As Dez Bênçãos do Sacerdócio
Bruce R. McConkie
do Quórum dos Doze Apóstolos
(Ensign, novembro 1977, p.33-35)
Nós somos os servos do Senhor, seus
agentes, seus representantes. Fomos
investidos com poder do alto. Possuímos o
Sacerdócio Aarônico, que é de ordem
preparatória e de aprendizado, ou
possuímos o Sacerdócio de Melquisedeque,
que é o maior e mais grandioso poder que o
Senhor confere aos homens na Terra.
Existe, neste grande sacerdócio, cinco ofícios:
Élder, Sumo Sacerdote, Patriarca, Setenta e
Apóstolo, mas o sacerdócio é o mesmo, e o
sacerdócio é maior que qualquer de seus
ofícios.
Somos um reino de irmãos, uma
congregação de pessoas iguais, cada um com
direito a receber todas as bênçãos do
sacerdócio.
Não existe bênçãos reservadas para
apóstolos que não estejam disponíveis para
todos os élderes do reino. As bênçãos vêm
por obediência e retidão pessoal, não por
posições administrativas.
Falarei sobre essas bênçãos, as dez bênçãos
do sacerdócio, que estão ao alcance de todos
nós que possuímos o Sacerdócio de
Melquisedeque.
1ª Bênção: Somos membros da única Igreja
viva e verdadeira sobre a faze de toda a
terra e recebemos a plenitude do evangelho
eterno.
“E esse sacerdócio maior administra o
evangelho... e continua na igreja de Deus em
todas as gerações e não tem princípio de dias
nem fim de anos.” (D&C 84:19, 17)
Este evangelho é o plano de salvação, é o
caminho e o meio, provido pelo Pai, pelo
qual seus filhos espirituais têm poder de
avançar e progredir e tornar-se como Ele.
O sacerdócio é o pode e autoridade de Deus,
delegado ao homem na terra, para agir em
todas as coisas para a salvação dos homens.
Onde existe o Sacerdócio de Melquisedeque,
existe a Igreja e Reino de Deus na terra,
existe o evangelho de salvação; onde não
existe o Sacerdócio de Melquisedeque não
existe a verdadeira igreja nem o poder que
poderá salvar os homens no reino de Deus.
2ª Bênção: Recebemos o dom do Espírito
Santo e temos o direito de receber os dons
do Espírito, essas maravilhosas
investiduras espirituais que nos separam
do mundo e nos elevam acima das coisas
carnais.
O dom do Espírito Santo é o direito à
companhia constante desse membro da
trindade, dependendo da fidelidade. É o
direito de receber revelação, ter visões, estar
sintonizados com o Infinito.
João, que tinha o Sacerdócio de Aarão,
batizou com água para a remissão de
pecados. Jesus, que era um eterno sumo
sacerdote na ordem de Melquisedeque,
batizou com o Espírito Santo e com fogo.
O Espírito Santo é um revelador, ele presta
testemunho do Pai e do Filho, esses seres
sagrados, que quando os conhecemos temos
vida eterna.
Assim é que este “sacerdócio maior... contém
a chave dos mistérios do reino, sim, a chave
do conhecimento de Deus.” (D&C 84:19)
Os dons espirituais são sinais que seguem
aqueles que crêem, são milagres e curas
realizados em nome do Senhor Jesus Cristo,
eles incluem maravilhosas manifestações de
verdade e luz e revelação do Deus do céu ao
homem na terra.
Nossas revelações dizem que o Sacerdócio
de Melquisedeque possui “as chaves de
todas as bênçãos espirituais da igreja” e que
todos aqueles que possuem esta ordem
sagrada têm “o privilégio de receber os
mistérios do reino do céu, de que se lhes
abram os céus, de comunicar-se com a
assembléia geral e igreja do Primogênito; e
usufruir a comunhão e presença de Deus, o
Pai, e de Jesus, o mediador do novo
convênio.” (D&C 107:18-19)
3ª Benção: Podemos ser santificados pelo
Espírito, ter a escória e o mal extinguidos de
nós através do fogo, tornar-nos limpos e
sem mancha, e ser dignos de habitar com
deuses e anjos.
