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Justiça Federal da 5ª Região

PJe - Processo Judicial Eletrônico

13/08/2021

Número: 0002530-13.2021.4.05.8100
Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL
Órgão julgador: 14ª Vara Federal CE
Última distribuição : 22/06/2021
Valor da causa: R$ 35.712,96
Assuntos: Contratos Bancários, Interpretação / Revisão de Contrato
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
ANTONIA ALZERINA EUFRAZIO GOMES (AUTOR) ZACHARIAS AUGUSTO DO AMARAL VIEIRA (ADVOGADO)
CAIXA ECONOMICA FEDERAL - CEF (REU)
BANCO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SA (REU)
MS PROMOTORA E SERVIÇOS LTDA (REU)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
80636 22/06/2021 18:41 Petição Inicial - Antonia Alzerina Eufrazio Gomes - Petição (outras)
5 Corrigida
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA _ª
VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO CEARÁ.

ANTONIA ALZERINA EUFRASIO GOMES, brasileira, viúva, aposentada,


portadora do Cadastro de Pessoa Física de número 728.615.093-68 e do Registro Geral de
número 8908002022458, residente e domiciliada na Rua Con de Castro, 3521, bairro Parque
São José, Fortaleza – CE, CEP: 60730-202 vem, perante Vossa Excelência, com o máximo e
devido respeito, devidamente representado por ZACHARIAS AUGUSTO DO AMARAL
VIEIRA, inscrito regularmente na OAB/CE sob o n.° 40.855 e CPF sob o n.°
052.204.533.27, com endereço para intimações na Rua Dr. Gilberto Studart, 55, na torre
Duets Office Tower, Fortaleza/CE, Telefone: (85) 3121-0908, endereço eletrônico:
zacharias@zachariasvieira.com, apresentar AÇÃO DE FRAUDE BANCÁRIA
DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C REPETIÇÃO DE
INDÉBITO, INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E TUTELA DE
URGÊNCIA em face de BANCO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL –
BANRISUL S.A, inscrita no CNPJ/MF sob o nº 92.702.067/0001-96, com sede no
endereço Rua Capitão Montanha, 177, Porto Alegre/RS, MS PROMOTORA E
SERVIÇOS LTDA, inscritas no CNPJ/MF sob o nº 21.399.682/0001-31, com sede no
endereço Rua Pedro Borges, 33, Centro – Fortaleza/CE, CEP: 60055-903, e CAIXA
ECONÔMICA FEDERAL, inscrita no CNPJ/MF sob o nº 00.360.305/0001-04, com
sede no SBS, quadras 3 e 4, Asa Sul, Brasília/DF, CEP: 70092-900, pelas razões de fato e de
Direito a seguir explicitadas:

Rua Gilberto Studart, Duets Office Tower, nº 55, sala 1616, 1617, 1618,
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I – DA TRAMITAÇÃO PRIORITÁRIA

A autora é pessoa idosa, atualmente com 66 (sessenta e seis) anos, razão pela
qual requesta a prioridade da tramitação na presente demanda, nos termos do Estatuto do
Idoso (Lei nº 10.741/13) e nos termos do art. 1.048, I, do Código de Processo Civil (Lei nº
13.105/15).

II – DA SINOPSE FÁTICA

A autora, Sra. Antonia Alzerina Eufrazio Gomes, é viúva, pensionista do


Instituto Nacional do Seguro Social, com número de benefício 028.679.763-4, cuja
instituição pagadora é a Caixa Econômica Federal, recebendo uma pensão por morte
por acidente de trabalho. Nesse sentido, recebe apenas um salário mínimo por mês.
Dinheiro com que se mantém e arca com seus compromissos financeiros.

Ocorre que em maio de 2021, a autora percebeu um desconto indevido no seu


benefício. Esse desconto, portanto, era relativo a um empréstimo realizado junto ao banco
Banrisul S.A, que nesta capital tem suas atividades desenvolvidas pela MS Promotora e
Serviços LTDA.

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Dessa forma, percebe-se que o empréstimo é no valor de R$ 18.132,17
(dezoito mil cento e trinta e dois reais e dezessete centavos) divididos em 84 parcelas
de R$ 357,06 (trezentos e cinquenta e sete reais e seis centavos). Todavia, o mesmo
nunca foi contratado pela autora, conforme se demonstrará adiante.

O banco permitiu a entabulação de contrato que, todavia, é eivado de ilicitude,


onde são percebidos erros substanciais nos dados de identificação da autora, bem como na
sua assinatura, que é absolutamente diversa da assinatura do seu documento de identificação.

Como destacado, esses erros dizem respeito aos documentos de


identificação da demandante. O órgão expedidor, bem como a data de expedição do
Registro Geral (RG) da autora estão equivocados.

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Na realidade, o órgão expedidor é a Secretaria de Segurança Pública e
Defesa Social do Estado do Ceará e a data de expedição é dia 02 de março de 2021.
No contrato em tela, percebemos nitidamente a disparidade. No mesmo sentido, o
estado civil da requerente também se encontra equivocado, pois ela é viúva,
recebendo uma pensão por morte, e não solteira como descrito.

Noutro momento, percebemos mais desencontros entre os dados. A olho nu, já


se percebe que assinatura da autora não confere com a do seu documento de identificação
pessoal. Porém, Excelência, mais que isso, a data em que o contrato foi firmado é em 13 de
outubro de 2020, mas como isso poderia ocorrer com um documento pessoal que foi
expedido somente em 02 de março de 2021?

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Em mais uma inconsistência do contrato, percebe-se uma rubrica que
claramente não se assemelha em absolutamente nada com a assinatura da Sra. Antonia
Alzerina mostrada acima.

Ainda, podemos apontar como inconsistência presente nesse contrato o fato


deste ser preenchido digitalmente e assinado manualmente pela demandante. Como a autora
assinou à mão um contrato que é digital sem nunca ter ido até uma agência ou sala de
prestação de serviços?

Não só isso, mas é importante salientar também as inúmeras tentativas de a


requerente, juntamente com sua filha, tentar resolver o problema junto ao banco pelo Serviço
de Atendimento ao Consumidor e não obteve o retorno devido, sempre tendo sua solicitação
passada de um lado para outro.

