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ESCOLA “MATER ECCLESIAE” Rua Benjamin Constant, 23 - 3° andar - 20241 RIO (Ru) Caixa Postal 1362 — 20001 RIO (RJ) Fone: (021) 242-4552 Caro(a) cursista, Iniciamos um Curso sobre Ocultismo, isto 6, sobre fendmenos estranhos, para os quais ndo se tem uma ‘explicag8o visual e que, por isto, so atribuldos a causas ocultas e misteriosas, Hé uma tendéncia espont&nea, (@eT Multos, @ admit um mundo invisivel que intervenha em nosso mundo, seja pare o bem, seja para o mal, 29090000900000 @ __ Ctistéo sabe que, de fato, Deus e, por permiss&o de Deus, 0s anjos e os Santos podem maravilhosa- @ mente no curso natural das coisas; sem divida, ocorrem milagres. Mas a {8 afirma que no se devem admit in- @p'ervengbes do além sem que haja credenciais para tanto, Antes de crer, devo perguntar: por que crer? Por que aceitar esta ou aquela proposi¢&o (apari¢&o de uma entidade superior, cura milagrosa, mensagem protética, ..)? qq''2 base de que dacos ou de que testemunhos eu acrediaria? ° No setor da religifo, os sentimentos @ as emoges tendem a se antecipar ao raciocinio; o senso religion @® {érvdo inspira, muitas vezes, a imaginagBo e a fantasia sem o acompanhamento da I6gica, Especialmente em arses dias isto se verifica: os tempos s&o ingratos, os problemas sécio-econdmicos se multiplicam @ no se vé, qq Pronto, uma solue8o racional ou cientfica para os mesmos. A conseqtiencia & que o hore abatido ou dé- ™_ sesperado se deixa facilmente seduzir pela proposta de solugbes magicas e portentosas, mas irracionals ¢, nBo raro, periciosas, Jé 0 livro dos Atos dos Apéstolos registra um acontecimento tipico em que as emog6es religio- ‘sas comandaram irracionalmente a conduta dos homens. Com efeito; a populag&o de Eteso, cultora da deusa na, julgava que esta era ofendida pela pregaco de S. Paulo. Em conseqdéncia, a multid8o se agiomerou no tro da cidade “totalmente confusa; a maior parte nem sabia por que estavam reunidos. . . gritaram por quase ‘@iuas horas: € grande a Diana dos efésios! “interveio ent&o 0 escriv8o da cidade, incitando a populag&o & cama e Mao raciocinio (ct. At 19,23-40). e Ora, a fim de ajudar 0 piblico @ se orientar diante dos fendmenos portentosos que tanto impressionam, Dseque-se, & guisa de modesto subsidio, uma série de Médulos distribuldos em seis segmentos, como se pode ver ho verso desta folha, Possam ser diteis & reflex8o dos usuérios! °e Caro cursista, desejamos-Ihe bons estudos, sob as luzes de Deus, ao mesmo tempo que nos coloca- (7s & sua disposicdo para os possiveis esclarecimentos, Pe, Est6véo Tavares Bettencourt 0.8.8, 900000 OCULTISMO SERIE |: FENOMENOS MEDIUNICOS 4 = Nope afsteas, Orgone do Espitieme 2 > Reo eee ed aac = Reels eee ced ei 2 beer cet: poe 15 — Experéncias Fora do coreo (EFC) ihe a: eas oo 18 — Reencamacfo 19 = So Cpr lao Mago Gieseeerpeesas 20 - SupersticBo, Cadela de Gracias. Némero {3 SERIE II: O MARAVILHOSO NO CRISTIANISMO 21 - OMilago ......, 22 — AExistBncia do Dembnio’ | 23 ~ Possosséo Diabdlica 24 - Os Poreos Precipltados no Mar (ic 51-20) SERIE III: SABEDORIA ORIENTAL 25 os 12 a0s 30 ance () open ar 28 ~ Jesus dos 12 aos 30 anos (I); 27 = Jesus viveu na India? . . SERIE IV: PROFECIAS E TERAPIAS 31 ~ 0 Tercelro Se 82 - Profecia de. 39 = Nostradamus ( redo de Fatima. i Malecpies SERIE VI: MISTERIOS COSMICOS 47 ~ Avantida (9) 48 - Allntiga (I) | 49 = Tridngulo das Bermudas (i)” 50 ~ Trlangulo das Bermudas (I). Eram os deuses astront 51 — Erich von Daniken Habitantes em outros PI se neta’? (i 52 — Elon von Danken, Habtantes em outos 55 ~ Os Discos voadores 54 — Atha de Pdscoa 2 APENCICE: 55 - ANova Era (New Age). © Holimo 56 — Abuse Nnsscesereere 2 EO CVW-WBHKS WY Wan-0-6 © © OE rae x é 9099800090090 90999999999999999999900999900 ESCOLA “MATER ECCLESIAE" CURSO POR CORRESPONDENCIA: O OCULTISMO SERIE I: FENOMENOS MEDIONICOS Médulo 1: NOGOES BASICAS. ORIGENS DO ESPIRITISMO O estudo dos fenémenos meditinicos que tanto impressionam o piiblico, recorrera sempre a algumas concepcdes fundamentais, que passamos a expor neste Médulo Ligdo 1: Um pouco de Antropologia 1.1. Corpo e alma O ser humano é um composto de corpo material e alma espiritual. Estes dois prin- cipios, distintos um do outro, se unem para formar um todo substancial, de modo que tudo 0 que o homem realiza é psicossomético. Espirito é um ser incorpéreo (sem tamanho, sem peso, sem cor...) dotado de in- teligéncia e vontade. Distinguimos no criado e Criador de tudo: Deus para existir sem corpo: 0 anjo para se desenvolver no corpo: a alma humana A alma humana € 0 principio vital do homem. Ela depende do corpo (cérebro, sentidos) para exercer as suas funcées ; mes ela é imortal por si mesma, de modo que, quando o homem morre, a sua alma continua a existir mesmo sem corpo. A fé nos diz que, no altimo dia, o Senhor restauraré 0 composto "corpo e alma” (ver Jo 6,40; 1Cor 15,22 ;1Ts 4, 14-17 ;2Cor 5, 1-3). Espirito + ciado 1. 2. Ser psicossomatico Por ser psicossomético, o homem nao tem atividade que seja meramente corporea; todo o seu agir é penetrado pelas energias ps(quicas do sujeito. Também nao ha ativi- dade psiquica que n&o envolva o funcionamento do corpo. Isto se verifica frequente- mente na medicina; esta toma mais e mais consciéncia de que as doencas sdo psicosso- maticas ; mesmo mais de metade das moléstias humanas tem origem psiquica (assim as Ulceras de estémago, a asma, as infeccées da pele, as verrugas, as tromboses coronarias, a cegueira histérica, até mesmo as fraturas Osseas devidas a acidentes). 1. 3. Consciente e inconsciente O psiquismo humano conserva apenas 1/8 de seus conhecimentos na consciéncia, ficando 7/8 no subconsciente. Isto implica que, em caso de suspensdo do controle cons- ciente do sujeito, o inconsciente possa prorromper em manitestagdes, a primeira vista, estranhas, incompreensiveis. Isto leva facilmente a suspeitar que um espirito do Além interveio no paciente, fazendo-o agir como se se Ihe tivesse incorporado outra persona- lidade. O inconsciente (ou subconsciente)', embora latente no ser humano, é poderosa- mente ativo; percebe, inspira, move 0 sujeito, sem que este o saiba, com uma rapidez ' Nem todos os autores distinguam entre inconsciente e subconsciente. 3 OCULTISMO e eficdcia que ultrapassam muitas vezes as do consciente. Por isto muitos cientistas e artistas, procurando aumentar a sua capacidade de trabalho e a sua criatividade, colo- cam-se voluntariamente em estado de hipnose ou quase hipnose ; esta se Ihes torna pro- picia, Tal era, por exemplo, o caso de Newton (+ 1728), 0 grande fisico e matematico, que recorria ao sono, recomendando ao subconsciente que “‘ruminasse’” determinado problema; assim conseguiu entrar na pista ou na propria solugdo de espinhosos pro- blemas de cdlculo enquanto dormia. Goethe (+ 1832), o poeta aleméo, afirmou que grande numero de seus melhores poemas foram escritos em estado de sonambulismo ; Mozart (+ 1791) declarou que as suas inspiracdes musicais Ihe vinham a semelhanca de sonhos, independentemente da sua vontade. Ora, se o subconsciente funciona naturalmente sem que o saibamos, compreen- demos que muitas pessoas se maravilhem com certas intuigdes e percep¢des n’o cons- cientemente preparadas pelo paciente, mao sabendo como chegaram a tais resultados, supdem ter recebido comunicacao do Além, quando na verdade o seu subconsciente percebeu, leu, intuiu o que estava também no subconsciente de outra pessoa. Essa outra pessoa, fonte de informacao, também se admira entdo pela clarividéncia do re- ceptor, no compreendendo como se deu a percepcao se nao houve a comunicagao. — Ora a leitura exercida pelo subconsciente da pessoa A no subconsciente da pessoa B explica fielmente o fendmeno estranho, dispensando qualquer explicaco por recur- so ao Além. 1.4. Emissao de energia A quanto parece, 0 cérebro humano emite ondas ritmicas eletro-magnéticas, que Hans Berger em 1928 conseguiu identificar claramente, realizando o primeiro eletro- encefalograma. Essas ondas sao classificadas segundo quatro tipos: alfa, beta, delta e teta. O ritmo delta é o mais lento; compreende um a trés ciclos por segundo, prepon- derando nos estados de sono profundo. O ritmo teta tem a freqiiéncia de quatro a sete ciclos por segundo. Os raios alfa tém oito a doze ciclos por segundo; produzem-se ge- ralmente na meditac&o distendida, Quanto aos ritmos beta, apresentam entre treze e vinte e dois ciclos por segundo; parecem confinados a zona frontal do cérebro, onde se realizam complexos processos mentais. Pode-se crer que a esfera de influéncia do corpo humano nao cessa com a respec- tiva epiderme. Para explicar 0 fato, n’&o poucos cientistas admitem um bioplasma ema- nado do corpo. E este fendmeno que explica o que em linguagem meditinica se chama “aura’ ou “corpo astral” ou “corpo etéreo”. O espiritismo se utiliza deste conceito para desenvolver teorias matapsiquicas. Ora, abstraindo das teses esp/ritas (que sao ins- piradas por determinada filosofia religiosa, e nao apenas pela experiéncia de laborat6- rio), pode-se dizer 0 seguinte, na base de pesquisas que tém grande verossimilhanga (embora estejam sujeitas a constante revisao).. Os organismos vivos emitem uma energia vital. Esta constitui um campo vital, que tem forma paralela & do corpo donde emana, e goza de certa independéncia em relacdo a este. Na Russia, as pesquisas sobre este fendmeno foram sistematicamente empreen- didas por bioffsicos e bioquimicos da Universidade de Kirov em Alma-Ata;servindo-se de um microscépio eletrénico, identificaram esse campo vital com “uma espécie de constelac3o elementar do tipo plasma, constituido por particulas ionizadas”’; a esta constelacdo deram o nome de “corpo de plasma biolégico”. Pergunta-se: e que significa “plasma” neste contexto? “Plasma’’ é um gés to ionizado que todos os"elétrodos foram retirados dos ni: cleos de seus étomos. Isto se dé geralmente mediante uma reagao termo-nuclear, quan- do a temperatura é elevada a trezentos milhdes de graus C e as particulas gasosas so aceleradas a velocidades tais que provoquem a fusdo. Nao hé prova de que um fenome- 4 SPHHOOHSHSHSHSHSSHHSHSHOHOHHSSSEOHSSOHSSHSHOHSEOSOHOSSHOEOO EEE 9 FFHFDFDHFHFHFHDFHFVHSGHHVHHHHFDHVFHHIHVIIID 1. NOGOES BASICAS. ORIGENS DO ESPIRITISMO No semelhante possa ocorrer a temperatura do corpo humano. Mas esta falta de prova no significa que o fendmeno seja impossivel dentro