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Discurso do Sujeito Coletivo (DSC):


usabilidade do software Qualiquantisoft na pesquisa em Saúde

Collective Subject Speech (CSS):


usability of Qualiquantisoft software in Health research

M.ª Karine Wlasenko Nicolau, Dra. Patrícia Maria Fonseca Escalda, Dra. Paula Giovana Furlan
Universidade de Brasília (UnB)
Faculdade de Ceilândia (FCE)
Brasília, DF, Brasil
wlasenko@unb.br, escalda@unb.br, paulafurlan@unb.br

Resumo — Este breve artigo tem como objetivo discorrer a representação social ou, de modo mais abrangente, de
respeito da produção do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) atribuição social de sentido que apresentem como base
utilizando o software Qualiquantisoft na pesquisa depoimentos ou outros materiais como matérias de revistas,
qualiquantitativa em Saúde. São considerados aspectos de jornais etc. podem ser associadas aos softwares Qualiquantisoft
usabilidade e possíveis limitações. Sinteticamente, são e QLQT Online. Ambos se relacionam à produção de DSCs e
apresentados alguns estudos no contexto nacional que utilizaram representam um significativo incremento de qualidade em
a produção de DSC na pesquisa em saúde. Há ênfase na pesquisa, permitindo que os resultados sejam generalizados em
importância da clareza conceitual em relação aos aportes teóricos escala coletiva, como um depoimento sob a forma de
para a produção de DSC, tornando possíveis associações com
discurso(s)-síntese. Deve-se entender por discurso um
contribuições teóricas relacionadas, como a Análise do Discurso.
Por último, mas não menos importante, o artigo destaca algumas
agenciamento coerente de conteúdos e de argumentos [1].
técnicas utilizadas com maior frequência para apoiar a produção Enquanto o software QLQT Online se destina à coleta de
de DSC nas pesquisas em Saúde e realiza breves distinções entre dados, facilitando principalmente pesquisas qualitativas à
grupos focais e grupos de discussão. distância por meio do preenchimento de questionário ou
formulário eletrônico, o software Qualiquantisoft processa
Palavras Chave – Discurso do Sujeito Coletivo (DSC); pesquisa dados de natureza qualitativa que estejam organizados sob a
qualiquantitativa; software Qualiquantisoft; Saúde; Análise do
forma de discurso, depoimentos ou textos, de qualquer natureza
Discurso.
[1].
Abstract — This short paper aims to discuss the production of the
O presente artigo avalia a usabilidade do software
Collective Subject Speech (DSC) by using Qualiquantisoft
software in qualiquantitative health research. It considers
Qualiquantisoft na pesquisa em Saúde baseando-se em
usability aspects and possible limitations and describes referências nacionais que produziram DSCs e em estudos-
synthetically some studies in the national context which used the piloto com o software inseridos em projeto de doutoramento
production of DSC in health research. There is emphasis on the realizados no decorrer de 2014. Conforme apontado por Yin
importance of conceptual clarity relation to the background [2], o estudo-piloto configura uma estratégia metodológica que
knowledge for production to DSC, making possible associations pode aprimorar o planejamento para a futura coleta de dados,
with related theoretical contributions, as Discourse Analysis. tanto em relação ao conteúdo quanto aos procedimentos que
Last, but not least, the article highlighted some techniques often serão realizados. No caso em questão, avaliar parâmetros de
used to support the production of DSC in Health research and usabilidade do software tornava-se imprescindível para utilizá-
made brief distinctions among focal groups and discussion lo de forma eficiente e eficaz. Como resultado, verificou-se um
groups. alto grau de usabilidade, principalmente na transposição de
dados, o que o diferenciou de outros programas disponíveis
para a pesquisa qualitativa, como por exemplo, o software
Keywords – Collective Subject Speech (CSS); qualiquantitative Nvivo, descrito didaticamente por Lage [3].
research; Qualiquantisoft software; Health;Discourse Analysis.
De acordo com Lefevre e Lefevre [1] [4], o enfoque
qualiquantitativo expressa dimensões distintas de um mesmo
I. INTRODUÇÃO fenômeno por meio do pensamento de coletividades ou pelo
resgate das diferenças e semelhanças traduzidas por categorias
O Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) refere-se a um de pensamento coletivo, abordados sob uma perspectiva
instrumento de pesquisa para abordagens qualiquantitativas dialética que valoriza o múltiplo, o complexo, o diferente e,
desenvolvido no final da década de 1990 na Universidade de com a mesma importância, o semelhante, o uno, o simples.
São Paulo (USP) pelo casal Lefevre. Pesquisas de opinião, de

