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DIRETORIA ACADÊMICA DE INDÚSTRIA

CURSO: ELETROTÉCNICA

DISCIPLINA: INSTALAÇÕES ELÉTRICAS DE ALTA TENSÃO

PROF. ENG. AUGUSTO CÉSAR FIALHO WANDERLEY

APOSTILA
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SUMÁRIO

Capítulo I - SISTEMAS ELÉTRICOS ........................................................................ 3

Capítulo II - ARRANJOS DE SUBESTAÇÕES .......................................................... 6

Capítulo III - SUBESTAÇÕES ................................................................................... 12

Capítulo IV - CABOS DE POTÊNCIA PARA MÉDIA E ALTA TENSÕES ............... 20

Capítulo V - MUFLA TERMINAL PRIMÁRIA OU TERMINAÇÃO ............................ 25

Capítulo VI - CHAVE SECCIONADORA PRIMÁRIA ................................................ 26

Capítulo VII - PARA-RAIOS À RESISTÊNCIA NÃO-LINEAR .................................. 30

Capítulo VIII - DISJUNTORES DE ALTA TENSÃO .................................................. 33

Capítulo IX - ISOLADORES ....................................................................................... 36

Capítulo X - TRANSFORMADOR DE POTENCIAL (TP) .......................................... 39

Capítulo XI - TRANSFORMADOR DE CORRENTE (TC) ......................................... 43

Capítulo XII - INTRODUÇÃO À PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS .............. 48

Capítulo XIII - RELÉS DE PROTEÇÃO ..................................................................... 57

Capítulo XIV - CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA ............................................ 64

Capítulo XV - CONSERVAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA NA INDÚSTRIA ............... 73

Capítulo XVI - NORMAS TÉCNICAS ......................................................................... 75

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 77


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CAPÍTULO I

1 - SISTEMAS ELÉTRICOS

1.1 - DEFINIÇÃO

É o conjunto de equipamentos e materiais necessários para transportar energia


elétrica desde a fonte até os pontos de utilização.

1.2 - ETAPAS DE UM SISTEMA ELÉTRICO

1.2.1 - GERAÇÃO

Etapa desenvolvida nas usinas geradoras que produzem energia elétrica por
transformação a partir das fontes primárias.

1.2.2 - TRANSMISSÃO

Etapa de transporte da energia elétrica gerada até os centros consumidores.

1.2.3 - DISTRIBUIÇÃO

É a etapa do sistema elétrico já dentro dos centros de utilização (cidades,


indústrias).

1.2.4 - UTILIZAÇÃO

Etapa onde a energia elétrica é convertida em outra forma de energia.

1.3 - DIAGRAMA UNIFILAR DE UM SISTEMA ELÉTRICO

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1.4 - CLASSES DE TENSÃO

TENSÕES DE SERVIÇO
CLASSIFICAÇÃO FAIXA DE TENSÃO
PADRONIZADAS (V)
EXTRA-BAIXA TENSÃO
ATÉ 50 V - (120 V em CC) 12, 24, 48
(EBT)
110, 115, 120, 127, 133, 190,
ACIMA DE 50 V ATÉ 1.000 V - 208, 220, 230, 240, 254, 280,
BAIXA TENSÃO (BT)
(1.500 V em CC) 380, 400, 440, 460, 480, 500,
525, 600, 660
3.000, 3.150, 3.300, 3.800,
4.160, 6.000, 6.300, 6.600,
7.200, 7.620, 10.000, 10.500,
11.000, 11.500, 12.470,
13.200, 13.800, 14.400,
MÉDIA TENSÃO (MT) ACIMA DE 1.000 V ATÉ 72.500 V
15.750, 18.000, 19.920,
22.000, 23.000, 24.940,
30.000, 33.000, 34.500,
35.000, 38.500, 49.500,
60.000, 66.000, 69.000
88.000, 110.000, 115.000,
ACIMA DE 72.500 V ATÉ 121.000, 132.000, 138.000,
ALTA TENSÃO (AT)
242.000 V 154.000, 161.000, 220.000,
230.000, 242.000
275.000, 330.000, 345.000,
ACIMA DE 242.000 V ATÉ
EXTRA -ALTA TENSÃO 350.000, 400.000, 420.000,
800.000 V -
(EAT) 440.000, 500.000, 600.000,
(600.000 V em CC)
660.000, 750.000
ACIMA DE 800.000 V ATÉ
ULTRA-ALTA TENSÃO 800.000, 1.000.000,
1.500.000 V -
(UAT) 1.100.000, 1.150.000
(800.000 V em CC)

OBS.: 1) Os valores sublinhados são utilizados no Brasil.


2) Os valores em negrito são em corrente contínua.

1.5 - TENSÕES NORMALIZADAS NO BRASIL

TENSÕES (kV) CAMPO DE APLICAÇÃO


0,110
0,120
0,127 SECUNDÁRIA
0,220
0,380
13,8 DISTRIBUIÇÃO
PRIMÁRIA
34,5
34,5
69
SUBTRANSMISSÃO
88
138
138
230
345 TRANSMISSÃO
500
750
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1.6 - TENSÕES NOMINAIS DE UM SISTEMA E TENSÕES MÁXIMAS DOS
EQUIPAMENTOS

TENSÃO NOMINAL TENSÃO MÁXIMA DOS


DO SISTEMA EQUIPAMENTOS
(Fase-fase – kV eficaz) (Fase-fase – kV eficaz)
13,8 14,5
34,5 36,2
69 72,5
88 92,4
138 145
230 242
345 362
440 460
500 ou 525 550
765 800

1.7 - NÍVEIS DE ISOLAMENTO NORMALIZADOS

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CAPÍTULO II

2 - ARRANJOS DE SUBESTAÇÕES

2.1 - BARRAMENTO

Conjunto de barras, cabos e tubos condutores de uma subestação de mesma


tensão nominal, com seus suportes e acessórios, que permite a conexão dos equipamentos.
Pode ser de cobre ou de alumínio, isolado ou nu, rígido ou flexível.

2.2 - ARRANJOS DE BARRAMENTO

Arranjo de barramento é a disposição elétrica relativa dos barramentos de uma


subestação entre si e em relação aos dispositivos de manobras dos circuitos.
O esquema de manobra da subestação determina o arranjo elétrico e físico dos
equipamentos de manobra. Diferentes esquemas de manobra podem ser selecionados
conforme nível de tensão, capacidade de carga, aspectos de segurança, economia,
extensibilidade, manutenção, flexibilidade operacional, arranjo de proteção, limitações de curto-
circuito, área ocupada, condições ambientais, segurança e simplicidade ditadas pela função e
importância da subestação.
A segurança do fornecimento ou a continuidade do serviço da subestação é o
principal fator na seleção do esquema de chaveamento. A segurança completa do suprimento
pode ser alcançada duplicando todos os circuitos e equipamentos da subestação, de modo
que, após uma falha ou durante as conexões de manutenção, permaneçam disponíveis. Isso
seria extremamente caro.
Os esquemas de manobra na prática baseiam-se principalmente em um
compromisso entre segurança completa do suprimento e investimento de capital.
Os principais custos da subestação envolvem o número de transformadores de
energia, disjuntores e chaves seccionadoras e suas estruturas e fundações associadas.
Portanto, o arranjo do barramento selecionado determinará o número de dispositivos
necessários e, por sua vez, o custo total.
O ponto de partida para o planejamento de uma subestação é o seu diagrama
unifilar. Este indica a extensão da instalação, o número de barramentos e ramificações, e
também o seu aparelho associado.
Ao elaborar um único diagrama unifilar, um grande número de combinações
possíveis de conexões de entrada e saída devem ser consideradas.

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2.2.1 - CRITÉRIOS PARA DETERMINAÇÃO DO ARRANJO

• Confiabilidade;
• Flexibilidade operativa;
• Facilidade de manutenção;
• Possibilidade de ampliação;
• Custo.

2.2.2 - ARRANJOS BÁSICOS DE BARRAMENTOS

Os arranjos de barramento de subestação usados com mais frequência são


apresentados a seguir.

a) BARRAMENTO SIMPLES

Linhas ou transformadores diferentes conectam-se com um único barramento


principal. É usado em instalações pequenas e de baixa potência.

b) BARRAMENTO SIMPLES SECCIONADO

O barramento principal é dividido em dois por meio de seccionador ou disjuntor.


No caso de uma falta em uma das seções do barramento a outra pode continuar operando,

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c) BARRAMENTO DUPLO

Conjunto de dois barramentos principais de mesma tensão nominal, podendo


as seções da subestação serem ligadas a qualquer um deles.

d) BARRAMENTO PRINCIPAL E DE TRANSFERÊNCIA

As linhas de saída são conectadas à barra principal e, por sua vez, são
conectadas a uma barra de transferência através de uma chave de acoplamento. Se houvesse
um comutador de derivação, ele seria conectado à barra de transferência.

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e) BARRAMENTO EM DISJUNTOR E MEIO

Arranjo de barramento duplo no qual, para cada dois circuitos, são utilizados
três disjuntores em série entre os dois barramentos, sendo esses circuitos ligados de um lado a
outro do disjuntor central.

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f) BARRAMENTO EM ANEL

Barramento que forma um contorno fechado, seccionável por dispositivos de


manobra em série no anel, com os circuitos conectados entre cada um deles. Para isolar um
circuito, é necessário abrir os interruptores dos dois lados.

2.2.3 - CARACTERÍSTICAS DOS ARRANJOS DE BARRAMENTO

ARRANJO VANTAGENS DESVANTAGENS


Simples. Baixo custo. Baixa
confiabilidade. Adequado
para instalações menores.
Não oferece segurança ou
Um seccionador permite que
regularidade operacional em
Barramento simples a estação seja dividida em
caso de defeito no
duas partes separadas e as
barramento ou no disjuntor.
partes sejam desconectadas
com propósitos de
manutenção.
Simples. Baixo custo.
Barramento simples Flexibilidade operativa.
seccionado Facilidade de manutenção.
Boa confiabilidade.
Boa confiabilidade. Facilidade
de manutenção. Alto custo.
Limpeza e manutenção sem
interromper o fornecimento.
Permite operação separada
das seções da subestação. O
barramento seccionado Não pode transferir uma
aumenta a flexibilidade saída de uma seção para
operacional. outra do barramento.
Barramento duplo
Maior flexibilidade na A manutenção do
operação da subestação. seccionador do barramento
Maior continuidade de deixa a seção fora de serviço.
serviço.
A manutenção das seções
conectadas ao barramento é
facilitada.
O sistema pode operar com
duas fontes de alimentação.
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Custo menor do que o
barramento duplo. Boa
flexibilidade. Boa
Não permite a continuidade
confiabilidade. Facilidade de
Barramento Principal e do serviço devido ao mau
manutenção. Permite a
Transferência funcionamento da chave do
continuidade do serviço pela
acoplamento.
manutenção do barramento
ou interruptores, passando
pela outra barra.
Qualquer disjuntor ou
barramento pode ser
colocado em manutenção
preventiva ou corretiva sem
interrupção. Oferece a
Antes de um curto-circuito e
segurança devida ao duplo
Barramento disjuntor e uma falta no comutador
barramento e dispõe de
meio central (ou compartilhado), as
disjuntor optativo que reduz o
duas saídas são afetadas.
tempo de interrupção no
fornecimento de energia,
quando a interrupção estiver
relacionada ao típico
problema de chaveamento.
Permite a possibilidade de
alimentar as linhas de ambos
os lados.
Muito flexível na distribuição
Barramento em anel de cargas. Desenho mais complexo.
Permite a continuidade do
serviço em manutenção e não
precisa de um interruptor de
acoplamento.