das condicbes habituais do corpo humano, Leve-se em conta que tal ramo da Fisica é téo novo que ninguém sabe exa- tamente o que dé origem ao plasma nem o que este & capaz de originar. Pode-se dizer com certeza, sobre 0 assunto, que o Unico elemento capaz de conter eficazmente a enérgia do plasma é um campo magnético; ora sabemos que o corpo humano possui seu campo magnético. A partir de 1939, 0 eletricista russo Semyon Kirlian em Krasnodar, perto do Mar Negro, tem-se dedicado percepcao do campo vital ou da aura que emana dos corpos. vivos; fabricou aparelhos diversos durante vinte e cinco anos. Em 1964, o casal Kirlian conseguiu chegar ao termo de suas invengdes: realizou um aparelho apto a fotografar a aura elétrica procedente dos organismos. Caso assaz interessante, a este propésito, verificou-se em Moscou: com um apare- tho Kirlian foi fotografada uma folha vegetal intata; a seguir, os experimentadores cor- taram uma ter¢a parte dessa folha, e tiraram outras fotografias desta. Ora durante breve perfodo apés a ablagdo da tera parte da folha, via-se na fotografia uma imagem seme- Ihante a um “‘fantasma”, que reproduzia o contorno completo e cintilante da folha ori- ginal inteira! Acontece também que pessoas as quais ¢ amputada uma perna, declaram que con- tinuam a senti-la e se queixam de comichées nos artelhos ausentes. Ora isto se pode ex- plicar ou pela persisténcia de esquemas sensoriais no cérebro ou — quica — pela aura eletromagnética que tenha ficado no lugar da perna amputada. Hé pessoas que dizem ver a aura de corpos alheios. . . Isto no parece de todo im- possivel nem fantasista. Na verdade, os olhos humanos sfo sens\veis a luz situada entre as ondas do comprimento de 380 a 760 milimicrons. Gracas a fontes artificiais, de in- tensidade muito forte, podemos estender esses limites para as zonas de raios infra-ver- melhos e ultra-violetas. Hé, porém, pessoas mais sensiveis, que so capazes de ver natu- ralmente ondas que outras no véem; as que dizem ver @ aura do corpo humano, séo talvez sensiveis ao extremo infra-vermelho do espectro. As ondas deste comprimento ultrapassam as capacidades das células em forma de cone da retina humana, mas possi- velmente esto dentro dos limites das células em forma de bastonete, que so mais sen- siveis aos raios de intensidade fraca. Como quer que seja, embora haja ainda oscilagdes e hipdteses no tocante ao cam- po vital do organismo humano, pode-se afirmar que este é algo de natural e deve ser ex- plicado pela constituigdo mesma do corpo vivo; por si nada tem que ver com fendme- nos sobrenaturais ou misticos. Eis 0 que, dentre os muitos dados fornecidos pelas ciéncias contemporaneas, inte- ressa realcar a fim de esclarecer portentos que, na falta da devida explicagdo, sdo facil- mente atribufdos a poderes do Além, como acontece no Espiritismo. Ligdo 2: A origem do Espiritismo Em 1848, na cidade de Hydesville (N.Y.), Estados Unidos, surgiu o primeiro cerne do Espiritismo moderno. Certa noite, o pastor protestante John Fox, sua esposa e as duas filhas Margarida e Catarina estavam a conversar sobre estranhos fendmenos de “as- sombracao”; Catarina ento produziu estalos com os dedos; notaram todos que alguém 08 repetia. Por sua vez, Margarida produziu estalos e encontrou eco. Apavorada, a Sra. Fox perguntou: “E homem ou:mulher que esté batendo?”, mas no obteve resposta. Insistiu entdo: “E espirito? Se é espirito, bata duas vezes”. Produziram-se duas breves pancadas. Concluiu assim que um espirito “desencarnado” estava em comunicagdo com 5 OCULTISMO a familia.! Segundo se diz, os préprios espiritos indicaram as irmas Fox em 1850 nova forma de comunicacao: que os interessados se colocassem em torno de uma mesa, em cima da qual poriam as méos; as interrogacdes que fizessem aos espiritos, a mesa res- ponderia com golpes e movimentos indicadores de letras do alfabeto e de palavras. Em pouco tempo, as novas praticas se espalharam pelos Estados Unidos, pelo Ca- nada e pelo México. Atravessaram o Atlantico, chegando Escécia e a Inglaterra; passa- ram para a Alemanha e outros pa/ses europeus, encontrando em 1854 na Franca o seu grande doutrinador: Léon-Hippolyte-Denizart-Rivail, que tomou 0 nome de Allan Kar- dec, pois julgava ser a reencarnagdo de um poeta celta do mesmo nome. A. Kardec, pra- ticando a comunicagao com os mortos, dizia receber destes numerosas revelagées, que ele consignou em algumas obras: O Livro dos Espiritos, O Livro dos Médiuns, O Céu e © Inferno, O Génesis, Os Milagres, As PredicSes, O Evangelho segundo o Espiritismo. . . Estes escritos, traduzidos para diversas linguas, se difundiram no mundo inteiro. No Brasil, pesquisas efetuadas na imprensa dao a ver que j4 em 1853 era usual a pratica das mesas girantes; tenha-se em vista o JORNAL DO COMERCIO do Rio de Ja- neiro em suas edicdes de 14 e de 30 de julho de 1853; O CEARENSE, de Fortaleza, na edicéo de 3/07/1853. . . Todavia a primeira auténtica sessao espirita, segundo se lé nos anais do Espiritismo brasileiro, teve lugar em Salvador (BA) aos 17/09/1865, sob a dire- cdo de Luis Olimpio Telles de Menezes. Neste mesmo ano, Telles de Menezes fundou em Salvador 0 primeiro centro espirita. Em 1869 apareceu a primeira publicacgo perid- dica espirita com 0 titulo O Eco do Além-Tamulo. Em 1873 fundou-se a Associacdo Espirita Brasileira, de breve duracdo..Dai por diante até os nossos dias multiplicaram-se sociedades, revistas e livros espiritas no Brasil. A Federaedo Esprrita Brasileira, de ambi- to nacional, até hoje existente, foi fundada a 19/01/1884 pelo Sr. Elias da Silva. Visava a reuhir os nticleos do movimento espirita brasileiro, que iam sendo fundados sem a ri- gidez doutrinaria e a organizacdo devidas. Até os nossos dias, porém, ndo consegue con- gregar todas as Ligas e Federacées estaduais ou regionais do Espiritismo brasileiro, tao diversificado se acha este. Mesmo no plano internacional o Espiritismo se apresenta muito dividido: assim, por exemplo, em outubro de 1949 teve lugar no Rio de Janeiro © II Congreso da Confederago Espirita Panamericana, mas a Federacdo Espirita Brasi- leira recusou-se a tomar parte nele; 0 motivo era a dissensdo no tocante a indole do Es- piritismo: a Confederacdo Panamericana afirma que o Espiritismo ndo religiéo, ao pas- 50 que a Federacdo Brasileira julgava e chegou a declarar oficialmente (aos 5/07/1952) que o Espiritismo é religido. tke PERGUNTAS 1) Que é espirito? Que é alma humana? 2) Que significa ser psicossomatico? Que conseqtiéncias este conceito implica? 3) Que é corpo astral? Que dizem os pesquisadores a respeito? 4) Quando e como teve origem 0 Espiritismo? Escreva suas respostas em folhas a parte e mande-as, com o nome e o endereco do(a) cursista, para: CURSOS POR CORRESPONDENCIA, Caixa Postal 1362, 20001 RIO (RJ) 1 As duas irmas foram tidas como médiuns e confessaram posteriormente ter recorrido a truques e fraudes para produzir as pancadas, que a mée muito crédula atribuia a espiritos do além. O texto des- sas confissées e retratagées de Margaret e Kate Fox foi publicado pela imprensa norte-americana, ou seja, pelo New York Herald de 27/05/1888, 24/09/1888 e 10/10/1888 assim como pelo The World de 22/10/1888. Acha-se tal texto reproduzido em fac-simile inglés e em tradugao portuguesa no livro de Frei Boaventura Kloppenburg: O Espiritismo no Brasil, Ed. Vozes de Petropolis, pp. 42-447. 6 SPOCHOOHOHSHSHHOHOSSSOSOHSSSHOOHCOHOSOSHOOOOHOOSCHOOOOC ESE 9DFDFDFDDFHFHFIFFDHFHFHHGHHIFHHHVFHHHHHHVIVHSSD ESCOLA “MATER ECCLESIAE” CURSO POR CORRESPONDENCIA: O OCULTISMO SERIE t: FENOMENOS MEDIUNICOS Médulo 2: SUGESTAO A grande maioria dos fenémenos mediunicos ou espfritas est baseada na sugestdo e no transe. Examinemos, pois, cada qual dessas ocorréncias, valendo-nos dos dados da fisiologia e da psicologia. Ligdo 1: A sugestdio — que 6? A palavra sugestio vem de sub-gerere e significa: “levar, transportar alguma coisa para baixo ou sob...”; vem a ser uma insinuagdo ou também uma subordinacdo. Em psicologia a sugesto ocorre quando se leva ao subconsciente de alguém uma idéia, que ird abrindo caminho no consciente desse sujeito e poderd tornar-se uma persuasio ou conviccdo, Para compreender bem o funcionamento da sugestdo, devemos lembrar que © organismo humano tem a capacidade de se adaptar ao meio ambiente e a seus dados varidveis. HA estimulos extemos que provocam respostas inconscientes e automdticas do organismo, chamadas reflexos: assim a temperatura elevada suscita a secrecdo de suor, a temperatura em baixa provoca arrepios, a proximidade de comida apetitosa provoca a secrecao de saliva... Os reflexos podem ser incondicionados e condicionados. Incondicionados. quando suscitados espontaneamente pela propria natureza (a secrecdo de saliva, de suor...). HA quem os identifique com os instintos. Condicionados sdo os reflexos que respondem a um estimulo neutro ou indiferente, como é, por exemplo, o toque de uma campainha; este pode suscitar as mais diversas reagdes da parte de alguém (cam- painha para despertar, para a refeigo, para comegar ou acabar o trabalho...). Se um operador consegue fazer de um est/mulo neutro o excitante de tal ou tal determinada reagdo, diz-se que esse estimulo provoca um reflexo condicionado. Tal ¢ o caso, por exemplo, de um cachorro que, na hora de comer, recebe um pedaco de carne e, por isto, ensaliva naturalmente a boca; se, antes de se Ihe oferecer a carne, se toca uma campainha, o animal secreta saliva j4 ao toque da campainha; esse reflexo condicionado se torna habitual a ponto que, mesmo que néo se dé carne ao cachorro, ele ensaliva a boca ao ouvir a campainha. Todo excitante externo que desencadeie respostas bioldgicas, é chamado sinal: assim 0 som, a luz, 0 tato, a palavra. Principalmente para o ser humano a palavra é um sinal muito eficaz; ela pode desencadear atividades bioldgicas diversas. Quando isto acontece, a palavra é chamada “sugestdo”’; a resposta a sugestéo nao é sempre consciente e racional. ‘A sugest3o que vem de fora, é chamada hétero-sugestfio. Acontece, porém, que a sugestao pode vir do préprio sujeito ou da imaginacéo e da meméria do indivi- duo: tal 6 a auto-sugesto. Exemplo: se ouco uma campainha que realmente toca aos meus ouvidos, recebo uma hétero-sugesto. Se, porém, sonho com o toque dessa cam- painha ou a imagino em delirio, sofro uma auto-sugestao. Consideremos agora Lig&o 2: O poder da sugestdo 1. A sugestio pode ser recebida ou concebida por alguém, que passa a guar- dé-la no seu subconsciente, sem fazer caso da mesma. Nao obstante, a sugestdo pode, mesmo assim, exercer enorme influéncia sobre o comportamento do sujeito respe vo, Este, sem’o saber, estard agindo sob a forca de uma sugestdo que ele talvez tenha explicitamente rejeitado em primeira instancia. Imaginemos, por exemplo, um amigo 7 OCULTISMO que diga a seu amigo: “Como vocé esté magro e palido!”