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Estudo da Durabilidade de Viadutos de Concreto Armado em Salvador:

Estudo de Caso
Study of the Durability of Armed Concrete Viaducts in Salvador: Case Study

CERQUEIRA, M. B. DOS S. (1); BARRETO, M. M. (2); GONÇALVES, J. P. (3); SILVA, F. G. S. (4)

(1) Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Universidade Federal da Bahia.


(2) Graduando em Engenharia Civil pela Universidade Federal da Bahia.
(3) Professor Doutor, Departamento de Construção e Estruturas, Universidade Federal da Bahia.
(4) Professor Doutor, Departamento de Construção e Estruturas, Universidade Federal da Bahia.
Rua Prof. Aristídes Novis, 2 – Federação, Salvador, BA, 40210-630
fgabriel.ufba@gmail.com

Resumo
Viadutos são estruturas de grande porte destinadas a vencer obstáculos impostos por vales, rodovias, etc.,
de maneira a dar continuidade ao leito da via. As estruturas de concreto, como qualquer outra, sofrem
degradação ao longo do tempo, o que resulta em alterações das suas propriedades e redução do seu
desempenho. A cidade de Salvador/BA, por pertencer à região litorânea e devido à grande emissão de
gases oriundos da queima de combustíveis fósseis, torna-se um ambiente altamente agressivo para as
estruturas de concreto. Juntamente com a escassa prática de manutenções preventivas nos viadutos locais,
têm-se muitas dessas estruturas em estados de degradação, apresentando manifestações patológicas
diversas, e trazendo insegurança e desconforto aos seus usuários. A intervenção total ou parcial de um
viaduto resulta não somente no custo direto requerido para a sua recuperação, ou substituição, mas
também em um enorme transtorno causado à sociedade em virtude das limitações da via. Para evitar esse
problema, é necessário que inspeções periódicas sejam realizadas, a fim de identificar e tratar as patologias
ainda em seu surgimento. Desta forma, este trabalho teve como objetivo inspecionar dois viadutos situados
na cidade de Salvador/BA, com a aplicação da metodologia GDE/UnB, apresentando os principais danos
encontrados. Após a aplicação da metodologia foi possível compreender o real estado de degradação das
obras, com as indicações dos limites de tempo para que sejam realizadas as manutenções preventivas ou
corretivas, e verificou-se que os dois viadutos inspecionados apresentaram níveis críticos de degradação,
com diversas patologias, sendo muitas delas comuns às duas construções.
Palavra-Chave: Viadutos, degradação, desempenho.

Abstract
Viaducts are large structures designed to overcome obstacles imposed by valleys, highways, etc., in order to
give continuity to the road bed. Concrete structures, like any other, suffer degradation over time, resulting in
changes in their properties and reduced performance. The city of Salvador/BA, because it belongs to the
coastal region and due to the large emission of gases from the burning of fossil fuels, becomes a highly
aggressive environment for concrete structures. Together with the poor practice of preventive maintenance
in the local viaducts, many of these structures are in states of degradation, presenting diverse pathological
manifestations, and bringing insecurity and discomfort to its users. The total or partial intervention of a
viaduct results not only in the direct cost required for its recovery or replacement, but also in a huge
inconvenience caused to society due to the limitations of the road. To avoid this problem, it is necessary that
periodic inspections are carried out in order to identify and treat the pathologies still in their onset. In this
way, this work had as objective to inspect two viaducts located in the city of Salvador/BA, with the application
of the GDE/UnB methodology, presenting the main damages found. After the application of the methodology,
it was possible to understand the real state of degradation of the works, with the indications of the time limits
for the preventive or corrective maintenance, and it was verified that the two viaducts inspected presented
critical levels of degradation, with several pathologies, many of which are common to both constructs.
Keywords: Viaducts, degradation, performance.
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1 Introdução
As estruturas de concreto armado são conhecidas por possuírem boa resistência,
durabilidade e versatilidade. Nas últimas décadas, o Brasil passou por um boom
imobiliário, o qual trouxe consigo uma exigência de maior controle de qualidade no
processo construtivo. Entretanto, melhorar a etapa de produção não assegura que a obra
alcance a vida útil de projeto para a qual foi determinada, sem que ações adicionais sejam
realizadas.
O concreto, como qualquer outro material da construção civil, está sujeito a sofrer
degradação ao longo do tempo, o que resulta em alterações das suas propriedades e
consequente redução do seu desempenho, podendo até levar construções à ruína. As
edificações, pontes, viadutos ou estádios de futebol têm apresentado cada vez mais
frequentemente, mesmo ainda em baixas idades, o surgimento de manifestações
patológicas, o que além de provocar a deterioração da estrutura, traz aos seus usuários
sensações de incômodo, desconforto e insegurança.
Para garantir o desempenho ao longo da vida útil da estrutura é extremamente necessário
que sejam feitas manutenções preventivas regularmente e, corretivas, quando detectado
algum dano. Além de serem especialmente importantes em promover maior durabilidade,
as manutenções preventivas possuem considerável relevância no que diz respeito ao
custo global de uma obra. Atualmente, já se sabe que o valor que se gasta com
manutenção é muito menor do que o que é gasto com recuperação.