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CAPÍTULO III

3 - SUBESTAÇÕES

3.1 - INTRODUÇÃO

Subestações são instalações que tem como finalidade transformar a energia


elétrica recebida sob certas características e entregá-la de forma conveniente aos
consumidores. Compreende equipamentos de manobra, transformação, proteção, medição,
conversão (modificação de tensão, corrente e frequência), demais equipamentos, condutores e
acessórios, abrangendo as obras civis e estruturas de montagem.
Uma subestação típica pode ter os seguintes equipamentos:

• Transformadores de potência;
• disjuntores;
• chaves seccionadoras;
• barramentos;
• isoladores;
• reatores limitadores de corrente;
• reatores de derivação;
• transformadores de corrente;
• transformadores de potencial;
• transformadores de potencial capacitivo;
• capacitores de acoplamento;
• capacitores em série;
• capacitores de derivação;
• sistemas de aterramento;
• para-raios;
• bobinas de bloqueio;
• relés de proteção;
• baterias;
• outros equipamentos.

3.2 - CLASSIFICAÇÃO DAS SUBESTAÇÕES

3.2.1 - QUANTO A FUNÇÃO A DESEMPENHAR

a) Subestação Central de Transmissão: Construída ao lado das usinas produtoras de


energia elétrica. Sua finalidade é modificar os níveis de tensão dos geradores, para
transmitir a energia gerada aos grandes centros consumidores.

b) Subestação Receptora de Transmissão: Construída próxima aos grandes blocos de


carga. Conecta-se através da linha de transmissão à subestação central de transmissão.

c) Subestação de Subtransmissão: Construída em geral no centro de um grande bloco de


carga e alimentada pela subestação receptora. É dela que se originam os alimentadores de
distribuição primária.

d) Subestação de Consumidor: Construída em propriedade particular, é suprida através de


alimentadores de distribuição primária. Alimentam os pontos finais de consumo.

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3.2.2 - QUANTO AO TIPO DE INSTALAÇÃO

a) Subestação a céu aberto ou ao tempo: São construídas em praças amplas ao ar livre e


requerem o emprego de equipamentos próprios para funcionamento em condições
atmosféricas adversas, na qual a isolação entre fases é feita pelo ar sob pressão
atmosférica,

b) Subestação abrigada: Os equipamentos são instalados no interior de construções e não


estão sujeitos às intempéries.

c) Subestação blindada: É compacta e todos os equipamentos (barramentos, disjuntores,


chaves, TP´s, TC´s etc) estão instalados em cilindros contendo SF6 (hexafluoreto de
enxofre) sob pressão. Necessitam de estações para bombeamento, pressurização e
controle do SF6.

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d) Subestação híbrida: É compacta e pode ter equipamentos para operação ao tempo e/ou
isolados à gás.

e) Subestação subterrânea: É construída sob a superfície do solo e por este é coberta.

f) Subestação móvel: Subestação montada permanentemente sobre um ou mais veículos.

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g) Subestação offshore: Subestação encarregada de coletar a energia elétrica gerada em
parques eólicos e maremotrizes offshore.

3.2.3 - QUANTO À TENSÃO

a) Baixa tensão: Apresenta níveis de tensão até 1 kV.

b) Média tensão: Apresenta níveis de tensão entre 1 kV e 34,5 kV.

c) Alta tensão: Apresenta níveis de tensão entre 34,5 kV e 230 kV.

d) Extra-alta Tensão: Apresenta níveis de tensão maiores que 230 kV.

3.2.4 - QUANTO À RELAÇÃO ENTRE OS NÍVEIS DE TENSÃO DE ENTRADA E DE SAÍDA

a) Subestação de manobra ou de chaveamento: Interliga circuitos de suprimento sob o


mesmo nível de tensão. Sua finalidade principal é modificar a configuração de um sistema
elétrico mediante modificação das interligações entre linhas de transmissão.

b) Subestação elevadora: Eleva a tensão para níveis de transmissão e subtransmissão.


Localiza-se nas usinas geradoras.

c) Subestação abaixadora: Subestação transformadora na qual a tensão de saída é menor do


que a tensão de entrada.

d) Subestação conversora: Associa-se à sistemas de transmissão de corrente contínua.


Podem ser retificadoras ou inversoras.

3.2.5 - QUANTO À OPERAÇÃO

a) Subestações com operador.

b) Subestação semiautomatizada: Possuem computadores ou Intertravamentos


eletromecânicos que impedem operações indevidas por parte do operador local.

c) Subestação automatizadas: São supervisionadas à distância por intermédio de


computadores (telecomandadas).

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3.3 - SUBESTAÇÃO DE CONSUMIDOR

3.3.1 - TIPOS

a) Subestação ao tempo: Pode ser instalada em poste (transformador até 150 kVA) e em
plataforma (transformador até 300 kVA).

b) Subestação abrigada.

3.3.2 - COMPARTIMENTOS DE UMA SUBESTAÇÃO ABRIGADA

a) Cubículo de medição primária: Destina-se à instalação dos equipamentos auxiliares de


medição, tais como TP´s e TC´s. È de uso exclusivo da concessionária, sendo seu acesso
devidamente lacrado de modo a não permitir a entrada de pessoas estranhas à
concessionária.

b) Cubículo de proteção primária: Destina-se à instalação de chave seccionadora, fusíveis


ou disjuntores, responsáveis pela proteção geral e seccionamento da instalação.

c) Cubículo de transformação: Destina-se à instalação de chave seccionadora e


transformador de força.

Obs.: Os cubículos de medição e proteção poderão estar isolados ou dentro da subestação. É


justificável sua instalação isoladamente quando a potência instalada ultrapassar 225 kVA e
ocorrer um dos seguintes casos:

• O centro de carga esteja distante do ponto de entrega, tornando inviável


a transmissão de energia em baixa tensão;
• Existam cubículos de transformação em locais diversos, dentro dos
limites da propriedade do consumidor.

3.4 - ENTRADA DE SERVIÇO

Compreende o trecho de circuito entre o ponto de derivação da rede de


distribuição pública e os terminais da medição.

3.4.1 - COMPONENTES DA ENTRADA DE SERVIÇO

a) Ramal de ligação: É o trecho de circuito aéreo compreendido entre o ponto de ligação e o


ponto de entrega.

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b) Ponto de ligação: Ponto de derivação da rede pública.

c) Ponto de entrega: Ponto até o qual a concessionária se obriga a fornecer energia elétrica,
participando dos investimentos necessários e responsabilizando-se pela execução dos
serviços, operação e manutenção.

d) Ramal de entrada: É o conjunto de condutores, com os respectivos materiais necessários


à sua fixação e a interligação do ponto de entrega aos terminais da medição. Pode ser:

• Aéreo: Constituído de condutores nus suspensos em estruturas;


• Subterrâneo: Constituído de condutores isolados instalados dentro de um
conduto ou diretamente enterrados no solo.

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3.5 - NORMALIZAÇÃO DA ABNT

• NBR 14039: 2021 – Instalações elétricas de média tensão de 1,0 kV a 36,2 kV.

Pesquisar outras normas em www.abntcatalogo.com.br.

3.6 - NORMALIZAÇÃO DA COSERN

• DIS-NOR-036 – Fornecimento de energia elétrica em média tensão de distribuição à


edificação individual.

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CAPÍTULO IV

4 - CABOS DE POTÊNCIA PARA MÉDIA E ALTA TENSÕES

4.1 - INTRODUÇÃO

Cabo elétrico: Conjunto, isolado ou não, de fios metálicos encordoados


(dispostos helicoidalmente), não isolados entre si. Os cabos são mais flexíveis do que os fios.

4.2 - CABOS ISOLADOS

A figura abaixo apresenta a estrutura de um cabo isolado:

Os cabos podem diferir do ponto de vista construtivo:

a) Pelas características dos condutores (material, número de fios elementares, forma, seção
etc), que condicionam em grande parte a capacidade de condução;

b) Pela qualidade e espessura do isolante, que com o tipo de isolante, definem as


características de isolamento do cabo e, portanto, a sua capacidade de funcionamento em
uma rede de determinadas características (tensão, frequência etc);

c) Pelo tipo de blindagem e

d) Pelo tipo de proteção.

4.3 - TIPOS DE CONDUTORES

O cobre e o alumínio são os dois metais mais usados na fabricação dos


condutores elétricos. Ao longo dos anos o cobre tem sido o mais utilizado, sobretudo em
condutores isolados, devido principalmente às suas propriedades elétricas e mecânicas. O
cobre para condutores elétricos é o cobre eletrolítico com 99,99% de pureza, sendo o cobre
recozido o mais utilizado.
O alumínio praticamente domina o campo dos condutores nus para linhas
aéreas de transmissão e distribuição não localizadas nas proximidades da orla marítima,
devendo ter uma pureza de 99,5%.

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4.4 - ISOLAÇÃO

A isolação tem como finalidade isolar o condutor eletricamente de outros


condutores e a terra.
Os materiais usados para isolação dos cabos de potência podem ser do tipo:

• Estratificados: Papel impregnado


• Sólidos: - Termoplásticos
- Termofixos

4.4.1 - MATERIAIS ESTRATIFICADOS

O cabo isolado com papel impregnado foi uma das primeiras soluções
adotadas para o transporte de energia com condutores enterrados.
O papel impregnado é utilizado nas seguintes configurações:

• Cabo com massa não-escoante;


• Cabo com óleo fluido (OF) sob pressão;
• Cabo à pressão de gás.

O papel impregnado com massa não-escoante é tradicionalmente utilizado em


cabos de potência para baixa e média tensões. Trata-se de material utilizado há muitas
décadas, comprovando uma vida útil excepcionalmente longa. A contínua evolução tecnológica
do papel impregnado tem melhorado ainda mais as suas características, produzindo novas
gerações de cabos de excelente qualidade e alta confiabilidade.
O papel impregnado com óleo fluido sob pressão é o único isolante atualmente
disponível para ser usado com plena confiabilidade em tensões até 500 kV.
Nos cabos à pressão de gás (nitrogênio ou SF6) os vazios existentes nas
camadas de papel são preenchidos com gás, aumentando bastante seu limite de ionização.

4.4.2 - MATERIAIS SÓLIDOS

É o tipo de isolação mais utilizada atualmente, tanto em cabos de baixa como


nos de média e alta tensões. Possuem diversas características comuns, porém cada tipo
possui propriedades específicas cujo conhecimento é determinante na escolha do material.
Como características comuns pode-se citar:

• Homogeneidade da isolação e boa resistência ao envelhecimento em serviço;


• Ausência de escoamento;
• Reduzida sensibilidade à umidade;
• Insensibilidade às vibrações;
• Bom comportamento ao fogo.

Os isolantes sólidos dividem-se em dois grandes grupos:

• Termoplásticos
• Termofixos

a) ISOLANTES TERMOPLÁSTICOS

Sofrem amolecimento com o aumento de temperatura. Os mais empregados


são o polietileno comum (PET) e o cloreto de polivinila (PVC).

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POLIETILENO COMUM (PET): Apresenta excelentes qualidades isolantes, limitação no que
diz respeito às características físicas (fica praticamente fluido a 110 ºC) e na baixa resistência à
ionização.

CLORETO DE POLIVINILA (PVC): É o isolante seco mais usado até 15 kV, apesar de suas
características elétricas apenas regulares. É o mais econômico, com excelente durabilidade,
apresentando ótima resistência à ionização.

b) ISOLANTES TERMOFIXOS

Ao contrário dos termoplásticos os compostos termofixos apresentam


excelente estabilidade para uma ampla faixa de temperatura, mantendo em alta percentagem
suas características mecânicas. Esta propriedade permite aumentar a capacidade de condução
dos condutores, sem reduzir sua margem de segurança. Os mais empregados são o polietileno
reticulado (XLPE) e a borracha etileno-propileno (EPR).

POLIETILENO RETICULADO (XLPE): Possui uma boa resistência à compressão e


deformação para uma ampla faixa de temperatura. Suas características elétricas são
excelentes, tem uma alta resistência ao ozônio e excelente estabilidade térmica. Sua principal
desvantagem é a extrema dureza, o que o torna um material de difícil manuseio. É usado até
15 kV com plena garantia de confiabilidade.