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Diferentes modos de pensar e de perceber determinadas discurso produzido, aperfeiçoando o recorte dos textos e
situações, objetos, procedimentos, relações etc. são traduzidos corrigindo assim desvios e inadequações. Não de modo
por diferentes tipos de discursos, denominados por Lefevre e automático, mas como um processo que vai se tornando mais
Lefevre [1] de DSCs, os quais reúnem depoimentos de sentido claro pela prática recorrente e por sucessivas aproximações. A
semelhante, porém identificados em sua singularidade. etapa final de produção do DSC é a elaboração de síntese(s)
redigidas na primeira pessoa do singular com base em
A dimensão sintagmática ou de interdependência que expressões-chave que apresentam ideias centrais ou ancoragens
estrutura o DSC pode se referir tanto à reunião e à articulação semelhantes [1] [5], previamente categorizadas pelo
de diferentes conteúdos discursivos quanto à relação dos pesquisador(a) com o auxílio do sofware Qualiquantisoft.
diferentes discursos com a realidade socioeconômica e a
diversidade das formações culturais. A fundamentação teórico-
metodológica que sustenta a produção do DSC relaciona-se
diretamente com a teoria das representações sociais, iniciada B. Função do software Qualiquantisoft e a associação com a
por Serge Moscovici na década de 1960 [5] e seus Análise do Discurso para a produção do DSC
desdobramentos [6] [7] [8]. O software Qualiquantisoft permite o processamento de
dados para a análise de recortes discursivos através da criação
Investigando o universo teórico das representações sociais, de um banco de dados que filtra os discursos em estratos e os
deve-se observar que as mesmas se desenvolvem nas relações compara [1]. Contudo, o pesquisador(a) permanece sendo uma
sociais e ao mesmo tempo são mediadoras das relações dos figura indispensável. A qualidade de produção de DSCs está
sujeitos com o mundo, objetivando o que precisa ser conhecido diretamente relacionada ao nível de conhecimento dos
e compartilhado para fazer sentido. No entanto, os objetos conceitos utilizados na análise de representações sociais e
representados pelos sujeitos são constantemente recriados [7], outras formas de análise em pesquisa qualitativa, as quais
em intensidades variáveis de tempo e com base nas práticas podem ser associadas, sem prejuízo.
cotidianas [8].
Concorda-se, como exemplo, com pesquisadores que
No campo da Saúde, o aporte teórico das representações apostam na associação da produção do DSC com a Análise de
sociais tem permitido aos pesquisadores a identificação de Discurso, instrumento metodológico cuja ênfase recai sobre o
fatores intersubjetivos e socioculturais envolvidos no processo sentido e não apenas sobre o conteúdo dos discursos
saúde-doença, associando-os à realidade que os influencia e produzidos, por compreender que a linguagem não é um meio
que é por eles influenciada. Tarefa relevante e complexa. neutro de descrever o mundo [10]. Segundo esse método de
