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E2 Gequ
E2 Gequ
QUALIDADE
Mariana Bonome
E-book 2
Neste E-Book:
Introdução���������������������������������������������������� 3
Análise de resultados e ações
corretivas ����������������������������������������������������� 5
Gestão da rotina�������������������������������������������������������5
Análise de desempenho de processos via
indicadores������������������������������������������������������������ 11
Brainstorming como auxílio na tomada de
decisões���������������������������������������������������������������� 18
Elaboração de planos de ação com 5W2H��������� 30
Considerações finais������������������������������ 35
Síntese��������������������������������������������������������� 37
2
INTRODUÇÃO
Neste módulo, vamos aprofundar os conhecimen-
tos sobre uma das práticas essenciais da Gestão da
Qualidade: a gestão da rotina. Por meio dela, pode-
mos observar quão eficazes foram os planos inicial-
mente estabelecidos para um Sistema de Gestão da
Qualidade (SGQ) ou um Sistema de Gestão Integrada
(SGI), ou ainda, quais as deficiências identificadas no
cotidiano do SGQ ou SGI. Para auxiliá-lo no exercício
da gestão da rotina, duas ferramentas serão apresen-
tadas: o Diagrama SIPOC e o Diagrama da Tartaruga.
3
pico, o qual apresentará a necessidade de organizar
pessoas e processos de modo a implantar as deci-
sões tomadas para corrigir os efeitos e as causas
identificadas. Observaremos como é importante que
as tratativas, denominadas “ações corretivas”, sejam
planejadas e implantadas com precisão e clareza.
Para tanto, estudaremos como aplicar a ferramenta
5W2H, amplamente utilizada nas organizações para
facilitar a estruturação de ações corretivas eficazes.
Vamos começar?
4
ANÁLISE DE RESULTADOS
E AÇÕES CORRETIVAS
Neste tópico, você conhecerá mais sobre a gestão
da rotina e sua importância para a sustentação de
um SGQ ou SGI. Em seguida, poderá ampliar seus
conhecimentos sobre indicadores, estudando como
analisar seus resultados e suas causas, de modo a
melhorar a qualidade das decisões adotadas. Você
também será apresentado à ferramenta brainstor-
ming, utilizada não apenas para analisar causas de
desvios, mas também para facilitar processos deci-
sórios. Por fim, você aprenderá o que é a ferramenta
5W2H e como utilizá-la para elaborar ações corretivas
realmente capazes de superar os efeitos e as causas
dos problemas identificados nos processos.
Gestão da rotina
A gestão da rotina, também conhecida como geren-
ciamento da rotina, é a peça-chave para assegurar a
efetiva realização do desdobramento de objetivos e
metas estratégicas em uma organização (CAMPOS,
2013; CARPINETTI, 2016). Este desdobramento é um
dos processos essenciais da Gestão da Qualidade,
como estudamos anteriormente.
5
pelas diretrizes. A relação entre estratégia, gerencia-
mento pelas diretrizes e gestão da rotina é ilustrada
na Figura 1.
Estratégia organizacional
Gestão da Qualidade
Gerenciamento pelas
diretrizes (Hoshin Kanri)
Gestão da
rotina
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• Analisar o ambiente interno e os resultados atuais
de indicadores de desempenho;
• Estabelecer objetivos e metas;
• Formular as diretrizes para os processos, asse-
gurando que estejam alinhadas com os objetivos e
metas anteriormente definidos;
• Priorizar as diretrizes de acordo com a relevância
de cada uma delas, Para tanto, deve-se considerar
o impacto das diretrizes:
No relacionamento com os clientes,
No aproveitamento de oportunidades de me-
lhoria identificadas nos processos, e
Nas chances de obter e/ou ampliar vantagens
competitivas para a organização;
• Divulgar as diretrizes estabelecidas para a organi-
zação como um todo.
7
1. Definir claramente
responsabilidades e autoridades
8
Há algumas ferramentas relevantes para a execução da
primeira e da segunda etapa da gestão da rotina. Além
do fluxograma, apresentado na disciplina “Diagnóstico da
Qualidade”, pode-se recorrer ao Diagrama SIPOC para ma-
pear o estado atual dos processos. Este diagrama permite
identificar a sequência de atividades de um processo, os
responsáveis por sua execução, além dos insumos neces-
sários e os resultados esperados do processo (ABPMP,
2013; CARPINETTI, 2016). Seu preenchimento é simples,
sendo recomendada a presença do maior número possí-
vel de envolvidos no processo para que o conteúdo gerado
seja relevante e preciso. A Tabela 1 esclarece como é um
Diagrama SIPOC e os detalhes de seu preenchimento.
Podcast 1
9
Outra ferramenta que pode facilitar as etapas 1 e 2 da
gestão da rotina é denominada Diagrama de Tartaruga.