Portanto, Excelência, tal fraude acarretou descontos consideráveis no valor do


benefício da autora, cujo pagamento é feito pela Caixa Econômica Federal, que é sua
única fonte de sustento, prejudicando, assim, todos os seus compromissos financeiros, bem
como a compra de seus materiais básicos de sobrevivência, como os alimentos e seus
remédios. Dessa forma, o que se apresenta juntamente com os documentos anexos a esta
exordial, torna evidente que houve fraude bancária, em que o fraudador se utilizou da
condição de idosa da autora e a lesou em demasia, razão pela qual a demandante recorre a
este Juízo.

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IV – DO DIREITO
IV.1 – DA EXISTÊNCIA DA RELAÇÃO DE CONSUMO

Prima facie, verifica-se caracterização de relação de consumo entre as partes,


apresentando-se a empresa ré como pessoa jurídica de direito privado, que desenvolve
atividade de comercialização de produtos e prestação de serviços e, portanto, fornecedor nos
termos do art. 3º do CDC, e o autor como consumidor, de acordo com o conceito previsto no
art. 2º do mesmo diploma. Assim descrevem os artigos acima mencionados:

Art. 3º. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional
ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem
atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação,
importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços.

Art. 2º. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto
ou serviço como destinatário final.

É fato que a instituição financeira demandada efetua, de modo habitual, a


atividade bancária, onde possui diversos clientes que depositam seus valores em suas contas
bancárias, administradas por ela mesma.

Ademais, conforme Súmula nº 297 do Superior Tribunal de Justiça, essa que


trata sobre a aplicação do Código de Defesa do Consumidor perante as instituições
financeiras, vê-se:

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Súmula nº 297, STJ: O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às
instituições financeiras

Portanto, não há necessidade de se realizar maiores elucubrações acerca da


substancial relação de consumo existente.

IV.2 – DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

É inquestionável que o presente caso se trata de uma relação de consumo, sendo


tutelado pela Lei n.º 8.078/90 – Código de Defesa do Consumidor, que aborda
especificamente das questões em que fornecedores e consumidores integram uma relação
jurídica, principalmente, em relação à matéria probatória.

Tal legislação confere direito ao julgador determinar a inversão do ônus da prova


em favor do consumidor conforme seu artigo 6º, VIII:

Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:

VIII – A facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus


da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil
a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiência.

Faz-se pertinente, transcrever o seguinte Enunciado das Turmas Recursais dos


Juizados Especiais, no que diz respeito à inversão do ônus da prova:

Enunciado 17: É cabível a inversão do ônus da prova, com base no princípio da

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equidade e nas regras de experiência comum, a critério do Magistrado, convencido
este a respeito da verossimilhança da alegação ou dificuldade da produção da
prova pelo reclamante.

Por oportuno, traz-se à baila o ensinamento de Plínio Lacerda Martins, in


“Anotações ao Código de Defesa do Consumidor. Conceito e noções básicas. DP & A
Editora. RJ. 2001 p.27”:

Tendo em vista que o CDC, no artigo 6°, VIII, prevê como direito básico do
consumidor o direito à inversão do ônus da prova no processo quando a alegação
for verossímil, facilitando assim a defesa dos direitos dos consumidores, e que esta
inversão ao nosso juízo é ope judicis, não se justifica então a não-inversão do ônus
da prova quando comprovada a verossimilhança ou mesmo a hipossufiência.

Nesse sentindo, não se pode olvidar de destacar a responsabilidade objetiva do


fornecedor de serviço estampada no art.14 do CDC:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de


culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos
à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas
sobre sua fruição e riscos.

Portanto, Excelência, cristalino é a aplicabilidade do Código de Defesa do


Consumidor no caso em tela, bem como, presente a verossimilhança do direito alegado e a
hipossuficiência da parte autora, o qual detém, então, os requisitos para que Vossa Excelência
se digne de conceder a inversão do ônus da prova em favor do consumidor.

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Assim, muito embora a presente ação esteja vastamente carreada dos
documentos necessários para a propositura da ação, sendo, portanto, notória a
verossimilhança das alegações feitas, em razão das provas anexadas aos autos, na remota
hipótese de a Excelência entender pela necessidade de outras provas, é evidente que o banco
demandado possui maior facilidade em comprovar tais fatos, tendo em vista que, além da
verossimilhança das alegações, a hipossuficiência da autora, vez que a instituição financeira
demandada possui documentação interna em seus registro capazes de comprovar a realidade
dos fatos.

Desse modo, sendo assim, mais um motivo para da requerida deve demonstrar
provas em contrário ao que foi exposto pela pate autora.

IV.3 – DA HIPERVULNERABILIDADE DA SEGURADA IDOSA

O Código de Defesa do Consumidor (CDC) criou a figura da


hipervulnerabilidade como forma de proteção. Diz o art. 39, incisivo IV, da referida lei:

Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras


práticas abusivas:
IV – prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em
vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-
lhe seus produtos ou serviços.

O CDC reconhece como hipervulneráveis, portanto, os idosos, crianças,


deficientes mentais, analfabetos e pessoas com saúde debilitada. A eles, a proteção
consumerista é ainda maior, motivo que obriga os fornecedores a tratá-los de modo

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diferenciado.

No caso dos idosos, a proteção é ainda mais reforçada pelo Estatuto do Idoso
(Lei 10.741/2003). O art. 20 dessa legislação prevê, por exemplo, que o idoso tem direito a
produtos e serviços que respeitem a sua peculiar condição de idade. Assim dispõe o referido
dispositivo:

Art. 20. O idoso tem direito a educação, cultura, esporte, lazer, diversões,
espetáculos, produtos e serviços que respeitem sua peculiar condição de
idade.

Além disso, o entendimento acerca dos hipervulneráveis também está pacificado


no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e é ainda mais amplo do que o que prevê a lei. A
exemplo disso, o ministro Herman Benjamin assim dissertou no Recurso Especial nº
586.316.