O Espírito Santo é o Santificador. Aqueles
que magnificam seu chamado no sacerdócio
“serão santificados pelo Espírito para a
renovação do corpo.” (D&C 84:33) Eles
nascem de novo, tornam-se novas criaturas
do Espírito Santo, estão vivas em Cristo. De
tais pessoas justas da antiguidade, Alma diz:
“foram chamados segundo esta santa ordem
(ou seja, eles possuíam o Sacerdócio de
Melquisedeque) e santificados; e suas
vestimentas foram branqueadas pelo sangue
do Cordeiro. Ora, tendo sido santificados
pelo Espírito Santo, havendo suas
vestimentas sido branqueadas, achando-se
puros e imaculados perante Deus, só viam o
pecado com horror; e houve muitos, e
grande foi o seu número, que foram
purificados e entraram no descanso do
Senhor seu Deus.” (Alma 13:11-12)
4ª Benção: Permanecemos no lugar do
Senhor Jesus Cristo ao administrarmos a
salvação aos filhos dos homens.
Ele pregou o evangelho, e nós também
podemos. Ele falou pelo poder do Espírito
Santo, e nós também podemos. Ele serviu
como missionário, e nós também podemos.
Ele andou fazendo o bem, e nós também
podemos. Ele realizou ordenanças de
salvação, e nós também podemos. Ele
guardou os mandamentos, e nós também
podemos. Ele realizou milagres, e esse
também é o nosso privilégio se formos
verdadeiros e fiéis em todas as coisas.
Somos Seus agentes, nós O representamos.
Espera-se que digamos e façamos o que Ele
diria e faria se estivesse ministrando
pessoalmente entre os homens nesta época.
5ª Bênção: Temos o poder de nos tornarmos
filhos de Deus, ser adotados na família do
Senhor Jesus Cristo, tê-lo como nosso Pai,
ser um com Ele assim como Ele é um com o
Seu Pai.
“E tu és segundo a ordem daquele que foi
sem princípio de dias ou fim de anos de toda
a eternidade para toda a eternidade“ disse o
Senhor a Adão, “Eis que tu és um em mim,
um filho de Deus; e assim possam todos
tornar-se meus filhos.” (Moisés 6:67-68)
Como filhos de Deus, também temos o poder
de avançar e progredir até nos tornarmos
“co-herdeiros de Cristo”, até sermos
“conforme à imagem” do Filho de Deus,
como Paulo explicou. (Romanos 8:17, 29)
6ª Bênção: Podemos entrar na ordem
patriarcal, na ordem do casamento eterno,
na ordem que permite à unidade familiar
continuar eternamente em glória celestial.
Para ganhar o maior céu e gozar da
plenitude daquela luz e glória que consistem
da vida eterna, precisamos “entrar” nessa
“ordem do sacerdócio” que carrega o nome
de “o novo e eterno convênio do casamento”
(D&C 131:1-4)
7ª Benção: Temos o poder de governar
todas as coisas, os reinos do mundo
temporais ou espirituais, os elementos e
tempestades e poderes da terra.
À respeito disto, nossas escrituras dizem:
“Pois Deus, tendo jurado a Enoque e a sua
semente com um juramento por si próprio,
que todo aquele que fosse ordenado segundo
essa ordem e esse chamado teria poder, pela
fé, para derribar montanhas, dividir os
mares, secar as águas, desviá-las de seu
curso. Para desafiar os exércitos das nações,
dividir a Terra, quebrar todos os grilhões,
permanecer na presença de Deus; fazer todas
as coisas segundo a vontade dele, de acordo
com suas ordens, subjugar principados e
poderes; e isso pela vontade do Filho de
Deus, que existia desde antes da fundação
do mundo.” (TJS Gênesis 14:30-31)
Na realidade, o Sacerdócio de
Melquisedeque é o mesmo poder que Cristo
usará para governar as nações naquele dia
em que “o reino do mundo passou a ser de
nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará
pelos séculos dos séculos.” (Apocalipse
11:15)
8ª Bênção: Temos poder, através do
sacerdócio, para ganhar a vida eterna, o
maior de todos os dons de Deus.
