Manual Socorrismo - Novas Guidelines

Você também pode gostar

Você está na página 1de 130

1

MANUAL CURSO DE SOCORRISMO

2ª Edição

2016

Madeira Emergência - Associação Promoção Emergência Médica


Rua das Dificuldades, n.º 11, Santa Luzia, 9050-015 Funchal - Portugal
E-mail: geral@madeira-emergencia.com
www.facebook.com/madeira.emergencia
Site: www.madeira-emergencia.com
Telm.: (+351) 926 646 815

2
Ficha Técnica

AUTOR

David Santos,
TAS – Tripulante de Ambulância de Socorro
Instrutor de Socorrismo da Associação Madeira Emergência
Instrutor AHA (American Heart Association) – SBV e SBV-DAE
Operacional e Instrutor BTLS (Basic Trauma Life Support) da BTLS-Portugal

COLABORADORES

Mafalda Fernandes,
Enfermeira no Serviço de Cirurgia Esófago-Gástrica no Hospital Central do Funchal
Instrutora de Socorrismo da Associação Madeira Emergência
Instrutora AHA (American Heart Association) – SBV e SBV-DAE
Instrutora INEM – SBV e SBV-DAE
Operacional e Instrutora BTLS (Basic Trauma Life Support) da BTLS-Portugal

Gonçalo Félix,
TAS – Tripulante de Ambulância de Socorro
Instrutor de Socorrismo da Associação Madeira Emergência
Instrutor AHA (American Heart Association) – SBV e SBV-DAE
Instrutor INEM – SBV e SBV-DAE
Operacional e Instrutor BTLS (Basic Trauma Life Support) da BTLS-Portugal

REVISÃO TÉCNICO-CIENTÍFICA

Ricardo Pacheco Duarte,


Médico Intensivista
Instrutor ATLS – Núcleo da Madeira 2006
Instrutor em SAV/Emergência do Serviço Regional de Protecção Civil da Madeira 2005
Instrutor MRMI - ESTES (European Society of Trauma and Emergency Surgery) 2011
Instrutor DATC (Definitive Anesthetic Trauma Care) 2012
Instrutor AHA (American Heart Association) - ACLS, PALS, PEEP 2010
Instrutor E-FAST - Sociedade Portuguesa de Cirurgia 2010
Instrutor FCCS (Sociedade Portuguesa de Medicina Intensiva)
Responsável Cientifico - Madeira Emergência – Associação para Promoção da Emergência
Médica

DEPARTAMENTO DE FORMAÇÃO
formacao@madeira-emergencia.com

3
Índice

Capítulo………………………………………………………………………...Página

Capítulo 1: MADEIRA EMERGÊNCIA ............................................................ 8


1. Quem Somos .............................................................................................. 9
2. Principais Objetivos ................................................................................... 9

Capítulo 2: CONCEITOS GERAIS .................................................................. 10


1. O que são os Primeiros Socorros? .......................................................... 11
2. Qualidades do Socorrista .......................................................................... 11
3. Princípios gerais do socorrismo e plano de ação do socorrista ........... 12

Capítulo 3: SISTEMA INTEGRADO DE EMERGÊNCIA MÉDICA ................. 15


1. Fases e Intervenientes do SIEM ................................................................ 16

Capítulo 4: ANATOMIA .................................................................................. 20


1. Posição Anatómica .................................................................................... 21
2. Divisões Anatómicas ................................................................................. 21
3. Conceitos Gerais ........................................................................................ 23

Capítulo 5: POSIÇÃO LATERAL DE SEGURANÇA ...................................... 28


1. Princípios e Técnica ................................................................................... 29

Capítulo 6: CADEIA DE SOBREVIVÊNCIA – ADULTO ................................. 32


1. Princípios e Intervenientes ........................................................................ 33

SUPORTE BÁSICO DE VIDA – ADULTO ....................................................... 35


1. Princípios Teóricos e Práticos .................................................................. 36

Capítulo 7: CADEIA DE SOBREVIVÊNCIA – PEDIATRIA ............................ 44


1. Princípio e Intervenientes .......................................................................... 45

SUPORTE BÁSICO DE VIDA – PEDIÁTRICO................................................ 47


1. Princípios Teóricos e Práticos .................................................................. 49

4
Capítulo 8: OBSTRUÇÃO DA VIA AÉREA .................................................. 57
1. Tipos .......................................................................................................... 58
2. Sinais e Sintomas ..................................................................................... 58
3. Atuação ..................................................................................................... 59
4. Situações de Exceção .............................................................................. 61

Capítulo 9: CHOQUE .................................................................................... 64


1.Tipos ........................................................................................................... 65
2. Sinais e Sintomas ..................................................................................... 65
3. Atuação ..................................................................................................... 66

Capítulo 10: HEMORRAGIAS....................................................................... 67


1. Classificação ............................................................................................ 68
2. Sinais e Sintomas ..................................................................................... 69
3. Atuação ..................................................................................................... 70

Capítulo 11: INTOXICAÇÃO E ENVENENAMENTO .................................... 76


1. Tóxicos Mais Comuns.............................................................................. 77
2. Vias de Contato ........................................................................................ 78
3. Sinais e Sintomas ..................................................................................... 79
4. Atuação ..................................................................................................... 79
5. Prevenção ................................................................................................. 80

Capítulo 12: ELETROCUSSÃO .................................................................... 86


1. Efeitos da Corrente Elétrica .................................................................... 87
2. Sinais e Sintomas ..................................................................................... 88
3. Atuação ..................................................................................................... 89

Capítulo 13: TRAUMATOLOGIA .................................................................. 90


 TRAUMA DOS TECIDOS MOLES ...................................................... 92
 Feridas ................................................................................................ 92
1. Atuação ........................................................................................... 92
 Queimaduras ...................................................................................... 93
1. Sinais e Sintomas .......................................................................... 97
2. Atuação ........................................................................................... 97
 ORTOTRAUMATOLOGIA .................................................................. 98
 Fraturas .............................................................................................. 98
1. Classificação .................................................................................. 98
2. Sinais e Sintomas .......................................................................... 99
3. Atuação ........................................................................................... 99
4. Imobilizações.................................................................................. 100

5
 NEUROTRAUMATOLOGIA ................................................................ 102
 Traumatismo Crâneo-Encefálico (TCE) ........................................... 102
1. Sinais e Sintomas ......................................................................... 102
2. Atuação .......................................................................................... 103
 Traumatismo Vertebro Medular ........................................................ 104
1. Sinais e Sintomas .......................................................................... 104
2. Atuação .......................................................................................... 105

Capítulo 14: EXTRAÇÃO RÁPIDA (CHAVE DE RAUTEK) ......................... 106


1. Princípios Teóricos e Práticos ................................................................ 107

Capítulo 15: EMERGÊNCIAS MÉDICAS ...................................................... 109


 Acidente Vascular Cerebral (AVC) ................................................... 110
1. Sinais e Sintomas .......................................................................... 112
2. Atuação .......................................................................................... 113
 Enfarte Agudo do Miocárdio (EAM) ................................................. 114
1. Sinais e Sintomas .......................................................................... 115
2. Atuação .......................................................................................... 115
 Diabetes.............................................................................................. 116
1. Sinais e Sintomas .......................................................................... 117
2. Atuação .......................................................................................... 117
 Convulsões ........................................................................................ 120
1. Sinais e Sintomas .......................................................................... 120
2. Atuação .......................................................................................... 121

Capítulo 16: EFEITOS DO AMBIENTE ........................................................ 122


 AMBIENTE QUENTE .......................................................................... 123
 Golpe de Calor ................................................................................... 123
1. Sinais e Sintomas .......................................................................... 123
2. Atuação .......................................................................................... 124
 Insolação ............................................................................................ 124
1. Sinais e Sintomas......................................................................... 124
2. Atuação .......................................................................................... 125
 AMBIENTE FRIO ................................................................................ 125
 Geladura ............................................................................................. 125
1. Sinais e Sintomas......................................................................... 125
2. Atuação .......................................................................................... 126
 Hipotermia .......................................................................................... 126
1. Sinais e Sintomas......................................................................... 127
2. Atuação .......................................................................................... 127

6
Siglas

AIT CROS PSP


Acidente Isquémico Comando Regional de Polícia de Segurança
Transitório Operações de Socorro Pública

ATLS DAE PLS


Advanced Trauma Life Desfibrilhador Posição Lateral de
Support Automático Externo Segurança

AVC EAM RAM


Acidente Vascular Enfarte Agudo do Região Autónoma da
Cerebral Miocárdio Madeira

CIAV EMIR SAV


Centro de Informação Equipa Médica de Suporte Avançado de
Antivenenos Intervenção Rápida Vida

CMD ERC SBV


Compressão Manual European Resuscitation Suporte Básico de Vida
Direta Council
SIEM
CMI FV Sistema Integrado de
Compressão Manual Fibrilhação Ventricular Emergência Médica
Indireta
INEM TCE
CO2 Instituto Nacional de Traumatismo Crânio-
Dióxido de Carbono Emergência Médica Encefálico

CODU LCR TVM


Centro de Orientação Líquido Traumatismo Vertebro-
de Doentes Urgentes cefalorraquidiano Medular

CPR OVA VA
Conselho Português de Obstrução da Via Aérea Via aérea
Ressuscitação
PCR VOS
Paragem Ver, Ouvir, Sentir
Cardiorrespiratória

7
CAPÍTULO 1

MADEIRA EMERGÊNCIA
 Quem Somos
 Principais Objetivos

8
Quem somos
A Madeira Emergência – Associação para a Promoção da Emergência Médica
é uma pessoa coletiva de direito privado, de âmbito nacional, sem fins
lucrativos. Esta Associação foi criada a 23 de dezembro de 2013 e nasceu fruto
de experiências pessoais e profissionais, de várias pessoas ligadas ao socorro
na Região Autónoma da Madeira que, partilhando entre si a paixão pela área
da emergência pré-hospitalar e a constante busca pelo conhecimento, sentiram
a necessidade e o impulso de criar mecanismos de crescimento profissional
através de um plano de formação para desenvolver uma abordagem
sistemática e integrada para o socorro.

Acreditamos no espirito multidisciplinar, integrando por isso no seu leque de


formadores médicos, enfermeiros, técnicos da área do pré-hospitalar e
psicólogos, com larga experiência quer na formação, quer nas respetivas
áreas. Mostramos ainda total disponibilidade em colaborar com outras
instituições, organismo ou entidades nas nossas áreas de atuação.

Principais Objetivos
A promoção da educação de técnicas de reanimação cardiorrespiratória
junto da população em geral, através de sensibilizações e workshops, a
fim de desenvolver a consciência dos diversos grupos sociais para as
questões da ressuscitação;
A realização de cursos tanto pela associação, como em parceria, nas
áreas do primeiro socorro e emergência pré-hospitalar, direcionados à
população em geral e a técnicos diferenciados respetivamente;
Promover o intercâmbio e a cooperação com associações e organismos,
nacionais ou estrangeiros, que prossigam objetivos idênticos;
Ajuda social e humanitária à população regional, nacional ou
internacional, através das nossas equipas multidisciplinares;
Venda e distribuição de material de primeiro socorro e uso pessoal.

9
CAPÍTULO 2

CONCEITOS GERAIS
 O que são os Primeiros Socorros?
 Qualidades do Socorrista
 Princípios Gerais do Socorrismo e Plano de Ação do
Socorrista

10
Conceitos Gerais

O que são os primeiros socorros?


Os primeiros socorros são os cuidados imediatos que se prestam a uma ou
mais vítimas, com o objetivo de promover uma estabilização, evitando assim
que o estado de saúde das vítimas se agrave.

Estes cuidados devem ser prestados por indivíduos credenciados com


formação em primeiros socorros, que normalmente são os primeiros a ter um
contato com a pessoa que precisa de auxílio, seja por doença subida ou por
acidente.

Estes elementos devem ter a capacidade de saber reagir de imediato e iniciar


os primeiros socorros, mas devem também conhecer as suas limitações e
entender que, em certos casos, os cuidados que prestam às vítimas, embora
de importância vital, podem não ser suficientes. Nessas situações a sua
atuação passa por estabilizar a vítima e dessa forma ganhar tempo até a ajuda
diferenciada chegar ao local, ou até a vítima chegar à unidade de saúde.

Qualidades do Socorrista
Para que o socorro seja eficaz, não basta o conhecimento. Para isso, é
imperativo que todo o socorrista detenha algumas qualidades, entre as quais:

Conhecedor das técnicas de Primeiros Socorros;


Bom observador;
Bom improvisador;
Manter a calma em situações de stress;
Ser empático;
Ser escrupuloso e persistente.

11
Princípios gerais do socorrismo e plano de ação do socorrista

As ações do socorrista, na prática do primeiro socorro, pautam-se por leis


fundamentais do socorrismo. Estas leis são representadas pelo acrónimo
“PAS”.

P – prevenir
A – alertar
S – socorrer

Prevenir
Neste princípio pretende-se diminuir a incidência de acidentes e/ou incidentes
e, quando impossível evitá-los, minimizar as suas consequências. Devemos
considerar então a prevenção primária e secundária.

Prevenção primária
Contíguo de ações que têm como objetivo diminuir ou mesmo neutralizar o
risco de acidente e/ou incidente.

Prevenção secundária
Contíguo de ações implementadas após a ocorrência do acidente e/ou
incidente e que tem como objetivo final minimizar o impacto das suas
consequências e a sua propagação.

Alertar
Considerado um dos princípios com maior importância. Contempla o
acionamento de meios diferenciados, especializados na estabilização e
transporte da vítima. Da efetivação deste princípio depende o atendimento
rápido e eficaz e consequente transporte para unidades hospitalares.
O alerta deverá ser feito através do Número Europeu de Emergência 112.

12
A informação transmitida deve ser útil e sucinta:

 Local exato (pontos de referencia)


 Número de vítimas
 Fatores agravantes (incêndio, afogamento, vítimas encarceradas, etc.)
 Número de telefone
 Qualquer outro dado solicitado pelo operador

Desligue o telefone só quando o operador indicar

Socorrer
Apesar de limitada e temporária, mas fundamental, é também da destreza e
eficiência do socorrista que depende a qualidade do socorro prestado. Para
que as situações sejam atendidas por ordem de gravidade torna-se necessária
a priorização das mesmas. Assim sendo, foi definido o socorro essencial e o
secundário.