“Ao Estado Social importam não apenas os vulneráveis, mas sobretudo os


hipervulneráveis, pois são esses que, exatamente por serem minoritários e amiúde
discriminados ou ignorados, mais sofrem com a massificação do consumo e a
“pasteurização” das diferenças que caracterizam e enriquecem a sociedade
moderna.
Ser diferente ou minoria, por doença ou qualquer outra razão, não é ser menos
consumidor, nem menos cidadão, tampouco merecer direitos de segunda classe
ou proteção apenas retórica do legislador.
O fornecedor tem o dever de informar que o produto ou serviço pode causar
malefícios a um grupo de pessoas, embora não seja prejudicial à generalidade da
população, pois o que o ordenamento pretende resguardar não é somente a vida
de muitos, mas também a vida de poucos.”

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Ainda nesse sentido, a jurisprudência de conduta costuma relativizar o conceito
de práticas abusivas quando uma das partes é idosa, de forma a considerar sua capacidade
limitada de compreensão da realidade. É o que aconteceu com julgado analisado pela 2ª
Turma Recursal Cível do Rio Grande do Sul, em 2 de abril de 2018. Veja:

CONSUMIDOR IDOSO. TELEFONIA. VENDA DE PRODUTO E DE


PLANO INADEQUADOS À REALIDADE DO USUÁRIO. PRÁTICA
ABUSIVA POR PARTE DA EMPRESA. FALHA NO DEVER DE
INFORMAÇÃO. DANO MORAL CONFIGURADO EM FACE DA
EXCEPCIONALIDADE DO CASO CONCRETO. QUANTUM
INDENIZATÓRIO QUE COMPORTA REDUÇÃO PARA FINS DE
ADEQUAÇÃO AO PATAMAR ADOTADO PELA TURMAS RECURSAIS.
SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA. RECURSO
PARCIALMENTE PROVIDO.

Ainda segundo Herman, há uma classe de vulneráveis que demanda atenção


ainda maior. Ele faz referência a eles em sua obra Manual de Direito do Consumidor (2008).
Veja:

[…] entre todos os que são vulneráveis, há outros cuja vulnerabilidade é superior
à média. São os consumidores ignorantes e de pouco conhecimento, de idade
pequena ou avançada, de saúde frágil, bem como aqueles cuja posição social não
lhes permite avaliar com adequação o produto ou serviço que são adquirindo.

Casos assim são amplamente protegidos pela jurisprudência. Nesse sentido, por
exemplo, o julgado de 21 de novembro de 2018 da 5ª Turma de Recursos de Joinville (SC):

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CONSUMIDORA IDOSA QUE, A PEDIDO DO ENTREGADOR,
SUBSCREVE RECIBO ANTES DE OCORRER O DESCARREGAMENTO
DOS PRODUTOS E É SURPREENDIDA PELA EVASÃO DO
MOTORISTA SEM QUE TENHA OCORRIDO O RECEBIMENTO DA
INTEGRALIDADE DA CARGA. BOLETIM DE OCORRÊNCIA.
DOCUMENTOS E RELATOS TESTEMUNHAIS QUE CORROBORAM O
ALEGADO PELA CONSUMIDORA, DESCONSTITUINDO A
PRESUNÇÃO JURIS TANTUM DE VERACIDADE DO RECIBO.
PROCEDÊNCIA DOS PEDIDOS. RECURSO PROVIDO.

Portanto, todo esse esforço deve ser norteado pela observância ao princípio da
dignidade humana. Se já é dever do Estado cuidar do consumidor como parte nitidamente
reconhecida como vulnerável nas relações consumeristas, então deve fazê-lo com maior
empenho quando ele for considerado, de fato, mais indefeso ainda.

IV.4 – CASO FORTUITO INTERNO – DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA

Conforme exposto, fixada a relação consumerista entre as partes, faz-se mister


adentrar no tipo de responsabilidade existente em tal âmbito.

Nesse espeque, assevera o Código de Defesa do Consumidor, nos moldes do


seu art. 14, que a responsabilidade do fornecedor de serviços é objetiva, ou seja, independe
da existência de culpa, no que tange aos danos causados pelos defeitos na prestação de
serviço.

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de


culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos

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à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas
sobre sua fruição e riscos.

Nesse sentido, segue entendimento firmado por meio de Enunciado de Súmula


do Superior Tribunal de Justiça de nº 479. Essa súmula versa sobre a manifesta relação
de consumo entre consumidores e instituições financeiras.

Súmula nº 479, STJ: As instituições financeiras respondem objetivamente pelos


danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por
terceiros no âmbito de operações bancárias.

Importante, ainda, trazer o entendimento do doutrinador Pablo Stolze acerca da


temática em questão:

O caso fortuito interno incide durante o processo de elaboração do produto


ou execução do serviço, não eximindo a responsabilidade civil do
fornecedor. Já o caso fortuito externo é alheio ou estranho ao processo de
elaboração do produto ou execução do serviço, excluindo a responsabilidade civil
(GAGLIANO, Pablo Stolze; FILHO, Rodolfo Pamplona. Novo Curso de
Direito Civil. Vol. 1. São Paulo: Saraiva, 2004

Nesse sentido, Excelência, é certo que nas instituições financeiras paira o grande
risco de fraudes de estelionatários. Sendo assim, decorre da própria instituição financeira o
risco da atividade do prestador de serviço, uma vez que o consumidor é parte vulnerável da
relação e contrata os serviços bancários onde depositam toda a sua confiança financeira.

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A jurisprudência, inclusive, coaduna-se com o que preza o entendimento
explicitado. Segue, assim, o entendimento jurisprudencial:

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DO CONSUMIDOR. FRAUDE


BANCÁRIA. FORTUITO INTERNO. TRANSAÇÕES EFETUADAS
POR TERCEIROS. RESPONSABILIDADE DA INSTITUIÇÃO
FINANCEIRA. INSCRIÇÃO. SERASA. DANO MORAL. 1. As instituições
bancárias respondem objetivamente pelos danos causados por fraudes ou
delitos praticados por terceiros. Referida responsabilidade caracteriza-se
como fortuito interno e decorre do risco do empreendimento. Recurso
especial Repetitivo, REsp n. 1197929/PR. Tema n. 466, Súm. 479 do STJ. 2. A
responsabilidade do fornecedor por fato do serviço será afastada apenas quando
a culpa do consumidor ou de terceiro foi exclusiva, conforme descreve o art. 14,
§3º, inc. II, Código de Defesa do Consumidor. 3. A instituição financeira
permanece responsável pela violação ao dever de gerenciamento seguro
das movimentações bancárias dos clientes, mesmo que as operações
fraudulentas tenham sido realizadas no intervalo entre o furto e a
comunicação ao banco. [...] Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios
TJ-DF: 0734179-80.2019.8.07.0001 DF 0734179-80.2019.8.07.0001.

