentro dos valores normais, estando o seu nível de hemoglobina (10,5 mg/dl) abaixo
do ideal. A entrevista denunciou também a existência de uma hérnia inguinal e de uma variz vaginal que causam
bastante desconforto à participante e, por isso, diminuem a sua predisposição para a actividade física. Na
gravidez anterior a participante sofreu edema dos tornozelos, nesta gestação ainda não sentiu qualquer
desconforto a esse nível. Ainda no que diz respeito à Estratificação do Risco, a história familiar da participante
refere antecedentes de anemia ferropénica (mãe) e hipertensão (pai), bem como alergias alimentares severas
manifestadas por eczema severo no seu primeiro filho, pelo que o combate a estas patologias, foi tido em conta
na elaboração do plano alimentar. A anamnese alimentar indicou hábitos alimentares equilibrados no que diz
respeito ao número de refeições bem como ao seu conteúdo, indicando apenas a necessidade de alguns ajustes,
como se refere mais à frente, nas escolhas de alguns alimentos, como por exemplo algumas frutas promotoras
de capacidade antioxidante ou cereais integrais ricos em fibra e vitaminas, e suplementação de micronutrientes
que não está a fazer no momento. Os cálculos da composição corporal da participante antes da gravidez (21,6%
de massa gorda) indicam um estado nutricional pré-gestacional equilibrado, sendo o seu ganho de peso até ao
momento de 4 Kg. Se considerarmos as recomendações referidas anteriormente e esperarmos um aumento de
peso total de 11,5 Kg durante a gestação (valor, por sinal, semelhante ao aumento de peso que a participante
teve na gravidez anterior), estamos perante 34,7% desse aumento de peso. Este é um valor mais baixo do que o
expectável (11% no 1º trimestre mais 47% no segundo), não parecendo, à primeira vista, preocupante, uma vez
que o desenvolvimento do bebé se encontra dentro dos padrões normais, mas requer atenção uma vez que se
pode estar a colocar em causa o desenvolvimetno adequado do bebé, não apenas em termos morfológicos. Por
outro lado, os cálculos da composição corporal prevista para as 37 semanas, indicam um ganho de massa gorda
relativamente ao valor pré-gestacional de cerca de 8 Kg, o que se encontra acima dos valores encontrados nos
estudos analisados por Butte & King.(9) Este facto poderá relacionar-se com a diminuição da actividade física da
participante desde o final do primeiro trimestre de gravidez, devido ao desenvolvimento de uma hérnia inguinal
e de uma variz vaginal, bem ao aumento da frequência de contracções, que estarão, eventualmente, na origem
de uma diminuição da massa muscular e aumento do conteúdo de massa gorda do seu corpo. A diminuição da
massa muscular poderá explicar o menor peso ganho até aqui, uma vez que essa massa muscular perdida pesaria
mais, enquanto a massa gorda ganha ocupa mais volume, aumento de volume esse referido pela participante
como diferença relativamente à gravidez anterior em que, nesta fase tinha ganho o mesmo peso mas sentia-se
“mais magra”. Optou-se, então, por utilizar como factor de actividade no cálculo das necessidades energéticas o
valor 2, entre o muito ligeiro e o ligeiro, uma vez que a participante nos referiu essa grande diminuição no seu
empenho na actividade física pelo desconforto. O cálculo das necessidades energéticas traduziu-se,
então, num valor médio de 2631 Kcal/dia para o 3º trimestre de gravidez. Com base neste valor e utilizando o
Food Exchange System, construiu-se um plano alimentar, de acordo com os gostos e hábitos alimentares da
participante e, seguindo as recomendações referidas anteriormente no que se refere à necessidade de consumo
de alimentos ricos em micronutrientes como o Ferro, a Vitamina C ou o Selénio para combater a tendência para
a anemia, bem como evitar a promoção da hipertensão ou o desenvolvimento de outras patologias ou infecções
com consequências graves para a mãe e para o bebé (diabetes gestacional, toxoplasmose, salmonela). Procurou-
se assim, fornecer várias opções de refeições equilibradas e saudáveis, na perspectiva de promover um estado
nutricional equilibrado ao longo do restante período de gravidez, de forma a promover o correcto
desenvolvimento do bebé e a saúde tanto deste como da mãe. Para além do plano alimentar foi elaborado um
documento com o título de “Recomendações Gerais” (Anexo V) no qual se referem vários aspectos a ter em
conta diariamente relativamente à alimentação, bem como um conjunto de medidas a tomar relativamente à
prevenção de infecções e intoxicações alimentares. Foi ainda fornecida uma prescrição de suplementação
(Anexo VI) de forma a ir de encontro às necessidades de uma mulher grávida, com mais de 30 anos e com
antecedentes de alergias alimentares graves manifestadas por eczema grave no seu primeiro filho (1).