1.1 Estado de degradação das OAE’s em Salvador/BA


Seja por falta de capital, pessoal qualificado, ou pela inexistência de políticas de
manutenção, muitas das pontes e viadutos, também chamados de Obras de Arte
Especiais, em Salvador apresentam diversos danos que são facilmente identificados e
que trazem desconforto e insegurança aos seus usuários. Parte dessas estruturas foi
construída ainda na década de 60, quando as recomendações normativas de projeto e
execução eram muito aquém das existentes atualmente. Desta forma, estas construções
merecem atenção e rigorosidade em relação às ações de manutenção para que assim
possam garantir bom desempenho e segurança.
Outra consideração que deve ser pensada é o transtorno que pode ser causado quando
se realiza manutenção tardiamente. No caso de OAE, quando não há uma intervenção
adequada no prazo correto, a estrutura poderá atingir uma situação de degradação onde
seja necessário limitar o carregamento, ou, em uma pior hipótese, interditar
completamente o tráfego da rodovia.

2 Revisão bibliográfica
Os conceitos de durabilidade e vida útil, por estarem relacionados entre si, são muitas
vezes confundidos. Segundo a NBR 6118 (2014), entende-se como durabilidade a
capacidade de a estrutura conservar segurança, estabilidade e aptidão em serviço
durante o prazo correspondente à sua vida útil sob determinada classe de agressividade
ambiental. Enquanto que vida útil é o período de tempo em que uma edificação e/ou seus
sistemas se prestam às atividades para as quais foram projetados e construídos

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considerando a periodicidade e correta execução dos processos de manutenção
especificados no Manual de Uso, Operação e Manutenção (NBR 15575-1, 2013).

2.1 Manifestações patológicas em pontes e viadutos


2.1.1 Eflorescência

Formação de crostas brancas de carbonato de cálcio na superfície do concreto


resultantes da reação do Ca(OH)2 com o CO2. De acordo com Neville e Brooks (2013), o
depósito de sais ocorre devido à lixiviação dos compostos de calcário, quando, por
exemplo, a água percola através de concreto mal-compactado, através de fissuras ou
juntas mal-executadas e quando pode haver a evaporação na superfície do concreto. “A
eflorescência em geral não é prejudicial. Entretanto, uma lixiviação excessiva do Ca(OH) 2
aumentará a porosidade, de modo que o concreto se torna progressivamente mais fraco e
mais propenso a ataques químicos” (Neville e Brooks, 2013).

2.1.2 Corrosão de armadura

Um dos tipos mais graves e comumente encontrados de manifestações patológicas em


estrutura de concreto armado. Após iniciada a corrosão das armaduras, a deterioração do
concreto aumenta gradativamente e, quando não tratada, pode levar a estrutura à ruína.
Segundo Mehta e Monteiro (1994), “Os danos ao concreto resultantes da corrosão da
armadura se manifestam na forma de expansão, fissuração e eventual lascamento do
concreto de cobrimento”.

2.1.3 Desagregação do concreto

Resultado de ataques químicos, tendo como principais agentes os sulfatos e cloretos, o


fenômeno da desagregação se inicia na superfície do concreto com mudança de
coloração, seguida de aumento das espessuras das fissuras entrecruzadas, embalamento
das camadas externas do concreto, em função do aumento de volume que este
experimenta e, por fim, na desintegração da massa do mesmo. Uma consequência
desse processo é o fato de os componentes do concreto perderem a coesão quando a
pasta de cimento é destruída (CÁNOVAS, 1988).

2.1.4 Fissuração

O concreto apresenta baixa resistência à tração, e a fissuração é um tipo de manifestação


patológica inerente às estruturas feitas com esse material. No entanto, é preciso garantir
que a espessura e a profundidade das fissuras fiquem dentro dos limites aceitáveis, para
que não haja comprometimento da durabilidade dos elementos. Dependendo das
dimensões das fissuras presentes em uma peça de concreto armado, a durabilidade do
elemento pode ser prejudicada permitindo a entrada de agentes agressivos, diminuindo a
estanqueidade e isolamento acústico, e comprometendo a aparência.