CIVIL. CONSUMIDOR. RESPONSABILIDADE CIVIL. CONTRATO


BANCÁRIO DE CONTA CORRENTE. FRAUDE. DESCONTOS
INDEVIDOS. DANO MATERIAL. DANO MORAL. Ação indenizatória
pelos descontos indevidos na conta corrente na qual o autor recebe seu
salário. O prestador de serviço responde de forma objetiva pelos danos
causados ao consumidor. A prova dos autos revela a movimentação com
depósito de determinada quantia seguida de dois saques na conta bancária do
autor, operações por ele não reconhecidas. Posteriormente, o réu lançou débito a
título de “acerto para reg de saldo em C/C” gerando saldo negativo que passou a
consumir os créditos efetuados na conta corrente do autor. Para justificar o saldo

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negativo na conta corrente cabia ao réu demonstrar que os saques foram
realizados pelo autor. Se nada comprova, responde pelos danos impostos ao
correntista. A afirmação de se tratar de movimentação suspeita não encontra
respaldo nas provas. O consumidor lesado tem direito à devolução da
quantia descontada indevidamente. A apropriação dos salários creditados
na conta corrente do autor para abatimento de dívida inexistente provoca
dano moral passível de reparação em razão da angústia de ficar provado
de recursos destinados à sua sobrevivência. O valor da reparação deve
observar a capacidade das partes, a potencialidade do dano e sua
repercussão, sem perder de norte o princípio da razoabilidade. Quantia que
se mantém. Recurso desprovido.

(TJ-RJ – APL: 00220039120178190213, Relator: Des(a). HENRIQUE CARLOS


DE ANDRADE FIGUEIRA, Data de Julgamento: 26/05/2020, QUINTA
CÂMARA CÍVEL, Data da Publicação: 2020-05-29).

Assim, que se proceda a devida responsabilização com base na Teoria do Risco


da Atividade. Logo, sendo o banco atuante em mercado financeiro, incide assim, a
possibilidade de fraude em seus sistemas.

IV.5 – DOS DANOS MATERIAIS – RESTITUIÇÃO EM DOBRO DE QUANTIA


PAGA

Conforme explanado nesta exordial e diante dos documentos acostados aos


autos, é evidente o prejuízo financeiro causado à autora no valor de R$ 2.856,48 (dois
mil oitocentos e cinquenta e seis reais e quarenta e oito centavos), que corresponde
ao valor já pago até o presente momento, referente às parcelas de novembro e
dezembro de 2020 e de janeiro a junho de 2021. Assim, entende-se pelo considerável

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dano material sofrido pela autora a restituição dessa quantia em dobro, totalizando
o valor de R$ 5.712,96 (cinco mil setecentos e doze reais e noventa e seis centavos),
visto que o empréstimo feito em nome da autora sem seu consentimento foi no valor
de R$ 18.132,17 (dezoito mil cento e trinta e dois reais e dezessete centavos).

Desse modo, resta cristalino, o devido ressarcimento a autora no valor descrito,


com juros e correção monetária, desde a data do ilícito. Imperioso destacar, Excelência, que
em momento nenhum a autora sequer assinou contrato com a instituição financeira
demandada.

Assim, é evidente a má-fé do banco demandado, que fez a operação e permitiu


que terceiro assinasse o contrato no lugar da autora e hoje desconta os valores na pensão por
morte que a demandante recebe, prejudicando, assim, o seu próprio sustento e seus
compromissos financeiros.

Nesse ínterim, é mais do que cabido a restituição dos valores furtados da conta
da autora. Inclusive, os Tribunais são pacíficos quanto à necessidade de restituição em face
dos valores:

AÇÃO ORDINÁRIA DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS COM


PEDIDO DE RESTITUIÇÃO EM DOBRO DE QUANTIA PAGA -
EMPRÉSTIMO CONSIGNADO EM BENEFÍCIO
PREVIDENCIÁRIO NÃO RECONHECIDO - SENTENÇA DE
PARCIAL PROCEDÊNCIA. 1. APELAÇÃO (BANCO) - INSTITUIÇÃO
FINANCEIRA QUE RECONHECEU O EQUÍVOCO OPERACIONAL -
INEXISTÊNCIA DE CONTRATO ASSINADO OU QUALQUER
MANIFESTAÇÃO DE VONTADE DO AUTOR - NULIDADE DO

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PACTO, CONSEQUENTE INEXIGIBILIDADE DA DÍVIDA E
DEVOLUÇÃO DO MONTANTE INDEVIDAMENTE
DESCONTADO QUE SE MOSTRAM DE RIGOR - DANO MORAL
OCORRENTE - CONSTRIÇÃO IRREGULAR EM BENEFÍCIO
PREVIDENCIÁRIO - VERBA ALIMENTAR - MINORAÇÃO DA
INDENIZAÇÃO E DOS HONORÁRIOS - DESCABIMENTO -
RECURSO DESPROVIDO. 2. ADESIVO (AUTOR) - QUANTUM
INDENIZATÓRIO BEM ARBITRADO - PRINCÍPIOS DA
RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE - TERMO INICIAL
DA CORREÇÃO MONETÁRIA - SÚMULA 362 DO STJ - CITAÇÃO QUE
CONSTITUIU EM MORA EM RELAÇÃO À REPARAÇÃO DA LESÃO
EXTRAPATRIMONIAL, DONDE DEVEM FLUIR OS JUROS LEGAIS -
SENTENÇA MANTIDA - RECURSO DESPROVIDO. 3. RECURSOS
CONHECIDOS E DESPROVIDOS.

