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Atividade 4: Interagir com a ministragao em classe sobre A Pastoral de Orlando E. Costas (1 pag. espago simples) — peso 2,0 Faga um resumo da aula e apresente as principais caracteristicas da vida e da pastoral de Orlando E. Costas. Aula ministrada pelo prof. Dr. Antonio Carlos Barro. Sobre o Dr. Antonio Carlos Barros e sua ministragao O interesse do Dr. Antonio Carlos Barro sobre a vida e obra de Orlando Costas se deu por ocasiéo de seu doutorado nos Estados Unidos nos anos 90, De inicio ele pensava em escrever sua dissertagdo fazendo uma comparagao entre a FTL — Fraternidade Latino Americana e a CONELA mas, diante da abrangéncia da tarefa, resolveu restringir sua pesquisa & FTL e seus principais tedlogos. Em conversa com um de seus professores foi aconselhado a falar especificamente sobre Orlando Costa, que havia recém falecido na ocasiao, pois “a sua missiologia era muito importante para ser esquecida"! Em sua dissertagao concluida em 1993 o Dr. Antonio Carlos Barro, estudou as cerca de 100 pegas escritas por Orlando Costas, entre artigos e livros, além de ter entrevistado amigos e familiares, incluindo sua esposa. Seu foco na dissertaco foi, principalmente, sobre os seguintes temas, que refletem a visao missiolégica de Orlando Costas: Formagao de igreja, perspectiva do Reino de Deus, Teologia da Libertagao e 0 relacionamento dela com 0 Concilio Mundial de Igrejas Sobre Orlando Costas Orlando Enrique Costas (1942-1987) nasceu em Porto Rico e faleceu nos Estados Unidos, vitimado por um cancer, aos 45 anos de idade, Era pastor e tedlogo batista. Graduou-se doutor em teologia e missiologia nos Estados Unidos. Foi reitor e professor do Seminario Biblico Latino-Americano de Costa Rica; fundou o Centro Evangélico Latino-Americano de Estudos Pastorais (CELEP), em 1973, em San José, Costa Rica. Atuou como administrador da faculdade do Eastern Baptist Theological Seminary, na Filadélfia, onde também foi professor de missiologia e diretor de estudos hispanicos. Costas iniciou seu trabalho nos Estados Unidos com uma convicgao muito clara que nao seria um tedlogo ou missidlogo como os outros, mas teria uma missdo especifica de interpretar a fé e missdo cristé para os estudantes e oferecer uma visdo diferenciada para as igrejas norte americanas sob a perspectiva do pobre, do desprovido de poder e dos oprimidos da terra, sendo esta interpretacao da fé crista vinda da periferia - América Latina, Africa e Asia, para o centro, para a metrépole, para a América do Norte. Ele nasceu em Porto Rico e, com cerca de dez anos seus pais se mudaram para os EUA, onde passou a sua adolescéncia e juventude. Devido a seu sotaque e nacionalidade, sofreu discriminagao e preconceitos, marcando negativamente a sua personalidade, chegando ao ponto de ter mudado o seu préprio nome para um nome mais “americanizado”, numa tentativa fracassada de mudar essa situagao. Cursou 0 Seminario Teolégico e ao concluir voltou para Porto Rico para o intuito de pastorear, De volta ao seu pais, com cerca de 21 anos, além do pastoreio, se envolveu com uma organizagao que pleiteava a libertagao de Porto Rico dos EUA. Posteriormente retornou aos EUA para dar continuidade aos seus estudos, concluindo o mestrado, e indo fazer o doutorado na Universidade Livre da Holanda. Ao término do doutorado foi trabalhar na Costa Rica, no Seminario SEBILA - Seminario Biblico Latino Americano, onde teve contato com a Missao Integral e fez amizade com os principais tedlogos da Missdo. Posteriormente recebeu o convite para ser Dedo do Seminario Batista da Pensilvania - EUA e aceitou o desafio com a intengdo de “ensinar aos americanos 0 que era ser crente’, desejando apresentar a eles uma teologia sob a perspectiva do pobre, com um olhar da periferia para o centro, uma visdo teolégica mas também sociolégica. Mais tarde, ao deixar essa fungdo de Dedo, indicou para seu lugar Samuel Escobar, com quem teve algumas rusgas, mas deixando que um Latino Americano continuasse ocupando a cadeira de Dedo. Ele era pastor, tedlogo, pianista, cantor, evangelista e leitor voraz, gostando de ler os reformadores. Ele amava 0 que fazia e fazia tudo que amava com muita intensidade. Segundo 0 Dr. Antonio Carlos, Costas era um “esquizofrénico”, dificil de se entender. Uma