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As causas para a ocorrência de fissuração são diversas e, muitas vezes, há relação entre
elas, o que dificulta o diagnóstico da manifestação. Alguns dos fatores de causa mais
comuns são: retração hidráulica, cura mal executada, variações térmicas, corrosão da
armadura por ataque de agentes químicos em função da alta porosidade do concreto ou
por não respeitar o cobrimento mínimo, deformações excessivas devido a sobrecargas
além do estipulado em projeto, dentre outros.

2.2 Metodologia de avaliação da degradação de pontes e viadutos

Para se obter uma avaliação do estado de degradação de uma ponte ou viaduto é


necessário que se faça, em um primeiro instante, uma inspeção visual da obra desejada a
fim de se observar os parâmetros e condições aos quais aquela está submetida. Segundo
CEB-FIB (1993 apud Verly, 2015), a inspeção visual é o método mais eficaz para se ter
em curto prazo uma visão geral da integridade da estrutura e além disso, quando
realizada por pessoal qualificado, é responsável por fornecer cerca de 80% das
informações relevantes com apenas 20% dos custos de inspeção.

2.2.1 GDE/UnB aplicada a obras de arte especiais

Com o objetivo de quantificar o grau de deterioração das estruturas de concreto armado,


a metodologia GDE/UnB visa expressar valores que permitam uma melhor compreensão
do real estado da obra e sugerir limites de tempo para que, quando necessário, seja feita
a manutenção preventiva ou corretiva na construção. Castro (1994) desenvolveu a
metodologia GDE/UnB com o objetivo de avaliar quantitativamente as estruturas
convencionais de concreto armado e, para isso, introduziu parâmetros e conceitos que
permitissem quantificar o grau de deterioração de uma estrutura usual e de seus
componentes. Já visando minimizar a subjetividade inerente às inspeções visuais, a
mesma autora elaborou um documento de auxílio chamado Caderno de Inspeção que
contém a conceituação dos danos de maior incidência e recomendações para atribuição
dos valores de intensidade do dano.
A metodologia GDE/UnB foi adaptada e aplicada sucessivamente por Lopes (1998), Boldo
(2002), Fonseca (2007), Euqueres (2011) e Verly (2015). O penúltimo introduziu novas
relações e fatores para que este método de avaliação pudesse ser aplicado em inspeções
de pontes e viadutos. Assim como os anteriores, Verly (2015) propôs algumas
modificações à metodologia. Mais precisamente, adaptou a formulação do Grau de
deterioração da estrutura (Gd) e criou o que chamou de Manual de Aplicação da
Metodologia GDE/UnB a Obras de Arte Especiais.
De maneira simplificada, o diagrama da Figura 1 a seguir mostra a estrutura da
metodologia, bem como as etapas que devem ser realizadas para a obtenção dos
resultados. Na sequência, serão explicadas as formulações para a realização dos cálculos
necessários.

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Figura 1 - Fluxograma para aplicação da metodologia GDE/UnB (VERLY (2015))

2.2.1.1 Divisão em família de elementos típicos

Os elementos devem ser agrupados de acordo com suas funções estruturais e


importância relativa no comportamento e desempenho da estrutura como um todo, bem
como suas características estruturais peculiares. Portanto, os elementos integrantes de
uma mesma família devem ser tratados com a mesma importância.

2.2.1.2 Fator de ponderação do dano ( )

É responsável por quantificar a relevância que um determinado dano tem em relação às


condições de segurança, funcionalidade e estética dos elementos de uma família. Vale
ressaltar que uma mesma manifestação patológica pode apresentar valores de
ponderação distintos para cada família. Os valores de podem variar de 1 a 5, sendo 5 o
valor mais crítico.
Desde o desenvolvimento da metodologia GDE/UnB, por Castro (1994), as avaliações
das estruturas foram realizadas com o auxílio de um formulário que deve ser utilizado
durante a inspeção. Tem-se neste formulário os valores de recomendados para cada
manifestação patológica de cada um dos elementos.
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2.2.1.3 Fator de intensidade do dano ( )

Este coeficiente tem o objetivo de avaliar de forma isolada a magnitude do dano de um


elemento. Diferentemente do que ocorre com o fator de ponderação do dano, o não
leva em consideração o elemento estrutural no qual o dano se encontra, dando
importância apenas à intensidade deste. O fator de intensidade pode variar de 1 a 4,
sendo 4 utilizado para representar a maior gravidade.
A determinação do Fator de intensidade do dano é feita em função da análise visual
durante a realização da vistoria e, para minimizar a imprecisão da avaliação, o Manual de
Aplicação da Metodologia GDE/UnB a Obras de Arte Especiais traz tabelas e fotografias
com valores de sugeridos.