. Este, ouvindo tal juizo, protestard e afirmaré o contrério. Mas, a0s poucos, poderd ir-se sentindo indisposto e crer que esté padecendo de algum mal sério, principalmente se em seu (ntimo estiver predisposto a tanto. Importa notar que a idéia sugerida muitas vezes vai tomando vul- to, e até lugar primacial, na mente de alguém, apesar da resisténcia que essa pessoa Ihe queira opor. De modo especial, o ser humano repele a idéia de ser vitima de alguma sugestdo ou de nao ser mais ele mesmo no seu modo de pensar ou agir, ora, apesar dessa repulsa espontanea, o poder da sugestdo é imenso. Sdo veridicas as palavras de Claude Bernard, principalmente quando se tem em vista o inconsciente: “O homem pode muito mais do que ele julga poder”. 2. Principalmente em questées de satide e doenca a forca da sugestdo é reco- nhecida. Tem grande aplicagao em todos os tipos de curandeirismo. Com efeito. Sabemos quao benéfico sobre um processo de recuperacdo da satide é 0 otimismo do paciente; uma boa noticia comunicada a este pode logo desen- cadear melhoras fisiolégicas. Também sao conhecidos os casos em que remédios “milagrosos”” produziram efeitos altamente positivos em pacientes gravemente enfermos, tais remédios “‘mila- grosos”, uma vez analisados, ndo revelaram nenhuma propriedade particular. Diz-se mesmo em tom irénico: “E preciso apressar-se em tomar remédios novos, enquanto eles curam”’. Dr. Mathieu chegou a realizar uma experiéncia assaz cruel em seu Sanatério de tuberculosos. Anunciou aos enfermos que acabava de ser descoberto o antidoto da tuberculose, que haveria de os curar imediatamente. Depois de ter preparado os animos dos doentes durante um perfodo de tempo razodvel, 0 médico injetau-lhes, em dias consecutivos, um pouco de égua salgada, que ele chamava pelo nome magico de antifi- mose. Entdo os pacientes obtiveram resultados maravilhosos: a tosse e os escarros dimi- nuiram consideravelmente, os doentes comecaram a sentir apetite devorador, que os fez subir de peso numa média de trés quilos em poucos dias. Infelizmente, porém, um dos enfermos percebeu que se tratava de um logro e que o médico nada tinha de espe- cial para curd-los. Logo as melhoras cessaram e todos os sintomas da moléstia reapare- ceram em condigdes mais graves, porque os pacientes estavam desanimados. Podemos fazer mengdo também dos cataplasmas' , que outrora eram aplicados com freqiéncia, obtendo, como se dizia, bons resultados. Os observadores julgam que, em grande parte, esses efeitos positivos se deviam ao fato de que cada cataplasma exigia meia-hora de preparacdo; durante essa meia-hora o doente tinha a oportunidade de an- siar pelo tratamento e de se compenetrar da eficacia do mesmo. Com outras palavras ainda: esté demonstrado que, mediante sugestdes, somos capazes de produzir efeitos que consciente e voluntariamente ndo produziriamos. Sir- vam de exemplos a modificago da pressdo arterial, alteracdes na pulsacdo, na sudora- 40, no nivel de acdcar no sangue, no metabolismo, em sistemas glandulares endécri- Nos, no sistema cardiovascular, na secrecdo géstrica... Isto explica que a sugestdo possa curar doengas ditas “‘funcionais” ou dependentes de bloqueio nervoso ou emocion: asma, doencas da pele (eczemas), cegueiras funcionais e daltonismo, nduseas e vomi- tos... Ver Médulos § e 6 deste Curso. 3. Nao 6 necessdrio que o paciente seja altamente sugestiondvel para que a su- gestdo verbal possa produzir efeitos reais e objetivos no organismo. E claro que, nas pessoas mais sensfveis sugestdo, os efeitos so mais répidos e perceptveis do que nos pacientes mais indiferentes. 4. As sugestdes sio eficientes também em estado de vigilia ou em pacientes acordados. E erro bastante comum pensar que a sugestao verbal s6 provoca resposta fisiolégica quando o paciente esté em sono provocado ou hipnético. E certo, porém, que um leve estado de sonoléncia de pessoa em atitude passiva favorece o desencadea- ‘Cataplasma ¢ “uma placa medicamentosa que se aplica, entre dois panos, a uma parte do corpo dorida ou intlamada’ (Dicionario de Aurélio). 8 SPOOOHSHHOHOHHOHOSHSHOHOOHSHSSHOOSOOSSHSOCOHOOSCOEOCOCESE 9OSOSOSOSSO8OHHHHHHOHSHHHHSH8H8HHS8E89888ES 2. SUGESTAO mento das reagGes inconscientes e fisiolégicas. Este estado pode afetar todas as pessoas normais. 5. A sugestao indireta pode ser mais eficaz do que a sugestdo verbal direta. A sugestao verbal direta utiliza a propria palavra e sua eficacia para exercer uma aco de comando. A sugestao indireta recorre néo a uma palavra imperativa, mas a um objeto ou uma agao, aos quais se atribui implicita ou explicitamente um efeito maravilhoso. As sim, para obter que alguém adormeca, em vez de se Ihe dar a ordem de tentar dormir, ofereca-se-lhe um pé branco neutro (pode ser farinha de trigo), dizendo-lhe que é soni- fero. Geralmente verifica-se 0 efeito almejado, ao passo que a palavra s6, por mais meiga que seja, pode ndo conseguir o mesmo resultado. So sugestées indiretas os passes, as aguas “‘flu/dicas”, as ervas para ché e para banho distriburdas pelos espfritas e curandeiros; estes podem estar de boa-fé acreditan- do no valor medicinal de tais recursos; na verdade, nao fazem sendo oferecer estimu- los-sinais, que condicionam os seus clientes e os levam ao desbloqueio psicolégico de que necessitam. Pode-se, pois, estabelecer como principio: “A sugestéo é tanto mais eficiente quanto mais indireta ou dissimulada’’; quando indiretamente sugestionado, o pacien- te pensa menos em se defender do imperativo vindo de fora. Ligdo 3: A propaganda subliminar! © poder da sugestdo é tal que tem sido utilizado pelos publicitérios e pol ti- cos que desejam vender produtos de consumo ou idéias. Esté comprovado que os meios de comunicago social (rédio, televisdo, cine- ma, imprensa escrita...) podem atingir diretamente o inconsciente e o subconsciente, burlando 0 consciente e a liberdade do receptor. Utilizando métodos sofisticados, podem simultaneamente enviar dupla mensagem: uma, a ser recebida conscientemente pelos sentidos da visdo e da audicao, e outra, aparentemente imperceptivel, mas eficaz, destinada a alcancar diretamente o inconsciente do individuo. Isto foi averiguado com certa precisao no cinema mediante a sequinte experiéncia: A fita de um filme normal tem o comprimento aproximado de trés mil metros, com o tempo de projecao cont/nua de mais ou menos uma hora e meia. Atualmente a velocidade da projecdo é de 24 fotogramas’ por segundo — o que equivale a meio-me- tro de fita por segundo. — Ora em determinado filme foram intercalados isoladamente, a cada cem metros de fita normal, fotogramas independentes do enredo. Nesses foto- gramas estava escrita uma mensagem simples, dirigida a percep¢ao subliminar; era a mesma em todos os fotogramas isolados de modo que, repetidamente, aparecia a mes- ma frase: ‘‘Tome tal refrigerante, coma pipoca frequentemente; sdo gostosos e fazem bem a satide”. Durante a projecdo do filme, nenhum espectador conseguiu ler a men- sagem subliminar, ninguém percebeu algo de estranho durante a projecdo do filme. Mas averiguou-se que a mensagem oculta chegou, de forma subliminar, até os especta- dores; sim, em todas as sess6es nas quais se exibiu o filme que continha a mensagem subliminar, a venda do refrigerante recomendado aumentou de 9,5% acima do habi- tual, e 0 consumo de pipoca cresceu em 13%. Todos os espectadores tinham acom- panhado o enredo por eles livremente escolhido com o mesmo interesse; todavia, 9,5% dos mesmos (aqueles de op¢des menos definidas em matéria de bebidas) deixaram de comprar o refrigerante habitual e preferiram aquele indicado pela mensagem do filme; um numero maior, ou seja, 13% resolveu comprar pipocas, porque isto ficara registra- do no seu subconsciente, sem que o percebessem. ' Subliminar é 0 estimulo que no é suficientemtente intenso para que o individuo tome conscién- cia dele, mas que, quando repetido, atua de modo a alcancar um efeito desejado. ? Fotograma = quadro de filme cinematogréfico (Aurélio). 9 OCULTISMO A explicagdo psicolégica do fenémeno é muito simples. As pessoas de crité- rios bem estabelecidos néo mudam facilmente de conduta por causa de mensagens subliminares; mas os individuos indecisos ou inconstantes deixam-se prontamente in- fluenciar pela Gltima mensagem recebida. Sao v/timas de acao subliminar transmiti- da a seu subconsciente, sem que 0 possam averiguar. Eis uma experiéncia semelhante realizada em outro setor: Durante 0 hordrio normal de uma Fiacdo, as operdrias que trabalhavam nas segdes menos barulhentas, costumavam ouvir as cangdes de maior fama no momento. Ora em algumas fitas foi introduzido, mediante processos requintados, um refrdo a ser ouvido periodicamente como mensagem subliminar: “Quando uma operéria trabalha bem, produz mais e é mais condignamente remunerada’’. As varias cancdes transmiti- ram de maneira constante o mesmo estribilho subliminar durante um més. — Os efei- tos ndo tardaram: no fim do més verificou-se que o rendimento quantitativo aumentara 7%. A melhora da qualidade da fiacdo (auséncia de defeitos nos estampados, na textu- ra) superava, em média, 21% do normal. ‘Apos esta experiéncia, passado certo tempo, e com a autorizacdo do dono da fabrica, fez-se nova experiéncia; todavia a mensagem emitida pelo mesmo processo trazia outro refrao: ‘Todo operdrio deve reivindicar com firmeza os seus direitos para nao ser injustamente explorado’’. Embora estes dizeres sejam a expressdo da justica, criaram um clima de inquietacaéo tal que em menos de trés semanas a producao da fiagdo baixou de 14% abaixo do normal e se perdeu a 6tima qualidade obtida mediante a mensagem anterior. Estes fatos mostram como é vulnerdvel a pessoa humana; ela pode ser sorra- teiramente invadida e violentada sem que o saiba e, por isto, sem que se possa defender. Ainda se levem em conta os seguintes dados: Uma boa imagem tem mais eficiéncia pedagégica do que dezenas de palavras. Uma crianca capta 71% com os