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Antônio Egg Resende - O Esoterismo Na Ritualística Maçônica
Antônio Egg Resende - O Esoterismo Na Ritualística Maçônica
Esta peça arquitetônica é praticamente uma síntese da obra de mesmo título, de autoria
do Irmão Eduardo Carvalho Monteiro, da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo.
Ao cumprir missão imposta pelo nosso Venerável Mestre, optei por este tema, porque
ministrar instrução sobre os símbolos que norteiam a Maçonaria constitui um dos
encargos do Orador.
Faço-o com muita satisfação, esperando que essa se estenda a todos os Irmãos, pela
sensação de estarmos, juntos, haurindo novos conhecimentos maçônicos.
Meus Irmãos,
Nas escolas de Mistérios, como a Maçonaria, as pessoas são admitidas por iniciação.
O Maçom iniciado abre a porta para seu mundo interno e dirige para seu coração a
compreensão de um mundo superior.
Então, o iniciado se coloca em comunhão com a Força Maior e submete seu coração à
chama Eterna da Sabedoria.
Precisamos, pois, entender a Maçonaria como uma incessante busca interior e não a
Maçonaria das aparências, dos ágapes, da volubilidade, de mera convivência social.
Infelizmente, muitos de nós não viajamos para o interior de nós mesmos, mas procuramos
nos satisfazer com os adornos e paramentos frívolos de graus exteriores.
O ritual maçônico, praticado com sacralidade e conhecimento, movimenta um potencial
energético elevadíssimo, compondo uma clara relação simbólica homem - templo -
universo. Edificando justo e perfeito nosso Templo Interior colaboramos na obra de
criação do Templo Universal, aderindo, dessa maneira, à Grande Obra ou Arte Real,
ensinada e transmitida pelos iniciados na Tradição.
Um ritual pode ser definido como um cerimonial compreendendo gestos, palavras,
atitudes e dramaturgia respondendo a necessidades essenciais.
E não nos basta lermos o texto frio dos rituais, pois os ensinamentos ocultos, invisíveis,
esotéricos estão na leitura das suas entrelinhas, onde estão conhecimentos novos,
sempre possíveis de se obter, a cada releitura.
Para haurirmos os benefícios de uma cerimônia maçônica, intrinsecamente mágica, a
solenidade e a seriedade devem ser assumidas já na Sala dos Passos Perdidos, quando,
antes da entrada Ritualística no Templo, o Mestre de Cerimônias faz uma breve preleção,
convidando a todos a que se entreguem a uma meditação, a fim de deixarem para trás, os
problemas do mundo profano de onde provêm. Infelizmente, contudo, por não dispormos
de tal espaço, junto às Lojas que se reúnem no Palácio Maçônico, essa parte da
ritualística fica prejudicada. Mas, no início das sessões de nossa Loja, temos a prática da
saudável invocação ao GADU, que visa exatamente atingir-se esse rompimento entre as
condições mentais e espirituais em que estávamos envolvidos e as necessárias ao bom
desenvolvimento dos nossos trabalhos ritualísticos, o que requer, contudo,uma atitude
compenetrada de diálogo com o G:. A:. D:. U:. Além disso, é conveniente que alguns
costumes sejam evitados, como fumar até à porta do Templo, mascar chicletes, manter
conversas paralelas, cruzar pernas e braços, ler textos diversos do ritual do grau, etc.
A abertura e o encerramento da sessão são a parte mágica, digamos sacramental dos
trabalhos. Quando seu desenvolvimento é bem equilibrado liturgicamente, favorece uma
atmosfera de interiorização e paz espiritual, havendo possibilidade de se alcançar estados
alterados do ser.
Devemos ter, durante toda a reunião, uma atitude mais espiritualizada, receptiva, todos
compenetrados de nossa condição de iniciados, voltados para nossa iluminação interior,
como forma de fazer parte da Grande Consciência Cósmica, da Egrégora da Loja.
Passemos, pois, a analisar a força do Ritual e dos Símbolos.
3. A Ritualística:
O Templo maçônico não é um amontoado de pedras, tijolos e massa, mas um espaço
sagrado e um dínamo que concentra considerável poder energético.
Veremos agora como os rituais de mistérios, entre os quais os maçônicos, têm sido
transmitidos desde a Antigüidade como forma de sacralizar o tempo e o espaço.
Iniciandos e oficiantes seguem regras rígidas para as cerimônias mediante preparativos e
rituais antigos e minuciosamente codificados, transmitidos de lábios a ouvidos, incluindo
vestimentas apropriadas, gestos rituais, orações rituais, símbolos visuais e a formação da
Egrégora do grupo.
A cerimônia mágica, que é a ritualística maçônica de suas sessões econômicas, é o caminho do
maçom para atingir estados alterados de consciência e poderes que estão no transcendente, além
da imediata existência humana. Para atingir esse estágio não podemos praticar o ritual maçônico
de forma mecânica ou displicente, sob pena de estarmos transformando uma prática iniciática
milenar em uma medíocre representação teatral, vazia em sua finalidade.
Entendamos Nossa Ritualística, passo – a - passo:
j.“Em honra ao G:. A:. D:. U:. e a São João, nosso padroeiro...”