Sua origem remonta às primeiras edições da norma
IATF 16949, cujo conteúdo é reconhecido por seu rigor
e eficácia na melhoria contínua de sistemas de gestão
direcionados para a fabricação de veículos e autopeças
(CARPINETTI, GEROLANO, 2016; IATF, 2016).
Recursos
Responsáveis Saídas necessários à
pela excecução excecução
Processo
Métodos de Indicadores de
execução desempenho
Entrada
10
A título de curiosidade, o Diagrama da Tartaruga
tem esse nome devido à disposição de seus cam-
pos guardar semelhanças com o casco, as patas e
a cauda de uma tartaruga.
Análise de desempenho de
processos via indicadores
Na disciplina “Diagnóstico da Qualidade”, aprende-
mos o que são indicadores de desempenho e os
passos necessários para sua elaboração, implanta-
ção e comunicação nas organizações. Neste tópico,
veremos como é possível analisar o desempenho de
processos utilizando indicadores de desempenho.
11
estabelecer e analisar os resultados dos indicadores
nas organizações têm origem na grande atenção
dedicada aos resultados (efeitos) dos processos,
aliada a pouca dedicação atribuída à compreensão
das causas desses resultados. Essa disparidade de
prioridades pode ser fonte de improdutividade para
as organizações, requerendo equilíbrio entre busca
por resultados e saneamento das fontes de falhas,
desvios ou resultados abaixo do esperado.
Equilíbrio é a chave
Sugere-se que a análise de indicadores comece pela
verificação da existência e da relevância dos indica-
dores classificados como “itens de controle” e “itens
de verificação”, no sistema de indicadores vigente
na organização. Os indicadores conhecidos como
“itens de controle” denotam se foram atingidas as
metas estabelecidas para os resultados dos pro-
cessos, produtos ou serviços por eles medidos. Já
os indicadores denominados “itens de verificação”
revelam como está o andamento de um processo em
execução, permitindo ações antecipadas, capazes
de melhorar os resultados aferidos pelos “itens de
controle” (FNQ, 2013).
12
Bons indicadores de desempenho devem apresentar
dados confiáveis, permitindo que as decisões toma-
das sejam baseadas em fatos e dados, não em supo-
sições (FNQ, 2013). Toledo et al. (2017) destacam os
seguintes cuidados para assegurar a confiabilidade
dos indicadores:
• Estabelecer previamente a metodologia de coleta
e análise de dados, comunicando-a abertamente
pela organização;
• Definir e comunicar políticas de confidencialida-
de relativas aos dados e resultados, sempre que
necessário;
• Garantir a confiabilidade dos aplicativos e dos
equipamentos utilizados na coleta de dados e na
posterior análise;
• Assegurar o envolvimento de todos os integrantes
nas atividades de coleta, análise e divulgação de
resultados;
• Disseminar as lições aprendidas ao longo dos pro-
cessos de coleta, análise e divulgação de resultados
dos indicadores.
13
indicador “satisfação dos clientes” apresentou, em
maio de certo ano, queda de 10 pontos percentuais
em relação aos resultados do mês anterior. A apli-
cação dos Cinco Porquês para analisar as causas
desta queda de desempenho do indicador pode ser
conferida no Quadro 1.
14
Porque, segundo a equipe Porque, conforme os gestores
de manutenção do site, de Logística e de Compras, o
houve uma falha de pro- contrato com a transportado-
gramação ao introduzir no ra venceria apenas em junho.
sistema os produtos pro- Contudo, essa empresa
mocionais e seus preços terceirizada queria antecipar
diferenciados. a renovação contratual e, de-
vido a falhas internas dessa
4. Por que houve falha de empresa, houve o entendi-
programação? mento de o contrato já havia
se encerrado.
Porque, segundo a
equipe responsável pela Causa raiz detectada.
manutenção do site, a
área Comercial forneceu
parâmetros incorretos
para incluir os produtos
promocionais no sistema
do site.
15
Observe que a primeira questão gerou duas respos-
tas. Sempre que duas ou mais respostas surgirem
após a aplicação de um “por que”, é importante que
as causas de todas as respostas sejam investigadas,
como ocorreu na Quadro 1.
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Mão de obra
Qualificação ou preparo
do executanteda tarefa
- Atraso do Comercial no
fornecimento de parâmetro
Meio Ambiente
Layout, espaço para prohramar os produtos
disponível, mobilia, promocionais
etc. - Lentidão no processo
decisório
Método
Regras para executar
tarefa, procedimentos,
intruções de trabalho,
normas, etc.