olhos: (donde a importéncia da linguagem pictérica), 16% com a audi¢ao e o restante com os demais sentidos (como o olfato, o paladar, 0 tato...). Dizem também os peritos que ficam impressos na mente dos adultos apenas 12% daquilo que ouvem, 23% do que véem, mas 38% do que véem e ouvem simulta: neamente. Em virtude da convergéncia das impressées o ser humano guarda melhor o que percebe ao mesmo tempo por varios sentidos. Verifica-se igualmente que os efeitos da sugestdo se exercem ora a curto prazo, ‘ora a médio e a longo prazos. Principalmente os jovens (por sua relativa imaturidade e inexperiéncia), as pessoas de pouca cultura e os ancidos menos habituados a racio- cinar so presas faceis da sugestdo, pois ainda nao estdo ligados a modelos preestabe- lecidos: o linguajar, o gesticular, os modos de pensar, falar e viver de pessoas tidas como “‘carismaticas” vém a ser escola para tal clientela. Os psicdlogos registram o fendmeno da identificacdo, pelo qual as pessoas se sentem soliddrias com os “‘mes- tres” e “‘médiuns” apresentados, por causa de admiracdo, simpatia e também depen- déncia em relacdo a eles. Os clientes so propensos a repetir na sua vida real tudo aqui- lo que fantasiosamente Ihes seja transmitido pelos gurus. Estes fatos vém a proposito para projetar luz sobre numerosos fendmenos espiritas. Quem toma consciéncia de que, em ampla porcentagem, se explicam por influéncia da poderosa sugestdo, j4 ndo experimenta necessidade de recorrer ao Além para explicé-los. tke PERGUNTAS 1) Que é sugestéo? Como funciona do ponto de vista fisiolégico e psicolégico? 2) Que é um reflexo condicionado? Que é um sinal ou um estimulo-sinal? 3) Vocé conhece algum caso de poder da sugestio? 4) Que é ago subliminar? 5) Que podemos fazer para evitar ser vitimas de sugestdes aberrantes? Escreva suas respostas em folhas a parte, e mande-as, com 0 nome e o endereco do(a) cursis- ta, para: CURSOS POR CORRESPONDENCIA, Caixa Postal 1362, 20001 - RIO (RJ) 10 SPOOOKSHOHOHCHHOHHSHOHSHOHSHOHOSHSOHOSHOHSOSSHOSOSCO SESE ESE DIDDDDDDDIDDDFDDDDIFIFDFDD}IF9D}FIF7FHFIFHIFIFAIF3II33 ESCOLA “MATER ECCLESIAE” CURSO POR CORRESPONDENCIA: 0 OCULTISMO SERIE |: FENOMENOS MEDIUNICOS Médulo 3: SUGESTAO E TRANSE 0 poder da sugesto sobre 0 consciente e o inconsciente do individuo é tal que focalizaremos outros aspectos desse tema, aptos a elucidar os fenémenos ditos me- didnicos. Ligdo 1: Aprender durante o sono (hipnopedia) Em 1936 uma senhora esperava em sua casa algumas pessoas convidadas. Ja que tardavam a cheger, sentiu-se vencida pelo cansago e adormeceu, s6 acordando na manhé seguinte. Foi entdo que ela se depreendeu a cantarolar uma cangdo que jamais ouvira até a véspera. Mais tarde, porém, veio a saber que tal cancdo fora executada enquanto ela se achava a dormir na noite precedente; teve entdo de concluir que duran- te 0 sono ela a percebera e guardara em sua memoria. O caso foi contado pela propria interessada ao Dr. A.M. Suyadoch, Professor de Psiquiatria no Instituto Médico de Karaganda (URSS), que resolveu investigar a possi- bilidade de que alguém conserve na memoria palavras captadas durante o sono. Ficava logo de inicio evidente que nao basta que se repitam vocdbulos na presenca de uma pessoa adormecida, pois a experiéncia ensina que milhares de indivi- duos sdo obrigados a dormir ao lado de vizinhos que falam ou tocam musica; nem por isto so capazes, ao acordar, de reproduzir o que em torno deles tenha sido dito du- rante 0 sono. © Dr. Suyadoch resolveu entdo recorrer ao sugestionamento do paciente an- tes do sono. — Escolheu vinte e cinco pessoas particularmente emotivas e muito inte- ressadas em tal género de pesquisas. Tinham o ouvido muito agugado, sono profundo, calmo e de longa duragdo. Antes de adormecerem, os experimentadores lhes assegu- raram que, durante o sono tranqijilo, haveriam de ouvir um sinal convencionado e acompanhariam uma narrativa, da qual se lembrariam no dia seguinte. —m virtude desta preparacao, vinte das vinte e cinco pessoas testadas conse guiram, ao despertar, recordar-se das palavras que Ihes haviam sido proferidas durante ‘0 sono; recordaram-se até de vocdbulos de Iingua que Ihes era totalmente desconhe- cida, assim como de histérias e narrativas varias, ...de textos tirados de manuais de actistica e de mecanica e mesmo de trechos filosoficos. Dezesseis das vinte mencionadas pessoas estavam em condigdes de reproduzir a maioria dos textos (cerca de 89,5%); as quatro restantes, apenas 18,6%. Verificou-se também que todos esses pacientes haviam “gravado” os textos de maneira inconsciente ou sem saber o que estavam fazendo. Com efeito; algumas pes- 0a julgavam que os vocébulos por elas proferidos ap6s 0 sono Ihes vinham esponta- neamente ao espirito, e se surpreendiam por ndo poder explicar a origem dos mesmos. Uma estudante de Iinguas, por exemplo, mostrou (com grande surpresa para ela mes- ma) que conhecia a teoria da rotagéo do péndulo e que a sabia formular mesmo de maneira muito simples, embora nunca tivesse ouvido falar do assunto anteriormente. Outros dos pacientes julgavam que tal ou tal narrativa (colhida durante 0 sono) que eles reproduziram ao despertar, ndo era sendo o enredo de um sonho. ‘Uma das tltimas provas realizadas pelo Dr. Suyadoch e sua equipe foi a seguin- te: Sugeriram a dois pacientes que haveriam de dormir profundamente a noite inteira sem se acordar e que, durante o sono, ouviriam palavras estrangeiras das quais se lembrariam 20 despertar. Uma vez adormecidas as duas pessoas, os peritos fizeram correr uma fita magnética na qual estavam gravados vocdbulos espanhdis com a respec: tiva tradugdo russa. Dois minutos apés a passagem da fita, uma voz anunciou aos dois pacientes que dormiam: “Aqui estamos em Moscou... Eis a Praca Vermelha... Vai-se realizando 0 desfile do dia 19 de maio... Vocés se acham na tribuna... Hé estrangeiros " Bee OCULTISMO junto a vocés... Esto agitando as mdos...”. — Em consequéncia, no dia seguinte os dois individuos contaram que, tendo dormido profundamente a noite inteira, haviam sonhado que se encontravam na Praga Vermelha durante o desfile do dia 19 de maio; perto deles se achavam visitantes estrangeiros, que haviam pronunciado palavras de sua lingua materna (0 espanhol); e referiram essas palavras tais como as tinham ouvi- do durante o sono! Verificou-se também que a hétero-sugestdio pode ser substitu/da pela auto-su- gesto, com igual resultado: os pacientes mesmos tratam de avivar em si as faculdades de percepeao, repetindo com energia.a formula: “Adormecerei e hei de ouvir”. Estas experiéncias tém grande importancia para explicar fendmenos registrados em sessées meditinicas ou de ocultismo e atribu/das a espiritos do além ou forcas superio- res. Com efeito; percebemos mais uma via pela qual alguém pode adquirir conheci- mentos sem que saiba exatamente como os aprendeu (os pacientes e seus observado- res, em tais casos, so inclinados a crer que um espirito “desencarnado” comunica tais nogées...). Eis que, adormecidos ou num estado de inconsciéncia, podemos gran- jear idéias que guardamos latentes na subconsciéncia até o belo dia em que, postos em transe ou sugestionados, proferimos tais nocées! Jé que o proprio sujeito ¢ seus com- Panheiros ignoram a fonte dessa “‘sabedoria”, s#o propensos a atribui-la a seres do Além que baixam, quando na verdade se trata de mero efeito psicolégico. Ligdo 2: Origem de doengas e complexos 1. Assim como se podem curar certas doencas funcionais mediante a sugesto, podem-se também gerar moléstias e graves incémodos de satide através da sugestio. Com efeito; podemos influir sobre alguém causando-Ihe sofrimento pela nossa palavra ou pelo nosso exemplo, mesmo ‘quando temos a intencdo de ajudar essa outra pessoa. Assim, por exemplo, o médico...; ndo trata somente do corpo, mas, queira-o ou no, afeta 0 psiquico dos seus pacientes; a conversa do médico com seus clientes a respeito do seu estado de satide é um fator sugestionante positive ou negativo; pode animar ou desanimar o enfermo. A entoagao da voz ou um simples gesto do médico pode ter efeito traumatizante. Pensemos na influéncia que tém exclamagdes como estas: “’Vocé 6 uma pessoa acabada! Resigne-se com isso’’. “Como esté dilatada a sua aorta! Isso costuma provocar morte na rua”. “Com um coracao to doente, vocé nao poderd viver muito tempo’. Por vezes, o médico, exibindo erudicéo, comunica aos enfermos particularida- des desnecessdrias, que os impressionam inutilmente. Os males causados pela inadequada conduta do m tituem a iatrogenia (iatrés = médico; gen = gerar, em grego). Da parte dos pacientes verifica-se que a leitura assidua de livros de medicina pode ser altamente nociva, pois suscita problemas irreais ou desnecessdrios, que agra- vam o estado de satide do enfermo. Muitas pessoas sentem-se ofendidas quando se lhes diz que séo vitimas da su- gestdo; parece-Ihes que so tidas como tolas ou pouco inteligentes. — Nao se deve pen- sar assim; a sugestéo pode afetar todo e qualquer individuo; nao se dirige apenas a inteligéncia deste (que pode ser de elevado teor}, mas também a emotividade e afetivi- dade (que nao dependem sempre da inteligéncia}. 2. A influéncia negativa de palavras imprudentes pode ser provocada também por pais e mestres. Quando um educador diz a seu discipulo que “ele ndo dé para a matematica’’ ou que “ele néo tem condigdes de passar na prova de portugués”, pode estar desencadeando um genuino bloqueio na mente do educando, que assim estaré quase de anteméo condenado ao insucesso. Quando a mie diz a sua filha que “ela é muito feia e nunca conseguird um marido”, pode estar comprometendo todo o futu- ro dessa menina, E preciso lembrar que criangas e adolescentes sao particularmente sugestiona- veis, de modo que neles cala muito fundo qualquer palavra que se Ihes diga a respeito do que eles valem ou néo valem. 