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SÉRIE LOGÍSTICA

LOGÍSTICA DO
RECEBIMENTO
SÉRIE LOGÍSTICA

LOGÍSTICA DO
RECEBIMENTO
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI

Robson Braga de Andrade


Presidente

DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA - DIRET

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor de Educação e Tecnologia

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI


Conselho Nacional

Robson Braga de Andrade


Presidente

SENAI – Departamento Nacional

Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti


Diretor Geral

Gustavo Leal Sales Filho


Diretor de Operações
SÉRIE LOGÍSTICA

LOGISTICA DO
RECEBIMENTO
© 2013. SENAI – Departamento Nacional

© 2013. SENAI – Departamento Regional da Bahia

A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico, me-
cânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização,
por escrito, do SENAI.

Esta publicação foi elaborada pela equipe do Núcleo de Educação a Distância do SENAI da
Bahia, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por todos
os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância.

SENAI Departamento Nacional


Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP

SENAI Departamento Regional da Bahia


Núcleo de Educação Distância - NEAD

FICHA CATALOGRÁFICA

S491l

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.


Logística do recebimento/ Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial,
Departamento Regional da Bahia. - Brasília: SENAI/DN, 2013.
90 p.: il. - (Série Logística)
ISBN 978-85-7519-668-7
1. Logística. 2. Armazenagem de produtos perigosos. 3. Recebimento
de mateiras. I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. II.
Departamento Nacional. III. Departamento Regional da Bahia. IV. Logística
do Recebimento. V. Série Logística.

CDU: 658

SENAI Sede
Serviço Nacional de Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto
Aprendizagem Industrial Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317-9001
Departamento Nacional Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
Lista de ilustrações
Figura 1 -  Grabe para carga a granel..........................................................................................................................17
Figura 2 -  Carga paletizada e unitizada.....................................................................................................................19
Figura 3 -  Transporte de carga indivisível.................................................................................................................20
Figura 4 -  Movimentação de minério de ferro........................................................................................................21
Figura 5 -  Transporte de veículo em navio...............................................................................................................21
Figura 6 -  Exemplo de transporte de carga perigosa...........................................................................................22
Figura 7 -  Contêiner tipo reefer....................................................................................................................................24
Figura 8 -  Exemplo de manuseio de carga...............................................................................................................25
Figura 9 -  Fluxo do processo produtivo do envasamento de água................................................................25
Figura 10 -  Líquidos inflamáveis..................................................................................................................................26
Figura 11 -  Recebimento de carga perigosa – combustível..............................................................................28
Figura 12 -  Símbolos de materiais explosivos.........................................................................................................29
Figura 13 -  Símbolos de gases perigosos.................................................................................................................30
Figura 14 -  Símbolo de materiais líquidos inflamáveis........................................................................................30
Figura 15 -  Símbolos de materiais sólidos inflamáveis........................................................................................31
Figura 16 -  Símbolos de substâncias oxidantes e peróxidos orgânicos........................................................32
Figura 17 -  Símbolos de substâncias tóxicas e infectantes................................................................................32
Figura 18 -  Símbolos de substâncias radioativas...................................................................................................33
Figura 19 -  Símbolos das substâncias e materiais corrosivos............................................................................33
Figura 20 -  Símbolo de substâncias e materiais perigosos diversos..............................................................33
Figura 21 -  Exemplo de armazenagem de produtos perigosos.......................................................................37
Figura 22 -  Modelo de ficha de emergência............................................................................................................39
Figura 23 -  Área de armazenamento líquido (produtos perigosos)...............................................................39
Figura 24 -  Modelo de relatório de mercadorias perigosas...............................................................................41
Figura 25 -  Kit de emergência.......................................................................................................................................43
Figura 26 -  Conferência e recebimento de materiais...........................................................................................47
Figura 27 -  Manuseio de materiais..............................................................................................................................48
Figura 28 -  Empilhadeira com sinal sonoro.............................................................................................................49
Figura 29 -  O descarregamento do veículo.............................................................................................................51
Figura 30 -  Recebimento mecanizado.......................................................................................................................52
Figura 31 -  Processo de recebimento automatizado...........................................................................................53
Figura 32 -  Manuseio interno de embalagens........................................................................................................54
Figura 33 -  Fluxograma do roteiro em uma fábrica..............................................................................................55
Figura 34 -  Fluxograma do roteiro em um armazém...........................................................................................56
Figura 35 -  Expedição em um armazém...................................................................................................................58
Figura 36 -  O processo de recebimento....................................................................................................................61
Figura 37 -  Descarga de suprimentos em doca.....................................................................................................62
Figura 38 -  Conferência de materiais ........................................................................................................................63
Figura 39 -  Fluxo de abrangência de um WMS.......................................................................................................66
Figura 40 -  Representação virtual armazém...........................................................................................................68
Figura 41 -  Warehouse management system ...........................................................................................................69
Figura 42 -  Fases do recebimento de materiais......................................................................................................72
Figura 43 -  Caminhão carregado entrando na empresa.....................................................................................73
Figura 44 -  Fluxo de recebimento de materiais......................................................................................................74
Figura 45 -  Fluxo do processo de recebimento .....................................................................................................76
Figura 46 -  Processo de recebimento e armazenagem de materiais.............................................................78
Figura 47 -  Esquema simplificado de um processo de cross docking na distribuição urbana...............79
Figura 48 -  Esquema simplificado de um processo de cross docking.............................................................80
Figura 49 -  Recebimento de materiais.......................................................................................................................82

Quadro 1 - Fluxos de movimentação de materiais................................................................................................18


Quadro 2 - Modelo de tabela de segregação para contêiner............................................................................35
Quadro 3 - Modelo de tabela de segregação de produtos perigosos............................................................36
Sumário
1 Introdução.........................................................................................................................................................................13

2 Materiais diversos e suas características................................................................................................................17


2.1 Natureza da carga transportada.............................................................................................................18
2.1.1 Carga geral...................................................................................................................................19
2.2 Manuseio de cargas.....................................................................................................................................24
2.2.1 Fluxo de movimentação de materiais................................................................................25
2.3 Materiais diversos e suas características..............................................................................................26
2.4 Carga perigosa..............................................................................................................................................26
2.4.1 Classificação de produtos perigosos..................................................................................28
2.5 Segregação de produtos perigosos.......................................................................................................34
2.6 Armazenagem de produtos perigosos.................................................................................................36
2.7 Relatórios dos produtos perigosos........................................................................................................40
2.8 Kit para movimentação de carga perigosa.........................................................................................42

3 Recebimento de materiais...........................................................................................................................................47
3.1 Planejamento da área de recebimento................................................................................................49
3.2 Fluxo dos materiais......................................................................................................................................50
3.2.1 Recebimento...............................................................................................................................50
3.2.2 Manuseio interno.......................................................................................................................53
3.2.3 Roteiro de uma unidade fabril..............................................................................................54
3.2.4 Roteiro de um armazém..........................................................................................................55
3.2.3 Expedição.....................................................................................................................................57
3.3 Tecnologias da informação aplicada ao recebimento....................................................................58

4 Processos de recebimento..........................................................................................................................................61
4.1 Conferência....................................................................................................................................................62
4.1.1 Conferência quantitativa.........................................................................................................62
4.1.2 Conferência qualitativa............................................................................................................63
4.1.3 Conferência contábil.................................................................................................................64
4.2 Sistema wms no processo de recebimento .......................................................................................65
4.3 Processos de recebimento de materiais..............................................................................................69
4.3.1 Aceite total do material...........................................................................................................70
4.3.2 Recusa total do material no ato do recebimento...........................................................70
4.3.3 Recusa parcial do material......................................................................................................71
4.4 Principais atividades no recebimento de suprimentos..................................................................71
4.4.1 Entrada de materiais.................................................................................................................72
4.4.2 Representação gráfica do fluxo das atividades...............................................................73
4.5 Objetivos operacionais do recebimento de suprimentos.............................................................75
4.6 Regras de recebimento de materiais.....................................................................................................76
4.7 O cross docking na logística de expedição.........................................................................................78
4.8. Procedimentos conforme a natureza do negócio...........................................................................81
Referência

Minicurrículo dos autores

Índice
Materiais diversos e
suas características

Neste capítulo, trataremos sobre a movimentação dos materiais no processo logístico. Ve-
remos as duas grandes categorias em que os materiais são movimentados, conhecendo suas
características e formas de manuseio.
Para a existência de uma devida movimentação de material dentro de uma empresa, é ne-
cessário que sejam criados corredores com espaços suficientes, objetivando que a movimen-
tação das matérias-primas, dos produtos em processamento ou dos produtos acabados não
interfira nos processos internos de fabricação ou cause algum tipo de eventualidade dentro da
fábrica. Ressalta-se que o tipo, a quantidade e a forma do espaço influenciam diretamente na
definição dos equipamentos de movimentação de material.
A movimentação de material possui duas amplas categorias:
a) movimentação de carga geral: toda mercadoria, de maneira geral embalada, mas que
pode vir sem embalagem, solta, num determinado estágio industrial e que necessita de
arrumação (estivagem) para ser transportada;
b) movimentação de carga granel: refere-se à carga homogênea não embalada, por exem-
plo, líquido ou grãos.

Figura 1 -  Grabe para carga a granel


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2012.
LOGÍSTICA DO RECEBIMENTO
14

1 EMBALAGENS Nesse sentido, essa movimentação toma diferentes formas quando se trata
SECUNDÁRIAS:
de carga geral e carga granel. Isso porque a carga geral não utiliza embalagens
É a embalagem destinada secundárias1. Assim, sejam os granéis líquidos, sólidos, em pellets2 ou gasosos, a
a conter a embalagem estrutura de movimentação exige equipamentos e materiais auxiliares específi-
primária ou as embalagens
primárias. cos, como dutos e esteiras. Veja o Quadro 1 que traz as características das cargas,
geral e granel, seus tipos e formas de manuseio.

2 PELLETS: CARGA GERAL CARGA A GRANEL

Carga em pequenos Pode ser medida, porém não é contada


Recebe embalagem secun-
pedaços. individualmente;
dária;
Característica Pode ser acondicionada, mas não em
Pode ser unitizada;
embalagens secundárias;
Pode ser contada;

3 PERECIBILIDADE: Carga solta: embrulhos, far - Carga líquida: gasolina


dos, pacotes, sacas, caixas, Carga sólida: minério de ferro, grãos.
Produtos perecíveis, tempo Tipos tambores. Carga gasosa: gás liquefeito de petróleo
de aproveitamento do Carga unitizada: em pallets (GLP)
produto. ou contêineres Carga em pellets: ração animal

Equipamentos e materiais auxiliares espe-

Equipamentos manuais e
Dutos
4 PERICULOSIDADE: automatizados;
Manuseio Esteiras
Em geral com participação
Algo perigoso, com risco Silos (armazenamento de produtos agrícolas)
humana;
de morte, perigo iminente
de acidente, possibilidade Pouca participação humana
de algo vir a ser perigoso,
exposição da vida em Quadro 1 - Fluxos de movimentação de materiais
situações de perigo Fonte: SENAI, 2012.
iminente.

Para a carga solta, especialmente se estiver unitizada, o manuseio é facilitado


5 FABRIS:
por inúmeros equipamentos manuais e automatizados disponíveis no mercado.

Referente à fábrica,
indústria.
2.1 NATUREZA DA CARGA TRANSPORTADA

Na identificação da natureza (tipo) da carga que será transportada devemos


observar os seguintes aspectos:
a) perecibilidade3;
b) fragilidade;
c) periculosidade4;
d) compatibilidade;
e) dimensões;
f) pesos considerados especiais.
2 MATERIAIS DIVERSOS E SUAS CARACTERÍSTICAS
15

As cargas podem ser classificadas em: carga geral, carga a granel, carga neo-
granel, carga perigosa, carga frigorificada e carga heavy lift. Veremos cada uma a
seguir.

2.1.1 CARGA GERAL

A carga geral é a carga embarcada, com marca de identificação e contagem de


unidades, podendo ser solta ou unitizada.
a) Soltas: são itens avulsos, embarcados separadamente em embrulhos, pa-
cotes, sacas, fardos, caixas, tambores, entre outros. Este tipo de carga, em
termos de economia de escala, gera pouca redução de custo para o veículo
transportador, devido à existência de perda de tempo no carregamento, na
manipulação e, por fim, no descarregamento provocado pela grande quan-
tidade de volumes, mas o índice de risco é alto.
b) Unitizadas: é o agrupamento de vários itens em unidades de transporte tipo
pallet (Figura 2), contêineres etc.

Figura 2 -  Carga paletizada e unitizada


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2012.

CARGA HEAVY-LIFT (CARGA PESADA)

A carga heavy-lift é formada por cargas pesadas e indivisíveis, como equipa-


mentos e unidades fabris5 completas, como pode ser visto na Figura 3, a seguir.
Este tipo de transporte pode ser realizado pelo modal aquaviário (mar ou rio),
rodoviário (estradas) ou aéreo (aeronaves).
LOGÍSTICA DO RECEBIMENTO
16

6 CONGLOMERADOS:

Amontoados, unidos,
agregação em massa.

Figura 3 -  Transporte de carga indivisível


Fonte: WIKIMEDIA COMMONS, 2007

a) Carga a granel: a carga a granel pode ser sólida, como minério de ferro (Fi-
gura 4), ou líquida, como combustíveis. Esse tipo de carga possui caracterís-
tica seca ou líquida, podendo ser embarcada e transportada sem acondicio-
namento devido, sem uma contagem de unidades (a exemplo de minérios,
trigo, petróleo, farelos e grãos, entre outros) e sem marca de identificação.

FIQUE Quando da realização da movimentação de carga a granel,


o almoxarife deverá estar atento às recomendações de se-
ALERTA gurança para movimentação de carga.
2 MATERIAIS DIVERSOS E SUAS CARACTERÍSTICAS
17

Figura 4 -  Movimentação de minério de ferro


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2012.

b) Carga Neo-Granel: a carga Neo-Granel é uma nova forma de comercializa-


ção constituída por um conjunto de conglomerados6 homogêneos de mer-
cadorias, de carga geral, sem acondicionamento específico, cujo volume ou
quantidade possibilita o transporte em lotes, em um único embarque, como
veículos, por exemplo, conforme pode ser observado na Figura 5.