Socorro essencial
São aqui consideradas todas as situações de socorro prioritário, ou seja,
situações de risco iminente de vida. O acrónimo ACHET define-as de acordo
com o seu nível de prioridade e urgência de atendimento. Útil em casos de
multivítimas ou em caso de uma vítima com várias necessidades de socorro.

A – Alterações cardiorrespiratórias
C – Choque
H – Hemorragias
E – Envenenamento
T – Traumatismos graves

Socorro secundário
As restantes situações, enquadradas fora do ACHET, são consideradas
socorro secundário uma vez que não representam risco iminente de vida.
Deverão ser abordadas após todas as anteriores. No entanto, não deverão ser
desprezadas, tendo em conta que podem facilmente agravar-se e evoluir para
situações de socorro essencial.

13
De forma a operacionalizar e a realizar as ações com sucesso, o socorrista
deverá adaptar a mnemónica “PAS” passando da teoria à prática. Assim sendo,
no seu plano de ação tem:

P – Proteger
A – Ajudar
S – Salvar

Proteger
Em primeiro lugar, o socorrista deverá salvaguardar as condições de
segurança na sua atuação, garantindo a sua integridade física. Após, deverá
minimizar os riscos diretamente relacionados com a situação em que irá
intervir, afastando o perigo da vítima ou a vítima do perigo.

Ajudar
O socorrista deverá ser capaz de, após garantir condições de segurança, tornar
a vítima no seu centro de atenção e avaliar sinais e sintomas, observar o
ambiente em redor e ativar ajuda de meios diferenciados através do 112.
Entende-se por SINAL tudo aquilo que é observável, ou seja tudo aquilo que o
socorrista vê ou mede. SINTOMA é, portanto, tudo aquilo que a vítima refere
sentir.

Salvar
Numa situação de doença súbita ou de acidente, é da responsabilidade do
socorrista (na ausência de pessoal mais credenciado) salvar o maior número
de vidas possível, atuando sempre de forma prioritária.

14
CAPÍTULO 3

SISTEMA INTEGRADO DE EMERGÊNCIA


MÉDICA (SIEM)
 Fases e Intervenientes do Sistema Integrado de
Emergência Médica

15
Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM)

O Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM) é um conjunto de meios


humanos e materiais, atividades e procedimentos na área da saúde,
abrangendo tudo o que se passa desde a deteção de uma situação de doença
súbita ou acidente até ao momento em que se inicia o tratamento na unidade
de saúde mais adequada à situação.

É representado por uma estrela azul de seis pontas, com um bastão e uma
serpente no centro (estrela da vida) e onde cada uma dessas pontas
representa as várias fases do sistema: deteção do acidente, alerta, pré-socorro,
socorro, transporte e tratamento hospitalar.

Fig.1 - Estrela da Vida (Fases do SIEM)

Deteção
Corresponde ao momento em que alguém se apercebe da existência de uma
ou mais vítimas de doença súbita ou acidente.

Alerta
Todas as chamadas que são realizadas através do Número Europeu de
Emergência “112” (gratuito, 24h e acessível em qualquer ponto), são recebidas
nas centrais de emergência. A sua principal função é a triagem e
encaminhamento de todos os pedidos de socorro para a entidade
especializada, que irá posteriormente dar a assistência adequada que a
ocorrência exige.

16
As chamadas de emergência efetuadas através do número 112 são atendidas
em centrais de emergência da PSP (Polícia de Segurança Pública).
Atualmente, no território de Portugal Continental, as chamadas que dizem
respeito a situações de saúde são encaminhadas para os Centro de Orientação
de Doentes Urgentes (CODU) do INEM (Instituto Nacional de Emergência
Médica).

Na RAM (Região Autónoma da Madeira), estas chamadas após receção na


central de emergência da PSP, são encaminhas para o CROS (Comando
Regional de Operações de Socorro) sediado nas instalações do Serviço
Regional de Proteção Civil (entidade de coordena o socorro na RAM).
Após a colheita dos dados por parte dos operadores do CROS, estes farão a
ativação dos meios de socorro necessários, de acordo com a localização e tipo
de situação.

A colaboração é fundamental, deve ser facultada toda a informação que for


solicitada, para permitir um rápido e eficaz socorro às vítimas. Informar, de
forma simples e clara:

17
As chamadas são atendidas por pessoal qualificado que trabalha para o ajudar.
Siga sempre as instruções indicadas pelos serviços de emergência médica.
Desligue o telefone apenas quando o operador indicar.

Pré-socorro
Trata-se dos primeiros cuidados que são prestados às vítimas até à chegada
do socorro diferenciado.

Socorro
Corresponde aos cuidados de emergência iniciais efetuados às vítimas de
doença súbita ou de acidente no local da ocorrência, com o objetivo de as
estabilizar, diminuindo assim a morbilidade e a mortalidade.

Transporte
Consiste no transporte assistido da vítima numa ambulância com
características, tripulação e carga bem definidas, desde o local da ocorrência
até à unidade de saúde adequada, garantindo a continuidade dos cuidados de
emergência necessários.

Tratamento na unidade de saúde


Esta fase corresponde ao tratamento no serviço de saúde mais adequado ao
estado clínico da vítima. Em alguns casos excecionais, pode ser necessária a
intervenção inicial de um estabelecimento de saúde onde são prestados
cuidados imprescindíveis para a estabilização da vítima, com o objetivo de
garantir um transporte mais seguro para um hospital mais diferenciado e/ou
mais adequado à situação.

Intervenientes do SIEM
Público em geral;
Operadores das centrais de emergência 112;
Operadores dos CODU/CROS;
Agentes de Autoridade;
Socorristas;
Bombeiros;

18
Tripulantes de ambulância;
Médicos e Enfermeiros;
Pessoal técnico hospitalar;
Pessoal técnico de telecomunicações e de informática.

19
CAPÍTULO 4

ANATOMIA
 Posição Anatómica
 Planos Anatómicos
 Conceitos Gerais

20
Anatomia

O corpo humano é um sistema complexo que funciona em equilíbrio. Todo e


qualquer desequilíbrio provocado quer por fatores internos ou externos, poderá
manifestar-se. Para que possa melhor compreender tais manifestações, iremos
abordar alguns conceitos básicos de anatomia.

Posição Anatómica

Posição de referência usada na


descrição das partes do corpo.

A forma como se movimenta, a sua


postura e a relação entre as várias
partes do corpo, tem como
referência esta posição.

Fig.2 - Posição Anatómica

Planos Anatómicos
Têm por objetivo dividir o corpo em partes para facilitar o estudo e nomear as
estruturas anatómicas em relação ao espaço. Ou seja, através dos planos
anatómicos podemos dividir o corpo humano em 3 dimensões e assim
podemos localizar e posicionar todas estruturas.

21
Fig.3 - Planos Anatómicos

Divisões do tronco

Fig. 4 - Divisões do tronco

22
Cintura escapular
Parte mais elevada do tronco e permite a mobilização dos membros superiores.
Constituída pelas omoplatas e clavículas.

Clavícula Omoplata

Fig. 5 - Cintura Escapular

Tórax
A caixa torácica alberga e protege órgãos importantes como o coração e os
pulmões. Limitada anteriormente pelo esterno, lateralmente pelas costelas e
posteriormente pela coluna vertebral.

Esterno
Costelas
Apêndice xifóide

Coluna Vertebral
Fig. 6 - Tórax

23
Abdómen
Cavidade que fica entre o tórax e a cintura pélvica. Sem constituição óssea.
Aloja numerosos órgãos.

Fig. 7 - Abdómen

Cintura pélvica
Formada pelos ossos da bacia e pelos ossos da parte terminal da coluna
vertebral. Tem como função a sustentação do peso e alojamento dos órgãos
reprodutores e sistema urinário.

Osso da Bacia
Porção terminal da coluna
Vertebral (sacro e cóccix)

Fig. 8 - Cintura Pélvica

24
Divisões do abdómen
Para questões de localização de dados relativos à vítima (ex. dor abdominal ou
ferida abdominal), divide-se o abdómen em quatro quadrantes.

Fig. 9 - Divisões do Abdómen

Aparelho locomotor
Conjunto de ossos e músculos do corpo humano. Um adulto tem cerca de 640
músculos e 206 ossos. Abordaremos apenas alguns desses ossos que
constituem os membros superiores e inferiores.

úmero

Rádio
Cúbito

Fig. 10 - Ossos dos Membros Inferiores Fig. 11 - Ossos dos Membros Superiores

25
Coluna Vertebral
Representa um conjunto de ossos (vértebras) articulados entre si e que formam
um canal no seu interior onde fica alojada e protegida a medula espinhal.
Possibilita a postura ereta dos humanos. Está dividida de acordo com a sua
posição. Temos 7 vértebras cervicais; 12 torácicas, 5 lombares e na sua porção
terminal temos a sacro e o cóccix.

Fig. 12 - Divisão da Coluna Vertebral

Sistema circulatório
Constituído pelo coração – órgão central - e vasos (artérias, veias, capilares,
vasos linfáticos). O sangue tem como principal função o transporte de oxigénio
aos diferentes pontos do organismo e o transporte, para eliminação, do dióxido
de carbono. Para que todo o organismo receba sangue oxigenado e elimine o
dióxido de carbono, a circulação sanguínea está dividida em duas partes. A
Pequena Circulação e a Grande Circulação.

26
Grande Circulação

Grande circulação: saída do sangue


Pequena do lado esquerdo do coração para o
Circulação cérebro e restante organismo, para
deixar oxigénio e receber o dióxido
de carbono. Depois entra no lado
direito.

Pequena circulação: saída do


sangue do lado direito do coração
até aos pulmões para receber
oxigénio e deixar lá o dióxido de
carbono. Depois entra no lado
esquerdo.

Fig. 13 - Circulação Sanguínea

Sistema respiratório
Responsável pelas trocas gasosas (oxigénio pelo dióxido de carbono).
A cada inspiração os pulmões recebem oxigénio que fica alojado em pequenos
sacos (alvéolos) e que é trocado pelo dióxido de carbono proveniente do
organismo. A cada expiração este dióxido de carbono é eliminado.

Fig. 14 - Sistema Respiratório

27
CAPÍTULO 5

POSIÇÃO LATERAL DE SEGURANÇA (PLS)


 Princípios e Técnica

28
Posição Lateral de Segurança (PLS)

Têm existido diversas variações à posição lateral de segurança (PLS), cada


uma com as suas vantagens, no entanto, é consensual dizer que não existe
uma única posição perfeita e adaptável a todas as vítimas e situações.
Essencialmente a vítima coloca-se em PLS quando respira, mas está
inconsciente e os objetivos principais desta posição são:

 Evitar o risco de paragem ventilatória, por obstrução da via aérea;


 Permitir a saída de qualquer líquido da cavidade oral, evitando aspiração
para as vias respiratórias, nomeadamente em caso de vómito;
 Não existir pressão torácica, para que a vítima possa respirar sem
dificuldade.

O European Resuscitation Council (ERC) recomenda realizá-la seguindo os


seguintes passos:
1. Alinhar as pernas e os braços da vítima;

2. Retirar todos os objetos que possam magoar, como óculos, anéis,


pulseiras, próteses dentárias, etc.;

3. Colocar o membro superior da vítima (do lado do socorrista) em ângulo


reto (90º) em relação ao corpo da mesma. Dobrar ao nível do cotovelo,
em ângulo reto, com a palma da mão voltada para cima;

Fig. 21 - PLS Passo 1

29
4. Dobrar o outro braço (mais afastado do socorrista) sobre o peito,
encostando as costas da mão contra a face da vítima do lado do
socorrista e apoiar a mão da vítima;

Fig. 22 - PLS Passo 2

5. Com a outra mão, fletir a perna da vítima (a mais afastada do socorrista)


a nível do joelho;

6. Com uma mão a apoiar a cabeça e a outra a perna, ao nível do joelho,


puxar o corpo da vítima, rodando-a no sentido do socorrista;

Fig. 23 - PLS Passo 3

30
7. Permeabilizar a via aérea fazendo a extensão da cabeça, se necessário
ajustar a mão que fica sob a face, de modo a manter a extensão.

8. Ajustar a perna que fica em cima, de modo a formar um ângulo reto, ao


nível da coxa e do joelho;

9. Verificar se a vítima continua a respirar normalmente.

Fig. 24 - PLS Passo 4


NOTA:

Se sozinho, o socorrista deve contatar o 112 após deixar a vítima em PLS.

A vítima fica em PLS até:


 No máximo 30 minutos. A cada 30 minutos, o socorrista deverá rodar a
vítima para o lado oposto, de forma a aliviar a pressão exercida no braço
em contacto com o chão;

 Se a qualquer momento houver sinais de má perfusão dos membros que


estão sobre pressão, a vítima deverá ser rodada para o lado oposto;

 À chegada da equipa diferenciada, ficando a cargo dessa equipa


desfazer a técnica;

 Se a vítima deixar de respirar, deverá o socorrista colocar rapidamente a


vítima em decúbito dorsal (barriga para cima), informar o 112 e iniciar de
imediato o suporte básico de vida.

No caso de existir suspeita de


traumatismo, não está
recomendada a colocação da
vítima em PLS.

31
CAPÍTULO 6

CADEIA DE SOBREVIVÊNCIA – ADULTO


 Princípios Teóricos

SUPORTE BÁSICO DE VIDA - ADULTO


 Princípios Teóricos e Práticos

32
Cadeia de Sobrevivência - Adulto

Salvar uma vida envolve uma sequência de passos onde cada um deles
influencia a sobrevivência. Esses passos são frequentemente descritos como
os 4 elos da “cadeia de sobrevivência”.

Fig. 25 - Cadeia de Sobrevivência - Adulto

Reconhecimento precoce e pedido de ajuda


Os serviços de emergência devem ser chamados de imediato se se suspeitar,
por exemplo, de um enfarte agudo do miocárdio ou de uma paragem
cardiorrespiratória (PCR). O número europeu de emergência é o 112.

Suporte Básico de Vida (SBV) precoce para ganhar tempo


Se ocorrer uma PCR (o coração pára), iniciar compressões torácicas e
ventilações (SBV) de imediato poderá duplicar as hipóteses da vítima
sobreviver.

Desfibrilhação precoce para reiniciar o coração


Na maioria dos casos de PCR o coração pára de bater, eficazmente, devido a
uma perturbação do ritmo designada fibrilhação ventricular (FV). O único
tratamento eficaz para a FV é a administração de um choque elétrico
(desfibrilhação). A probabilidade de sucesso da desfibrilhação decresce entre 7
a 10% por minuto após o colapso, a não ser que o SBV seja realizado
(Cummins, 1989).