(TJ-SP 10460051720168260224 SP 1046005-17.2016.8.26.0224, Relator: Carlos


Abrão, Data de Julgamento: 23/10/2017, 14ª Câmara de Direito Privado, Data
de Publicação: 23/10/2017)

Nesse sentido, que se proceda com a restituição do valor das prestações pagas
em dobro até o momento, totalizando R$ 5.712,96 (cinco mil setecentos e doze reais e
noventa e seis centavos), em que foi feito o desconto na folha de pagamento, acrescidos
de juros e correção monetária a partir do evento danoso.

Nessa toada, a postulante não sabe ao certo o que pagou de forma indevida,
valor esse que deverá ser pago em dobro com arrimo no instituto da repetição de indébito,
art. 42, §º do CDC, acrescendo ainda os meses subsequentes até que as cobranças
sejam suspensas.

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IV.5 – DO DANO MORAL

Como já explanado, a responsabilidade, no âmbito das relações consumeristas


é objetiva, a partir do risco do empreendimento, não sendo, assim, necessária a culpa do
dano causado para incidir a reparação, com fulcro no já mencionado art. 14 do Código de
Defesa do Consumidor. Assim, o evento danoso sempre decorre da negligente segurança
prestada aos usuários pela instituição financeira. Portanto, resta reconhecida a causalidade
adequada.

Nesse sentido, conforme explana Orlando Gomes, esse indica o que seria o
dano moral, assim:

Dano moral é, portanto, o constrangimento que alguém experimenta em


consequência de lesão em direito personalíssimo, ilicitamente produzida por
outrem. Observe-se, porém, que esse dano não é propriamente indenizável,
visto como indenização significa eliminação do prejuízo e das consequências, o
que não é possível quando se trata de dano extrapatrimonial. Prefere-se dizer
que é compensável. Trata-se de compensação, e não de ressarcimento.
Entendida nestes termos a obrigação de quem o produziu, afasta-se a
objeção de que o dinheiro não pode ser equivalente da dor, porque se
reconhece que, no caso, exerce outra função dupla, a de expiação, em
relação ao culpado, e a de satisfação, em relação à culpa (GOMES, 1995,
p. 271).

Assim, o dano moral, frente ao caso concreto aqui presente, deve ser analisado
a partir do viés pedagógico, a fim de sancionar o fornecedor de produtos e serviços, no
caso o banco demandado, para que assim evite-se que este cometa o ilícito reiteradamente

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com outros clientes, preservando tais consumidores que gozem do serviço prestado pela
instituição financeira que passem pelo mesmo.

É evidente que tais circunstâncias são geradoras de um stress acima do razoável


e configuram dano moral, pois extrapolam o mero aborrecimento cotidiano. A falha na
prestação do serviço pela instituição financeira demandada evidenciou o dano moral
causado à autora, de modo a ser devida indenização respectiva. No tocante ao montante
fixado a título de indenização, é razoável R$ 30.000,00 (trinta mil reais), sendo R$
10.000,00 (dez mil reais) de cada empresa, e nenhum reparo há a ser feito, pois
corretamente fixado se levarmos em consideração as circunstâncias que cercam o caso e
considerados o caráter punitivo da medida, o poderio econômico da instituição de ensino
e os princípios da equidade, razoabilidade e proporcionalidade.

IV.6 – DO QUANTUM INDENIZATÓRIO – DO DESVIO PRODUTIVO DO


CONSUMIDOR

Cabe salientar que a teoria do Desvio Produtivo do Consumidor, criada pelo


advogado Marcos Dessaune, defende que todo tempo desperdiçado pelo consumidor para a
solução de problemas gerados por maus fornecedores constitui dano indenizável. Assim,
amolda-se ao caso concreto, a majoração do dano ante a aplicação da teoria acima citada, vez
que a autora depreendeu seu tempo, a fim de resolver um problema que, efetivamente, não
fora solucionado, sendo necessário recorrer a via judicial.

Como dito, tudo fora em vão, pois além de receber respostas insatisfatórias das
instituições financeiras, não obteve nenhuma suspensão nos descontos na sua folha de

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pagemtno do benefício. Excelência verifica-se que a consumidora buscou todas as maneiras
para realizar a solução do problema pela via administrativa, porém, por total e completo
descaso das rés em fornecerem qualquer informação e de desempenhar o serviço que
oferecem com o mínimo de qualidade, a demandante está, até hoje, tendo o seu benefício
vilipendiado por um empréstimo que nunca contratou, portanto, fraudulento.

Em virtude da pandemia, por diversas vezes tanto a autora, como sua filha,
tentaram resolver o caso em questão com os bancos réus, por ligações ou mensagens ao SAC,
ou ligações diretamente ao banco, mas todas as tentativas restaram infrutíferas. Tendo em
vista o total descaso das insitituições financceiras requeridas em resolver a situação, as
ligações que duravam horas e, de repente, caiam, ou simplesmente ficavam transferindo a
ligação de um setor para outro, a autora, mesmo sendo pessoa idosa, ou seja, um dos grupos
de risco, com a intenção de solucionar o problema de maneira administrativa, se deslocou
em meio a pandemia do COVID-19, a uma agência bancária para obter mais informações a
respeito do que teria acontecido e para tentar uma solução. Todavia, a autora encontrou
enorme burocracia e um completo descaso dos bancos em solucionar o seu problema.

Entretanto, conforme já foi narrado alhures, a autora, com o auxílio de sua filha,
realizou a tentativa de solução pelas vias virtuais. Porém, sempre que buscava explicar a sua
história para um atendente, era redirecionada para uma mensagem gravada e ninguém foi
capaz de lhe dar qualquer explicação, tampouco fornecer o número de protocolo das ligações,
visto que as mesmas sempre caiam repentinamente depois de 15-20 minutos de tentativa.

Conforme documentos comprobatórios anexados a exordial, restou clarividente


que a demandante tentou de diversas maneiras a solução do problema em questão pela via

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administrativa, ou seja, a requerente entrou em contato com as instituições financeiras rés
buscando informações a respeito do valor que estava sendo descontado na folha de
pagamento do seu benefício, visto que nunca contratou aquele empréstimo e os bancos
jogavam a responsabilidade de um para o outro.

