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AO JUÍZO DA ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE

FORTALEZA DO ESTADO DO CEARÁ

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

_____, brasileiro, solteiro, estudante, portador do Cadastro de Pessoa Física


de n.º _____ e do Registro Geral de n.º _____, residente e domiciliado na Rua _____
CEP: _____ vem, perante Vossa Excelência, com o máximo e devido respeito, devidamente
representado por ZACHARIAS AUGUSTO DO AMARAL VIEIRA, inscrito
regularmente na OAB/CE sob o n° 40.855 e CPF sob o n° 052.204.533.27, com
endereço para intimações na Rua Dr. Gilberto Studart, 55, na torre Duets Office Tower,
salas 06 e 07, Fortaleza/CE, Telefone: (85) 3121-0908, endereço eletrônico:
zacharias@zachariasvieira.com, apresentar/propor AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR
DANOS MORAIS em face do MUNICÍPIO DE FORTALEZA, pessoa jurídica de
direito público, com sede na Prefeitura Municipal de Fortaleza, situada na Rua São João,
01, Centro, Fortaleza – CE, CEP: 60.060-170, e de _____, brasileira, médica, portadora
do Cadastro de Pessoa Física de n.º _____, residente e domiciliada na rua _____, CEP:
_____, pelas razões de fato e de direito a seguir expostos.

I – DOS FATOS

Na noite de 07 de junho de 2021, o autor, ao não se sentir bem, com fortes


dores

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na garganta, resolveu procurar atendimento médico. Assim, o requerente seguiu para a
Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do José Walter, ocasião em que realizou a
triagem, conforme protocolos de atendimento, e recebeu a pulseira verde, indicando
que o seu caso não era considerando de urgência e não seria prioritário, podendo
aguardar atendimento. Com isso, o promovente deu entrada às 20:30, conforme se
depreende a seguir:

Pulseira entregue ao autor após a triagem na UPA José Walter

Ressalte que, a todo tempo o demandante estava conversando, via WhatsApp,

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com sua amiga, que estava bastante preocupada com seu estado de saúde, e o autor
estava passando as informações de seu atendimento para tranquilizá-la e mantê-la
informada. O requerente, então, enviou um áudio, ora anexado, explicando a situação,
frisando o descaso que havia sofrido, no qual, mesmo sentindo fortes dores, somente foi
atendido horas depois, saindo do hospital aproximadamente 23:00, veja-se:

Áudio enviado às 22:47, na saída da UPA José Walter

https://drive.google.com/file/d/1flAhYjRJ5_aBdz_fJE1SUoM7- sasOrAP/view?
usp=sharing

Urge salientar, assim, todo o percalço que o promovente passou com o


intuito de ter seu direito à saúde exercido e garantido. Desta maneira, de acordo com a
ordem de prioridade, o autor foi chamado para iniciar a sua consulta, de forma que a
médica (Dra. Ayane Layne de Sousa Oliveira – CRM 18445), começou o atendimento
realizando perguntas padrões, tais como nome, idade, profissão, até chegar no motivo que
lhe levara até o hospital.

O postulante então respondeu que estava sentindo uma dor absurda na


garganta que não passou com os remédios convencionais que tomava corriqueiramente,
visto que o mesmo possui crises crônicas na região inflamada, desde sua infância, de
modo que não raras vezes o mesmo toma antibióticos para passar os danos da reação

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inflamatória.

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Ocorre Excelência, que mesmo diante das queixas do requerente, a médica
somente se prestou a examinar a sua respiração, de modo que, sem entender o
comportamento limitado da profissional, questionou se a mesma não iria lhe examinar
com mais precisão, tendo em vista o relatado.

Nesse sentido, para o espanto e total surpresa do requerente, a


profissional da saúde se mostrou extremamente exaltada após a sua indagação,
perguntando-o se a sua intenção era contaminá-la, em virtude da propagação
decorrente do coronavírus, tendo o autor informado que apenas queria saber se
seria necessário o uso de antibióticos.

Ademais, cumpre destacar que, mesmo diante do justo receio da


profissional de medicina em ser contaminada pelo coronavírus, hodiernamente, em
virtude da Covid-19, há diversos meios profiláticos adequados e eficazes no
combate à contaminação, razão esta que a médica não poderia ter se negado a
prestar o atendimento completo, tendo em vista o seu dever de buscar a adequada
medida para recuperação do paciente.