Cuidados pós reanimação para recuperar com qualidade de vida


Após uma reanimação com sucesso os reanimadores podem aumentar as
possibilidades de recuperação. Para os leigos, isto pode passar apenas pela

33
colocação da vítima em posição lateral de segurança. Os profissionais de
saúde devem usar técnicas diferenciadas para otimizar a recuperação.

Estas etapas sucedem-se de forma sequencial e constituem uma cadeia de


atitudes, em que cada elo se articula com o anterior e com o seguinte. Todas
as ações são igualmente importantes, mas assumem maior importância
quando vistas no conjunto, pois só uma boa articulação de todos os elos
permite que se atinja o resultado final esperado, salvar vidas.

Se for ponderada a colaboração do socorrista nestas etapas, percebe-se que é


de elevada importância, pois é ele quem muitas vezes dá o início à cadeia de
sobrevivência, e permite que enquanto o sistema de emergência médica envia
os meios adequados para o local, a vítima possa manter ou melhorar o seu
estado de saúde.

A grande maioria das paragens cardiorrespiratórias ocorre fora de qualquer


estabelecimento de saúde. A probabilidade de sobrevivência da vítima e
recuperação nestas situações depende do conhecimento, de quem presencia a
ocorrência, para pedir ajuda e iniciar de imediato o suporte básico de vida
(SBV).

34
Suporte Básico de Vida (SBV)

A paragem cardíaca súbita é a maior causa de morte na Europa, afetando


cerca de 700.000 pessoas, de todas as idades, por ano.
A probabilidade de recuperar uma vítima em paragem cardiorrespiratória com
sucesso diminui 7 a 10% por cada minuto que passa. Atingidos 3 a 4 minutos
de hipoxia (privação da quantidade adequada de oxigénio), as lesões cerebrais
tornam-se irreversíveis. Ou seja, em média, ao fim de 12 minutos a taxa de
sobrevivência é de aproximadamente 2,5%.

Por este motivo, a rápida identificação da paragem cardiorrespiratória, a


ativação do 112 e o início precoce do Suporte Básico de Vida, são essenciais
para reduzir a mortalidade e morbilidade (sequelas) associadas à PCR.

O SBV entende-se como um conjunto de técnicas bem definidas e


padronizadas que permitem a avaliação e atuação perante uma vítima que não
respira, muitas vezes sem recurso a qualquer equipamento de apoio.

Estes gestos são de extrema importância pois em algumas situações são


responsáveis pela recuperação total da vítima e noutras, permitem garantir a
oxigenação mínima dos órgãos nobres (coração, cérebro e outros órgãos
vitais) até à chegada de ajuda diferenciada – Suporte Avançado de Vida (SAV).

Fig. 26 - Suporte Básico de Vida

35
Os dois elementos fundamentais do SBV são as compressões torácicas e as
ventilações.
São as compressões torácicas que mantêm o fluxo de sangue para o coração,
o cérebro e outros órgãos vitais.

Abordagem à vítima que não respira (adulto)

1. VERIFICAR E GARANTIR AS CONDIÇÕES DE SEGURANÇA


Antes de se aproximar de alguém que possa eventualmente estar a
precisar de ajuda, deve assegurar-se primeiro de que é seguro aborda-
la.

2. VERIFICAR O ESTADO DE CONSCIÊNCIA DA VÍTIMA


Chame a vítima com tom de voz preciso tocando nos ombros da mesma:
“Está tudo bem?”

Se vítima reativa:
 Garanta que o local é segura para a vítima;
 Mantenha-a na posição encontrada;
 Solicite ajuda se necessário (ligue 112)

Está tudo bem?

Fig. 27 - Avaliação do estado de consciência

Se vítima NÃO reativa:


 Deve permeabilizar a via aérea (VA)

36
3. PERMEABILIZAR A VIA AÉREA
Numa vítima inconsciente, devido ao relaxamento muscular
generalizado, pode ocorrer a queda da
língua, provocando assim a obstrução
anatómica da VA. Esta pode ser
permeabilizada através da extensão da
cabeça e elevação do queixo, o que projeta a
língua para a frente.

 Colocar a mão na testa e inclinar


suavemente a cabeça para trás;
 Com a ponta dos dedos segurar a
ponta do queixo da vítima elevando-a
para abrir a via aérea.

Fig. 29 - Extensão da Cabeça

Em caso de suspeita de trauma, a


extensão da cabeça está totalmente
desaconselhada. Nestes casos, a
permeabilização da via área deverá
ser feita através da elevação da
mandíbula, evitando assim
movimento da coluna cervical

Fig. 30 - Elevação da Mandíbula

37
Para efetuar a elevação da mandíbula:
 Identificar o ângulo da mandíbula com o dedo indicador;
 Com os outros dedos colocados atrás do ângulo da mandíbula, aplicar
uma pressão mantida para cima e para frente de modo a levantar o
maxilar inferior;
 Usando os polegares, abrir ligeiramente a boca através da deslocação
do mento para baixo.

4. VERIFICAR SE A VÍTIMA RESPIRA NORMALMENTE


Mantendo a VA permeável, verificar se a vítima respira
NORMALMENTE, realizando o VOS
até 10 segundos;

Ver os movimentos torácicos;


Ouvir os sons respiratórios saídos da
boca/nariz;
Sentir o ar expirado na face do
socorrista.

Fig. 31 - VOS (Ver, Ouvir e Sentir)


Se a vítima respira normalmente e não haja suspeita de trauma, colocar
em Posição Lateral de Segurança (PLS) (Capítulo 5,Pag.28).

Algumas vítimas, nos primeiros minutos após uma PCR,


podem apresentar uma respiração ineficaz, irregular e
ruidosa. Não deve ser confundido com respiração normal. Em
caso de dúvida na “normalidade” da respiração, deve atuar
como se a respiração estivesse ausente.

38
5. LIGAR 112
Após a realização do VOS e conclusão de que a vítima não respira
NORMALMENTE, deverão ser ativados de imediato meios diferenciados
através do 112.

 Se o socorrista estiver sozinho, deverá ativar


o 112, antes de iniciar o SBV, mesmo que
para isso tenha que abandonar a vítima.
 Se estiver alguém junto do socorrista, essa
pessoa deverá fazer a ligação ao 112.

Fig. 32 - 1º Elo da Cadeia de Sobrevivência (112)

6. INICIAR COMPRESSÕES TORÁCICAS


Após ativação de meios diferenciados através do 112, o socorrista
deverá fazer 30 compressões.

 Coloque as mãos no centro do tórax da


vítima;
 Deprima o esterno cerca de 5 a 6 cm, a
uma frequência de pelo menos 100 e
não mais que 120 compressões por
minuto;

Fig. 33 - Colocação das mãos (SBV) Fig. 34 - Posição para as compressões


 A reanimação deverá ser sempre efetuada com a vítima deitada
sobre uma superfície dura;
 Evitar ao máximo interromper as compressões. Sempre que as
compressões são interrompidas, deixa de haver circulação.

39
7. INICIAR AS VENTILAÇÕES
Após 30 compressões fazer 2 ventilações.
 Mantenha a VA permeável, colocando
a mão na testa e inclinando
suavemente a cabeça para trás. Com
a ponta dos dedos segurar a ponta do
queixo da vítima elevando-a para abrir
a via aérea (através da extensão da
cabeça);

 Ter atenção para não fechar a boca


da vítima;

Fig. 35 - Extensão da Cabeça

 Com a mão que está na testa da


vítima, deve pinçar o nariz;

 Coloque os seus lábios em volta


dos lábios da vítima, selando-os;

 Aplique a primeira ventilação


(por 1 segundo), verifique ao
mesmo tempo se a ventilação

provoca a elevação do tórax; Fig. 36 - Insuflação boca-a-boca

 Aplique a segunda ventilação verificando se há elevação do tórax;

 Caso uma ou ambas as tentativas de insuflar não sejam eficazes,


o socorrista deverá passar imediatamente para compressões.

40
Se não se sentir capaz ou tiver
relutância em fazer ventilações, faça
apenas compressões torácicas.
Se apenas se fizerem compressões,
estas devem ser contínuas, cerca de
100 a 120 por minuto (não existindo Fig. 37 - Lenço facial com válvula unidirecional
momentos de pausa entre cada 30
compressões).
Embora evidências de contaminação com
a realização de ventilação boca a boca
sejam mínimas, é indicado que o socorrista
utilize mecanismos de barreira para
aplicar as ventilações, como o lenço facial
com válvula unidirecional, máscara de
bolso ("pocket-mask") ou insuflador
manual+máscara.
Fig. 38 - Máscara de Bolso (pocket- mask)

41
8. MANTER O SBV
Manter as 30 compressões alternando com as 2 ventilações.
Parar APENAS quando:

 Chegada da ajuda diferenciada;


 A vítima recomeçar a ventilar NORMALMENTE;
 Exaustão por parte do socorrista.

30x 2x
Fig. 40 - Compressões e Insuflações

Nota Final:

SBV de qualidade, sobretudo com redução das interrupções das compressões


torácicas. O foco do SBV deve ser colocado em compressões torácicas de
qualidade, com frequência e profundidade adequadas. O próprio sucesso de
uma desfibrilação depende da qualidade das compressões torácicas
realizadas.

Segundo as guidelines de 2015 do European Resuscitation Council

42
43
CAPÍTULO 7

CADEIA DE SOBREVIVÊNCIA – PEDIATRIA


 Princípios Teóricos

SUPORTE BÁSICO DE VIDA – PEDIÁTRICO


 Princípios Teóricos e Técnica

44
Cadeia de Sobrevivência - Pediátrica

Fig. 41 - Cadeia de Sobrevivência - Pediátrica

Com o mesmo objetivo e mantendo o mesmo número de elos, a cadeia de


sobrevivência pediátrica sofre alterações comparativamente à do adulto. Estas
alterações estão basicamente relacionadas com a origem que maioritariamente
leva à paragem cardiorrespiratória na pediatria.

1. Prevenção da paragem cardiorrespiratória


O primeiro elo é de particular importância, uma vez que é mais fácil prevenir
uma situação de potencial perigo de vida do que tratar uma paragem
cardiorrespiratória. Esta prevenção passa pela sociedade civil em geral,
adotando atitudes tão simples como:

Uso de sistemas de retenção nos veículos, como cadeiras de transporte,


cintos de segurança;
Acondicionamento de produtos tóxicos, medicação, e produtos de
limpeza longe do alcance das crianças;
Barreiras de proteção de piscinas, tanques e poços;
Vigilância aquando da utilização por crianças de piscinas, tanques, mar,
etc.

2. Suporte Básico de Vida


O segundo elo da cadeia de sobrevivência consiste no início precoce e eficaz
de Suporte Básico de Vida, que pode levar ao restabelecimento da circulação e
da respiração espontâneas, sem sequelas.

45
3. Ativação do 112
A ativação do Sistema de Emergência Médica - 112, que constitui o terceiro
elo, deverá ser feita apenas após ter efetuado um minuto de Suporte Básico de
Vida, com exceção de situações de criança com doença cardíaca ou história de
arritmias.

4. Suporte Avançado de Vida


Na abordagem ao quarto elo, temos que ter em consideração que, a cadeia de
sobrevivência pediátrica difere da do adulto, uma vez que a causa de paragem
cardiorrespiratória na criança é diferente da do adulto.

Nestas idades predominam as causas não cardíacas e em geral não é um


acontecimento súbito. Sendo os problemas relacionados com a via aérea e a
respiração os mais frequentes, a prioridade é a permeabilização da via aérea e
o restabelecimento da respiração.

46
Suporte Básico de Vida - Pediátrico

É enfatizada a necessidade de simplificar e uniformizar os algoritmos de


reanimação, partindo da premissa que a maioria das pessoas não executava
manobras de reanimação a crianças, uma vez que tinham um algoritmo
diferente dos adultos. Assim, os princípios gerais são os mesmos dos adultos,
apenas com algumas diferenças.

Devido à sua fragilidade anatómica, todas as manobras têm de ser feitas com
mais suavidade, para que não sejam causados traumatismos.
O controlo de temperatura é um aspecto de grande importância na criança
devendo ser dada especial atenção para manter a temperatura adequada.
Nas orientações do ERC, são considerados dois grupos etários pediátricos:

Latentes – com menos de um ano;


Crianças – com mais de um ano até à puberdade.

O marco de passagem à vida adulta é a puberdade, sendo este o marco de


passagem para o algoritmo de adulto. Todavia, uma vez que as causas de
paragem se mantêm durante o início da vida adulta, não existem danos se for
aplicado o algoritmo pediátrico a um jovem adulto.

O desenrolar típico da situação de paragem cardiorrespiratória em Pediatria


será o de um processo de deterioração da função respiratória, correspondendo
a insuficiência respiratória a um mecanismo de compensação, seguido de uma
deterioração da função cardíaca, devido à falta de oxigénio. Assim, ocorre
primeiro a paragem respiratória, seguida de paragem cardíaca.

47
Suporte Básico de Vida
O Suporte Básico de Vida (SBV) é a pedra basilar para o sucesso de uma
reanimação. Sem uma correta atuação, as probabilidades de sobrevivência são
bastantes reduzidas.

O SBV é a combinação de manobras e competências que, sem adjuvantes


técnicos, permite o reconhecimento de uma pessoa em paragem cardíaca ou
respiratória com o propósito de “ganhar tempo” até que o tratamento
diferenciado chegue, e deverá ser iniciado o mais rapidamente possível, com
objetivo de conseguir uma oxigenação suficiente para preservar o cérebro e os
outros órgãos vitais.

As recomendações do ERC visam uma uniformização dos algoritmos de adulto


e de criança, evitando situações em que a criança não receba cuidados por
medo ou receio por parte do socorrista.

Na sequência de ações do Suporte Básico de Vida Pediátrico, os consensos do


ERC de 2015 dizem que os profissionais de saúde treinados em SBV de adulto
e que não têm conhecimentos específicos de reanimação pediátrica podem
usar a sequência utilizada no adulto, visto que o resultado será pior se nada for
feito. Aos profissionais não diferenciados que querem aprender reanimação
pediátrica por terem responsabilidades com crianças (p. ex. professores,
enfermeiras escolares, nadadores-salvadores) deve ser ensinado que é
preferível modificar o SBV de adulto e efetuar 5 insuflações iniciais, seguidas
de 1 min de SBV, antes de procurar ajuda.

