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Instituto Superior de Ciências e Tecnologia de Moçambique

Curso de Engenharia Geológica e de Minas

Trabalho de final de curso para obtenção do Grau de Licenciatura em Engenharia


Geológica e de Minas

Avaliação da Resistência e Permeabilidade do Estéril e Rejeito da Mineração do Ouro


para Aplicação em Sistema de Co-disposição na Mina África Minerais, Lda.

Autora: Diana Yosse Moisés Mazuze

Código de estudante: 2015478

Maputo, Dezembro de 2019

I
Instituto Superior de Ciências e Tecnologia de Moçambique

Curso de Engenharia Geológica e de Minas

Trabalho de Final do Curso Para Obtenção do Grau de Licenciatura em Engenharia


Geológica e de Minas

Avaliação da Resistência e Permeabilidade do Estéril e Rejeito da Mineração do Ouro


para Aplicação em Sistema de Co-disposição na Mina África Minerais, Lda.

Autora: Diana Yosse Moisés Mazuze

Código de estudante: 2015478

Supervisor: dr. João Machavate

Maputo, Dezembro de 2019


II
Declaração do Supervisor

Eu, João Machavate, docente do Instituto Superior de Ciências de Tecnologia de


Moçambique, declaro que supervisionei o trabalho final do curso de Engenharia Geológica e
de Minas da estudante Diana Yosse Moisés Mazuze, com código de estudante 2015478 e
declaro também que é a primeira vez que este trabalho é entregue para obtenção de um grau
académico numa instituição educacional.

O supervisor

________________________________
(dr João Machavate)

II
Declaração de honra

Eu, Diana Yosse Moisés Mazuze, declaro por minha honra que esta monografia científica é o
resultado da minha investigação pessoal e das orientações do meu supervisor, e que o seu
conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente mencionadas no texto e
na bibliografia final.

Declaro ainda que este trabalho não foi feito nem apresentado em nenhuma outra instituição
para obtenção de qualquer grau académico.

A Candidata

____________________________________

(Diana Yosse Moisés Mazuze)

III
Aprovação do Júri

Este trabalho foi examinado no dia ____ de ________________ de _______ por nós,
membros do júri examinador do Instituto Superior de Ciências e Tecnologia de Moçambique.

O presidente da mesa de júri

_______________________________________

O arguente

_______________________________________

O supervisor

_______________________________________

IV
Dedicatória

Dedico este trabalho a minha família, em


especial aos meus pais Moisés Mazuze e Calisa
Navaia.

V
Agradecimentos

Agradeço a Deus, por me conceder o dom da vida e proporcionar oportunidade, força e


conhecimentos necessários para a realização da minha formação académica.

Aos meus pais Moisés Mazuze e Calisa Navaia, aos meus irmãos Wadner Mazuze e Ilka
Mazuze, pelo apoio incondicional, prestação de assistência material e psicológica, e
incentivarem directa e indirectamente para a concretização dos meus objectivos, vai
endereçado o meu muito obrigado.

Agradeço especialmente ao meu supervisor, Dr. João Machavate, pela disponibilidade,


orientação, compreensão, paciência e apoio moral, pois sem o seu auxílio não teria sido
possível materializar o presente trabalho.

À minha prima Waynoma de Fátima e ao meu tio Arlindo Navaia, pela ajuda prestada no
âmbito da elaboração de minha monografia.

Agradeço profundamente aos meus amigos em especial Elton Melice, Gilda Muchanga e
Joaquim Novela, que sempre me acompanharam e suportaram nos momentos altos e baixos
não só da minha vida académica como no que confere aos restantes âmbitos da minha vida.

Aos meus colegas de turma, que comigo caminharam durante a fase da licenciatura, apoiaram
e repreenderam sempre que necessário. Agradeço especialmente as minhas colegas Adriana,
Cláudia, Dália, Neya, Nicole Anselmo e Nicole Lorde, que para além de colegas são grandes
amigas, companheiras e incentivaram-me bastante durante a elaboração da monografia.

Endereço os meus prezados agradecimentos aos Engenheiros, Técnicos e Funcionários da


Direcção Provincial dos Recursos Minerais e Energia de Manica (DIPREMEM), da mina
África Minerais, Lda., e do Laboratório de Engenharia de Moçambique (LEM) que
contribuíram para que alcançasse os objectivos da pesquisa.

Por fim, agradeço ao Instituto Superior de Ciências e Tecnologia de Moçambique (ISCTEM)


e seus colaboradores, em especial a todos aos docentes do curso de Engenharia Geológica e
de Minas pelo grande contributo no processo da minha formação.

A todos, o meu MUITO OBRIGADA.

VI
Lista de siglas e abreviaturas

ASTM – American Society for Testing and Materials

BIF- Banded Iron Formation

C- Concessão Mineira

DAM – Drenagem Ácida das Minas

DIPREMEM - Direcção Provincial dos Recursos Minerais e Energia de Manica

DNGM- Direcção Nacional de Geologia e Minas

IBRAM- Instituto Brasileiro de Minas

ISCTEM - Instituto Superior de Ciências e Tecnologia de Moçambique

LEM – Laboratório de Engenharia de Moçambique

LNEC- Laboratório Nacional de Engenharia Civil

NP- Norma Portuguesa

SUCS – Sistema Unificado de Classificação de Solos

VII
Lista de unidades de medição
Grandeza Símbolo Unidade
Ângulo de atrito Φ º
Coeficiente de compressibilidade av cm2/s
Coeficiente de compressibilidade volumétrica mv cm2/s
Coeficiente de permeabilidade K cm/s
Coesão C Kgf/cm2
Densidade δ g/cm3

Força F Kgf
Índice de vazio E 1
Índices de plasticidade Ip 1
Massa específica Ρ Kg/m3
Peso específico γ kN/m3
Pressão P kPa

Tensão normal σ Kgf/cm2


Tensão tangencial Τ Kgf/cm2

VIII
Resumo
O presente trabalho de pesquisa aborda os pressupostos da metodologia alternativa de co-
disposição dos resíduos sólidos gerados na mina África Minerais, Lda., com o principal
objectivo de avaliar os parâmetros de resistência e permeabilidade do estéril e do rejeito de
ouro para a aplicação desse sistema. As técnicas convencionais de disposição de resíduos
sólidos da actividade mineira, na maioria dos casos, representam um risco para o meio
ambiente, daí surge a necessidade de estudos de técnicas alternativas tendo em conta as
características dos materiais, como é o caso da co-disposição. Para a elaboração da presente
pesquisa, optou-se pela pesquisa descritivo-explicativa, exploratória e experimental. Para a
recolha de dados, utilizou-se a observação directa dos processos de produção de ouro, geração
de resíduos sólidos provenientes das etapas de lavra e beneficiamento mineral e as técnicas de
disposição dos mesmos na mina, para além da pesquisa laboratorial onde fez-se a
caracterização e determinação dos parâmetros de resistência e permeabilidade das amostras de
estéril e de rejeito da mineração de ouro, com vista a identificar as suas características físico-
mecânicas que permitam a aplicação em sistema de co-disposição. Concluiu-se que o rejeito
gerado na mina apresenta características de uma areia siltosa sem plasticidade, com baixa
coesão e um ângulo de atrito interno igual a 30.4º, comportando-se como areia fofa. Estas
características fazem com que as partículas de rejeito não adiram umas às outras devido a falta
de consistência, factor este que inviabiliza a mistura do rejeito e o estéril em sistema de co-
disposição, nas suas condições naturais, pois este primeiro não possui nenhuma propriedade
ligante.

Palavras-chave: Resistência; Permeabilidade; Co-disposição; Estéril e Rejeito.

IX
Abstract

The present research approaches the alternative methodology assumptions of co-disposal of


solid waste generated in African mine Minerals Ltd., With the main purpose of evaluating the
parameters of resistance and permeability sterile and tailings gold for the application of
system. The conventional disposal techniques of solid mining waste, in most cases, pose a
risk to the environment, there arises the need to study alternative techniques taking into
account the characteristics of materials, such as co-disposition . For the preparation of this
research, Was chosen for descriptive and explanatory, exploratory and experimental. For data
collection, we used the direct observation of gold production processes, generation of solid
waste from the mining phases and mineral processing and disposal techniques thereof in the
company, in addition to the laboratory research which it was made characterization and
determination of parameters of resistance and permeability of the samples sterile and gold
mining tailings, in order to identify their physical-mechanical characteristics allow the
application of co-disposal system. It was concluded that the waste generated in the mine has
characteristics of a silty sand with no plasticity, with low cohesion and angle of internal
friction equal to 30.4º, behaving like loose sand. These characteristics make the particles of
waste do not adhere to each other due to the lack of consistency, a factor which prevents the
mixing of the waste and sterile in co-disposal system, in its natural condition, for this first has
no ownership linker.

Keywords: resistance; Permeability; Co-array; Tailings and waste.

X
Índice

Declaração do Supervisor .................................................................................................................... II

Declaração de honra............................................................................................................................ III

Aprovação do Júri ............................................................................................................................... IV

Dedicatória ............................................................................................................................................ V

Agradecimentos ................................................................................................................................... VI

Lista de unidades de medição .......................................................................................................... VIII

Resumo ................................................................................................................................................. IX

Abstract ................................................................................................................................................. X

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 1

1.1. Contextualização .......................................................................................................................... 1

1.2. Relevância .................................................................................................................................... 2

1.3. Problematização e pergunta de pesquisa ...................................................................................... 3

1.4. Hipóteses ...................................................................................................................................... 3

1.5. Objectivos..................................................................................................................................... 4

1.5.1. Geral ...................................................................................................................................... 4

1.5.2. Específicos............................................................................................................................. 4

1.6.Descrição da Área de Estudo......................................................................................................... 4

1.6.1. Localização, superfície e população ...................................................................................... 4

1.6.2. Clima e Hidrografia ............................................................................................................... 5

1.6.3. Relevo.................................................................................................................................... 5

1.6.4. Enquadramento Geológico .................................................................................................... 5

1.6.4.1. Geologia regional ............................................................................................................... 5

1.6.4.2. Geologia local..................................................................................................................... 8

CAPÍTULO II – REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................... 9

2.1. Resíduos sólidos da actividade mineira........................................................................................ 9

2.2. Disposição de estéril e rejeito da actividade mineira ................................................................. 10

2.3. Co-disposição ............................................................................................................................. 12


XI
2.3.1. Tipos de co-disposição ........................................................................................................ 14

2.3.2. Parâmetros geotécnicos avaliados para a aplicação da co-disposição ................................. 17

CAPÍTULO III - MATERIAIS E MÉTODO ................................................................................... 20

3.1. Materiais ..................................................................................................................................... 20

3.2. Metodologia ............................................................................................................................... 21

3.2.1. Pesquisa Bibliográfica ......................................................................................................... 22

3.2.2. Trabalho de campo .............................................................................................................. 23

3.2.2.1. Observação e descrição das fases de lavra e processamento do ouro............................... 23

3.2.2.2. Colecta de amostragem..................................................................................................... 23

3.2.3. Trabalho Laboratorial .......................................................................................................... 25

3.2.3.1. Métodos laboratoriais utilizados para a caracterização de rejeito do ouro ....................... 26

3.2.3.2. Métodos laboratoriais utilizados para a caracterização caracterização do estéril ............. 29

3.2.3.3. Composição e Identificação da Mistura Estéril-Rejeito ................................................... 31

3.3. Elaboração do relatório de pesquisa ........................................................................................... 32

3.4. Limitações e Constrangimentos ................................................................................................. 32

CAPÍTULO IV- PROCESSAMENTO, ANÁLISE DE DADOS E INTERPRETAÇÃO DE


RESULTADOS .................................................................................................................................... 33

4.1. Processamento e análise de dados do trabalho de campo ........................................................... 33

4.1.1. Etapa de lavra e beneficiamento do ouro ............................................................................ 33

4.1.2. Disposição de estéril e de rejeito na mina ........................................................................... 37

4.2. Processamento e análise de dados do trabalho laboratorial ........................................................ 39

4.2.1. Caracterização do rejeito de ouro ........................................................................................ 39

4.2.2. Caracterização do estéril de ouro ........................................................................................ 42

4.3. Interpretação dos resultados do trabalho laboratorial ................................................................. 44

4.3.1. Caracterização de Rejeito .................................................................................................... 44

4.3.2. Caracterização de estéril ...................................................................................................... 46

4.4. Síntese da avaliação dos parâmetros de resistência e permeabilidade do rejeito e estéril da


mineração de ouro na mina África Minerais Lda. ............................................................................. 46

XII
CAPÍTULO V- CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .............................................................. 47

5.1. Conclusão ................................................................................................................................... 47

5.2. Recomendações .......................................................................................................................... 48

Referências Bibliográficas .................................................................................................................. 49

XIII
Lista de Figuras

Figura 1: Mapa de Localização Geográfica do Distrito da Manica (Cortesia de Veloso Paz, 2019) ...... 4

Figura 2: Mapa da Geologia Regional (Adaptado de GTK_Consortium, 2006)..................................... 7

Figura 3: Mapa da Geologia Local (Adaptado de GTK_Consortium ,2006) .......................................... 8

Figura 4: Células de rejeitos em depósitos de estéril (Leduc, et al, 2003) ............................................ 14

Figura 5: Co-diposição em camadas alternadas de estéreis e rejeitos (Leduc, et al, 2003) ................... 15

Figura 6: Injecções de rejeito em furos verticais ou inclinados em depósitos de estéril (Leduc, et al,
2003)...................................................................................................................................................... 16

Figura 7: Fluxograma da pesquisa científica (Fonte: Autora, 2019) ..................................................... 22

Figura 8: Mapa de amostragem (Fonte: Adaptado de Google Earth Pro, 2019) ................................... 24

Figura 9: Ilustração de processos de análise de granulométrica conjunta (Foto: Autora, 2019) ........... 27

Figura 10: Ilustração dos procedimentos de realização do ensaio edométrico (Foto: Autora, 2019).... 28