BORRACHA ETILENO-PROPILENO (EPR): É o isolante de desenvolvimento mais recente,


sendo também o de melhor qualidade. Apresenta alta temperatura admissível, resistência à
ionização muito maior que a do XLPE e excelente flexibilidade. É utilizado em tensões até
69 kV.

A tabela a seguir apresenta as características dos isolantes aqui apresentados:

MÁXIMA MÁX. TEMP. MÁX. TEMP. MÁX. TEMP.


ISOLAÇÃO CLASSE DE EM REGIME DE DE
TENSÃO CONTÍNUO SOBRECARGA CURTO-CIRCUITO
(kV) (ºC) (ºC) (ºC)
PAPEL IMPREG. 49 80 100 200
POLIETILENO 35 75 90 150
PVC 15 70 100 160
XLPE 35 90 130 250
EPR 69 90 130 250

4.5 - BLINDAGEM

A blindagem de um cabo de potência consiste na aplicação de camadas


condutoras ou semicondutoras ao condutor e a isolação, com finalidades essencialmente
eletrostáticas.

4.5.1 - BLINDAGEM DO CONDUTOR (INTERNA)

A blindagem interna consiste numa camada semicondutora interposta entre o


condutor e a isolação, devendo estar em contato íntimo com a superfície interna da isolação.
Sua finalidade é uniformizar a distribuição do campo elétrico.

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Num cabo sem blindagem o campo elétrico adquire uma forma irregular,
acompanhando as irregularidades da superfície do condutor e provoca concentração de
esforços elétricos em determinados pontos. Essa concentração pode exceder os limites
permissíveis da isolação, ocasionando uma diminuição na vida útil do cabo.

4.5.2 - BLINDAGEM DA ISOLAÇÃO (EXTERNA)

Consiste numa camada de material semicondutor e, geralmente, também de


uma camada de material condutor, aplicadas sobre a superfície da isolação. Sua principal
finalidade é confinar o campo elétrico dentro do cabo isolado. A blindagem semicondutora
proporciona uma distribuição uniforme e radial do campo elétrico na isolação, além de evitar
espaços ionizáveis. A camada metálica traz as seguintes vantagens:

• Sob condição de curto-circuito é um caminho de baixa impedância para retorno da corrente;


• Desde que convenientemente aterrada, proporciona maior segurança, eliminando os riscos
de choques elétricos em caso de contato direto ou com a cobertura do cabo.

4.6 - PROTEÇÃO

Sua função básica é proteger o núcleo do cabo, tanto do ponto de vista


mecânico, bem como sob o aspecto da resistência aos agentes ambientais (químicos,
intemperismo etc). Pode ser não metálica (cobertura) e metálica (armação). O PVC é o tipo de
cobertura mais utilizado.

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4.7 - DIMENSIONAMENTO DE CABOS DE POTÊNCIA DE MÉDIA TENSÃO

No dimensionamento de cabos elétricos de média tensão serão utilizados os


seguintes critérios:

• Capacidade de condução de corrente;


• queda de tensão máxima;
• proteção contra efeitos térmicos;
• proteção contra sobrecorrentes;
• proteção contra choques elétricos.

O Critério de Capacidade de Condução de Corrente adota fatores de correção


para a temperatura ambiente e para o agrupamento de cabos.
As condições de operação do cabo durante um curto-circuito também devem
ser analisadas. Fazem parte dessa análise determinar:

a) A máxima corrente de curto-circuito permitida num cabo;

b) A seção do condutor necessária para suportar uma particular condição de curto-circuito;

c) O tempo máximo que um cabo pode funcionar com uma determinada corrente de curto-
circuito sem danificar a isolação.

4.8 - NORMALIZAÇÃO DA ABNT

• NBR 6251:2018 – Cabos de potência com isolação extrudada para tensões de 1 kV a 35


kV - Requisitos construtivos.

• NBR 7286:2022 – Cabos de potência com isolação extrudada de borracha


etilenopropileno (EPR, HEPR ou EPR 105) para tensões de 1 kV a 35 kV - Requisitos de
desempenho.

• NBR 7287:2023 – Cabos de potência com isolação extrudada de polietileno reticulado


(XLPE) para tensões de 1 kV a 35 kV - Requisitos de desempenho.

• NBR 16132:2022 Versão Corrigida:2023 – Cabos de potência não halogenados, com


baixa emissão de fumaça, isolados, com cobertura, para tensões de 3 kV a 35 kV -
Requisitos de desempenho.

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25
CAPÍTULO V

5 - MUFLA TERMINAL PRIMÁRIA OU TERMINAÇÃO

5.1 - INTRODUÇÃO

Dispositivo destinado a restabelecer as condições de isolação da extremidade


de um condutor isolado quando este é conectado a um conector nu.
Tem a finalidade de reduzir o gradiente de potencial que surge em torno da
área seccionada do cabo.
As figuras a seguir apresentam cabos elétricos com e sem mufla e os aspectos
dos seus campos elétricos.

5.2 - TIPOS DE TERMINAÇÕES

5.3 - NORMALIZAÇÃO DA ABNT

• NBR 9314:2006 – Emendas e terminais para cabos de potência com isolação para
tensões de 3,6/6 kV a 27/35 kV.

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26
CAPÍTULO VI

6 - CHAVE SECCIONADORA PRIMÁRIA

6.1 - INTRODUÇÃO

Aparelho de comando capaz de interromper de modo visível a continuidade


elétrica de um circuito. É comandável sob tensão, mas sem corrente, pois não possui poder de
interrupção.
É utilizada em subestações para isolar transformadores, disjuntores etc.
Também é utilizada em redes aéreas de distribuição urbana e rural com a finalidade de
seccionar alimentadores.
Pode ser unipolar ou tripolar, para uso interno ou externo, operada
manualmente ou por telecomando.

6.2 - TIPOS DE CHAVES SECCIONADORAS

6.2.1 - USO INTERNO

a) SIMPLES

b) BUCHA PASSANTE

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c) FUSÍVEIS

d) INTERRUPTORES

e) REVERSÍVEIS

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6.2.2 - USO EXTERNO

a) ABERTURA LATERAL SINGELA (ALS)

b) ABERTURA CENTRAL

c) DUPLA ABERTURA LATERAL (DAL)

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29
d) ABERTURA VERTICAL (AV)

e) PANTOGRÁFICAS

f) COM LÂMINA DE ATERRAMENTO

6.3 - NORMALIZAÇÃO DA ABNT

• NBR IEC 62271-102:2022 – Manobra e comando de alta tensão.

• NBR 7571:2011 – Seccionadores – Características técnicas e dimensionais.

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30
CAPÍTULO VII

7 - PARA-RAIOS À RESISTÊNCIA NÃO-LINEAR

7.1 - INTRODUÇÃO

Equipamento destinado a proteção de sistemas elétricos contra sobretensões


originadas por descargas atmosféricas (origem externa) ou por manobras de chaves
seccionadoras e disjuntores (origem interna).

7.2 - TIPOS DE PARA-RAIOS

• Carboneto de silício (SiC);


• Óxido de zinco (ZnO).

7.3 - PARTES COMPONENTES DE UM PARA-RAIOS

a) Corpo de porcelana: Constituído de porcelana vitrificada de alta resistência mecânica e


dielétrica.

b) Resistores não-lineares: Blocos cerâmicos feitos a partir do SiC ou do ZnO. Possuem


elevada capacidade de condução da corrente de surto com baixas tensões residuais, ao
mesmo tempo que oferece alta resistência à corrente subsequente, fornecida pelo sistema.

c) Centelhador série: Constituído de um ou mais espaçadores entre eletrodos, dispostos em


série com os resistores não-lineares. É opcional para os para-raios de ZnO.

d) Desligador automático: Constituído de um elemento resistivo colocado em série com uma


cápsula explosiva protegida por um corpo de baquelite. Serve como indicador visual de
defeito no para-raios. É opcional no ZnO.

e) Protetor contra sobrepressão: Dispositivo destinado a aliviar a pressão interna devido a


falhas ocasionais do para-raios e cuja ação permite o escape dos gases antes que haja o
rompimento da porcelana.

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31

7.4 - PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO

A figura a seguir mostra esquematicamente um para-raios instalado numa linha


submetida a uma sobretensão.

Em condições normais de funcionamento a linha está isolada da terra pelo


centelhador. Ocorrendo uma sobretensão, o para-raios conduz instantâneamente ( 0,01 s).

7.5 - ESCOLHA DA TENSÃO NOMINAL DO PARA-RAIOS

É determinada em função da máxima tensão entre fases admissível no sistema


e depende do fator de aterramento desse sistema:

VN = VMÁX .FF .FAT

Para sistemas com neutro solidamente aterrado esse fator vale 0,8 e para
sistemas com neutro isolado ou aterrado através de impedância vale 1,0.

Exemplo:

Considere uma descarga atmosférica cuja corrente do raio seja de 15 kA,


irrompendo num ponto do solo distante 90 m de uma L.T. de 69 kV, cuja altura dos condutores
ao solo seja de 11 m. Calcular a tensão de surto resultante.

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32

1
RV = = 0,00577
4,5 x10 5
1+
IR

Z a xI R xH  RV 
VSU = x 1 +  = 55,22kV
DRL  2 − RV
2 
 

Este valor é bem inferior à tensão suportável de impulso (TSI) da L.T. que é de
350 kV.

7.6 - CONSIDERAÇÕES SOBRE RAIOS

• 90% das descargas atmosféricas seguem da nuvem para a terra.


• Descarga direta de raios:

• 0,1%  200 kA
• 0,7%  100 kA
• 5%  60 kA
• 50%  15 kA

7.7 - NORMALIZAÇÃO DA ABNT

• NBR IEC 16050:2012 – Para-raios de resistor não linear de óxido metálico sem
centelhadores, para circuitos de potência de corrente alternada.

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7.8 - NORMALIZAÇÃO DA COSERN

• DIS-ETE-004:2021 – Para-raios para Rede de Distribuição.

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33
CAPÍTULO VIII

8 - DISJUNTORES DE ALTA TENSÃO

8.1 - INTRODUÇÃO

São equipamentos destinados à manobra e à proteção de circuitos, capazes de


interromper grandes potências de curto-circuito. Estão sempre associados a relés.

8.2 - MEIOS DE INTERRUPÇÃO DO ARCO

8.2.1 - Disjuntores a óleo

• Custo reduzido;
• Robustez construtiva;
• Simplicidade operativa;
• Simplicidade de manutenção.

Podem ser a grande volume de óleo (GVO) e a pequeno volume de óleo


(PVO).

8.2.2 - Disjuntores a sopro magnético

Muito usados em sistemas de corrente contínua.

8.2.3 - Disjuntores a vácuo

Especialmente utilizados onde a frequência de manobras é intensa, como nos


circuitos de transformadores de fornos a arco.

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34
8.2.4 - Disjuntores a SF6

Usados em extra-alta tensão. O SF6 é um gás incolor, inodoro e não


combustível. É um excelente meio isolante e possui características favoráveis à interrupção da
corrente elétrica.

8.2.5 - Disjuntores a ar comprimido

Utilizados em S/E´s com tensões iguais ou superiores a 230 kV. Necessitam de


uma central de ar comprimido.

8.3 - SISTEMAS DE ACIONAMENTO

8.3.1 - Sistema de mola

Mais comum, maior simplicidade de operação e custo reduzido. É empregado


basicamente em todos os disjuntores de média tensão e na maioria até 230 kV. Seu
acionamento pode ser manual ou motorizado.

8.3.2 - Sistema de solenóide

Tem utilização limitada.

8.3.3 - Sistema de ar comprimido

É mais empregado nos disjuntores que utilizam o ar comprimido como meio de


extinção do arco.