2.2.1.4 Grau do dano (D)

Expressa, de maneira quantitativa, o grau do dano provocado por cada manifestação


patológica. O valor de D pode ser calculado através das equações a seguir:

Para (Equação 1)

( ) Para (Equação 2)

2.2.1.5 Grau de deterioração do elemento (Gde)

Nesta etapa, os danos deixam de ser examinados isoladamente e passam a ser


analisados em conjunto, para se compreender o que a ação em conjunto provoca ao
elemento. Essa análise é feita através da equação desenvolvida por Lopes (1998), onde o
grau de deterioração do elemento (Gde) é obtido somando-se ao maior dano os efeitos
provocados pelos demais.

(∑ )
[ (∑ )
] (Equação 3)

2.2.1.6 Grau de deterioração de uma família de elementos (Gdf)

Após analisar os elementos separadamente, o Gdf tem o objetivo de avaliar o conjunto de


elementos pertencente a uma mesma família. Para tal, consideram-se os valores de Gde
calculados para cada elemento da família em análise.

(∑ )
√ (Equação 4)
(∑ )

2.2.1.7 Fator de relevância estrutural

Tem o objetivo de indicar a importância relativa que cada família de elementos tem em
relação à estrutura como um todo. A seguir, tem-se a divisão adotada por Euqueres
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(2011) e Verly (2015) para a aplicação da metodologia GDE/UnB a OAEs, na qual o
presente trabalho basear-se-á.

Tabela 1 - Fatores de relevância estrutural para OAEs (adaptado de Verly, 2015).


Família Fr
Barreiras, guarda-corpo, guarda-rodas, pista de rolamento 1
Juntas de dilatação 2
Transversinas, cortinas, alas 3
Lajes, fundações, vigas secundárias, aparelhos de apoio 4
Vigas e pilares principais 5

2.2.1.8 Grau de deterioração da estrutura (Gd)

Por fim, determina-se o grau de deterioração da estrutura como um todo a partir dos
valores de Gdf calculados ponderados pelo fator de relevância estrutural ( ) para cada
família.

(∑ )
√ (Equação 5)

Para cada valor de Gd, o Manual de aplicação da Metodologia GDE/UnB a Obras de Arte
Especiais apresenta recomendações de ações a serem tomadas que são divididas em
cinco níveis. Quanto maior o for o valor de Gd, maior será a rigidez da solução a ser
tomada, podendo chegar à intervenção imediata da obra para inspeção especial
emergencial.

Tabela 2 - Classificação dos níveis de deterioração da estrutura e ações recomendadas em função dos
valores de Gd (adaptado de Verly, 2015).
Nível de
Gd Ações recomendadas
deterioração
Baixo 0 – 15 Estado aceitável. Manutenção preventiva.
Definir prazo/natureza para nova inspeção. Planejar intervenção em
Médio 15 – 50
longo prazo (máximo 2 anos).
Definir prazo/natureza para inspeção especializada detalhada. Planejar
Alto 50 – 80
intervenção em médio prazo (máximo 18 meses).
Definir prazo/natureza para inspeção especializada detalhada. Planejar
Sofrível 80 – 100
intervenção em curto prazo (máximo 12 meses).
Crítico > 101 Inspeção especial emergencial. Planejar intervenção imediata.

3 Metodologia

3.1 Considerações da metodologia aplicada


No presente trabalho serão avaliados 2 viadutos localizados na cidade de Salvador/BA,
baseados nas formulações propostas por Euqueres (2011) e Verly (2015), por serem as
adaptações mais recentes da Metodologia GDE/UnB e por esses terem avaliado pontes e

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viadutos em suas dissertações, respectivamente, estruturas semelhantes às que serão
analisadas neste artigo.
Apesar da metodologia GDE/UnB ser direcionada predominantemente às inspeções
visuais, alguns danos citados nas fichas de inspeção, como carbonatação e contaminação
por cloretos requerem a retirada de partes do concreto e realização de pequenos ensaios
para serem mensurados. Por conta desses motivos e pelo fato de as vistorias terem sido
exclusivamente feitas de maneira visual, os efeitos destes danos não puderam ser
quantificados.