análise, o sentido não pode ser traduzido, mas somente
produzido, por isso necessita ser interpretado contextualmente,
II. A PRODUÇÃO DO DSC tanto sob o aspecto histórico quanto social e ideológico. Há que
se considerar, portanto, a posição discursiva daquele que utiliza
A. Expressões-chave, Ideias Centrais e Ancoragens
a linguagem, mediadora das relações sociais [11].
O DSC é produzido com base em expressões-chave,
relacionadas diretamente ao conteúdo, localizadas em trechos III. O DSC E A PESQUISA EM SAÚDE
do discurso e destacadas após o recorte de falas significativas, Na Saúde, a relação dialética entre qualidade e quantidade
o que permite então a identificação de ideias centrais, que se torna-se fundamental, pois possibilita a integração de aspectos
constituem de palavras ou expressões linguísticas que revelam relacionados à produção de saúde que jamais se excluem, como
o sentido presente nos depoimentos de modo objetivo e as questões coletivas e singulares, as estruturas macro e
sintético [5]. Algumas vezes, a abundância de material sugere micropolíticas, entre outras, aparentemente distintas, porém
que se está diante de várias ideias. No entanto, um discurso intrinsecamente relacionadas. O DSC permite que se contemple
extenso pode apenas detalhar ou exemplificar uma mesma ideia essa relação dialética na pesquisa em Saúde ao organizar os
[1]. As ancoragens, nem sempre verificadas nos discursos, dados com a abrangência que os coletivos requerem,
manifestam linguisticamente teorias, ideologias ou crenças na associados à singularidade expressa pelos depoimentos de cada
condição de afirmações genéricas e definidoras de uma sujeito [1].
determinada situação [4]. Cada resposta do sujeito pesquisado,
por pergunta, resultará em uma ficha distinta das demais na
qual constarão seus dados. Essa ficha será analisada pelo A. Estudos brasileiros na Saúde com a produção de DSCs
pesquisador(a) e se apresenta como uma etapa crucial de
organização dos dados para a produção do DSC. Para a análise A compreensão de crenças, valores, motivações ou, de um
que produzirá o DSC, deve-se realizar a seleção das modo geral, os princípios que fundamentam as representações
expressões-chave presentes nos depoimentos e a identificação de um determinado grupo, população ou comunidade com base
das ideias centrais e das ancoragens, quando localizadas. O no DSC foram destacadas por estudos em âmbito nacional
pesquisador(a) estabelece categorias que irão se referir a apresentando delineamentos diversos.
amplos agrupamentos de ideias centrais. Embora essa etapa Enquanto alguns pesquisadores se voltaram para o papel
exija um olhar mais apurado e conhecimentos consolidados do das ancoragens na saúde pública [4], outros identificaram
aporte teórico-conceitual para a produção do DSC, o software dificuldades na adesão ao tratamento de pessoas que conviviam
permite que o próprio pesquisador(a) avalie a qualidade do com HIV/AIDS, priorizando as ideias centrais dos depoimentos