Com isso, a médica atendente alegou, de modo absolutamente grosseiro,


sem demonstrar empatia nenhuma para com o paciente ali à sua frente que, em
decorrência da Covid-19, não iria de forma alguma se arriscar para averiguar com mais
profundidade o quadro clínico do demandante, tampouco iria receitar antibióticos, pois
o que o promovente estava sentindo era ocasionado tão somente por um vírus,
orientando-o a fazer um teste de COVID, além de beber água e, se viesse a sentir dor,
retornasse ao pronto atendimento para

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nova consulta.

Saliente-se, novamente, que tudo informado pela médica fora sem a


realização de um exame mais preciso que pudesse embasar suas alegações, o que
demonstra a total falta de profissionalismo e de ética por parte da profissional da
saúde.

Cabe destacar, Excelência, que, desde criança, o requerente sofre com


crises na garganta, o que torna frequente as suas idas ao médico para avaliação de
sua situação, bem como para averiguar a necessidade da utilização de remédios
antibióticos para tratamento.

O requerente, inclusive, tentou por diversas vezes falar sobre esta


informação à médica que lhe atendeu, mas nem esta oportunidade a profissional de
saúde lhe concedeu, o que configura ainda mais o total descaso com o paciente.
Além disso, importante destacar que o postulante chegou até a passar por um
procedimento cirúrgico na busca de resolver o problema, mas que, vez ou outra,
ainda tem severas crises de garganta.

Insta ressaltar que, mesmo não tendo averiguado adequadamente o paciente,


ora promovente, e sem ao menos questionar se possuía possíveis alergias ou restrições
em relação a algum medicamento, a médica receitou diversos remédios, quais sejam:

 Uso oral:
 Dipirona 500 MG;
 Arflex 200 MG;

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 Sais de Hidratação Oral;

 Uso inalatório:
 Cloreto de Sódio.
Ademais, foi receitada a ingestão de líquidos claros, como água, chá, suco e
água de coco. E que, caso o demandante viesse a sentir falta de ar, febre persistente por
mais de 5 (cinco) dias ou tosse seca irritativa, que retornasse à emergência.

Veja-se o receituário médico, prescrito pela Dra. Ayane:

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Receita prescrita pela médica atendente da UPA José Walter.

Diante disso, o autor retornou para casa ainda sofrendo com as mesmas
dores que o levaram à UPA José Walter. No dia seguinte, com sintomas ainda mais
fortes do que na data anterior, o requerente decidiu ir novamente ao hospital, tendo em
vista a piora, sendo assim, diante ao total descaso da médica que o atendeu na UPA José
Walter, o autor dirigiu- se à UPA de Pajuçara, localizada no município de
Maracanaú.

Ao chegar, o demandante passou pelo mesmo processo requerido nos


protocolos de atendimento, ou seja, teve de passar pela triagem, ocorre que desta vez
recebeu a pulseira amarela, significando que o caso do requerente era de urgência
maior que a do dia anterior, comprovando que os seus sintomas tinham se agravado,
para posteriormente poder se consultar. É o que se depreende da imagem a seguir:

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Pulseira amarela que foi dada ao autor após a triagem na UPA de Pajuçara, em Maracanaú.

Durante a consulta, o autor foi recebido por uma médica que examinou a sua
garganta, a qual constatou, de fato, que estava extremamente inflamada, além do
quadro febril, tornando ainda mais sensível a situação do requerente.

Ao fim do atendimento, a profissional formada em medicina, Dra. Lara


Macedo, prescreveu um medicamento para que o promovente pudesse tomar na veia,
uma vez que a garganta estava excessivamente infeccionada, em que até beber água ou
ingerir algum alimento era bastante doloroso, bem como receitou duas injeções para
tomar in loco e o medicamento ibuprofeno, para utilização em casa, com a finalidade de
controlar a situação de saúde do postulante. Insta ressaltar que, por regra da Unidade de
Pronto Atendimento, a receita da medicação tomada no local fica retida, para fins de
controle, sendo anexado, então, o receituário médico prescrito médica acima
mencionada, a seguir:

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Receita médica prescrita pela Dra. Lara Macedo, UPA de Maracanaú-CE.

Importante destacar que os remédios prescritos no primeiro atendimento, na


UPA José Walter, requerida em questão, resultaram em uma receita totalmente sem
eficácia e segurança para o demandante, tendo em vista que, diante o relatado pelo
promovente, não houve o adequado exame do mesmo para saber a necessidade de
medicamentos apropriados

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para o seu caso, pois, conforme evidenciado anteriormente, não era o caso de apenas uma
gripe, mas de um problema que merece a devida atenção.