Excelência, verificamos que os bancos se mantiveram paralizados e silentes


frente a essa situação absurda que a requerente está atravessando, por um erro completo das
instituições financeiras requeridas, que nada fizeram para solucionar um problema que elas
mesmas causaram. Motivo pelo qual não restou alternativa à autora que não recorrer ao
Poder Judiciário para dirimir essa questão.

Analisando, percebe-se, portanto, que os bancos demandados, ao descumprirem


sua missão e cometerem atos ilícitos, independentemente de culpa, impuseram à
consumidora um relevante ônus produtivo, malquisto pelo último.

Está-se, pois, diante de fatos da vida inegavelmente lesivos ao consumidor,


situações de desvio dos recursos produtivos do consumidor, ou, simplesmente, desvio
produtivo do consumidor.

Assim, verifica-se que o evidente tempo livre desperdiçado pelo autor, na


tentativa de solucionar o seu problema, diante do defeito na prestação do serviço das
instituições financeiras requeridas, veio a ensejar inegáveis danos morais.

Dessa maneira, verifica-se que no caso em tela deve ser aplicada a teoria do
desvio produtivo do consumidor já que a autora buscou de todas as maneiras administrativas

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a solução do conflito e retirou tempo da sua vida que poderia estar aplicando em outras
atividades para buscar a solução do conflito em questão.

Caracterizada a falha na prestação do serviço oferecido pelas rés, resta o


arbitramento da indenização pelos danos morais.

É sabido que não deve constituir a indenização meio de locupletamento indevido


do lesado e, assim, deve ser arbitrada com moderação e prudência pelo julgador.

Por outro lado, não deve ser insignificante, considerando-se a situação


econômica do ofensor, eis que não pode constituir estímulo à manutenção de práticas que
agridam e violem direitos do consumidor.

Em um primeiro momento, o julgador deverá comparar a situação de lesão a


interesse jurídico extrapatrimonial a outros equivalentes e chegar num valor que tenha sido
adotado em situações análogas. Após esse primeiro momento que pressupõe o estudo dos
precedentes judiciais, devem ser analisadas as questões específicas do caso concreto como a
reprovabilidade da conduta do ofensor, assim como a sua capacidade econômica e a
intensidade do sofrimento do ofendido ou, em outras palavras, a extensão do dano (art. 944,
caput, do Código Civil). É a segunda fase em que, fundamentadamente, será arbitrado o
dano.

No mesmo sentido:

DIREITO DO CONSUMIDOR E RESPONSABILIDADE CIVIL.


FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA. LIGHT. TOI. AÇÃO DE

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OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM INDENIZATÓRIA.
SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA PARCIAL DOS PEDIDOS. APELAÇÃO
CÍVEL INTERPOSTA PELA PARTE AUTORA, PUGNANDO PELA
PROCEDÊNCIA TOTAL DOS PEDIDOS. 1) A matéria devolvida a este e.
Tribunal de Justiça, limita-se ao pedido de indenização por danos material e moral.
2) Hipótese subsumida ao campo de incidência principiológico-normativo do
Código de Proteçâo e Defesa do Consumidor, vez que presentes os elementos da
relação jurídica de consumo. 3) A presente demanda é exemplo clássico de abuso,
em que a concessionária ré, em um ato unilateral e arbitrário, estabelece valores
elevados a título de recuperação de consumo, imputando ao consumidor a prática
de crime de furto de energia elétrica. 4) Narra o autor, em apertada síntese, ter
sido surpreendido com o termo de ocorrência e inspeção -TOI nº
100041898303/20170729, no valor de R$ 5.048,18, em razão de suposto desvio
de energia. 5) A r. sentença declarou a ilegalidade do TOI, bem como determinou
o cancelamento da dívida lançada a esse título e, julgou improcedentes os pedidos
indenizatórios. 6) No tocante ao dano material, sustenta o autor que, em razão da
conduta da ré, necessitou constituir advogado para contestar administrativamente
o referido TOI, pagando ao casuístico o valor de R$ 1.000,00 em duas parcelas.
7) Ocorre que, da análise dos autos, com efeito, como bem pontuou a Magistrada
a quo inexistem quaisquer comprovações/recibos neste sentido. Daí que
escorreita a r. sentença nesta parte. 8) Quanto ao dano moral, penso que, no caso
concreto, se encontra perfeitamente delineado, diante da acusação infundada de
adulteração de medidor de energia elétrica e da cobrança indevida, ainda que o
autor não resida no imóvel e, confessadamente, este esteja fechado há anos. É
que a conduta da ré traz à parte Autora aborrecimentos que ultrapassam,
em muito, os do cotidiano. É nítido o constrangimento ilegal. 9) Trata-se
de hipótese de desvio dos recursos produtivos do consumidor, diante das
tentativas frustradas de solução do impasse gerado exclusivamente pela
Ré, sendo compelido a se socorrer ao Poder Judiciário. 10) Em relação ao
quantum indenizatório, é sabido que não deve constituir a indenização

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meio de locupletamento indevido do lesado e, assim, deve ser arbitrada
com moderação e prudência pelo julgador. 11) Por outro lado, não deve ser
insignificante, considerando-se a situação econômica do ofensor, eis que
não pode constituir estímulo à manutenção de práticas que agridam e
violem direitos do consumidor. 12) No caso concreto, pelas características
da conduta da parte Ré, por sua capacidade econômica, penso que a
quantia de R$ 5.000.00 (cinco mil reais), se revela adequada, justa e de
acordo com os parâmetros adotados por esta e. Câmara Cível. 13)
RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.