Figura 5 -  Transporte de veículo em navio


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2012.
LOGÍSTICA DO RECEBIMENTO
18

7 SUBSTÂNCIAS c) Carga perigosa: a carga perigosa é aquela que, devido a sua natureza, pode
OXIDANTES:
ocasionar dano a outras cargas, assim como variados acidentes, e também
São substâncias que danos aos meios de transporte ou, ainda, gerar riscos para as pessoas e o
roubam oxigênio, fazendo
com que outras entrem em
meio ambiente. A Organização Marítima Consultiva Internacional (IMCO)
combustão (queima). classifica as cargas perigosas, segundo as seguintes classes:
–– classe 1: explosivos;
–– classe 2: gases;
8 SUSTÂNCIAS
RADIOATIVAS: –– classe 3: líquidos inflamáveis;

são substâncias que emitem –– classe 4: sólidos inflamáveis;


raios nocivos à saúde.
–– classe 5: substâncias oxidantes7;
–– classe 6: substâncias infecciosas;

9 MODAIS: –– classe 7: substâncias radioativas8;

Tipo ou meio de transporte. –– classe 8: corrosivos;


–– classe 9: variedades de substâncias perigosas.

Figura 6 -  Exemplo de transporte de carga perigosa


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2012.
2 MATERIAIS DIVERSOS E SUAS CARACTERÍSTICAS
19

CASOS E RELATOS

Caos nas estradas: legislação trava transporte de produtos perigosos


Para os especialistas, se nada for feito, em breve, várias prefeituras seguirão
o exemplo de São Paulo, estabelecendo milhares de licenças municipais
de transporte e inviabilizando a atividade. A legislação é um dos principais
entraves no setor de transporte de produtos perigosos no Brasil. De acordo
com a engenheira química Glória Benazzi, assessora técnica em logística e
meio ambiente, na maioria dos casos a legislação a ser seguida pelo setor é
a federal, mas existem alguns casos de legislação estadual e mesmo muni-
cipal, como é caso da cidade de São Paulo. “O maior problema são as licen-
ças para transporte, exigidas pela maioria dos estados brasileiros, exceto
São Paulo, entretanto, é exigida no município de São Paulo. Estas licenças
são obrigatórias para quem vai transitar nas vias do estado ou município”,
explica.
Os entraves burocráticos acabam por limitar o transporte desses produtos,
principalmente para a região nordeste, acarretando prejuízos para diversas
empresas que dependem do transporte rodoviário. Devido à natureza des-
se tipo de transporte, o índice de acidente é bem elevado. Embora seja feito
por diversos modais9, como ferroviário, marítimo, fluvial e dutos, é pelas
rodovias que se escoa a maioria dos produtos perigosos, principalmente
pelo modelo de transporte adotado no Brasil.
Segundo dados da Companhia de Saneamento Ambiental do Estado de
São Paulo (Cetesb), de 1978 a fevereiro de 2011, foram 3.521 acidentes, ou
seja, 42,1% dos 8.530 acidentes com produtos químicos atendidos pela
companhia em todo o estado. Somente nos primeiros dois meses deste
ano foram registradas 62 emergências químicas, sendo 28 no transporte
rodoviário.

Fonte: CARGONEWS, 2011.

Carga frigorificada
A carga frigorificada tanto pode ser uma carga sólida (carne, sorvete,
queijo etc) ou uma carga líquida (produtos alimentícios, produto perigoso
etc). Ela necessita ser refrigerada ou congelada para conservar as qualida-
LOGÍSTICA DO RECEBIMENTO
20

10 CONTÊINER TIPO REEFER des essenciais do produto durante o transporte (exemplos: frutas frescas,
pescados, carnes etc.). Veja na Figura 7 um contêiner tipo reefer10, que é
É um equipamento
refrigerado utilizado para utilizado para cargas que necessitam ser resfriadas.
o carregamento de cargas
perecíveis.

11 LINEAR:

Em linha reta.

12 CONVERGÊNCIA:

Direção em comum para o


mesmo ponto.

13 ENVASAMENTO:

Ato ou efeito de envasar,


colocar um determinado
produto em uma recipiente
específico. Figura 7 -  Contêiner tipo reefer
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2013.

14 INDÚSTRIA
SUCROALCOOLEIRA:
2.2 MANUSEIO DE CARGAS
Setor que produz açúcar
e álcool. Compreende É importante destacar que, em um sistema produtivo, os elementos básicos
desde a parte agrícola até a
industrial. (homem, máquina e material), em algum momento, irão exercer uma relação di-
reta ou indireta. Pelo menos um desses três elementos irá se movimentar para
caracterizar um processo produtivo. Na maioria dos casos, o material é que se
movimenta. Em casos especiais, onde há um produto único e de grande porte,
como a construção de um edifício, homem e máquina é que se movimentam em
torno do material (edifício).
2 MATERIAIS DIVERSOS E SUAS CARACTERÍSTICAS
21

Figura 8 -  Exemplo de manuseio de carga


Fonte: WIKIMEDIA COMMONS, 2005.

2.2.1 FLUXO DE MOVIMENTAÇÃO DE MATERIAIS

O fluxo de movimentação de materiais em um processo produtivo varia de


acordo com o tipo de processo. Sendo assim, a movimentação dos produtos
(matérias-primas e produtos semiacabados) em uma indústria pode ser linear11,
convergente ou divergente. Na prática, a empresa pode utilizar uma combinação
dessas alternativas.
Vejamos os conceitos a seguir:
a) lineares: quando todos os produtos se movimentam entre todas as etapas
produtivas de forma linear. Ex.: produção de vergalhões de ferro (indústria
siderúrgica);
b) convergentes: quando diversas matérias-primas e produtos semiacabados
se movimentam em convergência12 para a linha de produção ou montagem.
Ex.: envasamento13 de água (indústria de água mineral);
c) divergentes: quando parte de uma matéria-prima se movimenta em dire-
ção a linhas de fabricação específicas, formando diversos produtos. Ex.: fabri-
cação de açúcar e álcool (indústria sucroalcooleira14).

ENVASAMENTO
Líquido Rótulos Rotulagem Embalagem

Figura 9 -  Fluxo do processo produtivo do envasamento de água


Fonte: SENAI, 2012.
LOGÍSTICA DO RECEBIMENTO
22

16 PONTO DE FULGOR 2.3 MATERIAIS DIVERSOS E SUAS CARACTERÍSTICAS


é a menor temperatura que
pode formar uma mistura
Dentro da logística, acontece a movimentação de diversos materiais, inclusive
inflamável com o ar. de líquidos. Há uma necessidade de conhecê-los, já que, em algum momento,
podem fazer parte da cadeia produtiva de uma determinada indústria. Sendo as-
sim, apresentamos abaixo os principais tipos de líquidos utilizados pelas organi-
zações:
15 INTERINO:
a) líquidos comuns: a logística armazena materiais líquidos comuns que não
Substituto por um
determinado período oferecem maiores riscos às pessoas e às organizações. Para isso, a sua ar-
específico. mazenagem requer recipientes para acomodar esses materiais sem deixar
escaparem;
b) líquidos inflamáveis: todo produto que possui ponto de fulgor15 inferior a
70º C e uma pressão de vapor absoluta que não exceda 37,7º C;
c) líquidos gasosos: estado onde as substâncias são formadas por partículas
muito pequenas.

Figura 10 -  Líquidos inflamáveis


Fonte: SENAI, 2012.

2.4 CARGA PERIGOSA

As cargas perigosas são aquelas que reúnem produtos que, quando transpor-
tados, representam algum tipo de perigo para as pessoas, animais ou ambiente.
Esse material pode ser aceitável ou inaceitável para envio.
O transporte de produtos perigosos, em nossas estradas, possui elevado índi-
ce de ocorrências por produto transportado, obrigando as autoridades em trans-
2 MATERIAIS DIVERSOS E SUAS CARACTERÍSTICAS
23

portes a aumentar os cuidados que devem ser tomados ao transportar este tipo
de carga.
Conforme Portaria nº 204/97, através da publicação do Ministério dos Trans-
portes, temos a seguinte definição sobre produtos perigosos:

Produto perigoso é toda e qualquer substância que, dadas as


suas características físicas e químicas, possa oferecer, quando
em transporte, riscos à segurança pública, saúde de pessoas
e meio ambiente, de acordo com os critérios de classificação
da Organização das Nações Unidas (BRASIL. MINISTÉRIO DOS
TRANSPORTES, 1997).

A classificação desses produtos é feita com base no tipo de risco que apresen-
tam, para o meio ambiente e os trabalhadores, de acordo com as normas específi-
cas (legislação) da atividade de manuseio e transporte desses materiais.
Quanto à legislação sobre cargas perigosas, temos a Portaria 204/1997 do Mi-
nistério dos Transportes:

Aprova as Instruções Complementares aos Regulamentos dos


Transportes Rodoviários e Ferroviários de Produtos Perigosos (as in-
struções foram publicadas, na sua íntegra, no Suplemento ao Diário
Oficial da União de n.º 98, de 26.05.1997)”.

O Ministro de Estado dos Transportes, interino16, no uso das


atribuições que lhe são conferidas pelo art. 87, parágrafo único, in-
ciso II, da Constituição Federal, e tendo em vista o disposto no art. 3º
do Decreto nº 96.044, de 18 de maio de 1988, e no art. 2º do Decreto
nº 98.973, de 21 de fevereiro de 1990, resolve:

I - Aprovar as anexas Instruções Complementares aos Regulamentos


dos Transportes Rodoviários e Ferroviários de Produtos Perigosos.

II - Conceder os seguintes prazos para entrada em vigor das dis-


posições referentes aos padrões de desempenho fixados para em-
balagens:

a) Três anos para embalagens novas;

b) Cinco anos para embalagens já produzidas ou que venham a ser


produzidas no prazo previsto na alínea anterior, sendo passíveis de
reutilização.
LOGÍSTICA DO RECEBIMENTO
24

III - Conceder prazo de dois anos, a partir da data de aprovação pelo


Conselho Nacional de Trânsito, para entrada em vigor do programa
de reciclagem periódica destinada a condutores de veículos automo-
tores utilizados no transporte de produtos perigosos.

IV - Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação, revogadas


as Portarias nº 291, de 31 de maio de 1988, e nº 111, de 5 de março de
1990, e demais disposições em contrário (BRASIL. MINISTÉRIO DOS
TRANSPORTES,1997:1988: 1990).

SAIBA Leia as Instruções Complementares ao Regulamento do


Transporte Terrestre de Produtos Perigosos (GEIPOT) no site
MAIS “o carreteiro”. Fonte: PORTAL O CARRETEIRO, 2013.

Figura 11 -  Recebimento de carga perigosa – combustível


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2012.

2.4.1 CLASSIFICAÇÃO DE PRODUTOS PERIGOSOS

A seguir, é apresentada a classificação dos produtos perigosos determinada


por classes, de acordo com a ONU, assim como é apresentada também a simbo-
logia dos principais produtos perigosos, que é o alvo do transporte de carga e da
distribuição física, de maneira geral. Vamos conhecer as nove classes existentes:
2 MATERIAIS DIVERSOS E SUAS CARACTERÍSTICAS
25

a) classe 1 – explosivos: a classe 1 apresenta as seguintes características de


acordo com suas divisões:
–– substância e artigos com risco de explosão em massa;
–– substância e artigos com risco de projeção, mas sem risco de explosão
em massa;
–– substâncias e artigos com risco de fogo e com pequeno risco de ex-
plosão ou de projeção, ou ambos, mas sem risco de explosão em massa;
–– substância e artigos que não apresentam risco significativo;
–– substâncias muito insensíveis, com risco de explosão em massa;
–– artigos extremamente insensíveis, sem risco de explosão em massa.
observe, os símbolos que representam cada substância/artigo dessa classe.

Figura 12 -  Símbolos de materiais explosivos


Fonte: ABNT NBR 7500, 2004: 2013.

As concessionárias das rodovias estaduais e federais bra-


sileiras costumeiramente realizam simulados de aciden-
tes, com vazamento de produtos perigosos para tentar
VOCÊ reduzir o número de mortes nessas estradas, a exemplo
SABIA? da Ecovias, concessionária que administra o sistema An-
chieta-Imigrantes em São Paulo.
Fonte: PRODUTOS PERIGOSOS, 2009.
LOGÍSTICA DO RECEBIMENTO
26

b) classe 2 – gases perigosos: a classe 2 refere-se aos gases perigosos, que se


subdividem em três subclasses:
–– sub-classe 2.1 - gases inflamáveis: são aqueles capazes de provocar
reações térmicas e que, à temperatura de 20ºC e à pressão normal; São
inflamáveis quando em mistura de 13% ou menos, em volume, com
o ar, ou quando apresentam faixa de inflamabilidade com o ar de, no
mínimo, 12%, independentemente do limite inferior de inflamabilidade;
–– sub-classe 2.2 - gases não inflamáveis, não tóxicos: são os gases classifi-
cados como asfixiantes e oxidantes ou os gases que não se enquadrem
em outra subclasse;
–– sub-classe 2.3 - gases tóxicos: os gases tóxicos são aqueles, reconheci-
damente ou supostamente, gases tóxicos e corrosivos que constituem
risco à saúde das pessoas.
Na Figura 13, temos a simbologia dos gases perigosos, na sequência, gases
inflamáveis, gases não inflamáveis e tóxicos;

Figura 13 -  Símbolos de gases perigosos


Fonte: ABNT NBR 7500, 2004: 2013.

c) classe 3 - líquidos inflamáveis: essa classe constitui uma categoria que é


composta por líquidos, mistura de líquidos ou líquidos contendo sólidos em solu-
ção ou em suspensão, resultando em vapores inflamáveis com temperaturas de
até 60,5ºC.

Figura 14 -  Símbolo de materiais líquidos inflamáveis


Fonte: ABNT NBR 7500, 2004: 2013.
2 MATERIAIS DIVERSOS E SUAS CARACTERÍSTICAS
27

d) classe 4 - sólidos inflamáveis: e ssa classe é composta pelos sólidos infla-


máveis que são substâncias sujeitas à combustão (queima) espontânea. Ao entra-
rem em contato com a água, emitem gases inflamáveis. Estão subdividas em
três subclasses:
–– sub-classe 4.1 - sólidos inflamáveis: são materiais sólidos que podem
produzir fogo através da fricção (atrito), por alterações químicas espon-
tâneas, pela absorção de água ou por calor retido, pelo resultado da fa-
bricação ou processamento, ou que podem ser prontamente inflama-
dos e queimar vigorosamente;
–– sub-classe 4.2 - substâncias sujeitas à combustão espontânea: as sub-
stâncias desta subclasse, quando sujeitas a aquecimento espontâneo
em condições normais de transporte ou a aquecimento em contato com
ar, podem se inflamar;
–– sub-classe 4.3 - substâncias que, em contato com a água, emitem gas-
es inflamáveis: essas substâncias, por interação com a água, podem se
tornar espontaneamente inflamáveis ou liberar gases inflamáveis em
quantidades perigosas.
Observe seus respectivos símbolos na Figura 15;

Figura 15 -  Símbolos de materiais sólidos inflamáveis


Fonte: ABNT NBR 7500, 2004: 2013.

e) classe 5 – substâncias oxidantes e peróxidos orgânicos: as substâncias


dessa classe são dividas em duas subclasses: substâncias oxidantes e peróxidos
orgânicos. Vejamos a seguir:
–– sub-classe 5.1 - substâncias oxidantes: são substâncias que podem, em
geral pela liberação de oxigênio, causar a combustão de outros materi-
ais ou contribuir para isso;
–– sub-classe 5.2 - peróxidos orgânicos: são poderosos agentes oxidantes,
termicamente instáveis, considerados como substâncias explosivas, de-
vendo-se ter o cuidado no seu manuseio, evitando o atrito, choque e
outras fontes de ignição.
LOGÍSTICA DO RECEBIMENTO
28

17 RADIONUCLÍDEOS:

Substâncias radioativas.