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[12]. Investigando a formação profissional em Saúde, C. Usabilidade e possíveis limitações do software


pesquisadores produziram DSCs servindo-se de instrumentos Qualiquantisoft para a produção do DSC
variados, como entrevistas individuais livres, questionários e A proposta de produção do DSC tem por objetivo
grupos focais sob a mesma orientação metodológica, apresentar soluções para problemas com as quais os
constatando a demanda por uma maior qualificação e pesquisadores se deparam ao realizar pesquisas de opinião ou
disponibilidade de tempo relacionado à preceptoria de território de representação social por meio de um conjunto integrado de
[13]. instrumentos de pesquisa associado organicamente às
Sob a égide da promoção da saúde, foram produzidos DSCs dimensões qualitativa e quantitativa inerentes a qualquer
que reposicionaram o próprio processo de pesquisa em Saúde representação social, na qualidade de sistemas de crenças
como uma possibilidade de fortalecimento democrático em diferentemente compartilhadas por sujeitos que convivem em
função do compartilhamento de informações e de saberes; no determinadas formações socioeconômicas e culturais [1]. Na
caso, sobre o significado da participação social em um comitê área da Saúde, conforme já explicitado, a relação dialética entre
gestor de ações públicas na esfera ambiental [14]. singularidade e coletivos possibilita um olhar integrado aos
diversos fatores envolvidos no processo saúde-doença.
O tema da violência doméstica também foi objeto de
análise com base em DSCs que colaboraram para a elaboração O DSC torna possível quantificar depoimentos semelhantes
de ações educativas em saúde [15]. A representação das sem descaracterizar sua qualidade imanente de discurso em
vivências de puérperas-adolescentes em relação aos cuidados pesquisas com grande quantidade de sujeitos com opiniões
com o recém-nascido colaborou para a desmistificação da ideia diversas. No caso de grupos pequenos, devem ser justificados
de que adolescentes não estariam aptas a realizar pela limitação da situação específica na qual se encontram e da
adequadamente tais cuidados por contarem com o apoio qual seriam todos signatários.
familiar [16]. O software Qualiquantisoft torna mais ágeis tarefas
Considerando a possibilidade de dupla representação na mecânicas da pesquisa e principalmente organiza o trabalho de
produção de DSCs (qualitativa/ quantitativa), verificou-se a análise qualitativa realizada pelo pesquisador [1]. Pela
opção por uma apresentação percentual de dados baseados em facilidade com a qual se pode transpor e organizar o conteúdo
entrevistas semiestruturadas com pacientes em um hospital do material pesquisado verifica-se que a maior limitação na
universitário diagnosticados com glaucoma, na intenção de utilização do software reside precisamente naquilo que lhe é
avaliar a adesão ao tratamento por meio de fatores qualificados externo: a clareza do pesquisador(a) em relação ao que irá
pelos próprios pacientes [17], um relevante diferencial da caracterizar como relevante e o que irá conceituar como
pesquisa qualiquantitativa [1]. expressões-chave, ideias centrais e ancoragens, o que pode
comprometer significativamente a produção do DSC.
Os estudos que não apresentaram como objetivo a
qualificação de fatores pelos próprios pesquisados adotaram A prolixidade que muitas vezes invade análises no campo
invariavelmente a premissa de valorização das percepções, das da pesquisa social apresenta-se como um empecilho para a
representações e de posicionamentos sobre temas mais produção de DSCs que tenham como fundamento
evidentes ou consolidados, no intuito de avaliarem em maior epistemológico a transformação das relações e das práticas em
profundidade aspectos relacionados, por exemplo, ao saúde. Nessa direção, há que se identificar a centralidade dos
desenvolvimento de programas e de ações em Saúde [18]. No problemas delineados pelo discurso do sujeito que é coletivo,
entanto, acredita-se na necessidade de inclusão de um aspecto mas que expressa singularmente (porém não individualmente)
ausente ou minimizado nos estudos apresentados: a relação suas percepções.
macro e micropolítica de organização dos serviços de saúde,
para além da descrição dos processos de trabalho instalados, o IV. TÉCNICAS DE PESQUISA PARA A PRODUÇÃO DO DSC
que pode ser traduzido por uma maior elucidação dos contextos Verifica-se certa flexibilidade na utilização de técnicas que
em que as práticas cotidianas de saúde emergem, são (re) podem auxiliar a produção de DSCs. No entanto, algumas se
produzidas e poderão ser transformadas. destacam como recursos mais reconhecidos na área da Saúde:
A. Entrevistas individuais
B. Sobre o conceito de usabilidade As entrevistas individuais permitem mapear a percepção de
vida e de mundo dos respondentes, fornecendo dados básicos
Usabilidade significa o grau de facilidade com que o para o desenvolvimento e a compreensão das relações entre os
usuário consegue interagir com determinada interface e sujeitos e sua situação [21]. Objetivam uma visão aprofundada
refere-se à qualidade de uso de um programa e suas das crenças, atitudes, valores, motivações e são uma das
aplicações [19]; técnicas mais utilizadas na pesquisa em Saúde. Recurso
Depende do ajuste entre as características de sua privilegiado para a produção do DSC, em geral é organizada de
interface com as características de seus usuários [20]; forma semiestruturada. As entrevistas abertas também poderão
ser relevantes para a qualificação de fatores relacionados ao
Interfaces idênticas podem gerar interações que se pretende investigar. Ambas foram utilizadas nos
satisfatórias para usuários experientes e experiências estudos-piloto e encorajaram as pesquisadoras a pensar em seu
negativas para usuários iniciantes [20]. formato coletivo, considerarando suas potencialidades.