8.3.4 - Sistema hidráulico

Constituído por bomba, óleo, nitrogênio e válvulas.

8.4 - RELÉS PARA ACIONAMENTO DO DISJUNTOR

A norma ABNT NBR 14039: 2005 estabelece o seguinte:

a) Para subestações com capacidade instalada menor ou igual a 300 kVA, a proteção
geral na média tensão deve ser realizada por meio de um disjuntor acionado através de relés
secundários com as funções 50 e 51, fase e neutro (onde é fornecido o neutro), ou por meio de
chave seccionadora e fusível, sendo que, neste caso, adicionalmente, a proteção geral, na
baixa tensão, deve ser realizada através de disjuntor.

b) Para subestações com capacidade instalada maior que 300 kVA, a proteção geral na
média tensão deve ser realizada exclusivamente por meio de um disjuntor acionado através de
relés secundários com as funções 50 e 51, fase e neutro (onde é fornecido o neutro).

Não são aceitos relés com princípio de funcionamento com retardo a líquido.

A Figura a seguir apresenta o diagrama de ligações de relés secundários a um


disjuntor.

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35

8.5 - NORMALIZAÇÃO DA ABNT

• NBR IEC 62271-100:2006 – Equipamentos de alta-tensão -


Parte 100: Disjuntores de alta-tensão de corrente alternada.

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CAPÍTULO IX

9 - ISOLADORES

9.1 - INTRODUÇÃO

São elementos sólidos cuja função é isolar os condutores em relação a


estrutura suporte ou de outro condutor, além de poderem suportar os esforços produzidos
pelos condutores.

9.2 - CLASSIFICAÇÃO

9.2.1 - Isoladores de apoio

São aqueles nos quais se apóiam os condutores.

9.2.2 - Isoladores de suspensão

São aqueles que, quando fixados à estrutura, permitem o livre deslocamento


em relação à vertical.

9.3 - MATERIAIS

Os materiais mais empregados são a cerâmica, o vidro e a fibra de vidro.

9.4 - TIPOS

9.4.1 - Isolador de pino

Utilizados em redes de distribuição e subtransmissão até 72 kV.

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9.4.2 - Isolador de suspensão (de disco)

Usados em redes de distribuição e linhas de transmissão.

9.4.3 - Isolador de apoio multicorpo

Aplicado em média e extra-alta tensões em zonas altamente poluídas e em


sistemas de corrente contínua (HVDC).

9.4.4 - Isolador pedestal

Para suportar condutores e equipamentos em subestações.

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9.4.5 - Isolador suporte maciço

Para suportar equipamentos elétricos, barramentos de S/E´s, chaves


seccionadoras etc.

9.4.6 - Isoladores poliméricos

São constituídos de fibra de vidro impregnada com resina sintética. Entre as


vantagens ressalta-se o peso reduzido e resistência ao impacto. Disponível como isolador de
apoio e de suspensão. Pesam cerca de 20% do peso de uma cadeia equivalente em isoladores
de vidro.

9.4.7 - Espaçadores

São utilizados em redes aéreas compactas.

9.5 - NORMALIZAÇÃO DA ABNT

• NBR 7109:2009 – Isolador de disco de porcelana ou vidro - Dimensões e características.

• NBR 5032:2014 – Isoladores para linhas aéreas com tensões acima de 1 000 V –
Isoladores de porcelana ou vidro para sistemas de corrente alternada.

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39
CAPÍTULO X

10 - TRANSFORMADOR DE POTENCIAL (TP)

10.1 - INTRODUÇÃO

Equipamento utilizado para reduzir a tensão do circuito a níveis compatíveis


com a máxima suportável pelos aparelhos de medição.

Os TP´s são construídos para serem ligados entre fases ou entre fase e neutro
de um sistema. Devem suportar uma sobretensão de até 10% em regime permanente, sem
que nenhum dano lhes ocorra.
São próprios para alimentarem instrumentos de alta impedância (voltímetro,
bobinas de potencial de medidores de energia etc).

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40

10.2 - CARACTERÍSTICAS DE UM TP

10.2.1 - Tensão primária nominal

Depende da tensão do sistema ao qual está ligado.

10.2.2 - Tensão secundária nominal

Padronizada por norma em 115 V.

10.2.3 - Classe de exatidão

Valor máximo do erro (percentual) que o TP introduz na indicação do medidor


em condições especificadas.

CLASSE DE EXATIDÃO APLICAÇÃO


• TP padrão;
Melhor do que 0,3 • Medições em laboratório;
• Medições especiais.
• Medição de energia elétrica para faturamento a
0,3
consumidor.
• Medição de energia elétrica sem finalidade de
faturamento.
• Alimentação de relés;
• Alimentação de instrumentos de controle:
0,6 ou 1,2 - Voltímetro;
- Wattímetro;
- Varímetro;
- Fasímetro;
- Frequencímetro etc.

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41
10.2.4 - Carga nominal

É a carga admitida no secundário do TP sem que o erro percentual ultrapasse


os valores estipulados para sua classe de exatidão.

P 12,5 – P 25 – P 75 – P 200 – P 400

10.2.5 - Potência térmica

Maior potência aparente que o TP pode fornecer em regime contínuo sem que
sejam excedidos os limites de temperatura especificados.

10.2.6 - Nível de isolamento

Tensão máxima suportável pela isolação dentro dos limites especificados.

10.3 - EXEMPLO (TP PARA MEDIÇÃO)

Especificar um TP para medição de energia elétrica para faturamento a um


consumidor energizado em 69 kV, no qual serão utilizados os seguintes instrumentos:

• Medidor de kWh com indicador de demanda máxima;


• Medidor de kVARh sem indicador de demanda máxima.

SOLUÇÃO:

a) Classe de exatidão: 0,3

b) Potência do TP: Quadro de perdas dos instrumentos em 115 V, 60 Hz:

INSTRUMENTOS WATT VAR


Medidor de kWh (bobina de potencial) 1,2 7,8
Motor do conjunto de demanda máxima 2,8 7,5
Medidor de kVARh (bobina de potencial) 2,0 7,5
TOTAL 6,0 19,3

S = (6,0) 2 + (19,3) 2 = 20,21VA


Escolhe-se carga nominal P25.

c) Logo a especificação será:

TP com tensão primária nominal 69 kV, relação nominal 600:1, 60 Hz, carga
nominal ABNT P 25, classe de exatidão ABNT 0,3 – P 25, potência térmica 1.000 VA, uso
exterior (ou interior), nível de isolamento: tensão máxima de operação: 72,5 kV, tensão
suportável nominal à frequência industrial: 140 kV e tensão suportável nominal de impulso
atmosférico: 350 kV.

10.4 - TRANSFORMADOR DE POTENCIAL CAPACITIVO (TPC)

Os transformadores de potencial capacitivo separam do circuito de alta tensão


os instrumentos de medição, contadores, relés, proteções etc e reduzem as tensões a valores
praticáveis proporcionais às primárias originais. Além disso oferecem a possibilidade de
transmitir sinais de alta frequência através de linhas de alta tensão. Os capacitores de
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42
acoplamento servem somente como acoplamento de sinais de comunicação de alta
frequência e correspondem à parte capacitiva de um transformador de potencial capacitivo.
Em um transformador de potencial capacitivo (TPC) a transformação é feita em
duas etapas.
O primeiro passo é realizado pelo divisor de tensão do capacitor reduzindo a
tensão até uma tensão intermediária. O segundo passo da transformação é realizado por um
transformador de potencial indutivo. A tensão do TP pode então ser adaptada às tensões
padronizadas para medidores e relés de proteção.

10.5 - NORMALIZAÇÃO DA ABNT

• NBR 6855:2021 – Transformador de potencial indutivo com isolação sólida para tensão
máxima igual ou inferior a 52 kV - Especificação e ensaios.

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43
CAPÍTULO XI

11 - TRANSFORMADOR DE CORRENTE (TC)

11.1 - INTRODUÇÃO

Equipamento utilizado para reduzir a corrente que circula no seu primário a um


valor no secundário compatível com os instrumentos de medição.

Os TC´s devem alimentar instrumentos de baixa impedância (amperímetros,


bobinas de corrente de Wattímetros, bobinas de corrente de medidores de energia elétrica,
relés de corrente etc).

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44

11.2 - O SECUNDÁRIO DO TC NUNCA DEVE FICAR ABERTO QUANDO O PRIMÁRIO


ESTIVER ENERGIZADO

A corrente I1 é fixada pela carga ligada ao circuito externo, com o qual o TC


está em série. I2 é consequência de I1, independentemente do instrumento que estiver no
secundário. Se I2 = 0 (secundário aberto), não haverá efeito desmagnetizante dessa corrente, e
a corrente de excitação Io passará a ser a própria corrente I1, daí originando um fluxo  muito
elevado no núcleo.

CONSEQUÊNCIAS:

• Aquecimento excessivo causando a destruição do isolamento, podendo provocar contato do


circuito primário com o secundário e a terra;
• F.E.M. induzida E2 elevada, com iminente perigo para o operador;
• Ao fluxo elevado corresponderá uma magnetização forte no núcleo que alterará suas
características de funcionamento e precisão.

11.3 - TIPOS DE TC´s

a) TC tipo enrolado: O primário é constituído de uma ou mais espiras, envolvendo o núcleo.

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45
b) TC tipo barra: O primário é formado por uma barra, montada permanentemente através
do núcleo do transformador.

c) TC tipo janela: TC sem primário próprio, construído com uma abertura através do núcleo,
por onde passa o condutor do circuito primário.

d) TC tipo bucha: Variação do tipo janela, projetado para ser instalado sobre uma bucha de
um equipamento elétrico, fazendo parte integrante deste.

e) TC de núcleo dividido: Variação do tipo janela, em que o núcleo pode ser separado para
permitir envolver o condutor que funciona como enrolamento primário. Ex.: amperímetro
tipo alicate.

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46
11.4 - CARACTERÍSTICAS DE UM TC

a) Corrente secundária nominal: Normalmente é de 5 A.

b) Corrente primária nominal: Valor nominal de I1 suportável pelo TC.

c) Classe de exatidão: Valor percentual máximo do erro que poderá ser introduzido pelo TC
na indicação de um instrumento.

CLASSE DE EXATIDÃO APLICAÇÃO


• TC padrão;
Melhor do que 0,3 • Medições em laboratório;
• Medições especiais.
• Medição de energia elétrica para faturamento a
0,3
consumidor.
• Medição de energia elétrica sem finalidade de
faturamento.
• Alimentação de relés.
0,6 ou 1,2 • Alimentação de instrumentos de controle:
- Amperímetro;
- Wattímetro;
- Varímetro;
- Fasímetro etc.

d) Carga nominal: Carga na qual se baseiam os requisitos de exatidão do TC.

C 2,5 – C 5,0 – C 12,5 – C 25 – C 50 – C 100 – C 200

e) Fator térmico: Fator pelo qual se deve multiplicar a corrente primária nominal para se obter
a corrente primária máxima que um TC é capaz de conduzir em regime permanente, sob
frequência nominal, sem exceder os limites de elevação de temperatura especificados e
sem sair de sua classe de exatidão. Valores:

1,0 – 1,2 – 1,3 – 1,5 – 2,0

f) Corrente térmica nominal: Maior corrente primária que um TC é capaz de suportar durante
1 segundo, com o enrolamento secundário curto-circuitado, sem exceder, em qualquer
enrolamento, uma temperatura máxima especificada.

g) Nível de isolamento: Tensão máxima suportável pela isolação dentro dos limites
especificados.