Portanto, Excelência, restou constatado o extremo descaso da Dra. Ayane


Layne de Sousa Oliveira – CRM 18445, médica atendente da UPA José Walter, que
sequer se prestou a atender de forma conveniente e empática o requerente, ignorando até
a própria profissão, cujo escopo é zelar pela saúde das pessoas.

Assim, exibida a total inconveniência, negligência e falta de respeito da


médica em função de representar a UPA José Walter, ora demandada, não restou outra
alternativa ao demandante senão se socorrer do Poder Judiciário.

II – DO DIREITO
II.1 – DA NEGLIGÊNCIA NO ATENDIMENTO MÉDICO

A negligência, ao contrário da imprudência, é a forma omissiva da culpa e a


mais fácil de se notar no dia a dia, pois é a omissão no dever de cuidado. Na medicina, a
negligência pode ser observada pelo simples ato de não fazer o que deveria ter sido
feito, agindo com descaso e falta de atenção ao paciente, evidenciada, também, pela
ausência de cuidado ou de precaução para com quem se executam certos atos.

Nesse sentido, colhe-se do presente caso, o fato de que a médica


disponibilizada pela UPA José Walter, Dra. Ayane Layne de Sousa Oliveira – CRM
18445, não observou o seu dever de cuidado, aqui evidenciada na não realização do
procedimento adequado para

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tratar o autor, em que a profissional de medicina esquivava-se, a todo custo, de
prosseguir com uma simples e rápida checagem na garganta do requerente, haja vista ser
atitude padrão em qualquer consulta médica que trate da queixa exposta pelo
demandante, qual seja, fortes dores e incômodos na garganta, que poderiam ter sido
solucionadas desde que houvesse a correta consulta e prescrição de medicação
adequada, o que solucionaria a situação dolorosa pela qual passava o autor.

Além disso, a médica da UPA José Walter ainda agiu com absoluto desdém
perante a forte dor que o requerente apresentava, tendo em vista que se tratava de um
problema que o acompanhava desde criança. A profissional de medicina, então,
prontamente se recusou a prosseguir com qualquer tipo de intervenção que pudesse
ajudar o autor a melhorar seu estado, ficando extremamente revoltada com o pedido do
seu paciente de ser examinado de maneira mais aprofundada, insinuando, de forma
totalmente desrespeitosa, que a vontade do promovente seria a de transmiti-la
coronavírus, tratando, portanto, o acometido pelo demandante como uma simples gripe
e prescrevendo remédios que de nada adiantariam em seu tratamento.

Nesse diapasão, importa fazer destaque ao entendimento jurisprudencial de


regência sobre o tema aventado, veja-se:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS


MATERIAIS E MORAIS. TRATAMENTO EM HOSPITAL PÚBLICO.
NEGLIGÊNCIA NO ATENDIMENTO. RESPONSABILIDADE
CIVIL DO ESTADO. DEVER DE INDENIZAR CONFIGURADO.
RECURSO CONHECIDO E NO MÉRITO PROVIDO. I – É transparente o

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descaso e a negligência no atendimento público de saúde prestado ao
apelante pelo hospital apelado, sendo inquestionável a violação à sua
dignidade ao ser atendido em leito improvisado e sem ter a prestação
completa dos serviços necessários ao restabelecimento de sua saúde,
restando configurado o abalo moral sofrido. II - Considerando as
peculiaridades do caso, é razoável a fixação da condenação a título de
danos morais no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais). III – Não são
devidos honorários sucumbenciais à Defensoria Pública do Estado do
Amazonas, eis que atuou em face da Fazenda Pública Estadual a que
pertence, Inteligência da Súmula n.º 421 do STJ. RECURSO CONHECIDO
E PARCIALMENTE PROVIDO.
(TJ-AM - APL: 07116465820128040001 AM 0711646-58.2012.8.04.0001,
Relator: Ari Jorge Moutinho da Costa, Data de Julgamento: 06/05/2019,
Segunda Câmara Cível, Data de Publicação: 06/05/2019).