das caracteristicas de Orlando Costas era ser contraditério e por isso precisamos saber onde ele falou, anotou ou discursou para que possamos entender o que ele escreveu. Era capaz de, por exemplo, falar contra o crescimento da igreja para confrontar Peter Vagner mas, em outro momento defender o crescimento da igreja, contrariando os que pensavam ao contrario. Sobre esse tema até escreveu um livro defendendo esse crescimento da Igreja. Ele morre depois de um periodo de férias. Passou mal em uma viagem a Israel € ld recebe 0 diagnéstico que estava com cancer, morrendo cerca de oito meses depois nos Estados Unidos Sobre ele, Samuel Escobar disse: “sua vida foi em si mesma uma pagina da histéria de sonhos do nosso tempo escrita com paixdo e alegtia’. Pedro Savage, por ocasiao de sua morte, escreveu: “Orlando é agora um missionélogo nas esferas celestiais’. As uiltimas palavras registradas de Orlando Costas foram: “Estamos convencidos hoje, mais do que nunca, que Deus esta nos chamando como igrejas locais, associagées de igrejas e como denominagées a colocamos de lado nossas diferengas insignificantes e nos movermos adiante em parceria”. Sobre sua Pastoral Segundo o préprio Costas, sua grande tarefa seria de fazer entender que o evangelho ¢ acima de tudo uma mensagem de libertagdo e que nao nos chama para deixarmos 0 mundo, ao invés disso, nos chama para nos engajarmos na transformagao do mesmo. A despeito de sermos minoria na sociedade e na cultura, somos capacitados por Deus com dons que nos possibilita sermos pontes até as periferias do mundo. Alias, assim como ele mesmo fez, 0 movimento de sair da periferia para o centro é possivel e em certa medida desejavel. Historicamente todo movimento de renovagao, seja espiritual ou no, nao comega no centro e sim na periferia. Orlando Costas entendia que a periferia era mais que a localizagao geografica, deveria ser também entendida em termos sociolégicos como referéncia aos que ndo possuem voz e nem poder em relago & cultura dominante. Também enxergava a questo da periferia em relagao ao ministério de Cristo e consequentemente da misao da igreja, argumentando que a Galiléia era a periferia e o lugar dos marginalizados, conferindo a Jesus a forga indomavel e a voz profética com autoridade para desfiar a estrutura do centro, Jerusalém. Entendia que somente por ter se iniciado na periferia, trabalhando do fundo para a superficie, 6 que as boas novas do Reino de Deus podiam no tempo de Jesus, e podem hoje, ser vivamente demonstradas e a mensagem de libertago, justiga e paz ser anunciada com credibilidade. © Dr. Antonio Carlos afirma a igreja sé possui credibilidade com a sociedade ou com o centro quando ela demonstra solidariedade com as pessoas no contexto onde ela esté. A neutralidade e falta de voz da Igreja sobre os assuntos que afligem o povo a desacreditam perante a sociedade, desacreditando-a e tornando-a irrelevante. Orlando Costas vai usar muito essa historia da periferia e do centro. Ele enxerga Jesus como um Galileu que vem da periferia para o centro, que é Jerusalém e, em um dos seus livros, mostra que Cristo nunca pertenceu a esse “centro” e até mesmo a sua morte foi fora daquele “centro”, pois foi levado para a crucificagao fora da cidade. A metodologia de Orlando Costas era a “reflexdo e praxis’. Ele acreditava que © conhecimento de Deus deveria ser buscado pela teologia em oragao, de forma diligente e rigorosa, mas sempre questionando a fé em situagées concretas e as respostas que comumente so oferecidas pelos tedlogos De fato sua mente nunca descansava. A esposa de Costas, entrevistada pelo Dr. Antonio Carlos, dizia que “suas experiéncias didrias traziam desafios de leigos, pastores e companheiros tedlogos que suscitavam idéias para novos projetos. Velhas idéias tomavam novas formas e novas idéias eram revisadas’ Em todas as reunides que ele participava, fosse grande ou pequena, ele levava um gravador e, ao chegar em casa, sua esposa transcrevia a reuniao e ele escrevia uma reflexéo sobre aquilo. Ele ndo confiava na memoria. Era uma reflexo relacionada com a praxis, seja ela de uma pratica ou de uma nao pratica. As suas reflexdes eram a partir de problemas concretos e iam além das respostas rasas que eram oferecidas de forma simplista por uma lideranga denominacional