Figura 16 -  Símbolos de substâncias oxidantes e peróxidos orgânicos


Fonte: ABNT NBR 7500, 2004: 2013.

f) classe 6 - substâncias tóxicas e infectantes: essa classe se subdivide em:


–– sub-classe 6.1 - substâncias tóxicas (venenosas): são substâncias capaz-
es de provocar lesões graves, danos à saúde humana e até a morte de
um indivíduo se inaladas ou ingeridas, ou se entrarem em contato com
a pele.
–– sub-classe 6.2 - substâncias infectantes: são substâncias que contêm
ou podem conter patógenos (microrganismos causadores de doenças)
capazes de provocar doenças infecciosas em seres humanos ou em ani-
mais. veja na figura 17 a simbologia da classe 6.

Figura 17 -  Símbolos de substâncias tóxicas e infectantes


ABNT NBR 7500, 2004: 2013.

g) classe 7 – material radioativo: essa classe é composta por qualquer


material ou substância que contenha radionuclídeos17;
2 MATERIAIS DIVERSOS E SUAS CARACTERÍSTICAS
29

Figura 18 -  Símbolos de substâncias radioativas


ABNT NBR 7500, 2004: 2013.

h) classe 8 – substâncias corrosivas: são substâncias que, por ação química,


causam sérios danos aos tecidos vivos e, até mesmo, ao aço; Em caso de vaza-
mento, danificam ou mesmo destroem outras cargas ou o próprio veículo;

Figura 19 -  Símbolos das substâncias e materiais corrosivos


ABNT NBR 7500, 2004: 2013.

i) Classe 9 – Substâncias e materiais perigosos diversos: essa classe é for-


mada por substâncias e materiais perigosos diversos. Eles apresentam, durante o
transporte, um risco não abrangido por nenhuma das outras classes;

Figura 20 -  Símbolo de substâncias e materiais perigosos diversos


ABNT NBR 7500, 2004: 2013.
LOGÍSTICA DO RECEBIMENTO
30

Observação:
Os produtos das classes 3, 4, 5 e 8 e da subclasse 6.1 se classificam, para fins
de embalagem, segundo três grupos conforme o nível de risco que apresentam:
a) grupo de embalagem I - alto risco;
b) grupo de embalagem II - risco médio;
c) grupo de embalagem III - baixo risco.
Estas classificações trazidas foram determinadas de acordo com as recomen-
dações da Organização das Nações Unidas na sétima edição de sua revista em
1991.
A identificação do produto perigoso é feita através de duas formas: retângulos
laranjas, que ficam visíveis nos veículos, definidos como Painel de Segurança;
e losangos definidos como Rótulos de Risco, que apresentam diversas cores e
símbolos que significam a classe de risco do produto a ser identificado.

As autoridades da alfândega portuária exigem que as em-


barcações de bandeira estrangeira que transportem mate-
FIQUE riais radioativos apresentem, para a admissão no porto, a
ALERTA documentação fixada no “Regulamento para o Transporte
com Segurança de materiais radioativos”.
Fonte: FREE SERVICE, 2012.

2.5 SEGREGAÇÃO DE PRODUTOS PERIGOSOS

Para a realização de um controle efetivo e um devido monitoramento dos pro-


dutos perigosos de um comércio, uma indústria ou mesmo um centro de distri-
buição deve obedecer às normas regulamentadoras que orientam as atividades
de manipulação, movimentação e segregação (separação) desses materiais.
Assim, veja no Quadro 2 um modelo de segregação de produtos perigosos,
que visa oferecer segurança aos envolvidos nas operações e nas instalações além
de atender às principais normas regulamentadoras da atividade.
2 MATERIAIS DIVERSOS E SUAS CARACTERÍSTICAS
31

SENTIDO DA SEGREGAÇÃO
Tipo de
segregação LONGITUDINAL TRANSVERSAL VERTICAL

Tipo 1 Não há restrições Não há restrições Permitido um remonte

Tipo 2 Um espaço para contêiner Um espaço para contêiner Proibido remonte


ou contêiner neutro ou contêiner neutro

Tipo 3 Um espaço para contêiner Dois espaços para contêineres ou Proibido remonte
ou contêiner neutro dois contêineres neutros

À distância de pelo menos 24 À distância de pelo menos 24 Proibido remonte


Tipo 4 metros metros

Tipo X Não há nenhuma recomendação geral. Consultar a ficha correspondente em cada produto

OBSERVAÇÕES:
a) A tabela de segregação anexa, está baseada no quadro de segregação do Código Marítimo Internacional de
Mercadorais Perigosas - IMDG/CODE-IMO.

b) Um "espaço para contêineres", siginifica uma distância de pelo menos 6 metros no sentido longitudinal e pelo
menos 2,4 metros no sentido transversal do armazenamento.

c) Contêiner neutro significa cofre com carga compatível com o da mercadoria perigosa ( ex: Contêiner com carga geral -
não alimento ).

d) Não será permitido o armazenamento na área portuária de explosivos em geral ( Classe 1 ), radiativos ( Classe 7 ) e
tóxicos infectantes ( Classe 6.2 )

Quadro 2 - Modelo de tabela de segregação para contêiner


Fonte: SENAI, 2013.

Observe que, no Quadro 2, a recomendação de segregação trata da proximi-


dade entre um contêiner e outro. Temos vários tipos de segregação, com reco-
mendações a partir do sentido, que pode ser longitudinal (no sentido do compri-
mento), transversal (que cruza, atravessa) e vertical.
Já no Quadro 3, a segregação obedece a uma regulamentação de limitações
máximas de aproximação das embalagens por produto especifico. São nove
classes de segregação, informando como deve ser a separação de acordo com as
classes.
LOGÍSTICA DO RECEBIMENTO
32

1.1
CLASSE 1.2 1.3 1.4 2.1 2.2 2.3 3 4.1 4.2 4.3 5.1 5.2 6.1 6.2 7 8 9
1.5
Explosivos 1.1, 1.2, 1.5 * * * 4 2 2 4 4 4 4 4 4 2 4 2 4 x

Explosivos 1.3 * * * 4 2 2 4 3 3 4 4 4 2 4 2 2 x

Explosivos 1.4 * * * 2 1 1 2 2 2 2 2 2 x 4 2 2 x

Gases inflamáveis 2.1 4 4 2 x x x 2 1 2 x 2 2 x 4 2 1 x

Gases não tóxicos, não inflamáveis 2.2 2 2 1 x x x 1 x 1 x x 1 x 2 1 x x

Gases venenosos 2.3 2 2 1 x x x 2 x 2 x x 2 x 2 1 x x

Líquidos inflamáveis 3
4 4 2 2 1 2 x x 2 1 2 2 x 3 2 x x

Sólidos Inflamáveis 4.1 4 3 2 1 x x x x 1 x 1 2 x 3 2 1 x

Substâncias sujeitas à compbustão espontânea 4.2 4 3 2 2 1 2 2 1 x 1 2 2 1 3 2 1 x

Substâncias que são perigosas quando molhadas 4.3 4 4 2 x x x 1 x 1 x 2 2 x 2 2 1 x

Substâncias oxidantes 5.1 4 4 2 2 x x 2 1 2 2 x 2 1 3 1 2 x

Peróxidos orgânicos 5.2 4 4 2 2 1 2 2 2 2 2 2 x 1 3 2 2 x

Venenos 6.1
2 2 x x x x x x 1 x 1 1 x 1 x x x

Substâncias infecciosas 6.2 4 4 4 4 2 2 3 3 3 2 3 3 1 x 3 3 x

Materiais radiativos 7 2 2 2 2 1 1 2 2 2 2 1 2 x 3 x 2 x

Materiais corrosivos 8
4 2 2 1 x x x 1 1 1 2 2 x 3 2 x x

Substâncias perigosas diversas 9 x x x x x x x x x x x x x x x x x

1 - "Longe de"
2 - "Separado de"
3 - "Separado por um compartimento completo"
4 - "Separado longitudinalmente por um compartimento completo"
x - A segregação caso haja, é indicada na ficha individual da substância
* - Não é permitida a armazenagem na área portuária

Quadro 3 - Modelo de tabela de segregação de produtos perigosos


Fonte: SENAI, 2013.

2.6 ARMAZENAGEM DE PRODUTOS PERIGOSOS

Nas grandes organizações, encontramos armazéns onde são guardados vá-


rios tipos de produtos. Esses produtos podem ser as matérias-primas necessárias
para o processo produtivo, como também podem ser produtos semiacabados e
acabados. Além destes produtos, existem também produtos necessários à manu-
tenção das estruturas e dos equipamentos, que são os produtos perigosos, bem
como os combustíveis. O tipo de embalagem utilizada pode tornar a armazena-
gem vulnerável a alguns riscos, como, por exemplo, a incêndios.
2 MATERIAIS DIVERSOS E SUAS CARACTERÍSTICAS
33

Figura 21 -  Exemplo de armazenagem de produtos perigosos


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2012.

A seguir, são dadas algumas recomendações para a armazenagem de produ-


tos químicos perigosos:
a) na construção do local de armazenagem, ao menos uma parede terá que
estar voltada para o exterior do armazém;
b) o local para armazenagem deve ter saída de emergência devidamente si-
nalizada. Importante destacar a necessidade da existência de sistemas de
exaustão de teto para dissipar vapores leves, bem como exaustores no solo
para dissipar vapores mais densos;
c) o local deve possuir refrigeração ambiente para que a temperatura não ul-
trapasse 38ºC. A iluminação dever ser composta por lâmpadas à prova de
explosão. É importante a presença de extintores contra incêndio e vasos de
areia, prateleiras para armazenagem espaçadas, com trave no limite frontal
para evitar a queda dos frascos;
d) os cilindros de gases devem ser armazenados em locais específicos em po-
sição vertical e presos;
e) rede elétrica segura com inspeções periódicas;
f) medidas de segurança na armazenagem de produtos perigosos;
g) preparar um relatório informativo sobre a manipulação e a disposição dos
produtos químicos perigosos, bem como divulgar esse relatório para todas
as pessoas que trabalham na área de armazenagem, expedição e distribui-
ção;
LOGÍSTICA DO RECEBIMENTO
34

18 PRODUTO i) não armazenar produtos químicos em prateleiras elevadas; Garrafas grandes


PIROFOSFÓRICO:
devem ser colocadas, no máximo, a 60 cm do piso;
Um líquido ou sólido que, j) se utilizar armários fechados para armazenagem, deve ter aberturas laterais
mesmo em quantidades
pequenas e sem fonte de ou na parte superior para ventilação, evitando-se acúmulo de vapores;
ignição, pode acender
dentro de cinco minutos k) nos espaços de armazenamento, observar e ficar atento aos produtos quí-
depois de fazer contato
com o ar. micos compatíveis, reservar espaços separados para armazenar produtos
com especificidades distintas (corrosivo, solvente, oxidante, pirofosfóricos18,
reativo). As áreas (prateleiras) ou os armários de armazenagem devem ser
rotulados de acordo com a classe do produto que contém.
Nos últimos anos, é perceptível o esforço preventivo que muitas empresas,
no Brasil e no mundo, vêm desenvolvendo com temas relacionados à segurança
do trabalho, bem como treinamento e conscientização dos colaboradores, bus-
cando evitar a existência de acidentes no manuseio, transporte e distribuição de
produtos perigosos.

Que na sinalização de produtos perigosos, caso o painel


de segurança não apresente nenhuma identificação, sig-
VOCÊ nifica que estão sendo transportados mais de um produ-
SABIA? to perigoso?
Fonte: Adaptado de BRASIL, MINISTÉRIO DOS TRANS-
PORTES, 2006.

Veja na Figura 22, um modelo de ficha de emergência usado no transporte de


produtos perigosos para ser utilizado em caso de emergências, isto é, em caso de
um acidente com a carga.

No transporte de carga perigosa, é obrigatório que haja


o acompanhamento da ficha de emergência preenchida.
FIQUE Esta ficha de emergência deve ser preenchida pela área de
ALERTA segurança industrial.
Fonte: Adaptado de ABNT NBR 7503, 2013.
2 MATERIAIS DIVERSOS E SUAS CARACTERÍSTICAS
35

Expedidor Ficha de emergência Símbolo de risco


Nome do produto
Tel:

Número da ONU

Aspecto:

Riscos
Fogo:
Saúde:

Ambiente:

Em caso de acidente
Se isto ocorrer

Vazamento

Fogo

Poluição

Envolvimento de pessoas

Informações do médico

Figura 22 -  Modelo de ficha de emergência


Fonte: BRASIL; MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES, 2006.

Nas empresas que possuem área de armazenamento de produtos perigosos é


de fundamental importância que se padronize relatórios informativos quantitati-
vos e qualitativos referentes à armazenagem, movimentação, expedição e distri-
buição destes produtos.

Figura 23 -  Área de armazenamento líquido (produtos perigosos)


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2012.
LOGÍSTICA DO RECEBIMENTO
36

Na Figura 23, um produto líquido foi armazenado através da tancagem de ar-


mazenamento. Este tanque é muito utilizado por empresas que são fornecedoras
de produtos químicos, possuindo uma moderna tecnologia de contenção especí-
fica para esse tipo de produto, o que denota (destaca) a sua grande utilização por
parte das organizações.