Figura 11: Ilustração do ensaio de corte directo. (Foto: Autora, 2019) ................................................. 29

Figura 12: Ilustração dos procedimentos de determinação de massas volúmicas e absorção das
amostras de estéril. (Foto: Autora, 2019) .............................................................................................. 31

Figura 13: Máquina de moagem da primeira da unidade de processamento ......................................... 34

Figura 14: Circuito de cominuição da primeira unidade de processamento na Empresa África Minerais,
Lda......................................................................................................................................................... 35

Figura 15: Circuito de concentração de ouro da segunda unidade de processamento........................... 36

Figura 16: Técnicas de disposição de estéril na Empresa África Minerais, Lda. .................................. 38

Figura 17: Barragem de rejeito da mina África Minerais, Lda. ............................................................ 38

Lista de fluxogramas
Fluxograma 1: Fluxograma básico do processo de exploração mineral (Autora) ................................. 10

Fluxograma 2: Fluxograma básico do processamento do ouro na primeira unidade ............................ 35

Fluxograma 3: Fluxograma básico do processamento do ouro na segunda unidade ............................. 37

Lista de gráficos
Gráfico 1: Curva granulométrica da amostra MNC-P1R ...................................................................... 40

Gráfico 2: Curva granulométrica da amostra MNC P2R ...................................................................... 40


XIV
Gráfico 3: Gráfico de ensaio de corte .................................................................................................... 42

Gráfico 4: Curva granulométrica da amostra MNC – P1E.................................................................... 43

Gráfico 5: Curva granulométrica da amostra MNC - P2E .................................................................... 43

Lista de tabelas
Tabela 1: Relação em peso da mistura estéril-rejeito no sistema de co-disposição. (Adaptado de Leduc
e Smith, 2003) ....................................................................................................................................... 19

Tabela 2: Materiais usados no trabalho laboratório (Fonte: Autora, 2019) ........................................... 20

Tabela 3: Coordenadas dos pontos de amostragem (Autora, 2019) ...................................................... 24

Tabela 4: Tabela de ensaios realizados nas amostras de rejeito e estéril (Autora, 2019) ...................... 26

Tabela 5: fracções granulométrica da amostra de rejeito ...................................................................... 39

Tabela 6: Índices físicos naturais das amostras de rejeito ..................................................................... 39

Tabela 7: Resultados de ensaio edométrico........................................................................................... 41

Tabela 8: Resultados de ensaios de corte .............................................................................................. 41

Tabela 9: Análise granulométrica das amostras de estéril ..................................................................... 42

Tabela 10: Resultados da determinação de massas volúmicas e absorção das amostras de estéril ....... 43

Tabela 11: Fracções granulométricas das amostras de rejeito ............................................................... 44

Tabela 12: Valores típicos de coeficiente de permeabilidade nos solos (Fonte: ABNT, NBR 16416
(2015) .................................................................................................................................................... 45

Tabela 13: Valores típicos de coesão e ângulo de atrito nos solos (Fonte: Marangon, 2018)............... 45

Tabela 14: Tabela da avaliação dos parâmetros de resistência e permeabilidade do estéril da mineração
de ouro ................................................................................................................................................... 46

Tabela 15: Tabela da avaliação dos parâmetros de resistência e permeabilidade do estéril da mineração
de ouro ................................................................................................................................................... 46

XV
Lista de anexos
Anexo 1: Ficha de observação............................................................................................................. XVII

Anexo 2: Coordenadas de localização da área da concessão mineira da mina África Minerais, Lda. XVII

Anexo 3: Ficha de ensaio de análise granulométrica conjunta – Amostra MNC – P1R .................. XVIII

Anexo 4: Ficha de ensaio de análise granulométrica conjunta – Amostra MNC – P2R ...................... XIX

Anexo 5: Sistema Unificado de classificação de solos.......................................................................... XX

Anexo 6: Ficha de ensaio Edométrico .................................................................................................. XXI

Anexo 7: Ficha de ensaio de peneiração – Amostra MNC – P1E ...................................................... XXII

Anexo 8: Ficha de ensaio de peneiração – Amostra MNC – P2E ..................................................... XXIII

Anexo 9: Ficha de ensaio de determinação do peso específico e absorção de água - Amostra MNC-
P1E ..................................................................................................................................................... XXIV

Anexo 10: Ficha de ensaio de determinação do peso específico e absorção de água - amostra MNC-
P2E ...................................................................................................................................................... XXV

Lista de Apêndices

Apêndice 1: Carta de Estágio Profissional ....................................................................................... XXVIII

Apêndice 2: Credencial de transporte de amostras............................................................................. XXIX

XVI
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO
Neste capítulo, são apresentados todos aspectos introdutórios sobre o tema em abordagem,
sendo que o qual compreende a contextualização sobre o tema em pesquisa, problema de
pesquisa, justificativa da escolha do tema, objectivos da pesquisa, hipóteses e descrição da
área de estudo.

1.1. Contextualização
O presente trabalho, enquadra-se no âmbito da elaboração da monografia final do curso para a
obtenção do grau de licenciatura em Engenharia Geológica e de Minas. Deste modo, realizou-
se uma avaliação dos parâmetros de resistência e permeabilidade do estéril e rejeito de ouro
para aplicação em sistema de co-disposição na área de estudo, destacando-se os pontos que
realçam a sua relevância em torno da sua aplicabilidade.

A actividade mineira é uma das principais fontes de desenvolvimento económico de


Moçambique, devido a vasta gama de recursos existentes já em exploração ou ainda em fase
de pesquisa, o que coloca-o na categoria de um dos países africanos com mais recursos
minerais.
Para além dos grandes benefícios que esta indústria traz, não só para o aumento da economia
do país, mais também pela necessidade de consumo da matéria-prima que dela obtém-se, a
actividade mineira é geradora de uma grande quantidade de resíduos sólidos que nem sempre
é possível a aplicação de novas tecnologias para a sua reutilização e ou recuperação, havendo
assim uma necessidade de aplicar técnicas para contenção desses resíduos.
Para Peixoto (2012), de modo a armazenar os resíduos da mineração de forma
ambientalmente favorável, são construídas estruturas geotécnicas convencionais como pilhas
de estéril e barragens de rejeito, também denominadas bacias de lama, cujas principais
funções estão ligadas à salvaguarda ambiental.
Por outro lado, as estruturas de contenção de resíduos da mineração constituem um factor de
risco devido a instabilidade das mesmas e do material que as compreende, o que gera
necessidade de se buscar novas alternativas para minimizar os impactos gerados pelos
resíduos da mineração (Alves, 2009).
O Distrito de Manica, localizado na província de Manica, possui características geológicas
que lhe conferem uma riqueza em recursos minerais, dentre eles o ouro, sendo este, explorado
pela Empresa África Minerais, Lda. entre várias outras. Esta empresa, que actua sobre o

1
Titulo de Concessão Mineira (C), com uma produção anual estimada em 28100g de ouro, gera
durante as fases de lavra e de processamento quantidades significativas de estéril e de rejeito
respectivamente, sendo estes dispostos de forma separada em áreas livres de mineração que
compreendem estruturas geotécnicas, nomeadamente: bacias de lama e pilhas de estéril.
Com o decorrer do tempo e aumento da produção, há tendências de aumento na geração de
resíduos e consequente necessidade de ocupação de novas áreas de disposição, áreas essas que
além de afectar a paisagem, apresentam potencial risco ambiental, como é o caso da
contaminação de afluentes pela Drenagem Ácida das Minas (DAM) e da instabilidade das
estruturas de contenção de resíduos da mineração que culmina com infiltração e rompimento
das estruturas (Silva, 2014).
Desde modo, o presente trabalho de pesquisa aborda os pressupostos da metodologia
alternativa de co-disposição dos resíduos sólidos gerados na mina África Minerais, Lda., com
ênfase na avaliação dos parâmetros de resistência e permeabilidade do estéril e do rejeito de
ouro, sendo esta uma alternativa para redução de ocupação de áreas distintas de disposição
destes resíduos sólidos e para a redução de riscos ambientais.
1.2. Relevância
A escolha do tema do presente trabalho parte do pressuposto de que qualquer actividade
mineira contribui de forma significativa para a degradação do meio ambiente por isso deve se
buscar mecanismos para prevenir possíveis danos e torna-la sustentável.
As estruturas convencionais de disposição de resíduos sólidos da actividade mineira, na
maioria dos casos, apresentam instabilidade, factor esse que condiciona, por exemplo, o
rompimento causado pelas propriedades físico-mecânicas que cria condições de liquefacção e
consequente zonas de fraqueza, assim como a DAM no caso de pilhas e barragens associadas
a sulfetos, como é o caso da mina em estudo.
É neste contexto que surge a necessidade de se aplicar novas técnicas de disposição de rejeito
e estéril que, para além de garantir segurança, reduzem o espaço ocupado pelas técnicas
convencionais de disposição de resíduos da actividade mineira, tornando estes possíveis de
alocar no mesmo espaço físico tendo em conta os seus parâmetros geotécnicos, sendo
oportuno trazer contribuições no âmbito académico e social.
No âmbito académico, esta pesquisa torna-se relevante por tratar de um assunto peculiar, uma
vez que fornecerá aos leitores, estudantes e interessados informações do âmbito bibliográfico
para outras investigações relacionadas com o tema até mesmo para granjear em alguma
discussão ou debate.

2
No âmbito social, o estudo contribui para o estímulo do uso da técnica da co-disposição que é
deveras pertinente, sob ponto de vista de gestão de resíduos sólidos da mineração na mina em
estudo e mineradoras em geral e no cumprimento de acções de preservação do meio ambiente,
tornando assim a actividade extractiva sustentável.

1.3. Problematização e pergunta de pesquisa


As estruturas de contenção de resíduos de mineração são de extrema importância para
preservar o ambiente dos impactos da actividade mineira, todavia estas estão sujeitas a
diversas solicitações, desde estáticas a dinâmicas que, dependendo das propriedades químicas,
físicas e mecânicas do material que compõe tais estruturas, podem responder negativamente,
colocando em risco a segurança do ambiente envolvido (Araujo, et al, 2006).
No caso da mina da Empresa África Minerais, Lda., localizada no Distrito de Manica,
concretamente no povoado de Chimedza, a disposição dos resíduos sólidos da mineração de
ouro é feita de forma separada, compreendendo duas estruturas, nomeadamente bacia de lama
e pilha de estéril, sendo que a primeira apresenta potencial risco de contaminação dos recursos
hídricos que banham a área acima referida, tal fenómeno que se pode observar pela actual
situação do rio Revuè e seus afluentes, sendo que a actividade mineira naquela região é
apontada como a principal causa.
A maior preocupação não está relacionada apenas com as consequências da instabilidade dos
materiais que compõem as estruturas de contenção de resíduos sólidos da mineração sobre o
ambiente e a sociedade, mas também com as medidas que a empresa pode tomar de forma a
minimizar tais impactos, com base nas características dos resíduos, sendo que levanta-se a
seguinte questão:

De que forma a avaliação do comportamento dos parâmetros de resistência e


permeabilidade do estéril e do rejeito da mineração de ouro permitem a aplicação do
sistema de co-disposição na mina África Minerais, Lda.?

1.4. Hipóteses
Hipótese: Se for feita a avaliação do comportamento dos parâmetros de resistência e
permeabilidade do estéril e do rejeito da mineração de ouro, então pode-se determinar a
aplicabilidade do sistema de co-disposição na mina África Minerais Lda..

3
1.5. Objectivos
1.5.1. Geral
Avaliar o comportamento da resistência e permeabilidade do estéril e do rejeito de ouro para a
aplicação em sistema de co-disposição na mina África Minerais, Lda..

1.5.2. Específicos
1. Caracterizar o estéril e o rejeito do ouro;
2. Determinar os parâmetros de resistência do rejeito através do ensaio de corte directo e de
permeabilidade através do ensaio odométrico;
3. Analisar a resistência e permeabilidade da mistura (estéril e rejeito), em diferentes
proporções.

1.6.Descrição da Área de Estudo


1.6.1. Localização, superfície e população
A área de estudo, em termos geográficos, encontra-se inserida na margem Centro-Oeste do
distrito de Manica sendo limitada a Norte pela República do Zimbabwe. O Distrito de
Manica, localizado na margem Centro-Oeste da Província de Manica, é limitado a Norte pelo
distrito de Bárue, a Sul pelo Distrito de Sussundenga, a Este pelo distrito de Gondola e a
Oeste, em toda a sua extensão pela República de Zimbabwe. A superfície do distrito é de
4.400 km2 e a sua população está estimada em 257 mil habitantes à data de 1/7/2012. Com
uma densidade populacional aproximada de 58,5hab/km2, prevê-se que o distrito em 2020
venha a atingir os 324 mil habitantes (MAE,2014).

Figura 1: Mapa de Localização Geográfica do Distrito da Manica (Cortesia de Veloso Paz, 2019)

4
De acordo com o Relatório do Plano de Actividade da Empresa África Minerais, Lda.
referente ao ano de 2019, a área da empresa, C 8566C, localiza-se no Distrito de Manica no
Posto Administrativo de Machipanda, povoado de Chimedza, com as coordenadas ilustradas
no anexo 2, tendo 377,82 hectares a cerca de 40km a Noroeste da Cidade de Manica e é
acessível através de terra batida.

1.6.2. Clima e Hidrografia


O clima do distrito de Manica, segundo a classificação climática de Köppen (Ferro e
Bouman, 1987), é do tipo temperado húmido. A região montanhosa de Manica regista valores
médios anuais na ordem dos 1000 e 1020mm de chuva observando-se claramente a existência
de duas estações bem distintas, a estação chuvosa e a seca com temperatura média anual de
21,2°C. A estação das chuvas tem início no mês de Novembro e seu término no mês de Abril
(MAE, 2014).