48
Abordagem à vítima que não respira (pediatria)

1. VERIFICAR E GARANTIR AS CONDIÇÕES DE SEGURANÇA


2. VERIFICAR O ESTADO DE CONSCIÊNCIA
Criança - chame a criança com tom de voz preciso tocando nos ombros.
“Está tudo bem? Sentes-te bem?”
Latente - chame pelo bebé ao mesmo tempo que estimula a palma da
mão, pé ou canto da boca.

Está tudo bem?


Bebé…
Sentes-te bem?
Bebé…

Fig. 41 - Verificação do Estado de Consciência – Latente e Criança

Se a vítima não responder, gritar por ajuda!

3. GRITAR POR AJUDA


Se houver alguém perto peça para ficar ao pé de si, pois pode precisar
de ajuda.
Se estiver sozinho grite alto para chamar a atenção, mas sem
abandonar a vítima.

Ajuda, está aqui


uma criança
desmaiada!

Fig. 42 - Pedido de Ajuda (vítima inconsciente)

49
4. PERMEABILIZAR A VIA AÉREA
Criança – Deverá ser feita uma ligeira extensão da cabeça para manter
a permeabilidade da VA.
Latente – No caso do latente manter a posição neutra da cabeça (sem
extensão)

5. VERIFICAR SE A VÍTIMA RESPIRA NORMALMENTE


Mantendo a VA permeável, verificar se o latente/criança respira
NORMALMENTE, realizando o VOS até 10 segundos;

Ver os movimentos torácicos;


Ouvir os sons respiratórios saídos da
boca/nariz;
Sentir o ar expirado na face do socorrista.

Fig. 43 - VOS (latente)

Fig. 44 - VOS (criança)

Se a criança/latente respira NORMALMENTE e não existe suspeita de


trauma, colocar em Posição Lateral de Segurança (PLS)

 Criança - Uma criança inconsciente com a via aérea patente e a


respirar normalmente, deve ser colocada em posição lateral de
segurança. A posição lateral de segurança dos adultos pode ser
usada nas crianças.
 Latente – No caso do latente, sugere-se a colocação em decúbito
lateral, usando uma almofada ou um lençol dobrado, colocado por
trás a nível das costas, para manter a posição estável.

50
6. 5 INSUFLAÇÕES INICIAIS
Se após o VOS, o socorrista detetar que a respiração é anormal ou
ausente, deve:
 Remover cuidadosamente qualquer obstrução evidente da via
aérea;
 Efetuar cinco insuflações iniciais, 1 seg., com um volume de ar
suficiente para causar uma expansão torácica visível;

Criança:
 Manter a ligeira extensão da cabeça;
 Manter o nariz fechado, pinçando-o com
o polegar e indicador da mão que está
na testa;
 Inspirar e colocar os lábios à volta da
boca da criança, garantindo uma boa
selagem;
 Insuflar lentamente durante 1 seg. e
verificar elevação do tórax;
 Mantendo extensão da cabeça, afastar a Fig. 45 - Insuflação (criança)
boca da criança e observar o tórax a
descer durante a exalação;
 Inspirar de novo e repetir a sequência 5 vezes. Avaliar a eficácia
vendo os movimentos torácicos semelhantes aos que se veriam em
respiração normal.

Latente:
 Mantenha a permeabilidade da via
aérea, assegurando que a cabeça está
em posição neutra;
 Inspirar e cobrir a boca e nariz do
latente com a boca, garantindo uma
boa selagem. Se não se conseguir
cobrir o nariz e a boca, num latente Fig.46 - Insuflação (latente)
maior, o socorrista pode tentar selar só
o nariz ou a boca do latente com a sua boca (se usar o nariz, manter
lábios fechados para evitar fuga);

51
 Insuflar lentamente durante 1 seg. e verificar elevação do tórax;
 Mantendo posição neutra da cabeça, afastar a boca da do lactente e
observar o tórax a descer durante a exalação;
 Inspirar de novo e repetir a sequência 5 vezes. Avaliar a eficácia
vendo os movimentos torácicos semelhantes aos que se veriam em
respiração normal.

Nas situações em que não consegue efetuar uma boa adaptação


da boca à volta da boca e nariz é igualmente adequado efetuar
ventilação boca-a-boca ou boca-a-nariz. Recorde-se que não é a
idade que marca o limite mas, efetivamente, o tamanho da
vítima.

Tanto na criança, como no latente se não conseguir efetuar


insuflações eficazes deve:
 Reabrir a boca da vítima e procurar objetos visíveis e neste caso
removê-los;
 Reposicionar a cabeça de forma a permeabilizar adequadamente
a via aérea;
 Tentar insuflar de novo, fazendo-o somente as 5 tentativas. Se
continuar sem se conseguir insuflar, avançar para compressões
torácicas.

A pesquisa de corpos estranhos na cavidade oral através da


exploração digital “às cegas” não deve ser feita.

A introdução do indicador apenas deve ser feita para remover um


corpo estranho visível, sempre com o máximo cuidado para não
empurrar o objeto.

52
7. SINAIS DE VIDA?
Após as 5 insuflações iniciais, o socorrista deve procurar por sinais de
vida. Durante não mais de 10 segundos, procure por:
 Presença de ventilação normal, efetuando o VOS;
 Movimentos;
 Tosse.

SE O SOCORRISTA ESTIVER ACOMPANHADO: Deve solicitar a essa


pessoa que ligue 112 (informando a situação) e iniciar de imediato o
SBV.

SE O SOCORRISTA ESTIVER SÓ: Deve efetuar SBV durante 1 minuto (3


ciclos de 30/2) antes de informar 112. De forma a minimizar as
interrupções do SBV, pode ser possível transportar um latente
enquanto vai procurar ajuda.

A única exceção a realizar 1 minuto de SBV antes de pedir ajuda


é o caso duma criança que colapsa subitamente perante o
socorrista e este se encontra sozinho com a vítima. Neste caso a
causa provável da paragem será cardíaca, devendo o socorrista
ligar 112 e de seguida iniciar o SBV.

8. INICIAR AS COMPRESSÕES
Efetuar 30 compressões e deixar descomprimir totalmente, voltando a
repetir com uma frequência de pelo menos 100, mas não mais de 120
por minuto. O melhor método de compressão vária ligeiramente entre
latentes e crianças.

53
Criança:
 Colocar a base de uma mão sobre o centro do esterno;
 Levantar os dedos para garantir que não se aplica pressão nas costelas
da criança;
 O socorrista posiciona-se verticalmente
acima do tórax da vítima e, com o braço
estendido, comprime o esterno
deprimindo-o pelo menos um terço da
profundidade do tórax (cerca de 5 cm);
 Em crianças maiores ou para
reanimadores mais pequenos, esta
compressão consegue-se mais
facilmente usando as duas mãos com
os dedos entrelaçados (como no adulto).
Fig. 49 - Compressões Criança

Latente:
 Comprimir o esterno com as pontas de dois
dedos (abaixo da linha intermamilar);
 Comprimir a metade inferior do esterno pelo
menos 1/3 da profundidade do tórax do
latente (cerca de 4 cm).

Fig. 50 - Compressões no Latente – Técnica dos dedos

Fig. 51 - Compressões no Latente

54
9. EFETUAR AS INSUFLAÇÕES
Após as 30 compressões, o socorrista deve efetuar 2 insuflações da
forma como abordada anteriormente.

10. CONTINUAR COM O SBV


Após o pedido de ajuda, deve regressar para junto da criança e
continuar as manobras de SBV até que:
 A vítima apresente sinais de vida (movimentos ou respiração);
 Chegue ajuda diferenciada;
 Fique exausto e incapaz de continuar o SBV.

30X 2X

Fig. 52 – Compressões e Insuflações - Latente

30X 2X

Fig. 53 – Compressões e Insuflações - Criança

55
Em resumo:

Sendo o algoritmo de SBV pediátrico mais complexo do que o do


adulto, aconselha-se os socorristas que não têm conhecimentos
específicos de reanimação pediátrica, ou por esquecimento do
correto algoritmo, a usarem a sequência utilizada no adulto,
visto que o resultado será pior se não fizerem nada.

56
CAPÍTULO 8

OBSTRUÇÃO DA VIA AÉREA


 Tipos
 Sinais e Sintomas
 Atuação
 Situações de Exceção

57
Obstrução da Via Aérea (OVA)

A obstrução da via aérea é um estado que se traduz na dificuldade que o


organismo tem em receber oxigénio e eliminar o dióxido de carbono (CO2), ao
nível das células.
A obstrução da via aérea é uma emergência absoluta que, se não for
reconhecida e resolvida, pode levar à morte em poucos minutos.
As OVA podem ter as seguintes origens:

Mecânica (objetos, alimentos, sangue, vómitos, prótese dentária, etc.);


Anatómica (queda da língua em vítimas inconscientes);
Afogamento;
Reação alérgica.

Podendo ser de dois tipos.

Parcial
Total ou Completa

Fig. 54 - Obstrução da Via Aérea


Obstrução Parcial
Na obstrução parcial ainda há passagem de algum ar. A vítima consegue tossir
podendo falar e/ou fazer algum ruído ao respirar. Deve vigiar o seu estado e
encorajar a tosse.

Sinais e Sintomas

 Inquietação e ansiedade;
 Respiração ruidosa;
 Dificuldade respiratória;
 Tosse;
 Pupilas dilatadas e olhos congestionados.

58
Obstrução Total
Na obstrução total já não existe passagem de ar. A vítima não fala, não tosse e
não emite ruído respiratório. Ou seja, não respira. Pode demonstrar grande
aflição e ansiedade, sendo necessário atuar rapidamente para a obstrução não
resultar na paragem cardiorrespiratória.

Sinais e Sintomas

 Não consegue falar, tossir ou respirar;


 Não existem ruídos respiratórios;
 Estado de aflição e angústia;
 Extremidades cianosadas;
 Pupilas dilatadas;
 Podendo levar à alteração do estado de consciência.

ATUAÇÃO

Vítima Consciente (Obstrução parcial)


Enquanto a vítima respira e consegue tossir (obstrução parcial) de forma
eficaz, o socorrista deve unicamente encorajar a tosse e verificar a sua
eficácia. Se a vítima não recuperar agir como se tratasse de uma
obstrução total.

Vítima Consciente (Obstrução total)


Se a vítima estiver consciente e apresentar tosse ineficaz ou dificuldade
em falar e respirar, aplicar de imediato até 5 pancadas interescapulares.
Verificar após cada pancada se resolveu a obstrução, se a via aérea
estiver desobstruída, não será necessário aplicar as 5 pancadas;

Se a obstrução não for resolvida com as pancadas interescapulares, deve


proceder-se à aplicação de até 5 compressões abdominais (manobra de
Heimlich), vigiando o estado de consciência da vítima;

59
Repetir alternadamente 5 pancadas interescapulares com 5 compressões
abdominais.

5 Pancadas interescapulares 5 compressões abdominais

Fig. 55 - Pancadas Interescapulares e Compressões abdominais

Manter as 5 pancadas interescapulares


alternadamente com as 5 compressões abdominais
até:
Resolver a obstrução e a vítima voltar a
respirar NORMALMENTE;
A vítima ficar inconsciente.

Se a vítima ficar inconsciente, o socorrista deve: Fig. 56 - Compressão Abdominal

Normalmente a remoção de qualquer corpo estranho numa vítima inconsciente


será mais fácil devido ao relaxamento muscular generalizado. Se a vítima ficar
inconsciente, colocá-la suavemente no chão, informar o 112 e iniciar SBV (ver
capitulo 6) Executar os ciclos de 30 compressões / 2 insuflações, tal como no
algoritmo de SBV, efetuando sempre pesquisa de corpos estranhos na boca
antes da permeabilização da via aérea e tentativa de insuflação.

60
Situações de exceção relacionadas com as compressões abdominais

Esta manobra apenas poderá ser efetuada a vítimas conscientes, contudo,


existem exceções às quais não deve ser realizada:

Mulheres grávidas;
Vítimas obesas (em que o socorrista tem dificuldade em abranger o
abdómen da vítima);
Vítimas com menos de 1 ano de idade (latente)

Nestas situações as compressões abdominais são substituídas por


compressões torácicas, aplicadas no local do SBV.

Fig. 57 - Compressão torácica – Grávida e Obeso

O Latente é outra situação de exceção. A técnica da compressão abdominal


está desaconselhada nesta faixa etária, devendo ser substituída pela
compressão torácica.

61
Latente (- de 1 ano)
As compressões abdominais podem apenas ser aplicada em vítimas a partir de
um ano de idade, e de acordo com o seu desenvolvimento físico.
Colocar o bebé inclinado em decúbito ventral sobre o antebraço,
apoiando a cabeça com a mão de modo a que fique mais baixa que o
resto do corpo;

Fig. 58 - Desobstrução da VA no Latente

Efetuar até 5 pancadas interescapulares (na linha média entre as


omoplatas), com força adequada ao tamanho do bebé. Se não conseguir
resolver a obstrução da via aérea, colocá-lo de costas sobre o
antebraço, ou sobre uma superfície dura, e fazer até 5 compressões
torácicas, com 2 dedos sobre o esterno (1 dedo abaixo da linha média
intermamilar);

Após 5 compressões torácicas, inspecionar a cavidade oral, removendo


algum objeto apenas se for visível;

Repetir sequências de 5 pancadas interescapulares, 5 compressões


torácicas até a obstrução ficar resolvida ou o bebé deixar de ter qualquer
reação. Ficando inconsciente, o socorrista deve aplicar o SBV (ver
capítulo 7)

62
63
CAPÍTULO 9

CHOQUE
 Tipos de Choque
 Sinais e Sintomas
 Atuação

64
Choque

O estado de choque caracteriza-se por uma generalizada e inadequada


perfusão dos tecidos. A perfusão insuficiente está relacionada com diversos
mecanismos como a diminuição do débito cardíaco, diminuição do volume de
líquidos orgânicos (hipovolémia) ou alterações nos vasos sanguíneos.

Para que os tecidos recebam nutrientes e oxigénio de maneira adequada é


necessário uma bomba cardíaca, o sistema vascular íntegro e o volume
sanguíneo adequado. Qualquer compromisso em um destes itens, poderá
provocar a síndrome da má perfusão tecidual.