É válido ressaltar, ainda, Meritíssimo, que estamos há mais de 1 (um) ano


enfrentando a árdua pandemia da Covid-19, e que, diante disso, várias formas de
proteção já foram desenvolvidas para garantir a máxima segurança de profissionais da
saúde, que atuam tanto na linha de frente dos hospitais, bem como nas Unidades de
Pronto Atendimento – UPAs dos estados, pois, de igual modo, são estabelecimentos de
extrema importância e valor para a população, representando a tutela do direito à saúde,
previsto constitucionalmente.

Saliente-se, Excelentíssimo, que a situação do autor não estava enquadrada


nas hipóteses de direito dos médicos à recusa ao exercício da profissão, muito menos no
que tange à suspensão da atividade médica, previstas no Capítulo II, incisos IV e V, do
Código de Ética Médica, senão vejamos:

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Nessa sequência, uma vez em posse dos equipamentos corretos de proteção,
comprova-se que a médica tinha total condições de atender o autor da forma mais
fidedigna e segura possível, sem pôr a própria saúde em risco, como fora alegado. Este é
o entendimento firmado no Código de Ética Médica, em seus Capítulo I, incisos I e II; e
Capítulo III, art. 1º, que tratam dos princípios fundamentais e da responsabilidade
profissional, respectivamente, e dispõem, de forma cristalina, as situações nas quais o
médico não pode se esquivar de promover os atos adequados e suficientes ao
atendimento necessário ao paciente, veja-se:

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Destaca-se, Excelência, que a falta de assistência na UPA José Walter
resultou no agravo da situação do requerente de forma considerável, o qual teve que
procurar ajuda em outra Unidade de Pronto Atendimento, com o fito de pôr fim ao seu
sofrimento.

Portanto, restou constatado que toda a consulta médica do autor,


disponibilizada pela UPA José Walter e realizada pela médica (Dra. Ayane Layne de
Sousa Oliveira), não está dentro dos padrões requisitados pelo próprio Código de Ética
Médica, de forma que a negligência da profissional de medicina causou danos à saúde
do autor, agravando o seu estado inicial e levando o requerente a tomar remédios ainda
mais fortes do que seria preciso por conta da consulta descuidada e superficial realizada

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na UPA José Walter, ora requerida.

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II.2 – DO DANO MORAL

O dano moral deve ser visualizado como uma situação que gera um
resultado, no campo da ilicitude, sendo o ato e o fato ligados por um nexo causal, a
partir da culpa do ofensor, estando previsto tanto na Carta Magna como em normas
infraconstitucionais.

Nesse sentido, a Constituição Federal, em seu art. 5°, X, prevê que


intimidade, a vida privada, a honra e a imagem dos indivíduos são invioláveis, sendo
assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral caso haja sua violação.

Ainda nesse sentido a legislação vigente no nosso País, garante a


indenização quando a intimidade e a vida privada da pessoa forem violadas, senão
vejamos o Código Civil Brasileiro nos seus artigos 186 e 927:

Art. 186, CC - “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência


ou imprudência, violar direito a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito.”

Art. 927, CC - “Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.”

Cumpre salientar, além disso, que a doutrina civilista avançou de modo a


entender que o dano moral atualmente é entendido como sendo uma violação a um dos
direitos da personalidade. Assim sendo, violando-se um dos direitos da personalidade de
um indivíduo, nasce para a vítima o direito subjetivo de requerer em juízo a reparação
por dano moral em virtude do ato ilícito.

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Nesse sentindo, saliente-se as sábias palavras de Cristiano Chaves de
Farias e Nelson Rosenvald, que refletem a moderna doutrina civilista, vejamos:

Já a extrapatrimonialidade consiste na insuscetibilidade de apreciação econômica


dos direitos da personalidade, ainda que a eventual lesão possa produzir
consequências monetárias (na hipótese, a indenização por dano
extrapatrimonial, comumente chamado de dano moral). O tema exige
esclarecimentos. É certo e incontroverso que a honra, a privacidade e
demais bens jurídicos personalíssimos de uma pessoa não comportam
avaliação pecuniária. São valores existenciais e, por conseguinte, não são
susceptíveis de aferição monetária, de um valor patrimonial. Entretanto,
uma vez ocorrendo uma violação a esses valores da personalidade,
independentemente de causar prejuízo material, surge a possibilidade de
reparação do dano moral caracterizado, como forma de compensar o
prejuízo imposto à vítima e sancionar o lesante, inclusive com o caráter
educativo (preventivo) de impedir novos atentados. (CHAVES &
ROSENVALD. Cristiano e Nelson. Curso de direito Civil. Volume 1. 2015.
Editora ATLAS. 13ª Edição. Pág.145)

Este também é o entendimento dos nossos egrégios tribunais de justiça,


dissertando ser a situação de negligência, em consultas médicas, hipótese de violação a
Direito de personalidade e, não somente, geradora de dano moral presumido. Senão
vejamos:

RECURSO INOMINADO. AÇÃO INDENIZATÓRIA.