A região de Manica é drenada pelo rio Revuè e seus afluentes. Por sua vez, este drena as suas
águas no rio Búzi que é a bacia hidrográfica principal. A rede hidrográfica predominante na
região é do tipo detrítica, com numerosos riachos que nascem nas serras e atravessam em
direcções as zonas baixas sendo que a maior parte dos rios gerados pelas fontes naturais na
concessão são de regime permanente.

1.6.3. Relevo
O Cratão de Zimbabwe constituído por cadeias montanhosas marca a faixa fronteiriça com o
Zimbabwe. Esta formação compreende especialmente basaltos, riolitos e lavas alcalinas. A
maior parte dos afloramentos formam cristais e cadeias montanhosas.

Quanto aos solos, estes mostram uma estreita relação com a geologia e o clima e são
localmente modificados pela topografia e o regime hídrico. Em geral, são desenvolvidos sobre
materiais do Soco do Pré-câmbrico, rochas ácidas como granito e gnisse, sendo solos
argilosos vermelhos óxicos ou castanho avermelhado profundos com uma topografia
suavemente ondulada.

1.6.4. Enquadramento Geológico


1.6.4.1. Geologia regional
De acordo com Afonso (1998) citado por Osvaldo et al. (2011), o grupo de Manica
corresponde ao prolongamento na direcção E-W do Cratão do Zimbabwe no território de
Moçambicano e constitui um dos antigos núcleos estáveis da África Austral. A sua idade está
5
compreendida entre 3.8 Ga e 2.8, este grupo é constituído pelo cinturão de rochas verdes
(greenstones belt) de Odzi-Mutare do Zimbabwe que se estende na direcção E-W e que está
truncado e a E pelo cinturão Pan-Africano Mozambique Belt, que contem granitoides (GTK,
consortium, 2006 citado por Osvaldo et al, 2011).

Lito-estratigraficamente, o grupo de Manica compreende, da mais antiga para a mais recente,


a Formação de Macequece e a Formação de Mbeza-Vengo respectivamente.

Localizada no flanco sul da base sinclinal de Manica, mais precisamente a norte da Serra
Isitaca, a formação de Macequece é a mais antiga unidade do grupo de Manica e é composta
essencialmente por um pacote de rochas vulcânicas máfica-ultramáficas e sedimentares
metamorfizadas (Sumburane, 2011).

Sumburane (2011), descreve que as formações do Vengo ocorrem principalmente em três


áreas, sendo a mais extensa, um cinturão sinforme com largura de 1 a 1.5 km e com direcção
E – W, começando a partir da Serra Vengo e seguindo em direcção a leste por cerca de 20 km.
As principais litologias nesta área são os filitos grafitosos e finas camadas de quartzitos
intercalados com mármore, BIF e quartzitos líticos ferruginosos na parte leste do cinturão. A
segunda área de ocorrência situa-se a aproximadamente 5 km a SW da Serra Vengo, entre os
rios Revué e Chua, onde se encontram as mesmas litologias que no caso anterior. A terceira
ocorrência situa-se no vale de Penhalonga, ao longo do sopé do norte da Serra Isitaca. Esta
unidade é a continuação da Série M′Beza do Zimbabwe e contém litologias diferentes das da
faixa da Serra Vengo, reconhecendo-se apenas o metagrauvaca. Faltam nesta área os filitos,
que presume-se que a causa seja a mudança de fácies em direcção às partes mais profundas da
bacia deposicional dentro da Formação do Vengo do sul para o norte.

Estas formações são envolvidas por rochas granitoides e a mineralizações de Ouro está ligada
a associação granito-green stone. Devido a estas características geológicas, o distrito de
Manica é rico em recursos minerais, ocupando uma posição de destaque em relação aos outros
distritos da província. Um terço do território do distrito dispõe de ferro, titânio, ouro, cobre,
níquel, asbesto, bauxite, diatomite, ciassite, urite, monte- morilinite, mica e caulinita,
encontrando-se a maior parte destes minerais em Mavonde e Machipanda.

6
Figura 2: Mapa da Geologia Regional (Adaptado de GTK_Consortium, 2006)

7
1.6.4.2. Geologia local

Localmente, a área de estudo está inserida nas unidades litológicas que enquadram-se no
Complexo de Mavonde e Grupo de Manica. No que tange ao Complexo de Mavonde, este
compreende rochas metamórficas do tipo granito foliado (A3Vpg), por vezes porfírico. A área
compreende também as unidades litologicas das formações de Vengo e Macequece, onde são
encontradas rochas do tipo metabasalto e xistos máfico (A3MMba), xisto quartzo sericítico
(A3MMqss) e xisto talco clorítico (A3MMtc), como ilustra a figura 2.

8
Figura 3: Mapa da Geologia Local (Adaptado de GTK_Consortium ,2006)

8
CAPÍTULO II – REVISÃO DA LITERATURA
Neste capítulo são apresentados conceitos de vários autores sobre os termos que sustentam a
pesquisa, nomeadamente, rejeito, estéril, co-disposição e os condicionantes geotécnicos para a
sua aplicação.

2.1. Resíduos sólidos da actividade mineira


Durante a execução das operações unitárias da actividade mineira, são geradas quantidades
significativas de resíduos sólidos tendo maior destaque as operações de lavra e processamento
do minério. Segundo IBRAM (2016), na geração de resíduos da mineração destaca-se a
existência dos resíduos sólidos da extracção (estéril) e do tratamento/beneficiamento (rejeito).

Robertson, et al (1985), define estéril como um agregado natural de um ou mais minerais que
é retirado da mina para libertar o minério, não tendo este algum valor económico, o que faz
com que não seja processado antes ser destinado em pilhas de estéril. Localizado acima do
minério a ser explorado, este material possui origens distintas podendo ser fruto de rocha sã,
do próprio minério, rocha encaixante ou segmentação de materiais provenientes de outros
locais (Alves, 2009).

Para Gomide (2018), rejeito é a porção sem valor que está associada ao minério e é descartado
durante e ou após o processo de beneficiamento. Por outra lado, Thomé (2018) define rejeito
como a fracção estéril produzida pelo beneficiamento de minérios em um processo mecânico
e ou químico que separa-o do concentrado final comercializável. As suas características
variam de acordo com o tipo de mineral e do tipo de tratamento em unidade de
processamento.

A actividade mineira compreende quatro (4) fases que são: a prospecção e pesquisa, o
desenvolvimento, a produção e o fechamento da mina. Na fase de produção, o bem mineral
passa por processos que visam adequa-lo às exigências do mercado para posterior
comercialização. O fluxograma 3 ilustra um esquema básico do processo de extracção de
minério onde, para além do produto final, mostra as operações que geram os principais
resíduos sólidos da actividade mineira, nomeadamente as operações de lavra e
beneficiamento, sendo que, caso não haja condições para o reaproveitamento económico dos
mesmos, devem ser dispostos em locais e condições apropriadas.

9
Fluxograma 1: Fluxograma básico do processo de exploração mineral (adaptado de Valadão, 2007)

2.2. Disposição de estéril e rejeito da actividade mineira


Silva (2014) afirma que, durante as operações de lavra e beneficiamento mineral, são gerados
resíduos que não possuem interesse económico e, portanto, devem ser objectos de disposição
definitiva em locais pré-definidos e preparados para esta finalidade.

Segundo o IBRAM (2016):

“Na geração de resíduos da mineração, destaca-se a existência dos resíduos sólidos de


extracção (estéril) e do tratamento/beneficiamento (rejeito). Estes resíduos, de modo geral,
podem ser pilhas de minérios pobres, estéreis, rochas, sedimentos, solos, aparas e lamas das
serrarias de mármore e granito, as polpas de decantação de efluentes, as sobras da mineração
artesanal de pedras preciosas e semipreciosas principalmente em região de garimpos e finos e
ultrafinos não aproveitados no beneficiamento”.

O IBRAM (2016) ainda refere que, os outros resíduos resultantes da operação das plantas de
mineração são, em geral, os efluentes das estações de tratamento, os pneus, as baterias
utilizadas nos veículos e maquinarias, além de sucatas e resíduos de óleo em geral, cuja
disposição se dá em locais e de formas que a eles se adequam.

No que tange ao estéril, este encontra-se em diferentes granulometrias, sendo disposto sob
forma de pilhas de grandes dimensões, as quais dá-se o nome de pilhas de estéril (PDE), como
descrevem Silva (2014) e Gomes (2017). Quanto ao local de disposição, Alves (2009) afirma
10
que este material é estocado em forma de pilha nos talvegues e alocadas próximas a área de
lavra, mas também, pode ser disposto em antigas cavas da mina ao céu aberto ou subterrânea.

Quanto aos rejeitos da actividade mineira, segundo Peixoto (2012), esses são geralmente
dispostos sob forma de polpa, mistura do material sólido associado a grandes quantidades de
água, onde estes são transportados por gravidade ou bombeamento, através de caneletas ou
tubulações também denominadas rejeitodutos até ao sistema de disposição. Para este autor, a
disposição final do rejeito pode realizar-se em cavidades subterrâneas, em ambientes
aquáticos ou na superfície dos terrenos onde, para o último caso, são construídas estruturas
como barragens de rejeito, pilhas, cavas exauridas, entre outras.

De acordo com o nº1, do artigo 18 do Regulamento Ambiental para a Actividade Mineira,


Decreto 25/2004, os titulares e operadores da actividade mineira devem tomar medidas
apropriadas para a deposição e tratamento dos resíduos, adoptando métodos adequados para
conter os resíduos que possam contaminar o ambiente do local onde sejam depositados.

Como estabelecem os nºs 2 e 1 dos artigos 258 e 259 respectivamente, do Regulamento de


Segurança Técnica e de Saúde nas Actividades Geológico-Mineiras, o estéril e rejeito deverão
ser dispostos em aterros e em bacias de lama, respectivamente, sendo que a construção deve
obedecer um projecto aprovado pelas entidades competentes contendo os elementos alistados
nas alíneas a e b.

a) Para o aterro de estéril:


 Capacidade máxima prevista;
 O tipo de produto a depositar;
 A área ocupada;
 A altura máxima prevista;
 O tipo de transporte e de descarga;
 O acesso e as condições de segurança aplicadas relativamente a estruturas existentes;
 O plano de encerramento.

b) Para a bacia de lama:


 A localização;
 O tipo de construção;
 A capacidade máxima prevista;

11
 O tipo de produto a depositar e a sua estabilidade físico-química;
 A área ocupada;
 A altura máxima prevista;
 O tipo de transporte e de descarga;
 As condições de segurança aplicadas relativamente as estruturas existentes.
O estéril disposto em aterros deve ser armazenado em área própria, desmatada e com base
impermeável composta por camada de argila com espessura não inferior a 1mm para o caso
de pilhas de materiais lixiviáveis e, para o caso da bacia de lama cujo material provem de
instalações de tratamento e beneficiamento de minérios metálicos, a base da parede de
suporte, a parede de suporte que se encontra em contacto com a lama e o fundo da bacia,
devem ser impermeáveis de acordo com o projecto aprovado pela entidade competente como
previsto nos números 5 e 2 dos artigos 258 e 259 respectivamente, do Regulamento de
Segurança Técnica e de Saúde nas Actividades Geológico-Mineiras.

A disposição de estéril e rejeito é convencionalmente feita de forma separada o que gera, na


maioria dos casos, insegurança ligada a aspectos de estabilidade das estruturas de contenção
de resíduos sólidos da actividade mineira. Estas estruturas garantem, até certo ponto, que não
haja efeito de danos ambientais, porém estão sujeitas a condições de instabilidade caso não
haja observação de diversos parâmetros, dentre eles os parâmetros geotécnicos que garantem
a sua estabilidade.

Deste modo, têm sido feitos estudos que buscam alternativas de disposição de resíduos que,
para além de reduzir as áreas ocupadas pelos métodos convencionais, trazem condições para a
redução de riscos de ocorrência de Drenagem Ácida das Minas (DAM) causadas pelas
diferentes estruturas de contenção de estéril e rejeito, sendo algumas das alternativas a Co-
disposição e a Disposição Compartilhada do Estéril e Rejeito da actividade mineira, sendo
que o presente trabalho tem como objecto de estudo a co-disposição.

2.3. Co-disposição
Segundo Alves (2009), Co-disposição é a situação em que se mistura previamente os rejeitos
ou rejeito e estéril para em seguida dispor. Esta técnica surge como proposta de Brauner, em
1978, devido as grandes dificuldades de disponibilidade de espaço para descarte do estéril e
rejeito e a grande variedade apresentada por cada um, principalmente os rejeitos finos que
geralmente tem baixa permeabilidade.

12
Sob ponto de vista de Lapakko e Leopold (2001), Co-disposição refere-se à combinação do
rejeito e estéril antes do descarte, com o principal objectivo de explorar as propriedades
hidráulicas do rejeito (material com granulometria fina) pra limitar a exposição dos resíduos
sólidos da actividade mineira ao oxigénio.

A mistura do estéril e rejeito antes da disposição melhora as características físicas e químicas


desses resíduos, diminuindo assim o potencial de geração de DAM pela formação de ácidos e
libertação de vestígios de metais. A capacidade de retenção de humidade dos rejeitos cria
condições de saturação ao longo de depósito e, uma vez que o oxigénio se difunde mais
lentamente da água do que do ar, a taxa de oxidação dos sulfuretos é minimizada.

Williams et al. (1992) publicaram resultados de um estudo relacionado ao método de


co-disposição de resíduos de carvão por bombeamento onde a mistura era composta de rejeito
fino e rejeito granular, sem a presença de estéril. Segundo os mesmos autores, as principais
vantagens deste método de disposição são: a redução do volume total a ser disposto, o
aumento da estabilidade e trafegabilidade, o aumento do grau de saturação, limitando assim a
drenagem ácida, e a redução dos custos totais para disposição. Dentre as desvantagens, uma
está associada ao diâmetro máximo da partícula (0,10 m) a ser misturada e bombeada e a
outra é a segregação das partículas durante o processo de deposição, além do elevado custo
para realizar a mistura (Alves, 2009).