11.5 - EXEMPLO (TC DE MEDIÇÃO)

Especificar um TC para medição de energia elétrica e controle, sem finalidade


de faturamento, sabendo-se que a tensão entre fases é de 13,8 kV e a corrente de linha
máxima é de 80 A. Os instrumentos ficarão ligados a 25 m do TC através de fio de seção
nominal igual a 2,5 mm2. Os instrumentos são:

• Medidor de kWh com indicador de demanda máxima;


• Medidor de kVARh;
• Wattímetro;

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• Varímetro;
• Amperímetro;
• Fasímetro.

SOLUÇÃO:

a) Classe de exatidão: 0,6 ou 1,2.

b) Carga nominal do TC: Quadro de perdas dos instrumentos em 5 A, 60 Hz:

INSTRUMENTOS WATT VAR


Medidor de kWh (bobina de corrente) 1,4 0,8
Medidor de kVARh (bobina de corrente) 1,4 0,8
Wattímetro 0,7 2,0
Varímetro 0,7 2,0
Amperímetro 1,5 0,7
Fasímetro 2,5 2,0
SUBTOTAL 8,2 8,3
Perdas com 5 A nos 50 m de condutor 6,6 0
2,5 mm2 (5,3  / km)
TOTAL 14,8 8,3

S = (14,8) 2 + (8,3) 2 = 16,971VA

Escolhe-se carga nominal 25 VA.

c) A especificação será:

TC para medição, corrente primária nominal de 100 A, relação nominal 20:1,


60 Hz, carga nominal ABNT C 25, classe de exatidão ABNT 0,6 – C 25, fator térmico 1,5, uso
exterior (ou interior), nível de isolamento: tensão nominal de operação: 13,8 kV, tensão máxima
de operação: 15 kV, tensão suportável nominal à frequência industrial: 36 kV e tensão
suportável nominal de impulso atmosférico: 110 kV.

11.6 - NORMALIZAÇÃO DA ABNT

• NBR 6856:1992 – Transformador de corrente.

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CAPÍTULO XII

12 - INTRODUÇÃO À PROTEÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS

12.1 - INTRODUÇÃO

O alto grau de interconexão e interdependência existente entre os vários


elementos de um sistema elétrico e suas condições de operação, tornam necessário o uso de
dispositivos e arranjos que automaticamente e muito rapidamente desconectem o trecho do
sistema sob falha ou alarmem quando da ocorrência de distúrbios nas condições normais de
operação.

12.2 - FILOSOFIA DA PROTEÇÃO

É a técnica de selecionar, coordenar, ajustar e aplicar os vários equipamentos


e dispositivos de proteção a um sistema elétrico.

12.3 - FINALIDADES DA PROTEÇÃO

• Isolar a menor parte possível do sistema em caso de alguma falta;


• Atuar no menor tempo possível.

12.4 - REQUISITOS DA PROTEÇÃO

Os requisitos fundamentais que os esquemas de proteção devem satisfazer


são os seguintes:

a) RAPIDEZ DE AÇÃO: As sobrecorrentes devem ser extintas no menor tempo possível,


reduzindo a probabilidade de propagação dos defeitos.

b) SELETIVIDADE: A proteção “seleciona” e isola o trecho do sistema atingido pelo defeito,


mantendo as demais partes funcionando.

c) SENSIBILIDADE: A proteção deve responder as anormalidades que possam ocorrer na


operação do sistema elétrico.

d) CONFIABILIDADE: O sistema de proteção não deve atuar sob condições normais de


operação do sistema, ou falhar na ocorrência de faltas no sistema.

12.5 - BENEFÍCIOS DA PROTEÇÃO

• Menores danos aos materiais e equipamentos;


• Menores custos de manutenção;
• Maior vida útil dos materiais e equipamentos;
• Menos desligamentos;
• Maior segurança;
• Redução no tempo das interrupções;
• Facilidade na busca e pesquisa de defeito;
• Maior simplicidade do sistema;
• Facilidade de manobra.

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49
12.6 - FALTA, DEFEITO E FALHA

12.6.1 - FALTA: É todo fenômeno acidental que impede o funcionamento de um sistema ou


equipamento elétrico, causado geralmente por contato acidental ou arco entre condutores
energizados, ou entre estes e a terra. Toda a falta tem de ser removida rapidamente, pois
poderá causar avarias externas e/ou destruição de equipamentos.

12.6.2 - DEFEITO: Aplica-se a tudo que apresenta uma alteração física prejudicial. Em geral,
o defeito não impede o funcionamento do sistema ou equipamento e, em certos casos, nem
mesmo prejudica o seu desempenho.

Exemplo: Isolador com saia lascada, ligação frouxa, relé mal calibrado, transformador com
pequeno vazamento de óleo etc.

12.6.3 - FALHA: Refere-se a um equipamento ou material que não cumpriu o seu papel.

Exemplo: Relé que não operou no instante devido, isolação perfurada dieletricamente etc.

12.7 - PERTURBAÇÕES DE UM SISTEMA ELÉTRICO

• Curtos-circuitos;
• Sobrecargas;
• Variações do nível de tensão.

a) CURTOS-CIRCUITOS

Os curtos-circuitos são as perturbações mais severas que podem ocorrer num


sistema elétrico. Podem ocorrer entre as três fases (trifásico), entre duas fases quaisquer
(bifásico), envolvendo ou não a terra, e entre uma fase qualquer e a terra (fase-terra).

Os curtos-circuitos atingem valores extremamente elevados de corrente, num


tempo muito curto. A intensidade da corrente de curto-circuito depende de vários fatores, entre
eles destacam-se:

• Tipo e característica do curto-circuito;


• Capacidade de potência e arranjos do sistema elétrico;
• O método de conexão e operação do neutro dos transformadores;
• A distância em que a falta ocorre dos geradores;
• As capacidades dos principais equipamentos e dispositivos limitadores de corrente;
• A duração do curto-circuito;
• A rapidez com que agem os aparelhos de regulação e chaveamento no sistema.

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50
b) SOBRECARGAS

As sobrecargas são caracterizadas pela elevação moderada da corrente num


tempo longo.

c) VARIAÇÕES DO NÍVEL DE TENSÃO

As variações do nível de tensão podem ser de curta duração, da ordem de


alguns ciclos, ou prolongada. Podem ocorrer para cima ou para baixo dos níveis de tensão
estipulados pelos órgãos competentes.

12.8 - TIPOS DE SISTEMAS ELÉTRICOS

12.8.1 - SISTEMA NÃO ATERRADO OU ISOLADO

Nesse sistema, a referência à terra é efetivada através das capacitâncias das


linhas. Existem capacitâncias de cada fase para a terra e das fases entre si, conforme a figura
abaixo:

Nesse esquema, os equipamentos (transformadores, para-raios) são


dimensionados para suportarem a tensão fase-fase.
Quando ocorre uma falta no sistema isolado, pode-se continuar a operar o
sistema, pois não existe curto-circuito. Entretanto, os problemas se relacionam com a
sobretensão e isolamento do sistema.

12.8.2 - SISTEMA EFETIVAMENTE ATERRADO

Este sistema admite valores elevados de corrente no caso de falta para a terra.
Os valores de corrente de curto-circuito fase-terra poderão atingir valores superiores às
correntes de curto-circuito trifásico.
Nesse sistema, os transformadores e para-raios poderão ser especificados
para as tensões fase-terra.
Quando ocorre uma falta no sistema aterrado deve-se desligar o sistema
imediatamente. Os problemas se relacionam com corrente de curto-circuito e a proteção das
mesmas.

12.8.3 - SISTEMA NÃO-EFETIVAMENTE ATERRADO (ATERRADO ATRAVÉS DE


IMPEDÂNCIA
Qualquer sistema que não atenda às condições estabelecidas para um sistema
efetivamente aterrado e que não seja isolado da terra é dito não-efetivamente aterrado.

Pode ser subdividido em:

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51
12.8.3.1 - SISTEMA ATERRADO POR REATÂNCIA

Nesse tipo de sistema, os transformadores e para-raios deverão ser


especificados para a tensão fase-fase.

12.8.3.2 - SISTEMA ATERRADO POR RESISTÊNCIA

Nesse tipo de sistema, os transformadores e para-raios deverão ser


especificados para a tensão fase-fase.

12.9 - CORRENTES DE CURTO-CIRCUITO

As correntes de curto-circuito têm seus valores estreitamente relacionados com


o porte do sistema elétrico, quanto maiores as intensidades de tensão e potência do sistema de
geração, transmissão e distribuição, maiores serão as correntes de curto-circuito.
As correntes de curto-circuito são independentes da carga, e são diretamente
relacionadas com a capacidade da fonte de energia.

12.9.1 - FONTES DE CORRENTES DE CURTO-CIRCUITO

Na determinação das correntes de curto-circuito, deve-se considerar todas as


fontes de curto-circuito, bem como suas impedâncias. Uma fonte de curto-circuito é qualquer
equipamento que, a partir do instante em que ocorre a falta, passa a alimentar o sistema com a
corrente de curto-circuito.
Existem três fontes básicas de curto-circuito: geradores, motores síncronos e
motores de indução.

a) GERADORES: Quando ocorre uma falta no sistema elétrico, os geradores devido a sua
inércia, continuam girando com velocidade constante, mantendo as tensões nos valores
anteriores ao curto-circuito. Nessas condições, o gerador faz circular uma corrente de curto-
circuito entre ele e o ponto onde aconteceu a falta, dependendo essa corrente do valor de
tensão do gerador e das impedâncias do gerador e do trecho de circuito por onde circula.

b) MOTORES SÍNCRONOS: Quando ocorre um curto-circuito a tensão no sistema é reduzida


a um valor muito baixo. Como o motor continua girando devido a sua inércia, passa a
funcionar como gerador, fornecendo uma corrente de curto-circuito por alguns ciclos após a
falta. O valor da corrente de curto-circuito depende da tensão nominal, da potência, da
reatância do motor e da impedância até o ponto onde ocorreu a falta.

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52
c) MOTORES DE INDUÇÃO: Da mesma forma que um motor síncrono, o motor de indução,
devido a sua inércia, continua girando quando ocorre um curto-circuito, passando a
funcionar como gerador e fornecendo uma corrente de curto-circuito. A diferença entre um
motor e outro está na capacidade de manutenção da corrente de curto-circuito, uma vez que
o motor de indução não possui excitação independente. Sendo assim, as contribuições de
um motor de indução a um curto-circuito têm uma constante de tempo bem menor, afetando
o comportamento do sistema num período de dois a três ciclos após o curto-circuito. Assim
como no motor síncrono, o valor da corrente de curto-circuito depende da tensão efetiva nos
terminais, da potência, da reatância do motor e da impedância entre o motor e o ponto de
falta.

d) TRANSFORMADOR: O transformador não é uma fonte de corrente de curto-circuito, ele


simplesmente libera, de acordo com sua potência, a corrente de curto-circuito produzida
pelos geradores e motores que o antecedem. Ele apenas transforma os valores de tensão e
de corrente. A corrente de curto-circuito liberada por um transformador é determinada por
suas tensões, reatância, pela reatância dos geradores e equipamentos até os terminais do
transformador e pela reatância do circuito entre ele e o ponto da falta.

12.9.2 - COMPOSIÇÃO DAS FALTAS

Conforme vimos anteriormente, as faltas podem ser trifásicas, bifásicas e fase-


terra. De acordo com o tempo de duração, classificam-se em transitórias ou permanentes. As
correntes de curto-circuito podem ser simétricas e assimétricas.
As correntes de curto-circuito são quase sempre assimétricas durante os
primeiros ciclos após a falta, a assimetria sendo máxima no instante da ocorrência do curto-
circuito, e vão se tornando simétricas poucos ciclos após o mesmo.