0 ou do terapeuta cons- 12 CCOCCECECECCCECCCCCCCCCCECCECCCCECCCCCCCECCeCCcccccecce DFDIDTDDDFDDFDDFDFHDDDDFFDF}}IDFDFFIFF}F}FDFIFF}}}3IIIIII 3. SUGESTAO E TRANSE Os males decorrentes da inepta conduta de pais e educadores constituem a didatogenia (didasko = ensinar; gen = gerar, em grego) Em conclusdo: deve-se afirmar que a palavra e 0 comportamento de todo ser humano (especialmente dos que exercem cargos de responsabilidade) séo de enorme alcance sobre 0 organismo e 0 estado psiquico do préximo. Quem sabe utilizar pru- dente e adequadamente esses recursos, pode realizar “milagres” (que néo devemos atribuir a espiritos desencarnados), como também acontece que pode “fazer misérias” aquele que os utiliza leviana ou impensadamente. A sugesto esta freqiientemente associada ao transe Ligdo 3: O transe O transe é um estado psicossomatico, que abafa o raciocinio consciente; en- fraquece a vontade, rompe as censuras da consciéncia, liberta as energias do subcons- ciente, faz surgir desordenadamente recordacdes esquecidas; facilita a manifestacdo livre dos automatismos; aumenta a sugestionabilidade e possibilita a personificacdo de crencas e opinides. Fisiologicamente falando, 0 transe é um estado de inibi¢do do cértex cere- bral! ficando apenas um ponto em vigilancia, que permite a comunicacdo para fora (ou com o hipnotizador, por exemplo) e a extraordindria suscetibilidade para suges- tes. transe pode ser esponténeo ou provocado. E esponténeo durante certas doengas, como consequéncia de febre, perda de sangue, falta de alimento... E provo- cado ou por drogas e estupefacientes ou por sugestdo verbal direta ou por sugestdo indireta do ambiente ou por auto-hipnose (por intensa concentracdo do préprio su- jeito). Por drogas e estupefacientes... Este tipo de transe é conhecido e praticado tam- bém pelos povos primitivos, que recorrem ao peyote ("a planta que faz os olhos mara- vilhosos”’), a0 yague no Peru ou a maconha e ao fumo nos terreiros... Estas drogas causam um estado psiquico euférico e vivaz, que muitos interpretam como sendo efei- to de ‘um espirito que baixou sobre o seu cavalo’. Sugestdo verbal direta... E claro que esta supde uma pessoa especialmente re- ceptiva ou sensivel. A sugestdo pode provocar o transe ou mesmo um estado hipndtico, no qual o paciente obedece as ordens do operador com docilidade estupenda. Se a uma pessoa em transe se diz que a temperatura é de verdo forte num dia gélido, tal pessoa comeca a suar em bicas; vice-versa, se se sugere que faz muito frio num dia de forte calor, o paciente em transe pée-se a tremer de frio.. Sugestdo indireta do ambiente... Esta pode ser mais répida e eficiente do que a sugestdo direta, porque 0 paciente tem menos consciéncia de que esté sendo coman- dado ou dirigido. Tal é o caso das sessdes espiritas: os participantes, desde que chegam, se colocam em atitude de expectativa; tem a emocdo despertada pela proximidade do “mistério” e a conviccdo de que se daré o contato com os espiritos desencarnados mediante o cumprimento das regras da sessdo. Nos terreiros de Umbanda, o ambiente se torna altamente sugestionante por causa dos toques ou batuques, odores (defuma- Ses), ritos magicos (dangas), marafa (élcool), charutos e até estupefacientes; atuam também os “‘pontos cantados”?, os “pontos riscados”’ , a crenca no “‘espirito guia’ como auténticos estimulos-sinais... As palavras do chefe do centro ou do terreiro, do presidente ou do pai-de-santo e os pedidos dos frequentadores e consulentes comple- tam o quadro fortemente sugestionador. Por auto-hipnose... E provocada por intensa concentracdéo em algum pensa- mento, pelo desejo de comunicar-se com 0 “guia” ou com o “‘santo’” ou com determi- \ C6rtex, cortice ou cortiga 6 a camada que recobre o cérebro, de estrutura mais ou menos concéntrica. 2 “Ponto cantado” é 0 hino de saudagao ou despedida, cantado em homenagem aos Orixds e as Almas nos rituais de Umbanda, Macumba e Quimbanda. 3 “Ponto riscado”’ é 0 desenho-simbolo de cada entidade do além, formado pela superposicao de va- rrios simbolos (machados, espadas, raios, tridentes, estrelas, caveiras...) distintivos de cada entidade, 13 istualt OCULTISMO nado espirito... Pode também haver acdo conjunta de todos esses elementos provoca- dores do transe: drogas, palavras, musica, dlcool, concentragdo... — 0 que ¢ muito freqiiente. O transe pode ser designado por varios nomes: sono hipnético, letargia, transe meditnico, éxtase, auto-hipnose, narco-hipnase, incorporaggo, “‘baixamento”.. davia as caracterfsticas psicoldgicas e fisiolégicas séo sempre as mesmas em qualquer desses casos: sugestionabilidade, meméria alternante, amnésia (falta de recordacdo) ao despertar, contracdes e relaxamento musculares, perda de reflexos... Eis alguns exemplos da forga da sugestdo incutida em estado de transe a pa- cientes especialmente propensos a recebé-la. € 0 Pe. Edvino Friderichs quem narra: “Hospedei-me certa vez em Silveiras, municrpio de Bom Jesus, na casa do Sr. Waldemar dos Santos Boeira... Pela noitinha reparei no rosto inchado do José Carlos, o filho mais velho do Sr. Waldemar. Fiquei ciente de que a causa disso era uma violenta dor de dente, que ja nao o deixara dormir na noite anterior; 0 menino se achava diante da perspectiva de mais uma noite em claro. Pensei...: ‘Quem sabe se no posso fazer algo por ele?’ Fiz o teste de sensibilidade do mocinho e verifiquei, com alegre surpresa, ter na minha frente uma pessoa sensivel em alto grau. Fui com ele para a sala, reuni a familia e, sorrindo, disse-Ihe que faria um gran- de milagre. Contando até 3, tiraria toda a dor de dente do rapaz até ele ter possibilida- de de ir ao dentista em Bom Jesus. Todos me olharam espantados, tomados de duvida ante o inesperado... Esta, porém, se desvaneceu diante da realidade, pois formulei a sugesto, contei até 3, passei a mao sobre a parte dolorida e perguntei: Sente ainda alguma dor?’ ‘Nao’, respondeu José Carlos. Efetivamente a dor havia desaparecido sem vestigio, até o rapaz pisar no consultério do dentista trés dias depois, exatamente como eu 0 havia condicionado”. Muito interessante também é a anestesia local ou total pela sugestSo. O opera- dor que diga a um paciente sensivel e condicionado: “Contarei até 3 e vocé nada mais sentird neste braco. Ficaré totalmente insensivel. Atengdo: 1, 2, 3!’, verd que o braco de fato'se insensibilizou. Para excluir qualquer divida, pode ser chamado um especta- dor qualquer para dar um beliscdo; outro se encarregaré de espetar o braco com agu- Ihas. E verificar-se-4 que 0 paciente nao sentiré dor alguma. “Um estudante de medicina que fez comigo o curso de Hipnotismo no qual expus toda a reflexologia pavioviana, conseguiu tal éxito neste particular que ele mes- mo passou a comandar a sua auto-anestesia. Dizia: Minha mao direita esté totalmente anestesiada; nada quero sentir ai\’ E conseguia realmente tal efeito. O caso de auto- anestesia parece bem mais raro do que os de heteroanestesia” (E. Friderichs, Onde os Espiritos baixam. Ed. Loyola 1979, pp. 158-164). Tais experiéncias ajudam a compreender as chamadas “‘operagdes por médicos do atral”’ feitas “sem anestesia”’. Ndo é necessdrio recorrer ao além para explicar a in- sensibilidade dos pacientes. tk RR PERGUNTAS 1) Que se entende por “hipnopedia”? 2) Como se explica a hipnopedia? 3) Que & a iatrogenia? Pode comenté-la? 4) Que 6a didatogenia? 5) Que é que se chama “transe”? 6) Como se pode induzir alguém ao transe hipnético? Escreva suas respostas em folhas a parte, e mande-as, com o nome e o endereco do(a) cursis: ta, para: CURSOS POR CORRESPONDENCIA, Caixa Postal 1362, 20001 - RIO (RJ). 14 CCCCCCCCCCCCCECCCCCCCECCCECCCCECCCECCCCCCecCcccec FFFDDDFDDDDIDFIDIDIFFIFFDFFFFDFDIFIHVFHIIAVIFDIIIID ESCOLA “MATER ECCLESIAE” CURSO POR CORRESPONDENCIA: 0 OCULTISMO SERIE |: FENOMENOS MEDIUNICOS Médulo 4:0 ARQUIVO DO INCONSCIENTE. APANTOMNESIA E A XENOGLOSSIA Os fendmenos meditinicos so, em grande parte, relacionados com o inconscien- te e o subconsciente do ser humano. Daf a importancia do estudo deste tema. Lig&o 1: O inconsciente — que 6? © inconsciente pode ser comparado a um gravador no qual so impressas e guardadas todas as imagens sensiveis que captamos desde a inféncia. E 0 “pordo” do oso psiquismo, no qual tudo fica arquivado, ainda que nao o saibamos. Por causa dis- to, 0 psiquismo humano é assemelhado a um ice-berg (montanha de gelo) polar, do qual s6 uma décima parte emerge acima do nivel do mar e nove décimos ficam sub- mersos na dgua. A décima parte emergente significa 0 nosso consciente, ao passo que 0 bloco mergulhado no mar representa o nosso inconsciente. Em circunstancias especiais (sono hipndtico, delfrio, forte sugestio...), podemos perder 0 controle que exercemos sobre nés mesmos para sermos a personalidade que desejamos; entdo vem a tona algo do nosso inconsciente, que nos leva a dizer coisas estranhas ou a tomar atitudes que nos parecem inexplicveis. Pode-se dizer que milhdes de acontecimentos, dizeres e imagens so captados pelo inconsciente, de modo a formar um arquivo riquissimo, que recobre a infancia, a adolescéncia, a juventude e a idade adulta do individuo. Isto ndo nos surpreenderé, se levarmos em conta que 0 nosso cérebro consta de bilhdes de células prontas para armazenar impressdes que nos entrem pelos sentidos externos (olhar, audicao, olfato, paladar, tato). O neurofisico inglés W. Grey Walter afirmou que seriam necessdrios pelo menos dez bilhGes de células eletrénicas para se construir um fac-simile (uma copia artificial) do cérebro humano. Tais células ocupariam cerca de 50.000m? (cin- qienta mil metros cubicos). Mais algumas centenas de milhares de metros clibicos seriam necessérios para os nervos ou a instalagao de fios. A forca para mover tal insta- lacao seria da ordem de um bilhao de watts. © inconsciente capta e registra ndo somente aquilo que apreendemos cons- cientemente, mas também aquilo que nos penetra inconscientemente; em consequén- cia, nem sempre podemos associar uma atitude nossa estranha do momento presente com o fator antecedente que a ocasionou. O inconsciente trabatha a curto, médio e longo prazo para encontrar, por exem- plo, um objeto perdido. Eis um caso tipico: Sr. N.N. perdeu um canivete de estimagao. Apés té-lo procurado com afinco, mas em véo, resolveu esquecer o problema. Tal foi a atitude consciente de N.N.; toda- via no seu inconsciente N.N. continuou a querer descobrir 0 canivete, de modo que o inconsciente ficou alerta. Ora, seis meses depois, a pessoa em foco sonhou que usava umas calcas velhas, abandonadas desde muito, e que |4 se encontrava o canivete. |m- pressionado, quis testar a veracidade do sonho e foi em busca das calcas. Na verdade, © canivete se encontrava num dos bolsos destas. Assim o inconsciente conseguira detectar no seu arquivo o fato que causara o desaparecimento do canivete. Na vida de cada dia, o inconsciente, durante 0 sono, pode ajudar-nos a desco- brir onde esto