CASOS E RELATOS

Acidente simulado treina atendimento emergencial


A Ecovias, concessionária que administra o sistema Anchieta-Imigrantes,
realizou em 2007, no Km 40 da via Anchieta, um simulado de acidente com
vazamento de produto perigoso, para treinar as equipes operacionais de
tráfego e do Centro de Controle Operacional para o atendimento de emer-
gência envolvendo vítimas graves.
O acidente do PAM (Plano de Auxílio Mútuo) envolveu uma carreta trans-
portando soda líquida, um veículo de passeio com quatro pessoas e um
carro capotado incendiado e com duas pessoas sendo lançadas para fora.
Após o acidente, foi acionado o PCA-1 (Posto de Comando Auxiliar), equi-
pes do PAM de São Bernardo, Corpo de Bombeiros, equipe de inspeção de
tráfego da Ecovias, ambulância da Ecovias e Defesa Civil de São Bernardo.
A atividade também integra o Plano de Redução de Acidentes da conces-
sionária, que visa reduzir neste ano em 6% o índice de mortes por acidentes
nas rodovias e em 15% o número de mortes por atropelamento.
Fonte: BRASIL. MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES, 2006.

2.7 RELATÓRIOS DOS PRODUTOS PERIGOSOS

Não obstante os benefícios econômicos, financeiros e de qualidade no aten-


dimento e da produtividade associada aos controles internos que as empresas
obtêm com a aplicação de um controle eficiente sobre a distribuição física de
seus produtos e mercadorias, os Relatórios de Produtos Perigosos são essenciais
para o deslocamento desses materiais de um local a outro dentro do território
brasileiro, independentemente do modal de transporte escolhido. Desta forma,
a distribuição física, transporte e entrega, além das atividades de movimentação,
2 MATERIAIS DIVERSOS E SUAS CARACTERÍSTICAS
37

carregamento e descarregamento dessas mercadorias devem ser bem monitora-


das através de relatórios de produtos perigosos.
Vale ressaltar que os acidentes envolvendo o transporte rodoviário de produ-
tos perigosos, além de outras modais, representam uma série de terríveis impac-
tos ao meio ambiente devido às propriedades químicas presentes nos materiais
transportados, como a corrosividade, a toxicidade e a inflamabilidade. Acidentes
desse tipo podem ocasionar também problemas à saúde e à segurança da popu-
lação, bem como aos colaboradores envolvidos no processo de movimentação
dessas cargas perigosas. Neste sentido, enfatiza-se a importância dos relatórios
da distribuição exigidos pelas autoridades de trânsito, que possuem a função de
informar aos envolvidos que o material transportado deve ser tratado com a de-
vida técnica de manuseio e cautela, conforme as especificações que a norma re-
ferente a esse tipo de mercadoria determina.
Veja a Figura 24 um exemplo de relatório exigido pela autoridade de trânsito
brasileira para movimentação de produtos perigosos nas rodovias nacionais.

EXPEDIDOR NÚMERO DE REFERÊNCIA


CONSIGNATÁRIO TRANSPORTADOR
Declaração de arrumação Contêiner/ Veículo NOME / CARGO, ORGANIZAÇÃO DO SIGNATÁRIO.

Declaração:
Local e Data
Declaro que a arrumação do Contêiner/ Veículo está
Assinatura do nome do embalador
de acordo com o disposto na Introdução Geral do IMDG
code, parágrafo 12.3.7 ou 17.7.7.
Nome do navio/ Viagem no porto de carga ( Reservado para texto e outras informações)

Porto de carga

Marca e número, quando aplicável, Nº e tipo de embalagnes, nome de Peso bruto Mercadorias transportadas
identificação ou número de expedição / nome técnico correto, classe, divisão de risco, como:
registro da unidade nº ONU, grupo de embalagem / envase, ponto de fulgor ( ºC c.f ), Peso líquido Carga heterogênea
temperatura de controle e de emergência, identificação de
Carga Homogênea
mercadoria como Poluetnes Marinhos procedimentos de
emergência ( Ems / Fem ) e procedimentos de primeiros socorros Embalagans para
( MFAG ). graneis
Tipo de unidade
Contêiner: Aberto
Fechado
OBS: - Nomes comerciais, somente, não são permitidos.
- quando for o caso, as expressões: RESÍDUO QUANTIDADE LIMITADA ou VAZIO.
SEM LIMPAR, deverão constar junto aos nomes técincos dos produtos.
Informações Adicionais:

DECLARAÇÃO: Nome / Cargo, Companhia / Organização do signatário


Pelo presente documento, declaro que os nomes técnicos
corretos, nome de expedição acima indicados correspondem
com exatidão ao conteúdo dessa remessa estando classificadas,
embaladas ( embalgens aprovadas ), marcadas, rotuladas e estão sob
todos os aspectos em condições adequadas para o transporte, de Local e Data:
acordo com as normas nacionais e internacionais. Assinatura e nome do expedidor

Figura 24 -  Modelo de relatório de mercadorias perigosas


Fonte: BRASIL. MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES, 2006.

Todos os relatórios devem transparecer e obedecer necessariamente às nor-


mas técnicas e de segurança utilizadas no momento da distribuição física dos
LOGÍSTICA DO RECEBIMENTO
38

19 CONTINGÊNCIA: itens transportados, observando ainda os respectivos fluxos e as seguintes infor-


mações:
Emergência, urgência.
a) fluxo de todos os produtos perigosos embarcados por período: diário, se-
manal, mensal e anual;

20 PORTFÓLIO: b) nome e classificação dos produtos transportados;

É uma coleção de todo o


c) plano de contingência20 de atendimento emergencial, relacionando os
trabalho em andamento na recursos humanos e materiais disponíveis e padronização dos siste-
organização.
mas de acionamento.
De posse desses relatórios, a empresa tem importantes dados estatísti-
cos da movimentação e das tarefas de armazenagens dos produtos perigo-
sos, além de fundamentar os planos de contingências da área. Fica regis-
trado, no seu portfólio21 comercial, resultados de auditorias especificando as
ações corretivas e preventivas, caso tenha acontecido alguma não confor-
midade nas etapas de movimentação, armazenamento, e distribuição dos
produtos perigosos.

No Brasil, regulamentação e responsabilidade pela distribuição


e transporte de produtos perigosos, por modal aéreo, é da
Agencia Nacional de Aviação Civil (ANAC). Os regulamen-
tos aplicáveis são: o Regulamento Brasileiro da Aviação Civil
(RBAC), nº 175, IS nº 175-001 e Código Brasileiro de Aeronáutica
(CBA) e estes são baseados nos Regulamentos da International
Civil Aviation Organization (ICAO). (FEDEX EXPRESS, 2011).

2.8 KIT PARA MOVIMENTAÇÃO DE CARGA PERIGOSA

Para o transporte de produtos perigosos, a exemplo dos produtos químicos e


dos seus derivados de petróleo, deve ser montado um kit de emergência, vide fi-
gura 9, que deve seguir as normas regulamentadoras NBR 9734/9735. Para movi-
mentar cargas perigosas, veículo transportador e/ou almoxarifado, o usuário deve
ter em mãos este kit de produtos que deve ser utilizado em caso de emergência.
A seguir, será apresentada uma relação, com suas respectivas unidades, dos itens
que devem compor um kit para manuseio e transporte de carga perigosa:
a) capacete aba frontal com carneira – 1 un;
b) óculos de proteção ampla visão – 1 un;
c) avental em PVC antirrespingos – 1 un;
d) bota de borracha tipo cano médio – 1 un;
e) luvas em PVC – 1 par;
2 MATERIAIS DIVERSOS E SUAS CARACTERÍSTICAS
39

f) máscara semifacial com regulagem, com um filtro de carvão ativado VO – 1 un;


g) calços de madeiras – 4un;
h) placa de isolamento autoportante escrita “Perigo Afaste-se” – 4 un;
i) kit de ferramentas - 1un;
j) cones laranja e branco refletivo 75 cm, NBR 15071 – 4 un;
k) cones para isolamento de área – 6 un;
l) pá ou enxada confeccionada com material antifaísca – 1 un;
m) martelo confeccionado com material antifaísca – 1 un;
n) manta de absorção – 2 un;
o) batoques de madeira – 2 un;
p) fita zebrada para isolamento de área - 100 mt;
q) tirante de amarração - 10 mt;
r) lanterna simples – 1 un;
s) pilhas grandes – 2 un;
t) lona impermeável – 1 un;
u) bolsa – 1 un.

Figura 25 -  Kit de emergência


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2012.
LOGÍSTICA DO RECEBIMENTO
40

O transporte de cargas perigosas (combustíveis, produtos químicos,


explosivos, entre outros) deve ser realizado por motoristas com a devida
experiência, que tenham realizado cursos especiais para movimentação e
transporte desse tipo de cargas. A importância da realização desses cursos
é devido à necessidade de adequação por parte dos condutores das exigên-
cias legais para assumir o comando desses veículos que, além dos riscos
normais nesse tipo de atividade e das más condições das estradas, ainda
temem a ação dos ladrões de cargas, especialmente quando transportam
produtos químicos mais valiosos.

SAIBA Para conhecer mais sobre segurança na movimentação de


cargas, consulte o livro Manual do Almoxarife de Vitório Do-
MAIS nato, da Editora Ciência Moderna.

De forma a evitar estes incidentes, as empresas devem buscar meca-


nismos de precaução que diminuam os riscos. Ressalta-se que uma orga-
nização pode utilizar alguns destes mecanismos de controle como medidas
preventivas ou medidas diárias de proteção. Neste sentido, quanto maiores
e melhores forem os mecanismos de controle aplicados sobre uma fonte de
perigo, menor será a intensidade do risco.
Contudo, embora se consiga atingir altos níveis de minimização do risco
adjacente (próximo) ao transporte de matérias perigosas, sabe-se que é
impossível eliminá-lo por completo, devido às diversas contingências ines-
peradas ocorridas por situação provocadas pela natureza (a exemplo das
chuvas) ou falhas humanas.

RECAPITULANDO

Este capítulo abordou o controle de produtos perigosos de acordo com


a legislação específica que regulamenta a distribuição física desse tipo de
mercadoria. Foi demonstrada a importância de elaboração de relatórios de-
monstrativos bem fundamentados e coerentes com os riscos atrelados ao
manuseio, transporte e distribuição.
2 MATERIAIS DIVERSOS E SUAS CARACTERÍSTICAS
41

Foram descritas as classes e subclasses dos produtos perigosos e foram


discriminadas as medidas de segurança pertinentes ao manuseio desses
materiais, além das especificações sobre armazenagem, tais como: segre-
gação, armazenagem, distribuição, embalagem e os relatórios pertinentes
para controle e monitoramento desses materiais.
Também foi demonstrada a necessidade de se tratar corretamente as em-
balagens e o envasamento de produtos tóxicos considerados perigosos.
Com isso, foi percebido que a distribuição eficiente de produtos perigosos
requer relatórios pertinentes, que tiveram uma atenção especial neste ca-
pitulo.
Introdução

Prezado aluno,
Seja bem-vindo ao Curso de Qualificação Profissional em Almoxarife!
A Logística será nosso objeto de estudo e ela é, atualmente, o diferencial competitivo para
as organizações. Você descobrirá de que maneira esse diferencial se apresenta.
Nosso curso tem como competência geral programar e controlar o recebimento de ma-
teriais, mediante documentação fiscal do inventário físico, armazenar materiais, mantendo
atualizados os registros de localização no almoxarifado, agendando, recebendo, coletando e
endereçando materiais, gerando os inventários periódicos, seguindo normas técnicas de segu-
rança e meio ambiente.
Este livro, denominado Logística de Recebimento, tem como objetivo aprofundar o conhe-
cimento do aluno nas terminologias da área de Logística abordando assuntos fundamentais
do processo logístico como os tipos de cargas, armazenagem de produtos perigosos, recebi-
mento de materiais e seu processo de conferência nos níveis físico e contábil. Esse conheci-
mento proporciona ao aluno a ampliação da visão crítica sobre uma cadeia de suprimentos
Ele está dividido em quatro capítulos, tendo essa introdução como o primeiro. O capítulo 2
apresenta os diversos tipos de materiais, desde os líquidos comuns aos líquidos inflamáveis, os
gases e os sólidos. A partir do capítulo 3, aprenderemos as técnicas de recebimento de mate-
riais, diferenciando conceitos básicos do recebimento manual e do automático. Finalizaremos
com o capítulo 4, que apresenta as técnicas utilizadas na conferência física, conferência con-
tábil e o sistema Warehouse Management System (WMS). Assim, você será capaz de interpretar
procedimentos e identificar equipamentos, processos e documentos.
Durante o estudo deste livro, abordaremos tópicos que lhe permitirão desenvolver as
seguintes capacidades:
CAPACIDADES TÉCNICAS:
a) agendar o recebimento;
b) verificar as especificações do pedido;
c) verificar disponibilidade de recursos (humanos, materiais, espaço físico etc.);
LOGÍSTICA DO RECEBIMENTO
44

d) verificar prioridades e nível de urgências;


e) conferir a documentação com o pedido ao receber materiais;
f) conferir quantidades físicas recebidas;
g) registrar documento fiscal;
h) seguir normas de segurança de movimentação de materiais.
CAPACIDADES SOCIAIS, ORGANIZATIVAS E METODOLÓGICAS:
a) buscar o autoaprimoramento;
b) conservar os equipamentos e instrumentos;
c) consultar manuais, catálogos e publicações técnicas;
d) estudar e pesquisar;
e) manter a organização e limpeza do local de trabalho;
f) ter atenção;
g) ter dinamismo;
h) ter proatividade;
i) ter raciocínio lógico e ser analítico;
j) trabalhar em grupo e individualmente.
Construiremos um conhecimento que o habilitará a se desenvolver como pes-
soa, mas, sobretudo, como profissional em Almoxarife, objetivo principal deste
e de todos os outros materiais que você verá ao longo do curso. Esperamos que
consiga atingir este objetivo ao passo em que se empenhe em dar o seu melhor.
Não esqueça que você é o principal responsável por:
a) sua formação;
b) estabelecer e cumprir um cronograma de estudo realista;
c) separar um tempo para descansar;
d) não deixar as dúvidas para depois;
e) consultar seu professor/tutor sempre que tiver dúvida.
Sucesso!
1 INTRUDUÇÃO
45

Anotações:
Recebimento de materiais

Neste capítulo, abordaremos os conceitos e importância que abrangem o recebimento de


materiais.
O recebimento de materiais é uma etapa importante da Logística, na qual são realizados
procedimentos como recepção do veículo transportador, desembarque físico de materiais,
conferência dos pedidos e volumes e inspeção de avarias1. O início do recebimento é marcado
pela conferência da documentação fiscal, que consiste basicamente da nota fiscal (NF), dos
certificados de qualidade e do conhecimento de transporte2.
Na logística, a principal preocupação reside no controle dos fluxos de entrada e de saída
(manuseio e movimentação) de materiais, e não na armazenagem propriamente dita. Aborda-
remos os requisitos necessários para o manuseio de materiais, no que diz respeito ao recebi-
mento, armazenamento, separação e expedição.