que pensava dissociada da realidade pratica, Essas respostas oferecidas pelos lideres e denominagées, chamadas por ele de “respostas empobrecidas", se deviam ao desconhecimento de quem as formulava da realidade que acontecia nas ruas dos bairros, dos necessitados por comida, emprego e remédios, dos que ali moram Acreditava que a teologia e a praxis devem caminhar juntas. A teologia é¢ sempre uma resposta a praxis, ela ¢ sempre um ato segundo e nao um ato primeiro, Nosso papel é refletir sobre o que esta acontecendo na nossa comunidade e oferecer um sermao contextualizado com essa necessidade que 6 real, sob pena da igreja ser desacreditada na comunidade por estar dissociada e longe dela. Orlando Costas era sintético e conjuntivo. Nao acreditava que deveria escolher entre “este ou aquele” mas que poderia escolher “esse e aquele”, tudo dependeria do contexto. Na verdade 0 contexto, em sua opiniao, determina muito a nossa misao. Conclui o missidlogo que a missdo é uma resposta ao que esta acontecendo, ao contexto. Na visdo de Costas ele estava fortemente ligado a uma tradicéo evangélica radical, Esta tradigéo possui, primeiramente, uma paixdo ardente pela evangelizagéo mundial — a Teologia da Missdo Integral est4 ligada a evangelizagdo — circundada por quatro fortes principios teolégicos: 1. as Escrituras com regra de Fé e pratica; 2. a salvagao pela graca através da fé; 3. a converséo como uma experiéncia de fé distinta e como um marco de identidade crista e 4. a demonstragao de uma nova vida através da piedade e da disciplina moral. Uma das metodologias de Orlando Costas, que era também usada pela Teologia da Libertagao, pode ser assim resumida e explicada: VER - JULGAR- AGIR. Ver - Veja a realidade, leia essa realidade. Uma simples descrigao isenta de paixdes, do que esta vendo. Julgar - Julgue o que esta vendo. Esse julgar no 6 no sentido negativo, é uma avaliacdo. Essa avaliagao é feita a partir de uma perspectiva, de uma andlise a partir e com uma ética biblica, da propria Palavra de Deus, ¢ a teologia. AGIR — Comecando pelos sermées que fazem a ligagao da realidade vista e conjugada com a necessidade de acao. Interessante nesse método é a descoberta de locais e formas de atuagao nao percebidos antes. Também uma nova ética é percebida quando, bairros “ruins” passam a ser sao bairros “abencoados" pois se ndo houvesse a chance de atuagao positiva da igreja nesses bairros, no haveria a necessidade dela existir. E claro que, em geral, as necessidades de nossas comunidades sao muitas e seria invidvel para uma sé igreja suprir toda essa demanda social e espiritual Fica entao a necessidade de se refletir sobre a ultima frase dita e registrada por Orlando Costas em vida e se pensar na necessidade das igrejas se juntarem, numa espécie de consércio de igrejas e dividir as tarefas para que possam atingir a comunidade em todas as suas necessidades. O grande impedimento para isso so as bandeiras denominacionais que impedem essa unio e fazem as igrejas nao conversarem. Alias, Costas falava de quatro conversdes: a conversao a Cristo, ao seu povo, a sua cultura e ao Reino de Deus. Essa ultima é a mais dificil mas quando ocorre essa quarta “conversdo” as diferengas sao deixadas de lado, a unidade vigora e 0 AGIR é potencializado. Ainda sobre o AGIR, podemos destacar que a falta de recursos financeiros nao pode ser enfatizada e ser causa impeditiva, pois em nossas igrejas existem recursos subutilizados tais como os aposentados — recursos humanos com muita experiéncia, mas pouco utilizados e ainda as estruturas fisicas das igrejas, com salas e prédios inteiros que, em geral, sé funcionam aos domingos © em um ou dois dias da semana, geralmente a noite, Influéncias de Orlando Costas Bem abrangentes sdo as fontes que influenciaram Orlando Costas: evangélica, pentecostal, catélica e ecuménica Além da evangélica, por sua origem batista, vemos a importancia dada nos seus escritos ao Espirito Santo, demonstrando que ele valorizava o movimento pentecostal. A despeito disso criticou duramente a Igreja pentecostal do Chile, pela sua associacao e omissao no regime de Pinochet. Costas também foi influenciado pelo segmento da Igreja Catélica Romana na América Latina que fez nascer a Teologia da Libertagao, apesar de ndo ser um Tedlogo da Libertagdo. Quanto