Vector (2002) citado por Alves (2009), com o objectivo de obter novas opções de disposição
de rejeitos realizou ensaios de laboratório e avaliações preliminares para manuseio de rejeito
de mineração. O princípio foi dispor os rejeitos e os estéreis separadamente e em conjunto em
diversas proporções com o propósito de caracterizar as propriedades geotécnicas dos materiais
e examinar como o material se comportaria em condições diferentes de disposição em termos
de resistência e permeabilidade.

Com relação aos resultados dos ensaios de resistência realizados, Vector (2002) citado por
Alves (2009) demonstrou que altas proporções de estéril misturado com rejeito (4:1)
apresentam elevado ângulo de atrito interno e em casos de proporções mais baixas (2:1) o
ângulo de atrito interno é semelhante ao do rejeito disposto separadamente.

Já para os ensaios de permeabilidade, os resultados demonstraram que baixas proporções de


estéril misturado com rejeito (1:1) apresentam permeabilidade semelhante a dos rejeitos e, em
casos de proporções maiores (4:1), a permeabilidade é semelhante a do estéril granular.

13
Contudo, é relevante notar que as propriedades dos resíduos de uma mina podem variar
significativamente de um local para outro, dependendo da geologia que os originou e processo
de lavra (estéril) e beneficiamento (rejeito) aos quais estes são submetidos.

2.3.1. Tipos de co-disposição


Habite e Bocking (2012), afirmam que, dependendo do grau de mistura dos fluxos de
resíduos, a co-disposição pode ser classificada das seguintes formas: co-colocação, co-
deposição e co-mistura.

 Co-colocação: neste caso, os fluxos de resíduos sólidos são colocados em uma


instalação de eliminação integrada com muito pouca mistura.

Exemplo: inclusão de uma pilha de rejeito na face activa de lançamento de um


deposito de estéril (figura 6) ou inclusão de estéril em uma instalação de disposição de
rejeito.

Figura 4: Células de rejeitos em depósitos de estéril (Leduc, et al, 2003)

 Co-deposição: neste caso, os fluxos de resíduos sólidos são depositados em conjunto


de modo a que ocorra algum grau de mistura em virtude de processo de disposição.

Exemplo: Co-disposição em camadas do rejeito e estéril, descarga de rejeito em face


activa de despejo da mina (figura 7) ou co-disposição de estéril triturado usando
correia transportadora.

14
Figura 5: Co-diposição em camadas alternadas de estéreis e rejeitos (Leduc, et al, 2003)

 Co-mistura: neste caso, os fluxos de resíduos são activamente misturados com a


intenção de preencher os espaços vazios de estéril com rejeito de forma total ou
parcialmente, sendo geralmente necessário o uso de um equipamento mecânico para
facilitar o processo de mistura. Este método inclui o uso de uma usina de mistura, por
exemplo, um misturador de concreto (para misturar rejeito de pasta e o estéril
triturado), carregadeiras e escavadoras (para misturar rejeito espessado em uma célula
de descarte) e bombeamento de fluxo de resíduos finos misturados.

Para Silva (2014), este método inclui também a injecção de rejeito no depósito de estéril por
meio de perfurações verticais ou inclinadas, formando uma malha de furos na superfície da
pilha. Para este efeito, é necessário que o rejeito apresente-se espessado ou na forma de pasta
e que se disponha de equipamentos para perfuração e injecção (Figura 8).

15
Figura 6: Injecções de rejeito em furos verticais ou inclinados em depósitos de estéril (Leduc, et al, 2003)

Para além dos três tipos de co-disposição apresentados por Habite e Bocking (2012), Gowan,
et all (2010) apresenta mais um tipo que a seguir passa-se a descrever:

 Mistura de betão: uma mistura de betão representa a co-disposição ideal, que consiste
em uma mistura de agregado (grosseiro), areia e cimento (finos), que são misturas
com um volume muito limitado de água. Por exemplo, para uma mistura típica na
proporção 3: 2: 1 de agregados grosseiro, areia e cimento respectivamente, a relação
água-cimento é de 0,35. Tendo se a mistura pastosa resultante, essa é despejada ou
bombeada para estrutura de contenção ou mesmo em aberturas em minerações
subterrâneas.

16
A selecção das diferentes formas de co-disposição vai depender de vários factores que são:
 Características do rejeito (geoquímica, densidade, viscosidade, distribuição de
tamanho de grão, mineralogia, etc.);
 Características do estéril (geoquímica, grau de desgaste, de distribuição de tamanho de
grão, mineralogia, etc.);
 O tamanho máximo da rocha (pedra grosseira não pode ser bombeada);
 A proporção estéril-rejeito;
 Topografia local;
 Facilidade de construção e de operação;
 Condições climáticas (clima frio, seco e humidade, etc.);
 Custos do ciclo de vida da instalação de co-disposição; e
 Minimização do potencial risco (erosão do vento e da água, a estabilidade do talude,
liquefacção, fecho, etc.).

2.3.2. Parâmetros geotécnicos avaliados para a aplicação da co-disposição


A aplicação de método de co-disposição requer uma prévia determinação de parâmetros
geotécnicos dos materiais a serem misturados, principalmente em termos de resistência,
drenabilidade e trabalhabilidade da mistura, sendo que este último, dá-nos a viabilidade da
praticidade dos procedimentos operacionais em campo (Silva, 2014).

Para responder a questões ligadas a disposição de estéril e rejeito da actividade mineira,


Borma e Soares (2010) defendem que é necessário que se faça a determinação das
propriedades físicas desses resíduos, de forma a definir as condições de uso dos mesmos em
estruturas de contenção através de ensaios específicos destacando-se os de Resistência ao
Cisalhamento e Condutividade Hidráulica.

A resistência ao corte directo representa a máxima pressão de cisalhamento que o material


pode suportar sem sofrer ruptura, ou ainda, a tensão de cisalhamento do material no plano que
a ruptura ocorre no instante da ruptura.

Para a determinação da resistência ao corte, Marangon (2018) refere que podem ser feitos
ensaios “in situ“ e em laboratórios, sendo que no primeiro caso o objectivo é determinar a
resistência ao cisalhamento do solo e obtenção da curva tensão-deformação, enquanto que no
segundo caso o objectivo é obter parâmetros de resistência ao corte (coesão e atrito). “In situ”,
este parâmetro pode ser determinado utilizando os métodos de Ensaio de Palha ( Van Shear

17
Test), Ensaio de Penetração Estática do Cone (CPT ou Deep Sounding) e Ensaios
Pressiométricos ( câmara de pressão no furo de sondagem). No laboratório, a obtenção desse
parâmetro dá-se com base na realização de Ensaios de Compressão Simples, Ensaio de
Cisalhamento Directo e Ensaio de Compressão Triaxial.

Para Bezeira e Crispim (2008) Condutividade Hidráulica é a capacidade de um corpo, sob


condições normais, permitir a passagem de um fluido através dos seus vazios. O estudo de
percolação da água nos solos determina a resolução de problemas práticos como o cálculo de
vazão, análise de recalques, índice de vazios, estudo de estabilidade de solos relacionada com
a poro-pressão gerada pela presença de água.

Dentre as propriedades físico-mecânicas que condicionam a circulação de fluidos em solos e


rochas, destaca-se a analise da permeabilidade desses materiais. A permeabilidade é a
propriedade que indica o grau de facilidade e velocidade com que a água desloca-se entre os
vazios existentes no solo, sendo expressa numericamente pelo coeficiente de condutividade
hidráulica. Para a determinação da permeabilidade, utiliza-se métodos como Permeâmetro de
Carga Constante ou Cariável, ensaios “in situ” (Ensaio de Lugeon, Permeâmetro de Guelp e
Ensaios de Bombeamento e Rebaixamento de Água) e métodos indirectos por meio de Ensaio
de Adensamento.

Leduc e Smith (2003), descrevem na sua obra que primeiramente deve-se fazer uma avaliação
separada do estéril e do rejeito e, com base nestas análises, determinar o uso da co-disposição.
De seguida deve-se realizar ensaios variando a percentagem de cada material, considerando o
efeito escala, e a partir daí avaliar qual das proporções apresentou melhor desempenho nas
condições de drenabilidade e resistência, sendo realizados comummente os seguintes ensaios:

 Resistência ao cisalhamento para diferentes proporções de mistura (rejeito-rejeito e


rejeito-estéril);
 Resistência ao cisalhamento para o rejeito e estéril;
 Granulometria do estéril;
 Granulometria e adensamento dos rejeitos;
 Permeabilidade para os rejeitos e diferentes proporções de mistura;
 Permeabilidade simulando várias profundidades de disposição e para diferentes
proporções de mistura;

18
 Compressão simples para os rejeitos misturados com cimento ou outro material
cimentante;
 Análise química dos materiais.

Segundo os mesmos autores, outro factor determinante para a viabilização da solução


integrada da disposição que compreende o estéril e o rejeito é a relação em peso de mistura
entre os dois resíduos, sendo apresentada na tabela 1.

Tabela 1: Relação em peso da mistura estéril-rejeito no sistema de co-disposição. (Adaptado de Leduc e Smith,
2003)

Relação estéril-rejeito Potencial de aplicação


> 8:1 Provavelmente adequado para co-disposição
4:1 a 8:1 Requer estudos mais detalhados para definição
<4:1 Provavelmente não adequado para co-disposição

De modo geral, os principais benefícios da co-disposição estão ligadas a questões ambientais,


pois esta técnica cria condições para a redução dos impactos causados pelos resíduos sólidos
da actividade mineira no concernente as suas propriedades desfavoráveis, tanto químicas
assim como físico-mecânicas. Esta técnica deve ser aplicada se houver condições geotécnicas
que a favoreçam, de modo a fazer valer o investimento financeiro aplicado, dependendo do
tipo de co-disposição a aplicar e em função das características do estéril e rejeito produzidos
pela mina.

19
CAPÍTULO III - MATERIAIS E MÉTODO
Neste capítulo são apresentados, os materiais, métodos e todos os procedimentos
metodológicos que foram utilizados de modo a alcançar os objectivos traçados e responder as
hipóteses previamente preconizadas. São aqui apresentadas de forma detalhada os materiais
utilizados para a recolha de dados e resultados, os tipos de pesquisa adoptados, assim como as
principais limitações e os constrangimentos encontrados ao decorrer da realização do trabalho
de campo.

3.1. Materiais
Para a elaboração do presente trabalho, utilizou-se os materiais que compreendem as etapas
de pesquisa a serem apresentadas a seguir.

a) Para o trabalho de campo


 Equipamento de protecção individual (EPI);
 Um GPS;
 Duas pás;
 Sacos plásticos para o armazenamento das amostras;
 Marcadores permanentes e lapiseiras.
b) Para o trabalho de Laboratório
Nesta fase foram usados instrumentos e equipamentos para a realização de ensaios nas
amostras de rejeito e estéril, sendo que são apresentados na tabela 2 os principais
equipamentos utilizados em cada ensaio realizado.

Tabela 2: Materiais usados no trabalho laboratório (Fonte: Autora, 2019)

Ensaio Equipamento principal


Série de peneiros ASTM
Análise granulométrica conjunta Copo baker
Picnómetros
Limites de consistência Casa grande
Edómetro
Ensaio edométrico
Aparelho de carga
Ensaio de corte directo Caixa de corte
Análise granulométrica simples Série de peneiros ASTM
Balança
Determinação de massas volúmicas e
Cesto cilíndrico
absorção da água
Estufa

20
3.2. Metodologia
Para responder os objectivos traçados na presente pesquisa, o trabalho é estruturado em cinco
(5) etapas:

 Etapa 1- Revisão da literatura;

 Etapa 2- trabalho de campo;

 Etapa 3- trabalho laboratorial;

 Etapa 4- análise e interpretação de dados; e

 Etapa 5- elaboração do relatório final.

O tipo de pesquisa adoptado foi descritivo-explicativa, exploratória e experimental, com


maior incidência na abordagem quantitativa, todavia utilizando alguns aspectos da vertente
qualitativa, o que de acordo com Gil (2010), possibilita descrever e caracterizar a área de
estudo, descrever os processos de produção de ouro que culminam com a geração dos
resíduos sólidos da mineração e desenvolver possíveis soluções para os problemas trazidos
por esses resíduos.

A pesquisa exploratória serviu para garantir o conhecimento acerca do tema em estudo.


Portanto, foi feita uma pesquisa bibliográfica e documental onde consultou-se algumas obras
que versam sobre o tema em exploração como forma de aquisição de noções que conduziram
ao alcance dos objectivos traçados. No que concerne a pesquisa experimental, fez-se a
pesquisa laboratorial com vista a determinar as características geotécnicas das amostras
recolhidas no campo de forma a estudar a viabilidade da aplicação do estéril e rejeito de ouro
em sistema de co-disposição.

A figura 10 apresenta, de forma resumida o fluxograma, com a sequência metodológica


seguida para o alcance dos objectivos traçados, ilustrando os tipos de pesquisa adoptados e as
respectivas actividades desenvolvidas em cada uma das etapas indicadas.

21
Figura 7: Fluxograma da pesquisa científica (Fonte: Autora, 2019)

3.2.1. Pesquisa Bibliográfica


A pesquisa bibliográfica constituiu a primeira etapa para a realização do presente trabalho, o
que serviu garantir o conhecimento acerca do tema em estudo e aquisição de noções que
conduziram ao alcance dos objectivos traçados. Esta etapa consistiu na investigação e revisão
bibliográfica dos relatórios de fim de curso existentes, cartas geológicas e de literaturas
relacionadas com sistemas de co-disposição de rejeitos e estéril.