12.9.2.1 - CORRENTES ASSIMÉTRICAS

As correntes assimétricas comportam-se como se houvessem duas


componentes agindo simultaneamente: uma é a componente simétrica de corrente alternada e
a outra é a componente contínua.
A soma dessas duas componentes em qualquer instante é igual a intensidade
da corrente alternada assimétrica total no mesmo instante.

a) COMPONENTE CONTÍNUA

A intensidade da componente contínua depende do instante da ocorrência do


curto-circuito, variando de zero até um valor máximo igual ao pico da componente alternada. A
componente contínua decresce com o tempo, aproximando-se finalmente de zero. Isto
acontece por não haver fonte de tensão de corrente contínua alimentando essa componente e

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53
também pela dissipação de sua energia na resistência do circuito. Após a extinção da
componente contínua a onda de corrente torna-se simétrica.
O tempo de duração da componente de corrente contínua depende da
constante de tempo do circuito, ou simplesmente pela relação X/R no ponto onde ocorreu o
defeito. Quanto maior o valor de X/R maior será o tempo de duração da componente contínua,
conforme abaixo:

L 2fL XL XL
= = = (em segundos) ou
R 2fR 2fR 377 R

X X
(em ciclos) ou (em radianos elétricos)
2R R

Exemplos:

1) Para X/R  1, a constante de tempo é igual a 0,00265 segundos ou 0,16 ciclo, e a


componente contínua será de curta duração;

2) Para X/R = 20, a constante de tempo será de 0,053 segundos ou 3,18 ciclos.

OBS.:

1) As intensidades das correntes de curto-circuito dependem quase que exclusivamente da


reatância indutiva (XL) do circuito, que na prática é a soma das reatâncias de dispersão de
geradores, transformadores etc;

2) As resistências do circuito têm influência na duração da componente assimétrica, e pouca


influência na intensidade da corrente de curto-circuito;

3) Em circuitos típicos de distribuição a relação X/R tem valores próximos a 10, e a


componente contínua irá desaparecer entre 1 e 2 ciclos.

b) VALOR DA CORRENTE ASSIMÉTRICA

I ass = F.A. x I sim

onde F.A. = fator de assimetria (depende do valor de X / R e do tempo de duração do curto-


circuito)
O valor inicial da corrente assimétrica total tem um valor que varia de 1 a 1,73,
dependendo do ponto da onda de tensão onde se inicia a falta.

12.9.3 - EXEMPLOS DE CÁLCULO DA CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

12.9.3.1 - CURTO-CIRCUITO TRIFÁSICO NO SECUNDÁRIO DE UM TRANSFORMADOR

Icc2 = Inom2 100


Z (%)

onde Z (%) = impedância percentual ou tensão nominal de curto-circuito, em porcentagem da


tensão nominal do transformador.
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54

Exemplo: Calcular a corrente de curto-circuito trifásico no secundário de um transformador


trifásico com as seguintes características:

300 kVA , 13.800 / 380/220 V , Z = 4,5 %

Inom2 = S = 300.000 = 455,80 A


 3 . V2  3 . 380

Icc2 = Inom2 100 = 455,80 . 100 = 10.128,89 A


Z (%) 4,5

12.9.3.2 - CURTO-CIRCUITO TRIFÁSICO NO FIM DE UM CABO SUBTERRÂNEO


ALIMENTADO POR UM TRANSFORMADOR

V
Icc =
3  Zt

onde: V = tensão de linha (V).


Zt = ZT + Zc = impedância total, do transformador ao ponto de curto-circuito (ohm /
Fase).
ZT = (RT + j XT) = impedância do transformador (ohm).
Zc = l (rc + j xc) = Rc + j Xc = impedância dos cabo (ohm).
rc = resistência de fase por unidade de comprimento do cabo (ohm/km).
xc = reatância de fase por unidade de comprimento do cabo (ohm/km).
l = comprimento do cabo (km).

Temos que

RT = V22 Z(%) cos  cc = V22 R (%) (ohm)


S 100 S 100

XT = V22 Z(%) sen  cc = V22 X (%) (ohm)


S 100 S 100

onde: V2 = tensão nominal do secundário (V).


S = potência aparente do trafo (VA).
cos  cc = fator de potência de curto-circuito a 75 oC.
R (%) = resistência percentual ou queda de tensão ôhmica percentual.
X (%) = reatância percentual ou queda de tensão indutiva percentual.

Sendo

R(%) = I1 x Req 1 x 100 = I2 x Req 2 x 100 (%)


V1 V2

X(%) = I1 x Xeq 1 x 100 = I2 x Xeq 2 x 100 (%)


V1 V2

onde: I1 = corrente nominal do primário (A).


I2 = corrente nominal do secundário (A).
Req 1 = resistência equivalente referida ao primário (ohm).
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55
Req 2 = resistência equivalente referida ao secundário (ohm).
Xeq1 = reatância equivalente referida ao primário (ohm).
Xeq2 = reatância equivalente referida ao secundário (ohm).
V1 = tensão nominal do primário (V).

Exemplo: Calcular a corrente de curto-circuito trifásico no fim de um cabo subterrâneo de


cobre com seção de 240 mm2 e comprimento igual a 1.500 m. O cabo é alimentado pelo
transformador do item anterior.

Dados:
TRANSFORMADOR CABO
R (%) 1,23 rc (ohm / km) 0,08
X (%) 4,32 xc (ohm / km) 0,07

RT = V22 R (%) = (220)2 . 1,23 = 0,00198 ohm


S 100 300.000 100

XT = V22 X (%) = (220)2 . 4,32 = 0,00697 ohm


S 100 300.000 100

Rc = l . rc = 1,5 . 0,08 = 0,12 ohm

Xc = l . xc = 1,5 . 0,07 = 0,105 ohm

Zt = ZT + ZC = RT 2 + X T 2 + RC 2 + X C 2 = 0,00725 + 0,15945 = 0,1667 ohm

V 380
Icc = = = 1.316,10 A
3  Zt 3  0,1667

CONCLUSÃO: A corrente neste caso é bem menor do que à obtida para curto-circuito direto
nos terminais do transformador.

12.10 - DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO

12.10.1 - CHAVE FUSÍVEL / ELO FUSÍVEL

A chave fusível é o dispositivo mais empregado em saídas de ramais de


distribuição devido ao seu baixo custo.
O elo fusível deve ter capacidade de interrupção superior à máxima corrente de
curto-circuito disponível no ponto de instalação.

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56
12.10.2 - RELIGADOR AUTOMÁTICO

O religador é indicado para substituir o disjuntor quando o alimentador atende


linhas extensas. É um dispositivo interruptor automático que abre e fecha seus contatos
repetidas vezes na eventualidade de uma falha do circuito por ele protegido.
Podem ser unipolares ou tripolares, com controle hidráulico ou eletrônico, a
óleo ou a vácuo.

12.10.3 - SECCIONALIZADOR AUTOMÁTICO

O seccionalizador é instalado sempre após um religador e dentro da sua zona


de proteção. É um equipamento utilizado para interrupção automática que abre seus contatos
quando o circuito é desenergizado pelo religador. Podem ser unipolares ou tripolares, com
controle hidráulico ou eletrônico.

12.10.4 - DISJUNTOR COM RELÉS

Os disjuntores são comandados por relés de sobrecorrente instalados nas três


fases e no neutro, ou em duas fases e no neutro. Os relés de sobrecorrente possuem unidades
instantâneas e temporizadas.

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57
CAPÍTULO XIII

13 - RELÉS DE PROTEÇÃO

13.1 - INTRODUÇÃO

Um relé é um dispositivo através do qual os contatos de um circuito são


operados pela mudança nas condições do mesmo circuito ou em um ou mais circuitos
associados.
Os relés devem visualizar o aparecimento de uma falta ou distúrbio nas
condições normais de operação em qualquer trecho do sistema elétrico e atuar
automaticamente na abertura dos equipamentos ou em dispositivos de alarme.

A figura a seguir apresenta um relé elementar:

13.2 - ELEMENTOS BÁSICOS DE UM RELÉ

a) ELEMENTO SENSOR: Responde às variações da grandeza atuante.

b) ELEMENTO COMPARADOR: Compara a ação da grandeza atuante no relé com o valor


pré-ajustado.

c) ELEMENTO DE CONTROLE: Efetua uma mudança brusca na grandeza controlada.

13.3 - CLASSIFICAÇÃO DOS RELÉS

Os relés têm seu tipo de atuação baseado nas seguintes grandezas físicas:

• Elétricas;
• Mecânicas;
• Térmicas;
• Ópticas etc.

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58
OS RELÉS QUE ATUAM EM FUNÇÃO DAS GRANDEZAS ELÉTRICAS
SÃO CLASSIFICADOS COMO SEGUE:

a) QUANTO AO PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO

• Eletromagnético;
• Bobina móvel;
• Indução;
• Eletrodinâmico;
• Polarizados;
• Eletrônicos;
• Fluidodinâmicos;
• Térmicos.

b) QUANTO A NATUREZA DA GRANDEZA ELÉTRICA À QUAL SÃO SENSÍVEIS

• Corrente;
• Tensão;
• Potência;
• Reatância;
• Impedância;
• Frequência etc.

Os relés em função das grandezas acima, se classificam como:

• Relés de sobre . . .;
• Relés de sub . . .;
• Relés direcionais etc.

c) QUANTO A FORMA DE LIGAÇÃO DO ELEMENTO SENSOR

• Relés primários;
• Relés secundários.

d) QUANTO A FORMA DE ATUAÇÃO DO ELEMENTO DE CONTROLE

• Relés de ação direta;


• Relés de ação indireta.

e) QUANTO AO GRAU DE IMPORTÂNCIA

• Relés principais: respondem diretamente em função das grandezas elétricas atuantes


(corrente, tensão etc);
• Relés suplementares: servem para multiplicar o número de contatos, criar retardos, sinalizar
a operação dos equipamentos de proteção (relés auxiliares, relés de tempo, relés de
sinalização etc).

f) QUANTO AO TEMPO DE AÇÃO

• Relés sem retardo (instantâneos);


• Relés com retardo (temporizados), dividindo-se em:

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59
• relés temporizados com retardo dependente;
• relés temporizados com retardo independente.

g) QUANTO AO TIPO DOS CONTATOS

• Relés com contatos normalmente abertos (N.A.);


• Relés com contatos normalmente fechados (N.F.).

13.4 - RELÉS MAIS UTILIZADOS EM SISTEMAS ELÉTRICOS

A seguir estão listados os relés mais utilizados em sistemas elétricos,


juntamente com as suas nomenclaturas definidas pela ANSI (American National Standard
Institute):

• Relé de sobrecorrente (instantâneo - 50 , temporizado - 51);


• Relé diferencial (87);
• Relé direcional de sobrecorrente (67);
• Relé de distância (21);
• Relé de sobretensão (59);
• Relé de subtensão (27);
• Relé de sequência de fase para tensão (47);
• Relé de réplica térmica para máquinas (temperatura dos enrolamentos) (49);
• Relé de pressão de líquido ou de gás (63);
• Relé de religamento CA (79);
• Relé de bloqueio (86);
• Aparelho térmico (detector de temperatura do óleo) (26).

13.5 - RELÉS DE SOBRECORRENTE (50 - 51)

Os relés de sobrecorrente são projetados para responder a um aumento de


corrente no circuito protegido. São os relés mais utilizados, já que os curtos-circuitos são as
principais faltas em circuitos elétricos.
Os relés de sobrecorrente podem ser empregados para acionamento direto ou
indireto do disjuntor.

13.5.1 - RELÉS DE SOBRECORRENTE DE AÇÃO DIRETA

Existem dois tipos mais empregados, os relés fluidodinâmicos e os relés


eletromagnéticos, existindo também os estáticos (eletrônicos).

a) RELÉS FLUIDODINÂMICOS

Utilizam um líquido, normalmente o óleo de vaselina, como elemento


temporizador. São construídos para ligação direta com a rede e montados nos pólos de
alimentação do disjuntor de proteção.
São os relés mais utilizados em pequenas e até médias instalações industriais.
São empregados, em geral, na proteção de subestações de até 1.000 kVA.

b) RELÉS ELETROMAGNÉTICOS

São constituídos basicamente de uma bobina envolvendo o núcleo magnético.


