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DICIONÁRIO MINERÊS

Cumé qui cê chama? — Como é seu nome?


Cê é fí di quem? — Você é filho de quem ou quem são seus pais? (principalmente no interior, é
muito comum identificar a pessoa pela família).
Doncêé? — De onde você é?
Oncêmora? — Onde você mora?
Que qui cê faiz? — O que você faz/com o que você trabalha?
Agora prestenção pra não respondê coisa que num tem nadavê quando um mineiro te
perguntá um “trem” (qualquer coisa):
Cê tá bão/boa? — Você está bem?
Cadiquê? — Por causa de que/por que motivo?
Oncêvai? — Para onde você vai?
Doncôvim? Oncotô? Oncovô? — De onde eu vim, onde estou, para onde vou?
Que cê tá arrumano? — O que você está fazendo?
Bora/vambora? — Vamos nessa/vamos embora?
E aí, vão? — Vamos?
Prônóstâm’íno? — Pra onde nós estamos indo?
É mêz? — Sério?
Némêz? — Concorda?
Cuma? — Como é que é? O que foi que você falou?
Cê fraga? — “Saca”/entende?
Cantázora? — Que horas são?
Contáujôgu? — Qual o placar do jogo?
Quanquié? — Quanto custa?
Cê sa se esse ôns pas na Savas? (essa é clássica e já virou uma espécie de “piada interna”) —
Você sabe se esse ônibus passa na Savassi (bairro de BH)?
Tem “tamém” aquelas perguntinhas retóricas (qui num pricisa di respondê):
Tá doido? — expressa surpresa/espanto
Tem base um trem desse? — Acredita nisso? (reação diante de algo absurdo ou sem nexo)
Tem cabimento? — o mesmo que “tem base?”
Procê aprendê a se localizá na casa (ou na cidade) de um mineirim:
Badapia — debaixo da pia
Tradaporta — atrás da porta
Denduforno — dentro do forno
Ladilá — do lado de lá
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Nêscantaqui — nesse canto aqui


Logali (ou pertim) — para o mineiro, essa distância que pode variar de 100 m a 100 km,
aproximadamente.
Segue reto toda vida — seguir na direção indicada em linha reta (prepare-se para andar um
cadim, viu?).
Procê num ficá pirdido nu tempo em Minas Gerais oh:
Ansdionte — antes de ontem
Dominquivem — domingo que vem
Isturdia — outro dia
Sápassado — sábado passado
Sés setem — sete de setembro

A
Acudir — socorrer
Aqui — serve para começar qualquer frase, sem tradução ou motivo específico
Ah neein! — interjeição que representa desânimo, desapontamento ou discordância
Apear — descer
Arreda — chega pra lá, se afaste! (A não ser que o mineiro deixe explícito: “arreda pra cá!” Aí
você deve se aproximar).
Ataiá — cortar caminho
Atazaná — encher o saco
Azideia — Olha as ideias! (geralmente, se trata de uma crítica)
Armaria — Ave Maria! (geralmente, indica espanto ou desaprovação)
Arroiado — cheio

B
Bagaça — coisa ruim
Biscoito — bolacha (essa é polêmica!)
Bitela — alguma coisa muito grande
Blusdifrí — blusa de frio

Bobajada — um amontoado ou sucessão de bobagens


Bololô — confusão, bagunça
Bubiça — bobagem, coisa à toa
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Bunidimais — bonito demais (Cê ficô bunidimais cum esse cabelo, sô! — cuidado, pode conter
ironia)
Burricido — chato, aborrecido (“Larga mão de cê burricido, ou!”)

C
Cabuloso — estranho ou complicado
Caçar encrenca — procurar confusão (“Pára de caçá increnca e vai trabaiá, sá!”)
Cacunda — costas
Cambada — grupo de pessoas (“Ô, cambada de gente à toa, na praça uma hora dessa!”)
Cadim, cadiquim ou tiquim — um pouquinho
Cadivó — essa é facil, vai: casa de vó
Caduzôto — casa dos outros (“Nessa pandemia nóis num tá podenu ir na caduzôto à toa…”)
Capazzz — de jeito nenhum, não tem nem perigo (de ir, falar, fazer ou acontecer tal coisa)
Cascá — descascar (uma fruta, por exemplo)
Cascar fora — ir embora, escapar
Catira — negociação que envolve troca de bens (um queijim da roça por um pacote de café
torrado e moído na hora, por exemplo)
Causo — história, relato
Cêbesta — deixa de ser besta (pode também indicar perplexidade diante de algum
fato/informação)
Cê dá trabai dimais! — Você dá muito trabalho (importuna, incomoda, gera preocupação)!
Cê já coisou o trem? — Você fez aquilo? Preparou? Está pronto?
Cêmêz — você mesmo
Cêquisabi — você é quem sabe
Cocê — com você (“Xôilácocê” — deixa eu ir lá com você)
Coitádocê — coitado de você (pode indicar pena ou desdém)
Constipá — constipar, resfriar, gripar (“Minino, sai dessa friági si não cê vai constipá!”).
Conversa fiada — conversa à toa, sem importância ou sem lógica
Copada — copo cheio de qualquer coisa (“Tomei uma copada de suco ansdionte!”).
Corbombero — Corpo de Bombeiros
Córgu — córrego
Crendeuspai — essa você pode clicar para conferir a explicação completa neste outro post aqui!
Cuais — quase
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Culiado — envolvido em uma conspiração