objetos perdidos. Principalmente a hipnose é eficaz, pois atinge as mais profundas camadas do inconsciente. Lig&o 2: A genialidade do inconsciente Esté provado que 0 nosso inconsciente é muito mais sdbio @ habil do que o consciente; chega, as vezes, a ser genial. Sim; hd pessoas que, em sono hipnético ou em 15 OCULTISMO sonambulismo, séo capazes de fazer 0 que nunca fariam de maneira consciente. Eis alguns dados historicos: Os escritores franceses La Fontaine, Condillac e Voltaire reconheceram que varios de seus escritos foram redigidos durante 0 sono. O mesmo se refere a respeito do poeta alem&o Goethe, que escreveu grande parte de seus trabalhos em sonambu- lismo. Afirma-se que Mozart ouvia interiormente as suas musicas antes de compé-las. Carlos Duisberg, quimico da fabrica de corantes Bayer, “inventou”’ durante o sono um novo corante, que, posto no mercado, rendeu milhdes de marcos a firma. Descobertas como a da cadeia benzinica, a da insulina e outras foram efetua- das em sono. O pesquisador francés Fehr afirma que os sdébios mais produtivos de seu tempo realizaram 75 a 100 por cento de suas descobertas e invencdes durante 0 sono. Conta-se o caso de um estudante holandés que procurava a solucdo de um pro- blema de matemética passado pelo professor. Trabalhou durante trés dias sem qual- quer resultado, Desanimado, foi-se deitar a altas horas da noite. Eis que na manha seguinte encontrou sobre a sua mesa uma folha de papel portadora de todo o racioct- nio matematico e da solugdo do problema, sem o mrnimo erro. A sua surpresa foi especialmente notével, pois 0 cdlculo empregado era melhor e mais simples do que o das tentativas anteriores. O inconsciente do proprio estudante havia produzido tal resultado! Narra-se também que um estudante de Filosofia foi visto por seus colegas a levantar-se durante a noite; passou para a sala de estudos e escreveu uma composi¢ao em versos latinos. No dia seguinte, ignorava tal facanha e pediu desculpas ao professor por nao ter tido tempo de executar o dever de casa! Hd casos em que a criatividade do inconsciente se torna genial. Foi o que se deu com a médium espirita Helena Smith: em poucos segundos inventava uma lingua “marciana”, adaptando palavras da sua I{ngua materna, a Unica que ela sabia. O pesqui- sador Flournoy desvendou o segredo dessa nova Ingua, que, segundo ele, “no passava de um decalque ou uma parddia das regras gramaticais do francés”. ‘Na realidade, o ser humano leva uma vida dupla: uma, durante o dia em vigilia, a outta durante a noite, adormecido. O que se chama “sono”, é apenas o repouso de um setor do eu; somente 0 corpo cansado e algumas de suas fungées é que necessitam de repouso; 0 outro setor nosso, entrementes, desconhece 0 sono; ele dispde de um arsenal de recursos incomparavelmente mais amplo do que o eu consciente. Os pesade- los sdo dramatizagées realizadas pelo inconsciente em resposta a estimulos, as vezes leves e discretos. O pesquisador A. Maury realizou uma série de provas em si mesmo: pediu aos seus colaboradores que, sem aviso prévio e sem ele suspeitar, Ihe causassem médicas excitacées, quando profundamente adormecido; em conseqiéncia, fizeram-lhe cécegas delicadas com uma pena de ave nos labios e no nariz. Maury sonhou entéo que 0 estavam submetendo a horrivel suplicio, colocando-lhe uma méascara de pixe na face; essa mascara posteriormente era arrancada, levando consigo a pele dos labios, do nariz e do rosto, Quando se destampava um vidro de agua de Colénia perto do cientista mergulhado no sono, ele sonhava que se achava numa perfumaria do Cairo, onde Ihe ocorriam as mais estranhas aventuras. Ligdo 3: Pantomnésia e Xenoglossia 3.1, Pantomnésia Dado que 0 nosso inconsciente é como um gravador que registra impressdes colhidas desde a infancia, compreende-se que ele possa ter uma meméria muito vasta, que hiperbolicamente € chamada pantomnésia (= meméria de tudo, em grego). Isto jé era reconhecido por Emmanuel Swedenborg (1688-1772), mistico e psicologo sueco: “Tudo aquilo que 0 homem ovve, vé, ou sente de qualquer modo, insinua-se em sua meméria interior, sem que 0 sujeito tenha conhecimento disto. Tudo ai se con- serva e nada se perde, ainda que as impresses recebidas fiquem obliteradas na memé- ria, A meméria interior é tal que se acham nela inscritos todos os fatos particulares e ‘ntimos que em qualquer tempo o individuo tenha experimentado... Com as mais minuciosas circunstancias desde a primeira inféncia até a extrema velhice”. 16 CCOCCCECECCECCCCCCCCCECCCECOCCCECCECCCCCEECE CEE 39FFFTHDFFHHFHHFFHFFFFHFHIHFDFDHHIFI99I9II399 4. ARQUIVO DO INCONSCIENTE... ‘A pantomnésia explica os casos do “jd visto” (déja vu). Com efeito; ha pes: s0as que, chegando a determinado lugar, declaram que j4 0 conhecem, sem nunca ter estado 14, Ora, quem investiga melhor © passado de tais pessoas, verifica que ou j4 estiveram Id em remota inféncia ou jé viram fotografia de tal lugar. Eis um caso tipico: Certo dia no Rio Grande do Sul uma jovem de dezesseis anos visitou um Grupo Escolar e pds-se a afirmar que j4 0 conhecia, embora nunca tivesse estado ali. As pro- fessoras da Escola, impressionadas, quiseram testar a veracidade desta declarago, pe- dindo que a jovem descrevesse as salas antes de se abrirem as portas. A visitante acer- tou, exceto num caso: disse que determinada sala era o Gabinete da Diretora, quando na verdade era o depésito de material de limpeza. Os familiares da jovem se angustia- ram, porque alguns espiritas hes disseram que isso era prova evidente de que a meni- na tinha estado naquela Escola numa encarnagio anterior; sendo catdlicos, os pais da jovem no quiseram admitir tal explicacdo; esta, aliés, era absurda, porque a Escola do era muito antiga. Os interessados puseram-se entdo a pesquisar a historia do grupo, e verificaram que no primeiro ano de funcionamento do mesmo a sala designada pela jovem como Gabinete da Diretora havia sido realmente isso. No momento da visita, porém, nenhuma professora da casa conhecia esse pormenor, pois eram todas recentes no estabelecimento. Foi também averiguado que no ano de inaugura¢ao da escola uma tia da jovem esteve em visita ao grupo, levando nos bracos a menina de um ano de idade. Aliés, jé se fizeram experiéncias com criangas pequenas: leram-se para elas lon- gos trechos de livros, que certamente elas n3o entendiam; mais tarde, como adultos submetidos 2 hipnose, repetiram com exatidéo o que em tenra idade haviam ouvido sem entender. Cita-se também 0 caso de um acougueiro que, em momentos de descon- trole, citava paginas e paginas da obra-prima “Fedra” do poeta francés Jean Baptiste Racine (t 1699); como um homem de téo pouca cultura podia fazer isso? Nao estaria sendo inspirado pelo proprio espirito desencarnado de Racine? Tal explicacao seria arbitréria e indtil; o proprio acougueiro confessou que, em idade infantil, ouvira uma vez a leitura daquela tragédia de Racine. Em nossos dias, quando se conhece o fend- meno da pantomnésia, esta noticia é suficiente para elucidar 0 caso. 3.2. Xenoglossia Em grego, xénos significa estrangeiro, e glésse, lingua ou idioma. Por conse- guinte, a xenoglossia é o falar Ifngua(s) estrangeira(s). A xenoglossia, em ambientes meditinicos, é tida como sinal de que um espirito do além se incorporou num médium e fala por ele. Ora atualmente esta concep¢do estd ultrapassada. Se o inconsciente grava todas as impressdes que recebe desde a infancia, é claro que guarda também as palavras e as frases que Ihe ocorrem em lingua estrangeira. Quem ouve, talvez ndo faga caso do que ouve ou talvez o esquega; em transe, porém, profere-o com grande surpresa para os ouvintes e para o préprio locutor. Para ilustrar fendmeno, o Pe. Edvino Friderichs S.J. conta o seguinte caso: Certa vez na Faculdade de Medicina da Santa Casa, em Porto Alegre, 0 Pe. Edvino deu uma conferéncia sobre reflexos condicionados. Hipnotizou entao um rapaz até cair em sono profundo, a fim de mostrar a técnica da hipnose e como se deve recon- duzir 0 paciente 4 normalidade. No decurso da experiéncia, os colegas do estudante su- geriram que o hipnotizador induzisse o rapaz a fazer um discurso em alemao. O rapaz era timido, mas altamente inteligente; nada sabia de alemao. Foi precisamente por isto que 0s colegas fizeram tal sugesto. Atendendo aos estudantes, disse entdo o Pe. Edvino ao jovem hipnotizado: “Atengéo| Vocé agora 6 um grande tribuno popular. Vocé vai aqui, diante de professores ¢ alunos, seus colegas, fazer um discurso inflamado; mas, preste atencao, discurso deverd ser em alemio!”. © rapaz em transe fez sinal afirmativo; aprumou-se, e, sem a menor inibigdo (a hipnose tira toda inibigSo), comegou... Declamou entéo um trecho de discurso de Adolf Hitler que ele, tempos atras, ouvira em gravacdo. Apesar de ndo conhecer o ale- mio, falou razoavelmente, dando muita énfase as palavras e arremedando o Fuhrer. O éxito fora completo. — O que ocorreu, foi um auténtico caso de xenoglossia de origem 17 BEES ee EES ESS eee eee eee . OCULTISMO pantomnésica. Ver E. Friderichs, Panorama da Parapsicologia ao alcance de todos. Ed. Loyola 1979, p. 95. Levemos em consideraco ainda outros casos: Certa vez, uma mulher em estado hipndtico recitou fluentemente longos tre- chos da Biblia em hebraico, apesar de ndo conhecer uma palavra dessa lingua quando acordada. O estranho fato foi submetido a pesquisas... Descobriu-se entéo que ela simplesmente repetia 0 que ouvira de um rabino que tinha ohdbito de ler a Biblia hebraica em voz alta; quando jovem, tal mulher fora empregada em casa desse mestre. ‘Aconteceu também que uma jovem quase analfabeta foi colocada em sono hipnético e recitou um longo texto oratdrio em latim, lingua que ela desconhecia por completo. A moca foi interrogada a respeito de seus antecedentes; narrou entéo que, anos antes, um tio seu recitara aquele mesmo texto perto do quarto de dormir da jovem, que naquela ocasido se achava enferma. Nao se deve confundir o fenémeno parapsicolégico da xenoglossia com o dom das Ifnguas ou a glossolalia de que fala So Paulo (ver 1Cor 14,2-25). Esta é uma dadiva de Deus destinada ao louvor do Senhor e a edificagdo dos irmos; por isto 0 Apéstolo menciona a necessidade do dom de interpretacdo para que a comunidade seja beneficia- da pela glossolalia. Como se vé, tal carisma nao depende de pantomnésia ou de fatores psicoldgicos, mas é pura graca de Deus, que hd de ser entendida