Para além da literatura recomendada pelo supervisor, e outra consulta pela autora com auxílio
de fontes bibliográficas, recorreu-se também às seguintes instituições:
 Biblioteca do Departamento de Geologia da UEM - consulta de trabalhos ligados à
geologia e depósitos de ouro no distrito de Manica;
 Laboratórios de Engenharia de Moçambique (LEM) – consulta de manuais sobre normas e
procedimentos dos ensaios de caracterização dos materiais (solos e agregados);

22
 Direcção Nacional de Geologia e Minas – consulta de cartas geológicas, aquisição de
“shap files” da geologia da área de estudo e;
 Direcção Provincial dos Recursos Minerais e Energia (DIPREME) de Manica – consulta
de relatórios de actividades realizadas pela empresa, submetidos ao DIPREME, referente
aos anos 2018/2019 com o objectivo de obter informações sobre a actividade mineira na
Empresa África Minerais, Lda..

3.2.2. Trabalho de campo


O trabalho de campo decorreu na mina da empresa África Minerais Lda., povoado de
Chimedza, Distrito de Manica, num período de 21 dias úteis, entre os meses de Março e Abril
de 2019, acompanhado por profissionais da empresa, sob orientação do dr. João Machavate,
supervisor deste trabalho. Esta fase consistiu na observação e descrição das fases de lavra e
processamento do ouro e colheita de amostras do rejeito e estéril.

3.2.2.1. Observação e descrição das fases de lavra e processamento do ouro


Consistiu na observação directa e descrição do local, para conhecer os processos de produção
de ouro, geração de resíduos sólidos, estéril e rejeito provenientes das etapas de lavra e
beneficiamento mineral, respectivamente, e técnicas usadas para a disposição dos mesmos.

O programa da observação e descrição proposto teve por objectivo obter os elementos


geotécnicos considerados necessários para o desenvolvimento dos estudos subsequentes,
nomeadamente:
 A caracterização das propriedades índice dos materiais constituintes do rejeito e estéril;
 A avaliação dos parâmetros de resistência ao corte e permeabilidade de rejeito e estéril.

3.2.2.2. Colecta de amostragem


O processo de colecta de amostras consistiu na retirada de quantidades de estéril e rejeito de
ouro gerados na mina em estudo com vista à caracterização individualizada dos dois materiais
e determinar os parâmetros de resistência e permeabilidade de modo a estudar a possibilidade
de aplicação desses em sistema de co-disposicão.

Para a colecta das amostras foram usados como instrumentos o GPS para a marcação das
coordenadas dos pontos de amostragem, sacos plásticos para o armazenamento das amostras
com capacidade para 10 kg e marcadores permanentes para a identificação das amostras e pá
manual para a retirada do material. À posterior, uma vez que a mina não apresenta um

23
protocolo padrão de amostragem, procedeu-se à colecta de amostras de estéril e rejeito
obedecendo o seguinte procedimento:

1. Procura de um ponto com estabilidade suficiente para fazer a colecta;


2. Marcação dos pontos com o GPS;
3. Selecção do material com recurso à pá manual e descarga nos sacos plásticos;
4. Colocação das referências devidamente codificadas em cada saco contendo amostras.
Após o seu armazenamento foi primordial conservar as amostras num espaço fresco e seco,
evitando a humidade e perda das propriedades.

As amostras de estéril foram recolhidas em dois pontos, sendo que o primeiro localiza-se na
pilha de estéril e o segundo no talude à jusante da barragem de rejeito com as designações
MNC – P1E e MNC – P2E respectivamente. As amostras de rejeito, com as designações
MNC – P1R e MNC – P2R foram recolhidas em dois pontos no interior da barragem de
rejeito (figura 8) a uma profundidade de 0,50m, com as coordenadas ilustradas na tabela 3.

Tabela 3: Coordenadas dos pontos de amostragem (Autora, 2019)

Coordenadas
Pontos de Referência
Designação Latitude (S) Longitude Profundidade
amostragem da amostra
(E) (m)
Rejeito Ponto 1 MNC – P1R 18º48´´36´ 32º53´´22´ 0.50
Rejeito Ponto 2 MNC – P2R 18º48´´36´ 32º53´´23´ 0.50
Estéril Ponto 3 MNC – P1E 18º48´´39´ 32º53´´16´ -
Estéril Ponto 4 MNC – P2E 18º48´´37´ 32º53´´22´ -

Figura 8: Mapa de amostragem (Fonte: Adaptado de Google Earth Pro, 2019)

24
3.2.3. Trabalho Laboratorial
Após o trabalho de campo, as amostras foram levadas para o Armazém Nacional de Amostras
Geológicas da Direcção Nacional de Geologia e Minas (DNGM) em Maputo. As mesmas
foram transladadas posteriormente para o Laboratório de Engenharia de Moçambique (LEM),
local onde se seguiu a sua preparação para a realização dos ensaios de caracterização e
determinação dos parâmetros de resistência e permeabilidade dos materiais.

O trabalho laboratorial foi feito no LEM, na Cidade de Maputo, num período de 60 dias, nos
meses de Maio e Junho, nos Departamentos de Geotecnia e de Materiais de Construção e
Estruturas, o que possibilitou a realização dos ensaios para a obtenção de dados relevantes. O
objectivo dos ensaios esteve vinculado ao fornecimento de dados básicos que permitam uma
avaliação do provável ganho de resistência e redução das condições de circulação de fluídos
no rejeito quando associado ao estéril.

O procedimento experimental tratou de caracterizar as amostras de estéril e de rejeito da


mineração de ouro, com vista à identificar as suas características físicas e avaliar os
parâmetros de resistência e permeabilidade. De seguida, foram estabelecidas misturas (traços),
com vista à determinação dos parâmetros de resistência e permeabilidade da mistura estéril-
rejeito para posterior avaliação comportamental dos diferentes traços comparados ao
comportamento do rejeito quando isolado.

Os ensaios laboratoriais realizados foram seleccionados de acordo com os parâmetros


geotécnicos com influência na avaliação do potencial de co-disposição dos resíduos, a
disponibilidade financeira e a disponibilidade de equipamentos no laboratório onde os
mesmos foram realizados. Para a amostra de rejeito foram realizados os ensaios de
caracterização utilizando o método de análise granulométrica conjunta, limites de
consistência, ensaio edométrico e ensaio de corte directo. Nas amostras de estéril fez-se a
caracterização utilizando o método de análise granulométrica simples e determinação de
massas volúmicas e absorção de água. Todos os ensaios foram realizados com base nas
especificações contidas nas normas em uso no LEM (tabela 4).

25
Tabela 4: Tabela de ensaios realizados nas amostras de rejeito e estéril (Autora, 2019)

Referência Tipo de amostra Ensaio Documento


da amostra normativo
Análise granulométrica conjunta LNEC E 196-1966
Limites de consistência NP-143 1969
MNC-P1R Rejeito
MNC-P2R Ensaio edométrico ASTM D 2435-96
Ensaio de corte directo ASTM D 3080-90
Análise granulométrica simples NP EN 933-1
MNC-P1E
Estéril Determinação de massas volúmicas NP 581-1969
MNC-P2E
e absorção da água

3.2.3.1. Métodos laboratoriais utilizados para a caracterização de rejeito do ouro


a) Análise granulométrica conjunta (Peneiração e Sedimentação)

A análise granulométrica da amostra de rejeito de ouro foi feita com base nas especificações
contidas na Norma LNEC E 196-1966. Este processo teve como principal objectivo
determinar quantitativamente a distribuição por tamanho das partículas que constituem a
amostra que, neste caso, dá-se o tratamento de um solo (embora não seja um solo natural),
possibilitando assim a determinação das suas características físicas.

Procedimentos - inicialmente, foi colocada uma quantidade não especificada de amostra na


estufa durante 24h, retirou-se a amostra da estufa, pilou-se em um almofariz e passou-se pelo
peneiro 10, sendo que para os processos posteriores usou-se apenas a parcela que passou pelo
peneiro 10. De seguida, pesou-se 60g da amostra e, junto com cerca de 200ml de solução de
hexametafosfato de sódio, colocou-se no copo baker que posteriormente foi ao forno para a
redução de partículas orgânicas e deixou-se em repouso durante 24h. Passadas 24h, a amostra
é transferida para um copo metálico e levado ao agitador durante 15min, passou-se pelo crivo
200 e toda a parcela retida foi transferida para uma bandeja e levada ao forno permanecendo
lá por 24h até que a mesma ficasse seca e passou para o processo de peneiramento com o uso
dos peneiros da sequência ASTM : 10, 20, 40, 60, 140, 200 e base. A fracção que passou do
crivo 200 passou então para o processo de sedimentação, onde a amostra foi transferida para
um provete e adicionou-se água destilada até aos 1000cm3 e com o uso de um densímetro,
fez-se a leitura da variação da densidade em determinados intervalos de tempo durante 24h
tendo em conta a temperatura do ensaio (vide figura 9).

26
Para a análise granulométrica conjunta, ensaios complementares foram realizados como:
Determinação da Densidade das Partículas (Norma NP-83 1965), Determinação do Teor de
Água (Norma NP-84 1965) e Determinação de Limites de Consistência (Norma NP-143
1969).

Processo de sedimentação Determinação de densidade Determinação de limites de


de partículas consistência
Figura 9: Ilustração de processos de análise de granulométrica conjunta (Foto: Autora, 2019)

b) Ensaio edométrico

O ensaio edométrico destina-se a determinação da velocidade e importância de consolidação


de um solo, quando este é confinado lateralmente e carregado e drenado axialmente. O ensaio
foi realizado segundo especificações contidas na Norma ASTM D 2435-96, cujo principal
objectivo para o presente trabalho foi a determinação dos coeficientes de permeabilidade da
amostra de rejeito de ouro, visto que esses parâmetros definem as condições de drenabilidade
do material quando inserido em estruturas geotécnicas.

Procedimento: Inicialmente, colocou-se a amostra em um anel com 5,1cm de diâmetro e 2cm


de altura, cobriu-se as superfícies com placas porosas, colocou-se o edómetro no aparelho de
carga e adicionou-se água nas câmaras de modo que a amostra permanecesse sempre
submersa e no estado de saturação. De seguida, a amostra foi submetida a carregamentos
progressivos sendo que a carga introduzida inicialmente foi sendo duplicada a cada 24h
durante 7 dias. Após a introdução de uma carga, fez-se leituras da deformação vertical ao
longo de um determinado tempo (0, ¼, 1, 2/ ¼, 4, 6 ¼, 9, 12 ¼, 16, 36, 64, 180, 240 e
1400min) (vide figura 10).

Primeiramente, introduziu-se uma carga de 0,500kg, tendo sido duplicada até atingir os 16kg.
Feitas as leituras durante 24h após a introdução da última carga, fez-se a descarga onde após
24h fez-se novamente a leitura obtendo-se assim todas leituras que posteriormente, em função
do incremento de deformação, foram usadas no cálculo dos índices de vazios, coeficiente de

27
compressibilidade, coeficiente de compressibilidade volumétrica, coeficiente de consolidação
e coeficiente de permeabilidade.

Amostra de rejeito e edómetro Provete de ensaio

Equipamento de ensaio edométrico


Figura 10: Ilustração dos procedimentos de realização do ensaio edométrico (Foto: Autora, 2019)

c) Ensaio de resistência ao corte

A resistência ao corte do rejeito de ouro foi determinada com base no método de ensaio de
corte directo, seguindo-se a Norma ASTM D 3080-90. Este procedimento permitiu a
determinação dos parâmetros de coesão e ângulo de atrito do rejeito de ouro de modo a
compreender o grau de interacção entre as partículas e como esses tendem a comportar-se
quando sujeitos a solicitação cisalhante, este factor definirá a necessidade ou não de se fazer a
co-disposição sob ponto de vista de aumento de resistência quando misturado ao estéril.

A coesão reflecte essencialmente a atracão química de natureza molecular e coloidal entre as


partículas, enquanto o atrito é função da interacção entre duas superfícies na região de
contacto.

Procedimentos: tendo-se a amostra preparada, colocou-se o provete na caixa de corte


composta por uma parte superior e outra parte inferior, entre duas placas porosas com lâminas
dispersas no sentido perpendicular a força de corte. De seguida, aplicou-se a tensão vertical,
deitou-se água na caixa para manter a humidade da amostra e deixou-se o provete consolidar.
Sem que houvesse variação da tensão vertical, os valores das deformações verticais foram

28
registados a partir de um defletómetro colado na metade superior da caixa. O movimento
dado pelo deslocamento aplicado na parte inferior da caixa provocou tensões tangenciais, que
foram aumentando até se dar a ruptura. Efectuaram-se as leituras de 10s em 10s nos primeiros
50s e de 50s em 50s até se dar a ruptura, tal que se verifica quando o valor da tensão diminui
ou se mantém constante (vide figura 11).

Equipamento de ensaio de corte Formato final de provete


Figura 11: Ilustração do ensaio de corte directo. (Foto: Autora, 2019)

Este ensaio foi realizado com o uso de três tensões normais (mínimo recomendado) de 2kg,
4kg e 8kg em três corpos de prova, o que permitiu a obtenção de dados necessários para plotar
o gráfico cartesiano tensão vertical × tensão horizontal com os pontos referentes as tensões
verticais adoptadas e as horizontais medidas, que posteriormente são interpolados por uma
recta que define a coesão, o ângulo de atrito e, consequentemente, a resistência ao corte da
amostra.

3.2.3.2. Métodos laboratoriais utilizados para a caracterização caracterização do estéril


a) Análise granulométrica simples

A análise granulométrica da amostra de estéril de ouro foi feita pelo método de peneiração
seca com base na Norma NP EN 933-1. Este processo teve como principal objectivo
determinar quantitativamente a distribuição por tamanho das partículas que constituem a
amostra, possibilitando assim a identificação das suas características físicas.

Procedimento: O ensaio consistiu na introdução de 9kg de amostra de estéril em uma série


de peneiros ASTM de malha quadrada com as seguintes aberturas dispostas em ordem
decrescente: 3”, 2”, 1”, 1” ½, 3/4 ”, 3/8”, 4, 10, 20, 40, 60, 100 e 200. Após introduzir-se a
amostra na série de peneiros, seguiu-se ao processo de agitação dos mesmos de forma que
houvesse queda por gravidade e consequente separação das partículas por tamanho.