Cum força — usado para expressar intensidade (“Bão cum força!”)
Curuiz — variante de “cruz credo!”, expressa aversão ou espanto
Custoso — coisa difícil ou pessoa mal comportada (“Que trem custoso, cêbesta!”)
Bençôi — Deus te abençoe!

D
Deus ti pague — agradecimento
Di butuca — espiando, observando
Difis — difícil
Dimaidaconta — muito, exagerado (“Bão dimaidaconta!”)
Dintirim — o dia inteiro
Disfeita — ofensa, menosprezo, desaforo (“Vô cumê só um pedacim pra num fazê disfeita…”)
Disgrama — algo ruim, variação de “desgraça”
Di vera — é verdade
Doidimai — muito legal, irado!
Dôsdileite — essa você não só entende o que é, como sabe que o mineiro é o melhor disparado!

E
Ê, lasquera! — quando se tem uma surpresa boa ou ruim
Eita, ferro! — geralmente, significa que alguém está lascado/se meteu em uma encrenca
daquelas
Encasquetá — colocar uma coisa na cabeça e não mais tirar
Engastaiá — agarrar, emperrar, estragar
Enrabichado — enrolado/envolvido romanticamente com alguém
Espia — olha, observa
Esse trem tá coisado, não tá? — esse negócio tá estranho/enrolado/difícil/complicado/suspeito

F
Facidéia — faço ideia, entendo
Fí — filho, porém usado para chamar qualquer um que não necessariamente seja seu filho
Ficativo — fica esperto, não dá bobeira
Ficá veiáco — ficar esperto, precaver-se
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Fingir de égua — se fazer de bobo


Fédazunha — xingamento alternativo ao “filho da…”
Friági — frio intenso

G
Gastura — aflição, desconforto
Gradicido — agradecido
Graúdo — grande, volumoso
Górinhamêz — agora mesmo, nesse instante, acabou de acontecer
Guela — garganta
Guenta a mão — espera um pouco
Grazadeus — graças a Deus

I
Ino — indo
Inté — até mais
Intojado — chato, esnobe
Intorná — entornar/derramar
Invém — está vindo/chegando
Inventá moda — agir de maneira inusitada
Iscumungado — ordinário, sem vergonha
Isfriô — esfriou

J
Jacú — bobo, ignorante
Jiriza — ojeriza (nojo, aflição)

L
Laía — o contrário de “invinha” (“Onde cê laía hoje cedo, na hora que eu invinha da igreja?”)
Lavar vasilha — lavar louça
Levar tinta — se ferrar
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Lídileite — litro de leite


Lombêra — preguiça, corpo mole (geralmente depois de comer muito tropeiro, carne de porco,
dôsdileite…).

M
Manota — “mico”, vexame, ato falho ou inconveniente
Manoteiro — vacilão
Marmota — usado para se referir a algo feio ou estranho/esquisito
Mastumate — massa de tomate
Matula — marmita
Mí — milho
Mió qui tá tenu — o melhor que está tendo/é o que há no momento
Moda — música “raiz”/caipira
Muncado — um pouco
Mundaréu — um amontoado de coisas
Mundovéi — uma grande quantidade
Muntuêra — aglomeração
Murrinha — pode ser mau cheiro ou chatice/reclamação repetitiva/murmúrio insistente

N
Nhaca — mau cheiro impregnado ou má sorte/encosto/mau olhado
Néca de pitibiriba — jamais, em tempo algum
Népussivi — não é possível/não acredito nisso
Nigucim — qualquer coisa pequena
Nimim — em mim
Nirvusia — estado nervoso
Nu jeito — pronto para algo/situação oportuna
Nuh — “Nossa senhora” que virou “Nossinhora”, depois “noh” e, finalmente “nuh”: interjeição
usada para expressar espanto ou intensidade (“Nuh, que trem mai bão!”).
Num dô conta — não consigo ou não entendo/não engulo isso
Num é dival — não é válido
Num garra não — não tem problema
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Num guento — o mesmo que “num dô conta”


