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Há um anjo azul no telhado da esquina, sentindo-se abandonado,

buscando o afeto de um paraíso esquecido.

Há pessoas perdidas na avenida central, correndo desesperadas, com


medo dos mendigos.

Há crianças esfomeadas nas ruas sem saída, desencontradas da vida,


pedindo brinquedos.

Há amores vazios, celebrados inutilmente, com festas brilhantes em um


motel decadente.

Há mentiras montadas no pátio da casa principal, com juízes obscuros


lamentando os privilégios.

Há um mundo envolvido em azares permanentes, desfeito pela


emboscada dos cinismos cinzentos.

Há uma história contada na porta do inferno, cheia de fantasmas fugindo


do cais iluminado.

Há um fim sem nome e uma profecia despertencida, jogados num lixo


que sobrou do luxo das minorias.

Fonte: https://www.astuciadeulisses.com.br/anjo-azul-existencias/

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