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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS


CURSO DE PEDAGOGIA
DISCIPLINA: PESQUISA I
DOCENTE: FRANCY S. RABELO
DISCENTE: KEILIANE COSTA SERRÃO

RESUMO

FARIAS, Isabel Maria Sabino de. Concepções e práticas de pesquisa - o que dizem
os professores? In: GT: Formação de Professores / n.08. Agência Financiadora:
FUNCAP/CE. Fortaleza, 2003.

O texto aborda a emergência do debate sobre a relação entre ensino e pesquisa na


formação docente, especialmente no contexto educacional brasileiro. Há um
reconhecimento geral de que a pesquisa desempenha um papel importante na
formação e prática dos professores. A autora conduziu uma pesquisa empírica com
45 professores da educação básica em Fortaleza, tanto da rede pública quanto
privada, e apresenta os resultados dessa investigação. Os professores entrevistados
são principalmente jovens, em sua maioria do sexo feminino, com formação superior,
e a maioria atua no Ensino Fundamental, sendo apenas alguns efetivos, enquanto a
maioria possui contratos temporários. A análise da trajetória profissional desses
professores sugere que muitos deles estão em estágios de suas carreiras onde a
formação continuada é crucial e estão abertos a processos formativos que promovam
a inovação em suas práticas. Em relação à concepção de pesquisa, os professores
entrevistados a veem como uma atividade de aprofundamento, busca de respostas,
investigação e obtenção de conhecimento sobre um tema. Eles associam a pesquisa
à melhoria da realidade e ao crescimento pessoal e profissional. A pesquisa é vista
como uma maneira de compreender melhor as situações no ambiente escolar e
aprimorar a prática pedagógica. A definição de pesquisa apresentada pelos
professores reflete a influência da tradição acadêmica e dos cursos de formação que
enfatizam a produção de conhecimento e a busca por soluções para problemas
práticos. No geral, eles veem a pesquisa como uma atividade importante, apesar de
ser cansativa e exigir tempo, recursos e dedicação. Eles acreditam que a pesquisa é
recompensadora e contribui positivamente para o desenvolvimento profissional. O
texto sugere que os professores entrevistados têm uma compreensão ambivalente do
conceito de pesquisa, com uma perspectiva voltada para metas acadêmicas e outra
voltada para a prática docente. Os relatos sobre a formação inicial dos professores
revelam que a pesquisa foi uma prática da qual eles se aproximaram tardiamente.
Durante o ensino médio, eles mencionaram realizar pesquisas informativas, como
consulta a livros e enciclopédias para trabalhos escolares e participação em atividades
como feiras de ciências, mas essa pesquisa era vista como desprovida de significado.
Foi na formação de nível superior que os professores tiveram seu primeiro contato
real com a pesquisa. Disciplinas como Monografia e Pesquisa Educacional foram
destacadas como momentos importantes para a compreensão da pesquisa. No
entanto, muitos deles sentiram que a formação em pesquisa na graduação foi precária
e fragmentada, com uma perspectiva instrumental. Alguns professores tiveram a
oportunidade de participar de programas de iniciação científica durante a graduação,
o que enriqueceu sua experiência em pesquisa. Além disso, o contato com
professores e colegas que eram pesquisadores influenciou positivamente sua visão
sobre a pesquisa como uma prática importante. No entanto, a maioria dos professores
sentiu que a pesquisa era vista como algo distante do contexto da educação básica,
reservada principalmente para acadêmicos e pós-graduandos. Eles expressaram a
necessidade de mais incentivo e investimento para que a pesquisa se torne uma
prática concreta no ambiente escolar. Os entrevistados concebem a pesquisa na
prática escolar como uma atividade que pode proporcionar subsídios para o
aperfeiçoamento profissional, ajudando na tomada de decisões em situações
conflitantes no ambiente escolar. No entanto, embora reconheçam a importância da
pesquisa, apenas um pequeno número de professores afirmou utilizá-la em sua
prática. A falta de incentivo por parte das escolas, a carência de tempo e a ausência
de uma formação voltada para a pesquisa são algumas das principais dificuldades
apontadas pelos professores para a prática da pesquisa em seu cotidiano profissional.
Eles expressam a necessidade de mais tempo, orientação e reconhecimento
institucional para que possam se envolver de forma mais significativa na pesquisa. Os
professores entrevistados se veem mais como executores de tarefas do que como
pesquisadores, e a falta de formação e reconhecimento institucional para a pesquisa
contribui para essa percepção. Eles destacam a importância de uma formação que os
capacite a compreender teoricamente os desafios da prática profissional e a produzir
conhecimento relevante para a educação.

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