ATENDIMENTO MÉDICO DE EMERGÊNCIA PRESTADO COM
NEGLIGÊNCIA. ECCO-SALVA. DANO MORAL CONFIGURADO.
SENTENÇA REFORMADA. Aplica-se ao caso a teoria da responsabilidade
objetiva, uma vez que a ré, na condição de fornecedora de serviços, responde
objetivamente pelos danos causados aos seus pacientes. Inteligência do art.
14 do CDC. Restou evidenciada a falha na prestação do serviço, uma vez
que a ré agiu de forma negligente e desidiosa ao prestar atendimento à
paciente, conduta esta que resultou em angústia e dor a paciente e seus
familiares. Dano moral configurado. Conduta abusiva e falha na prestação
do serviço que causou lesão, angústia, dor e sofrimento. Quantum
indenizatório arbitrado em R$ 7.000,00, valor este que atende com
adequação a situação vivenciada. RECURSO PARCIALMENTE
PROVIDO. (Recurso Cível Nº 71007303167, Primeira Turma Recursal
Cível, Turmas Recursais, Relator: Roberto Carvalho Fraga, Julgado em

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28/11/2017).

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(TJ-RS - Recurso Cível: 71007303167 RS, Relator: Roberto Carvalho Fraga,
Data de Julgamento: 28/11/2017, Primeira Turma Recursal Cível, Data de
Publicação: Diário da Justiça do dia 30/11/2017).

RECURSO INOMINADO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO.


INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS
REFERENTE À ATENDIMENTO MÉDICO INADEQUADO.
OCORRÊNCIA. FRATURA NO PUNHO NÃO LOCALIZADA APÓS
DUAS CONSULTAS NA UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO.
OMISSÃO E NEGLIGÊNCIA CONSTATADAS. BUSCA POR
ATENDIMENTO PARTICULAR NÃO ELIDE RESPONSABILIDADE
ESTATAL. DANOS MATERIAIS REFERENTES ÀS CONSULTAS,
EXAMES E ATENDIMENTOS DE FISIOTERAPIA DEVIDOS.
AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE INCAPACIDADE LABORATIVA
ADVINDA DA DEMORA NO TRATAMENTO. DOR INTENSA
SUPORTADA PELA AUTORA. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA DO
ESTADO. DANOS MORAIS CONFIGURADOS. VALOR DE SEIS MIL
REAIS. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.
(TJ-PR - RI: 00124887320188160021 PR 0012488-73.2018.8.16.0021
(Acórdão), Relator: Juíza Manuela Tallão Benke, Data de Julgamento:
16/09/2019, 4ª Turma Recursal, Data de Publicação: 17/09/2019).

Ademais, o dano moral, no caso em tela, deve ser visualizado e configurado


pelo descaso da médica atendente na UPA José Walter, uma vez que se recusou a
prestar serviços básicos na consulta do autor e que a falta desses cuidados ocasionara a
piora de saúde do autor, que necessitou buscar suporte médico em outra unidade de
pronto atendimento. Além do mais, a profissional de medicina descredibilizou a forte
dor que o seu paciente estava sentindo, afirmando ser simplesmente uma gripe, causada
por vírus, fazendo desdém do problema que acomete o demandante desde a sua infância,
receitando medicamentos que sequer teriam um efeito eficaz, pois uma crise de garganta
como a do postulante não poderia ser tratada com remédios que não houvessem a
mesma efetividade de um antibiótico – que, por sinal, foi exatamente a forma de
tratamento prescrita no atendimento realizado na UPA de Maracanaú, no dia seguinte.

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Urge ressaltar, mais uma vez, a humilhação sofrida pelo demandante em
ainda ser acusado de querer transmitir um vírus tão grave como o do causador da Covid-
19, simplesmente por desejar um exame médico mais adequado ao seu estado de saúde
– levando em consideração todo o aparato máximo de segurança desenvolvido até o
momento para a prevenção e para evitar a propagação do coronavírus – para que fosse
possível, então, a prescrição de um tratamento de eficiência.

