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1 Considerações iniciais
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Professor de Filosofia da Educação/ UFPA.
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Professor de Didática/UFPA e aluno do curso de graduação em Filosofia nessa
mesma universidade.
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Hannah Arendt (1988) afirma que a compreensão de sociedade (“boa sociedade”)
como um domínio que incluía apenas as pessoas com tempo para o lazer e desfrute
cultural , ampliou-se com o advento da sociedade de massas em que o elemento de
compartilhamento e inclusão de todos é o entretenimento. Essa seria a via pela
qual se constituiria uma sociedade inclusiva.
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O que se pretende defender é que a estreita conexão que a Filosofia estabelece
entre virtude/ética e saber/racionalidade, ocorre igualmente com relação à
sociedade e à política.
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Para Vernant, A Filosofia jamais teria resolvido satisfatoriamente essa dificuldade.
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Tal sentimento mostra-se estranho às representações comuns a respeito da
Filosofia e do seu ensino no Brasil, vistos como ameaças históricas aos regimes
ditatoriais e, portanto, enquanto uma poderosa arma da democracia, especialmente
no que concerne aos debates públicos e às decisões políticas.
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Um exemplo privilegiado do que se afirma é o “Protágoras” de Platão (1980).
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Em Platão, tal tradução possui um sentido eminentemente político-pedagógico,
pois, no fundo a verdade enquanto tal só poderá ser realmente experimentada no
plano da intuição noética, apreensão própria do exercício filosófico e condição de
possibilidade para que o discurso não seja um mero jogo com as palavras, vício
atribuído em tom de recriminação à sofística. Com relação à linguagem técnica e
científica, pode-se defender igualmente, ainda hoje, a necessidade de tradução ou
mesmo transposição didático-pedagógica como exigência para que se cumpram
certos objetivos de uma educação geral.
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Essa tese encontra-se desenvolvida, também, em Hannah Arendt (1995) e em
menor grau no pensamento de Vernant (1989) e no de Jaeger (1989).
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As noções de instituinte e instituído foram tomadas de Castoriadis (1982,1987).
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Em se admitindo a possibilidade de a Filosofia e o filósofo atingir a essência da
política, a discussão e o debate públicos, características da democracia, consistiriam
em um ritual sem sentido, pois de um lado ter-se-ia alguém sabedor da verdade a
priori, e do outro um coletivo que precisaria ser esclarecido.
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Romeyer-Dherbey (1986) mostra a extensão de tal ambigüidade, fosse ela
desejada ou não, na indefinição de termos como pragma, chrema e métron, na
“antropologia” de Protágoras, por exemplo.
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Jaeger (1989) fala de humanismo sofístico cuja melhor tradução é a tese do
“homem-medida” que se contrapõe à ontologia que remonta à Parmênides.
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Pode-se observar a tendência não democrática de valorização da vanguarda nas
tomadas de decisão, com base na idéia de que essa - ao contrário da maioria dos
sujeitos que só estarão esclarecidos no final do processo revolucionário – conhece
os pressupostos da ciência da história.
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4 Considerações finais
Bibliografia