Sua bobina é ligada diretamente ao circuito primário, em série com este.

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60
c) RELÉS ESTÁTICOS (ELETRÔNICOS)

São dispositivos fabricados com componentes estáticos. Dispensam


alimentação auxiliar, podendo ser aplicados em subestações industriais e comerciais de
pequeno e médio portes, em tensão inferior a 38 kV.

13.5.2 - RELÉS DE SOBRECORRENTE DE AÇÃO INDIRETA

São fabricados em unidades monofásicas e alimentados por transformadores


de corrente ligados ao circuito a ser protegido. São utilizados na proteção de subestações
industriais de médio e grande portes, na proteção de motores e geradores de potência elevada,
banco de capacitores e principalmente na proteção de subestações das concessionárias de
energia elétrica.
Quanto à construção podem ser classificados em: de indução, estáticos e
microprocessados.

a) RELÉS DE SOBRECORRENTE DE INDUÇÃO

Seu princípio de funcionamento é baseado na construção de dois magnetos,


um superior e outro inferior, entre os quais está fixado um disco de indução. Operam com
elevada precisão, são extremamente sensíveis, não necessitam de manutenção frequente e
sua manutenção pode ser realizada sem a necessidade de desligar o disjuntor do circuito a
proteger.
Uma das características mais importantes dos relés de indução são as curvas
de temporização. São várias as curvas e os tempos estabelecidos para cada unidade de relé,
conforme a figura abaixo:

b) RELÉS DE SOBRECORRENTE ESTÁTICOS (ELETRÔNICOS)

Como características principais desses relés podemos citar: facilidade de


instalação, praticamente nenhuma manutenção e possibilidade de testes mesmo em
funcionamento.

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61
c) RELÉS DE SOBRECORRENTE MICROPROCESSADOS

São relés de última geração, no qual todas as suas funções são


microprocessadas. Os relés microprocessados proporcionam melhorias técnicas e econômicas
sob vários aspectos:

• Os relés usam lógica programável para reduzir e simplificar a fiação;


• Os relés fornecem proteção para faltas na barra, falha de disjuntor e detecção de
rompimento de fusível no lado de alta do transformador, sem nenhum ou com um custo
mínimo adicional;
• Os relés têm funções de medição para reduzir ou eliminar a necessidade de medidores
e transdutores no painel;
• Os relés reduzem o custo de manutenção fornecendo as funções de autoteste e alta
confiabilidade;
• Os relés fornecem informações de eventos remotos e da localização da falta para ajudar
os operadores no restabelecimento do serviço de eletricidade.

13.6 - RELÉ DIFERENCIAL DE CORRENTE (87)

São utilizados quando se deseja proteger um transformador contra curto-


circuito entre espiras ou defeito entre a parte ativa e a terra. São usados também na proteção
de autotransformadores, barramentos de subestação etc.
A proteção diferencial tem seu emprego justificado economicamente na
proteção de transformadores com potência superior a 10 MVA, em tensão igual ou superior a
69 kV.

13.7 - RELÉ DE GÁS OU RELÉ BUCHHOLZ (63)

Sua principal função é a proteção de transformadores quando ocorre um


defeito entre espiras, entre partes vivas, entre partes vivas e a terra, queima do núcleo,
vazamento de óleo no tanque ou no sistema de resfriamento. Somente é aplicado em
transformadores de potência equipados com conservadores de óleo.

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62

13.8 - RELÉ AUXILIAR DE BLOQUEIO (86)

O relé de bloqueio é utilizado para disparar e bloquear imediatamente um ou


mais disjuntores de uma instalação. O relé de bloqueio recebe um impulso de outro relé para
em seguida atuar na abertura do disjuntor.

Em geral, numa subestação, os relés que emitem impulso para o relé de


bloqueio são os seguintes:

• Relé de sobrecorrente de fase e de neutro (50/51 - 50/51 N);


• Relé diferencial do transformador (87);
• Relé Buchholz (63);
• Relé de sobretemperatura do óleo do transformador (26);
• Relé de sobretemperatura do enrolamento do transformador (49);
• Relé de sobrecorrente de terra (50/51 G).

A seguir apresentamos um diagrama unifilar no qual estão representados os


relés acima descritos:

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63

13.9 - NORMALIZAÇÃO DA ABNT

• NBR 9029:1985 – Emprego de relés para proteção de barramento em sistema de potência -


Procedimento.

Pesquisar outras normas em www.abntcatalogo.com.br.

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64
CAPÍTULO XIV

14 - CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA

14.1 - DEFINIÇÃO DE FATOR DE POTÊNCIA

Conforme a INTERNATIONAL ELECTROTECHNICAL COMMISSION (IEC):

FATOR DE POTÊNCIA = POTÊNCIA ATIVA


POTÊNCIA APARENTE

Para circuitos senoidais:

COS  = POTÊNCIA ATIVA DA COMPONENTE FUNDAMENTAL


POTÊNCIA APARENTE DA COMPONENTE FUNDAMENTAL

sendo  = Ângulo de defasagem entre a tensão e a corrente

FATOR DE DISTORÇÃO ()

A norma IEC 146-1-1, define fator de distorção como sendo a relação entre o
fator de potência e o cos :

 = FATOR DE POTÊNCIA
COS 

Para tensões e correntes perfeitamente senoidais, temos que:

• O fator de distorção é igual a 1


• O fator de potência é igual ao cos .

14.2 - EXPRESSÕES MATEMÁTICAS

14.2.1 - FATOR DE POTÊNCIA (COS )

P P
COS = = 1
S P + Q2
2

O fator de potência médio de uma instalação é expresso por:

EA
COS =
E A 2 + ER 2

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65
ou através de:

tg  = ER
EA
OBS.:

• Fator de potência atrasado (indutivo): corrente atrasada em relação a tensão;

• Fator de potência adiantado (capacitivo): corrente adiantada em relação a tensão.

14.3 - CAUSAS DO BAIXO FATOR DE POTÊNCIA

a) Motores de indução operando a vazio ou superdimensionados

b) Transformadores operando em vazio ou com pequenas cargas

c) Lâmpadas de descarga alimentadas por reatores com baixo fator de potência

d) Fornos a arco

e) Fornos de indução eletromagnética

f) Máquinas de solda a transformador-retificador

g) Grande quantidade de motores de pequena potência

h) Equipamentos eletrônicos

i) Tensão acima da nominal

14.4 - CONSEQUÊNCIAS DO BAIXO FATOR DE POTÊNCIA

a) Aumento das perdas de potência (I2R), que são inversamente proporcionais ao quadrado do
fator de potência

b) A energia gerada e transmitida tem que ser maior para compensar as perdas maiores

c) Aumento da queda de tensão

d) Menor intensidade luminosa das lâmpadas

e) Maior corrente de partida nos motores de indução

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66
f) Menor corrente nos equipamentos de aquecimento e consequente queda na temperatura
de operação

g) Sobrecarga dos equipamentos

h) Aumento do desgaste nos dispositivos de proteção e manobra

i) Aumento do investimento em condutores e equipamentos elétricos

j) Obstrução da capacidade dos transformadores

k) Dificuldade de regulagem do sistema

l) Pagamento de taxa adicional na conta de energia elétrica

INFLUÊNCIA DO FATOR DE POTÊNCIA PARA ALIMENTAR UMA CARGA DE 100 kW:

COS  = 1,0 COS  = 0,9 COS  = 0,8 COS  = 0,7 COS  = 0,6
POT. ATIVA 100 kW 100 kW 100 kW 100 kW 100 kW
POT. REATIVA 0 48 kVAR 75 kVAR 102 kVAR 133 kVAR
POT. APAR. 100 kVA 111 kVA 125 kVA 142 kVA 167 kVA
CORRENTE 263 A 292 A 329 A 374 A 439 A

SUBUTILIZAÇÃO DA CAPACIDADE INSTALADA (TRANSFORMADORES)

POTÊNCIA ÚTIL ABSORVIDA FATOR DE POTÊNCIA POTÊNCIA DO TRAFO (kVA)


1,00 800
800 kW 0,80 1.000
0,50 1.600

VARIAÇÃO DA SEÇÃO NECESSÁRIA DE UM CONDUTOR EM FUNÇÃO DO FATOR DE


POTÊNCIA

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67
14.5 - LEGISLAÇÃO PERTINENTE

A Resolução Normativa Nº 1.000 de 7 de dezembro de 2021, da Agência


Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) estabelece as Regras de Prestação do Serviço Público
de Distribuição de Energia Elétrica.

• Art. 30. § 5º A instalação de bancos de capacitores para correção de fator de potência


deve ser realizada de modo que sua operação não provoque efeitos transitórios ou
ressonâncias que prejudiquem o desempenho do sistema de distribuição ou outras
instalações.

• Art. 302. O fator de potência de referência “fR”, indutivo ou capacitivo, tem como limite
mínimo permitido o valor de 0,92 para a unidade consumidora do grupo A.

• Art. 303. A distribuidora não pode cobrar a unidade consumidora do grupo B, que não
tem fator de potência de referência, pelo consumo de energia elétrica reativa excedente.

• Art. 304. A distribuidora deve cobrar o montante de energia elétrica e demanda de


potência reativas excedentes da unidade consumidora do grupo A ...

§ 1o ... deve-se considerar:

I - no período de 6 horas consecutivas, definido pela distribuidora entre as 23h30 e 6h30:


apenas os fatores de potência “fT” menores que 0,92 capacitivo, verificados em cada intervalo
de uma hora “T”; e

II - no período diário complementar ao definido no inciso I: apenas os fatores de potência “f T”


menores que 0,92 indutivo, verificados em cada intervalo de uma hora “T”.
§ 2o A distribuidora deve informar ao consumidor o período de 6 horas definido no inciso I do §
1o com antecedência de pelo menos um ciclo completo de faturamento.

Art. 316. A distribuidora deve conceder para unidade consumidora do grupo A um período de
ajustes no início do fornecimento de energia elétrica, para adequação do fator de potência, com
duração de 3 ciclos consecutivos e completos de faturamento.

14.6 - VANTAGENS DO MELHORAMENTO DO FATOR DE POTÊNCIA

a) Redução das perdas de energia, pela redução da corrente de alimentação

b) Redução dos custos de energia elétrica, devido a eliminação do ajuste na tarifa, bem como
pela redução nas perdas

c) Liberação da capacidade do sistema, permitindo a ligação de novas cargas

d) elevação dos níveis de tensão, melhorando o funcionamento dos equipamentos e a


utilização da instalação

14.7 - MÉTODOS PARA CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA

Como regra geral, para a correção do fator de potência, devemos:

a) Reduzir a quantidade de energia reativa solicitada pelos equipamentos

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b) Fornecer diretamente aos mesmos essa energia, para evitar que a rede a forneça

14.7.1 - MÉTODOS MAIS EMPREGADOS

a) Utilização e operação convenientes de motores e equipamentos elétricos  deve-se


aumentar a demanda ativa média

b) Aumentando o consumo de energia elétrica ativa (kWh)

c) Utilizando motores síncronos funcionando superexcitados

d) Utilizando capacitores  é o método mais utilizado nas instalações, o mais econômico e o


que permite maior flexibilidade de aplicação.

14.8 - CÁLCULOS PARA CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA

14.8.1 - MÉTODOS UTILIZADOS

a) MÉTODO ANALÍTICO

Qc = P x (tg i - tg f)

b) MÉTODO TABULAR

Qc = P x tg

14.9 - CAPACITORES DE POTÊNCIA E SUA LOCALIZAÇÃO NAS INSTALAÇÕES

14.9.1 - CAPACITOR

Dispositivo elétrico utilizado para introduzir capacitância num circuito. Os


capacitores podem ser monofásicos ou trifásicos, para baixa ou alta tensões. Podem ser
instalados em bancos fixos ou automáticos:

• BANCOS FIXOS

A potência reativa injetada permanece fixa, independente da solicitação


da carga ou do sistema.