0003897-71.2018.8.19.0205 - APELAÇÃO - 1ª Ementa - Des (a). PATRÍCIA


RIBEIRO SERRA VIEIRA - Julgamento: 15/07/2019 -DÉCIMA CÂMARA
CÍVEL

APELAÇÃO CÍVEL. Ação pelo procedimento comum, com pedidos de


obrigação de fazer e indenização por dano moral. Serviço de fornecimento de
água. Cobrança realizada de forma incorreta, devendo ser calculada pelo consumo
real apontado no hidrômetro, respeitada cobrança de tarifa mínima. Sentença de
parcial procedência, determinando o refaturamento da conta do mês de janeiro
de 2018. Relação de consumo. Falha na prestação de serviço configurada.
Ocorrência de dano moral na espécie. Inúmeras tentativas de solucionar a questão
administrativamente sem sucesso. Teoria do desvio produtivo do consumidor.
Verba indenizatória ora fixada em R$ 5.000,00 (cinco mil reais) que se
mostra em consonância com os critérios da proporcionalidade-
razoabilidade, e conforme parâmetros usualmente adotados por este
Tribunal de Justiça em casos análogos. Precedentes. Honorários
advocatícios de sucumbência corretamente arbitrados, em consonância com o
disposto no artigo 85, § 2º, do Código de Processo Civil. RECURSO A QUE SE
DÁ PARCIAL PROVIMENTO.

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Conclui-se, portanto, que em face da prestação do serviço inadequado, seja
imputado a responsabilização na esfera moral, sendo notório que a consumidora obteve o
abalo psicológico por tentar resolver o problema de todas as formas possíveis e, mesmo
assim, corre o risco de ter seu nome negativado a qualquer momento, restando cristalino a
aplicação e o cabimento da teoria do desvio produtivo do consumidor. Assim, desde outubro
de 2020, a autora se vê com seu benefício prejudicado por esse desconto indevido, sem contar
os inúmeros problemas com seus compromissos financeiros que foram prejudicados.

No que tange o arbitramento do quantum indenizatório é indispensável a prévia


análise aos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, bem como, os precedentes
jurisprudenciais, face a ausência de parâmetros legais para fixar o valor da indenização por
danos morais.

Nesse sentido:

APELAÇÃO CÍVEL. INDENIZATÓRIA. OPERAÇÕES BANCÁRIAS.


EMPRÉSTIMOS. PAGAMENTOS. COMPRAS. DESCONTO EM CONTA
CORRENTE. AUSÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO. FRAUDE. FORTUITO
INTERNO. DANO MORAL CONFIGURADO. DANO MORAL
MANTIDO. 1. A hipótese submetida ao exame diz respeito a operações
bancárias efetivadas na conta corrente do autor (empréstimos, pagamentos e
compras), as quais afirma que não as contratou junto a ré. Sentença de
procedência parcial do pedido. Apelo da parte ré. 2. Inegável que se trata de
matéria atinente à responsabilidade civil objetiva decorrente de relação de
consumo, figurando o autor como consumidor por equiparação, por força do
disposto nos artigos 2º, parágrafo único e 17, ambos do Código de Defesa do
Consumidor, que o inclui sob o manto da proteção dos denominados interesses

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difusos, marcados pela comunhão de todos os possíveis interessados. 3. Restou
incontroverso o desconto dos valores referentes às operações bancárias
(empréstimos, pagamentos e compras) realizadas na conta corrente da parte
autora, conforme extratos bancários acostados aos autos. 4. Em que pese
sustentar a regularidade dos descontos efetuados na conta corrente da parte
autora, a parte ré deixou de comprovar tal alegação. A seu turno, a parte autora
acosta aos autos documento denominado Autorização para Contabilização em
Resultados ¿ ACR em que gerentes do réu identificam possível fraude na
utilização da conta e do cartão de crédito da parte autora. 5. Não há como
negar que a conduta de terceiro fraudador se relaciona com os riscos da
atividade desenvolvida, razão pela qual os danos dela decorrentes são
considerados fortuito interno, não havendo ruptura do nexo de
causalidade, ao que a responsabilização civil do fornecedor se mantém.
Aplicação das súmulas 479 do STJ e 94 deste Tribunal de Justiça. 6.
Diante da ocorrência de fraude, não há como prosperar a alegação de
culpa exclusiva da parte autora por ter repassado seus dados
confidenciais para terceiros, sobretudo por estar desacompanhada de
comprovação. 7. Não há dúvidas de que para a configuração da exclusão
de responsabilidade alegada pelo réu, deveria o mesmo comprovar as
alegações que poderiam desconstituir os fatos aduzidos na exordial, já
que lhe compete o ônus probatório dos fatos impeditivos, modificativos
ou extintivos do direito do autor, na forma do art. 373, II, da Lei de Ritos. 8.
Dano moral configurado. Precedentes. Verba indenizatória que merece ser
mantida, uma vez que se mostra proporcional às circunstâncias da demanda. 9.
Desprovimento do recurso.
(TJ-RJ - APL: 00272076420178190004, Relator: Des(a). MÔNICA MARIA
COSTA DI PIERO, Data de Julgamento: 13/08/2019, OITAVA CÂMARA
CÍVEL)

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Número do documento: 21062218404697600000000800158
Como se depreende, Vossa Excelência, a fixação do dano moral deve atender
aos requisitos da razoabilidade e proporcionalidade, bem como o caráter pedagógico da
indenização. Assim, verifica-se que no caso em tela, faz se adequado o quantum indenizatório
correspondente R$ 30.000,00 (vinte mil reais), sendo R$ 10.000,00 (dez mil reais) de
cada empresa, levando em consideração a gravidade do ato ilícito praticado contra a autora,
o potencial econômico dos réus, o caráter punitivo-compensatório da indenização, assim
como a jurisprudência aplicada a casos semelhantes.

V – DO PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA

Ínclito julgador, importante destacar que desde 2020 a autora está com seu
benefício sendo vilipendiado por uma fraude da instituição financeira requerida, sendo que
tal situação deveria ser resolvida pela parte demandada, posto que a autora tem todas as
provas que o seu direto é certo e que deveria ter sido reparado pela instituição financeira,
esta que é obrigada a proteger seus clientes contra fraudes.

Desse modo, fica claro que existe uma situação de urgência, haja vista que a
requerente está sendo lesada financeiramente, tendo seus rendimentos mensais totalmente
comprometidos, pois tanto o empréstimo como a prestação mensal correspondem a um
valor considerável.

O artigo 300 do Código de Processo Civil vigente estabelece requisitos para a


concessão da tutela de urgência, in verbis:

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Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado
útil do processo.