Figura 26 -  Conferência e recebimento de materiais


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2012.

O manuseio de materiais se concentra no almoxarifado, setor da empresa, onde são arma-


zenados, em condições adequadas, os materiais. Há uma diferença básica em manuseio de
materiais a granel e materiais embalados. No manuseio a granel, existe a necessidade de equi-
pamentos especiais para o carregamento e o descarregamento. Já no manuseio de materiais
embalados não existe essa necessidade de equipamentos considerados especiais.
LOGÍSTICA DO RECEBIMENTO
48

1 AVARIAS: Nos últimos anos, tem sido recomendada uma série de procedimentos para
auxiliar os sistemas para manuseio de materiais. Alguns desses procedimentos
Estrago, dano.
são muito importantes, tais como:
a) equipamentos de armazenagem e manuseio devidamente padronizados;

2 CONHECIMENTO DE
b) o sistema de manuseio de materiais deve ser projetado para proporcionar
TRANSPORTE: fluxo de produtos contínuo;
É um documento fiscal c) os equipamentos devem ser comprados de acordo com as necessidades de
que acompanha a carga
transportada. Contém manuseio;
informações como o
remetente, destinatário, d) os equipamentos de manuseio de materiais comprados devem ser usados o
consignatário (terceiro mais intensamente possível;
autorizado para receber
a carga) se houver
mercadoria transportada e) os equipamentos de manuseio escolhidos devem ter a menor relação possí-
e composição do valor do vel entre peso e carga útil movimentada;
frete.
f) utilização da força da gravidade deve ser aproveitada em projetos de siste-
mas de manuseio.

3 ASCENSOR: Vale destacar que, por razões práticas, utiliza-se o termo manuseio de mate-
riais unicamente para os processos por via seca (terrestre). As tecnologias para os
Aparelho que serve
para elevar ou descer processos de movimentação por vias aquáticas são denominadas manuseio de
verticalmente as pessoas e polpa.
os materiais.

4 ROLDANAS:

Disco girante com uma


ranhadura (depressão
alongada encontrada em
superfícies anatômicas) ou
sulco na periferia por onde
passa um cabo, corda ou
corrente, usado geralmente
para levantar pesos.

5 FORÇA MOTRIZ:

Força que imprime


movimento motor.

Figura 27 -  Manuseio de materiais


Fonte: SENAI, 2012.
3 RECEBIMENTO DE MATERIAIS
49

3.1 PLANEJAMENTO DA ÁREA DE RECEBIMENTO

O planejamento da área de recebimento de materiais deve seguir os preceitos


que regem a sua legislação específica, visando atender às mais diversas varieda-
des, conhecida como norma regulamentadora NR 11 - Transporte, Movimenta-
ção, Armazenagem e Manuseio de Materiais, conforme listados abaixo:
a) os equipamentos utilizados na movimentação de materiais, tais como
ascensores3, elevadores de carga, guindastes, monta-carga, pontes-ro-
lantes, talhas, empilhadeiras, guinchos, esteiras-rolantes, transportado-
res de diferentes tipos serão calculados e construídos de maneira que
ofereçam as necessárias garantias de resistência e segurança. além
disso, serão conservados em perfeitas condições de trabalho;
b) especial atenção será dada aos cabos de aço, cordas, correntes, rol-
danas4 e ganchos que deverão ser inspecionados permanentemente,
substituindo-se as suas partes defeituosas;
c) em todo o equipamento será indicado, em lugar visível, a carga máxima
de trabalho permitida;
d) para os equipamentos destinados à movimentação do pessoal serão
exigidas condições especiais de segurança;
e) os carros manuais para transporte devem possuir protetores das mãos;
f) nos equipamentos de transporte, com força motriz5 própria, o operador
deverá receber treinamento específico dado pela empresa que o habi-
litará nessa função;
g) os operadores de equipamentos de transporte motorizado deverão ser
habilitados e só poderão dirigir se durante o horário de trabalho portar
um cartão de identificação com o nome e fotografia em lugar visível;
h) os equipamentos de transporte motorizados deverão possuir sinal de
advertência sonora (buzina);

Figura 28 -  Empilhadeira com sinal sonoro


Fonte: SENAI, 2012.
LOGÍSTICA DO RECEBIMENTO
50

6 UNITIZADAS: i) todos os transportadores industriais serão permanentemente inspecionados


e as peças defeituosas ou que apresentem deficiências deverão ser imedia-
Agrupamento de caixas ou
embalagens numa carga tamente substituídas.
única, formando um só
volume, para manuseio Uma importante análise dentro do processo de planejamento da área de re-
ou transporte. (Bowersox,
1999, p.368) cebimento se refere ao processo de rastreamento das mercadorias pelo sistema
logístico. Este último não pode rastrear os materiais solicitados ao menos que as
entradas sejam devidamente planejadas. Por sua vez, as entradas previstas são
fundamentais para regularizar o nível de inventário no depósito. As entradas pre-
7 MATERIAIS DE CONSUMO: vistas são importantes também para determinar se o usuário recebeu os materiais
É todo material que não prometidos pelo fornecedor ou em produção interna. Sem as entradas previstas,
faz parte do negócio o sistema não pode realizar uma ligação entre os pedidos e o material recebido.
da empresa, não será
comercializado, mas é
utilizado por ela. Ex.:
O objetivo primordial do manuseio é a separação das cargas de acordo com a
material de escritório, necessidade dos clientes. Os almoxarifados contêm materiais, peças e produtos
limpeza, manutenção etc.
acabados suscetíveis de movimento.
Assim, percebe-se a importância do planejamento da área de recebimento de
materiais para o bom andamento do processo logístico, evitando possíveis con-
tingências dentro do processo produtivo.

3.2 FLUXO DOS MATERIAIS

As três principais atividades do manuseio de materiais são: recebimento, ma-


nuseio interno e expedição. A seguir, conheceremos o fluxo dos materiais, desde
o recebimento até a expedição.

O manuseio de produtos em uma organização deve seguir


FIQUE requisitos que protejam também a saúde do trabalhador.
Costumeiramente, ocorrem acidentes de trabalho nas em-
ALERTA presas devido ao descontrole operacional no que se refere
ao recebimento de materiais.

3.2.1 RECEBIMENTO

O recebimento de materiais pode ser realizado de três formas: manual, mecâ-


nico e automático. Vamos conhecê-los individualmente.
a) manual: o recebimento manual acontece quando se exige força física e téc-
nica adequada para recebimento dos materiais. Ressalta-se a preocupação
3 RECEBIMENTO DE MATERIAIS
51

das empresas em não prejudicar, com esse processo, a saúde do trabalha-


dor, em especial a sua coluna.
É caracterizado pela chegada de mercadorias e materiais aos almoxarifados
em quantidades maiores do que as expedidas (despachadas). Constitui-se dos
momentos abaixo, na sequência:
–– desembarque físico dos materiais e conferência da documentação;
–– inspeção das mercadorias (procura por avarias).
O primeiro procedimento é o desembarque físico dos materiais. Esta atividade
normalmente é realizada com o auxílio de equipamentos, conforme observado
na Figura 29. Em geral, o descarregamento de veículos é uma atividade que de-
manda tempo. Portanto, quando as cargas estão unitizadas6, o descarregamento
se torna mais ágil.

Figura 29 -  O descarregamento do veículo


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2012.

Após a conferência da documentação (que acontece muitas vezes durante


o descarregamento), o funcionário que assume o recebimento deve realizar a
inspeção da carga. Nesta inspeção, também é verificado se os produtos não so-
freram avarias. Se for necessário passar por outra inspeção, as mercadorias são
enviadas para a área competente. Em algumas empresas, é a área de Controle de
Qualidade que verifica as especificações de um produto.
Os materiais recebidos podem ser matérias-primas, insumos, embalagens,
produtos semiacabados e produtos acabados no caso de um armazém de distri-
buição, onde ocorre apenas a reorganização das cargas de acordo com o pedido
do cliente. Nas duas situações, a empresa também poderá receber peças, equipa-
mentos ou materiais de consumo7.
LOGÍSTICA DO RECEBIMENTO
52

8 CONSOLIDAÇÃO: Se as mercadorias estiverem danificadas, devem ficar retidas para providên-


cias futuras. Se, por fim, estiverem em conformidade tanto em quantidade como
Combinação de materiais
de diferentes fontes em um em integridade (sem avarias), os níveis de estoque são atualizados e os produtos
grande carregamento para seguirão para as próximas etapas.
um destino específico e/ou
para determinado cliente.
(Bowersox, 2002, p. 316)

VOCÊ A lei brasileira determina que o manuseio manual de


produtos não pode extrapolar o limite de 60 kg visando
SABIA? à preservação de sua saúde física.

b) mecanizado: o recebimento mecanizado é caracterizado pela combinação


de mão de obra manual e equipamentos mecânicos para a movimentação
de materiais. O sistema mecanizado minimiza a mão de obra, utilizando
máquina automática ou com controle remoto.

Figura 30 -  Recebimento mecanizado


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2012.

c) automático: o recebimento automático é aquele que acontece através de


aparelhagem mecânica, elétrica ou robotizada. Esse tipo de recebimento
tem como objetivo principal evitar paradas em uma linha de produção, cal-
culando automaticamente a quantidade de itens necessários para o bom
andamento do processo produtivo. Além disso, o recebimento automático
proporciona redução de custo, aumento da produtividade e eficácia do sis-
tema.
3 RECEBIMENTO DE MATERIAIS
53

Figura 31 -  Processo de recebimento automatizado


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2012.

3.2.2 MANUSEIO INTERNO

O manuseio interno de materiais se refere a toda e qualquer movimentação re-


alizada dentro de um armazém ou fábrica (veja a Figura 32). As principais funções
do manuseio interno são a seleção dos pedidos e a transferência de materiais. A
seleção de pedidos considera os movimentos como reagrupamento de produ-
tos dentro da combinação solicitada pelo cliente. Já a transferência de materiais
analisa o movimento físico de produtos para a armazenagem, consolidação8 e
embarque.

VOCÊ Por razões práticas, utiliza-se o termo manuseio de ma-


teriais unicamente para os processos de movimentação
SABIA? de materiais que são realizados a curta distância.

A escolha de um sistema de manuseio de materiais é uma das primeiras con-


siderações no processo de planejamento de armazéns e centros de distribuição.
Podemos classificar as técnicas de manuseio de acordo com os quatro tipos apre-
sentados abaixo:
a) tipos de roteiro;
b) tipos de produto;
c) tipos de embalagens;
d) tipos de equipamentos.
LOGÍSTICA DO RECEBIMENTO
54

9 LAYOUT: Vamos conhecê-los a seguir.

Configuração do arranjo
físico da instalação.

10 TRAÇÃO MECÂNICA:

Situação de um corpo
submetido à ação de uma
força mecânica que tende a
alongá-lo.

Figura 32 -  Manuseio interno de embalagens


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2012.

a) Tipos de roteiros
A depender do destino final, a mercadoria pode seguir diferentes roteiros ou
sequências operacionais. A padronização dos movimentos reduz consideravel-
mente o tempo gasto nas atividades, o que impacta diretamente no custo da mão
de obra. Uma economia de segundos, multiplicada por milhares de repetições,
pode significar não precisar contratar mão de obra extra em períodos de maior
demanda. Assim, veremos, a seguir, os roteiros padrões utilizados numa unidade
fabril e num armazém.

3.2.3 ROTEIRO DE UMA UNIDADE FABRIL

Dentro de uma fábrica, podem existir diferentes roteiros de acordo com o


processo produtivo e seu respectivo arranjo físico (layout9), mas, em geral,
podemos afirmar que a maioria dos roteiros contempla as seguintes etapas:
a) movimentação de matéria-prima e outros suprimentos da área de recebi-
mento à área de produção: a área de produção pode ser uma linha de mon-
tagem, um ambiente composto por diferentes unidades de trabalho ou um
local fixo onde todos os recursos (materiais, máquinas e homens) se dirigem
na mesma direção.
b) ao longo das etapas produtivas: um produto processado dentro de uma
fábrica, em geral, movimenta-se entre as etapas do sistema produtivo. Essa
movimentação pode ser feita por meio de equipamentos de movimenta-
ção ou pela própria unidade de trabalho, que pode deslocar o produto ao
mesmo tempo em que o processa. Quando existe estoque em processo, há
também a movimentação dos produtos em processo entre as unidades de
trabalho e os estoques.
3 RECEBIMENTO DE MATERIAIS
55

c) da produção para a expedição: quando o produto já está pronto, ocorre a


movimentação para a área de expedição. Em muitos casos, antes de embar-
carem, os produtos são deslocados para a área de embalagem e, então, para
a área de expedição.

Um problema de rota pode envolver diversas origens e


destinos, por isso, deve ser resolvido levando em conta
VOCÊ as restrições das capacidades de suprimento nos pontos
SABIA? de origem (fontes) e das necessidades de produtos nos
pontos de destino (demandas), assim como os custos as-
sociados aos diversos caminhos possíveis.

Entre o recebimento e o embarque dos produtos, tanto os insumos quanto os


produtos acabados estão sujeitos a serem estocados para equilibrar a produção
com a demanda. Assim, podem-se incluir no roteiro de movimentação em uma
unidade fabril os movimentos desde a entrada até a saída nesses depósitos inter-
nos, conforme esquematizado no fluxograma da Figura 33.

Recebimento

Depósito
insumos

Depóstios
Processo
produtos Embalagem
produtivo acabados

Expedição

Figura 33 -  Fluxograma do roteiro em uma fábrica


Fonte: SENAI, 2012.

3.2.4 ROTEIRO DE UM ARMAZÉM

Dentro de um armazém, podem ocorrer movimentos (observe a figura abaixo)


que caminham em direção à saída do produto. Esses movimentos são:
a) da área de recebimento para dentro do armazém em local previamente
estabelecido. Em geral, são deslocamentos realizados por empilhadeiras,
quando as cargas estão unitizadas, ou por outros meios de tração mecânica10
para cargas maiores. Em alguns casos, este deslocamento pode ser manual.
LOGÍSTICA DO RECEBIMENTO
56

b) do armazém para a área de separação à medida que são processados os


pedidos. Na área de separação, é realizada a composição da carga de acordo
com os pedidos dos clientes, utilizando o conjunto e variedade dos produtos
disponíveis no depósito.
c) da área de separação para a plataforma de carga após realização da com-
posição da carga de acordo com o pedido do cliente. É na plataforma de
carga que termina o processo de movimentação interna. Os caminhões são
então carregados de acordo com o seu roteiro.