A diminuição da circulação sanguínea nos tecidos, impossibilita quer a nutrição


das células quer a remoção dos produtos tóxicos do organismo. Se irreversível,
origina morte celular.

Tipos de Choque

Choque hipovolémico:
Perda abundante de líquidos orgânicos por hemorragias; queimaduras;
vómitos ou diarreia;

Choque cardiogénico;
Lesões cardíacas;

Choque séptico
Infeção grave;

Choque anafilático
Reação alérgica grave.

Sinais e Sintomas
Pele pálida e fria;
Suores frios e viscosos;
Pulso rápido e fraco;
Hipotensão;

65
Alteração do estado de consciência;
Respiração rápida e superficial;
Náuseas e vómitos (ocasionalmente);

ATUAÇÃO

Levar a vítima para local fresco e arejado;


Verificar permeabilidade da via aérea;
Controlar a causa desencadeante do estado de choque;
Manter a temperatura corporal;
Observar o estado de consciência e avaliar e registar os sinais vitais;
Providenciar ajuda diferenciada 112.

NOTA:
A hipotensão pode ser combatida elevando os membros inferiores da vítima e
lateralizando a cabeça evitando a possível aspiração em caso de vómito.

Fig. 59 - Elevação dos Membros Inferiores

No caso de existir suspeita de traumatismo,


não está recomendada a elevação dos
membros inferiores, nem o movimento da
coluna cervical. A vítima deverá ser
imobilizada

66
CAPÍTULO 10

HEMORRAGIAS
 Classificação
 Sinais e Sintomas
 Atuação

67
Hemorragia

Denomina-se hemorragia à saída de sangue provocada pela rutura de um vaso


sanguíneo (artérias, veias e capilares). O aparelho circulatório através do
coração, de uma rede de vasos e do sangue é o responsável pela distribuição
de nutrientes e oxigénio a todas as células.
Um adulto tem, em média, 5-6 litros de sangue. A perda superior a ½ litro de
sangue é uma situação grave, logo qualquer hemorragia deve ser controlada
de imediato.

Classificação

Quanto à sua localização:


 Externas: O sangue sai de uma ferida (visíveis), sendo de fácil deteção;

 Internas: A hemorragia interna é de difícil reconhecimento e consiste na


drenagem de sangue para uma cavidade do organismo.

Invisível: Não existe saída de sangue para o exterior, pode ser devido a lesões
internas de órgãos ou de grandes vasos (exº, rotura do fígado, baço, artérias).
Apenas é possível suspeitar da sua existência através de sinais e sintomas.

Visível: Ocorrem no interior do organismo, mas exteriorizam-se através dos


orifícios naturais do corpo:
 Do nariz (epistaxis);
 Dos ouvidos (otorragia);
 Da boca, que pode ser proveniente da via respiratória (hemoptise),
normalmente acompanhado de tosse ou da via digestiva (hematemese),
sendo normalmente acompanhado de vómitos;
 Do ânus (melenas ou hematoquésias).

Quanto à origem (tipo de vaso afetado):


 Hemorragia Arterial: Rotura de uma artéria. O sangue sai em jatos
intermitentes devido à contração do coração e apresenta-se vermelho
vivo (oxigenado). Difícil controle.

68
 Hemorragia Venosa: Rotura de uma veia. O sangue sai de forma
regular e contínua, sem pressão e apresenta-se vermelho escuro (não
oxigenado). Mais fácil de controlar que a arterial;

 Hemorragia Capilar: Rotura de capilares, vénulas e arteríolas. O


sangue corre lentamente pela pele em forma de “toalha ou baba” e
apresenta-se com cor intermédia em relação às anteriores. Fácil
controle, pode parar espontaneamente.

Fig. 60 - Origem das Hemorragias

Sinais e Sintomas
Saída evidente de sangue por ferida ou orifícios naturais do corpo;

Alteração do estado de consciência (confusão, desorientação ou


inconsciência);
Respiração rápida e superficial;
Pulso rápido e fraco;
Baixa da tensão arterial (hipotensão);
Baixa da temperatura corporal (hipotermia);
Palidez e suores frios;
Sede intensa;
Dor (frequentemente torácica ou abdominal);

69
ATUAÇÃO

Hemorragias Externas
 Compressão Manual Direta (CMD):
Consiste em pressionar diretamente, em cima do ferimento, com uma ou mais
compressas/pano limpo, se necessário colocar outras compressas por cima,
nunca retirando a primeira. Comprimir durante aproximadamente 10 minutos;

Colocar o local da hemorragia mais elevado que o resto do corpo, devido à


força da gravidade, vai ocorrer diminuição da circulação sanguínea à zona
afetada

Fig. 61 - Compressão Manual Direta


Fig. 62 - Compressão Manual Direta e Elevação do
Membro
ATENÇÃO:
Se associados à hemorragia estiverem fraturas ou corpos estranhos
empalados optar pela compressão manual indireta.

 Compressão Manual Indireta (CMI):


Quando a CMD não pode ser realizada, por impeditivos decorrentes da
situação, existe um método alternativo, a CMI;
Consiste em pressionar com firmeza os pontos de compressão arterial, no
trajeto da artéria principal (que corresponde à área onde existe hemorragia),
impedindo a progressão sanguínea.

70
A CMI só poderá ser aplicada num máximo de 10 minutos (podendo estender-
se a 15 minutos na artéria femural), ao fim dos quais se aliviará a pressão
durante 1 minuto (máximo).

Pontos onde efetuar a


Compressão Manual
Indireta (raíz dos
membros)

Fig. 63 - Compressão Manual Indireta + Compressão


Manual Direta e Elevação do Membro
Se ajudar, poderá ainda associar a Compressão Manual Direta e Elevação do
Membro de forma a ser mais eficaz o controle da hemorragia. (Fig. 63)

 Garrote:

É traumatizante e perigoso e só deve ser realizado quando os restantes


métodos falharam, e a vida da vítima corre perigo;

Utilizado quando existe grande volume de sangue perdido, paralelamente à


existência de choque; indicado em situações de amputações traumáticas.
Situações em que existam diversas vítimas com lesões graves e prioritárias e
número insuficiente de socorristas. Só se deve aplicar nas artérias umeral e
femural.

O garrote é traumatizante, perigoso e só


deve ser realizado quando os restantes
métodos falharam, e a vida da vítima corre
perigo. Uma vez aplicado o garrote, não é
retirado até à chegada de meios mais
diferenciados.

71
.

Aplicação do garrote:
Retirar a roupa do membro ferido;
Usar tecido não elástico e largo (um
lenço, uma gravata, etc.)
Aplicar ligeiramente acima do foco
hemorrágico, apertando bem, até
impedir a passagem de sangue abaixo
do ponto do garrote;
Não aliviar o garrote;
Deixar sempre o membro garrotado bem
à vista;
Registar a hora de aplicação do garrote. Fig. 64 - Garrote

Perigos do garrote:
Deficiente irrigação do local abaixo do garrote (após ±10 minutos);
Lesões no local da aplicação (nervos, músculos e vasos);
Insuficiência renal aguda.

Nota:
Diferença entre CMI e garrote:
O garrote impede circulação no membro;
A CMI deixa livre a circulação colateral.

Cuidados Complementares no controlo das hemorragias externas:


 Aplicação de frio:
- A aplicação de frio no local indiretamente contribui para a diminuição
da saída de sangue, devido à vasoconstrição;
- Utilizado essencialmente nas hemorragias internas;

- A aplicação é sempre indireta, ou seja, coloca-se o gelo sempre


protegido com uma toalha ou pano;

72
- A aplicação de frio não deve exceder os 10 minutos de cada vez, caso
contrário corre-se o risco de ocorrerem dificuldades na circulação
sanguínea e queimaduras provocadas pelo frio.

 Elevação do membro:
- Consiste em utilizar a força da gravidade para
reduzir a pressão de sangue na zona da
hemorragia;

- Antes de realizar esta técnica, verificar se não


existem outras lesões que possam ser agravadas.

Fig. 65 - Elevação do Membro

Hemorragias Internas
Avaliar e manter a permeabilidade da via aérea;

Desapertar o vestuário (facilitar a circulação sanguínea);

Manter a vítima quente;

Vigiar os sinais vitais;

Evitar que a vítima faça qualquer movimento;

Se inconsciente, colocar em PLS. Se existir suspeita de trauma, colocar


a vítima de barriga para cima (decúbito dorsal) com estabilização da via
aérea e coluna cervical;

Não dar nada a beber ou comer;


Providenciar transporte a uma unidade de saúde.

73
Nariz (epistáxis)
 Averiguar o tipo de acidente (quando há suspeita de traumatismo
craniano não se controla a hemorragia);

 Sentar a vítima, tendo atenção para não colocar a cabeça em extensão;

 Compressão digital na narina afetada durante cerca de 10 minutos,


pedindo à vítima para respirar pela boca;

 Se a hemorragia não cessar com a compressão digital, tamponar a


narina afetada com uma compressa, fazendo compressão;

 Arrefecimento do local com frio aplicado indiretamente;

 Se ao fim de 10 minutos a hemorragia persistir, deve aplicar-se nova


pressão durante mais 10 minutos;

 Se a hemorragia persistir mais de 15 a 20 minutos, contactar 112;

Fig. 66 - Controle de Hemorragia Nariz (epistáxis)

74
Ouvido
 Averiguar o tipo de acidente (despistar traumatismo craniano);

 Colocar a vítima numa posição confortável com a cabeça


inclinada/apoiada para o lado da hemorragia (não sendo vítima de
trauma)

 Sendo vítima de trauma, o socorrista deverá efetuar estabilização


manual da coluna cervical;

 Colocar compressas no pavilhão auricular, fazendo uma ligeira


compressão, mas sem tamponar, permitindo que o sangue saia;

 Por segurança, a vítima deverá ser transportada para uma unidade de


saúde.

75
CAPÍTULO 11

INTOXICAÇÃO E ENVENENAMENTO
 Tóxicos Mais Comuns
 Vias de Contato
 Sinais e Sintomas
 Atuação
 Prevenção

76
Intoxicação/Envenenamento

Tóxico é qualquer substância sólida, líquida ou gasosa que em determinada


concentração pode causar danos temporários ou permanentes.

As intoxicações e os envenenamentos são causados pela ingestão, aspiração


e introdução no organismo, acidental ou não, de substâncias tóxicas de
naturezas diversas. Podem resultar em doença grave ou morte em poucas
horas se não forem prestados cuidados diferenciados.

Tipos de Tóxicos Comuns

Monóxido de carbono (CO);

Gasolina;

Produtos agrícolas (pesticidas; paraquat);

Produtos industriais;

Detergentes;

Medicamentos (ex: barbitúricos);

Plantas venenosas;

Alimentos / bebidas alcoólicas;

O contacto com o veneno/tóxico pode ocorrer através das formas mais


variadas, ou seja, o tóxico entra no organismo através das seguintes vias:

Digestiva – quando o tóxico é ingerido;


Respiratória – quando o tóxico é inalado;
Cutânea – quando o tóxico é absorvido pela pele;
Picada de animal – quando o tóxico é o veneno libertado por um animal
durante a picada ou dentada (ex.: víbora e lacrau – escorpião);

Ocular – quando o tóxico atinge os olhos.

77
A gravidade da intoxicação depende de fatores como:
Idade;
Suscetibilidade da vítima;
Quantidade;
Tipo de substância tóxica;
Via de contato.

Os idosos e as crianças
são mais vulneráveis.
Importante prevenir, este
é o melhor remédio!

Abordando as vias de contato:

 Via Digestiva:

Tóxicos mais comuns:

 Detergentes;
 Lixívia;
 Álcool puro;
 Amoníaco;
 Produtos agrícolas (pesticidas, gramaxone, paraquat);
 Ácidos (sulfúrico, clorídrico, nítrico, outros);
 Gasolina;
 Soda cáustica
As intoxicações provocadas por medicamentos são as mais comuns,
seguidas de alimentos e produtos tóxicos.

78
Sinais e Sintomas

Queimaduras ou manchas ao redor da boca;


Respiração ou hálito com cheiro estranho;
Salivação excessiva ou espuma pela boca;
Dor abdominal, náuseas, vómitos e diarreia;
Respiração anormal;
Arrepios e sudorese (suores abundantes);
Tonturas, prostração, síncope (desmaio), agitação e delírio;
Agitação ou apatia.

ATUAÇÃO

Ligar 112 e ligar para o Centro de Informações Antivenenos (CIAV);


Manter a permeabilidade da via área;
Se consciente, colocá-la em posição semi-sentada ou em repouso;
Se vítima inconsciente e a respirar, colocá-la em posição lateral de
segurança (evitar aspiração do vómito);
Manter a vítima aquecida;
Não provocar o vómito (apenas se houver indicação médica – CIAV);
Não dar nunca de beber (apenas se houver indicação médica – CIAV);
Promover um rápido transporte da vítima para o centro urgências (112).

Em casos de ingestão de um tóxico corrosivo, este irá


provocar danos nas paredes do esófago e órgão internos. Se
for provocado o vómito, o mesmo irá voltar a provocar
danos na subida! O vómito só deve ser provocado se houver
indicação do CIAV.

79
Nota:

Vítimas de intoxicação etílica (por álcool), o socorrista deve dar uma bebida
açucarada, desde que a vítima esteja consciente e capaz, isto para não
provocar aspiração do líquido. É o único caso em que deve dar algo à vítima de
intoxicação via digestiva, pois há risco de hipoglicemia (baixa de açúcar no
sangue).

Se a vítima estiver inconsciente, colocar o açúcar sublingual (em baixo da


língua). Neste caso, por estar inconsciente, é totalmente desaconselhado dar
líquidos, pelo risco de aspiração pulmonar.

Prevenção
Não tirar os rótulos dos recipientes;

Não transferir comprimidos entre diferentes caixas de medicamentos;

Armazenar produtos químicos em prateleiras altas;

Verificar sempre prazos de validade da medicação;

Não misturar produtos químicos.

 Via Respiratória:

Tóxicos mais comuns:

 Monóxido de carbono (veículos e incêndios);

 Gás carbónico (fossas sépticas);


 Óxido de carbono (braseiras);
 Gás propano/butano (gás de uso doméstico).

80
Sinais e Sintomas
Cefaleias (dores de cabeça);
Tonturas;
Náuseas;
Dificuldade respiratória;
Tosse;
Pele cianosada (azulada);
Inconsciência.