Assim sendo, segundo o mencionado dispositivo, deverão estar presentes no


caso concreto os requisitos do fumus boni iuris e do periculum in mora.

No que tange ao requisito do fumus boni iuris, este encontra-se devidamente


demostrado no caso em tela, haja vista a presença dos documentos acrescidos na presente
peça. Dessa forma, existe a prova cabal da verossimilhança das alegações, bem como, a
probabilidade do direito alegado, considerando que a parte autora tem urgência para o
ressarcimento do valor que não foi bloqueado pelo banco, tendo em vista que já se passaram
8 meses e até o presente momento a demandante não recebeu nenhuma ajuda do banco no
sentido de suspender o empréstimo não contratado.

No que diz respeito a exigência do requisito do periculum in mora, outrossim,


demostra-se comprovado no presente caso, levando em consideração que até o presente
momento, a autora já realizou todos os procedimentos possíveis, não tendo nenhum motivo
para o indeferimento da solicitação, posto que esta tem diversos documentos
comprobatórios que informam a fraude sofrida. Sendo assim, caso a autora não seja
ressarcida, além da profunda angústia e ansiedade vividas por não conseguir honrar seus
compromissos e nem mesmo prover seu próprio sustento, continuará com déficit na sua
conta de R$ 357,06 (trezentos e cinquenta e sete reais) todos os meses, o que já compromete
seu próprio sustento até o presente momento.

Nesse sentido, já existem entendimentos dos nossos Tribunais:

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AGRAVO INTERNO EM APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE
INDENIZAÇÃO. FRAUDE BANCÁRIA. RESPONSABILIDADE.
DANO MORAL E MATERIAL CONFIGURADO.
HIPOSSUFICIÊNCIA DO CONSUMIDOR. 1. Nos termos da súmula 479
do Superior Tribunal de Justiça, as instituições financeiras respondem
objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes
e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias. 2.
Ausentes argumentos relevantes que demonstrem o desacerto dos fundamentos
utilizados na decisão monocrática agravada, o desprovimento do recurso é
medida imperativa. Recurso de agravo interno conhecido e desprovido.
(TJ-GO - Apelação (CPC): 03231745820158090051, Relator:
Des(a). GILBERTO MARQUES FILHO, Data de Julgamento: 09/03/2020,
Assessoria para Assunto de Recursos Constitucionais, Data de Publicação: DJ
de 09/03/2020)

FRAUDE BANCÁRIA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO


BANCO. DANO MORAL. INEXISTÊNCIA. 1. As instituições bancárias
respondem objetivamente pelos danos causados por fortuito interno
relativo a fraudes ou delitos praticados por terceiros (STJ, Súm. 479). 2.
A simples realização de cobranças indevidas não gera dano moral in re ipsa. 3.
Apelo conhecido e parcialmente provido. Unanimidade.
(TJ-MA - AC: 00001553020168100085 MA 0319082019, Relator: PAULO
SÉRGIO VELTEN PEREIRA, Data de Julgamento: 03/03/2020, QUARTA
CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 23/03/2020 00:00:00)

Assim, fica claro que a demandada necessita de forma urgente resolver,


ressarcindo o valor despendido pela requerente em dobro, posto que a autora está
fazendo demasiado esforço para conseguir adimplir seus compromissos financeiros mensais

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desde então.

Diante de todo exposto, requer que Vossa Excelência, em cognição sumária e


inaudita altera pars, defira a liminar, determinando a cessação da cobrança mensal do
empréstimo fraudulento, bem como o ressarcimento do valor de R$ 5.712,96 (cinco
mil setecentos e doze reais e noventa e seis centavos) que é o valor em dobro do que
foi vilipendiado do benefício da autora pela instituição financeira, sob pena de multa
diária a ser fixada por esse Juízo.

VI – DA EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO PARA A CAIXA ECONÔMICA FEDERAL


SUSPENDER OS DESCONTOS NA FOLHA DE PAGAMENTO DO
BENEFÍCIO DA AUTORA

Por fim, cabe ressaltar que a Caixa Econômica Federal deve compor o polo
passivo da lide, haja vista que é a instituição financeira responsável pelo pagamento do
benefício da autora, bem como pelo desconto em sua folha de pagamento. Desta feita, requer
a expedição de ofício para a instituição financeira a fim de que suspenda os descontos na
folha de pagamento do benefício da autora.

V – DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer-se a Vossa Excelência o recebimento, processamento


da presente peça postulatória e, ainda:

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a) A citação dos réus no endereço preambular, na pessoa de seu
representante legal para comparecer em audiência de
conciliação a serem designadas por este juízo, e apresentar
contestação no momento devido, sob pena de revelia;

b) A condenação das partes rés ao pagamento de indenização a


título de danos morais suportados, correspondente a R$
30.000,00 (trinta mil reais), sendo R$ 10.000,00 (dez mil reais)
de cada empresa, levando em consideração o caráter
pedagógico e preventivo, bem como pela tese do desvio
produtivo do consumidor;

c) A condenação das partes rés ao pagamento dos danos materiais


sofridos pela autora, correspondente ao valor despendido em
dobro, o que totaliza R$ 5.712,96 (cinco mil setecentos e doze
reais e noventa e seis centavos);

d) A concessão da tutela de urgência, inaudita altera pars, no


sentido de determinar que a parte autora tenha a cobrança
mensal descontada em folha de pagamento do seu benefício
cessada, consoante os documentos apresentados;

e) A expedição de ofício para a Caixa Econômica Federal para


que sejam cessados os descontos do empréstimo fraudulento
na folha de pagamento do benefício da autora;

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f) Que ao final julgue procedente a presente ação, no sentido de
tornar a medida liminar definitiva.

Protesto provar por todos os meios de provas admitidas conforme o art. 319,
IV, do Código de Processo Civil.

Dá-se a causa o valor de R$ 35.712,96 (trinta e cinco mil setecentos e doze


reais e noventa e seis centavos).

Nesses termos,
Pede-se e aguarda deferimento.

Fortaleza/CE, 09 de junho de 2021.

ZACHARIAS VIEIRA
OAB/CE 40.855
VINÍCIUS SANTOS
OAB/CE 45.067

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