ao ecumenismo, devido aos seus muitos estudos e convivio com culturas e pontos de vistas diferentes, sofreu essas diversas influéncias, que muito o enriqueceram. Sua visdo sobre temas Teolégicos e Missiolégicos Para Orlando Costas 0 Espirito Santo era o grande executor-chefe da misso de Deus. Ele € 0 iniciador da nova comunidade, aquele que auxilia a igreja e 0 lider da misséo de Deus. Essa missiologia de Costas tem base na analise de Efésios 2, quando Cristo traz o evangelho da paz e une dois povos num sé, criando uma nova humanidade, que é a Igreja como imagem do préprio Cristo. Na sua teologia quem cria essa nova humanidade é 0 Espirito Santo. Outro ponto importante na teologia de Costas sao os “alvos ultimos e pentiltimos". Os alvos titimos sao os objetivos compreensiveis da misao de Deus nesse mundo: a criagdo de uma nova humanidade através da fé em Cristo Jesus, e pelo poder do seu Espirito; efetuando uma nova ordem de vida por meio da sua lideranga redentora e justa através do Espirito, transformando totalmente a histéria e 0 cosmos através da acdo escatolégica da segunda vinda de Cristo. Os alvos pentitimos tem um aspecto provisional pois sao 0 que a Igreja acredita ser necessdrio realizar para atingir os alvos uiltimos Para Costa 0 alvo ultimo da igreja ¢ a adoragao, pois somente ela entra na etemidade. Os alvos peniilfimos seriam 0 que vocé faz no ministério: evangelizagao, crescimento da igreja, discipulado, aconselhamento pastoral, visitagao, ou seja, todos esses ministérios sao pentiltimos porque na eternidade no teremos necessidade de nenhum deles. © problema levantado por Orlando Costas, e que enfrentamos ainda hoje, 6 que 0 foco, esforgo e investimento financeiro da Igreja sao nos alvos pentiltimos, encarados erroneamente como alvos tltimos. Quando vemos a Igreja e sua estrutura como sendo 0 alvo ultimo, deixamos de ver 0 mundo como a arena da missao de Deus. A conseqiiéncia pratica disso é que a Igreja passa a ser essa arena e precisa ter muitas programagées e reunides para manter 0 membro ativo pois, nessa visdo errénea, quanto mais esse membro se envolve ou preenche seu tempo na Igreja, mais “consagrado” 6. Isso é uma aberragao biblica e teolégica pois Jesus nos convida a sermos ativos no mundo, que é a verdadeira arena de Deus, e ndo em eventos dentro das Igrejas. © Dr. Antonio Carlos explica que os alvos pentitimos nao podem ser engessados e devem variar em fungao do contexto. Se nao ha necessidade, no precisam ser criados e se ja foram necessdrios mas no séo mais, podem acabar com trangiillidade. Ponto importante trabalhado por Orlando Costas em sua teologia foi o crescimento da Igreja, tendo chegado a escrever um livro sobre esse tema - O crescimento Integral da Igreja, Ele era favoravel ao crescimento numérico pois defendia o evangelismo mas pensava também que esse crescimento nao se restringia apenas ao numero de pessoas mas também em outros trés aspectos, tais como: 1- Crescimento organico - que diz respeito a forma de governo da Igreja, sua lideranga, finangas e treinamento de pessoal; 2- Crescimento conceitual — que é o preparo da Igreja para alcangar o mundo, o crescimento da Fé e do conhecimento das Escrituras e 0 3- Crescimento Diaconal — que é no servigo que a Igreja presta a comunidade e também ao mundo Dr. Antonio Carlos Barros possui graduagao em Teologia - Seminario Batista Regular de Sao Paulo (1980), mestrado em Teologia - Fuller Theological Seminary (1990), mestrado em Teologia - Reformed Theological Seminary (1983) e doutorado em Estudos Interculturais - Fuller Theological Seminary (1993). Atualmente é Diretor Geral e professor da Faculdade Teoldgica Sul Americana. Tem experiéncia na area de Teologia, com énfase em Missiologia, atuando principalmente nos seguintes temas: igreja, teologia, missiologia, sociedade e teologia pratica. Membro da Junta Diretiva do Programa Doutoral Latino Americano (PRODOLA). Atua também como Professor Colaborador do South African Theological Seminary, Africa do Sul. Seu curso de Doutorado realizado no exterior foi APOSTILADO pela: Pontificia Universidade Catélica do Rio de Janeiro. Gladyston Tavares Ladislau é formado em Teologia pela Faculdade Batista do Sul do Brasil e mestrando em Teologia pela FTSA.

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