Diante disso, o dano moral, em face do caso concreto, deve ser analisado a
partir do viés pedagógico, a fim de sancionar a atitude do ofensor, evitando, por
conseguinte, que este cometa o ilícito reiteradamente, vez que, além do teor
compensatório, cristalino é que a parte ré não pode atuar da mesma forma com as
demais pessoas que perpassarem pela mesma situação.

II.3 – DO QUANTUM INDENIZATÓRIO

No que concerne ao quantum, deve ser levado em conta os seguintes


parâmetros, aceitos tanto pela doutrina quanto pela jurisprudência:

a) a posição social e econômica das partes;


b) a intensidade do dolo ou o grau de culpa do agente;
c) a repercussão social da ofensa; e
d) o aspecto punitivo-retributivo da medida.

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Nesse sentido, é indispensável a prévia análise aos princípios da
proporcionalidade e da razoabilidade, bem como, os precedentes jurisprudenciais, face a
ausência de parâmetros legais para fixar o valor da indenização por danos morais.

Diante disso, o montante não pode ser irrisório, a ponto de menosprezar a


dor sofrida pelo requerente, que ao procurar atendimento médico, devido à necessidade
de seu estado de saúde, e acreditando que seria consultado de forma adequada à sua
precisão, ou seja, para amenizar sua agonia, foi totalmente desrespeitado por solicitar
uma verificação mais aprofundada no seu quadro clínico, já que sentia fortes dores na
garganta e por já saber que se tratava de um problema que o acompanha desde a infância
e levando em consideração todo o aparato de segurança já existente até o momento.
Bem como por ser acusado de tentar transmitir uma doença tão séria como a ocasionada
pelo coronavírus e pelo receituário médico de remédios que em nada adiantariam para
solucionar o seu caso.

Assim sendo, é sabido que na aplicação do quantum do dano moral, deve ser
analisado o caráter compensatório, pedagógico e punitivo da indenização.

Como se depreende do todo exposto, a fixação do dano moral deve atender


aos requisitos da razoabilidade e proporcionalidade, bem como o caráter pedagógico da
indenização. Assim, verifica-se que no caso em tela, faz-se adequado o quantum
indenizatório correspondente a R$ 10.000,00 (dez mil reais), levando em consideração
a gravidade do ato praticado contra o autor, o potencial econômico da ré, o caráter
punitivo- compensatório da indenização, assim como a jurisprudência aplicada a casos
semelhantes.

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III – DOS PEDIDOS

Ante ao todo exposto, requer-se de Vossa Excelência se digne a:

a) A citação das requeridas no endereço preambular, na pessoa de seu


represente legal para comparecer em audiência de conciliação a serem
designadas por este juízo, e apresentar contestação no momento devido, sob
pena de revelia;

b) A procedência da presente ação em todos os seus termos;

c) A CONDENAÇÃO dos Réus ao pagamento R$ 10.000,00 (dez mil


reais) a título de danos morais, em virtude da violação dos direitos da
personalidade no caso em comento;

d) A CONDENAÇÃO dos Réus nos ônus sucumbenciais.

Dá-se a causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos,


mormente a juntada posterior de documentos, depoimentos das partes, oitiva de
testemunhas, prova pericial e o que mais se fizer necessário para o completo deslinde do
presente feito, tudo desde já requerido.

Por oportuno, requer que todas as intimações sejam realizadas


exclusivamente em nome de ZACHARIAS AUGUSTO DO AMARAL VIEIRA,
inscrito regularmente na OAB/CE sob o n.°40.855 e CPF sob o n.º 052.204.533.27, com
endereço profissional na Rua Gilberto Studart, 55, sala 1616, 1617, 1618, Cocó,
Fortaleza - CE, telefone: (85)997166216 e endereço eletrônico:
zachariasvieiradoamaral@gmail.com.

Rua Gilberto Studart, Duets Office Tower, nº 55, sala 06 e 07,


Fortaleza
- CE | zachariasvieiradoamaral@gmail.com | (85) 3121-0908.
Termos em que,
Pede deferimento.
Fortaleza – CE, 04 de agosto de 2021.

ZACHARIAS AUGUSTO DO AMARAL


VIEIRA OAB/CE 40.855

VITÓRIA SOARES BRITO DA


SILVA ACADÊMICA DE DIREITO

Rua Gilberto Studart, Duets Office Tower, nº 55, sala 06 e 07,


Fortaleza
- CE | zachariasvieiradoamaral@gmail.com | (85) 3121-0908.

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