3.2 Adaptações da metodologia


Embora as planilhas de inspeção disponíveis no Manual de Aplicação da Metodologia
GDE/UnB a Obras de Arte Especiais contemplem a grande maioria das manifestações
patológicas encontradas nessas estruturas, durante a realização deste trabalho observou
a presença de um agente que não está inserido nas planilhas: a vegetação.
O crescimento de plantas e vegetação em estruturas de concreto é muito prejudicial, pois
pode provocar tensões não previstas, fissuras e até danos catastróficos. Em decorrência
dessas razões, decidiu-se adaptar as planilhas de inspeção e incluir aos cálculos de
avaliação os danos causados por esse agente. Para tal, definiu-se o fator de ponderação
para esta manifestação patológica o valor igual a 4.
Outra adaptação feita por este trabalho na aplicação da metodologia GDE/UnB foi a
inclusão dos passeios nas avaliações dos viadutos.

4 Inspeção das obras de arte especiais

4.1 Viaduto Marechal Mascarenhas de Moraes (OAE1)


Localizado no bairro da Federação, o viaduto Marechal Mascarenhas de Moraes,
representado na Figura 1, liga a Avenida Cardeal da Silva à Rua Caetano Moura. Possui
trajeto retilíneo com 80,00 metros de extensão, 14,70 metros de largura e 9,30 metros de
altura. Foi inaugurado no ano de 1968 e teve sua primeira reforma trinta anos depois,
quando se encontrava em péssimas condições de durabilidade.

Figura 1 – Vista parcial lateral do viaduto Marechal Mascarenhas de Moraes (Autores (2017))

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4.1.1 Manifestações patológicas encontradas

4.1.1.1 Pilares

Estando em bons estados de conservação, os pilares foram os elementos com menor


incidência de manifestações patológicas. O pilar esquerdo apresentou corrosão de
armadura com fissuração e falha superficial de concretagem. No pilar direito encontrou-se
apenas falha superficial de concretagem.

4.1.1.2 Lajes

A família das lajes é uma das mais preocupantes quanto à durabilidade do viaduto
Marechal Mascarenhas de Moraes. Ela foi uma das famílias que mais apresentou
manifestações patológicas e é a principal responsável por elevar o grau de deterioração
da estrutura.
Todas as lajes apresentaram cobrimento deficiente, com exposição das armaduras em
extensões significativas, desplacamento e corrosão, sendo esta, nas lajes de bordo e
central, responsável por perdas das seções das barras de aço, ilustrada na Figura 02.
As lajes dos tabuleiros possuíam ainda falhas de execução das armaduras, manchas
escuras, de umidade e de eflorescência em grandes extensões, além de sinais de
infiltração em função do sistema de drenagem ineficiente – consequência da ausência dos
tubos de escoamento. Por outro lado, as lajes dos passeios indicaram grandes manchas
de eflorescência e crescimento de vegetação.

4.1.1.3 Guarda-corpos

Assim como nas lajes, os problemas de cobrimento deficiente, manchas e corrosão


puderam ser constantemente verificados nos guarda-corpos. Foram diagnosticados vários
trechos nos quais as armaduras tiveram grandes reduções das seções das barras de aço
e, em alguns, a seção já fora completamente corroída. Verificaram-se também fissuras
generalizadas com diversos pontos de desplacamento em ambos os guarda-corpos,
pequenas falhas de concretagem e grandes erros de montagem das armaduras, sendo
possível visualizar trechos de barras de aço fora do concreto.

4.1.1.4 Passeios

Os passeios demonstraram estar em péssimas condições e possuir elevado risco de


acidentes para os seus transeuntes por apresentarem grandes quantidades de buracos e
irregularidades provocados pelo desgaste superficial, sinais de esmagamento e excesso
de desplacamento. Além dos problemas citados, em um dos passeios perceberam-se
sinais de eflorescência e corrosão das armaduras. No outro passeio, notou-se a
deficiência do cobrimento e a formação de fissuras.

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4.1.1.5 Cortinas

As manifestações patológicas encontradas nas cortinas não diferem muito daquelas vistas
nos outros elementos dos viadutos. Nesta família foi possível identificar falhas de
concretagem e de armação, com parte da armadura externa à peça, destacamento do
concreto, abertura de fissuras, manchas escuras e de eflorescência, sinais de infiltração
de água com crescimento de vegetação, estufamento do concreto por desagregação e
sinais de deslocamento por empuxo.
Vale destacar que as manchas escuras e de eflorescência só estavam presentes em uma
Cortina, enquanto que as falhas de concretagem e de deslocamento horizontal por
empuxo só foram identificadas na outra Cortina.