CONCLUSÃO
Os hábitos alimentares referidos pela participante eram, à partida, aparentemente equilibrados, tendo sido
apenas feitos ajustes no conteúdo de algumas refeições. Elaborou-se um conjunto de recomendações gerais com
o objectivo de fornecer mais ferramentas para a escolha diária de refeições variadas e equilibradas, bem como
uma prescrição de suplementação que a participante deverá iniciar imediatamente de forma fornecer ao seu
organismo, e ao bebé, os micronutrientes necessários ao desenvolvimento saudável desta gestação,
nomeadamente no que se refere ao combate ao stress oxidativo e à anemia. A diminuição de actividade física
consequente do desenvolvimento da hérnia inguinal e da variz vaginal, e do aumento da frequência de
contrações, poderá estar na origem de uma diminuição da massa muscular e aumento da massa gorda corporal
da participante, o que, por sua vez, pode explicar o aumento de peso abaixo do expectável para a fase de
gravidez eo aumento de volume corporal sentido pela participante.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Holford, P. & Lawson, S. (2004). Optimum Nutrition Before During and After Pregnancy. London: Piatkus Books
Ltd;

2. Cox, J.T. & Phelan, S.T. (2008). Nutrition during pregnancy. Obstet Gynecol Clin Am, 35(3):369-83, vii.

3. Butte, N.F. & King J.C. (2005). Energy requirements during pregnancy and lactation. Public Health
Nutrition: 8 (7A), 1010-1027

4. Shah, P.S. & Ohlsson, A. (2009). Effects of prenatal multinutrient supplementation on pregnancy outcomes: a
meta-analysis. CMAJ, 180(12): E99- E108.

5. Gautam, C.S., Saha, L. , Sekhri, K. & Saha, P.K. (2008). Iron Deficiency in Pregnancy and the Rationality of Iron
Supplements Prescribed During Pregnancy. J.Med, 10(12):283.

6. Mistry, H.D., Wilson, V., Ramsay, M.M., Symonds, M.E. & Pipkin, F.B. (2008). Reduced Selenium Concentrations
and Glutathione Peroxidase Actvity in Preeclamptic Pregnancies. Hypertension, 52: 881-888.

7. Nuyta, A.M. & Alexanderb, B.T. (2009). Developmental programming and hypertension. Curr Opin Nephrol
Hypertens, 18(2): 144–152.

8. Raaij J.M.A., Peek E.M., Vermaat-Miedema S.H., Schonk C.M. & Hautvast J.G.A.J. (1988). New equations for
estimating body fat mass in pregnancy from density or total body water. Am J Clin Nutr, 48, 24-29

9. Paxton, A., Lederman S.A., Heymsfield, S.B., Wang, Thornton, J.J.C., & Pierson Jr R.N. Anthropometric equations
for studying body fat in pregnant women. Am J Clin Nutr 1998;67:104–10.
ANEXOS
Anexo 1 - PROCESSO DIETÉTICO
Nome: Data de Nasc 19/06/1977
Profissão: Instrutora de Fitness e Dietista Idade: 32 anos
Morada:
Contacto: Telefone: E-mail:
Contacto em caso de Emergência: Nome: Telefone:
Médico Assistente: Nome: Contacto:

Estado de Saúde Geral e Estratificação do risco


Actividade física Estruturada Pilates 2 vezes por semana + Localizada 2 vezes por semana
habitual
Não estruturada inclui Percursos a pé 2 vezes por semana (3 percursos de 20
(características da ocupação minutos/dia); A fazer pós-graduação
habitual)
Análises clínicas (1º Colesterol (pré-gest) Col-Total: 190 Col-HDL: 45 Col-LDL:
trimestre) mg/dl
Triglicéridos (pré-gest) Glicemia: Hb:
mg/dl
Outros/Observações: Não imune à toxoplasmose
Pressão arterial PAS (1) 106 PAS (2) 116 PAS (3) 111 Média PAS 111
(mmHg)
Pressão arterial PAD(1) 72 PAD (2) 83 PAD (3) 75 Média PAD 77
(mmHg)
FC repouso FC (1) 101 FC (2) 98 FC (3) 97 Média FC 99
Perturbações Hérnia inguinal que tem dificultado a actividade física e uma variz vaginal (início na
ortopédicas, gravidez anterior e nesta agravaram-se); Tendência para retenção de líquidos - má
metabólicas ou circulação linfática; Tendência para anemia ferropénica (nas gravidezes e fora delas)
outras
História Familiar Anemia ferropénica na família materna, Neoplasias e Hipertensão na família paterna
(mama, próstata, pâncreas), 1º filho tem alergias alimentares severas que se
manifestam por eczema severo
Tabagismo Não Bebidas alcoólicas Não Sono Pouco tranquilo – tem um bebé
com 20 meses que dorme mal

