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IHS Vida Espiritual A cada momento nos aproximamos da morte - Pág. 1 de 2

A cada momento nos aproximamos da morte

Fonte: Pe. Thiago Maria Cristini, C. SS. R., “Meditações para todos os dias do
ano tiradas das obras de Santo Afonso Maria de Ligório, Bispo e Doutor da Igreja”,
Herder e Cia., tomo III, págs.63-66, Friburgo em Brisgau, Alemanha, 1921.

Omnes morimur, et quasi aquae dilabimur in terram, quae non revertuntur –


“Nós morremos todos, e corremos pela terra como as águas que não tornam mais” (2
Reg. 14, 14).

Sumário. É certo que fomos todos condenados à morte. Todos nascemos com a
corda ao pescoço, e a cada passo que damos, aproximamo-nos mais do patíbulo. Que
loucura, pois, a nossa, sabermos que havemos de morrer, crermos que do momento da
morte depende uma eternidade de gozos ou de penas, e não pensarmos no ajuste das
contas e nos meios para termos uma boa morte! Compadecemo-nos dos que morrem
subitamente. Porque é, pois, que nos expomos ao risco de nos suceder a mesma
desgraça? Quem sabe se este ano não é o último da nossa vida? Quem sabe se
amanheceremos?

I. É certo que fomos todos condenados à morte. Todos nascemos, diz São
Cipriano, com a corda ao pescoço e, a cada passo que damos, nos aproximamos mais
da morte. Meu irmão, assim como fostes inscrito um dia no livro dos batismos, assim
serás inscrito um dia no livro dos mortos. Assim como dizes hoje dos teus
antepassados: meu falecido pai, tio ou irmão, assim dirão de ti os que vierem depois.
Assim como ouvistes muitas vezes dobrar os sinos pela morte dos outros, assim outros
os ouvirão pela tua morte.
Que dirias, se visses um condenado à morte caminhar para o suplício
galhofando, rindo, olhando para toda parte, e pensando ainda em comédias, festins e
divertimentos? E tu, não caminhas neste momento para a morte? E em que pensas? Vê
nessa cova teus amigos e parentes, a quem já feriu a sentença. Que horror se apodera
dos condenados quando vêem seus companheiros já mortos e pendentes na forca!
Atenta nesses cadáveres, cada um dos quais te diz: Mihi heri et tibi hodie - AOntem a
mim hoje a ti@. É isto o que te dizem ainda os retratos de teus parentes já mortos, os
seus escritos, as casas, os leitos, as roupas que deixaram.
Haverá loucura maior do que saber que se há de morrer, e que depois da morte
nos espera uma eternidade de alegrias ou uma eternidade de penas; saber que do
momento da morte depende um futuro eternamente feliz ou eternamente infeliz, e não
pensar em ajustar as contas e em empregar todos os meios para ter uma boa morte?
Compadecemo-nos dos que morrem subitamente e não se acham preparados para a
morte; como é então que não cuidamos em estar preparados, podendo nos acontecer o
mesmo? Mais cedo ou mais tarde, prevista ou imprevistamente, quer pensemos nisso
quer não, devemos morrer; e a todas as horas, a todos os instantes nós vamos
aproximando-nos da nossa forca, quer dizer, da última doença que nos deve fazer sair
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II. Em cada século, as casas, as praças e as cidades enchem-se de novos


habitantes, e os que precederam são levados e enterrados nos túmulos. Assim como
para estes passaram os dias da vida, da mesma maneira chegará o tempo em que nem
eu, nem vós, nem nenhum dos que vivem atualmente, existirá na Terra. Então
estaremos todos na eternidade, que será para nós ou um eterno dia de delícias, ou uma
eterna noite de tormentos. Não há meio termo; é certo, é de fé que uma das duas sortes
nos espera.
Meu amado Redentor, não teria a ousadia de aparecer diante de Vós, se Vos
não considerasse suspenso nessa Cruz, despedaçado, ultrajado e morto por minha
causa. Foi grande a minha ingratidão, maior ainda porém é a vossa misericórdia.
Grandes foram os meus pecados, mas muito maiores são os vossos méritos. As vossas
Chagas, o vosso Sangue, a vossa Morte são as minhas esperanças. Merecia o inferno
desde o instante do meu primeiro pecado; e depois tantas vezes Vos tornei a ofender, e
Vós não só me haveis conservado a vida, mas com extrema bondade e amor me
convidaste ao perdão e me haveis oferecido a paz. Como poderei recear que me
afasteis de Vós, agora que Vos amo e só desejo a vossa graça?
Sim, amo-Vos de todo o coração, meu querido Senhor, e só desejo amar-Vos.
Amo-Vos e arrependo-me de Vos ter desprezado, não tanto pelo inferno que mereci,
como por ter ofendido a Vós, meu Deus, que tanto me tendes amado. Ó meu Jesus,
abri-me o seio de vossa bondade, acrescentai misericórdia a misericórdia. Fazei que
não torne a ser ingrato para convosco, e mude completamente o meu coração. Fazei
que o meu coração, que antigamente nenhum caso fez de vosso amor, e lhe preferiu às
miseráveis satisfações da Terra, seja doravante todo vosso e continuamente inflamado
de amor por Vós. Esta graça peço-a também a Vós, ó grande Mãe de Deus e minha
Mãe Maria.

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