ATUAÇÃO

Neste tipo de cenários, a segurança do socorrista e das vítimas, deve


ser a prioridade;

Ativar de imediato o 112 e descrever o cenário;


Se for seguro, tente retirar a vítima do ambiente contaminado para um
lugar seguro e aberto;

Se não for possível retirar a vítima do espaço contaminado, tente arejar


o local abrindo as portas e janelas para remover os gases;

Se possível, aborde a vítima com máscara ou segurando uma toalha


húmida encostada ao nariz e boca;

Não acenda fósforos ou isqueiros pois os vapores podem ser


inflamáveis;

Assegure-se da permeabilidade da VA e de que a vítima está a respirar


normalmente;

Mesmo a vítima consciente e aparentemente bem deverá ser


transportada a uma unidade de saúde.

81
Prevenção
Fechar as torneiras de segurança do gás quando não utilizado;

Ao utilizar produtos de limpeza manter portas e janelas abertas;

Não misturar produtos de limpeza (principalmente cloro e amónia);

Evitar deixar veículos motorizados a trabalhar em espaços fechados.

O socorrista deve estar sempre atento à sua


segurança. Tenha presente que muitos tóxicos
inalatórios podem não ter cheiro, se em
alguma altura da sua abordagem, sentir que a
sua segurança está em causa, deve se afastar
do local e aguardar a chegada dos meios
diferenciados

 Via Cutânea (pele):

ATUAÇÃO

Remover roupas contaminadas, se estiverem aderentes à pele


devem ser cortadas;

Lavar a zona atingida pelo menos durante 15 minutos, com água


corrente;

Manter a temperatura corporal da vítima.

82
 Via ocular (olhos):

ATUAÇÃO

Para lavar deve deixar-se correr um fio de água para o olho, do canto
interno para o canto externo, durante 10 a 15 minutos;

Ter o cuidado de manter as pálpebras separadas durante a lavagem;

Não fazer aplicação de qualquer tipo de produto.

Situações de picadas de animais (abelha, vespa, lacrau, víbora, peixe-


aranha):

Imobilize a zona atingida;

Aplique calor no caso do peixe-aranha e frio nos restantes casos;

Se necessário, contatar 112 e CIAV.

O Centro de Informação Antivenenos (CIAV) é um


centro médico de informação toxicológica. Dispõe de
um número próprio de contacto: 808 250 143.

Presta informações referentes ao diagnóstico, quadro


clínico, terapêutica e prognóstico da exposição a
tóxicos (intoxicações agudas ou crónicas) em
pessoas ou animais.

Fornece esclarecimentos sobre efeitos secundários


dos medicamentos, substâncias cancerígenas,
mutagénicas e teratogénicas.

O CIAV presta um serviço nacional, cobrindo a


totalidade do país. Médicos especializados, 24 horas
por dias, sete dias por semana, que atendem
consultas de médicos, outros profissionais de saúde
e do público em geral. Fig. 67 - CIAV

83
Em caso de intoxicação grave, o
contato ao CIAV não substitui o
necessário contato ao 112.

Conselhos Úteis

Explique às crianças o risco de tomar remédios de que não estão a


precisar e o perigo de provar ou mexer em produtos perigosos.

Não tome nem dê medicamentos às escuras e não exceda as doses


prescritas.

Guarde os medicamentos e outros produtos químicos (produtos de


limpeza, pesticidas, tintas, petróleo, diluentes) fora do alcance das
crianças.

Não aplique raticidas, naftalina ou outros pesticidas em locais acessíveis


às crianças.

Não utilize embalagens vazias para guardar outros produtos, guarde-os


nas suas verdadeiras embalagens.

Feche as embalagens e guarde os produtos imediatamente após o uso.

Não dê embalagens vazias às crianças para brincar.

Não ponha produtos de uso doméstico junto a comidas ou bebidas.

Guarde em segurança as bebidas alcoólicas.

Não esqueça que os perfumes, águas de colónia e loções para a barba


podem ser soluções alcoólicas.

Conheça o significado dos símbolos existentes nos rótulos.

Leia as instruções de aplicação com cuidado e aplique os produtos


dentro das regras de segurança, principalmente quando usar pesticidas,
produtos corrosivos, tira nódoas e vernizes.

84
Não deixe abandonadas embalagens de pesticidas destapadas, vazias
ou vasilhas com resto de caldas.

Após usar, feche as torneiras do gás e tenha sempre as instalações em


bom estado e, se possível com dispositivos de segurança.

Não tenha instalações de gás na casa de banho.

Não tenha plantas tóxicas em casa ou no jardim.

Não deixe as crianças comerem bagas ou sementes de plantas


desconhecidas.

Não apanhe nem cozinhe cogumelos frescos, se não os distinguir com


exactidão.

A calma é muito importante, não se precipite mas não perca tempo.

Tenha o número do CIAV perto do telefone: 808 250 143

Símbolos de Perigo:

Fig. 68 – Símbolos de Perigo

85
CAPÍTULO 12

ELETROCUSSÃO
 Efeitos da Corrente Elétrica
 Sinais e Sintomas
 Atuação

86
Eletrocussão

Eletrocussão é a passagem de corrente elétrica pelo corpo, através de uma


fonte externa. As lesões ocorrem no percurso da corrente entre os pontos de
saída e de entrada e causam lesão.

A voltagem e a amperagem são os fatores mais importantes que determinarão


a extensão e a profundidade da lesão tecidular. Podemos diferenciar a lesão de
alta e baixa voltagem, tomando como ponto de referência os 1000 volts.

Fatores que determinam a forma e a gravidade da lesão são o tipo de corrente


elétrica (alternada ou contínua), a intensidade da corrente elétrica, o trajeto da
corrente elétrica pelo corpo humano, a impedância (resistência elétrica)
oferecida pelo corpo e a duração do contato com a fonte.

Os fenómenos mais críticos resultantes da passagem da corrente elétrica pelo


corpo são:
Espasticidade - é a rigidez muscular que dificulta ou impossibilita o
movimento, em especial dos braços e das pernas. Neste caso
específico, acontece devido à passagem da corrente elétrica pelos
tecidos nervosos que controlam os músculos, acabando por anular os
impulsos mentais podendo bloquear apenas um membro ou o corpo
inteiro.
 A corrente contínua tende a produzir uma grande contração que
frequentemente projeta a vítima para longe da fonte.
 A corrente alternada é ainda mais perigosa que a corrente
contínua de mesma intensidade, pois a espasticidade provocada
no corpo da vítima poderá impedir que esta seja libertada da
fonte, prolongando assim a exposição à corrente elétrica.

Paragem cardio-respiratória – Isto pode ocorrer se os músculos


respiratórios forem atingidos e sofrerem espasticidade devido à
passagem da corrente, levando ao bloqueio do diafragma e consequente
interrupção da função respiratória. Ou então, no caso de haver
passagem de corrente elétrica pelo cérebro, podendo inibir o centro
respiratório, levando à mesma consequência.

87
Fibrilhação Ventricular - A fibrilhação ventricular ocorre quando a
corrente atinge diretamente o coração e interfere com o seu estímulo
elétrico normal, provocando assim uma disritmia e consequente
paragem cardio-respiratória. A fibrilhação ventricular é um fenómeno que
se mantém mesmo após a liberação da vítima com a fonte de energia e
só poderá ser anulada mediante a utilização de um desfibrilhador.

Queimaduras – Consequência do calor gerado pela passagem da


corrente elétrica pelo corpo humano, na medida em que ela atravessa os
tecidos. Estas queimaduras normalmente são profundas, de difícil
regeneração e muito dolorosa, podendo causar a morte. Este tipo de
queimaduras são também classificadas em 1º, 2º e 3º grau.

Sinais e Sintomas
Dificuldade respiratória (dispneia);
Arritmias cardíacas (alterações do ritmo cardíaco);
Ardor ou insensibilidade da pele;
Parestesias (formigueiro);
Cãibras musculares de extremidades;
Queimaduras;
Paragem cardiorrespiratória;
Traumatismos (crânio, coluna, etc.);
A eletrocussão pode provocar lesões internas muito graves sem
aparente lesão externa.

88
ATUAÇÃO

Lembre-se que a sua segurança está acima de tudo!

Desligar fonte de energia (disjuntor) antes de qualquer abordagem à


vítima;

Se não souber onde desligar a fonte de energia ligue 112 e informe;

Aborde a vítima quando estiverem garantidas as condições de


segurança seguindo a nomenclatura AB e agindo em conformidade com
a sua avaliação.

Não esquecer que todo o eletrocutado deverá


ser abordado como sendo vítima de trauma,
devido ao possível “golpe de chicote”
provocado pela passagem da corrente elétrica
pelo corpo e/ou projeção da vítima. Logo, toda
a abordagem do socorrista tem que se basear
neste facto.

89
CAPÍTULO 13

TRAUMATOLOGIA
 TRAUMA DOS TECIDOS MOLES
 Feridas
 Queimaduras

 ORTOTRAUMATOLOGIA
 Fraturas

 NEUROTRAUMATOLOGIA
 Traumatismo Crânio-Encefálico
 Traumatismo Vertebro-Medular

90
Traumatologia

Traumatismo corresponde a qualquer lesão ou perturbação produzida no


organismo por um agente exterior, acionado por uma força. Existem vários
mecanismos responsáveis pelo aparecimento de lesões traumáticas no
organismo, de um modo geral temos como agentes causais de trauma:

Ondas de choque provocadas por explosões, objetos em movimento,


embate em objetos fixos;
Quedas em altura;
Esmagamento;
Atropelamento;
Queimaduras (calor, frio, produtos químicos, eletricidade e radiações).

Genericamente, as lesões dividem-se em abertas e fechadas e podem ser


diversas:
Equimoses e Hematomas;
Escoriações;
Feridas;
Queimaduras;
Fraturas;
Lesões articulares (lesões ligamentares, luxações/ sub-luxações e
fraturas articulares);
Esfacelos;
Amputações.

Fig. 69 - Lesão Aberta (Ferida) Fig. 70 - Lesão Fechada (Equimose)

91
TRAUMA DOS TECIDOS MOLES

 Feridas

Ferida é uma perda de continuidade da pele e/ou das mucosas do corpo,


poderá existir uma rutura mais ou menos profunda dos tecidos.
Existem diferentes tipos de feridas, podem ser escoriações (“arranhões”),
feridas incisas, lacerações, avulsões, ferida perfurante, amputações e
eviscerações. Independentemente do tipo de ferida, para o socorrista, são
todas graves, pois além de serem um foco de infeção, muitas vezes podem
existir lesões associadas (fraturas, hemorragias ou lesões de órgãos vitais).

ATUAÇÃO

Providenciar ajuda diferenciada de acordo com gravidade: 112


Lavar as mãos antes e depois da realização do penso;
Não falar, tossir ou espirrar para cima da ferida (evitar a infeção);
Não retirar objetos empalados (evitar a hemorragia), apenas imobilizá-
los;
A limpeza deverá ser efetuada de
dentro para fora com soro fisiológico a
0,9% ou com água (potável).
Proteção da ferida com compressa e
colocar adesivo ou ligadura para fixar;
Se o primeiro penso repassar sangue,
colocar outro por cima.

Fig. 71 - Imobilização de Objeto Empalado

92
 Queimadura

Queimadura é uma lesão cutânea e/ou dos tecidos adjacentes, provocada por
qualquer agente exterior, que conduz à destruição total ou parcial da pele, com
alteração da sua função.

Causas das queimaduras


Térmicas:
 Produzidas pela ação direta de temperaturas muito altas ou muito baixas
(vapor, sol, fogo, gelo, etc.);

Químicas:
 Ácidos (sulfúrico, clorídrico);
 Alcalis (lixívia, soda cáustica);
 Gasolina.

Elétricas:
 Descargas elétricas de diferentes tipos (corrente elétrica, raios).

Radiação:
 Raios ultravioleta;
 Raios X;
 Raios infravermelhos;
 Agentes radioativos.

Localização das queimaduras


As seguintes queimaduras devido à sua localização são sempre consideradas
como graves:
Vias aéreas (suspeitar quando existem queimaduras da face);
Mãos, pés, ou outra articulação (risco de perda de mobilidade);
Órgãos genitais;
Queimaduras complicadas por ferida e/ou fraturas.

93
Profundidade da queimadura

1º Grau: Queimadura superficial, só atinge a epiderme. A pele


apresenta-se vermelha (eritema), seca, dolorosa e quente. Cicatrização
ocorre ao fim de alguns dias;

Fig. 72 - Queimadura de 1º Grau

2º Grau: Queimadura superficial, mas envolvendo toda a epiderme e


parte da derme. A pele fica inchada (edema), muito dolorosa e ocorre
formação de bolhas (flictenas). Cicatrização num período de duas a três
semanas;

Fig. 73 - Queimadura de 2º Grau

94
3º Grau: Queimadura profunda, atinge toda a epiderme, a derme e
outros tecidos mais profundos, podendo afetar músculos, vasos
sanguíneos, nervos e ossos. A pele apresenta-se seca, com uma cor
castanha/negra (se causada por calor seco) ou esbranquiçada (se
causada por calor húmido). Estas queimaduras não são dolorosas, pois
as terminações sensitivas são destruídas.

Fig. 74 - Queimadura de 3º Grau

Resumo

95
Extensão da queimadura

A pele é o maior órgão do nosso organismo e representa um elemento de


barreira contra todos os agentes agressores do meio exterior. Perante isso,
quanto mais extensa for a queimadura, mais vulnerável fica a vítima,
especialmente às infeções.
Na avaliação de uma queimadura, a determinação da área queimada é
extremamente importante. Para avaliar a extensão da superfície corporal
queimada utiliza-se a “regra dos nove”, que indica a percentagem de área
atingida.

Fig. 75 - Extensão da Queimadura - “Regra dos Nove”

Adulto Criança Bebé

Cabeça (anterior e posterior) 9% 14% 18%


Tronco (anterior e posterior) 2 x 18% = 2 x 18% = 2 x 18% =
36% 36% 36%
Membros superiores (anterior e 2 x 9% = 2 x 9% = 2 x 9% =
posterior) 18% 18% 18%
Membros inferiores (anterior e 2 x 18% = 2 x 16% = 2 x 14% =
posterior) 36% 32% 28%
Órgãos genitais 1%

96
A gravidade da queimadura depende de:
Causas da queimadura;
Profundidade da queimadura (1º, 2º e 3º grau);
Extensão da superfície corporal queimada;
Local atingido (face, articulações, genitais);
Idade (menos de 5 anos e mais de 60);
Doenças e estado nutricional prévio.