4.1.1.6 Pista de rolamento

Assim como os pilares, no momento da realização da inspeção, a pista de rolamento não


apresentou grandes danos. Os únicos constatados foram de leves desgastes da
sinalização e da camada superficial do asfalto.

4.1.2 Principais manifestações patológicas encontradas

As seguintes figuras retratam as principais manifestações patológicas mencionadas nos


itens anteriores encontradas no viaduto Marechal Mascarenhas de Moraes.

Figura 2 – Corrosão, cobrimento deficiente, Figura 3 – Manchas escuras e de eflorescência


manchas de umidade e eflorescência nas lajes (Autores (2017))
(Autores (2017))

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Figura 4 - Excesso de desplacamento com Figura 5 - Manchas escuras, de umidade,
exposição de armadura (Autores (2017)) eflorescência e crescimento de vegetação (Autores
(2017))

4.2 Viaduto Rômulo Almeida (OAE2)


Destinado à transposição de obstáculos impostos por outras rodovias, o viaduto Rômulo
Almeida, representado na Figura 6, é um importante trecho da avenida Vasco da Gama
que liga os bairros Barris e Dique do Tororó. A obra de arte em questão é, possivelmente,
uma das mais movimentadas de Salvador, já tendo sido, inclusive, local de acidentes de
automóveis.
Apresentando trajeto curvo, o viaduto Rômulo Almeida possui estrutura de concreto
armado, com as lajes apoiadas em pilares através de juntas de movimentação. Neste tipo
de estrutura, a lajes apoiam-se sobre os pilares e uma sobre a outra, não havendo
necessidade de vigas.

Figura 6 – Vista parcial do viaduto Rômulo Almeida (Autores (2017))

4.2.1 Manifestações patológicas encontradas

4.2.1.1 Pilares

De maneira geral, os pilares apresentaram poucas manifestações patológicas. Dos oito


existentes, seis demonstraram falhas de concretagem superficiais e pouco significativas.
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As exceções ficaram por conta dos pilares P5, que apresentou apenas fissuras de
corrosão, e P8, no qual não se detectou manifestação alguma. Os pilares P1, P2 e P6
apresentaram desplacamento do concreto em pequenas proporções, sem permitir
visualizar as armaduras, sendo que o último possuiu ainda algumas fissuras de corrosão.
Os grandes danos desta família foram encontrados nos pilares P3 e P4. Ambos exibiram
desplacamento acentuado com perda relevante da seção e ampla exposição das
armaduras, alto índice de corrosão da armadura principal, com perda significativa da
seção, e fissuras. Verificou-se ainda que, no pilar P3, dois estribos adjacentes foram
completamente rompidos, aumentando assim os riscos de flambagem.

4.2.1.2 Lajes

Em ambas as lajes foi possível localizar visualmente as armaduras, evidenciando a


deficiência do cobrimento. Atrelado à falha do cobrimento constatou-se problemas de
corrosão caracterizados pelas manchas de dióxido de ferro. Manchas de umidade, devido
à falta de escoamento, manchas escuras e de eflorescência também foram visualizadas
nas duas lajes. As falhas superficiais de concretagem só foram sinalizadas na Laje 1.

4.2.1.3 Guarda-corpos

No momento da inspeção já foi possível observar que a situação dos guarda-corpos era
crítica. Com grande incidência de manifestações patológicas, os grandes danos
encontrados abalam a segurança da estrutura. Em ambos os guarda-corpos verificaram-
se problemas de cobrimento deficiente, com ampla exposição das armaduras, alto estágio
de corrosão com elevada perda de seção das barras de aço, desplacamento de vastas
proporções do concreto, fissuras generalizadas e de grandes magnitudes nos pilaretes,
sinais de eflorescência e falhas superficiais de concretagem.

4.2.1.4 Guarda-rodas

As únicas manifestações patológicas encontradas foram desplacamento e corrosão.

4.2.1.5 Passeios

Ambos os passeios apresentaram danos em comum, entretanto, a intensidade deles foi


bastante diferente. No Passeio 1, constataram-se regiões com desplacamento,
provocando exposição das armaduras, corrosão das barras de aço e fissuras de corrosão.
Do outro lado, no Passeio 2, verificaram-se constantemente grandes proporções de
desplacamento com ampla exposição das armaduras, sinais de esmagamento, desgaste
superficial, fissuras e corrosão.