29
Tendo-se as fracções retidas em cada peneiro, pesou-se separadamente de forma a obter as
massas correspondentes a cada um dos peneiros em relação a massa total introduzida, sendo
que os dados obtidos foram posteriormente plotados em uma curva granulométrica que
reflecte o tipo de amostra em função do peneiro que apresenta maior fracção retida.

b) Determinação de Massas Volúmicas e Absorção da Água

A determinação das massas volúmicas e absorção de água em material é de extrema


importância para perceber o comportamento desses materiais quando envolvidos em obras
geotécnicas, pois esses influenciam significativamente na resistência das estruturas. Laske e
Amâncio (2014), definem massa específica como sendo a relação entre a massa da amostra
seca e seu volume, sem considerar os poros permeáveis à água, enquanto a massa específica
aparente toma em consideração a permeabilidade dos poros. A absorção é o aumento da
massa da amostra devido ao preenchimento dos seus poros permeáveis por água, expressa em
percentagem de sua massa seca.

O ensaio foi realizado segundo especificações contidas na Norma NP 581-1969 com o


principal objectivo de determinar as massas volúmicas e absorção de água da amostra de
estéril de ouro.

Procedimento: O ensaio consistiu na colocação de 5kg de amostra em um cesto cilíndrico de


rede metálica, de malha quadrada, de 4,76mm de abertura, e com cerca de 20cm de diâmetro e
20cm de altura cuja sua massa no ar e na água foi determinada antes de se adicionar a
amostra. De seguida, lavou-se o provete até remover todas as impurezas superficiais e deixou-
se mergulhado em água, durante 24h, à temperatura ambiente, tendo tido o cuidado de o agitar
algumas vezes para desprender as bolhas de ar que vão sendo expulsas do material. Passadas
24h, retirou-se o provete e limpou-se a superfície das partículas com um pano húmido, mas
evitando a perda da água absorvida. Lançou-se o provete no cesto e pesou-se para obter a
massa do provete com a partícula saturada. Em seguida, mergulhou-se na água, tendo tido o
cuidado de se agitar o provete para desprender quaisquer bolhas de ar que tivessem ficado
agarradas ao material, e pesou-se novamente para obter a massa do provete imerso. Secou-se
o provete na estufa, entre 105ºC e 110ºC e após 24h pesou-se para determinar a massa do
provete seco. Todas as pesagens foram feitas sem retirar o provete do cesto, a fim de evitar
perdas de material (vide figura 12).

30
Com os dados obtidos durante o ensaio, tendo em conta a massa volúmica da água à
temperatura a que se realizou o ensaio, calculou-se a massa específica aparente, a massa
específica das partículas saturadas com superfície seca, a massa específica das partículas secas
e a absorção.

Amostra saturada Amostra seca

Alguns equipamentos usados na determinação de


massas volúmicas e absorção da amostra
Figura 12: Ilustração dos procedimentos de determinação de massas volúmicas e absorção das amostras de
estéril. (Foto: Autora, 2019)

3.2.3.3. Composição e Identificação da Mistura Estéril-Rejeito


Para simular este tipo de disposição, foram compostas duas amostras de mistura de rejeito e
estéril nas proporções 1:2 e 1:4 por via de compactação. O principal objectivo deste
procedimento esteve veiculado na preparação da mistura para realização de ensaios de
determinação de parâmetros de resistência e permeabilidade da mistura estéril-rejeito, de
forma a obter resultados para posterior comparação aos resultados obtidos nas determinações
feitas nos materiais de forma separada, verificando-se assim o potencial da aplicação da
técnica de co-disposição.

Devido aos resultados apresentados pela composição e identificação das misturas estéril-
rejeito nas diferentes proporções, não foi possível executar os ensaios para a determinação dos
parâmetros de resistência e permeabilidade nas mesmas, visto que a mistura não se apresentou
consistente, não tendo havido aderência entre as partículas de rejeito e estéril. Deste modo,
este ponto não será discutido no Capitulo IV do presente trabalho.

31
3.3. Elaboração do relatório de pesquisa
Na elaboração do presente relatório de pesquisa, tomou-se em consideração as orientações
estabelecidas no regulamento do ISCTEM para este tipo de trabalho, a base da pesquisa
bibliográfica com a finalidade de adquirir os fundamentos essenciais que justifiquem o
desenvolvimento do estudo, trabalho de campo com o objectivo de recolha de amostras e
trabalho laboratorial com vista a obter resultados práticos da pesquisa científica.

3.4. Limitações e Constrangimentos


A primeira limitação e constrangimento do presente trabalho de pesquisa centrou-se na fraca
disponibilidade do referencial teórico acerca do tema em abordagem.

A falta de equipamentos para a realização de ensaios para a determinação dos parâmetros de


condutividade hidráulica na amostra de rejeito de ouro, foi também um dos constrangimentos
deparados na realização da presente pesquisa. Sendo assim, recorreu-se meios alternativos
como o uso do ensaio de adensamento (ensaio edométrico) para a obtenção do coeficiente de
permeabilidade da amostra de rejeito de ouro e posterior avaliação das suas características de
permeabilidade.

32
CAPÍTULO IV- PROCESSAMENTO, ANÁLISE DE DADOS E INTERPRETAÇÃO
DE RESULTADOS
Neste capítulo são apresentados os resultados obtidos através da pesquisa de campo e
pesquisa laboratorial por meio da observação directa e dos ensaios laboratoriais feitos nas
amostras de estéril e de rejeito. Faz-se também a interpretação e discussão dos resultados
obtidos baseando-se em referenciais teóricos e argumentos da autora. Os resultados são
apresentados em forma de figuras, fluxogramas, tabelas e gráficos de forma a facilitar a
interpretação.

4.1. Processamento e análise de dados do trabalho de campo


Com o uso da técnica de observação directa na área de estudo, foi possível ter dados dos
processos de geração e técnicas de disposição do estéril e do rejeito na mina África Minerais,
Lda. (vide anexo 1).

4.1.1. Etapa de lavra e beneficiamento do ouro


Constatou-se que o processo de lavra na mina da Empresa África Minerais, Lda. dá-se em
ambiente subterrâneo pelo método de Câmaras e Pilares, este que é um método de exploração
subterrânea sem suporte, adequado para materiais com alta resistência onde o desmonte é
feito com avanço de várias aberturas paralelas espaçadas, deixando-se porções de minério que
formam pilares rectangulares, que limitam o vão das aberturas e garantem sustentação ao
tecto. Nesta etapa, observou-se que, na mina, dá-se a exploração de ouro primário associado a
veios de quartzo tendo como rocha encaixante rochas metamórficas da formação de
Macequece, concretamente granito e xistos.

Observou-se que a mina compreende três níveis, sendo que actualmente a exploração decorre
no último nível a uma profundidade de 280m. O desmonte dá-se por explosivos denominados
Nitromina 2 que são introduzidos em furos abertos manualmente na parede da galeria de
exploração com o uso de broca de rocha. Após o desmonte, o material é transportado em
carinhas de mão até a superfície por via de um elevador localizado em um poço que serve
para o transporte de material, de pessoal, de equipamento e de ventilação. Nessa fase, são
extraídas anualmente 254 000 toneladas de material, sendo que mensalmente são extraídas
25 000 toneladas excepto os meses de Janeiro e Fevereiro que compreendem o período de
férias colectivas.

Na etapa de beneficiamento do ouro, verificou-se que a mina possui duas unidades de


processamento mineral. A primeira unidade de processamento, localizada a Este 14,42m a

33
Este do poço de acesso a área de extracção, recebe o material que vem da área de extracção
passa por um britador de mandíbulas (primário) e de seguida entra em um equipamento
denominado Gold Grinding Machine (Máquina de Moagem de Ouro) que consiste
essencialmente em um moinho de rodas (figura 13). A máquina de moagem funciona a base
de accionamento eléctrico onde, após introduzir o material britado é introduzida uma porção
de água e mercúrio para a recuperação de ouro por amalgamação.

Figura 13: Máquina de moagem da primeira da unidade de processamento

Após o processo de moagem, junto com a porção do mercúrio e água, o material em forma de
polpa (mistura de material sólido e água) é retirado e manualmente é formada a amálgama
(concentrado de ouro que contém porções de mercúrio em estado sólido). Para este efeito, são
usadas bacias plásticas e potes plásticos para a decantação e por fim são usados pedaços de
tecido de linha para filtrar o concentrado de ouro que contém porções de mercúrio, sobrando
no pote uma porção de mercúrio que será reaproveitado no processo de amalgamação
seguinte. Durante o processo de amalgamação é usado um íman contido em uma garrafa
plástica para retirada de partículas de ferro que vêm associadas ao minério de ouro.

34
Fluxograma 2: Fluxograma básico do processamento do ouro na primeira unidade

A segunda unidade de processamento esta localizada a 84.76m a Sudeste do poço de acesso a


área de extracção e observou-se que nesta unidade dá-se maior número de processos pelo qual
o minério passa, sendo que primeiramente, o material proveniente da frente de lavra é
cominuído em um britador primário (britador de mandíbulas) e segue a um moinho de bolas
através da tela transportadora (figura 14).

Após o processo de moagem com o uso de esferas cilíndricas como mecanismo de


fragmentação, o material passa pelo processo de classificação em um classificador espiral,
onde o oversize volta ao moinho e o undersize passa para a fase seguinte que compreende a
concentração por amalgamação.

Tela transportadora e britador Moinho e classificador

Figura 14: Circuito de cominuição da primeira unidade de processamento na Empresa África Minerais, Lda.

35
No processo de amalgamação, o material fino proveniente da etapa de moagem passa por uma
placa amalgamadora que consiste em uma placa de cobre coberta com uma camada de
mercúrio onde a polpa do minério flui sob a placa inclinada, retendo o ouro na superfície
(Sousa e Lins, 1989). Antes de retirada a camada de ouro e mercúrio na placa de cobre, é feito
o bloqueio da área de descarga da polpa e no final do processo de amalgamação descrito na
primeira unidade de processamento, a placa é recoberta por uma porção de mercúrio e a área
de descarga da polpa é reaberta, repetindo-se o processo após 24 horas.

O material que passa pela placa amalgamadora é encaminhado a uma peneira onde materiais
estranhos e de granulometrias grossas são retidos e o que passa segue ao processo de flotação.
Nesta fase, são usados químicos como ROCSSMe e Isopropil-Etil Tionocarbonato, estes que
são xantatos adicionados gota-a-gota em um tambor que contém a polpa em agitação,
encaminhando-a aos equipamentos de flotação para a recuperação de partículas de ouro,
chumbo, enxofre e zinco.

Material hidrofóbico é encaminhado a uma área de decantação onde o sólido que sedimenta é
armazenado em sacos e o rejeito contendo alguma porção de água (lama), é encaminhado a
barragem de rejeito assim como material hidrofílico. A amálgama formada no processo de
amalgamação é por fim submetida a fundição e o material recuperado no processo de flotação
é tratado em outra unidade, localizada concretamente na Cidade da Beira, província de Sofala,
onde dá-se a recuperação de ouro mais ou menos a 90% (figura 15).

Placa amalgamadora Flotadores Desaguamento

Figura 15: Circuito de concentração de ouro da segunda unidade de processamento

36
Fluxograma 3: Fluxograma básico do processamento do ouro na segunda unidade

4.1.2. Disposição de estéril e de rejeito na mina


O estéril proveniente da operação de lavra compreende material de granulometria variada,
desde finos até pedregulhos (em pequenas quantidades) e são dispostos em duas estruturas
geotécnicas distintas, nomeadamente, pilha de estéril e talude a jusante da barragem de rejeito
(figura 16):

 Uma parte é disposta em uma pilha de estéril de pequena dimensão, com uma área
igual a 501,67m2 e 2m de altura, localizada a 40,4m de distância em relação ao poço
de acesso da área da lavra na direcção Sul (figura 16 A);
 A outra parte, é disposta no talude à jusante da barragem de rejeito, localizada a 170m
de distância a Nordeste em relação ao poço de acesso a área de extracção, cobrindo
uma extensão lateral de aproximadamente 200m com mais ou menos 5m de altura
(figura 16 B).

37
Pilha de estéril Estéril disposto no talude à jusante da
barragem de rejeito
Figura 16: Técnicas de disposição de estéril na Empresa África Minerais, Lda.

O rejeito em forma de polpa, proveniente das duas unidades de processamento do ouro, cujas
sequências de operações de processamento são ilustradas nos fluxogramas 3 e 4, é disposto
em duas barragens de rejeito localizadas a 170m na direcção Nordeste em relação ao poço de
acesso a área de extracção sendo que as duas, uma vez que encontram-se interligadas, ocupam
uma área de aproximadamente 4940m2 e vão sendo alternadas na medida em que uma delas
enche.

A fundação das barragens compreende um material argiloso, concretamente silte de coloração


avermelhada e o talude a montante é formado pelo próprio rejeito (figura 17), sendo que no
talude à jusante é feito o enrocamento a base de material estéril produzido na mina. O rejeito é
bombeado até a barragem, através de um tubo que conduz o rejeito proveniente das etapas de
flotação e desaguamento (segunda unidade de processamento) e da etapa de amalgamação
(primeira unidade de processamento).

Figura 17: Barragem de rejeito da mina África Minerais, Lda.

38
4.2. Processamento e análise de dados do trabalho laboratorial
4.2.1. Caracterização do rejeito de ouro
a) Análise granulométrica conjunta (peneiração e sedimentação)

Na análise granulométrica das amostras de rejeito de ouro, foi empregue o ensaio combinados
dos processos de peneiração, com o uso da série de peneiros ASTM, e sedimentação das
partículas que passaram pelo peneiro 200,como definido pela Norma LNEC E 196-1966 (vide
anexo 3 e 4). Para as duas amostras, analisou-se que menos de 50% das amostras passou pelo
peneiro 200 (tabela 5), o que lhes confere a presença de material grosseiro na amostra.