Sinais e Sintomas
Pele seca e quente (ausência de suor);
Dor intensa (pode levar à perda de consciência);
Perda de líquidos corporais (pode levar ao choque);
Bolhas (flictenas);
Dificuldade respiratória (devido ao edema da glote nas queimaduras das
vias aéreas);
Tosse com sangue (queimaduras das vias aéreas);
Destruição de tecidos;

ATUAÇÃO
Providenciar ajuda diferenciada: 112;
Afastar a vítima do agente causal da queimadura;
Avaliar e manter a permeabilidade da via aérea;
Retirar anéis, relógios e pulseiras devido ao inchaço (edema);
Lavar a área queimada com água (potável) corrente durante cerca de 15
minutos ou até aliviar a dor;
Não rebentar as bolhas (flictenas);
Não retirar as roupas queimadas que estiverem aderentes à pele,
embeber os fragmentos de roupa em soro fisiológico ou água potável;
Não utilizar gelo, gorduras, cremes ou pomadas sobre a queimadura.

97
ORTOTRAUMATOLOGIA

Fraturas
Fratura é uma perda, total ou parcial, da continuidade do tecido ósseo em dois
ou mais fragmentos.

Quando se dá uma fratura, chamamos a toda a região afetada o foco de


fratura. A linha segundo a qual o osso
parte denomina-se traço de fratura, e as
duas pontas de osso que ficam partidas
são conhecidas por topos ósseos.
Também podem permanecer pequenos
fragmentos de osso no foco de fratura que
chamamos esquírolas ósseas.

Classificação
Fig. 76 - Fratura
Fechadas: Não existe descontinuidade da pele;
Abertas (exposta): Os topos ósseos, perfuram a pele e comunicam com
o exterior, habitualmente são a que originam mais complicações;
Complicadas por ferida: Existe uma ferida no local da fratura, mas sem
exposição dos topos ósseos (fratura fechada).

Fig. 79 – Fratura Complicada por Ferida

Fig. 77 – Fratura Fechada


Fig. 78 - Fratura Aberta (exposta)

98
Mecanismo de lesão
Direto: Quando a fratura surge no local onde foi aplicada a força.
Indireto: Quando a fratura surge num local diferente daquele onde foi
aplicada a força.

Sinais e Sintomas
Dor intensa no local;
Inchaço (edema):
Deformidade;
Encurtamento do membro;
Impotência funcional;
Equimose/Hematoma;
Mobilidade anormal;
Crepitação óssea;
Exposição de topos ósseos.

ATUAÇÃO

Providenciar ajuda diferenciada: 112;


Evitar movimentos desnecessários (na vítima e no local afetado);
Não tentar colocar o osso fraturado no seu lugar original;
Nunca retirar objetos empalados, estabilize-os;
Retirar anéis, relógios e pulseiras se a fratura afetar as extremidades
dos membros;
Usar talas rígidas almofadadas;
Controlar hemorragia (se estiver presente) através de compressão
manual indireta;
Nas fraturas fechadas, aplicar gelo indireta e localmente, durante cerca
de 30 minutos, para reduzir o inchaço;

99
Nas fraturas abertas, lavar abundantemente os topos ósseos e a ferida,
cobrindo depois com compressas humedecidas;
Avaliar, vigiar e registar os sinais vitais;

Imobilização de fraturas
A imobilização deverá ser sempre feita de acordo com a tolerância da vítima.
Nos ossos longos imobilizar sempre as articulações adjacentes (acima e
abaixo) ao foco da fratura.
Após a imobilização, avaliar a circulação do membro, através da vigilância da
coloração da pele, temperatura, sensibilidade, pulso periférico e mobilidade do
membro. Se possível aplicar frio indireta e localmente.

IMOBILIZAÇÕES (REGRAS GERAIS)

Evidência ou suspeita de fratura - Imobilizar sempre;


Manter posição de conforto para a vítima;
Fratura de ossos longos - Imobilizar articulação acima e abaixo do foco
de fratura;
Fraturas articulares - Imobilizar ossos acima e abaixo do foco de fratura;
Fraturas expostas – Proteger com compressas ou pano limpo antes de
imobilizar;
Não fazer redução da fratura (tentar colocar os ossos no sítio);
As talas aplicadas devem estar almofadadas ou protegidas de modo a
não impedir a circulação

OBJECTIVOS DA IMOBILIZAÇÃO
Diminuir a dor;
Controlar eventuais hemorragias;
Prevenir o estado de choque.

100
Exemplos de imobilizações de membros superiores e inferiores

Fig. 81 - Imobilização de Membro Inferior

Fig. 80 - Imobilização Membro Superior

101
NEUROTRAUMATOLOGIA

Traumatismo Crânio-Encefálico (TCE)


O TCE é causado por uma agressão, por uma aceleração ou desaceleração de
alta intensidade do cérebro dentro da calote craniana. Esse processo causa
comprometimento estrutural e funcional do couro cabeludo, crânio, meninges,
encéfalo ou dos respetivos vasos. O TCE pode causar diminuição ou alteração
do estado consciência, resultando em alterações que afetam diretamente o
funcionamento físico, cognitivo (memória, aprendizagem e atenção),
comportamental ou emocional.

Deve suspeitar de TCE quando:


Vítima inconsciente após acidente;
Traumatismo acima das clavículas.
Queda superior à altura do corpo da vítima.

Sinais e Sintomas
Lesões evidentes (feridas/hematoma no couro cabeludo,
deformações/fratura do crânio, hemorragia);
Alterações do estado de consciência (sonolência, desorientação,
inconsciência);
Náuseas e/ou vómitos;
Dor de cabeça (cefaleias);
“Olho negro” e alterações pupilares;
Hemiplegia (ausência de sensibilidade e
movimentos de um dos lados do corpo);
Tonturas;
Zumbidos;
Fig. 82 - Fratura de Crânio
Saída de líquido cefalorraquidiano (LCR) pelo nariz ou ouvidos;
Convulsões;
Aumento da temperatura, pressão arterial e frequência cardíaca.

102
ATUAÇÃO

Providenciar ajuda diferenciada: 112


Avaliar o estado de consciência;
Avaliar e manter a permeabilidade da via aérea, através da elevação da
mandibula;
Evitar movimentos desnecessários e assegurar o repouso da vítima;
Imobilizar a coluna cervical, mantendo o alinhamento nariz-umbigo-pés;
Controlar hemorragia e controlar o
choque (se presentes);
Cobrir com lençol isotérmico;
Vigiar atentamente a evolução do
estado de consciência e reavaliar
frequentemente os sinais vitais

Fig. 83 - Traumatismo Crânio-Encefálico

A associação alcoolismo – TCE é frequente. Qualquer


vítima com alterações do estado de consciência
e sinais de embriaguez pode ter sofrido um TCE (devido a
queda ou agressão, por exemplo). Este fato não deve
nunca ser descurado.

103
Traumatismo Vertebro-Medular (TVM)

O traumatismo medular é uma lesão que resulta numa alteração, temporária ou


permanente, da função medular normal;
 Paraplegia é uma lesão medular a nível torácico, lombar ou sagrado
associada a perda completa da força muscular dos membros inferiores.
 Tetraplegia é uma lesão medular cervical associada a perda completa
da força muscular dos quatro membros.

Deve suspeitar de TVM quando:


Traumatismo direto da coluna vertebral;
Vítimas de trauma inconscientes;
Acidente de viação e de mergulho;
Queda ou salto de altura superior à da vítima;
Politraumatizados;
Soterramento;
Choque elétrico;
Lesões com arma de fogo;
Sempre associado a vítimas com TCE

Sinais e Sintomas Fig. 84 - Coluna Vertebral e terminações nervosas

Dor local;
Alterações na sensibilidade;
Perda ou diminuição da força/mobilidade (paraplegia, tetraplegia);
Formigueiro (parestesias) e dormência nos membros;
Em lesões altas, pode haver perda das principais funções vitais (pode
ocorrer dificuldade ventilatória ou paragem ventilatória);
Priapismo (ereção persistente sem desejo sexual);
Diminuição da temperatura corporal (hipotermia);
Incontinência de esfíncteres (em alguns casos);
Estado de choque (em alguns casos).

104
ATUAÇÃO

Providenciar ajuda diferenciada 112;


Avaliar o estado de consciência;
Avaliar e manter a permeabilidade da via aérea, através da elevação da
mandíbula;
Manter um perfeito alinhamento da coluna (eixo nariz-umbigo-pés),
mantendo a coluna e cabeça imóvel;
Imobilizar a coluna cervical;
Não movimentar a vítima, exceto em
casos de risco de vida, nestes casos
(sempre que possível), mobilizar a
vítima em bloco, respeitando o
alinhamento;
Avaliar, registar e vigiar sinais vitais e
estado de consciência;
Controlar hemorragias se presentes. Fig. 85 - Lesão da Medula Espinhal e das Vértebras

Vítimas suspeitas de trauma, estando em decúbito ventral (barriga


para baixo), a prioridade do socorrista é verificar se a vítima
respira normalmente (mantendo-a nessa posição, efetuando a
estabilização manual da cabeça) .Vítima a respirar, deverá ser
ativado de imediato o 112 e mantida nessa posição com
estabilização manual da cabeça até à chegada dos meios
diferenciados. Se a vítima não respira, deverá iniciar de imediato
SBV.

105
CAPÍTULO 14

EXTRAÇÃO RÁPIDA (CHAVE DE RAUTEK)


 Princípios Gerais

106
EXTRAÇÃO RÁPIDA: Chave de Rautek
Técnica que permite retirar uma vítima de uma forma rápida, numa situação
de perigo eminente (explosão, fumos tóxicos, imersão, paragem cardio-
respiratória) em que não dispomos de qualquer equipamento de apoio. Esta
técnica confere ao socorrista uma garantia mínima de proteção da coluna
vertebral, embora com elevados riscos de provocar lesões.

1. 2.

1. Aborde a vítima lateralmente e inicie a estabilização da


3.
coluna cervical apoiando, com a mão direita a região
occipital;
- Estabilize a coluna cervical da vítima, passando a sua
mão esquerda sob a axila esquerda, segurando a
mandíbula, deixando a coluna em posição neutra;
- Apoie a região occipital contra seu corpo e a mão direita
passa por trás do tronco da vítima e agarra o punho
direito dela

2. Rode a vítima, retirando-a cuidadosamente de forma a


manter a estabilização da coluna cervical e a arraste-a
para local seguro;

3. Coloque a vítima no solo, apoiando-se inicialmente na


superfície.

107
4.

4.Apoie a região occipital com a sua mão direita


e as costas com o seu braço e afaste-se
lateralmente;

5.Deite a vítima cuidadosamente no solo


mantendo a estabilização da cabeça;

6.Mantenha a via aérea permeável e inicie a sua


avaliação.

5. 6.

108
CAPÍTULO 15

EMERGÊNCIAS MÉDICAS
 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL
 ENFARTE AGUDO DO MIOCÁRDIO
 DIABETES
 CONVULSÃO

109
Acidente Vascular Cerebral (AVC)

O sangue leva nutrientes essenciais e oxigénio para as células cerebrais. Sem


o devido aporte de sangue, as células cerebrais podem ficar lesadas
impossibilitando-as de cumprir a sua função neurológica.

O AVC é uma doença neurológica provocada pela diminuição súbita do aporte


de sangue a uma determinada região do cérebro. Poderá ter como origem o
“entupimento” de uma artéria cerebral, ficando impossibilitada a chegada de
sangue a essa região do cérebro (AVC isquémico) ou o “rompimento” de uma
artéria (AVC hemorrágico). Em Portugal, é a primeira causa de morte e de
incapacidade/ dependência permanente

AVC Isquémico: É o tipo de AVC mais comum, presente em cerca de 80% dos
casos. Ocorre pela falta de fluxo sanguíneo cerebral, devido à oclusão de uma
das artérias do cérebro. Pode-se dividir em:

 AVC Trombótico - A trombose cerebral refere-se à formação ou


desenvolvimento de um coágulo de sangue ou trombo no interior das
artérias cerebrais, ou dos seus ramos. Os trombos resultam da
aderência e agregação de placas de ateroma (gordura)

 AVC Embólico - Verifica-se a oclusão arterial por um êmbolo que é


libertado em outra parte do corpo e que “viaja” na corrente sanguínea
deslocando-se até às artérias cerebrais. A formação de êmbolos
encontra-se normalmente associada às doenças cardiovasculares

Fig. 86 - AVC Isquémico

Fig. 87 - AVC Isquémico (Coágulo)

110
AVC Hemorrágico: É o acidente vascular cerebral menos comum presente
em cerca de 20% dos casos, mas não menos grave. Ocorre pela rutura de um
vaso sanguíneo cerebral. O sangue em contato com os tecidos do cérebro tem
ação irritativa. Além disso, a inflamação e o efeito de massa ou pressão
exercida pelo coágulo de sangue no tecido nervoso leva à necrose (morte) do
mesmo e das células cerebrais. Pode ocorrer como consequência de uma crise
hipertensiva, quando a pressão no vaso é tão alta que leva a sua rutura.

Fig. 88 - AVC Hemorrágico

Um AIT (Acidente isquémico transitório) acontece pelas mesmas causas do


AVC isquémico e os sintomas também, mas duram apenas alguns minutos ou
horas, desaparecendo completamente em menos de 24 horas
Apesar de as sequelas de um AIT serem diferentes das de um AVC (porque
não são permanentes), este também é uma emergência, pois indica que o
doente tem um risco grande de ter um AVC.

111
Sinais e Sintomas
A manifestação do AVC depende da região cerebral afetada e da extensão da
lesão.
O cérebro controla o corpo de uma forma cruzada, isto é, a metade esquerda
controla o lado direito e vice-versa, assim sendo, sempre que uma vítima
apresenta manifestações físicas no hemicorpo direito, a lesão cerebral situa-se
à esquerda.

Diminuição ou perda súbita de força na face, braço ou perna de um lado


do corpo;
Desvio da comissura labial (“boca ao lado”);
Alteração da linguagem (dificuldade de expressão, articulação e
compreensão das palavras);
Alteração súbita da sensibilidade com sensação de “formigueiro” na
face, braços, mãos ou pernas;
Alteração do estado de consciência;
Dificuldade de movimentação, tonturas ou perda de coordenação e de
equilíbrio;
Dor de cabeça súbita, sem causa aparente;
Perda de visão / Alterações nas pupilas (pupila mais dilatada
corresponde ao lado da lesão cerebral);
Cianose;
Incontinência de
esfíncteres;
Náuseas e vómitos;
Convulsões.