estritamente no con- texto da fé. Com a pantomnésia se liga ainda o fenémeno dos meninos-prodigio: j4 na infancia ou na adolescéncia mostram tais conhecimentos de matemética ou de artes que ultrapassam as previsées normais; dai a impressdo, professada por muitos observadores, de que ja nasceram sabendo e estdo apenas recordando nogées aprendidas numa encar- nagao anterior. Mozart, por exemplo, aos quatro anos de idade jd apresentava composi- ges musicais, e aos onze anos realizava pequenas dperas; Beethoven aos dez anos jé manifestava seu talento musical. Gauss resolvia problemas de aritmeética aos trés anos de idade; William Hamilton aprendeu hebraico aos trés anos e aos treze falava doze idiomas. — A interpretagdo reencarnacionista é gratuita e desnecesséria, pois — hé certo exagero ao se descrever a genialidade de tais criangas; muitas delas revelam ter inteligéncia perspicaz, agucada pelo exemplo e a pratica do pai; tal foi, sem duvida, 0 caso de Blaise Pascal, que ndo pode ser tido como prodigioso; —a maioria dessas criancas perde a genialidade apés certo tempo; raramente chegam a tornar-se talentos na historia da humanidade; mais freqientemente as crian- as néo talentosas, mas dotadas de desenvolvimento normal do cérebro, chegam a ser homens de grande importancia ou mesmo geniais; — as criangas-prodigio sobressaem apenas num setor (geralmente matematica ou mésica); nas outras suas manifestacdes comportam-se como as demais criancas, tendo suas infantilidades e, por vezes, no sabendo conversar nem mesmo sobre bana- lidades. Os fatos narrados neste Médulo e a reflexdo sobre os mesmos contribuem efi- cazmente para dissipar as explicagdes por interven¢ao do além ou por reencarnacao. kkk PERGUNTAS 1) Que 0 inconsciente? Qual 0 seu poder? 2) Vocé conhece algum caso de atividade inconsciente no seu émbito de residéncia ou de tra- balho? 3) Que é a pantomnésia? Conhece algum exemplo? 4) Que 6 a xenoglossia? Como se distingue do dom cristo das Iinguas? 5) Como avaliar 0 caso dos meninos-prodigio? Escreva suas respostas em folhas a parte e mande-as, com 0 nome e 0 endereco do cursista, para: CURSOS POR CORRESPONDENCIA, Caixa Postal 1362, 20001 - RIO DE JANEIRO (Ru). 18 SOHOHSOSSHSSHSSHONHSSHSHSSSHSHOSSHOHOHSHSHHOSSHOHSSOOOCE SEE e @ e e a e e e e e e e e @ e @ @ e e e @ e e ® e e e e @ e e e e e @ @ ® e e @ e ESCOLA “MATER ECCLESIAE"” CURSO POR CORRESPONDENCIA: O OCULTISMO SERIE I: FENOMENOS MEDIUNICOS Médulo 5: CURAS MARAVILHOSAS (1) Um dos fatores que mais clientes atraem ao Espiritismo, é 0 desejo de obter curas maravilhosas por doencas que a medicina n&o consegue eliminar ou para tratar das quais 0 paciente ndo tem os necessdrios recursos financeiros. De resto, a prdtica da medicina nao cient/fica, mas ‘“‘mistica’’, sempre esteve em voga, constituindo o que se chama “‘o curandeirismo”. Abordaremos este amplo setor de estudos, considerando, antes do mais, um preliminar importante. Ligdo 1: Doengas e “‘doengas”” Toda doenga € psicossomética, isto 6, afeta o fisico (soma) e 0 psiquico do Paciente. Hd, porém, doencas mais acentuadamente ligadas ao psiquico (séo as doen- cas ditas “funcionais”) e¢ outras mais fortemente ligadas ao fisico (séo as doencas organicas). ‘As doengas funcionais esto muito relacionadas com fatores emotivos, que causam certo bloqueio do sistema nervoso e, conseqiientemente, disfuncdo ou para- lisia de 6rgos ou sistemas do organismo. Tais séo certas moléstias da pele (eczema, verrugas, urticaria, furunculose), asma, tilcera do estémago, angina do peito, insuficién- cia hepatica, colite, hemorragias... Visto que a causa destas doencas é freqiientemente um bloqueio psiquico, basta eliminar esse bloqueio pela sugesto, pela transmissio de otimismo e confianga, para que a moléstia desapareca. As doencas organicas sfo as que decorrem de uma lesdio ou agressdo ao fisico: © cancer, a cegueira por perda do nervo ético, as fraturas... Estas ndo dependem tanto de sugestdo; por isto nao sao curadas por vias “‘misticas”, a0 passo que as primeiras o podem ser. Além disto, observemos que hd doengas ilusérias... Certas pessoas de boa fé apresentam todos os sintomas de doencas funcionais ou mesmo organicas. Na verdade, porém, ndo sofrem sendo dos efeitos de sua sugestionabilidade. Em tais casos, o curan- deiro pode produzir “‘curas maravilhosas”. Ha também doencas mal diagnosticadas tidas como graves, quando na verdade n&o 0 séo, Apés a cura, proclama-se a ocorréncia de milagre, quando na realidade no o houve. Feita esta observacao preliminar, passamos a estudar as diversas modalidades da medicina nao cient/fica. Ligdo 2: As curas do Espiritismo e do moderno Protestantismo O Espiritismo anuncia curas mediante passes e limpeza do corpo; a Umbanda utiliza rituais mais ou menos complexos; 0 moderno Protestantismo diz curar através de dons do Espirito Santo. Em todos esses casos, pode-se dizer que nfo hé mais do que psicoterapia baseada na sugesto: auto-sugestdo, hétero-sugestéo, sugestdo coletiva do ambiente, contagio mental, sugest&o hipnética ou letargica... Quem vai a um centro espfrita com forte dor de dente ou de cabeca ou com grande cansaco mental, é submetido a um processo de sugestdo por parte do médium que Ihe aplica gestos e passes “capazes de afastar o espirito encostado’’. Se o paciente acredita que de fato esté doente por causa de um encosto e se dé fé aos gestos dos médiuns, é légico que, apés a aplicagdo do cerimonial, se sentiré aliviado ou curado, porque “‘terd sido afastada a causa do mal-es- tar ou 0 espirito encostado”. OCULTISMO Paralelamente, se alguém vai a uma igreja protestante acreditando que o dem6- nio Ihe causa tal ou tal enfermidade, logo apés a aplicacdo do “exorcismo” ou da “béngao” pelo pastor hd de se sentir bem ou curado. O Pe. Edvino Friderichs conta a experiéncia pessoal num centro esp/rita: “Numa sessio, no Rio, ao receber passes, a médium me disse a certa altura: “0 Sr. esta carregado de maus espiritos; devemos ir, sem demora, 4 mesa da caridade!” Levou-me para 0 centro da sala, onde se achavam 4 mesa os médiuns mais desenvolvi- dos. La fez-me encostar a cabeca na mesa, estabelecendo com os médiuns de um e de outro lado uma corrente de descarga. Estes, incontinenti, comecaram a manifestar violentos tremores @ convulsées, dando verdadeiros saltos. Por este processo fiquei li- ve (|) dos espiritos trevosos que me andavam prejudicando, servindo os médiuns de condutores para a eficiente descarga. Quem acreditasse nessa fenomenologia magica, sentir-se-ia grandemente influenciado para o bem-estar, a0 passo que eu nao senti coi- sa alguma, motivado pela minha total auséncia de fé em quejandas magicas. Mais uma prova de que é a pura sugestdo que decide e no algum outro fator” (Onde os Espi- ritos baixam. Ed. Loyola 1979, p. 55). Muitos outros exemplos poder-se-iam citar para mostrar que é a pura sugestdo que funciona nas artes do curandeirismo. Pergunta-se, porém: se a acdo do curandeiro cura por sugestdo, por que a acdo do médico ndo tem a mesma forca sugestionante? Na verdade, hd pacientes que passam pelos médicos sem obter resultados, mas sob os cuidados do curandeirismo se dizem sanados. A resposta ndo é dificil: a ago do médico é freqientemente muito objetiva; ele nfo trata o doente, mas a doenca. Ao contrario, a aco do curandeiro essencial- mente subjetiva; ela se exerce sobre 0 doente, e no sobre a doenca. Diante do médico, o doente toma uma atitude timida e fechada, pois a superioridade fria do médico o assusta., Ao invés, entre 0 curandeiro e seu cliente hé um relacionamento de intensa afetividade: “ele é 0 grande homem, o milagreiro que jd curou a tantos, Unico que ainda poderd salvar o paciente!”. Levemos em conta a aura de mistério que cerca o curandeiro benfazejo: o proprio local de atendimento onde reina concentragdo anormal ou o frenesi coletivo de uma massa fanatizada; as conversas sobre casos maravilhosos jé ocorridos e que os clien- tes vao recordando durante o tempo de longa espera do seu atendimento; os meios mirabolantes dos passes, dos toques, das insuflagdes ou os berros e as exclamacdes daqueles que “esconjuram o deménio”, e daqueles dos quais saem os maus espiritos; a ansia de recuperar a satide, custe 0 que custar... Isto tudo contribui para suscitar no paciente a mais inabaldvel certeza de que seré curado, se se entregar sem resisténcia a ac&o do curandeiro (ou do pastor “‘exorcista’’). Se a doenga nao for organica (como parece que, de fato, ndo é em 83% dos casos), 0 curandeiro conseguird resultados que © médico seria incapaz de obter. Também 6 de notar que freqiientemente os médicos dizem ao hipocondria- co! que ele nao tem doenca, mas imagina té-la. Muitos pacientes, com isto, sentem-se incompreendidos e ofendidos. O curandeiro, porém, j4 pelo fato de ter pouca instru- ‘do, ndo fala assim. Em vez de negar a doenca, promete ao cliente que seré curado ou jd esté curado. Ora a psicologia reconhece que 0 procedimento do curandeiro é mais eficaz do que 0 do médico, no caso. Ligdio 3: Operagées pelo Astral Algo que muito impressiona 0 piblico so as chamadas operages (intervenges cirdrgicas) atribuidas a médicos do astral (Dr. Fritz, por exemplo) por médiuns como Zé Arig6, Edson de Queiroz e outros. | Hipocondriaco = pessoa que se preocupa @:.cessivamente com a propria satide, imaginando doencas. 20 SOCHOHHHOHHSSHOSHSSHOHOHOHOHOHOSSHOKSHOOSSOOSCSCHOSOSSCOCOCE 99H FDFDDDFAFHFFHF9HHHHGHFHFHFDFVH9FIF9IHVIIIVGD 5. CURAS MARAVILHOSAS (1) , 1, Antes de abordarmos o assunto, impée-se uma observagdo: nao se deve dar f&cil crédito a proclamagdo de fenémenos portentosos (especialmente curas médicas e cirdrgicas), mas, antes de procurar-thes a explicacdo, é necessdrio investigar exatamen- te se houve algum fato extraordindrio e em que consistiu propriamente. Portanto a quem anuncia uma cura é preciso pedi 1) uma declaragao médica a respeito da doenca ou do estado de satide da pessoa em foco antes de passar pelo “‘tratamento” esp/rita; 2)uma declaracdo médica atestando a cura total e duradoura da moléstia por via inexplicdvel aos olhos da ciéncia. Sem estes atestados, poderfamos estar procurando as causas de milagres que nunca houve, embora o paciente se diga curado. Quem deve dizer se houve realmente cura, 6 0 médico, apés fazer os devidos exames cientificos. A seriedade e honestidade cient/fica é imprescindivel em tais casos. 