Vida Eterna é o nome do tipo de vida que
Deus vive. Consiste, primeiramente, na
continuação da unidade familiar, e em
seguida, da herança da plenitude da glória
do Pai.
Todos aqueles que recebem o Sacerdócio de
Melquisedeque entram num convênio com o
Senhor. Cada uma dessas pessoas, promete
solenemente: Faço convênio de receber o
sacerdócio, faço convênios de magnificar
meu chamado no sacerdócio e faço convênio
de guardar os mandamentos e de viver de
“toda palavra que sai da boca de Deus”.
(D&C 84:44)
Por sua vez, o Senhor faz convênio de dar a
essas pessoas fiéis “tudo o que meu Pai
possui”, que é a vida eterna no Reino de
Deus. (D&C 84:33-44)
Então, o Senhor, para mostrar a sagrada
natureza de sua promessa, jura que a
prometida recompensa será obtida. Este
juramento, que pertence ao próprio Filho de
Deus, é mencionado desta forma: “Jurou o
Senhor, e não se arrependerá: Tu és
sacerdote para sempre, segundo a ordem de
Melquisedeque.” (Salmos 110:4)
E com referência a todos os outros que
também recebem o Sacerdócio de
Melquisedeque, a escritura diz: “todos
aqueles que são ordenados a esse sacerdócio
são feitos semelhantes ao Filho de Deus,
permanecendo sacerdotes para sempre”. (TJS
Hebreus 7:3) Isso é o mesmo que dizer, que
eles serão reis e sacerdotes para sempre, o
seu sacerdócio continuará por toda a
eternidade, eles terão vida eterna. “Estes são
os que são a igreja do Primogênito. Estes são
aqueles em cujas mãos o Pai colocou todas as
coisas. Estes são os que são os sacerdotes e
reis, que receberam de sua plenitude e de
sua glória; E são sacerdotes do Altíssimo,
segundo a ordem de Melquisedeque, que era
segundo a ordem de Enoque, que era
segundo a ordem do Filho Unigênito.
Portanto, como está escrito, eles são deuses,
sim, os filhos de Deus. Portanto todas as
coisas são suas, seja a vida ou a morte, as
coisas presentes ou as coisas futuras, todas
são deles e eles são de Cristo e Cristo é de
Deus.” (D&C 76:54-59)
9ª Bênção: Temos o poder de assegurar
nosso chamado e eleição, para que
enquanto habitarmos na mortalidade, tendo
sobrepujado o mundo e tendo sido
verdadeiros e fiéis em todas as coisas,
sejamos selados para a vida eterna e
tenhamos a promessa incondicional de vida
eterna na presença Daquele a quem
pertencemos.
Nossas revelações dizem: “A palavra mais
segura de profecia significa um homem
saber, por revelação e pelo espírito de
profecia, que está selado para a vida eterna
pelo poder do Santo Sacerdócio.” (D&C
131:5)
Durante os últimos anos de seu ministério, o
Profeta Joseph Smith pleiteou
fervorosamente com os Santos para que
continuassem em retidão até assegurarem
seu chamado e eleição, até ouvirem a voz
celestial proclamar: “Filho, serás exaltado”.
(Ensinamentos, p.146)
Ele mesmo, tornou-se o padrão para toda
essa obtenção nesta dispensação, quando a
voz do céu disse-lhe: “Pois eu sou o Senhor
teu Deus e estarei contigo até o fim do
mundo e por toda a eternidade; pois em
verdade selo sobre ti tua exaltação e preparo-
te um trono no reino de meu Pai, com
Abraão, teu pai.” (D&C 132:49)
10ª Benção: Temos o poder, e é nosso
privilégio, viver de forma, que sendo puros
de coração, vejamos a face de Deus
enquanto habitamos como mortais num
mundo de pecado e pesar.