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• BANCOS AUTOMÁTICOS

A potência reativa injetada é controlada automaticamente por um


controlador de potência reativa que comuta a entrada ou saída dos bancos de capacitores, de
acordo com o valor de fator de potência desejado e previamente ajustado.

14.9.2 - VANTAGENS DOS CAPACITORES

a) Baixas perdas;
b) Manutenção simples (não tem partes móveis);
c) Instalação simples;
d) Peso reduzido;
e) Custo baixo.

14.9.3 - PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS ELÉTRICAS DOS CAPACITORES

14.9.3.1 - POTÊNCIA NOMINAL

Os capacitores são designados por sua potência nominal reativa (kvar). Para
tensão nominal até 660 V, temos:

• Unidades monofásicas: até 30 kvar;


• Unidades trifásicas: até 50 kvar.

14.9.3.2 - TENSÃO NOMINAL

Os capacitores são fabricados para a tensão nominal do sistema, sendo:

• Tensão entre fases (tensão de linha) para unidades trifásicas;


• Tensão entre fase e neutro (tensão de fase) para unidades monofásicas.

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14.9.3.3 - FREQUÊNCIA NOMINAL

Os capacitores devem operar a frequência de 60 Hz.

14.9.4 - PARTES COMPONENTES

14.9.4.1 - CAIXA

• Invólucro da parte ativa do capacitor;


• Confeccionada em chapa de aço ou plástico.

14.9.4.2 - ARMADURA

• Constituída de folhas de alumínio enroladas com o dielétrico.

14.9.4.3 - DIELÉTRICO

• Formado por uma fina camada de filme de polipropileno metalizado, associada,


muitas vezes, a uma camada de papel dielétrico (papel kraft).

14.9.4.4 - RESISTOR DE DESCARGA

• Tem por finalidade reduzir a tensão nos terminais do capacitor ao valor de 5 V


num tempo máximo de:
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• 1 minuto para capacitores com tensão nominal de até 660 V;
• 5 minutos para capacitores com tensão nominal acima de 660 V.

• Pode ser instalado interna ou externamente à unidade.

14.9.5 - LOCALIZAÇÃO DOS CAPACITORES

a) NA ENTRADA DE ENERGIA EM ALTA TENSÃO (C1)

• Não permite liberação de carga pelo transformador;


• Custo elevado;
• Exige dispositivos de comando e proteção dos capacitores em tensão primária;
• Adotada em indústrias com grande consumo de energia elétrica e com várias subestações.

b) NO BARRAMENTO GERAL DE BAIXA TENSÃO (COMPENSAÇÃO CENTRAL) (C2)

• Indicada em instalações com grande quantidade de cargas de potências distintas e com


diferentes períodos de funcionamento;
• Mais utilizada na prática;
• Tem menores custos;
• Libera potência do transformador;
• Pode-se instalar os capacitores no interior da subestação.

c) NUM QUADRO DE DISTRIBUIÇÃO DIVISIONÁRIO (C3)

• Utilizada para cargas comandadas por um interruptor comum;

d) JUNTO A CARGAS INDUTIVAS (COMPENSAÇÃO INDIVIDUAL) (C4)

• Típica para motores de indução, transformadores ou outras cargas que trabalhem em regime
contínuo;
• Os capacitores são ligados em paralelo diretamente aos terminais das cargas;
• Quando instalados junto a motores de indução, a potência do capacitor (em kvar) deve ser
aproximadamente a potência aparente (kVA) do motor trabalhando a vazio;
• Alivia todo o sistema elétrico, pois a corrente reativa fornecida pelo capacitor não circula pelo
transformador, barramentos, alimentadores etc.

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72
14.10 - PRESCRIÇÕES PARA INSTALAÇÃO DE CAPACITORES

a) Quando um capacitor for instalado junto a um motor elétrico, o dispositivo de comando do


motor deve também ligar e desligar o capacitor:

b) Os condutores de ligação do capacitor deverão ter capacidade para, no mínimo, 135 % da


corrente nominal do capacitor.

c) Os capacitores devem ter suas carcaças ligadas a terra.

d) Os capacitores devem ser instalados em local com boa ventilação e com espaçamento
adequado entre as unidades.

e) Após desligar o capacitor deve-se esperar cerca de 5 minutos, no mínimo, para fazer o
religamento ou tocá-lo.

f) Evitar energizar, simultaneamente, dois ou mais bancos de capacitores, a fim de evitar


possíveis sobretensões.

g) A capacidade nominal mínima do dispositivo de proteção do banco de capacitores (quando


este não estiver ligado junto a uma carga), deve obedecer a tabela abaixo:

DISPOSITIVO % DA IN DO CAPACITOR
DISJUNTOR 135
CONTATOR 135
CHAVE COM OU SEM FUSÍVEL 165

14.11 - NORMALIZAÇÃO DA ABNT

• NBR 5282:1998 – Capacitores de potência em derivação para sistema de tensão


nominal acima de 1 000 V.

• NBR IEC 60831:2009 – Capacitores de potência autorregenerativos para sistemas CA, com
tensão máxima de 1 000 V.

Pesquisar outras normas em www.abntcatalogo.com.br.

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73
CAPÍTULO XV

15 - CONSERVAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA NA INDÚSTRIA

15.1 - INTRODUÇÃO

Conservar energia elétrica significa utilizar o mínimo de energia elétrica para


atender a realização de todas as atividades inerentes ao local. Envolve os seguintes
procedimentos:

• Escolha dos processos a serem utilizados para a realização das atividades, por exemplo:
iluminação, transporte vertical, refrigeração, produção de vapor, bombeamento de água
etc;
• Dimensionamento de transformadores, motores, aparelhos de iluminação etc;
• Dimensionamento de cabos, condutos, barras etc;
• Execução cuidadosa da instalação;
• Regime de funcionamento dos diversos equipamentos;
• Manutenção da instalação.

15.2 - MEDIDAS DE CONSERVAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

Abordaremos a seguir as medidas que deverão ser adotadas visando a


conservação da energia elétrica nos seus principais usos numa indústria.

15.2.1 - MOTORES ELÉTRICOS

• Os motores devem funcionar entre 60 e 90% de sua potência nominal;


• Quando necessário, utilizar motores de 2 ou 3 velocidades;
• Utilizar motores de alto rendimento;
• Desligar os motores das máquinas que não estiverem operando;
• Verificar se o motor é adequado às condições do ambiente (temperatura, atmosfera
explosiva etc);
• Verificar se os dispositivos de partida são adequados etc.

15.2.2 - ILUMINAÇÃO

• Usar lâmpadas adequadas para cada ambiente;


• Aproveitar ao máximo a iluminação natural;
• Pintar tetos e paredes com cores claras;
• Limpar periodicamente as luminárias;
• Quando possível, instalar temporizadores para iluminação externa, letreiros e luminosos;
• Dividir a instalação em vários circuitos, visando sua utilização parcial etc.

15.2.3 - BOMBEAMENTO DE ÁGUA

• Dimensionar o motor elétrico de acordo com a bomba;


• Escolher uma bomba de alto rendimento;
• Verificar a existência de vazamentos;
• Limpar os filtros;
• Evitar vibrações excessivas e corrosão nas pás do rotor;
• Dimensionar a tubulação adequadamente;
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74
• Dividir o bombeamento em duas ou mais bombas etc.

15.2.4 - CONDICIONADORES DE AR

• Regular o termostato para uma temperatura ambiente de forma a atender as condições de


conforto;
• Limpar periodicamente os filtros, trocando-os quando necessário;
• Verificar as correias dos ventiladores;
• Utilizar, preferencialmente, lâmpadas fluorescentes em ambientes climatizados;
• Desligar os aparelhos elétricos situados em ambientes climatizados, quando não estiverem
em uso;
• Manter fechadas as portas e janelas dos ambientes climatizados;
• Não obstruir as grelhas de insuflamento e de retorno de ar existentes etc.

15.3 - PROGRAMA INTERNO DE CONSERVAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

Para que todos os funcionários da empresa participem das ações que visam a
economia de energia elétrica é necessário a implantação de um programa interno de
conservação de energia. Os vários setores da empresa devem participar da elaboração desse
programa.
O programa interno de conservação visa otimizar a utilização de energia
através de orientações, direcionamento, ações e controles sobre os recursos econômicos,
materiais e humanos da empresa.
O programa deve ser coordenado por uma Comissão Interna de Conservação
de Energia (CICE). Esta comissão deverá propor, implementar e acompanhar as medidas
efetivas de conservação de energia, bem como controlar e divulgar as informações mais
relevantes.

15.4 - COMISSÃO INTERNA DE CONSERVAÇÃO DE ENERGIA (CICE)

A CICE tem como atribuições: o diagnóstico energético da empresa, a análise


do custo da energia, a proposição de medidas de conservação de energia e a conscientização
e motivação dos empregados.

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CAPÍTULO XVI

16 - NORMAS TÉCNICAS

16.1 - INTRODUÇÃO

A seguir são apresentadas algumas normas da Associação Brasileira de


Normas Técnicas (ABNT) relacionadas às instalações elétricas:

• NBR 14039:2021 - Instalações Elétricas de Média Tensão de 1,0 kV a 36,2 kV.

• NBR 5282:1998 - Capacitores de potência em derivação para sistema de tensão


nominal acima de 1 000 V.

• NBR 5410:2004 Versão Corrigida:2008 - Instalações Elétricas de Baixa Tensão.

• NBR 5419:2015 - Proteção contra Descargas Atmosféricas.

• NBR 5456:2010 - Eletricidade Geral - Terminologia.

• NBR 5460:1992 - Sistemas Elétricos de Potência.

• NBR 5471:1986 - Condutores Elétricos.

16.2 - ENTIDADE INTERNACIONAL DA ÁREA DE ELETRICIDADE

• IEC (International Electrotechnical Commission).

16.3 - PRINCIPAIS ENTIDADES ESTRANGEIRAS DA ÁREA DE ELETRICIDADE

• IEEE (Institute of Electrical and Electronic Engineers).

• NFPA (National Fire Protection Association).

• NEC - National Electrical Code.

• ANSI (American National Standard Institute).

• ASTM (American Society for Testing Materials).

• BS (British Standards Institution).

• CSA (Canadian Standards Association).

• DIN (Deutsches Institut für Normung).

• IEE (Institution of Electrical Engineers).

• ISO (International Standard Organization).

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76
• NEMA (National Electrical Manufactures Association).

• VDE (Verband Deustcher Elektrotechniker).

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77
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

• BOSSI, Antônio & SESTO, Ezio. Instalações Elétricas. Hemus Editora.

• CAMINHA, A. C. Introdução à Proteção dos Sistemas Elétricos. Edgar Blucher.

• FYODOROV, A. Industrial Power Supply. Higher School Publishing.

• GIGUER, Sérgio. Proteção de Sistemas de Distribuição. Sagra.

• KNOWLTON, Archer E. et alli. Standard Handbook for Electrical Engineers. McGraw-Hill /


Kogakusha.

• MAMEDE FILHO, João. Instalações Elétricas Industriais. LTC.

• MAMEDE FILHO, João. Manual de Equipamentos Elétricos. 2 v. LTC.

• MEDEIROS FILHO, Solon de. Medição de Energia Elétrica. Guanabara.

• MENEZES, Amaury A. Subestações e pátio de manobras de usinas elétricas. Rio de


Janeiro: Conquista, 1976. 2 v.

• SEIP, Gunter G. Instalações Elétricas. Nobel / Siemens.

• TITARENKO, M. & NOSKOV-DUKELSKY, I. Protective Relaying in Electric Power


Systems. Foreign Languages Publishing House.

• Normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

• Manuais e catálogos de materiais e equipamentos elétricos de diversos fabricantes.

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