Num me amola não, sô! — não enche o saco

O
Ô, bobo — rejeição/desapontamento
Ô, bondade — Que coisa boa!
Ô, dó — pode indicar pena ou desconfiança (no mesmo sentido de “duvido!” ou “até parece…”)
Ô, íngua — Que chatice!
Óia, só — advertência para chamar atenção para algo ou alguém
Ôua — espanto/susto/desaprovação
Ópcêvê — Olha pra você ver
O trem tá feio — A situação tá complicada

P
Padaná — muito, bastante
Paia — sem graça, nada a ver, sem noção
Panhá — apanhar, pegar
Paradeza — falta de movimento
Passá manta — passar alguém para trás, dar um golpe, causar prejuízo
Pegano o boi — tendo mais que o merecido
Pelando — muito quente
Pelejânu — batalhando, lutando
Picá a mula — ir embora, dar o fora
Pingando de sono — com muito sono
Pititinho (a) — pequenininho (a)
Pocar — estourar
Pópôpó — pode pôr o pó (e passar um cafezim) <3
Pondiôns — ponto de ônibus
Pópegá — pode pegar
Pra dedéu — muito, pra caramba
Prosa ruim — conversa chata, desagradável
Prus côco — feito de qualquer maneira, sem cuidado ou sujeito despreocupado/desleixado
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Q
Quais — quase
Quidicarn — quilo de carne
Quitanda — termo usado para se referir a quitutes como roscas, bolos, biscoitos ou à loja que
vende essas quitandas (e também frutas, verduras e legumes).
Qui nem — igual (“Achou meu irmão parecido comigo? Nuh, igualim qui nem!”).

R
Rachá os bico — morrer de rir
Rapa do tacho — filho mais novo, caçula
Remedá — arremedar, imitar
Rilia — conflito, briga
Rôizdoce — arroz doce
Ruditrás — rua de trás

S
Sá — feminino de “sô”
Sartá de banda — ir embora, “dar no pé”
Saudadocê — saudade de você
Sácoméquié — sabe como é
Sem doce — sem açúcar (“Esse café tá muito forte e sem doce!”).
Sumiduai — “Você está sumido! Há quanto tempo não te vejo?”
Sungar — levantar, erguer

T
Taiá o sangue — irritar-se
Tem as manha — tem habilidade com algo
Ter um troço — ser surpreendido, ter um ataque de nervos
Tem gái não — sem problemas
Teve bão — foi ótimo, gostei
Tidiguerra — Tiro de Guerra
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Tô garrado(a) — pode ser tanto no sentido literal (“tô agarrado no trânsito”, que está
lento/parado; ou “tô agarrado no trabalho”, com muita coisa pra fazer) como no figurado (“tô
dentro/não perco por nada”).
Tô poco me lixano — não me importo nem um pouco/”tô nem aí”
Trapaiado — bagunçado, desorganizado
Trem — absolutamente qualquer coisa
Trenheira — um monte de “trem”/quaisquer objetos misturados
Trupicar — tropeçar
Turrão — rabugento, ranzinza

U
Uai — uai é uai, uai!
Uaifai — versão mineira da internet sem fio

V
Vacaiado — avacalhado, desleixado
Varado di fome — com muita fome
Vidiperfum — vidro de perfume

X
Xingo — ofensa
Xopô — deixa eu por
Xôvê — deixa eu ver
Xuxá — passar em/molhar/enfiar (“Xô xuxá o pão nesse resdimôi aqui…”).

Z
Zé Dendágua — mané
Zói da cara — muito caro
E aí, já tá speaking fluent mineirês?
Chegando em Beagá, é importante saber identificar o nome das principais avenidas e pontos
turísticos quando pedir informação pra um mineiro:

• Augusdilima (Avenida Augusto de Lima)


• Fônsupena (Avenida Afonso Pena)
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• Palásdazarti (Palácio das Artes)


• Pradaliberdade (Praça da Liberdade)
• Prástação (Praça da Estação)
• Rudomendoim (Rua do Amendoim)
• Rugoiais (Rua Goiás)
• Santê (Santa Tereza)
• Tôin Cars (Avenida Antônio Carlos)
• Amazôns (Avenida Amazonas)
• Veniducontornu (Avenida do Contorno)
• Viisprés (Via Expressa)

Vamu vê agora como os mineirim pronunciam o nome de algumas cidades mineiras:

• Baité (Abaeté)
• Berlândia (Uberlândia)
• Beraba (Uberaba)
• Birité (Ibirité)
• Carmóps (Carmópolis)
• Divinóps (Divinópolis)
• Bitiúr (Ibitiúra de Minas)
• Livêra (Oliveira)
• Mons Clas ou Mons Clars (Montes Claros)
• Oru Pretu (Ouro Preto)
• Patiminas ou Padiminas (Patos de Minas)
• Peleopoldo (Pedro Leopoldo)
• Tiófilotôni (Teófilo Otoni)
• Xizdifora (Juiz de Fora)

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