Esta é a bênção suprema da mortalidade. É
oferecida por aquele Deus que não faz
acepção de pessoas, entre todos os fiéis de
seu reino.
“Em verdade assim diz o Senhor: Acontecerá
que toda alma que abandonar seus pecados e
vier a mim e invocar meu nome e obedecer a
minha voz e guardar meus mandamentos
verá minha face e saberá que eu sou.” (D&C
93:1)
“E também em verdade vos digo que é vosso
privilégio e uma promessa faço a vós que
fostes ordenados para este ministério (agora
ele está falando daqueles que possuem o
Sacerdócio de Melquisedeque) que, se vos
despirdes de invejas e temores e vos
humilhardes perante mim, pois não sois
suficientemente humildes, o véu será
rompido e ver-me-eis e sabereis que eu sou--
-não com a mente carnal nem natural, mas
com a espiritual. Pois em tempo algum, na
carne, o homem viu Deus, a não ser
vivificado pelo Espírito de Deus. Nem pode
homem natural algum suportar a presença
de Deus; nem segundo a mente carnal. Não
podeis suportar a presença de Deus agora
nem o ministério de anjos; portanto
continuai pacientemente até que sejais
aperfeiçoados.” (D&C 67:10-13)
Estas são as bênçãos do sacerdócio, do Santo
Sacerdócio, segundo a ordem do Filho de
Deus, o sacerdócio que os santos nos dias
antigos chamavam de Melquisedeque para
evitar o uso frequente do nome da Deidade.
Assim, estas as palavras dos escritos
sagrados são apropriadas: “Ora,
Melquisedeque era um homem de fé, que
praticava a retidão; e, quando criança, temia
a Deus e fechou a boca de leões e extinguiu a
violência do fogo. E assim, tendo sido
aprovado por Deus, foi ordenado sumo
sacerdote segundo a ordem do convênio que
Deus fez com Enoque, sendo isso segundo a
ordem do Filho de Deus; ordem que veio não
por homem nem pela vontade do homem;
nem por pai nem mãe; nem por começo de
dias nem fim de anos; mas por Deus; E foi
dada aos homens pelo chamado de sua
própria voz, de acordo com sua vontade, a
tantos quantos acreditaram em seu nome. Eis
que Melquisedeque era um sacerdote dessa
ordem; portanto ele conseguiu paz em Salém
e foi chamado Príncipe da Paz. E seu povo
praticou a retidão e obteve o céu; e procurou
a cidade de Enoque que Deus havia antes
tomado, separando-a da Terra, tendo-a
reservado para os últimos dias, ou seja, o fim
do mundo. E dissera e jurara com um
juramento, que os céus e a Terra iriam
juntar-se; e os Filhos de Deus seriam
provados como que por fogo. E este
Melquisedeque, tendo estabelecido a retidão,
foi chamado de rei do céu por seu povo, ou,
em outras palavras, de Rei da Paz. E ele
ergueu a voz e abençoou Abrão, sendo o
sumo sacerdote e o guardião do armazém de
Deus. E aconteceu que Deus abençoou a
Abrão e deu-lhe riquezas e honra e terras de
possessão perpétua; de acordo com o
convênio que fizera e conforme a bênção
com a qual Melquisedeque o abençoara.”
(TJS Gênesis 14:26-29, 33-37, 40)
Agora, meus irmãos, este é o sacerdócio que
possuímos. Será uma bênção para nós como
foi para Melquisedeque e Abraão. O
sacerdócio do Deus Todo-Poderoso está
aqui. As doutrinas que ensinamos são
verdadeiras e pela obediência a elas
podemos gozar das palavras da vida eterna
aqui e agora, e ser herdeiros da glória
imortal após esta vida.
Eu sei, e vocês sabem, que assim como o céu
está acima da terra, também estas verdades
de que falamos estão acima de todos os
caminhos do mundo e de todas as honras
que os homens podem oferecer.
Que Deus nos permita guardar os
mandamentos e ser herdeiros de tudo o
que um Senhor gracioso promete a seu
povo. Em nome de Jesus Cristo. Amém.