4.2.1.6 Cortinas

Na Cortina 1, a única manifestação patológica constatada foi em função do crescimento


de vegetação. Desplacamento, falha de concretagem superficial e pequenas fissuras
foram identificadas na Cortina 2.
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4.2.1.7 Pista de rolamento

A pista de rolamento apresentou características diversas, quando analisadas


separadamente as vias de trânsito. Do lado esquerdo, a pista quase não demonstrou
sinais de desgaste, enquanto que no lado direito visualizou-se desgastes superficiais em
grandes extensões e ondulações no asfalto. Esta diferenciação de danos das vias pode
ser explicada em função dos veículos que trafegam por elas, uma vez que os mais
pesados, como ônibus e caminhões, são orientados a circular pelas vias da direita.

4.2.2 Principais manifestações patológicas encontradas

As seguintes figuras retratam as principais manifestações patológicas mencionadas nos


itens anteriores encontradas no viaduto Rômulo Almeida.

Figura 7 – Desplacamento do concreto, corrosão de Figura 8 – Manchas de umidade, eflorescência e


armadura e rompimento de estribos de pilar corrosão em lajes (Autores (2017))
(Autores (2017))

Figura 9 – Desplacamento do concreto e corrosão Figura 10 – Sinais de esmagamento e corrosão de


de armaduras do guarda-corpo (Autores (2017)) armaduras do passeio (Autores (2017))

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5 Resultados e discussões
Neste capítulo serão apresentados os resultados das avaliações feitas com base em
dados coletados em inspeções visuais realizadas em duas obras de arte especiais da
região metropolitana de Salvador. Após concluídas as inspeções e feitas as avaliações
das manifestações patológicas encontradas em todos os elementos dos dois viadutos,
com as atribuições dos respectivos fatores de ponderação (Fp) e intensidade (Fi),
calculou-se o grau do dano (D) de cada elemento. A partir desses resultados foi possível
encontrar os valores dos graus de deterioração dos elementos (Gde) de cada estrutura,
das famílias dos elementos (Gdf) e da estrutura como um todo (Gd). Sendo K, o número
de famílias de elementos presentes na edificação. Os resultados de Gdf, e Gd são
apresentados nas Tabela 3 e Tabela 4 a seguir.

Tabela 3 - Valores de Gd, e Gf, Fr e K das respectivas famílias - OAE1.


Família Fr Gdf K
Pilares 5 42,66 213,29
Lajes 4 190,33 761,34
Cortinas 3 112,25 336,76
Guarda-corpos, passeios, pista de rolamento 1 178,80 178,80

Grau de deterioração da estrutura (Gd) 131,41

Tabela 4 - Valores de Gd, e Gf, Fr e K das respectivas famílias - OAE2.


Família Fr Gdf K
Pilares 5 187,81 894,07
Lajes 4 77,46 309,84
Cortinas 3 34,75 104,24
Guarda-corpos, guarda-rodas, passeios, pista de rolamento 1 218,99 218,99

Grau de deterioração da estrutura (Gd) 150,41

Observando-se as Tabelas 3 e 4 percebe-se que, de maneira geral, as famílias de ambas


as OAEs receberam altos valores de Gdf. As exceções ficam por conta das famílias dos
pilares da OAE1 e das cortinas da OAE2. É possível também compreender os efeitos dos
fatores de relevância propostos por Castro (1994) na fórmula de obtenção do Gd. Na
primeira, a família dos pilares recebeu o menor valor de Gdf e, no entanto, o impacto
provocado por ela no resultado final foi superior àquele causado pela família dos guarda-
corpos, passeios e pista de rolamento (facilmente compreendido comparando os valores
de K dessas famílias). Situação semelhante ocorreu entre as famílias das lajes e dos
guarda-corpos, guarda-rodas, passeios e pista de rolamento da OAE2. Isso se deve ao
fato dos pilares e das lajes terem maior relevância estrutural, sendo seus respectivos
valores de Fr iguais a 5 e 4. Deste modo, a família das lajes foi a que mais influenciou no
alto valor do Gd da OAE1, enquanto que o resultado de Gd da OAE2 foi afetado
principalmente pela família dos pilares.
Ainda com base nas tabelas mencionadas no parágrafo anterior, percebe-se que os
viadutos Marechal Mascarenhas de Moraes (OAE1) e Rômulo Almeida (OAE2) receberam
elevados graus de deterioração da estrutura, sendo seus resultados iguais a 131,41 e
ANAIS DO 59º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2017 – 59CBC2017 14
150,41, respectivamente. Com base nas definições presentes no Manual de Aplicação da
Metodologia GDE/UnB a Obras de Arte Especiais, é possível verificar através da Tabela 2
que os valores de Gd obtidos para ambas OAEs estão compreendidos no último intervalo
de classificação (Gd > 100), indicando nível “Crítico” de deterioração. Essa mesma tabela
recomenda ainda que uma inspeção especializada seja realizada imediatamente, com
tomada de medidas emergenciais e planejamento de intervenção imediata.