Medição
Presença ou não se - Lentidão no processo
indicadores, sua forma
de cálculos e fontes, decisório do Comercial
uso de seus - Atraso nas entregas
resultados - Transportadora tercerizada
não cumpriu o prazo para
efetuar as entregas
- Transportadora entendeu que
o contrato com a empresa “X”
havia terminado
Máquina
Matéria-prima Maquinário, sistemas,
Insumos físicos, computadores e
informações, bancos de
dados
aplicativos.
Problema:
queda de 10 pp no
indicador de satisfação
de clientes
17
Além de utilizar ferramentas da qualidade e contar com
o uso de fontes fidedignas para conduzir e embasar
análises de causa raiz, o profissional da qualidade deve
zelar para que sua análise envolva ao menos os res-
ponsáveis pela gestão e execução dos processos cujos
indicadores tiveram desempenho abaixo do esperado.
18
Brainstorming como auxílio na
tomada de decisões
A técnica de estímulo à criatividade conhecida como
brainstorming, tempestade de ideias ou tempestade
cerebral surgiu no início da década de 1940. Sua criação
é atribuída ao publicitário Alex Osborn, o qual percebeu
que a formulação, em grupo, de ideias para campa-
nhas era mais eficaz e rápida do que quando realiza-
da isoladamente pelos funcionários de sua empresa
(CARPINETTI; GEROLANO, 2016; PALADINI, 2019).
19
ming. Ao iniciar a reunião, o mediador deve comunicar,
de modo claro e objetivo, aos participantes o assunto a
ser analisado, seja ele uma investigação de causas de
um problema ou mesmo a criação de novos produtos,
serviços, processos ou planos de ação (CARPINETTI;
GEROLANO, 2016; PALADINI, 2019).
20
haja desvios excessivos em relação ao assunto a ser
analisado. O mediador precisa buscar preferencial-
mente um equilíbrio entre o estímulo à criatividade
dos participantes e a manutenção do foco no objetivo
proposto para o brainstorming.
21
cionamento dos participantes quanto às ideias for-
muladas. A pertinência ou viabilidade de ideias deve
ser analisada independentemente do cargo ou po-
sição de seu proponente (CARPINETTI; GEROLANO,
2016; PALADINI, 2019).
22
Verificaremos, a seguir, qual foi o resultado da apli-
cação do brainstorming no caso da empresa “X” de
cosméticos, abordado no tópico 2.2 deste módulo. A
equipe da empresa “X” registrou ideias em blocos de
papel adesivos, cujo conteúdo e quantidades podem
ser conferidos na Figura 5.
4 menções 2 menções
Ter um relacionamento
Padronizar os mais próximo com a
transportadora, porque
processos do é empresa com
Comercial, para atuação no RJ
decidir parâmetros
promocionais
3 menções
5 menções Criar um checklist
para equipe comercial
utilizar antes de repassar
os parâmetros para
Substituir a equipe de manutenção
transportadora do site
porque há
concorrentes com
competência
equivalente
23
Uma vez formuladas as ideias e concluído o brains-
torming, é importante estabelecer critérios para se-
lecionar e priorizar os resultados obtidos. É possí-
vel utilizar matrizes de priorização para orientar tais
atividades. Dentre as diversas matrizes existentes,
temos a “Matriz Gravidade, Urgência e Tendência”,
também conhecida como “Matriz GUT” (CARPINETTI,
2016; LOBO, 2010). Essa matriz consiste em analisar
determinado problema ou proposições de soluções
para problemas sob três perspectivas:
• A gravidade do assunto, considerando qual seria
para a organização o impacto de não se tratar o
problema ou de não se adotar determinada solução
para certo problema;
• A urgência do assunto, levando em conta quão rápi-
do é preciso que a organização analise determinado
problema, e/ou elabore e adote soluções para ele. Esta
perspectiva também considera o tempo necessário
para analisar o problema ou implantar soluções;
• A tendência relativa ao assunto, ou seja, promove
uma análise sobre o que aconteceria se nada mu-
dasse. Os efeitos do problema cresceriam? Ou a
não adoção de soluções complicaria a adoção de
uma solução?
24
Pontos Gravidade Urgência Tendência
Se nada for
Prejuízos ou dificulda- Requer ação ime-
feito, o agra-
5 des são extremamente diata, é extrema-
vamente será
graves mente urgente
imediato
Pouco urgente,
Tende a piorar
2 Pouca gravidade pode aguardar
em longo prazo
um pouco
25
Considerando o caso da empresa “X”, a aplicação da
Matriz GUT teria os seguintes resultados, dispostos
na Quadro 4.