ANEXO 2 - CARACTERIZAÇÃO DA GRAVIDEZ

Primeiro filho? Sim □Não x


Número de gravidezes anteriores: Nº de filhos: 1 (Miguel)
Complicações em gravidezes anteriores: Pressão arterial elevada no final da gravidez anterior, parto e
primeira semana após o parto (130/90 até 145/95) associada a edema dos tornozelos

DPP 14 /06 /2010


Tipo de parto previsto: Eutócico (anterior foi cesariana – não fez dilatação)
Local previsto para o parto: Hospital de Sta Maria (Nome: Sofia)

ANEXO 3 – ANAMNESE ALIMENTAR

Anamnese Alimentar Peq almoço 8h30 2 fatias de pão ou 3 tostas com manteiga ou queijo fresco
de barrar + chá (sem açúcar). Às vezes uma fatia de bolo
caseiro (1 vez por semana)

Meio Manhã 1 11h30 1 Queijo fresco + 4 bolachas Maria


Meio
Meio manhã 2
Almoço 14h00 Sopa (às vezes) + Prato – Carne ou peixe com arroz (branco
ou integral – varia) ou massa e legumes cozidos ou
salteados ou assados(traz de casa) ou 1 Empada + 1 Sumo
de laranja natural
Água

Lanche 1 16h00 Fruta (Morangos ou Laranja ou Manga ou Maçã) + 3 ou 4


bolachas Torrada ou Maria

Lanche 2 18h.00 4 ou 5 Nozes (metades), ou 1-2 Fatias de Pão (branco ou


integral – varia) com manteiga ou compota light + Chá
Jantar 21h.00 Prato: Carne ou peixe com arroz ou massa ou batata e
legumes e leguminosas (cozidos, salteados, assados). Água
Ceia 23h.00 Ás vezes chá e bolachas Maria (2-3 vezes por semana)
Doces Muito gulosa
Gordura O azeite é a gordura que usa nos assados, grelhados e estufados
Agua /dia 1,5l
Chá/dia 1 a 2 (verde ou camomila)
Café/dia Não gosta
Refrigerantes Não gosta
Observações Mastigação rápida e não gosta de leite

Suplementação: Apenas Ferro e Ácido fólico

ANEXO 4 - COMPOSIÇÃO CORPORAL

Altura: 1,60 m Peso pré-gestacional: 52 Kg


Data de Nascimento
Data de oservação 23/02/2010
Medidas Antropométricas 24 semanas
Peso actual (Kg) 56 Kg
Subescapular 9,8mm
Peitoral 7,4mm
Midaxilar 10mm
Suprailíaca 14,8mm
Abdominal 27mm
Tricipital 13,6mm
Bicipital 8mm
Perímetro Crural 27,4mm
Perímetro Geminal 16,6mm
Perímetro do Pulso 146mm
Observações:

ANEXO 5 - CÁLCULOS NUTRICIONAIS

AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL ANTES DA GRAVIDEZ

Jackson & Pollock (1980) (18-55)


DC = 1.0994921 - 0.0009929 (TRI + SIL + CRL) + 0.0000023 (TRI + SIL + CRL)2– 0.0001392 (idade)
SEE = 0,7090
= 1,0994921 – 0,0009929 (13,6+14,8+27,4) + 0,0000023 (13,6+14,8+27,4)2
– 0,0001392 (32)
= 1,0994921 – 0,0009929 (55,8) + 0,0000023 (55,8)2 – 0,0044544
= 1,0994921 – 0,0554038 + 0,0000023 (3113,64) – 0,0044544
= 1,0994921 – 0,0554038 + 0,0071614 – 0,0044544
= 1,0467953

Jackson, Pollock & Ward (1980) (18-55)


DC = 1.097 – 0.00046971 (PTL+MDX+TRI+SBS+ABD+SIL+CRL) + 0.00000056 (PTL+MDX+TRI+SBS+ABD+SIL+CRL)2 –
0.000128228 (idade)
SEE = 0.0080
= 1,097- 0,00046971 (7,4+10+13,6+9,8+27+14,8+27,4) + 0,00000056 (7,4+10+13,6+9,8+27+14,8+27,4)2 -
0,000128228 (32)
= 1,097- 0,00046971 (110) + 0,00000056 (110)2 – 0,004103296
= 1,097 – 0,0516681 + 0,006776 – 0,004103296
= 1,048004604

Formula de Siri para a população geral:


%MG = [(5.01 / DC) - 4.57] x 100
= [(5.01 / 1,047399952) - 4.57] x 100
= 21,33% MG
Kg Gord = 21,33% * 56 = 11,94 Kg de MG
MLG = 56-11.94 kg = 44.06 Kg de MLG

AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL ÀS 37 SEMANAS


Paxton et al. (1998)
Peso em kg e todas as outras medidas em mm
MG kg = (0.40*MCT)+(0.16*(BIC37))+(0.15(CRL37))-(0.09(PPUL37))+(0.10(MCTag))

CÁLCULO DAS NECESSIDADES ENERGÉTICAS

American Heart Association


MCTag * Nível de actividade = 52 * 33 = 1716 + 263 =1979

FAO/UNU/WHO (1985)
TMB = ((14.7 x MCT) + 496) x PAL + (1ºTRI 48kcal, 2ºTRI 96kcal, 3ºTRI 263kcal)
= ((14.7 x 52) + 496) x 1,5 + 263 =
= 1890,6 + 263 = 2153,6 Kcal/dia (3ºtrimestre)

Harris-Benedict (1919)
TMB (Mulher) = 655.0955 + (9.5634 x MCT kg) + (1.8496 x EST cm) - (4.6756xIC)
= 655.0955 + (9.5634 x 52 kg) + (1.8496 x 160 cm) - (4.6756 x32)=
= (655.0955 + 497.2968 + 295.936-149.6192)*2,0=
= 1298,7091 * 1,5 = 1948,05 + 263 = 2211,05 Kcal/dia

Cunningham (1991)
TMB (adultos) = 370 + (21.6 x MLG kg)
= 370 + (21.6 x 43,9)
= 1318,24 x 1,5
= 1977,36 + 263 = 2240,36 Kcal /dia

Valor médio: 2146 Kcal/dia

ANEXO 6 - CONSTRUÇÃO DE DIETA COM BASE NO FOOD EXCHANGE SYSTEM

Dose - Alimento Gord g Prot g HC g Fibra Ca mg Calorias Doses Kcal Gord g Prot g HC g Fibra Ca mg

Colher de sopa azeite 16 140 2 280 32

Lácteos 6 8 12 300 115 2 230 12 16 24 0 600

Fruta 0,25 15 2 60 3 180 0,75 0 45 6 0


Verduras 0,17 1 5 1 17 25 8 200 1,36 8 40 8 136

Cereais (integrais) 0,3 3 15 1,5 80 8 640 2,4 24 120 12 0

Colher de sopa de sementes 3 1,15 2 2 18 40 2 80 6 2,3 4 4 36

Colher de sopa de leguminosas (4) 2 9 27 8 40 160 2 320 4 18 54 16 80

Peixe branco (100g) 3 20 10 100 1 100 3 20 0 0 10

Peixe Gordo (50g) 7 7,5 5 93 2 186 14 15 0 0 10

Quinoa (uma chávena) 3,6 8 39 5 0,112 200 1 200 3,6 8 39 5 0,112

Soja (100g) 7,5 12,5 5,6 82 140 1 140 7,5 12,5 5,6 0 82

ANEXO 7 - PLANO ALIMENTAR

Pequeno-Almoço:

2 fatias de fiambre peru + 2 fatias de pão integral + 1 fruta (laranja ou mistura de frutos silvestres –
amora, framboesa, morango) + chá

Ou
1 iogurte com mistura de cereais integrais (trigo integral ou aveia) e sementes (Linhaça, abóbora,
girassol, sésamo) e fruta (kiwi ou mistura de frutos vermelhos)

Ou
1 batido de leite de soja ou arroz (1 copo) com fruta + 2 fatias de pão integral com fiambre de peru

Meio da Manhã:
1/2 queijo curado pequeno + 4 tostas Kavli
Ou 6 a 12 amêndoas e fruta
Ou 1 cenoura crua e 6 a 12 amêndoas

Almoço:
Carne ou peixe (60g) ou soja com arroz ou massa ou batata (1 chávena e meia) e
legumes (várias cores) e/ou leguminosas cozidos/salteados/assados/grelhados (1
chávena) e salada (1 chávena)

Azeite (3 porções) para confeccionar e temperar


Água ou Chá de ervas

Lanche:
1 iogurte de soja + 6 metades de noz
Ou
1 fruta + 1 fatia de queijo curado

Lanche 2:
1 fatia de pão + manteiga vegetal + sumo diluído de fruta (1 copo)

Jantar:
Carne ou peixe (60g) com arroz ou massa ou batata (1 chávena e meia) e legumes e/ou
leguminosas cozidos/salteados/assados/grelhados (1 chávena) e salada (1 chávena)

Azeite (2 porções) para confeccionar e temperar


Água ou Chá de ervas
Ceia quando necessário:
1 iogurte de soja; 1 copo de leite de arroz; ou 1 fruta

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