Fig. 89 - AVC (Sinais)

112
ATUAÇÃO

Providenciar ajuda diferenciada: 112;


Verificar e manter a permeabilidade da via aérea;
Em caso de vómitos, posicionar a vítima em decúbito lateral;
Realizar avaliação neurológica (pupilas, sensibilidade, força e
mobilidade)
Elevar o tronco da vítima a 30º;
Avaliar sinais vitais;
Saber a que horas se iniciaram os sintomas;
Não dar nada de beber ou comer;

Fig. 90 - Via Verde AVC

113
Enfarte Agudo do Miocárdio (EAM)

O coração é um órgão vital para a sobrevivência, funcionando como bomba


que faz circular o sangue pelos vasos sanguíneos.
As artérias coronárias são as responsáveis pelo fornecimento de oxigénio e
nutrientes ao músculo cardíaco (miocárdio).
Uma dor cardíaca pode traduzir um miocárdio privado de oxigénio suficiente
para as necessidades do momento.

Normalmente o enfarte acontece devido a uma obstrução total e repentina de


uma ou mais artérias coronárias.
A dor torácica caraterística do EAM, pode muitas vezes ser confundida com a
dor de angina.

A angina de peito (angor) caracteriza-se como sendo uma dor torácica


semelhante à do enfarte, no entanto surge associada a um esforço físico ou
emoção e que, frequentemente, com o repouso/nitroglicerina a dor desaparece.
Surge muitas vezes associada à acumulação de placas de ateroma (gordura)
nas artérias, provocando o seu estreitamento por uma obstrução parcial ou
também devido à perda de elasticidade das paredes dos vasos.

Fig. 91 - Enfarte Agudo do Miocárdio

114
Sinais e Sintomas
Dor no peito violenta e constante, tipo pressão, peso, aperto, facada
Dor em um ou ambos os braços, pescoço, maxilar inferior, dorso (entre
as omoplatas) e região abdominal (epigastro)
Dor de forte intensidade, de início súbito, constante, com duração
superior a 30 minutos
Dor não cede ao repouso nem à nitroglicerina (distinção da dor de
angina)
Dificuldade respiratória (aumento da frequência respiratória)
Palidez e suores intensos
Náuseas e vómitos
Medo e ansiedade
Perda de consciência
Pulso rápido e fraco

ATUAÇÃO

Providenciar ajuda diferenciada: 112


Verificar e manter a permeabilidade da via aérea;
Saber a que horas se iniciaram os sintomas;
Avaliar e caracterizar a dor;
Posicionar a vítima semi-sentada (se consciente) e em repouso total;
Vítima já medicada, administrar a nitroglicerina sublingual
(vasodilatador) ou aspirina (AAS), via oral (anticoagulante);
Vigiar e registar os sinais vitais;
Não dar nada a beber ou comer;
Manter a vítima calma e confortável;
Manter a temperatura corporal;
Se inconsciente e a respirar: PLS
Fig. 92 - Via Verde Coronária

115
Diabetes Mellitus

A diabetes é uma doença crónica caracterizada pelo aumento dos níveis de


açúcar (glucose) no sangue. À quantidade de glucose no sangue, chama-se
glicemia.
Resulta de uma deficiente capacidade de utilização, pelo nosso organismo, da
nossa principal fonte de energia – a glucose.

Muitos dos alimentos que ingerimos são transformados em glucose no nosso


aparelho digestivo, através da insulina. Depois de absorvida, entra na
circulação sanguínea e está disponível para as células a utilizarem. As células
cerebrais dependem desta glucose.
Para que a glucose possa ser utilizada como fonte de energia, é necessária a
insulina.

Hiperglicémia - (açúcar elevado no sangue) que existe na Diabetes, deve-se


em alguns casos à insuficiente produção, noutros à
insuficiente ação da insulina e, frequentemente, à
combinação destes dois fatores. Se a glucose não for
utilizada, acumula-se no sangue (hiperglicemia) sendo
depois, expelida pela urina.
Valores iguais ou superiores a 200mg/dl são
considerados hiperglicémia.

Fig. 93 - Hiperglicémia

Hipoglicémia - (baixos níveis de açúcar no sangue) tem origem no


fornecimento inadequado de glucose ao sangue ou por excesso de produção
de insulina ou por sobredosagem de medicação
antidiabética. Entre outras causas para a hipoglicémia
temos: o jejum prolongado, esforço físico exagerado
com condições climatéricas pouco favoráveis. Valores
inferiores a 60 são considerados hipoglicémia.
A hipoglicémia representa um risco imediato de vida
mais grave em relação à hiperglicémia.

Fig. 94 - Hipoglicémia

116
Sinais e Sintomas

Hiperglicémia
Fadiga crescente;
Sede;
Pele seca;
Hálito adocicado;
Face rosada com aspeto
congestionado;
Fig. 95 - Hiperglicémia (Sinais e Sintomas)
Alteração progressiva do estado de consciência.

Hipoglicémia
Fraqueza;
Sensação de fome;
Dormências nas mãos e face;
Palidez;
Pele suada e fria;
Convulsões e coma;

Fig. 96 - Hipoglicémia (Sinais e Sintomas)

ATUAÇÃO

Hiperglicémia
Se possível, determinar o valor da glicemia;
Investigar se a vítima é diabética;
Investigar se a vítima toma medicação e qual;
Investigar quando tomou a medicação;
Procurar ajuda diferenciada 112.

117
ATUAÇÃO

Hipoglicémia
Se possível, determinar o valor da glicemia;
Investigar se a vítima é diabética;
Investigar se a vítima toma medicação e qual;
Investigar quando tomou a medicação;
Administrar uma papa açúcar debaixo da língua e nas bochechas;
Procurar ajuda diferenciada 112.

Fig. 97 - Pâncreas

Fig. 98 - Regulação de Insulina

118
Como determinar a glicémia?
Através de uma picada dos dedos, com uma agulha própria, é colhida uma
gota de sangue que será absorvida por uma fita reagente e que é lida por um
aparelho específico. De um modo geral todos os diabéticos possuem um
aparelho de determinação da glicémia.

Fig. 99 - Determinação da Glicémia

No caso de não ter o aparelho de


glicémia, se a vítima for diabética
e apresentar sinais e sintomas de
mal estar geral, atue partindo do
princípio que será uma
hipoglicémia.

119
Convulsão

A convulsão ou ataque, é uma descarga energética temporária com origem no


cérebro. Desencadeia alterações no organismo a nível do estado de
consciência, descontrolo do esfincter anal e urinário e alterações da tonicidade
muscular gerando contrações involuntárias da musculatura, como movimentos
desordenados, ou outras reações anormais como desvio dos olhos e tremores.
A causa mais comum de convulsão no adulto resulta da epilepsia.

Sinais e Sintomas

Inicialmente podem ocorrer alucinações sensoriais com sensação


iminente de “ataque”;
Posteriormente ocorre perda de consciência com rigidez muscular. Aqui
ocorrem períodos de apneia (não respira) e poderá morder a língua;
Em seguida ocorrem contracções e relaxamento de grupos musculares
alternados;
Finalmente vem a fase da recuperação com relaxamento total dos
músculos, cansaço e recuperação progressiva da consciência.

Fig. 100 - Fases da Crise Convulsiva de Origem Epilética

120
ATUAÇÃO

Após garantida a sua segurança, assegure a segurança da vítima


afastando os objetos em redor;
Proteja a cabeça da vítima e coluna cervical, colocando uma almofada
debaixo;
Desaperte roupas a nível do pescoço se necessário;
Não colocar nenhum objeto na boca da vítima;
Após a recuperação da vítima coloque-a de acordo com o seu grau de
consciência;
Procurar ajuda diferenciada: 112;
Vigie os sinais vitais.

Fig. 101 - Atuação após crise convulsiva: Vítima inconsciente e a respirar

121
CAPÍTULO 16

EFEITOS DO AMBIENTE
 AMBIENTE QUENTE
 Golpe de Calor
 Insolação

 AMBIENTE FRIO
 Geladura
 Hipotermia

122
Efeitos do Ambiente

Para que as reações químicas do nosso organismo ocorram na sua eficácia


máxima, é necessário uma temperatura central (diferente da temperatura
exterior) de aproximadamente 37,5º. Quando as temperaturas do ambiente
estão baixas, o nosso organismo necessita da retenção de calor e quando as
temperaturas ambientais estão altas, este liberta calor de forma a manter um
equilíbrio.
Temperaturas extremas podem causar danos no organismo a até mesmo levar
à morte.

AMBIENTE QUENTE
 Golpe de calor
Esta situação tem origem em ambientes quentes e húmidos, onde as pessoas
estão expostas a essa temperatura e humidade e que não repõem os líquidos e
sais perdidos pela transpiração. Se a este ambiente estiverem associados
vómitos, diarreias ou atividade muscular intensa, poderá levar à exaustão.

Sinais e Sintomas

Palidez cutânea;
Corpo com suores frios e viscosos;
Pupilas dilatadas;
Fraqueza;
Cãibras;
Ventilação rápida e superficial;
Inconsciência (grave);

123
ATUAÇÃO

Pedir ajuda diferenciada: 112;


Transportar a vítima para um lugar arejado;
Agir de acordo com a atuação para um estado de choque;
Se consciente e capaz, dar pequenos goles de água (vítima sentada).

Fig. 102 - Atuação Golpe de Calor

 Insolação
Tem origem na exposição solar ou a temperatura ambiental elevada por
períodos prolongados, num ambiente quente e seco. O organismo não
consegue baixar a temperatura através da transpiração.

Sinais e Sintomas

Pele vermelha, quente e seca;


Ventilação rápida e superficial;
Dores de cabeça intensas;

124
Aumento da temperatura corporal;
Pulso forte e arrítmico;
A inconsciência poderá acontecer rapidamente;

ATUAÇÃO

Providenciar ajuda diferenciada: 112;


Transportar a vítima para um local arejado;
Arrefecer gradualmente a vítima, dando atenção à cabeça;
Prevenir o choque;
Vigiar sinais vitais;

AMBIENTE FRIO
 Geladura
Lesão provocada pela congelação dos tecidos cutâneos associada à constrição
dos vasos sanguíneos, geralmente nas extremidades, provocada pela neve ou
gelo. Ocorre diminuição da circulação sanguínea nos vasos da zona afetada
até que deixa de haver irrigação.

Sinais e Sintomas
Área afetada fica pálida ou azulada;
Poderão aparecer flictenas (“bolhas de água”);
Diminuição dos movimentos na zona afetada;
Sensação de “picadas” e dor intensa que desaparece gradualmente;
Insensibilidade às diferentes temperaturas e rigidez local;
Possível isquémia das extremidades.

125
ATUAÇÃO

Providenciar ajuda diferenciada: 112;


Levar a vítima para um local aquecido;
Retirar roupa e calçado frio (cortar se necessário);
Aquecer gradualmente e de forma indireta a zona afetada;
Prevenir o choque;

Fig. 103 - Isquémia das Extremidades

 Hipotermia
Ocorre quando a temperatura corporal baixa para valores inferiores a 35ºC. A
hipotermia moderada ocorre, geralmente, nas encostas montanhosas
especialmente se houver ocorrência de
chuva, vento, neve ou gelo. Também
poderá ocorrer com a imersão no mar.

126
Sinais e Sintomas

Temperatura corporal inferior a 35ºC;


Pele pálida com extremidades azuladas;
Alterações do estado de consciência;
Pulso e ventilação lentas;
Possível paragem cardiorrespiratória;

ATUAÇÃO

Providenciar ajuda diferenciada: 112;


Retirar roupa molhada;
Aquecer o corpo, principalmente nas axilas e virilhas em detrimento das
zonas periféricas;
Cobrir vítima com manta;
Se inconsciente proceder de acordo;
Vigiar sinais vitais;

Fig. 104 - Atuação Hipotermia

127
BIBLIOGRAFIA

Manual TAS – Emergências Trauma. INEM, Versão 2.0 1ª Edição, 2012;

PHTLS, Prehospital Trauma Life Support, NAEMT National Association of Emergency


Medical Technicians. 7ª Edição;

APOI - Associação Portuguesa de Osteogenese Imperfeita


URL: http://www.freewebs.com/aposteogeneseimperfeita/

Sociedade Portuguesa de Neuropediatria


URL: http://www.neuropediatria.pt/

American Heart Association


URL: http://www.heart.org

CPR – Conselho Português de Ressuscitação


URL: http://www.cpressuscitacao.pt/

Manual TAS/TAT – Abordagem à Vítima. INEM, Versão 2.0 1ª Edição, 2012;

ACLS - Advanced Cardiovascular Life Support, Provider Manual. American Heart


Association, 2010;

ERC – European Resuscitation Council;


URL: https://www.erc.edu/

National Library of Medicine (NLM)


URL: http://www.nlm.nih.gov/

PT Medical
URL: http://www.ptmedical.pt/

Associação AVC;
URL: http://www.associacaoavc.pt/

128
Sociedade Portuguesa de Cardiologia
URL: http://www.spc.pt/

IMAGENS (obtidas de diversas fontes):

• Algumas imagens presentes neste manual foram retiradas de páginas eletrónicas de


acesso livre, sendo, por este fato, difícil reconhecer a sua autoria. Neste sentido, a
Madeira Emergência – Associação para a Promoção da Emergência Médica encontra-
se disponível, através do seu departamento de formação (formacao@madeira-
emergencia.com), para em futuras re-edições fazer o devido crédito de autor, ou retirar
as mesmas, caso seja solicitado;

• Manual de PHTLS;

• Fotografia (INEM);

• Programa (INEM): via verde AVC e via verde coronária;

• Imagens do ERC – European Resuscitation Coucil;

• A.D.A.M. Images - librarie of medical illustrations.

129
MANUAL CURSO DE SOCORRISMO

2ª Edição

2016

Madeira Emergência - Associação Promoção Emergência Médica


Rua das Dificuldades, n.º 11, Santa Luzia, 9050-015 Funchal - Portugal
E-mail: geral@madeira-emergencia.com
www.facebook.com/madeira.emergencia
Site: www.madeira-emergencia.com
Telm.: (+351) 926 646 815

130

Você também pode gostar