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B. Entrevistas coletivas REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


Lefevre [1] adverte para o aumento da complexidade de [1] F. Lefevre, A. M. Lefevre, Pesquisa de Representação Social: um
registro e de transposição de informações em entrevistas enfoque qualiquantitativo, 2 ed., Brasília: Liber Livro, 2012.
coletivas, geralmente apresentadas sobre a forma de grupos [2] R. K. Yin, Estudo de caso: planejamento e métodos, 3.ed, Porto Alegre:
focais (porém não exclusivamente), para as quais deverão ser Bookman, 2005.
dedicados cuidados adicionais, principalmente em relação aos [3] M. C. Lage, “Utilização do software NVivo em pesquisa qualitativa:
uma experiência em EaD”, Educ. Tem. Dig., Campinas, v. 12, n. esp., p.
emissores dos depoimentos ou relatos [1]. 198-226, 2011.
Sob esse aspecto, há que se fazer uma distinção entre [4] A. M. C. Lefevre, F. Lefevre, M. R. L. Cardoso, M. M. P. R. Mazza,
grupos focais e grupos de discussão, muitas vezes “Assistência Pública à Saúde no Brasil: Estudo de Seis Ancoragens”,
Saúde Soc., São Paulo, v. 11, n. 2, p. 35-47, 2002.
equivocadamente igualados.
[5] S. Moscovici, Representações sociais: investigações em psicologia
Grupos focais referem-se a um debate aberto e acessível a social, Petrópolis: Vozes, 2003.
todos os participantes, representando uma esfera pública ideal, [6] D. Jodelet, Representações Sociais: um domínio em expansão, Rio de
no sentido habermasiano; os assuntos em questão são de Janeiro: Eduerj, 2002.
interesse comum; as diferenças de status entre os participantes [7] P. A. Guareschi, S. Jovchelovitch, Textos em representações sociais,
2.ed., Petrópolis: Vozes, 1995.
não são levadas em consideração; o debate segue uma linha
racional de condução, baseada em perguntas pré-definidas e [8] M. J. P. Spink, B. Medrado, “Produção de sentido no cotidiano: uma
abordagem teórico-metodológica para análise de práticas discursivas”,
qualificadas pelo pesquisador [21]. in: M. J. Spink (org.), Práticas discursivas e produção de sentido no
cotidiano, Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2013.
Grupos de discussão representam um instrumento por meio
[9] S. J. H. Duarte, M. V. Mamede, S. M. O. Andrade, “Opções Teórico-
do qual o pesquisador estabelece uma trajetória de reconstrução Metodológicas em Pesquisas Qualitativas: Representações Sociais e
dos diferentes meios sociais e do habitus coletivo do grupo Discurso do Sujeito Coletivo”, Saúde Soc., São Paulo, v. 18, n. 4, p.
pesquisado, ou seja, aquilo que se estrutura nos meios sociais e 620-6, 2009.
que é estruturante das ações e representações de aptidões [10] R. C. A. Caregnato, R. Mutti, “Pesquisa Qualitativa: Análise de
sociais incorporadas, mas que são passíveis de modificação. Discurso versus Análise de Conteúdo”, Texto Contexto Enferm.,
Apresenta como objetivo principal a análise dos chamados Florianópolis, v. 15, n. 4, p. 679-84, 2006.
epifenômenos sociais ou, aqueles que têm como fonte outros [11] M. Pêcheux. O Discurso: estrutura ou acontecimento, 3 ed. Campinas:
fenômenos sociais a eles relacionados [22]. São organizados Pontes, 2002.
com sujeitos que possuem traços sociais comuns, como faixa [12] M. P. S. Filho, I. T. Luna, K. L. Silva, P. N. C. Pinheiro, “Pacientes
Vivendo com HIV/AIDS e Coinfecção Tuberculose: Dificuldades