Alguns pensamentos a propósito desta alusão a São João:
(1)do saudoso Ir Onéas d’ Assumpção Corrêa, em sua obra “Orientação Maçônica”: “São João
Batista é um dos santos padroeiros da Maçonaria. A sua firme reprovação ao vício e a sua
contínua pregação em prol do arrependimento e da virtude fizeram dele um bem apropriado
patrono para a Instituição Maçônica. Sua festa é em 24 de junho. São João Evangelista é também
patrono da Ordem e sua festa se realiza em 27 de dezembro. Foram as suas constantes
admoestações em suas Epístolas, para a prática do amor fraternal e a natureza de suas visões
apocalípticas que constituíram as principais razões da veneração de que é objeto na Ordem
Maçônica”;
(2) o saudoso Ir:. Jayro Boy de Vasconcelos, em sua obra “A Fantástica História da Maçonaria”,
supõe que o verdadeiro patrono da Maçonaria é São João, o Evangelista, por ter sido “o homem,
o ser humano que mais recomendou o “amor fraternal”. Foi ele um exemplo para todos os seres
humanos, mas para os maçons em especial ele foi um padrão de fraternidade, que é a principal
bandeira da Maçonaria, desde sua fundação. Ele não só ensinava aos outros essa sadia convi-
vência, através dos seus escritos, mas colocava em prática, na sua vida, tais ensinamentos, de tal
forma que foi inclusive chamado, pelos teólogos, o “Apóstolo do Amor”. Vejamos algumas das
suas preciosas instruções:
Aquele que diz estar na luz e odeia seu irmão, até agora está nas trevas.
Aquele que ama seu irmão permanece na luz e nele não há nenhum tropeço.
Aquele, porém, que odeia a seu irmão está nas trevas e anda nas trevas e não
sabe para onde vai, porque as trevas lhe cegaram os olhos”.
(3) Rizzardo da Camino reforça a tese de Jayro Boy, ao afirmar: “dos Evangelistas, São João se
destaca pelo fato de ter absorvido do Divino Mestre, toda filosofia do amor. Fora o discípulo
amado e o seu Evangelho é um cântico de amor. A alma da Maçonaria é a dedicação que os
irmãos oferecem uns aos outros. O amor fraterno é a luz que ilumina a Loja e, por isso, São João,
o Evangelista, passou a ser considerado o patrono da Maçonaria”.
k. O Clímax:
Pronunciada a oração, com sentimento, pelo V:. M:. esse conduz, então, os obreiros a fazerem o
sinal e a proferirem a aclamação. Após cumprida toda a ritualística de maneira séria,
compenetrada, com sentimento, a Loja atinge o clímax da produção de energia e os obreiros
estão tão contentes em iniciar os trabalhos, tão felizes por estarem novamente reunidos entre
irmãos que, exultantes, extravasam esse regozijo através do sinal do grau e da exclamação
Huzzé, Huzzé, Huzzé. Segundo José Augusto de Souza, em O grau de Aprendiz Maçom, Huzzé
é o grito de aclamação do maçom escocês. Possui origem hebraica e significa “força e vigor”. Ela
é pronunciada na abertura e no encerramento dos trabalhos.
O que dizer da Egrégora nesse momento? Está em seu clímax, atingindo alto potencial de
energias cósmicas. As funções de ordem administrativa que vêm a seguir podem, então, iniciar-se
e os pedreiros-livres estarão sublimemente preparados para desenvolver suas peças de
arquitetura e articularem, Entre Colunas, suas ações de construção social fora de seu espaço
sagrado, a bem da Pátria e da Humanidade.
m. “Para que ocupais esse lugar?”“.....para fechar a Loja, pagar os OOb:. e despedí-los
contentes e satisfeitos”, responde o 1º Vig:. na fase de encerramento ritualístico dos trabalhos,
e, logo após, o V:. M:. pergunta -lhe: e os Obreiros estão satisfeitos?
Como resposta todos os Irmãos, exceto as Luzes, batem a m:. dir:. no Av:. e fazem o sinal de
afirmação. Essa deverá ser a atitude de todos os Irmãos da Loja, quando os trabalhos tiverem
sido convenientemente conduzidos. Segundo Onéas d’Assumpção Correa, em “Orientação
Maçônica”, “salário é a recompensa do trabalho e o resultado que ele pode produzir para o
operário. É a remuneração de um trabalho. Em Maçonaria, sendo os maçons obreiros alegóricos
da construção do Templo da Verdade, da Ciência e da Razão, o salário é pago por meio de novos
conhecimentos, que visam ao aperfeiçoamento gradual do Maçom, não se tratando, pois, de
salário material, mas de Instrução Iniciática”.
4. CONCLUSÃO
Calcado basicamente na obra de Eduardo Carvalho Monteiro, procurei mostrar aqui a importância
do Templo Maçônico como espaço sagrado; que a ritualística maçônica é uma cerimônia mágica
e, como tal, penetra no terreno metafísico; os mecanismos esotéricos da Egrégora; a necessidade
da concentração e participação de todos os membros nos trabalhos maçônicos.
A Maçonaria é guardiã da cultura esotérica das civilizações do passado, mas convive
perfeitamente, como excelso sistema, com as fantásticas inovações tecnológicas, porque seus
membros, livres investigadores da verdade, mantêm perfeita sintonia com todos os campos de
conhecimento humano.
Bibliografia:
1. Ritual do Grau 1 da GLMMG;
2. Normas & Procedimentos Ritualísticos da GLMMG;
3. O Esoterismo na Ritualística Maçônica (principal), de Eduardo Carvalho Monteiro;
4. Orientação Maçônica, de Onéas d’Assumpção Correa e Arnaldo Pertence;
5. A Fantástica História da Maçonaria, de Jayro Boy de Vasconcelos;
6. Simbolismo do Primeiro Grau – Aprendiz, de Rizzardo Da Camino;
7. Sinopse do Grau de Aprendiz Maçom, de José Airton de Carvalho;
8. O Grau de Aprendiz Maçom – em perguntas e respostas, de José Augusto de Souza