6 Conclusão
Este trabalho pretendeu contribuir para avaliar a aplicação da metodologia GDE/UnB
como parâmetro para se definir as condições de durabilidade de obras de arte especiais
de concreto armado, fazendo-se, para isso, estudos de caso em Salvador/BA.
Depois de decorridas as análises, constatou-se que a metodologia GDE/UnB, tomando-se
como base as últimas atualizações até então propostas por Euqueres (2011) e Verly
(2015), para fins desta pesquisa, apresentou resultados pertinentes e coerentes ao que se
esperava, levando-se em consideração os aspectos visuais das obras.
Os viadutos Marechal Mascarenhas de Moraes e Rômulo Almeida, ambos inspecionados
e avaliados durante a realização deste trabalho, encontram-se em situações críticas de
deterioração, de acordo com a classificação proposta pela metodologia GDE/UnB,
necessitando imediatamente de inspeção especializada, com tomada de medidas
emergenciais e planejamento de intervenções imediatas. Além disso, percebeu-se ainda
que os danos que mais incidiram nos viadutos foram provocados por corrosão de
armadura e desplacamento, representando juntos 40% das incidências globais.
Por fim, conclui-se que a metodologia GDE/UnB demonstrou-se competente para a
avaliação de obras de arte especiais de concreto armado. No entanto, percebeu-se neste
trabalho que algumas melhorias ainda podem ser feitas, como, por exemplo, inclusão de
novas manifestações patológicas, como “crescimento de vegetação”, com valores
coerentes de Fp e Fi. Para isso, é necessário fazer cada vez mais aplicações, de modo a
se testar novas adaptações e tornar a metodologia cada vez mais precisa, como tem
acontecido ao longo dos anos.

7 Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT, NBR 15575: Edificações


Habitacionais – Desempenho – Parte 1: Requisitos gerais. Rio de Janeiro, 2013.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT, NBR 6118 - Projeto de


estruturas de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro, 2014.

BOLDO, P. Avaliação quantitativa de estruturas de concreto armado de edificações


no âmbito do Exército Brasileiro. Dissertação de Mestrado, Departamento de
Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de Brasília, Brasília, DF, 2002.

CÁNOVAS, M. F. – Patologia e terapia do concreto armado. 1 ed. PINI, São Paulo,


1988.
ANAIS DO 59º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2017 – 59CBC2017 15
CASTRO, E.K. Desenvolvimento de Metodologia para Manutenção de Estruturas de
Concreto Armado. Dissertação de Mestrado, Departamento de Engenharia Civil,
Universidade de Brasília, Brasília, DF. 1994.

EUQUERES, P. Metodologia de inspeção de pontes de concreto armado. Dissertação


de Mestrado, Escola de Engenharia Civil, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, GO,
2011.

FONSECA, R. P. A estrutura do Instituto Central de Ciências: Aspectos históricos,


científicos e tecnológicos de projeto, execução, intervenções e propostas de manutenção.
Dissertação de Mestrado em Estruturas e Construção Civil, Departamento de Engenharia
Civil e Ambiental, Universidade de Brasília, Brasília, DF, 2007. 213p.

LOPES, B. A. R. Sistema de manutenção predial para grades estoques de edifícios:


Estudo para inclusão do componente “Estrutura de Concreto”. Dissertação de
Mestrado, Departamento de Engenharia Civil, Universidade de Brasília, Brasília, DF,
1998.

MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P. J. M. – Concreto: Microestrutura, propriedades e


materiais, 3 ed., IBRACON, São Paulo, 1994.

NEVILLE, A. M.; BROOKS, J. J. – Tecnologia do concreto. Tradução Cremonini, R. A. 2


ed. BOOKMAN, São Paulo, 2013.

VERLY, R. C. Avaliação de metodologias de inspeção como instrumento de


priorização de intervenções em obras de arte especiais. Dissertação de Mestrado em
Estruturas e Construção Civil, Departamento de Engenharia Civil e Ambiental,
Universidade de Brasília, Brasília, DF, 2015. 178p.

ANAIS DO 59º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2017 – 59CBC2017 16

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