Tabela 5: fracções granulométrica da amostra de rejeito

Amostra MNC-P1R Amostra MNC-P2R

Peneiração Sedimentação Peneiração Sedimentação

Peneiros % Retida ϕ dos % Total Peneiros % Total ϕ dos % Total


acumulada grãos que passa que passa grãos que passa

10 0.00 0.045 100.00 10 0.000 0.045 100.00

20 0.00 0.033 100.00 20 0.00 0.033 100.00

40 0.32 0.023 99.68 40 0.35 0.023 99.65

60 2.17 0.017 97.83 60 2.22 0.017 97.78

140 43.33 0.012 56.57 140 43.49 0.012 56.51

200 59.70 0.0085 40.30 200 59.55 0.0085 40.45

Tabela 6: Índices físicos naturais das amostras de rejeito


Amostra Profundidade Índices físicos naturais
(m) Densidade Humidade (%) Índice de
(g/cm3) plasticidade
MNC-P1R 0.5 2.96 15.07 NP
MNC-P2R 0.5 2.92 15.03 NP

Com base nas percentagens passantes pela série de peneiros e percentagem passante em
função do tamanho dos grãos, foi possível obter a curva granulométrica das amostras de
rejeito, onde constatou-se que as duas amostras tendem a aderir ao mesmo comportamento. A
amostra MNC – P1R apresentou uma fracção de argila igual a 5%, fracção de silte igual a

39
33% e fracção de areia igual a 62%. A amostra MNC – P2R apresentou uma fracção de argila
igual a 5%, fracção de silte igual a 34% e fracção de areia igual a 60% (gráficos 1 e 2)

Gráfico 1: Curva granulométrica da amostra MNC-P1R

Gráfico 2: Curva granulométrica da amostra MNC P2R

b) Ensaio edométrico

O ensaio edométrico foi realizado segundo as especificações contidas na Norma ASTM D


2435-96. A tabela 7 apresenta os resultados obtidos a partir do ensaio edométrico (vide anexo
6), sendo analisados os valores de índice de vazios (e), Coeficiente de Compressibilidade (av)
e Coeficiente de Permeabilidade (k). Analisou-se que o rejeito apresenta uma redução do
índice de vazios com o incremento da tensão. Como consequência do preenchimento dos
vazios devido a adição de cargas, os resultados mostram uma redução dos coeficientes de
compressibilidade e de permeabilidade.

40
Tabela 7: Resultados de ensaio edométrico

Variação da Índice de Coeficiente de Coeficiente de Coeficiente de Módulo Coeficiente de


Tensão vazios Compressibilidade Compressibilidade Consolidação Edométrico Permeabilidade
Δp final Volumétrica E
(Kg/cm²) ef Cv=

(cm²/seg) (cm²/seg) (cm²/seg) (cm²/seg) (cm/seg)


0.7663
0.00 0.25 0.7649 5.60E-03 3.17E-03
0.25 0.50 0.7163 1.94E-01 1.13E-01
0.50 1.00 0.6791 7.44E-02 4.43E-02
1.00 2.00 0.6405 3.86E-02 2.35E-02 3.70E-03 8.70E-08
2.00 4.00 0.5976 2.15E-02 1.34E-02 3.47E-03 4.67E-08
4.00 8.00 0.5466 1.28E-02 8.24E-03 2.76E-03 2.28E-08

c) Ensaio de corte

O ensaio de corte directo foi realizado de acordo com as prescrições da Norma ASTM D
3080-90. A tabela 8 ilustra os valores da massa aplicada na caixa de corte de forma a gerar
uma tenção vertical que é directamente proporcional a essa massa. Com o incremento da
tensão vertical, verificou-se um maior deslocamento das partículas no sentido horizontal, e
consequentemente um aumento da tensão tengencial. O gráfico 3 representa a recta da tensão
tangencial em função da tensão vertical, essa que traduz o comportamento do rejeito de ouro
gerado na mina em termos de coesão e ângulo de atrito, sendo que este ultimo é dado pela
inclinação da recta.

Tabela 8: Resultados de ensaios de corte


Provete Massa Constante Área da Tensão Deslocamento Força Tensão
Caixa Vertical máximo Horizontal Tangencial
(Kg) 1/10 (cm²) (Kgf/cm²) (0,002mm) (Kgf) (kgf/cm²)
A 2 10 36 0.556 45 9 0.250
B 4 10 36 1.111 121 24.2 0.672
C 8 10 36 2.222 235 47 1.306

41
Gráfico 3: Gráfico de ensaio de corte

4.2.2. Caracterização do estéril de ouro


a) Análise granulométrica

Os resultados da análise granulumétrica simples por peneiramento (vide anexo 7 e 8) são


apresentados na tabela 9 e nos gráficos 4 e 5 correspondentes as amostras MNC-P1E e MNC-
P2E, respectivamente, seguindo-se a Norma NP EN 933-1. Nos gráficos 4 e 5 A curva
granulométrica das amostras de estéril ilustra uma distribuição contínua do tamanho das
partículas, não havendo mudança da curvatura.

Tabela 9: Análise granulométrica das amostras de estéril

Amostra MNC – P1E Amostra MNC – P2E


Peneiros (ASTM) % total que passa Peneiros (ASTM) % total que passa
3” 100.00 3” 100.00
2” 100.00 2” 100.00
1⅟2” 100.00 1⅟2” 100.00
1” 100.00 1” 100.00

¾” 77.50
¾” 71.87

½” 43.42
½” 35.62

3/8” 28.75 3/8” 19.64


4 13.42 4 5.53
8 6.62 8 2.13
15 0.00 15 0.00
30 0.00 30 0.00
50 0.00 50 0.00
100 0.00 100 0.00
200 seco 0.00 200 seco 0.00

42
Gráfico 4: Curva granulométrica da amostra MNC – P1E

Gráfico 5: Curva granulométrica da amostra MNC - P2E

b) Determinação de massas volúmicas e absorção

A tabela 10 ilustra os resultados do ensaio de determinação de massas volúmicas e absorção


realizado nas amostras de estéril com base nas especificações contidas na norma NP 581-1969
(vide anexo 9 e 10), sendo analisado o valor da absorção obtido em função dos pesos
específicos do material nas diferentes condições de saturação.

Tabela 10: Resultados da determinação de massas volúmicas e absorção das amostras de estéril
Peso específico do Peso específico Peso específico Absorção
material das partículas das partículas (%)
Amostra
impermeável das com superfície secas (g/cm³)
partículas (g/cm³) seca (g/cm³)

Fórmulas *Y *Y *Y *Y*100

MNC-P1E 2.95 2.92 2.90 0.65


MNC-P2E 2.96 2.92 2.90 0.64

43
4.3. Interpretação dos resultados do trabalho laboratorial

4.3.1. Caracterização de Rejeito


a) Análise Granulométrica

Com base nos resultados da análise granulométrica conjunta apresentados nas tabelas 5 e 6 e
nos gráficos 1 e 2, segundo o Sistema Unificado de Classificação de Solos para fins de
engenharia, as amostras do rejeito são classificados como areia siltosa. O substantivo (areia) é
a fracção mais importante (superior a 50%) e o adjectivo (siltosa) para dar ideia da fracção
secundária (Tabela 11).

Tabela 11: Fracções granulométricas das amostras de rejeito

Amostra Classificação Fracção de Fracção de Fracção de Cascalhos


SUCS argila (%) silte (%) areia (%) (%)
MNC – P1R SM (Areia 5 33 62 0
MNC – P2R siltosa) 6 34 60 0

As amostras de rejeito apresentaram um comportamento não plástico, isto é, não há um grau


de ligação entre as partículas, factor este que se relaciona com composição granulométrica
apresentada pelo material. Tomando em consideração a faixa granulométrica predominante no
rejeito (areia), segundo Ishihara, et al. (1980), possui elevada susceptibilidade a liquefacção
(grãos com diâmetro que varia de 0,01mm a 1mm) o que faz com que o material tenda a
comportar-se como um fluído.

b) Ensaio Edométrico

Com base nos resultados do ensaio edométrico apresentados na tabela 7, constatou-se que o
rejeito apresenta uma redução do índice de vazios com o incremento da tensão. Como
consequência do preenchimento dos vazios devido a adição de cargas, os resultados mostram
uma redução dos coeficientes de compressibilidade e de permeabilidade. O valor de k,
encontra-se num intervalo que, de acordo com a tabela de valores típicos de coeficiente de
permeabilidade determinada pela Norma ABNT, NBR 16416 (2015) , classifica-se como um
rejeito de baixa permeabilidade (tabela 12). Embora o valor de k demostre que o material
possui uma baixa permeabilidade, este, em condições normais, possui condições de circulação
de fluídos devido as características granulométricas apresentadas pelas amostras de rejeito.

44
Uma vez que a maior fracção corresponde a um material arenoso, a fracção siltosa por sua vez
cobre os espaços vazios entre as partículas.

Tabela 12: Valores típicos de coeficiente de permeabilidade nos solos (Fonte: ABNT, NBR 16416 (2015)

Permeabilidade Tipo de solo K (cm/s)


Alta Pedregulhos ˃ 10-3
Solos permeáveis Alta Areias 10-3 a 10-5
Baixa Siltes e argilas 10-5 a 10-7
Muito baixa Argila 10-7 a 10-9
Solos impermeáveis
Baixíssima Argila ˂ 10-9

c) Ensaio de corte directo

A partir dos resultados ilustrados na tabela 8 e no gráfico 3, observa-se que, com o aumento
da tensão vertical, há maior deslocamento horizontal entre as superfícies de corte. Como
consequência do aumento do valor do deslocamento máximo, verifica-se também a subida do
valor da tensão tangencial, sendo que o gráfico 3 mostra o comportamento do rejeito quando
há variação da τ em função da σᵥ.

O prolongamento decrescente da recta intercepta a origem do gráfico, o que reflecte o valor


nulo da coesão do rejeito e a inclinação da recta dá aquele que é o ângulo de atrito interno das
partículas. Considerando que o rejeito não apresenta coesão entre as partículas,
consequentemente este possui uma resistência a corte baixa. O valor do ângulo de atrito da
amostra de rejeito confere-lhe características de uma areia fofa (tabela 13), com variação entre
30º à 35º com coesão nula segundo a tabela de valores típicos de coesão e ângulo de atrito nos
solos proposta pelo Marangon (2018).

Tabela 13: Valores típicos de coesão e ângulo de atrito nos solos (Fonte: Marangon, 2018)

Tipo de solo ɸ (graus) C´(Kpa)

Aterro compactado (silte areno-argiloso) 32 – 42 0 – 20


Solo residual maduro 30 – 38 5 – 20
Colúvio 27 – 35 0 – 15
Areia densa 35 – 40 0
Areia fofa 30 – 35 0
Pedregulho uniforme 40 – 47 0
Pedregulho arenoso 35 – 42 0

45
4.3.2. Caracterização de estéril
a) Análise granulométrica

Com base nos resultados obtidos através do ensaio de peneiramento apresentados na tabela 9
e nos gráficos 4 e 5, o estéril é classificado como agregado graúdo/miúdo artificial, uma vez
que este é resultado do processo de fragmentação por explosivos (acção mecânica produzida
pelo homem) e 80% das amostras ficou retido no peneiro número 4, tendo o restante passado
até ao peneiro número 200 (Coutinho, 1999). A curva granulométrica das amostras de estéril
ilustra uma distribuição contínua do tamanho das partículas, não havendo mudança da
curvatura.

b) Determinação de massas volúmicas e absorção de estéril

Os resultados obtidos a partir do ensaio de determinação de massas volúmicas e absorção


apresentados na tabela 10, permitiram classificar o estéril de ouro gerado na empresa como
sendo um agregado pesado, uma vez que as amostras apresentaram os valores dos pesos
específicos superiores a 2g/cm3 (Coutinho, 1999). O valor do peso específico associado a
baixa absorção, reflectem a baixa porosidade das partículas, factor esse que lhes confere
maior resistência, embora os espaços vazios entre esses fragmentos permita a passagem de
fluidos, o que favorece as condições de permeabilidade.

4.4. Síntese da avaliação dos parâmetros de resistência e permeabilidade do rejeito e


estéril da mineração de ouro na mina África Minerais Lda.
Tabela 14: Tabela da avaliação dos parâmetros de resistência e permeabilidade do estéril da mineração de ouro

Classificação Índices físicos


Material Resistência Permeabilidade
SUCS (média)
Areia siltosa δ (g/cm3) H(%) IP ϲ υ(º) τ (kgf/cm2)
Rejeito (SM) Baixa
2
2,94 15,05 NP 0 30.4 1.30kgf/cm

Tabela 15: Tabela da avaliação dos parâmetros de resistência e permeabilidade do estéril da mineração de ouro

Material Classificação Resistência Permeabilidade

Estéril Agregado Boa (agregado Partículas com baixa


graúdo/artificial pesado com valor de absorção porem alta
peso especifico permeabilidade entre
superior a 2g/cm3) os fragmentos

46
CAPÍTULO V- CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
5.1. Conclusão
Com base nos objectivos traçados, a partir da elaboração do presente trabalho, chegou-se as
seguintes conclusões:

 As técnicas de disposição dos resíduos sólidos gerados na mina, neste caso, o estéril e
o rejeito de ouro, vão de acordo com o tipo de material gerado, porém, não são
observadas questões ligadas a construção (dimensionamento), controle e manutenção
das estruturas de contenção em função do material gerado, o que cria condições de
instabilidade;

 Com base nos ensaios realizados nas amostras de rejeito, concluiu-se que o rejeito
gerado na mina apresenta características de uma areia siltosa sem plasticidade, com
baixa coesão e um ângulo de atrito interno igual a 30.4º comportando-se como areia
fofa. Estas características fazem com que as partículas de rejeito não adiram umas às
outras devido a falta de consistência, factor este que inviabiliza a mistura do rejeito e o
estéril em sistema de co-disposição pois este primeiro não possui nenhuma
propriedade ligante;

 Com base nos ensaios realizado nas amostras de estéril de ouro que, concluiu-se que
este apresenta-se como agregado graúdo/miúdo, com boa resistência e alta
permeabilidade entre as partículas, favorecendo assim a mistura com o rejeito pois não
possui partículas com tamanhos elevados, o que condiciona, por exemplo, a sua
colocação em um sistema de co-disposição por bombeamento;

 Em termos da mistura rejeito-esteril, concluiu-se que, o rejeito de ouro embora pouco


resistente, possui uma composição granulométrica que condiciona a mistura, pois as
suas partículas preenchem os espaços vazios apresentados pelo material estéril
reduzindo as condições de drenabilidade. O estéril de ouro apresenta valores de
massas volúmicas e absorção que lhe conferem boa resistência, porém, ao se fazer a
mistura em diferentes proporções com o rejeito, devido a falta de ligante, este último
vai tender a comportar-se como se de forma isolada estivesse, não havendo assim
redução das condições de condutividade e taxa de oxidação, visto que não há adesão
entre as partículas

47
Em suma, com base nos objectivos traçados e resultados obtidos aquando da realização do
presente trabalho, conclui-se que os parâmetros de resistências do rejeito proveniente da
mineração de ouro na mina África Minerais, Lda., não permitem a aplicação do sistema de co-
disposição nas condições naturais dos materiais, validando a hipótese da presente pesquisaque
diz: Se for feita a avaliação do comportamento dos parâmetros de resistência e permeabilidade
do estéril e do rejeito da mineração de ouro, então pode-se determinar a aplicabilidade do
sistema de co-disposição na mina África Minerais Lda.