Recebimento

Unitização

Depósito

Composição
de carga

Embalagem

Expedição

Figura 34 -  Fluxograma do roteiro em um armazém


Fonte: SENAI, 2012.

CASOS E RELATOS

Mudança no fluxo produtivo provoca redução de custos


Uma empresa brasileira fabrica peças de carro para exportação. No caso de
uma dessas peças, cada ciclo (recebimento-expedição) custa R$ 46,36. Se,
em um dia, em média, 31 peças são despachadas, o gasto diário com esta
movimentação é de R$ 1.437,16. Ao ser analisado o fluxo dessa peça, desde
o processo de fabricação até a expedição, foi verificado que a peça percor-
ria 1.800m, sendo 1,100m apenas entre o departamento de produção e o
departamento de embalagem. Notou-se que a distância total poderia ser
reduzida para apenas 700m se a atividade de embalagem fosse transferida
3 RECEBIMENTO DE MATERIAIS
57

para o próprio departamento de produção. Com isso, foram registrados os


seguintes resultados positivos:
a) eliminação do desperdício de movimentação de materiais e de pes-
soas;
b) menor tempo de resposta ao mercado externo e qualidade do pro-
duto;
c) eliminação da área de armazenamento temporário no departamento
de embalagem e redução de gastos com combustível e de manuten-
ções com as empilhadeiras.
Este relato nos mostra como a melhoria no fluxo logístico pode ser feita
através de ajustes dentro da própria empresa, como por exemplo, no rotei-
ro da movimentação de materiais.
Fonte: REVISTA INGEPRO, 2009. (Adaptado).

SAIBA Para conhecer mais sobre as atividades do profissional de


logística, consulte o livro Introdução a Logística da Editora
MAIS Ciência Moderna.

3.2.3 EXPEDIÇÃO

A expedição é uma das atividades mais importantes dentro de um armazém e


que se realiza sempre após o processo de embalagem da mercadoria. Ela possui
as seguintes atividades:
d) preparação dos documentos devidos da remessa;
e) verificação exata do pedido do cliente;
f) realização da pesagem visando determinar os custos de envio da mercado-
ria;
g) carregamento dos caminhões.
LOGÍSTICA DO RECEBIMENTO
58

11 EDI:

Electronic Data Interchange


significa troca estruturada
de dados através de uma
rede de dados qualquer.

12 ALOCAR:

Dispor ou pôr (alguma


coisa ou alguém) num local
específico.

Figura 35 -  Expedição em um armazém


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2012.

3.3 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO APLICADA AO RECEBIMENTO

Cada vez mais são utilizados códigos de barras, sistemas de radiofrequência e


sistemas de gerenciamento de armazéns, conhecidos como WMS, que gerenciam
e agilizam os processos de um armazém.
Com sistemas WMS, em conjunto com outras tecnologias, como EDI11, e conec-
tados a empresas de transportes, um armazém saberá com antecedência quando
e quais suprimentos deverão chegar e suas respectivas quantidades. Desta forma,
poderão se programar e planejar a movimentação dos materiais, além de alocar12
os recursos (mão de obra e equipamentos) necessários para o recebimento dos
mesmos.
O recebimento de materiais e produtos de uma empresa é o intermediário
entre as atividades desempenhadas pelo setor de compras e o departamento fi-
nanceiro, responsável pelo pagamento aos fornecedores. Ou seja, as atividades
realizadas no recebimento garantem ou não o pagamento aos fornecedores,
após terem atendidas as exigências e solicitações feitas pelo setor de compras da
empresa.
3 RECEBIMENTO DE MATERIAIS
59

RECAPITULANDO

Neste capítulo, você estudou as principais funções do recebimento dos ma-


teriais. Além do conceito, foram examinadas as principais classificações do
recebimento, de acordo com suas características e funcionalidades, como
o recebimento manual, mecânico e automático.
Você aprendeu que um processo de recebimento pode ser diferenciado
pelo seu nível de automação. Você viu também a importância do estudo
dos fluxos dos materiais, podendo significar racionalidade e redução de
custos. Aprendemos que o controle dos fluxos dentro de uma área de ar-
mazenamento é muito importante. Por fim, vimos que o sistema WMS é
uma fermenta que irá auxiliar o profissional de logística.
Processos de recebimento

Após termos observado, no capítulo anterior, as principais atividades executadas em um


armazém, vamos relembrar, de forma sucinta, a etapa do recebimento dos materiais. Aborda-
remos neste capítulo, os processos que ocorrem no recebimento.
É importante, em uma organização, ter materiais e demais produtos necessários para a
produção e posterior venda. De nada adiantará efetuar compras com eficiência e economia se
a empresa não estiver adaptada para receber os produtos com rapidez e disposição, ou seja, é
necessária a adoção de práticas que reduzam o tempo de recebimento ao máximo para que a
empresa possa produzir e entregar os seus produtos aos seus clientes no momento certo. Caso
ocorram atrasos no recebimento de produtos, poderá haver atrasos na linha de produção e
demais processos.

Figura 36 -  O processo de recebimento


Fonte: SENAI, 2012.

A adoção de novos métodos gerenciais e práticas de trabalho juntamente com o desenvol-


vimento de novas tecnologias têm substituído a velha forma do papel e lápis no recebimento
de suprimentos numa empresa.
Após a conclusão da transação entre a empresa e os fornecedores para a entrega dos su-
primentos, chega a hora das atividades de recebimento e inspeção, já vistos anteriormente, e
autorização do pagamento aos fornecedores, que conheceremos neste capítulo.
LOGÍSTICA DO RECEBIMENTO
62

1 DOCA: 4.1 CONFERÊNCIA


Construção em porto A conferência ou contagem física é uma atividade realizada na chegada dos
marítimo que serve
para o abrigo, conserto materiais que se constitui da comparação entre o material físico e a descrição
e carregamento de
mercadorias. cadastral. Ela é dividida entre a conferência qualitativa e quantitativa:
a) conferencia qualitativa: ato de checar as qualidades inerentes ao material;
b) conferência quantitativa: ato de checar as quantidades físicas do material.
2 ROMANEIO: Quando o veículo é liberado para o desembarque, este deve ser conduzido
É o procedimento utilizado para a área de descarga ou doca1 correspondente para que seja feita a descarga
entre matrizes e filiais para dos materiais e, dependendo do tipo de suprimentos, devem-se utilizar os equi-
a transferência de insumos,
mercadorias ou produtos pamentos de movimentação adequados e observar as normas de segurança na
que constam em estoque.
utilização dos mesmos.

Figura 37 -  Descarga de suprimentos em doca


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2012.

Após estacionar o veículo na área de descarga, é feito um exame de possíveis


avarias que consiste em verificar a acomodação da carga e as embalagens. Nes-
tas, é observado se não estão violadas ou comprometidas (umidade, quebras ou
danos), bem como as proteções.

4.1.1 CONFERÊNCIA QUANTITATIVA

A conferência quantitativa é a fase que se refere à checagem física das quanti-


dades recebidas pelo conferente, com a quantidade de produtos que constam na
nota fiscal, através de uma contagem. Tal contagem pode ser feita dos seguintes
modos:
a) manualmente, caso sejam pequenas quantidades de produtos ou compo-
nentes;
b) matematicamente, pois os cálculos são importantes para os casos de emba-
lagens padronizadas, contendo grandes quantidades;
4 PROCESSOS DE RECEBIMENTO
63

c) com as balanças contadoras que sustentam grandes quantidades de peças


de pequenas dimensões;
d) através de pesagens para materiais e produtos de grandes pesos ou volu-
mes. O peso dos produtos será obtido com o veículo numa balança. A dife-
rença entre o peso total (veículo + carga) e o peso do veículo será o peso dos
materiais transportados;
e) por meio de trenas e outros recursos como correntes de elos, correia trans-
portadora etc.

4.1.2 CONFERÊNCIA QUALITATIVA

A segunda fase compreende a conferência qualitativa, conhecida também


como inspeção técnica que visa a confrontar as especificações solicitadas pela
empresa no pedido de compras com as especificações apresentadas na nota fis-
cal do Fornecedor.
A fase da inspeção tem como principal objetivo garantir que os materiais e
produtos estejam de acordo com o que foi contratado pela empresa. Os princi-
pais aspectos da inspeção técnica é a observação das dimensões e das caracterís-
ticas específicas e o exame das restrições de especificação. A inspeção do produto
pode ocorrer de três formas: nas instalações do fornecedor, no recebimento do
produto dentro da empresa e, por razões de segurança, durante as fases do pro-
cesso de produção do produto.
Havendo irregularidades nas especificações, o setor de compras deverá acio-
nar e comunicar de imediato o fornecedor responsável. Ocorrendo recusa por
parte da empresa, o fato deverá ser registrado no romaneio2 (observe a Figura 38)
e no canhoto da nota fiscal do fornecedor.

Figura 38 -  Conferência de materiais


Fonte: SENAI, 2013.
LOGÍSTICA DO RECEBIMENTO
64

3 PRODUTO INTERNO 4.1.3 CONFERÊNCIA CONTÁBIL


BRUTO (PIB):
Na terceira e última fase, chamada de regularização, conclui-se o processo de
Representa a soma, em
valores monetários, de recebimento que segue importantes etapas, a saber:
todos os bens e serviços
finais produzidos numa a) devida análise e confronto entre os dados constantes da nota fiscal com o
determinada região,
durante um período pedido de compras;
determinado.
b) conhecimento e checagem do transporte;
c) correta checagem das quantidades e especificações com os documentos
que atestam a qualidade do produto (laudos de inspeção técnica);
d) preenchimento da assinatura e registro do carimbo no canhoto da nota fis-
cal datado pelo responsável pelo recebimento com seu respectivo registro
de identidade (RG).
Passando as fases anteriores, os materiais e produtos precisarão ser encami-
nhados para o depósito ou armazém onde ocorrem lançamentos contábeis, in-
cluídos no estoque físico, após a identificação e endereçamento, atentando para
os devidos cuidados, como a análise de documentos. Os principais documentos a
serem analisados na regularização são:
a) nota fiscal;
b) relatórios de recebimento;
c) conhecimento de transporte;
d) relatório de contagem física;
e) parecer dos responsáveis pela inspeção;
f) especificações dos produtos;
g) catálogos técnicos;
h) desenhos.

Enquanto os americanos gastam apenas 8% do Produto


Interno Bruto3 (PIB) com manuseio, transporte e entre-
VOCÊ ga e recebimento de cargas, no Brasil esse índice está na
SABIA? casa dos 12% do PIB, segundo os cálculos de Paulo Fleu-
ry, professor da UFRJ.
Fonte: REVISTA ISTO É DINHEIRO, n.630 p. ,2009.

No recebimento dos produtos, é importante para uma organização definir os


padrões de serviços desejados junto aos fornecedores, de modo a obter um de-
sempenho melhor em toda a cadeia de suprimentos na qual se encontra inserida.
Assim, é fundamental o entendimento e o domínio no desempenho dos serviços
4 PROCESSOS DE RECEBIMENTO
65

em todas as etapas vistas acima, durante o recebimento dos suprimentos como


forma de alcançar os padrões de serviços desejados pela empresa. E como isto
é alcançado? Os fornecedores devem ter em mente quais são as expectativas e
exigências desejadas pela empresa de maneira clara e objetiva. Os principais pa-
drões de serviço desejados no recebimento dos suprimentos são:
a) entrega dos suprimentos no prazo determinado e nos horários estipulados
pela empresa para a entrega dos suprimentos. isto significa entregas pro-
gramadas;
b) entrega dos suprimentos de acordo com o pedido de compra: quantidades
e especificações, conforme o pedido;
c) produtos sem avarias;
d) veículos de transporte apropriados que permitam o descarregamento nas
áreas de desembarque;
e) documentação exigida pela empresa de acordo com o que foi acordado.
É possível que, em muitos momentos, as organizações estabeleçam padrões
desejáveis de serviços por meio de negociações, o que implicará na adequação
de exigências e expectativas com o que os fornecedores podem oferecer, sem
que haja redução na lucratividade, tanto da organização quanto do fornecedor,
tendo os objetivos operacionais alcançados.

4.2 SISTEMA WMS NO PROCESSO DE RECEBIMENTO

O Warehouse Management System (WMS) é um sistema gerenciador de arma-


zém, e como o próprio nome diz, possui a finalidade de gerenciar o estoque de
materiais em um armazém, permitindo o bom funcionamento do mesmo.
Problemas podem ocorrer dentro de uma empresa quando não há um geren-
ciamento correto de seus armazéns, como os listados a seguir:
a) perda de mercadorias;
b) falta de controle dos prazos de validade;
c) necessidade de tempos elevados para a localização das mercadorias;
d) desconhecimento das quantidades armazenadas;
e) formação excessiva de estoques;
f) falta de produtos;
g) envio de produtos errados para o cliente;
h) centralização do conhecimento.
LOGÍSTICA DO RECEBIMENTO
66

4 ACURÁCIA: As empresas administram seus estoques de forma a não gerarem custos para
Exatidão de uma operação. elas. Com o avanço tecnológico e o aumento da variedade e quantidade de pro-
dutos foi necessária a utilização de uma ferramenta computacional que ajudasse
os processos decisórios da organização. Nesse sentido, o sistema WMS possui vá-
rios benefícios como:
5 LOGÍSTICA REVERSA:
a) melhoria da acurácia4 dos estoques;
Área da logística que
planeja, opera e controla b) redução dos estoques;
o fluxo e as informações
logísticas correspondentes c) controle de validade dos lotes das mercadorias;
ao retorno dos materiais/
embalagens ao ciclo d) melhoria na ocupação dos espaços físicos;
produtivo, por meio dos
canais reversos. (DONATO, e) redução de tempo no inventário;
V. 2008)
f) redução no prazo de entrega;
g) facilidade de localização das mercadorias;
6 PLANO DE h) melhoria no processo de recebimento de mercadorias;
CONTINGÊNCIA:
i) melhoria na agilidade na expedição de mercadorias.
Plano de emergência
quando da parada de um
sistema.

7 INVENTÁRIO:

Registro ou catálogo por


escrito e por artigos, dos
bens, móveis, títulos,
papéis de uma pessoa ou
organização.

Figura 39 -  Fluxo de abrangência de um WMS


Fonte: SENAI, 2012.