Pradonizar
"Tende
os processos "Requer
"Muito a piorar
do Comercial, alguma
grave" em curto 64 3º
para decidir urgência"
4 prazo"
parâmetros 4
4
promocionais
Cria um
checklist
para a equipe
Tende
comercial Requer
a piorar
utilizar antes "Grave" alguma
em curto 48 4º
de repassar 3 urgência"
prazo"
os parâmetros 4
4
para a equipe
de manuten-
ção do site
Estruturar
e delegar
"Prejuízos "Requer
responsabi- "Se nada
ou dificul- ação
lidades de for feito,
dades são imediata,
decisão de o agrava-
extrema- é extre- 125 1º
parâmetros mente será
mente mamente
para a equipe imediato"
graves" urgente"
Comercial, 5
5 5
não somente
para o gestor
Ter um
relaciona- "Requer
mento mais ação "Tende
próximo com "Pouca imediata, a piorar
a transporta- gravidade" é extre- em curto 40 5º
dora, porque é 2 mamente prazo"
empresa com urgente" 4
forte atuação 5
no RJ
26
Solução Gravidade Urgência Tendência G*U*T Priori-
obtida no zação
brainstorming
Substituir a "Prejuízos
transporta- "Se nada
ou dificul-
dora, porque "Requer for feito,
dades são
há concor- alguma o agrava-
extrema- 100 2º
rentes com urgência" mento será
mente
competências 4 imediato"
graves"
equivalentes 5
5
A área de
manutenção
do site deve
implantar um
"Tende
checklist para "Requer
a piorar
conferir e "Grave' ação em
em curto 36 6º
confirmar as 3 breve"
prazo"
solicitações 3
4
de alteração
no site feitas
por outras
áreas
27
foi classificada como “Requer alguma urgência”, re-
cebendo a pontuação 4. Por fim, sua tendência foi
classificada como “Tende a piorar em curto prazo”,
recebendo a pontuação 4. Ao multiplicar as pontua-
ções entre si, chega-se ao resultado 64, que deve ser
registrado na coluna “G *U * T” da Matriz.
28
outra, evitando desperdícios de tempo e esforços
(CARPINETTI, 2016; LOBO, 2010).
FIQUE ATENTO
A escala de pontuação da Matriz GUT pode ser
alterada conforme a realidade da organização
que a utilizar.
29
Elaboração de planos de ação
com 5W2H
É muito comum nas organizações a menção à re-
alização de planos de ação. Contudo, quando não
são claramente compreendidos ou especificados,
os planos de ação ficam “soltos”, dificultando sua
realização. Por esse motivo, vale a pena adotar cui-
dados quanto ao entendimento do teor da ação a ser
realizada, bem como quanto às suas especificações
(CARPINETTI, 2016; PALADINI, 2019).
30
serem realizadas (CARPINETTI; GEROLANO, 2016).
Para diferenciar com clareza estes três tipos de ação,
acesse o podcast “Compreendendo mais sobre ações
imediatas, corretivas e de melhoria”.
Podcast 2
31
Pode-se notar no quadro acima que o campo “nº da
ação” apenas auxilia a compreender que uma mes-
ma tabela de 5W2H pode conter diferentes ações.
Os demais campos estão ordenados em uma se-
quência lógica recomendada para preenchimento,
sem que tal sequência seja obrigatória. Contudo, o
preenchimento de todos os campos é mandatório
(CARPINETTI, 2016; PALADINI, 2019).
32
Quando (when): definir quais são as datas de início e fim da ação
e, em alguns casos, os horários de início e término da ação. Este
detalhamento é especialmente útil nos casos de organizações
que funcionam por turnos.
33
Paladini (2019) destaca que, devido à necessidade
de incluir outras informações sobre recursos e não
somente explicitar os valores financeiros atrelados
à execução de um plano de ação, foi elaborada uma
variante da ferramenta 5W2H, denominada 5W3H.
As diferenças consistem em: 1) garantir que o cam-
po “quanto custa” abranja não apenas os custos da
ação, mas também a quantidade de recursos hu-
manos envolvidos em sua execução, atendendo as
expressões em inglês how much e how many; e 2)
incluir o campo how to measure (como medir), para
atribuir a cada ação adotada um indicador que meça
seu andamento e a eficácia de seus resultados.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Aprendemos, neste módulo, sobre como a gestão
da rotina é derivada do gerenciamento pelas dire-
trizes, bem como analisamos o papel de garantidor
que a gestão da rotina tem para assegurar que as
diretrizes estabelecidas sejam cumpridas, em prol
da melhoria contínua. Conhecemos também as fer-
ramentas Diagrama SIPOC e Diagrama da Tartaruga,
dois importantes recursos para que o profissional da
qualidade possa fazer a gestão da rotina de modo
abrangente e cuidadoso.
35
Além de corrigir e melhorar seus processos, as or-
ganizações podem antever dificuldades e atuar de
forma preventiva. Há ferramentas específicas para
esta finalidade de prevenção. Duas delas serão abor-
dadas no próximo módulo. Até lá!
36
Síntese
GESTÃO DA QUALIDADE