2. Vejamos agora como explicar as operacdes por médicos do astral. Trés fato- res desempenham af papel importante: 1) A sugestdo tanto do médium como do paciente. Ambos acreditam que um espitito desencarnado esté para baixar e incorporar-se no médium. Este entdo desem- penha o papel do Dr. Fritz, por exemplo, assumindo 0 tom de voz e 0 sotaque alemao do mesmo... O paciente, por sua vez, se desbloqueia e predispde a se julgar curado...; isto pode valer-Ihe a supressao das dores; estas passam realmente por efeito da sugestio hipnética, deixando a impresso de cura. Ora, isto € perigoso, pois o enfermo deixa de se tratar cientificamente, permitindo que o mal nao eliminado continue a ado deleté- ria no seu organismo; quando mais tarde procurar a medicina, poderd o caso j4 ndo ter solug3o. 2) Anestesia hipnotica. Os pacientes operados pelo astral dizem nao sentir dor, embora ndo sofram anestesia quimica. Na verdade, além desta, existe a anestesia hipnotica. Com efeito; nos estados profundos de hipnose e de transe, a pessoa ndo sen- te dor; é insensivel a qualquer estimulo externo. E famoso 0 caso do poeta Dante Alighieri (1321), que, profundamente concentrado, ndo percebeu uma multiddo que passava ao seu lado. Mas ndo s6 em sono hipnético se realiza a analgesia. Também em pessoas acor- dadas se podem obter os efeitos da sugestdo. No caso das operagGes pelo astral, a con- fianca no médico famoso que “‘baixara’',a certeza da per/cia do médium, a expecta- tiva sofrega da cura e fatores semelhantes condicionam o paciente para que se com- porte heroicamente sem se deixar afetar por dor alguma. O médium pode recorrer & sugestao direta (“Nao sentirds dor!’’), mas também pode servir-se da sugestdo indireta, que é mais eficaz: simule, por exemplo, dar uma injecdo anestésica. Conta-se o caso do Dr. Golden, que realizou experiéncias de analgesia indireta em pacientes que sofriam de dores atrozes (de pleuresia aguda, ulcera pépsica. Introduzia na regido dolorida uma agulha hipodérmica unida a uma seringa, estan 0s pacientes em plena vigilia. O médico nio dava sugestdo ao enfermo, mas sussurrava 3 enfermeira, de modo que o paciente ouvisse, estar aplicando um analgésico de extra- ordindria eficécia, mediante o qual a dor desapareceria completamente dentro de dois minutos. Aplicada a tdtica, 0 médico interrogava o paciente a respeito da dor e veri- ficava que este se dizia isento dela dentro de dois minutos aproximadamente, como the fora sugerido. Hé outras maneiras de induzir a insensibilidade. O Dr. Leriche informou que a certos camponeses russos bastava dar um {cone (imagem sagrada), diante do qual reza- riam durante intervencées cirtirgicas, para que nao sentissem dor; desta forma Leriche amputou trés dedos de um cossaco e 0 pé de outro sem que os pacientes, acordados, sentissem dor. Em certos pa/ses, as maes, para acalmar as criancas que se machucam, usam remédios aparentemente ridiculos, mas eficazes; assim, por exemplo, 0 sopro sobre o ferimento, o passar suave da mao sobre a lesdo, 0 castigo ao elemento que causou 0 trauma... Se 6 grande a confianca que a crianga tem em sua mae, bastam tais gestos para que se sinta logo bem. Ora os curandeiros, os “’médicos do astral’, os pas- tores “exorcistas” fazem ritos semelhantes para ‘‘afastar espfritos maus e atrair guias bons”, conseguinlo assim a analgesia. 2 OCULTISMO 3) HA também o médium, que nao é guiado por médico algum do astral ou rea- liza truques, fingindo estar cortando o organismo e extraindo tumores, ou realiza pe- quenas intervencdes com habilidade, dando a impressio de estar praticando auténtica cirurgia. No tocante aos truques, tornou-se famoso no Brasil o médium Lourival de Freitas, que, nos idos de 1957, dizia receber o Imperador Nero para efetuar curas cirdrgicas, em reparacdo dos crimes cometidos outrora por esse soberano de Roma. Assim, por exemplo, Nero praticava “a extragdo de am/gdalas” ou de tumores, que saiam pela boca. E como? Introduzia habilmente na boca do paciente, juntamente com as pontas das tesouras e de facas usadas para a “operacao", mitidos de frango conten- do (por injecdo) anilina vermelha ou sangue; trabalhava com as tesouras dentro da boca do paciente, e, ao dar por encerrado o seu trabalho, mostrava os mitidos de frango como se fossem as carnes ou o tumor extrafdos do enfermo. Atesta o Pe. Quevedo: “Possuimos um filme de uma destas operacées realizadas por Nero. Antes do ‘corte’ das amigdalas, aproveitando-se de um descuido de Nero, a cdmara jé filmara os mitidos de frango na boca do paciente. Haviam sido introduzidos de anteméo. .. Um dentista se prestava a farsa! Pretendiam com isso enganar a TV da Alemanha Federal (Produces Provobis).. Para impressionar melhor e dar visos de autenticidade as ‘operacdes’, Nero recorria 4 vulgar técnica de dar umas pontadas na incisio ou de atravessar as macas do rosto do paciente com uma fina agulha’” (Curandeirismo: um mal ou um bem? Ed. Loyola, pp. 260s). As vezes os médiuns realizam pequenas intervengdes, que so divulgadas como cirurgias maravilhosas. Assim, por exemplo, foram atribufdas a Zé Arig (José Pedro de Freitas) de Congonhas do Campo- operacées de catarata. Todavia Arigé nao fazia, no caso, sendo inserir uma faca ou canivete entre a palpebra e o globo ocular, como nao era raro fazerem jd os cirurgides-curandeiros antigos; na verdade, nao atingiam a catarata, mas eliminavam o pter{gio, membrana de forma triangular, cujo vértice se dirige para a cérnea, chegando até a cobri-la. Eis outro episédio significativo publicado pelo “Didrio da Noite” de Sdo Paulo aos 10/05/1949: “Em certo centro espitita anunciou-se uma operacéo de apendicite. Interes- sados e curiosos afluiram 4 sessao. Entre eles, um engenheiro espirita; maravilhado com a facilidade dos casos operatorios, feita a intervencao e aparecendo o apéndice num vidrinho com alcool, 0 engenheiro, que mais tarde contou 0 caso em palestra na Fede- racdo Espirita do Estado, pediu a peca extraida, para guardé-la como lembranca do grande acontecimento. Levou-a consigo e mandou examind-la para ver de que se tra- tava. Resultado: era um pedaco de tripa de galinha, transformado em apéndice pela habilidade do médium improvisado”. Os casos semelhantes so multiplos. kk RR PERGUNTAS 1) Qual a diferenca entre doencas funcionais e doencas orgénicas? 2) Qual 0 papel da sugestéo nas curas espiritas? 3) Como se explica a insensibilidade & dor verificada em operacdes espiritas? 4) Pode-se dizer que baixa um “médico do astral” para fazer intervencées cirtirgicas? 5) Vocé conhece algum caso de cura espirita? Poderia analisd-lo & luz dos principios enuncia- dos neste Médulo? Escreva suas respostas em folhas 4 parte, e mande-as, com o nome e o endereco do(a) cursis- ta, para: CURSOS POR CORRESPONDENCIA, Caixa Postal 1362, 20001 - RIO (Ru). 22 SOCHOHOHHHSSSSHSSHOHHOHSSHOSSHOHOHHOSSHOHOSHHOSHOOE OSCE GFFFDDHFFDFDFDHDFHFVF2DHFHFFFHHDFVVHIDFDIIDVIFVI9III9GVD ESCOLA “MATER ECCLESIAE” CURSO POR CORRESPONDENCIA: 0 OCULTISMO SERIE |: FENOMENOS MEDIUNICOS Médulo 6: CURAS MARAVILHOSAS (II) S80 multiplos os aspectos da medicina “maravilhosa"” 4 curandeira. Vejamos ainda a radiestesia e a telergia. Ligdo 1: Radiestesia A radiestesia professa que 0 corpo humano, assim como substéncias inanima- das, emitem radiages que podem ser captadas por uma pessoa sensitiva (médium ou radiestesista) mediante o uso de um péndulo. A identificagdo das radiagSes assim apreen- didas permitir4 descrever 0 sujeito emissor (estado de sauide, localizago no espago...). O péndulo pende de um fio que o radiestesista segura em sua mao; vibra de acordo com as radiag6es emitidas pelo corpo investigado; ao operador cabe identifi- car essas vibragdes. De modo especial, no trato com enfermos 0 radiestesista pode fazer a seguinte experiéncia: coloca um remédio na mao do paciente e faz pender 0 péndulo por cima dessa m&o; se o péndulo se move em determinada direcéo, o operador con- clui que o remédio é conveniente; se se agita na diregdo contrdria, o remédio é desacon- selhado; se fica parado, 0 remédio é inutil. Pela amplitude dos movimentos do péndu- lo, pode-se avaliar 0 grau de conveniéncia ou inconveniéncia do remédio e o grau de acerto ou erro do diagnéstico. Se nao utiliza péndulo, o radiestesista pode servir-se de um relégio de bolso pendente da sua corrente. Se acerta, o Espiritismo diz que o diagnéstico Ihe foi revelado por um esp(rito do além, quando na verdade a explicagao natural basta para dar conta do fendmeno. Tem-se aplicado 0 péndulo também a descoberta de objetos perdidos ou ocul- tos com resultados positivos. Eis um exemplo de historicidade comprovada: No Instituto Champagnat, dos Irmaos Maristas, em Porto Alegre, foi, ha tem- pos, roubado um pequeno motor. Como fizesse muita falta, o Sr. Alo(sio, velho radies- tesista, resolveu procuré-lo com o péndulo. Dirigiu-se entZo para o local onde funcio- nava o motor; estendeu Id a planta da cidade e concentrou sua ateng3o por tempo pro- longado, com um péndulo na mao. Ora verificou que o péndulo sO reagia quando colocado sobre determinada rua de Porto Alegre; permanecia “morto” ou imével sobre toda a restante superficie do mapa. O operador procurou definir bem 0 ponto em questo e comunicou-o a Policia, pedindo investigagéio do lugar... Eis que precisa- mente nas coordenadas indicadas pelo radiestesista os detetives puderam descobrir 0 ladr&o com o aparelho furtado! Ha outros casos bem sucedidos resultantes da aplicacdo da radiestesia. Mas este campo ainda é pouco explorado. A radiestesia também é praticada sem péndu- lo, especialmente quando se trata de diagnosticar molésitas: basta, 2s vezes, uma camisa, uma meia do paciente para que o radiestesista, captando os raios emitidos por tais corpos, possa identificar a doenca do enfermo. Em outros casos, sdo suficientes o nome e a idade do paciente para que 0 radiestesista, concentrando-se, percorra men- talmente o organismo do interessado e venha a sentir em seu proprio corpo aquilo que o enfermo esta sentindo. Mais facil ainda é o diagnéstico em presenga do cliente mesmo. A tatica da concentragao e da radiestesia é muito utilizada no Espiritismo e na Umbanda. Apesar de obter sucessos, a radiestesia é tida como um processo inseguro e mui- to sujeito a erros. Este juizo é confirmado por um depoimento do Dr. Silva Mello na sua obra Mistérios e Realidades deste e do outro mundo: 23

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