Essa interação, demonstrada na Figura 39, com a logística reversa5, busca agi-
lizar o fluxo de informações dentro de um armazém melhorando considerada-
mente a sua operação, otimizando seus processos. As atividades compreendem
recebimento, inspeção, endereçamento, estocagem, separação, carregamento,
emissão de documentos, trabalhando de forma integrada para atender as neces-
sidades logísticas da empresa.
4 PROCESSOS DE RECEBIMENTO
67

De acordo com o Manual do WMS (2010), os fatores primordiais para o sucesso


na implantação do WMS são:
a) cadastro correto das normas de paletização;
b) definição das regras de movimentação de mercadorias;
c) treinamento da equipe responsável por operar o WMS e os processos físicos
no armazém;
d) simulação do armazém;
e) plano de contingência6;
f) correto inventário7 inicial;
g) projeto de logística e armazenagem.
O cadastro único de materiais no WMS é muito importante, sendo intolerável
a duplicidade de nomes para o mesmo produto. Os softwares WMS permitem o
acesso a uma série de informações que dão auxílio à tomada de decisões. A se-
guir, serão relacionadas as principais informações que são extraídas dele com um
breve descritivo de sua funcionalidade:
a) mercadorias: realiza uma pesquisa das mercadorias contidas no armazém,
bem como as suas respectivas características físicas, lotes, validade, local de
armazenamento, preço etc;
b) locais de armazenagem: permite a verificação da capacidade e estrutura
de um determinado local do armazém;
c) normas de paletização: possibilita que os funcionários consultem as nor-
mas básicas de paletização definidas pela empresa em questão;
d) ocupação: realiza a consulta da ocupação do armazém, possibilitando a
identificação de áreas livres por endereço;
e) visões virtuais: realiza uma visualização virtual do armazém, sendo possível
animações em2D ou 3D (a depender da configuração do software WMS);
LOGÍSTICA DO RECEBIMENTO
68

Figura 40 -  Representação virtual armazém


Fonte: SENAI, 2013.

f) histórico de movimentações: permite que exista uma rastreabilidade das


mercadorias, concedendo que seja visto em etapa do processo logístico a
mercadoria se encontra para um maior controle;
g) pedidos: oferece a possibilidade de consulta ou realização de pedidos de
materiais ou mercadorias que se encontram armazenados;
h) gráficos de ocupação: através de gráficos é possível verificar a ocupação
das estruturas de armazenamento;
i) recebimento: permite que seja visualizada a quantidade produtos recebido
no dia, bem como a programação para os demais dias;
j) expedição: permite que seja visualizada a programação de expedição para
os demais dias, bem como a quantidade de produtos a serem expedidos no
dia.

Atualmente, o sistema WMS é desenvolvido por diversas


FIQUE empresas de software no Brasil, cabendo ao operador lo-
ALERTA gístico a escolha do melhor serviço oferecido por essas em-
presas.
4 PROCESSOS DE RECEBIMENTO
69

Os softwares WMS, além de fornecerem muitas informações, oferecem uma


série de relatórios para serem analisados pelos gestores. É comum, nos softwares
de WMS, a possibilidade de integração com diversas tecnologias como Eletronic
Data Interchange (EDI), Enterprise Resources Planning (ERP), coletores de dados, có-
digo de barras, RFID, entre outras tecnologias.

Figura 41 -  Warehouse management system


Fonte: SENAI, 2013.

4.3 PROCESSOS DE RECEBIMENTO DE MATERIAIS

O recebimento de materiais é realizado pelo profissional em almoxarife. Vere-


mos todos os procedimentos que devem ser realizados.
O almoxarife, quando recebe um material, deve receber a Nota Fiscal (NF) jun-
tamente com o material que está sendo entregue e, em seguida, consultar o pe-
dido de compra pendente que deve estar descriminado na NF.

FIQUE Nunca deve ser atestada nota fiscal sem a simultânea con-
ALERTA ferência física do material.

Quando o pedido não estiver disponível, o setor de compras deve ser aciona-
do para obter os dados necessários, anotando na Ficha de Verificação de Mate-
riais (FVM), que se refere à verificação e recebimento de materiais e da aceitação
ou não do material. Com essas informações, o almoxarife realiza as seguintes ati-
vidades:
LOGÍSTICA DO RECEBIMENTO
70

8 NOTA DE DEVOLUÇÃO: a) verifica os dados fiscais e de faturamento da nota fiscal, bem como sua con-
formidade com o pedido;
Nota fiscal recusada, que
não se encontra de acordo b) verifica se o material que está sendo entregue corresponde ao que consta
com as especificidades da
compra. no pedido e na Nota Fiscal;
c) verifica a quantidade do material, utilizando romaneios específicos (aço e
madeira), quando necessário;
d) comunica ao engenheiro e ao mestre da obra sobre a chegada do material;
e) caso o material não seja controlado, devem-se utilizar os dados fornecidos
pelo departamento de suprimentos, constantes do pedido de compra;
f) preenche todos os campos da FVM, que deve incluir cada verificação, com os
respectivos resultados.
Em função do resultado é decidido se o lote de materiais será aceito ou não, de
acordo com as orientações apresentadas nos itens a seguir.

4.3.1 ACEITE TOTAL DO MATERIAL

Não havendo problemas, recebe o material, assina o canhoto, entrega-o ao


transportador e libera sua saída do canteiro. Assim, tivemos o aceite total do ma-
terial.

4.3.2 RECUSA TOTAL DO MATERIAL NO ATO DO RECEBIMENTO

Caso o pedido não esteja disponível, temos a recusa total do material no ato
do recebimento. Deve-se entrar em contato com o fornecedor e obter os dados
necessários, anotando no verso da nota fiscal o motivo da devolução, adotando
as seguintes ações:
a) informar a ocorrência de problemas ao engenheiro ou ao mestre de obra e
recebe autorização para devolução;
b) carimbar o verso da nota fiscal, anotando a quantidade e descrição do ma-
terial devolvido;
c) devolver a nota fiscal ao transportador juntamente com o material recusado;
d) liberar a saída do transportador da empresa.
4 PROCESSOS DE RECEBIMENTO
71

4.3.3 RECUSA PARCIAL DO MATERIAL

Em casos de recusa parcial do material, é necessário informar a ocorrência do


problema ao setor de compras e aguardar autorização para devolução do mate-
rial rejeitado. Em seguida, o almoxarife deve realizar o seguinte procedimento:
a) emitir nota fiscal de devolução do material recusado;
b) assinar o canhoto;
c) devolver o material recusado ao transportador juntamente com o canhoto
e com a nota de devolução8;
d) liberar a saída do transportador do canteiro.
A ficha de verificação de materiais deve ser preenchida em qualquer um dos
casos citados acima para materiais controlados.
As situações de inspeção e ensaios no recebimento de materiais são identifica-
das a partir de placas indicativas da seguinte forma:
a) material sem placa = aprovado;
b) material com placa “não liberado” (reprovado ou em análise). O material
não liberado deve permanecer em área delimitada e demarcada para tal fim.
Quando algum produto é liberado antes da verificação para fins de utilização
urgente, o local de sua aplicação é registrado na ficha de estoque, permitindo
assim, o seu recolhimento imediato e sua substituição no caso da detecção de
alguma não conformidade. A ficha de estoque tem a finalidade de controlar a mo-
vimentação de entrada e saída de materiais em estoque. O produto é registrado
individualmente.
Para os produtos fornecidos pelos clientes também é utilizada a mesma siste-
mática de recebimento de material descrita neste procedimento.

4.4 PRINCIPAIS ATIVIDADES NO RECEBIMENTO DE SUPRIMENTOS

Trataremos aqui das principais atividades no recebimento de suprimentos.


Confira o que está envolvido nesse processo em cada fase a seguir. A Figura 42
mostra todo esse processo em forma de fluxo.
LOGÍSTICA DO RECEBIMENTO
72

Figura 42 -  Fases do recebimento de materiais


Fonte: SENAI, 2012.

4.4.1 ENTRADA DE MATERIAIS

A entrada de materiais é a primeira fase no recebimento de suprimentos e


diz respeito à entrada dos suprimentos na empresa, o que significa o começo
do processo de recebimentos. A conferência da documentação, a liberação do
descarregamento e o registro dos dados no sistema são etapas importantes na
recepção dos veículos de transportes.
Existe uma sequência de atribuições após o transportador ter entrado em con-
tato com a empresa:
a) é verificado se há solicitações de compra pela empresa;
b) se o recebimento está programado e autorizado para a data em questão ou
se fora do prazo acordado no pedido;
c) se consta o número de pedido na nota fiscal;
d) efetuar a pesagem e conferência, caso necessário;
e) registrar no livro de ocorrência as informações referentes ao recebimento.
4 PROCESSOS DE RECEBIMENTO
73

Figura 43 -  Caminhão carregado entrando na empresa


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2012.

4.4.2 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DO FLUXO DAS ATIVIDADES

O fluxo de atividades desempenhadas no recebimento de suprimentos desde


a compra até a conclusão deste processo pode ser visto resumidamente na Figura
44. Ela é importante, pois demonstra todo o fluxo de recebimento de materiais,
bem como parceiros envolvidos em todo o processo.

O recebimento de suprimentos fora das especificações e


FIQUE quantidades contratadas com o fornecedor pode com-
ALERTA prometer a produção e, consequentemente, a venda dos
produtos aos clientes.
LOGÍSTICA DO RECEBIMENTO
74

9 CROSS DOCKING:

É um processo de
distribuição onde a
mercadoria recebida é
redirecionada sem uma
armazenagem prévia.

Figura 44 -  Fluxo de recebimento de materiais


Fonte: SENAI, 2012.

No tópico, a seguir, veremos quais são os objetivos operacionais que devem


ser alcançados durante o recebimento dos suprimentos em uma empresa.

CASOS E RELATOS

Benefícios de novas práticas na cadeia de suprimentos


Recentemente, uma empresa do ramo alimentício em Minas Gerais resol-
veu adotar o sistema cross docking9 para atender às 34 lojas espalhadas por
4 PROCESSOS DE RECEBIMENTO
75

todo o estado. Desta forma, cada filial é atendida por dois fornecedores
principais: a matriz, que aumenta o poder de barganha como uma central
de compras; e os produtores da região, fornecendo geralmente produtos
folhosos e de maior perecibilidade.
No geral, os produtos vindos da matriz, que se localiza na ceasa de Minas
Gerais, apresentam melhor qualidade que os produtos da região, uma vez
que os produtores da região não adotam práticas de qualidade e garantias
de entrega e não investem tanto em tecnologias de produção. Porém, exis-
tem alguns produtores que são mais eficientes. Cumprem com seus acor-
dos e entregam produtos de qualidade a preços mais baixos até do que os
encontrados na ceasa. Esse diferencial de preço se deve, principalmente,
ao custo reduzido do frete, dada a localização dos produtores (próximo à
empresa) e ao transporte que é feito pelo próprio produtor.
Este novo sistema de compras tem gerado benefício para a sociedade local,
pois o dinheiro circula na própria região, os produtores conseguem escoar
sua produção e os consumidores, por sua vez, se beneficiam com a compra
de produtos com preços mais baixos e mais frescos.
Fonte: VELOSO, 2009 (Adaptado).

4.5 OBJETIVOS OPERACIONAIS DO RECEBIMENTO DE SUPRIMENTOS

Os procedimentos para o recebimento de materiais e produtos em armazém


ou depósito são muitos mais complexos do que se imagina. Seus principais obje-
tivos operacionais são:
a) conclusão do processo de compras de suprimentos da empresa;
b) garantir a entrega de suprimentos para a linha de produção e demais áreas;
c) garantir que os suprimentos estejam de acordo com as especificações deter-
minadas por uma organização;
d) garantir que as quantidades de suprimentos estejam de acordo com aquilo
que foi solicitado;
e) programar juntamente e corretamente com os fornecedores e transporta-
dores as chegadas dos veículos, bem como os intervalos necessários;
f) verificar e checar se o número de docas ou área de descarga é ideal para a
quantidade de veículos e suprimentos que estão sendo recebidos;
LOGÍSTICA DO RECEBIMENTO
76

10 PALETEIRAS: g) registrar, por meio de relatórios com indicadores de desempenho, informa-


ções referentes ao processo de recebimento, como danos, avarias, rompi-
Veículos de tração humana
utilizados para movimentar mentos do lacre de segurança, falta de produtos, atrasos, entre outros;
pallets no plano horizontal.
h) verificar a documentação exigida pela empresa no que se refere ao forneci-
mento: notas fiscais, conhecimento de transporte etc.;
i) programar a mão de obra e equipamentos necessários à descarga dos supri-
mentos.
Uma das principais razões de sucesso no processo de recebimento dos supri-
mentos é a coordenação das atividades entre fornecedores e transportadores de
modo que os objetivos sejam alcançados. Qualquer falha ocorrida durante as fa-
ses de recebimento deve ser comunicada imediatamente aos responsáveis.

Para saber como os profissionais da área de suprimentos atu-


SAIBA am corretamente durante o recebimento de materiais e pro-
MAIS dutos, leia “Administração de Materiais – um enfoque prático”,
de João José Viana.

4.6 REGRAS DE RECEBIMENTO DE MATERIAIS

Segundo Martins (1999), o recebimento de uma empresa é compreendido


como a combinação de cinco elementos principais: espaço físico, recursos de in-
formática, equipamento de carga e descarga, pessoas e procedimentos normali-
zados. Observe a Figura 36.

Figura 45 -  Fluxo do processo de recebimento


Fonte: SENAI, 2012.
4 PROCESSOS DE RECEBIMENTO
77

As principais regras a serem observadas durante o recebimento dos suprimen-


tos relacionados a materiais, produtos, equipamentos e veículos envolvem refle-
xões como:
a) quais as dimensões devidas para o descarregamento e fila dos veículos, al-
tura das plataformas, áreas das conferências quantitativas e qualitativas e
acesso aos estoques e áreas de produção?
b) qual deverá ser a disponibilidade dos recursos de informática como, por
exemplo, terminais de leitura ótica de código de barras, EDI, programas de
comunicação com fornecedores e transportadores etc?
c) quais serão os equipamentos de movimentação (paleteiras10, empilhadeiras,
etc.) a serem utilizados durante o recebimento dos suprimentos?
d) a mão de obra a ser utilizada é qualificada e treinada para o desempenho
das funções? É importante a contratação de pessoas multifuncionais e com
grau de instrução apropriada. Outro ponto a ser destacado é a questão da
motivação através de recompensas e remunerações dignas;
e) o estabelecimento de procedimentos apropriados e normalizados deve
possibilitar aos colaboradores determinar quais são os critérios para execu-
ção de cada atividade nas fases citadas nos tópicos anteriores, possibilitando
até uma autonomia de decisão;
f) o recebimento dos equipamentos e veículos deve observar as especifica-
ções, dimensões e demais características acordadas no pedido de compras.
Em caso de irregularidades nestes atributos, o departamento de compras
deverá ser acionado juntamente com o fornecedor destes suprimentos.
O crescimento ou a queda de uma empresa, no atendimento dos seus clientes,
depende muito de cada uma das atividades desempenhadas pelos colaborado-
res de uma organização. De nada adiantará realizar a venda de produtos se estes
não estiverem à disposição dos clientes no tempo certo, com o preço justo ou se o
processo de recebimento de produtos não estiver sincronizado com a produção.
Como a empresa irá atender aos seus clientes internos ou externos?
Toda e qualquer iniciativa de melhoria do desempenho das atividades logísti-
cas deve passar por todas as áreas da empresa em conjunto com os fornecedores
e transportadores, para que, assim, a empresa possa atender de maneira satisfa-
tória aos pedidos de seus clientes.
LOGÍSTICA DO RECEBIMENTO
78

11 THROUGHPUT TIME:

Tempo de produção.