etária e meio social, por exemplo. Para tanto, o dominío dos Associadas à Adesâo ou ao Abandono do Tratamento”, Rev. Gaúcha
aspectos metodológicos não se mostra suficiente. Devem ser Enferm., Porto Alegre, v. 33, n. 2, p. 139-45, 2012.
incluídos o conhecimento prévio e a aproximação com o meio [13] R. Pagani, L. o. M. Andrade, “Preceptoria de Território, Novas Práticas
pesquisado [22]. A Análise do Discurso, mencionada e Saberes na Estratégia de Educação Permanente em Saúde Da Família:
anteriormente como possível articulação teórico-metodológica, o estudo do caso de Sobral, CE”, Saúde Soc., São Paulo, v. 21, supl. 1,
insere-se de modo coerente nesse processo de análise. p. 94-106, 2012.
[14] M. S. V. Lopes, L. B. Ximenes, “Enfermagem e saúde ambiental:
V. CONCLUSÕES possibilidades de atuação para a promoção da saúde”, Rev. Bras.
Enferm., Brasília, v. 64, n. 1, p. 72-7, 2011.
A produção de DSCs com o auxílio do software [15] M. Signori, V. S. F. Madureira, “A violência contra a mulher na
Qualiquantisoft, em geral pouco explicitada, implica perspectiva de policiais militares: espaço para a promoção da saúde”
reavaliação de posturas epistemológicas e retificação de Acta Sci. Health Sci., Maringá, v. 29, n. 1, p. 7-18, 2007.
conceitos equivocados a respeito das figuras de análise [16] S. F. F. Bergamaschi, N. S. Praça, “Vivência da Puérpera-adolescente no
(expressões-chave, ideias centrais e ancoragens) por cuidado do recém-nascido, no domicílio”, Rev. Esc. Enferm. USP, São
aproximações práticas e sucessivas com a organização e a Paulo, v. 42, n. 3, p. 454-60, 2008.
transposição de dados. Ainda que o software realize [17] L. R. Silva, J. S. Paula, E. M. Rocha, M. L. V. Rodrigues, “Fatores
relacionados à fidelidade no tratamento do glaucoma: opiniões de
procedimentos que seriam praticamente inviáveis sem o seu pacientes de um hospital universitário”, Arq. Bras. Oftalmol., São Paulo,
auxílio, a qualificação permanente do pesquisador(a) ou grupo v. 73, n. 2, p. 116-9, 2010.
de pesquisadores(as) desponta como questão crucial neste [18] C. A. L. Almeida, O. Y. Tanaka, “Perspectiva das mulheres na avaliação
processo. A distinção entre as diferentes técnicas de pesquisa do Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento”, Rev. Saúde
disponíveis também se mostra indispensável à produção de Pública, São Paulo, v. 43, n. 1, p. 98-104, 2009.
DSCs com bases epistemológicas mais transparentes, [19] J. Preece, A Guide to Usability, London, England: Longman Group
conferindo à pesquisa qualitativa e qualiquantitativa uma United Kingdom, 1993.
função transformadora e não apenas descritiva dos fenômenos [20] W. Cybis, A.H. Betiol, R. Faust, Ergonomia e Usabilidade:
sociais. Conhecimentos, Métodos e Aplicações, São Paulo: Novatec, 2007.
[21] G. Gaskell, “Entrevistas individuais e grupais”, in: M. W. Bauer, G.
AGRADECIMENTOS Gaskell (edit.), trad. de P. A. Guareschi, 2.ed, Petrópolis: Vozes, 2013.
[22] W. Weller, “Grupos de discussão na pesquisa com adolescentes e
A equipe de pesquisadoras agradece o apoio da jovens: aportes teórico-metodológicos e análise de uma experiência com
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior o método ”, Educação e Pesquisa, São Paulo, v.32, n.2, p.241-60, 2006.
(CAPES) pela concessão da bolsa de doutoramento.

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