5.2. Recomendações
Diante das conclusões obtidas a base da presente pesquisa, apresenta-se as seguintes
recomendações:

 Recomenda-se que, de forma a possibilitar a aplicação da técnica de co-disposição,


assumindo as características naturais dos materiais gerados na mina, seja adicionado
um material ligante, neste caso, o cimento. A adição do cimento deve ser inicialmente
feita em escala laboratorial de modo a fazer-se a preparação, montagem e moldagem
da amostra, variando-se as proporções dos três materiais (rejeito, estéril e cimento).
Após feitas as misturas, deverão ser realizados ensaios para a determinação dos
parâmetros de resistência e permeabilidade nas diferentes proporções, cujos resultados
serão comparados com os do rejeito quando isolado, fazendo-se assim uma avaliação
da aplicabilidade da técnica tendo em conta as características dos materiais;

 Os estudos futuros a serem realizados devem envolver a componente química,


mineralógica e petrografia dos materiais, pois essas também têm influência sob o
comportamento geotécnico dos materiais a misturar, sob o ponto de vista de
resistência e condutividade hidráulica;

 Como forma de minimizar os danos gerados pela actividade mineira naquela região,
recomenda-se às entidades que superintende as áreas de mineração e ambiente reforçar
os meios de fiscalização e buscar solução de remediação dos danos causados pela
indústria extractiva, no que concerne ao meio ambiente, de forma a tornar esta
actividade sustentável.

48
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Brasil.

50
Normas

Decreto nº61/2006, de 26 de Dezembro - Regulamento de Segurança Técnica e de Saúde nas


Actividades Geológico-Mineiras.

Decreto nº26/2004, de 20 de Agosto - Regulamento Ambiental para a Actividade Mineira.

ASTM. (1990). Ensaio de corte directo. (D 3080-90).

ASTM. (1996). Ensaio edométrico. (D 2435-96).

Especificação LNEC. (1966) – Análise granulométrica conjunta (E 196-1966). Laboratório


Nacional de Engenharia de Portugal.

Especificação LNEC. (1966) – Solos: Ensaio de compactação, (E 197-1966). Laboratório


Nacional de Engenharia de Portugal.

Norma Brasileira. (2015). Pavimentos permeáveis de concreto – Requisitos e procedimentos.


Brasil.

Norma Portuguesa Definitiva. (1965). Análise granulométrica simples (NP EN 933-1). IGPAI
– Repartição de Normalização, Lisboa, Portugal.

Norma Portuguesa Definitiva. (1965). Determinação da Densidade das Partículas (NP-83


1965). IGPAI – Repartição de Normalização, Lisboa, Portugal.

Norma Portuguesa Definitiva. (1965). Determinação do Teor de Água (NP-84 1965). IGPAI
– Repartição de Normalização, Lisboa, Portugal.

Norma Portuguesa Definitiva. (1969). Determinação de Limites de Consistência (NP-143


1969). IGPAI – Repartição de Normalização, Lisboa, Portugal.

Norma Portuguesa Definitiva. (1969). Determinação de massas volúmicas e absorção da


água (NP 581-1969). IGPAI – Repartição de Normalização, Lisboa, Portugal.

51
Anexos

XVI
Anexo 1: Ficha de observação

Ficha de observação

1. Caracterização da área:

 Estruturação e condições de espaço físico.

2. Descrição dos processos de produção e geração dos resíduos de mineração do ouro:

 Como é que são feitas as operações de lavra para a obtenção do minério e do estéril?
 Como é que é feito o beneficiamento mineral para a obtenção do concentrado e do
rejeito?

3. Descrição das técnicas usadas pela mina para a contenção dos resíduos da mineração
de ouro:

 Como é feita a disposição do estéril proveniente das operações de lavra?


 Como é feita a disposição do rejeito proveniente das operações de beneficiamento
mineral?

Anexo 2: Coordenadas de localização da área da concessão mineira da mina África Minerais, Lda.

Coordenadas
Vértices
Latitude (S) Longitude (E)

1 18º49´´0´ 32º52´´30´

2 18º47´´50´ 32º52´´30´

3 18º47´´50´ 32º52´´50´

4 18º48´´0´ 32º52´´50´

5 18º48´´0´ 32º52´´30´

6 18º49´´10´ 32º52´´30´

7 18º49´´10´ 32º52´´50´

8 18º49´´0´ 32º52´´50´

XVII
Anexo 3: Ficha de ensaio de análise granulométrica conjunta – Amostra MNC – P1R

XVIII
Anexo 4: Ficha de ensaio de análise granulométrica conjunta – Amostra MNC – P2R

XIX
Anexo 5: Sistema Unificado de classificação de solos

XX
Anexo 6: Ficha de ensaio Edométrico

LABORATÓRIO DE ENGENHARIA DE MOÇAMBIQUE


ENSAIO EDOMÉTRICO
Amostra: MNC-P1R
Local: África Minerais, Lda.
H0: 1.1323cm
1 2 3 4 5 6
Pressão Aplicada Leitura do Incremento Altura da Espessura Índice de
(Kg/cm²) Micrómetro de deformação Amostra dos vazios Vazios

0.00 0.6952 2.0000 0.8677 0.7663


0.0016
0.25 0.6968 1.9984 0.8661 0.7649
0.055
0.50 0.7518 1.9434 0.8111 0.7163
0.0422
1.00 0.7940 1.9012 0.7689 0.6791
0.0436
2.00 0.8376 1.8576 0.7253 0.6405
0.0486
4.00 0.8862 1.8090 0.6767 0.5976
0.0578
8.00 0.9440 1.7512 0.6189 0.5466
0.0242
0.00 0.9198 1.7754 0.6431 0.5680

XXI
Anexo 7: Ficha de ensaio de peneiração – Amostra MNC – P1E

LABORATÓRIO DE ENGENHARIA DE MOÇAMBIQUE

ENSAIO DE PENEIRAÇÃO

AMOSTRA PROVENIÊNCIA

REF.LEM MNC-P1E PROVINCIA Manica

DISTRITO Machipanda

REF. REQUISITANTE LOCALIDADE Chimedza

Peso tatal da amostra(P1)_______________________________________ Obs._____________

Peso da amostra seca antes de lavada_____________________________ _________________

Peso da amostra seca depois de lavada através do crivo 200___________ _________________


Peneiros Peneiros (ASTM) Peso retido(g) Percentagem % retida % total que
(mm)
retida acumulada passa
76.2 3” 0.00 0.00 0.00 100.00
50.8 2” 0.00 0.00 0.00 100.00
32.1 1⅟2” 0.00 0.00 0.00 100.00
25.4 1” 0.00 0.00 0.00 100.00
19.1 2025.00 22.50 22.50 77.50
¾”
12.7 3067.00 34.08 56.58 43.42
½”
9.51 3/8” 1320.00 14.67 71.25 28.75
4.76 4 1380.00 15.33 86.58 13.42
2.38 8 612.00 6.80 93.38 6.62
1.19 15 0.00 0.00 0.00 0.00
0.595 30 0.00 0.00 0.00 0.00
0.297 50 0.00 0.00 0.00 0.00
0.149 100 0.00 0.00 0.00 0.00
0.075 200 seco 596.00 6.62 100.00 0.00
200humido
200 total
TOTAL 9000
Módulo de finura

Ensaiou: Diana Yosse Moisés Mazuze, aos 07 de Maio de 2019 DMCE

XXII
Anexo 8: Ficha de ensaio de peneiração – Amostra MNC – P2E

LABORATÓRIO DE ENGENHARIA DE MOÇAMBIQUE

ENSAIO DE PENEIRAÇÃO

AMOSTRA PROVENIÊNCIA
REF.LEM MNC-P2E PROVINCIA Manica
DISTRITO Machipanda
REF. REQUISITANTE LOCALIDADE Chimedza

Peso total da amostra(P1)_______________________________________ Obs._____________


Peso da amostra seca antes de lavada_____________________________ _________________
Peso da amostra seca depois de lavada através do crivo 200___________ _________________
Peneiros Peneiros (ASTM) Peso retido(g) Peso retido Retido Total que
(mm) (%) acumulado passa (%)
(%)
76.2 3” 0.00 0.00 0.00 100.00
50.8 2” 0.00 0.00 0.00 100.00
32.1 1⅟2” 0.00 0.00 0.00 100.00
25.4 1” 0.00 0.00 0.00 100.00
19.1 2532.00 28,13 28,13 71.87
¾”
12.7 3262.00 36.25 64.38 35.62
½”
9.51 3/8” 1438.00 15.98 80.36 19.64
4.76 4 1270.00 14.11 94.47 5.53
2.38 8 306.00 3.4 97.87 2.13
1.19 15 0.00 0.00 0.00 0.00
0.595 30 0.00 0.00 0.00 0.00
0.297 50 0.00 0.00 0.00 0.00
0.149 100 0.00 0.00 0.00 0.00
0.075 200 seco 192.00 2.13 100.00 0.00
200humido
200 total
TOTAL 9000
Módulo de finura

Ensaiou: Diana Yosse Moisés Mazuze, aos 07 de Maio de 2019 DMCE

XXIII
Anexo 9: Ficha de ensaio de determinação do peso específico e absorção de água - Amostra MNC-P1E

LABORATÓRIO DE ENGENHARIA DE MOÇAMBIQUE

DETERMINAÇÃO DO PESO ESPECÍFICO E ABSORÇÃO DE ÁGUA

Britas e godos (d>5mm) Amostra nᵒMNC-P1E


(Segundo a especificação E 3-1952)

1- ENSAIOS

(A) Peso no ar da amostra saturada com a superfície seca+ cesto = 8820 g

Peso do cesto no ar = 1920 g

Peso no ar da amostra saturada com a superfície seca A = 6900 g

(B) Peso na água da amostra saturada + cesto na água + armação = 7591 g

Peso do cesto na água+ armação = 3048 g

Peso na água da amostra saturada B = 4543 g

(C) Peso no ar da amostra seca – cesto = 8775 g

Peso do cesto no ar = 1920 g

Peso no ar da amostra seca C = 6855 g

Peso específico da água + temperatura da água Y = 0,9965g/cm3

NOTA: Todas amostras devem ser determinadas com uma aproximação de 0,5g e sem se ter retirado
a amostra do cesto, afim de se evitarem perdas de material.

2-RESULTADOS DOS ENSAIOS

Peso específico do Peso específico


Peso específico Absorção
material das partículas com
Amostra das partículas
impermeável das superfície (%)
secas(g/cm³)
particulas (g/cm³) seca(g/cm³)

Fórmula
*Y *Y *Y * Y*100

MNC-P1E 2,95 2,92 2,90 0,65

Ensaiou: Diana Yosse Moises Mazuze, aos, 13/05/2019 DMCE

XXIV
Anexo 10: Ficha de ensaio de determinação do peso específico e absorção de água - amostra MNC-P2E

LABORATÓRIO DE ENGENHARIA DE MOÇAMBIQUE

DETERMINAÇÃO DO PESO ESPECÍFICO E ABSORÇÃO DE ÁGUA

Britas e godos (d>5mm) Amostra nᵒMNC-P2E


(Segundo a especificação E 3-1952)

1- ENSAIOS

(A) Peso no ar da amostra saturada com a superfície seca+ cesto = 8817 g

Peso do cesto no ar = 1920 g

Peso no ar da amostra saturada com a superfície seca A = 6897 g

(B) Peso na água da amostra saturada + cesto na água + armação = 7590 g

Peso do cesto na água+ armação = 3048 g

Peso na água da amostra saturada B = 4542 g

(C) Peso no ar da amostra seca – cesto = 8773 g

Peso do cesto no ar = 1920 g

Peso no ar da amostra seca C = 6853 g

Peso específico da água + temperatura da água Y = 0,9965g/cm3

NOTA: Todas amostras devem ser determinadas com uma aproximação de 0,5g e sem se ter retirado
a amostra do cesto, afim de se evitarem perdas de material.

2-RESULTADOS DOS ENSAIOS

Peso específico do Peso específico


Peso específico Absorção
material das partículas com
Amostra das partículas
impermeável das superfície (%)
secas(g/cm³)
particulas (g/cm³) seca(g/cm³)

Fórmula
*Y *Y *Y * Y*100

MNC-P2E 2,96 2,92 2,90 0,64

Ensaiou: Diana Yosse Moisés Mazuze, aos, 13/05/2019 DMCE

XXV
Apêndices

XXVI
Apêndice 1: Carta de Estágio Profissional

XXVIII
Apêndice 2: Credencial de transporte de amostras

XXIX

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