Figura 46 -  Processo de recebimento e armazenagem de materiais


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2012.

O recebimento de produtos, antes deixado a uma função secundária, ganhou


nos últimos anos uma importância enorme, devido ao fato de que os recebimen-
tos de produtos na quantidade certa, com qualidade de vida e nos prazos acor-
dados com os fornecedores permitirão ganhos enormes neste mercado cada vez
mais competitivo. Por fim, vimos quais são as fases, as atividades operacionais
envolvendo o recebimento dos suprimentos e as regras a serem observadas du-
rante o recebimento.

4.7 O CROSS DOCKING NA LOGÍSTICA DE EXPEDIÇÃO

Algumas mercadorias são recebidas e redirecionadas sem uma armazenagem


prévia. Tudo isto faz diminuir o tempo do material em trânsito e o Throughput
time11 tem têndencia a ser diminuído. Esta atividade de distribuir as mercadorias
sem passar pelo processo de armazenagem é denominada de Cross Docking. Esse
termo é utilizado dentro dos processos logísticos, especificamente quando da
distribuição de produtos com elevados índices de giro e de perecibilidade, em
que estes não são estocados, apenas cruzam o armazém indo direto aos pontos
de venda sem passar pelo processo de estocagem.
Na prática, as operações de Cross Docking exigem algumas etapas, onde os
materiais são classificados, consolidados e armazenados por pouco tempo ou
não armazenados. Após essas etapas os produtos estarão prontos para sua distri-
buição. O Cross Docking é usado para diminuir o armazenamento, aumentando o
fluxo entre o fornecedor e o fabricante.
4 PROCESSOS DE RECEBIMENTO
79

Pode ser definida ainda como uma operação do sistema de distribuição na


qual os produtos de um veículo são recebidos, conferidos, separados e encami-
nhados para outro veículo. Isso permite ao gestor a visão de que a sincronização
entre o recebimento e a expedição de mercadorias é essencial para a eficiência do
processo, podendo ser crítico para a viabilidade da operação.

O Cross Docking reduz os custos de manuseio, operacio-


VOCÊ nais e com a armazenagem do inventário. É por isso que
SABIA? esse método logístico é usado em várias indústrias, por
exemplo, na distribuição de varejo e do ramo alimentício.

Figura 47 -  Esquema simplificado de um processo de cross docking na distribuição urbana


Fonte: SENAI, 2012.

O Cross Docking é um sistema onde os produtos são recebidos em um centro


de distribuição, não são estocados, como acontecia até pouco tempo, mas são
preparados para a transferência, o carregamento e distribuição ou expedição a
fim de que sejam entregues ao cliente ou consumidor imediatamente, ou pelo
menos, o mais rapidamente possível.
Consiste na transferência ou movimento dos produtos ou mercadorias do
ponto de recebimento ou recepção, diretamente para o ponto de expedição e
entrega. Esta modalidade influencia diretamente a cadeia de abastecimento per-
mitindo que os responsáveis pelos centros de distribuição se concentrem no flu-
xo de produtos ou mercadorias e não na armazenagem das mesmas.
O Cross Docking funciona recebendo mercadorias de várias localidades, conso-
lidando e encaminhando para seus destinos finais. É uma área de transição e de
fluxo contínuo de materiais.
LOGÍSTICA DO RECEBIMENTO
80

Figura 48 -  Esquema simplificado de um processo de cross docking


Fonte: SENAI, 2012.

Em um modelo logístico tradicional, os produtos que chegam são conferidos e


depois armazenados até a solicitação dos clientes. No Cross Docking os produtos
não são armazenados, eles chegam, são conferidos e, à medida que os clientes
solicitam ou irão solicitar, os pedidos são processados e enviados.
As etapas de recebimento, conferência e processamento existem nas duas ope-
rações logísticas. Quando solicitadas pelo cliente, os produtos são transferidos,
através de empilhadeiras, e carregados até os respectivos meios de transportes
para serem enviados ao destino final. Todo esse processo passa pela conferência
dos códigos de barras para um maior controle na movimentação. As informações
mais importantes neste movimento de mercadorias são:
a) hora e data do embarque feito pelo fornecedor;
b) transportadora utilizada;
c) quantidade e código de barras de cada pedido (ordem);
d) data e hora de chegada planejada;
e) descrição da carga, destino, data e hora de entrega de cada carga de cada
transporte.
4 PROCESSOS DE RECEBIMENTO
81

Com o avanço tecnológico e as diversas ferramentas disponíveis para um


maior controle e eficiência dentro de uma empresa, o pedido de uma mercadoria
pode ser feito automaticamente pelo cliente devido à integração das informa-
ções. Quando existe uma venda, imediatamente o centro de distribuição ou o
produtor recebe a informação de uma unidade de forma automática, desenca-
deando uma ordem de movimentação de mercadorias, depois um envio para o
transporte, com o cliente recebendo a mercadoria antecipadamente e nos volu-
mes necessários de forma a repor o seu estoque. Parte deste diálogo entre for-
necedores, clientes, centro de distribuição e também as unidades de produção é
realizada com sistemas de TI (EDI).

SAIBA Para conhecer mais sobre as técnicas e operações cross do-


cking, consulte o livro Logística empresarial: o processo de
MAIS integração da cadeia de suprimento de BOWERSOX, Donald, J.

4.8. PROCEDIMENTOS CONFORME A NATUREZA DO NEGÓCIO

Dentro do processo de recebimento de mercadorias, vale destacar a impor-


tância que o profissional dessa área deve ter quando da diferença existente entre
os tipos de mercadorias recebidas. Esse processo de recebimento deve variar de
acordo com as especificações da mercadoria, pois o recebimento de cargas peri-
gosas é diferente do recebimento de cargas frágeis, bem como do recebimento
de cargas líquidas e assim sucessivamente. Esse cuidado diferenciado para cada
tipo de mercadoria deve ser constantemente estudado e aplicado dentro de um
processo logístico.
Providenciar uma estrutura específica dentro de uma organização para as ati-
vidades logísticas significa determinar as necessárias linhas de comando, tarefas
e responsabilidades que irão garantir o movimento dos bens conforme os planos,
além de garantir os replanejamentos quando for preciso. Caso o bom ajuste en-
tre custos e nível de serviço logístico seja crítico para a correta operação de uma
empresa, alguém deverá ser encarregado de supervisionar toda movimentação
do produto.
LOGÍSTICA DO RECEBIMENTO
82

Figura 49 -  Recebimento de materiais


Fonte: SHUTTERSTOCK, 2012.

RECAPITULANDO

Neste capítulo, abordamos os processos de recebimento, uma das princi-


pais atividades desempenhadas após a aquisição dos suprimentos (mate-
riais).
Você aprendeu que o recebimento desempenha uma função muito im-
portante na cadeia de suprimentos, visto que é fundamental a verificação
quantitativa e qualitativa, bem como a regularização da documentação dos
materiais e produtos que chegam à empresa e são essenciais para o seu
funcionamento.
4 PROCESSOS DE RECEBIMENTO
83

Anotações:
REFERÊNCIA
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7500. Identificação para o transporte
terrestre, manuseio, movimentação e armazenamento de produtos. Rio de Janeiro, 2003. Emenda 1,
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______ . NBR 7503.Transporte terrestre de produtos perigosos: ficha de emergência e envelope:
características, dimensões e preenchimento. Rio de Janeiro, 2013.
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Regulamento do Transporte Rodoviário dos Produtos Perigosos e dá outras Providências,( e no
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gender=&people_age=&people_ethnicity=&people_number=&commercial_ok=&color=&show_
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SINDICATO DAS INDÚSTRIAS DE TINTAS E VERNIZES DO ESTADO DE SÃO PAULO. Manual


para o transporte de produtos perigosos na indústria de tintas e vernizes. São Paulo:
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VELOSO, Aline. Gestão da cadeia de suprimentos de uma empresa varejista do setor de
hortifrutis de Minas Gerais. 2009. Disponivel em: <<http://www.aedb.br/seget/artigos06/670_
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VIANA, João José. Administração de materiais: um enfoque prático. São Paulo: Atlas, 2000.
WIKIMEDIA Commons. Logistics vehicle system.Fotos. 2010. Disponível em: <HYPERLINK“http://
commons.wikimedia.org/wiki/File:Logistics_Vehicle_System_MK48_870.JPG?uselang=pt-br>.
Acesso em: 26 mar. 2013.
______. Constructionworkers. Fotos. 2012. Disponível em: <HYPERLINK “http://commons.
wikimedia.org/wiki/File:Construction_worker_J1.jpg>. Acesso em: 26 mar. 2013.
MINICURRÍCULO DOS AUTORES

CARLOS CÉSAR RIBEIRO SANTOS


Carlos César Ribeiro Santos é administrador, Mestre em Administração Estratégica e Especialista em
Administração pela Universidade Salvador (UNIFACS). Possui experiência profissional com consul-
toria técnica na Administração Pública, atuando nas áreas de planejamento estratégico e avaliação
de desempenho. Experiência acadêmica como professor de concursos públicos e de graduação
e pós-graduação em instituições de ensino superior do Estado da Bahia. Atualmente é Professor
Assistente da Faculdade de Tecnologia SENAI CIMATEC.

DENILSON NUNES DOS SANTOS


Denilson Nunes dos Santos é graduado em Turismo na Universidade Jorge Amado (UNIJORGE),
pós-graduado em Administração de Empresas (UNIJORGE) e técnico em Logística Industrial pelo
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDÚSTRIAL, DR-BA (SENAI). Atualmente é professor da
disciplina Administração da Produção II da Escola Técnica do SENAI CIMATEC.

VITORIO DONATO
Vitorio Donato é graduado em Engenharia de Materiais pela Universidade Federal da Paraíba (UFPA),
especialização em Logística Integrada pela UES do Rio de Janeiro (2002) e Mestre em Gestão Inte-
grada de Organizações pela Universidade do Estado da Bahia (2005). Atualmente é Consultor III do
SENAI CIMATEC. Tem experiência nas áreas de Administração, com ênfase em Gestão de Negócios,
atuando principalmente nas seguintes áreas: inspeção de recebimento, armazenamento, preven-
ção de falha prematura em materiais estocados, qualidade, movimentação de carga, contratação
de serviços, distribuição e transporte.
Autor dos livros:
a) Logística verde: uma abordagem socioambiental. Rio de Janeiro: Ciência Moderna. 2008.
b) Manual do Almoxarife: o guia básico do profissional de logística. Rio de Janeiro: Ciência Moderna.
c) Introdução à logística: o perfil do profissional. Rio de Janeiro: Ciência Moderna. 2010.
d) Metodologia para preservação de materiais: prevenção da falha prematura. São Paulo: Editora
Érica.
e) Logística para a indústria do petróleo, gás e biocombustíveis. São Paulo: Érica. 2012.
ÍNDICE
A
Acurácia 66
Alocar 58
Ascensores 49
Avarias 47, 51, 52

C
Conglomerados 21
Conhecimento de transporte 47
Consolidação 53
Contêiner tipo reefer 24
Contingência 42
Convergência 25
Cross docking 74, 78, 79, 81

D
Doca 62

E
EDI 58
Embalagens secundárias 18
Envasamento 25, 45

F
Fabris 19
Força motriz 49

I
Indústria sucroalcooleira 25
Interino 27
Inventário 66, 67, 79

L
Layout 54
Linear 25
Logística reversa 66
M
Materiais de consumo 51
Modais 22, 23, 41

N
Nota de devolução 71

P
Paleteiras 77
Pellets 18
Perecibilidade 18
Periculosidade 18
Pirofosfóricos 38
Plano de contingência 67
Ponto de fulgor 26
Portfólio 42
Produto Interno Bruto 64

R
Radionuclídeos 32
Roldanas 49
Romaneio 63

S
Substâncias oxidantes 20, 22, 31
Substâncias radioativas 22, 32

T
Throughput time 78
Tração mecânica 55

U
Unitizadas 51, 55
SENAI – DEPARTAMENTO NACIONAL
UNIDADE DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA – UNIEP

Rolando Vargas Vallejos


Gerente Executivo

Felipe Esteves Morgado


Gerente Executivo Adjunto

Diana Neri
Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros

SENAI – DEPARTAMENTO REGIONAL DA BAHIA

Ricardo Santos Lima


Coordenador do Desenvolvimento dos Livros no Departamento Regional da Bahia

Carlos César Ribeiro Santos


Denilson Nunes dos Santos
Vitorio Donato
Elaboração

Carlos César Ribeiro Santos


Denilson Nunes dos Santos
Vitorio Donato
Revisão Técnica

Vitorio Donato
Coordenação Técnica

Marcelle Minho
Coordenação Educacional

André Costa
Coordenação de Produção

Igor Nogueira Oliveira Dantas


Coordenação de Projeto

Débora Maria Mangueira Gomes


Ticianna Castelhano
Design Educacional
Joseane Maytê Sousa Santos Souza
Revisão Ortográfica e Gramatical

Antonio Ivo Ferreira Lima


Fabio dos Santos Passos
Fabrico
Karina Lima Soares Santos
Thiago Ribeiro Costa dos Santos
Ilustração, Tratamento de Imagens

Antonio Ivo Ferreira Lima


Fabio dos Santos Passos
Vinícius Vidal da Cruz
Diagramação

Antonio Ivo Ferreira Lima


Fabio dos Santos Passos
Vinícius Vidal da Cruz
Revisão de Arte e Fechamento de Arquivo

Clemilda Santana dos Reis


Rita Fonseca
Normalização

i-Comunicação
Projeto Gráfico

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